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BANHEIRO COMPOSTÁVEL A SECO

curso prático de capacitação


FICHA TÉCNICA

Autoria:

Bruno Azevedo
Flávio Duarte

Colaboração:
Samuel Siqueira

www.BIOhabitate.com.br
BIOhabitate - Saúde Ambiental e Arquitetura Viva
Construção com terra crua
de um BANHEIRO COMPOSTÁVEL A SECO
ÍNDICE

0 1 Introdução Banheiro Compostável a Seco 5-6


02 Apresentação do curso e do professor 7
03 Projeto 8
04 Etapas da construção
4.1 Fundação 09-11
4.2 Piso 12
4.3 Alvenaria para apoio dos adobes 13-15
4.4 Alvenaria de adobe 16-21
4.5 Telhado 22-23
05 Detalhes Construtivos
5.1 Tijolos de adobe . 24-26
5.2 Tambor de compostagem 27
5.3 Escada para níveis de acesso ao sanitário 28
5.4 Laje pré-fabricada do assento 29
5.5 Fechamento com painel de bambu 30
Aduela / verga da porta
5.6 Porta da câmara do tambor de compostagem 31
Termo-sifão para eliminar mau cheiro
5.7 Dicas para bom uso do tambor de compostagem 32-36
5.8 Lista de matérias para a construção 37-38

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01 INTRODUÇÃO
BANHEIRO SECO COMPOSTÁVEL

A saúde e a manutenção da qualidade de vida nos ecossistemas da terra dependem


do funcionamento sustentável dos organismos que nela habitam. Incluindo as edificações,
que como os seres vivos, possuem suas funções excretoras com geração
de esgotos e dejetos, que podem ser substituídas por produção de húmus e alimento,
através da consciência ecológica e do uso de técnicas como o Banheiro Seco.

Para dar destino ao esgoto negro (aquele que contem fezes) o melhor a se fazer é
ter um Banheiro Compostável a Seco, no qual utilizamos na descarga, matéria orgânica
seca (serragem, folha secas ou terra) ao invés de água.
Além de não utilizar água na descarga e não necessitar de rede de esgoto, esses
sanitários são mais higiênicos e ecológicos que as fossas comuns, pois não despejam
dejetos no meio ambiente poluindo o solo, os mananciais de água subterrânea e
os nossos córregos, rios e mares.

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01 INTRODUÇÃO
BANHEIRO SECO COMPOSTÁVEL

No banheiro seco, os dejetos juntamente com papel higiênico usado e a serragem


que se joga no “vaso” depois do uso, passam por um processo de compostagem,
com temperaturas de ate 60 graus, para eliminar os agentes patológicos do material
e transformar os dejetos em ricos compostos orgânicos, utilizados no minhocário para
gerar húmus agrícola. Em países da Europa e nos EUA já são comercializados sanitários
compostáveis a seco compactos, que podem ser instalados dentro de nossos banheiros
convencionais. Outra maneira de se ter um banheiro seco é através da construção de
pequenas edificações que contenham as câmaras de compostagem.
As câmaras devem ser projetadas para permitir a perfeita compostagem do material,
assim o processo biológico natural de decomposição é otimizado e um sistema de
termosifão elimina em 100% o mau cheiro.

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02 APRESENTAÇÃO do curso e professores

O curso será totalmente prático, no qual o aluno aprenderá fazendo.


Seu objetivo é qualificar a mão-de-obra para a construção do banheiro compostável.

Será ministrado pelos arquitetos Bruno Azevedo e Flávio Duarte,


para pedreiros e interessados nas técnicas apresentadas.

Bruno Aluísio dos Santos Azevedo é Arquiteto Urbanista e BIOconstrutor e


diretor executivo da BIOhabitate - Saúde Ambiental e Arquitetura Viva.
Desde 2003 é colaborador da BIOhabitate, atuando em diversos projetos em parceria com
Flávio Duarte. Desde 2011 vem trabalhando ativamente nos projetos como coautor e sócio-
diretor da empresa.

Flávio Pereira Dias Duarte é Arquiteto Urbanista, BIOconstrutor, Geobiólogo e Consultor de


Salubridade Ambiental, Sustentabilidade e Feng Shui.
É fundador e diretor executivo da BIOhabitate em Belo Horizonte - MG, na qual trabalha com
a criação e execução de projetos de BIOarquitetura e BIOconstrução, como consultor
ambiental, e também como professor de palestras, oficinas e cursos voltados ao ensino de
técnicas de construções sustentáveis e saudáveis.

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03 O projeto

O projeto do banheiro seco apresentado nesse curso foi concebido pelo arquiteto
Flávio Pereira Dias Duarte.

Todos os materiais e técnicas escolhidos para a construção do banheiro foram


escolhidos a partir da disponibilidade do material no local onde os banheiros
serão construídos e das técnicas tradicionais de construção da região.

Além disso, foi considerado a condição de que os banheiros serão construídos


em série. portanto foi preciso utilizar alguns materiais industrializados para padronizar
a execução e qualidade de todos os banheiros a serem construídos.

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4.1 FUNDAÇÃO

A fundação é uma das etapas mais importantes da construção dos banheiros.


É na fundação que se assentarão as paredes da obra e onde todo peso da
construção será descarregado.

Quando é executada de maneira correta, a fundação garante uma boa


durabilidade da construção, evitando que as paredes executadas sobre ela se
movimentem e apareçam trincas indesejadas.

A fundação dos banheiro será executada com blocos de concreto cheios de


pedras e solo-cimento. A fundação terá profundidade mínima de 40cm,
dependendo da resistência do terreno a ser construído.

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4.1 FUNDAÇÃO

NOTAS:

1 - Escolha da orientação cardinal para insolação na câmara para compostagem.


Direcionar parte de trás do banheiro para o norte geográfico.

2 - Massa para encher e assentar os blocos da fundação e alvenaria de apoio


4 x (3 carrinhos areia + 1 saco cimento + 2 carrinhos brita 1)

3 – Coroamento da fundação e massa


A fundação deve terminar com 5cm de altura em relação ao terreno natural.

CAMADAS DA FUNDAÇÃO
Assentar blocos de concreto
e preenche-los com pedras e solo-cimento.

Executar 5cm de concreto magro


no fundo do buraco da fundação sobre o colchão
de areia média compactada e nivelada.

Forrar o fundo do buraco da fundação


com 5cmde areia média compactada e nivelada
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4.1 FUNDAÇÃO

COROAMENTO DA FUNDAÇÃO

A fundação de blocos fica 5cm acima do nível do terreno natural.

Preencher com:

1 cimento + 3 areia + sumo de cactos

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4.2 PISO

O piso grosso deve ser executado logo após a conclusão da fundação.

NOTAS
Piso: 1 x (1,5 carrinho de areia + saco cimento + 1 carrinho brita 1)

PISO GROSSO (CAMADA DE 5CM)


4 AREIA + 1 CIMENTO + 1/2 CAL + ARGILA PARA COLORIR

CONCRETO MAGRO (CAMADA DE 5CM)

AREIA MÉDIA (CAMADA DE 5CM)


COMPACTADA E NIVELADA NO FUNDO DO BURACO

EXECUÇÃO PISO

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4.3 ALVENARIA DE APOIO

A alvenaria de apoio será executada sobre o coroamento da fundação.


Essa alvenaria tem a função de distanciar a alvenaria de adobe do solo.
Assim as paredes de adobe ficarão protegidas da umidade ascendente do solo
e da água da chuva que bate no chão e poderá respingar na parede.
Para cumprir sua respectiva função, essas paredes deverão ter no mínimo 40cm de altura
em relação ao terreno natural, além de serem revestidas para serem resistentes a água.

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4.3 ALVENARIA DE APOIO

NOTAS:

1 - Massa para encher e assentar os blocos da fundação e alvenaria de apoio


4 x (3 carrinhos areia + 1 saco cimento + 2 carrinhos brita 1)

2 – Revestimento dos blocos de concreto


Camada 1 - nata de cimento - 0,5 saco cimento + 15 L água + pigmento mineral

Paredes de blocos de concreto com duas fiadas e altura final de 40cm acima da fundação

Abertura de 66cm
para porta de entrada Abertura de 100cm
do banheiro para porta do compartimento
para o tambor de compostagem

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4.3 ALVENARIA DE APOIO
detalhe inserção aduela de madeira da porta na fundação

Inserir aduela da porta


durante a execução das paredes
de bloco de concreto
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4.4 ALVENARIA DE ADOBE

O principal material construtivo escolhido para execução do projeto


foi o tijolo de adobe feito com terra crua.

A terra crua é o material mais abundante nos locais onde os banheiros serão executados não
necessitando de queima para ser usada e nem de transporte de material para os locais das
construções, que em sua maioria só se chega a pé.
Além disso a construção com terra crua já faz parte da cultura construtiva da região,
onde a maioria das famílias têm casas feitas com tijolos de adobe.
Os tijolos de adobe são executados com terra e água e não necessitam de queima de lenha e
desmatamentos, pois ele é seco ao sol.

Para fabricar os adobes deve escolher a terra certa, sem nenhuma matéria orgânica,
(raízes, galhos, folhas, cipós e materiais em decomposição) portanto a conhecida terra vegetal,
rica em material orgânica e com leve cheiro de mofo não deve ser usada.

Para se evitar a terra com matéria orgânica, deve-se extrair a terra à pelo menos
60cm de profundidade da superfície, assim descartamos a camada superficial do solo que
contém a maior quantidade de material orgânico.

As melhores terras para se preparar os adobes são as terras com uma porcentagem um
pouco maior de areia do que de argila. Dependendo da composição da terra disponível
para a construção podemos estabilizá-la acrescentado areia, argila, fibras naturais
ou outros agregantes como cal ou cimento.

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4.4 ALVENARIA DE ADOBE

NOTAS:

1 - Massa de assentamento dos tijolos de adobe


5 x (2 carrinhos areia + 1/2 carrinho terra argilosa + 1/2 balde 20L esterco fresco)

2 – Revestimento dos tijolos de adobe


Para terras muito argilosas

1ª - Opção
Única Camada: 1 x (3 carrinhos areia + 1,5 carrinhos terra argilosa +
1 carrinho terra formigueiro + 1 balde 20L esterco fresco)

2ª - Opção
1ª. Camada: 1 terra argilosa + 1 areia
2ª. Camada: 1 terra argilosa + 1 cal hidratada + 3 areia
3ª. Camada: 1 cal hidratada + 2 areia*

Para terras muito arenosas


Única Camada: 4 terra arenosa (ou areia) + 2 formigueiro + 1 esterco fresco

3 – Tinta de terra para os adobes


10kg terra argilosa + 1L cola branca forte + 12 litros de sumo de cactos +
100g de sal + 0,5kg de cal + 1L óleo de linhaça

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4.4 ALVENARIA DE ADOBE
detalhe laje de assento

REBAIXO DE 5cm NAS PAREDES LATERAIS


DE ADOBE PARA RECEBER A LAJE DO ASSENTO

Aduela de madeira da porta


Pregos ou tarugos de madeira
fixados na aduela

Adobe produzido com fenda


para encaixe dos pregos.
Encher com massa de assentamento

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4.4 ALVENARIA DE ADOBE
colocação da laje do assento sobre as paredes de adobe

Conferir altura máxima


da alvenaria para assentar a laje

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4.4 ALVENARIA DE ADOBE

Assentar garrafas de vidro reutilizadas


nas paredes laterais de adobe, com altura
mínima de 185cm a partir do piso do banheiro.

DETALHE:
ENROLAR E AMARRAR ARAME OU CIPÓ
NAS GARRAFAS PARA MELHORAR ADERÊNCIA
DO VIDRO NA MASSA DE ASSENTAMENTO

Paredes de adobe acabas com altura de 210cm


a partir do piso do banheiro

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4.4 ALVENARIA DE ADOBE
paredes de adobe acabas para receber a estrutura do telhado

Conferir alturas no desenho.

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4.5 TELHADO

O telhado deve ser executado com varas de bambu tratado de no mínimo 12 cm de diâmetro.
As varas devem ser fixadas nas paredes de adobe com tabiques (pregos de bambu),
além disso, elas devem ser encaixadas e tabicadas umas as outras.
A telha escolhidas para cobertura são da marca Eco-top. Estas são produzidas
com tubos de pasta de dentes reciclados e possuem baixo índice de
transmissão de calor, são leves e bem resistentes.

detalhe do posicionamento das varas de bambu


para estruturar o telhado

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4.5 TELHADO

DETALHE DA SOBREPOSIÇÃO DAS TELHAS


Colocação de 2(duas) telhas onduladas
medindo cada uma 220cm X 90cm,
com sobreposição de 20cm na instalação

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5.1 DETALHES CONSTRUTIVOS
adobes

detalhe medidas internas detalhe medidas internas


forma de adobe para parede interna assento forma de adobe

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5.1 DETALHES CONSTRUTIVOS
adobe especial que receberá aduela de madeira

recorte de 4x4x10 nos


adobes que receberão
a aduela de madeira da porta

calço interno para moldar a fenda


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5.1 DETALHES CONSTRUTIVOS
adobe especial que receberá a laje do assento

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5.2 DETALHES CONSTRUTIVOS
tambor de compostagem

diâmetro total
diâmetro abertura

NOTA:

VEJA COMO PREPARAR


O COMPOSTO PARA O TAMBOR,
A PARTIR DA PÁGINA 32

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5.3 DETALHES CONSTRUTIVOS
escada para níveis de acesso ao sanitário
NOTA:

O NÍVEL DE IMPLANTAÇÃO DO BANHEIRO IRÁ DEPENDER DA DECLIVIDADE DO TERRENO NATURAL

terreno sem declividade terreno com baixa declividade


corte esquemático com medidas corte esquemático com medidas

terreno com declividade média terreno com alta declividade


corte esquemático com medidas corte esquemático com medidas
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5.4 DETALHES CONSTRUTIVOS
laje préfabricada do assento

EXECUTAR LAJE COM LUVA


DE PVC SOLDÁVEL 50mm
PARA ENCAIXE DO TERMOSIFÃO

BURACO ASSENTO

5cm
LAJE DE FERROCIMENTO
COM REVESTIMENTO
DE TINTA DE TERRA
OU MOSAICO

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5.5 DETALHES CONSTRUTIVOS
aduela/ verga de madeira e de bambu

vista da porta de
208 x 60cm feita
com varas e ripas de bambu

PAINEL DE VARAS E RIPAS DE BAMBU

medidas a serem conferidas na obra


após as paredes de adobe acabadas.

Espessura do painel e diâmetro bambu: 4cm


pregos ou tarugos de madeira
fixados na aduela
a partir de 50cm de altura

2,5 2,5
profundidade para chumbar no piso

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5.6 DETALHES CONSTRUTIVOS
porta da câmara de compostagem e TERMOSIFÃO
detalhe TERMOSIFÃO atravessando o telhado

porta de chapa metálica preta com esquadria de cantoneira


vista interna TERMOSIFÃO

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5.7 COMPOSTAGEM
dicas para bom uso da câmara

NOTA:

Deixar no BIO’S um reservatório com mistura preparada


de materiais fontes de carbono com tamanhos variados
entre 1 cm a 4 cm, que deve ser jogada na câmara de
compostagem depois de usar o BIO’S. Aproximadamente
500ml de material deve ser jogado depois do uso.

2ª camada
5 cm de terra vegetal úmida
(sem estar encharcada)

1ª camada (fundo da câmara):


20 cm de uma mistura de folhas secas, serragem e
aparas de galhos ou cavacos de madeira.
Importante que esse material tenha elementos finos e grossos
com variações entre 1cm e 3cm de tamanho.

CORTE ESQUEMÁTICO DO TAMBOR DE COMPOSTAGEM

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5.6 DICAS
condições ideais para boa compostagem

4 - O QUE É COMPOSTAGEM Os fatores para uma boa compostagem estão listados e aplicados abaixo:

A compostagem é o processo controlado de decomposição biológica A - Umidade


aeróbica (com a presença de oxigênio) de matéria orgânica. Com o controle
A quantidade de umidade no composto é um aspecto essencial para permitir
das condições ideais, o composto rico em nutrientes é gerado em menos que o processo de compostagem ocorra com eficiência, matando assim os
tempo do que se acontecesse normalmente na natureza. agentes patogênicos contidos nas fezes e não gerando mau cheiro
Na natureza podemos ver o mesmo processo de compostagem no chão das O ideal é que o composto seja úmido como uma esponja depois de
florestas, onde as folhas, galhos, fezes e urina de animais silvestres, espremida, não podendo ter excesso de umidade nem pouca umidade. O
juntamente com a terra formam alimento excelente para as arvores. Porem
na natureza esse processo pode durar ate 3 anos, enquanto a compostagem
ideal para as bactérias envolvidas na compostagem é em torno de 45% a
no BIO'S dura de 3 a 6 meses. 55% de umidade.

Nos sanitários compostáveis o principal objetivo é transformar dejetos Quando temos excesso de urina ou água o composto tende a se compactar
humanos potencialmente perigosos em compostos ricos em nutrientes para e a água ocupa os espaços vazios que o ar ocuparia para oxigenar o
o solo e plantas. composto. Sem oxigênio a decomposição passa a ser feita por indesejáveis
bactérias anaeróbicas, que só sobrevivem na ausência de oxigênio e geram
5 - CONDIÇÕES IDEAIS PARA BOA COMPOSTAGEM NO BIO'S / mau cheiro.
RESOLVENDO PROBLEMAS DO COMPOSTO Portando é desejável que o composto esteja sempre bem aerado e
oxigenado alem de estar com umidade ideal.
Para que o sanitário compostável funcione bem, não produza cheiros
desagradáveis e mate todos agentes patogênicos, é essencial que a câmara Quando temos pouca umidade a compostagem não ocorre e o composto
de compostagem também funcione bem. Para isso é necessário que esta passa a ser somente uma pilha de dejetos e matéria orgânica que não se
câmara propicie condições ideais para que as bactérias que fazem a decompõe e conseqüentemente não diminui de volume como normalmente
compostagem possam fazer seu trabalho. acontece na compostagem. Para saber se seu composto está com falta de
água perceba se a câmara de compostagem esta enchendo muito rápido ou
Os fatores que influenciam na compostagem são:
está fria.
- Umidade – Temperatura – Oxigênio - Nitrogênio e Carbono
Teste da vara - umidade
Uma dica importante para propiciar boas condições para a compostagem é
adicionar alguns elementos na câmara de compostagem antes de iniciar o - Depois de 1 semana de uso do BIO'S (ou quando a câmara estiver com 1/3
uso do BIO'S, veja abaixo: (IMAGEM DA CAMARA COM AS CAMADAS do volume cheio), introduzir um galho seco ou vara de madeira sem casa até
INICIAIS) o fundo da câmara e deixar alguns minutos. O ideal é que ao puxar o galho
ele esteja úmido uniformemente em sua toda sua superfície, sem estar
1ª - camada (fundo da câmara) - 20 cm de uma mistura de folhas secas, pingando e nem seco..
serragem e aparas de galhos ou cavacos de madeira. Importante que esse
material tenha elementos finos e grossos com variações entre 1 cm e 4 cm de
tamanho.

2ª – camada – 5 cm de terra vegetal úmida (sem estar encharcada).


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Controlando a quantidade de Umidade Teste da vara – Oxigênio

- Se ao puxar a vara, ela estiver molhada e pingando é porque estamos - introduzir uma vara de madeira de espessura do dedão da mão (2 cm) até
com o fundo da câmara de compostagem. O ideal é que o os espaços no
excesso de umidade no composto. Para isso devemos fazer buracos com a composto sejam uniformes e a vara possa ser introduzida até o fundo da
vara e adicionar em diferentes pontos do composto, matéria orgânica seca câmara sem dificuldade e fazendo uma força uniforme. Um composto mal
e cheiroso, compactado ou muito úmido é um sinal de pouca aeração e
grosseira (tamanho médio de 2 cm a 4 cm), como serragem e pequenas oxigenação.
aparas de jardim e gravetos, palha e feno.
- Se ao puxar a vara, ela estiver seca em algumas partes secas devemos Controlando a quantidade de Oxigênio
adicionar umidade ao composto. Para isso devemos fazer buracos com a
vara e adicionar em diferentes pontos do composto, matéria orgânica - Pouca aeração pode ser resolvida com medidas de correção do excesso de
molhada, como serragem molhada em água de chuva, restos de legumes e umidade e compactação. O ideal para isso é introduzirmos galhos e ou
verduras da cozinha e horta, terra vegetal úmida, água de chuva ou urina gravetos até o fundo do composto puxando para fora, para que assim
diluída na água.
fiquem espaços vazios no composto. Podemos também adicionar galhos,
B - Oxigênio
varas ou canos na câmara antes de iniciarmos o uso.

Esses galhos podem ser finos (3 cm), mas devem ter a altura da câmara de
No processo de decomposição que acontece na câmara de compostagem
compostagem, para permitir que o composto receba ar corretamente.
do BIO'S é necessário que tenhamos uma adequada aeração do
(IMAGEM DAS CAMADAS INICIAIS E OS GALHOS PARA RESPIRACAO)
composto
com a presença de oxigênio, para as bactérias aeróbicas trabalhem e - Muita aeração pode diminuir a temperatura do composto, que é desejável
transformem os dejetos em húmus. Se não temos a presença de oxigênio que esteja sempre com 60 C dentro da câmara de compostagem do BIO'S.
a
decomposição que passa a acontecer é anaeróbica. C - Temperatura
A decomposição anaeróbica é a principal responsável por gerar gases A decomposição na compostagem é feita pelas bactérias que gostam de
inflamáveis que tem forte mau cheiro, portanto não desejamos que ela calor. São por isso chamadas de mesofilicas e termofilicas, que se
ocorra desenvolvem melhor em temperaturas entre 45 C e 70 C.
no BIO'S. Além disso, essa decomposição é fria e demorada, diferente da
compostagem que acontece em até 3 meses nas condições ideais e a suas Na câmara de compostagem a temperatura ideal é de 60 C, para isso é
altas temperaturas permitem a eliminação mais eficaz e rápida dos importante orientar a câmara para a parte mais ensolarada do terreno ou
patogênicos. dispor de um sistema artificial de aquecimento.

Odores anaeróbios podem ter cheiro de ovos podres (causada pelo No BIO'S a câmara de compostagem é móvel, e isso permite que quando
sulfeto cheia possa ser transportada para o sol para a continuação do processo de
de hidrogênio), leite azedo (causada por ácidos butírico), vinagre (ácido decomposição e eliminação de todos agentes patogênicos que por ventura
acético), vômito, e putrefação (alcoóis e compostos fenólicos). Através restaram na câmara de compostagem. Em apenas 24h com temperatura
dos constante de 60 C é possível matar todos os patogênicos da câmara do BIO'S.
cheiros podemos detectar se está ou não acontecendo a indesejada 34
decomposição anaeróbica.
O calor na câmara de compostagem também ajuda o trabalho do convector, D - Relação entre quantidades de Nitrogênio e Carbono
que retira todo cheiro da câmara de compostagem através da convecção do
ar quente e mal cheiroso até a abertura superior do tubo de ventilação. Para que as bactérias da compostagem possam fazer a decomposição sua
dieta deve ser balanceada. Os principais alimentos delas são o carbono e o
Depois de cheia a câmara de compostagem deve ser esvaziada no quintal nitrogênio e a quantidade ideal é de 30 partes de carbono para 1 parte de
em pilhas de compostagem de até no máximo 1,5m de altura. Nessa fase de nitrogênio. Se existe nitrogênio demais, os microorganismos não podem
cura ou maturação onde a temperatura cai abaixo de 45 C e fica constante usar tudo e o excesso é perdido na forma de gás amônia, muito mal
indicando que começou o processo de humificação. Quando a temperatura cheiroso.
do composto fica a mesma que a do ambiente significa que o composto está
humificado e já pode ser usado. Isso significa que os materiais adicionados como fonte de carbono serão a
maioria de elementos da câmara de compostagem. Na prática pode se
Teste da vara – Temperatura acrescentar 3 vezes mais volume de material orgânico, do que de fezes
feita durante o uso do BIO'S. Para uma pessoa normal isso equivale a uns
- depois de 1 semana (ou quando a câmara estiver com 1/3 do volume cheio)
500 ml de serragem acrescentada depois de cada uso.
de uso do BIO'S, introduzir um galho seco ou vara de madeira sem casa até
o fundo da câmara e deixar alguns minutos. O ideal é que ao puxar o galho
ele esteja quente e úmido uniformemente em toda sua superfície, não Os restos de comida da cozinha e também as aparas de legume e
podendo estar frio e nem levemente morno. verduras, são geralmente equilibrados em relação à quantidade de
nitrogênio e carbono, e podem ser adicionados na câmara de
Teste do Tato (na superfície externa da câmara de compostagem) - compostgem sem problemas. Serragem (não pode ser madeira tratada ou
Temperatura seca em estufa) é um material rico em carbono, boa para o equilíbrio do
excesso de nitrogênio proveniente das fezes e urina humana ou de outros
- depois de 1 semana de uso do BIO'S, abrir a porta de metal do animais (esterco de vaca ou de galinhas). A 18Serragem também costuma
compartimento onde fica a câmara de compostagem e apalpar a câmara ter de 40 a 65%, o que é bom para a compostagem.
de plástico em diferentes pontos de altura. Caso ela esteja fria ou
levemente morna, deve-se conferir e corrigir as condições de umidade, Para manter uma dieta equilibrada para as bactérias da compostagem na
oxigenação ou quantidades de nitrogênio e carbono, que provavelmente câmara do BIO'S veja na abaixo alguns materiais que são fontes de
estarão fora dos padrões ideais. nitrogênio e carbono.

Controlando a Temperatura Fontes de nitrogênio: Fontes de Carbono:

- se ao puxar o galho ou apalpar a câmara de compostagem eles estiverem Estercos, fezes e urina humana; Materiais secos e fibrosos de plantas;
frios ou apenas levemente úmido significa que a compostagem não esta Aparas verdes de grama; Capins;
com sua temperatura ideal de 60 C Farinha de sangue; Folhas;
Farinha de algas; Palhas e feno;
- é raro, mas pode acontecer de a câmara aquecer mais que 70 C. Se isso Biomassa de aguapés; Serragens;
ocorrer deve-se aerar o composto para que ele possa perder calor. Leguminosas; Rolão de milho (pé inteiro seco e triturado)

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- testar as condições de umidade, temperatura, oxigenação e
concentração de nitrogênio e carbono, fazendo as correções sempre que
necessário.
Teste de Nitrogênio e Carbono - Deixar no BIO'S um reservatório com mistura preparada de materiais
fontes de carbono com tamanhos variados entre 1 cm a 4 cm, que deve ser
- verifique as condições de umidade e oxigenação, se elas estiverem corretas jogada na câmara de compostagem depois de usar o BIO'S. Mais ou
e mesmo assim a temperatura não estiver perto de 60 C em cinco dias de menos 500ml de material deve ser jogado depois do uso.
uso do BIO'S, pode ser um forte indicativo de que a bactéria não tem
alimentos balanceados ou que o nitrogênio está em excesso. Isso gerara mau - Sempre deixe a tampa do assento fechada quando não estiver em uso,
cheiro de urina deteriorada, pois o nitrogênio que não for consumido pelas isso evitará insetos e outros visitantes indesejados.
bactérias se desprenderá na forma de gás amônia. (ver teste de oxigênio,
temperatura e umidade) Não fazer:
Controlando a quantidade Nitrogênio e Carbono - não jogar cinza cal ou calcário, esses elementos podem matar as
bactérias da compostagem. Esses elementos devem ser utilizados
- se as condições de umidade e oxigenação estiverem corretas e mesmo diretamente no solo para correção de acidez.
assim a temperatura na câmara de compostagem não aumentar até 60 C - Não jogar papel colorido, plástico, absorvente, materiais não
(ver teste temperatura) em ate cinco dias, e alem disso sentirmos um cheiro
de urina deteriorada (presença de amônia) significa que temos que
biodegradáveis fralda, guimba de cigarro, serragem de madeira tratada,
acrescentar fontes de carbono na câmara de compostagem do BIO'S, pois cinza de queima de plásticos ou fogão a lenha acendidos com plásticos.
existe excesso de nitrogênio. Para isso faça buracos em diferentes partes do
composto usando uma vara de madeira e adicione uniformemente boas - Evitar urina em excesso, pois essa contem cheiros desagradáveis e
fontes de carbono na câmara. substancias tóxicas para as bactérias da compostagem. Os homens podem
usar mictórios, e as mulheres podem fazer xixi no BIO'S, sempre ficando
- não é comum encontrarmos um BIO'S onde exista excesso de carbono e atento ao excesso de umidade no composto.
falta de nitrogênio na câmara de compostagem. Mas isso pode acontecer,
para resolver o excesso de carbono é só fazer buracos no composto usando - Não jogue nada que tenha cheiro no vaso sem cobrir depois com matéria
uma vara e adicionar materiais fontes de nitrogênio. limpa. (serragem, feno, palhas, folhas picadas etc.)

6 - DICAS PARA BOM USO - Não separe o papel higiênico dos dejetos, tudo deve ir para dentro da
câmara de compostagem.
Abaixo estão listadas dicas de uso separadas em o que deve e o que não se
fazer ao usar o BIO'S. - Não use água tratada para umedecer o composto, use água da chuva.
Fazer: - Não use o composto logo que ele for retirado da câmara de compostagem,
é necessário que passe pelo processo de maturação e cura para que se
- antes de começar a usar o BIO'S, colocar na câmara de compostagem os
seguintes elementos: 1ª camada (fundo da câmara) - 20 cm de uma transforme em húmus. Para isso esvazie a câmara de compostagem em pilas
mistura de folhas secas, serragem e aparas de galhos ou cavacos de de 1m de altura, cubra com matéria limpa (palha, feno, tecido permeável),
madeira. Importante que esse material tenha elementos finos e grossos mantenha as condições ótimas de umidade, oxigenação e temperatura.
com variações entre 1 cm e 3 cm de tamanho. 2ª camada – 5 cm de terra Depois que o composto baixar a temperatura de 40 C para a temperatura
vegetal úmida (sem estar encharcada). significa que está pronto para ser usado.

- deixar lixeira no BIO'S para absorventes, e outros eventuais lixos que não - Não entre em contato direto com o material da câmara de compostagem,
devem ser jogados na câmara de compostagem. sempre use luvas e ferramentas para manuseá-lo.
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5.8 LISTA DE MATERIAIS
para a construção do banheiro seco

- 500 adobes simples

- 50 adobes especiais para fixação da aduela da porta

- 50 adobes especiais para fixação da laje do assento nas paredes

- 80 Blocos de concreto 0.2

- 20 blocos de concreto 0,15

- 7 sacos de 50kg de cimento CP 3

- 20 latas de 20L de brita número 2

- 3 sacos de cal-hidratada para massa

- 150L sumo de cactos palma –impermeabilizante (colocar cactos palma cortado,


até encher 1 quarto de um tonel de 200L. Depois encher todo o tonel
com água e deixar descansar por 5 dias. Depois coar e guardar).

- 2 m3 areia média lavada

- 50 latas de 20L de terra (a ser escolhida e retirada no local)

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-2 varas de bambu tratado de 2m com 12cm de diâmetro

- 3 varas de bambu tratado de 1,6m com 12cm de diâmetro

- 2 telhas Ecotop 220cm x 90cm

- 2 tonéis de plástico com boca de 54cm de diâmetro e altura de 95cm ou -90cm.


(ver desenho detalhe)

- 5 litros de cola branca forte

- 1 aduela / verga da porta (ver desenho detalhe)

- 2 fechamentos de bambu para ventilação (ver desenho detalhe)

- 1 porta de 210cm x 60cm de bambu

- 1 porta de chapa metálica com esquadria para fixação na parede com vão de 100cm x 100cm

- 1 escada de bambu (ver desenho detalhe)

- 3 formas para tipos diferentes de adobe (ver desenho detalhe)

- 2 metros de tubo 100mm de PVC

- 1 luva de PVC 100mm soldável

- 1 T de PVC 100mm soldável

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REFERÊNCIAS:
BUENO, Mariano. Como hacer um buen compost. 2003.

CAMPBELL, S. Manual de Compostagem para Hortas e Jardins. 1995.

JENKINS, Joseph. The humanure hand book, A Guide to Composting Human Manure.1999.

LENGEN, V. Johan. Manual do arquiteto descalço. 2004

PORTO, D. David. STEINFELD, Carol. The Composting Toilet System Book. 2000.

SÁNCHEZ, Cristian. Abonos orgânicos e lombricultura. 2003

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