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Curso de Manejo de Águas Pluviais (livro 14) 1

Eng Plínio Tomaz 05/08/2010 pliniotomaz@uol.com.br


Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Capítulo 10
Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

“Os alunos não devem se apaixonar por programas de computadores, pois, em alguns anos
estes serão ultrapassados, mas os conceitos continuarão”
Prof. dr. Kokei Uehara

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Eng Plínio Tomaz 05/08/2010 pliniotomaz@uol.com.br
Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

SUMÁRIO
Ordem Assunto

10.1 Introdução
10.2 Localização do reservatório de detenção
10.3 Método de cálculo para vazão de pico
10.4 Número da curva CN
10.5 Coeficiente de runoff C do método Racional
10.6 Frederick Law Olmsted, paisagista americano
10.7 Custos médio do reservatorio de detenção na RMSP
10.8 Dimensionamento do reservatório de detenção usando a função Gama
10.9 Reservatório com paredes verticais
10.10 Reservatório com paredes parabólicas
10.11 Dimensionamento pelo método de Aron e Kibler, 1990
10.12 Dimensionamento pelo método de Baker, 1979
10.13 Dimensionamento pelo método do Federal Aviation Agency, 1966
10.14 Dimensionamento pelo método de Abt e Grigg, 1978 usando o método Racional
10.15 Dimensionamento pelo método de Kessler e Diskin, 1991
10.16 Dimensionamento pelo método de McEnroe, 1992
10.17 Dimensionamento pelo método de Wycoff e Singh (1976)
10.18 Dimensionamento pelo método Racional
10.19 Comparação dos métodos
10.20 Orifícios
10.21 Vertedor circular
10.22 Vertedor retangular
10.23 Diâmetro de saída
10.24 Depósito anual de sedimentos
10.25 Bibliografia e livros consultados
28páginas

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Introdução

Não existe até o presente momento uma estimativa de reservatório de detenção que seja
considerada ótima, pois todas estão sujeitas a erros.
Recomendamos que usar o método Racional com tempo básico de três vezes o tempo de
concentração para o dimensionamento preliminar do reservatório para bacias com area até 3km2.
Para areas maiores que 3km2 usar os adimensionais do prof. dr. Rodrigo de Melo Porto da
Universidade de São Carlos da USP.
A escolha do volume de detenção dependerá além do conhecimento das várias alternativas, o
bom senso para a melhor escolha, não esquecendo que somente o routing do reservatorio poderá
decidir se o volume estimado é bom ou não.
O autor recomenda o período de retorno de 100anos para o dimensionamento de reservatórios
de detenção.
Existe correlacionado com o dimensionamento de reservatórios de detenção os seguintes
assuntos:
1. Routing do reservatório
2. Vertedor e orifício
3. Reservatório de detenção estendido
4. Reservatório de retenção
5. Falhas em barragens
6. Piscinhas- legislação existente
7. DAEE – pequenas barragens. Método Racional
8. Custos de obras, manutenção e operação
9. Dissipador de energia
10. Escada hidráulica
11. Esvaziamento de reservatório

Guarulhos, 12 de maio de 2010

Engenheiro civil Plinio Tomaz

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Capítulo 10 –Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.1 Introdução
Com objetivo de deter enchentes é comum se fazer obras hidráulicas denominadas de
reservatórios de detenção para acumular as águas pluviais durante um determinado tempo.
Geralmente o tempo de escoamento é de algumas horas.
Podemos fazer reservatório de detenção aumentando o tempo de esvaziamento para num
mínimo de 24h e teremos um reservatório de detenção estendido com objetivo de deter enchentes e
melhorar a qualidade das águas pluviais.
As previsões de volume que veremos se referem somente a detenção de enchentes.
Antes de um projeto definitivo, fazemos um dimensionamento. Estimamos o volume do
reservatório de detenção, a área ocupada pelo mesmo, profundidade média e custo.
As Figuras (10.1) e (10.2) mostram reservatórios de detenção construídos para deter os picos
de cheia.
O conceito básico é a Teoria do Impacto Zero aplicada a enchentes, onde devido a
construção de um reservatório de detenção a vazão de pós-desenvolvimento tem que ser igual a vazão
de pré-desenvolvimento. Desta maneira não haverá impactos com o desenvolvimento da área em
questão.

Figura 10.1 – Reservatório de detenção em São Bernardo do Campo na região do Alto Tamanduatei.
Fonte: DAEE,2000

Dica: o dimensionamento de um reservatório de detenção é sempre feito por tentativas.

Vamos mostrar 14 (catorze) métodos para o dimensionamento.


Alguns métodos prevêem o uso de orifício ou vertedor e outros não. É difícil saber qual é o
melhor método, mas o importante é que são poucas as variações entre os mesmos.

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Chin, 2000 p. 418 no livro Water Resources Engeneering bem como Mays, 1999 sugerem
uma seqüência já explicada por Urbonas e Roesner,1993, para determinação do volume de um
reservatório de detenção a qual adaptamos:

Primeiro passo: faça um dimensionamento preliminar do reservatório de detenção.


O dimensionamento preliminar representa o volume necessário, considerando o pico no pré-
desenvolvimento da bacia e o pico da vazão no pós-desenvolvimento. Muitas vezes a vazão de pico
no pós-desenvolvimento é fixada por legislação da região, ou imposta pelas condições locais da obra.
Uma das grandes dificuldades é estabelecer o periodo retorno em que deve ser calculado o
reservatório sendo o recomendado Tr= 100anos.
Existem vários métodos aproximados que nos fornecem o volume de detenção o qual serão
explicados neste capítulo.

Segundo passo: faça uma seleção da estrutura de saída.


Com os dados do volume achado no primeiro passo, faça uma estimativa do orifício ou do
vertedor. Podemos escolher da maneira que queremos, sendo usual o uso conjunto de orifício e
vertedor. Não esquecer que o dimensionamento é feito por tentativas

Terceiro passo: faça o routing da hidrógrafa do escoamento superficial e do escoamento de


saída.
Para se fazer o routing é necessário conhecer o tamanho do reservatório e as curvas cota-
vazão dos dispositivos de saída, bem como curva cota-volume do reservatório. Não esquecendo que o
routing não determina o volume do reservatório, somente confere o funcionamento do mesmo,
obtendo-se uma hidrógrafa de saída desejada.
Em obras pequenas é comum não se fazer o routing, mas conforme a importância da obra e
das estruturas de saída temos que fazer o routing. Lembramos que para o routing do reservatório
precisamos do hidrograma de entrada e só obtemos com o Método Santa Barbara ou SCS, pois o
método Racional não fornece o hidrograma de entrada. Existe um hidrograma aproximada de entrada
pelo método Racional, mas não é aceito por todos os especialistas.

Quarto passo: verifique os picos de descarga no pós-desenvolvimento para ver se é menor ou


igual ao pré-desenvolvimento.
Verifique o volume máximo de acordo com os níveis do reservatório de detenção. Faça então
ajustes necessários, no tamanho do reservatório ou nas estruturas de controle e repita o segundo e o
terceiro passo quantas vezes forem necessárias

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Figura 10.2-Reservatório de detenção com 95.000m3 implantado junto ao córrego


Saracantan na bacia superior do córrego dos Meninos em São Paulo (concluído).
Fonte: DAEE.

10.2 Localização do reservatório de detenção


O reservatório de detenção pode ser feito “in line” ou “off line”, isto é, no próprio fundo de vale
ou lateralmente ao curso d’água .
A seção de estudo onde será instalado o reservatório de detenção é chamada seção de controle.

10.3 Método de cálculo para vazão de pico


O autor salienta que quando for utilizar um método de cálculo para a estimativa da vazão de pico,
deve ser usado um método aceito pela comunidade científica, precavendo-se de processos
judiciais. Certos métodos cairam em desuso e são pouco usado ou esquecido nos novos livros
publicados.
O método Racional é o mais usado no mundo e o limite que recomendamos é para áreas até
3km2. O método apresenta o inconveniente de não apresentar a curva de vazão com o tempo que
é o hidrograma afluente ao reservatório de detenção. Existem métodos para criação do
hidrograma do Método Racional que não é aceito por todos os especialistas.
O metodo do SCS é o mais usado no mundo e recomendado para areas acima de 3km2 e menor
que 250 km2. Foi criado em janeiro de 1975 pelo US Soil Conservation Service. Apresenta um
hidrograma perfeito e aceito por toda a comunidade científica no mundo inteiro.
O Método Santa Barbara pode ser usado em areas até 50km2, produz vazão de pico e
hidrograma. É muito usado nos Estados Unidos e está começando a ser usado no Brasil. No livro
que publicamos em 2002 sobre Cálculos Hidrológicos e Hidráulicos para obras municipais
incluimos o método Santa Barbara para socializar o conhecimento.

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O método SCS TR-55 foi criado em janeiro de 1999. É facil de ser aplicado para áreas pequenas
chegando até 250km2. Possui o inconveniente de usar quatro tipos de chuvas existentes nos
Estados Unidos. Para o Estado de São Paulo, o prof. dr. Ruben Lalaina Porto estudou o assunto
recomendando o Tipo II.
Infelizmente desconhecemos estudos em outros estados brasileiros, motivo pelo qual não
recomendamos o uso do TR-55 fora do Estado de São Paulo. O SCS TR-55 calcula a vazão de
pico e existem tabelas que facilitam a elaboração do hidrograma.
Nos Estados Unidos é bastante usado o SCS TR-55.

10.4 Número da curva CN


Para se achar a chuva excedente o método mais usado e consagrado e aceito nos tribunais nos
Estados Unidos é o número da curva CN embora não seja o melhor.
O SCS classifica os solos em quatro grupos: Grupo de Solo A, Grupo de Solo B, Grupo de solo C
e Grupo de Solo D.

Q= (P – 0,2S)2/ (P+0,8S)
Sendo:
Q= chuva excedente ou runoff (mm)
P= precipitação (mm)
S=potencial máximo de retenção após começar o runoff (m)

S= 25400/CN -254

Exemplo 10.1
Calcular a chuva excedente Q em mm dado CN=83 e P=104mm para chuva de 2h de duração na
RMSP. Calcular também o volume de chuva excedente, ou seja, do runoff (escoamento superficial)
para área da bacia de 222ha.
S= 25400/CN -254
S= 25400/83 -254 =52,02mm
Q= (P – 0,2S)2/ (P+0,8S)
Q= (104– 0,2x52,02)2/ (104+0,8x 52,02) = 60mm

Cálculo do volume do escoamento superficial


V= (222ha x 10.000m2 )x (60mm / 1000)=133.200m3

10.5 Coeficiente de runoff C do método Racional


Podemos estimar o coeficiente C do método Racional verificando-se tabelas ou calculá-lo em
função da área impermeável usando coeficiente volumétrico de Schueler, 1987
Rv= 0,05 + 0,009 x AI
Sendo:
Rv= coeficiente volumétrico adimensional
AI= área impermeável (%)
O truque é fazer C=Rv.

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Exemplo 10.2
Calcular o coeficiente de runoff C do Método Racional para area de 222ha com área
impermeável AI= 55%. Calcular também o volume do escoamento superficial sendo o tempo de
concentração no pós-desenvolvimento de 15min e a vazão de pico do pós-desenvolvimento é
65,51m3/s.

Rv= 0,05 + 0,009 x AI


Rv= 0,05 + 0,009 x 55= 0,545
C=0,545

V= Qpós x tc x 60
V= 65,51 x 15 x 60= 58.959m3

10.6 Frederick Law Olmsted, paisagista americano


Frederick Law Olmsted foi quem projetou o Central Park em Nova Iorque (Estados Unidos).
Conforme a arquiteta americana Anne Whiston Spirn, 1995, os arquitetos paisagistas e
historiadores americanos consideram o sistema de parques de Boston, conhecido como Emeraldo
Necklace, como um marco no planejamento dos parques americanos, mas poucos sabem que um terço
do sistema foi projetado para o controle de enchentes e melhoria da qualidade das águas e não
fundamentalmente para a recreação conforme Figura (10.3). O projetista Frederick Law Olmsted
criou o Fens e o Riverway para combater os problemas

Figura 10.3-O plano para o Fens, Boston foi feito em 1877. Nele aparecem as bacias de retenção.

de enchentes e de poluição das várzeas da Back Bay de Boston.


Segundo ainda Anne Whiston Spirn, os projetos modernos e “inovadores” feitos em Chicago e
Denver, baseiam-se em alguns dos mesmos princípios usados por Olmsted em Boston.
Portanto, como se pode notar a idéia de reservatório para conter as águas de chuvas ou seja a
detenção ou retenção é velha e a bem documentada é aquela feita em Boston em 1877 por Olmsted.

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10.7 Custos médio de reservatórios de detenção na RMSP


Usando dados de reservatórios de detenção existentes na RMSP (Região Metropolitana de São
Paulo) em 30 (trinta) reservatórios abertos estabelecemos as medias e desvio padrão conforme Tabela
(10.1).
A manutenção e operação anual de um reservatório de detenção varia de 5% a 10% do custo
total da obra, verificando-se um alto custo que causa na prática uma má gestão do reservatorio de
detenção.

Tabela 10.1- Medias e desvio padrão de 30 reservatórios de detenção na RMSP


Média Desvio padrão
3
Custo do reservatório de detenção aberto US$ 34/m US$ 13/m3
Área de drenagem 5,1 km2 3,9 km2
Volume do reservatório 180.614m3 123.181m3
2
Área disponível 48.191m 38.814m2
Área disponível em porcentagem da área da bacia 1,8% 2,0%
3
Taxa de volume do reservatório/área da bacia em hectares 514m /ha 226m3/ha
Altura média do reservatório de detenção 3,30m 1,00m
3
Custo de reservatório de detenção fechado com somente uma amostra US$ 108/m

Exemplo 10.3
Dada uma área de 100ha estimar:
Volume do reservatório= 514m3/ha x 222ha= 114.108m3
Custo do reservatório= US$ 34/m3 x 114.108m3= US$ 3.879. 672
Área necessária para implantar o reservatório= 1,8% x 222ha/100=4ha=40.000m2
Profundidade média= 3,30m
Área da seção longitudinal= 114.108m3/3,3m= 34.578m2
10.8 Dimensionamento do reservatório de detenção usando a função Gama
Rodrigo de Melo Porto,1997 no livro de Drenagem Urbana-gerenciamento, simulação e
controle, na p.181 apresenta a função de distribuição Gama.
Desta maneira podemos analiticamente simular a hidrógrafa de uma bacia bastando somente
variar o fator de aspecto “n”. Porto, 1989 verificou que para efeitos práticos os valores de n estão
entre 4 e 10.
Para o dimensionamento (Porto, 1989) demonstrou que o volume aproximado do reservatório
de detenção pode ser feito da seguinte maneira:
volume = (2 .  / n) 0,5 . ip . tp (Equação 10.6)
Sendo:
volume = volume estimado do reservatório de detenção (m3);
n= fator de aspecto. Varia de 4 a 10. Na prática aconselha-se valor n=8;
ip = vazão máxima da hidrógrafa de entrada (m3/s) e
tp = tempo de pico do hidrograma afluente (segundo).

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Exemplo 10.4
Dimensionar o volume de um reservatório usando a função Gama, vazão máxima da
hidrógrafa de entrada ip = 56,6m3/s e tempo de pico do hidrograma afluente tp = 32,5min obtido pelo
Método Santa Bárbara para Tr=100anos.
Aplicando-se a Equação (10.6) e variando o fator de aspecto vemos que o volume estimado do
reservatório de detenção varia em função do fator de aspecto n, sendo aconselhado por Porto o valor
n=8. Conforme Equação (10.6) temos:
volume = (2 .  / n) 0,5 . ip . tp
volume = (2 .  / 8) 0,5 x 56,6 x 32,5x60 = 110.370m3

10.9 Reservatório com paredes verticais


Rodrigo de Melo Porto,1997 obteve as seguintes relações.
Vertedor retangular
V* = -0,7832 Q* + 0,9447 (Equação 10.7)

Exemplo 10.5- aplicação da fórmula de Rodrigo de Melo Porto para vertedor


Qpos= 56,6m3/s para Tr=100anos.
Qpre= 14,3m3/s
As paredes do reservatório são verticais e o vertedor mais eficiente é o orifício.
q max = 14,3m3/s
ip = 56,6m3/s
Q* = q max / ip = 14,3/56,6 = 0,25

Usando a Equação (10.7) para reservatório com parede vertical e descarga em vertedor:
V* = -0,7832Q* + 0,9447 = -0,7832 x 0,25 + 0,9447 = 0,75

Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vol = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vmáximo = vol x 0,75 =Volume do reservatório = 133200m3 x. 0,75 = 99.900m3

Orifício
V* = -0,8761Q* + 0,8862

Exemplo 10.6- aplicação da fórmula de Rodrigo de Melo Porto para orifício


Qpos= 56,6m3/s para Tr=100anos.
Qpre= 14,3m3/s
As paredes do reservatório são verticais e o vertedor mais eficiente é o orifício.
q max = 14,3m3/s
ip = 56,6m3/s
Q* = q max / ip = 14,3/56,6 = 0,25

Usando a Equação (10.8) para reservatório com parede vertical e descarga em orifício:
V* = -0,8761Q* + 0,8862 = -0,8761 x 0,25 + 0,8862 = 0,67
Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vol = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vmáximo = vol x 0,67 =Volume do reservatório = 133200m3 x. 0,67 = 89.244m3

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10.10 Reservatório com paredes parabólicas


Rodrigo de Melo Porto,1997 obteve as seguintes relações.
Vertedor retangular
V* = -0,8834 Q* + 0,9073 (Equação 10.9)

Exemplo 10.7- aplicação da fórmula de Rodrigo de Melo Porto para paredes parabólicas e
vertedor retangular
Qpos= 56,6m3/s para Tr=100anos.
Qpre= 14,3m3/s
As paredes do reservatório são verticais e o vertedor mais eficiente e descarga em vertedor
retangular.
q max = 14,3m3/s
ip = 56,6m3/s
Q* = q max / ip = 14,3/56,6 = 0,25

Usando a Equação (10.9) para reservatório com parede vertical e descarga em orifício:
V* = -0,8834Q* + 0,9073 = -0,8834 x 0,25 + 0,9073 = 0,69
Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vol = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vmáximo = vol x 0,69 =Volume do reservatório = 133.200m3 x 0,69 = 91.908m3

Orifício
V* = -0,9508 Q* + 0,8988 (Equação 10.10)

Sendo:
V* = Vmáximo / vol
Q* = q max / ip

vol = é o volume total fornecida pela chuva excedente na área de captação considerada. É a chuva
excedente multiplicada pela área da bacia (m3).
Vmáximo = o volume do reservatório de detenção (m3).
q max = vazão máxima da hidrógrafa de saída (m3/s).
ip = vazão máxima da hidrógrafa de entrada (m3/s).
Rodrigo de Melo Porto concluiu que para reservatórios de paredes verticais, o descarregador
tipo orifício é mais eficiente do que o reservatório com vertedor retangular.

Exemplo 10.8- aplicação da fórmula de Rodrigo de Melo Porto para paredes parabólicas e
orificio
Qpos= 56,6m3/s para Tr=100anos.
Qpre= 14,3m3/s
As paredes do reservatório são verticais e o vertedor mais eficiente é o orifício.
q max = 14,3m3/s
ip = 56,6m3/s
Q* = q max / ip = 14,3/56,6 = 0,25

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Usando a Equação (10.10) para reservatório com parede vertical e descarga em orifício:
V* = -0,9508 Q* + 0,8988 = -0,9508 x 0,25 + 0,8988 = 0,66
Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vol = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vmáximo = vol x 0,66 =Volume do reservatório = 133.200m3 x 0,66 = 79.920m3

10.11 Dimensionamento pelo método de Aron e Kibler, 1990 usando o Método Racional
Osman Akan, cita no livro Urban Stormwater Hydrology,1993, o dimensionamento pelo
método de Aron e Kibler,1990. Neste método não é especificado o tipo de saída da água do
reservatório de detenção tais como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos mesmos.

Teoria do método de Aron e Kibler, 1990


No método de Aron e Kibler é suposto que o hidrograma da vazão afluente tem formato
trapezoidal e que o pico da vazão efluente está no trecho de recessão do trapézio adotado e que o
vazão de saída tem forma triangular conforme Figura (10.4).

Vazão

Ip
Qp

Tempo

td Tc

Figura 10.4- Hidrograma trapezoidal de entrada no reservatório de detenção e triangular de saída


Teremos então

Vs= Ip . td – Qp ( td + tc) / 2 (Equação 10.12)

Sendo:
td =duração da chuva (min);
tc= tempo de concentração (min) da bacia no ponto em questão;
Vs= volume de detenção (m3). Queremos o máximo de Vs;
Qp= pico da vazão de saída (m3/s).
Ip= pico da vazão de entrada (m3/s).

O cálculo é feito por tentativas, pois, a cada tempo, teremos um valor da intensidade de chuva
“I “ , sendo constante o valor de C e da área da bacia em hectares.
Para o cálculo de Ip= CIA/360 adotamos a fórmula de (Paulo S. Wilken,1972.
O resultado será aquele que resulte no maior volume de detenção Vs.

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Exemplo 10.7
Seja o piscinão do com os seguintes dados:
Fórmula de intensidade de chuva adotada: Paulo S. Wilken (1972)
Local do reservatório: praça Charles Muller, São Paulo, capital
Área de drenagem: 222ha
Período de retorno adotado T=100anos
Fração impermeável total : 0,55 (55% da área total)
Vazão efluente máxima (vazão saída do reservatório) : 13m3/s
Tempo de concentração: 15min
Solução:
Escolha do coeficiente de runoff ou coeficiente de escoamento “C”
O valor admitido de C=0,545
Aplicação do método de Aron e Kibler, 1990.
A vazão de saída Qp=13m3/s.
Usando a fórmula de (Paulo Sampaio Wilken,1972).

1747,9 . Tr0,181
I =------------------------ (mm/h)
( t + 15)0,89
Sendo:
I= intensidade média da chuva (mm/h);
Tr = período de retorno (anos);
t= duração da chuva (min).
Para período de retorno Tr = 100 anos teremos:

1747,9x1000,181 4022,69
I = ------------------------ = ------------------
( t + 15)0,89 ( t + 15)0,89
Variando-se o tempo “t” começando pelo tempo de concentração de 15min.

Para t=15min
4022,69
I = ------------------
( t + 15)0,89

4022,69
I = ------------------ = 194,89mm/h
( 15 + 15)0,89

Para t=30min
4022,69
I = ------------------
( t + 15)0,89

4022,69
I = ------------------ = 135,90mm/h
( 30 + 15)0,89

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

e assim por diante conforme mostra a Tabela (10.2).


Aplicando a fórmula racional Q=C. I . A/360
Teremos:
Para t=15min, A=222 ha e C=0,545
Q= CIA/360 = 0,545 x 194,89 x 222/360 = 65,50m3/s
Para t=30min
Q=CIA/360 = 0,545 x 135,90 x 222/ 360 = 45,67m3/s
Vamos calcular a duração da chuva que produz o maior volume de reservatório de detenção
usando a Equação (10.12):
Vs= Ip x td – Qp x ( td + Tc)/2
Para t=td = 15min, sendo tempo de concentração Tc fixo igual a 15min
Vs= (vazão afluente em m3/s) x 60s x (tempo de duração da chuva) – (vazão efluente em m3/s) x 60s
x (tempo de duração da chuva + tempo de concentração)/2
Vs=65,50m3/s x 60s x 15min – 13m3/s x 60 s x (15min + 15min)/2 =
Vs= 47.225m3
Para t=30min
Vs= 45,67m3/s x 60s x 30min – 13 m3/s x 60 s x (30min + 15min)/2 =
Vs= 64.600m3
E assim por diante, conforme se pode ver na Tabela (10.2).
Portanto, o volume do piscinão calculado pelo método aproximado de (Aron e Kibler,1990)
para período de retorno de 100anos é de 75.723m3.

Tabela 10.2- Dimensionamento do piscinão do usando o método de Aron e Kibler,1990 para


T=100 anos e C=0,545

Tempo Período de Intensidade


retorno Duração da de chuva Vs
concentraçao Qsaida (anos) Chuva Área Qentrada Qentrada
Tr (min) Q=CIA Q=CIA

(min) (m3/s) (anos) (min) (l/s.ha) ha (l/s) (m3/s) (m3)


15 13 25 15 421,31 222 65472 65,47 47225
15 13 25 30 293,69 222 45639 45,64 64600
15 13 25 45 227,35 222 35330 35,33 71990
15 13 25 60 186,40 222 28966 28,97 75028
15 13 25 75 158,48 222 24627 24,63 75723
15 13 25 90 138,16 222 21470 21,47 74989
15 13 25 105 122,68 222 19064 19,06 73306
15 13 25 120 110,47 222 17167 17,17 70953
15 13 25 135 100,58 222 15631 15,63 68107
15 13 25 150 92,40 222 14359 14,36 64884
15 13 25 165 85,52 222 13289 13,29 61364
15 13 25 180 79,64 222 12376 12,38 57606

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.12 Dimensionamento pelo método de Baker, 1979 usando o Método Racional


McCuen,1998 cita o método de Baker que em 1979 usou o método racional com hidrograma
triangular para a entrada e para a saída, sendo que o pico da saída, fica na perna descendente do
triângulo de entrada.
Neste método não é especificado o tipo de saída da água do reservatório de detenção tais
como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos mesmos.
No exemplo vamos usar um conceito muito usado nos Estados Unidos para o
dimensionamento de piscinão, que é o conceito de pré-desenvolvimento e pós-desenvolvimento.
Considera-se que no pré-desenvolvimento, é quando a bacia não tinha nada construído e
existiam somente matas, por exemplo.
No pós-desenvolvimento é quando a bacia está totalmente desenvolvida.
Vs
---------- = 1 -  (Equação 10.13)
Vpós
Sendo:
Vs =volume do piscinão (m3);
Vpós = volume do runoff do escoamento (m3 );
 = Qpré/Qpós
Vpós = Qpós x tc pós
Sendo:
Qpós = vazão de pico no pós-desenvolvimento (m3/s);
tcpos= tempo de concentração no pós-desenvolvimento (min);
Qpré= vazão de pico no pré-desenvolvimento (m3/s).

Exemplo 10.8 - Usando o Método Racioinal


Vamos estabelecer um reservatório de detenção padrão para podermos comparar supondo que:
K= 1747,9
a= 0,181
b= 15
c=0,89
Tr=100 anos
Válida para a cidade de São Paulo
I (mm/h)= K . Tr a/ (tc + b) c

I (mm/h)= 1747,9 . 100 0,181/ (tc + 15) 0,89


tc= tempo de concentraçao (min)
I= intensidade da chuva (mm/h)

Vamos examinar duas situações: pré-desenvolvimento e pós-desenvolvimento

Pré-desenvolvimento
tc= 31min
I (mm/h)= 1747,9 . 100 0,181/ (tc + 15) 0,89
I (mm/h)= 1747,9 . 100 0,181/ (31 + 15) 0,89
I=133,25m/h
Área impermeável (%)= 12
Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05+0,009 x 12= 0,158
C=0,158
Area (ha)= 222

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Qpré= C. I . A / 360 = 0,158 x 133.25 x 222/360= 13m3/s

Pós-desenvolvimento
tc= 15min
I (mm/h)= 1747,9 . 100 0,181/ (tc + 15) 0,89
I (mm/h)= 1747,9 . 100 0,181/ (15 + 15) 0,89
I=194,93mm/h
Área impermeável (%)= 55
Rv=0,05+0,009 x AI= 0,05+0,009 x 55= 0,545
C=0,545
Area (ha)= 222
Qpre = C. I . A / 360 = 0,545 x 194,93 x 222/360= 65,51m3/s

Exemplo 10.9 -Usando o Metodo Santa Barbara


Pré-desenvolvimento
Tr=100anos
Local: São Paulo, capital
CN=63
tc= 31min
Área impermeável = 12%
Área da bacia= 222ha
Duração da chuva= 2h
Precipitação total em 2h para Tr=100anos= 104mm
Qpre= 14,3m3/s

Pés-desenvolvimento
Tr=100anos
Local: São Paulo, capital
CN=83
tc= 15min
Area impermeável = 55%
Area da bacia= 222ha
Duração da chuva= 2h
Precipitação total em 2h para Tr=100anos= 104mm
Qpré= 56,6m3/s

Exemplo 10.10
Dimensionamento de reservatório de detenção pelo método de Baker, 1979 usando o Método
Racional.
Vazao de pré-desenvolvimento= 13m3/s
Vazao de pos desenvolvimento= 65,51m3/s
Tempo de concentração é de 15min.
Período de retorno considerado foi de 100anos.
q pré = 13m3/s
q pos = 65,51m3/s
= qpré / qpós = 13 / 65,51 = 0,2

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Usando a Equação (10.13) temos:


Vs
---- = 1 -  = 1 - 0,2 = 0,8
Vpós
Vpós = 65,51m3/s x 15min x 60s = 58.961m3
Vs = Vpós x 0,8 = 58.961m3 x 0,8= 47.277m3

10.13 – Dimensionamento pelo método do Federal Aviation Agency,1966 usando o Método


Racional
O método do Federal Aviation Agency (FAA) foi adotado nos Estados Unidos em 1966.
Originalmente o método foi criado em 1957 por Kropf.
Neste método não é especificado o tipo de saída da água do reservatório de detenção tais
como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos mesmos.
O método deve ser usado para pequenas bacias urbanas. Adotamos o limite máximo
aproximado de 3 km2 de área de bacia.
O método do FAA adota basicamente o Método Racional. O volume de entrada, ou seja, o
imput é dado pela equação abaixo, conforme Mays, 2001 p. 607 e Maidment, 1993 capítulo 28.27 do
livro Handbook of Hydrology.
V in = [(C . I . A)/360] . tD x 60 (Equação 10.14)
Sendo:
V in = volume acumulado do runoff (m3);
C= coeficiente de runoff;
I= intensidade de chuva (mm/h) obtido por uma curva IDF;
A= área da bacia (ha) e
tD = tempo de duração da chuva (min).
O volume acumulado de saída é Vout sendo dado pela fórmula abaixo:
Vout = k . Qout . tD . 60 (Equação 10.15)
Vout = volume acumulado de saída (output) em (m3);
k= coeficiente de ajuste entre o pico da vazão de entrada e o pico da vazão de saída;
Qout = vazão máxima de saída (output) (m3/s) adotada e suposta constante sempre.
tD = tempo de duração da chuva (min)

O Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Colorado localizada em Denver,


EUA, em 1991 publicou gráfico do coeficiente de ajustamento “k” o qual apresentaremos na Tabela
(10.3).

Tabela 10.3- Coeficientes de ajuste “k” em função da relação das vazões de saída com a da
entrada
Coeficiente de ajuste
Qout /Qin k

0,10 0,98
0,20 0,94
0,30 0,90
0,40 0,87
0,50 0,85
0,60 0,83
0,70 0,81
0,75 0,00
Fonte: adaptado do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Colorado, Denver, 1991

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Exemplo 10.11
Dimensionamento do reservatório de detenção pelo método do Federal Aviation Agency.
Dados:
Área de drenagem: 222ha
Qpós= 65,51m3/s
Qpré= 13m3/s
Período de retorno T=100anos
Vazão de pré-desenvolvimento: 13m3/s
Solução:
13 m3/s
------------- =0,2
65,51 m3/s
Entrando na Tabela (10.3) com a relação 0,2 obtemos k=0,94 na primeira linha. Para cada
vazão de entrada temos um valor de k conforme se pode ver na Tabela (10.4).
Temos que achar o máximo da diferença entre o volume de entrada e o volume de saída, da
seguinte maneira:
V= máximo (V in – Vout)
Portanto, o volume do piscinão será V.
Usamos o método racional para calcular a vazão afluente, sendo que a vazão efluente de
13m3/s é imposta. Calculamos o volume da vazão afluente para a duração da chuva e o volume
gerado pela vazão efluente.
A máxima diferença de volume será a nossa resposta, isto é, o volume estimado do
reservatório de detenção.
Na Tabela (10.4) são mostrados os resultados obtidos, obtendo-se volume de 64.912m3.

Tabela 10.4- Dimensionamento de reservatório de detenção usando o método do Federal


Aviation Agency, 1966 sendo C=0,545 e A=222ha

Vazão Período chuva


efluente de
retorno
Tempo adotado Tr Intensidade Area Qentrada  V in = C x I Vout = k x V in - Vout
da chuva xAx Qout x tD
De (min) k
Conc. tD
tc tD

(min) (m3/s) (anos) (min) (mm/h) (ha) (l/s) (m3) (m3) (m3)

15 13 100 15 194,93 222 65,51 0,20 0,94 58961 10998 47963

15 13 100 30 135,88 222 45,67 0,28 0,92 82201 21528 60673

15 13 100 45 105,19 222 35,35 0,37 0,87 95449 30537 64912

15 13 100 60 86,24 222 28,98 0,45 0,86 104343 40248 64095

15 13 100 75 73,32 222 24,64 0,53 0,84 110892 49140 61752

15 13 100 90 63,92 222 21,48 0,61 0,83 116011 58266 57745

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.14- Dimensionamento pelo método de Abt e Grigg, 1978 usando o Metodo Racional
McCuen,1998 cita o método de Abt e Grigg que usa o método racional com hidrograma
triangular para a entrada e saída.
Neste método não é especificado o tipo de saída da água do reservatório de detenção tais
como orifícios ou vertedor e nem a quantidade dos mesmos.
Vs
---------- = (1 - )2 (Equação 10.16)
Vpós
Sendo:

Vs =volume do piscinão (m3);


Vpós = volume do runoff do escoamento (m3 );
 = Qpré/Qpós
Sendo:
Qpós = vazão de pico no pós-desenvolvimento (m3/s);
tc= tempo de concentraçãpo no pós-desenvolvimento (min);
Qantespré= vazão de pico no pré-desenvolvimento (m3/s).

Exemplo 10.12
Dimensionamento do piscinão do pelo método de Abt e Grigg, 1978
Consideramos aqui no exemplo que a vazão da galeria da av. de 13m3/s seria a vazão de pico
no pré-desenvolvimento e a vazão de pico depois do desenvolvimento é de 65,51m3/s. Tempo de
concentração tc=15min. Período de retorno considerado foi de 100anos. Usa o método Racional.
Qpré = 13 m3/s;
Qpós = 65,51m3/s
 = 13 / 65,51 = 0,20
Vs
---- = (1 - )2 = (1- 0,20)2 =0,64
Vpós

Vpós = 65,51 x 15 x 60 = 58.961m3


Vs = 58.961m3 x 0,64= 37.736m3
Portanto, usando o método de Abb e Grigg achamos que o volume estimado do piscinão é de
37.736m3.

10.15 Dimensionamento pelo método de Kessler e Diskin, 1991


Mays,1999 cita o método de Kessler e Diskin,1991 no capítulo 14.85 do livro Hydraulic
Design Handbook, que supõe que a área da superfície do reservatório seja constante. A grande
vantagem é que o método tem aplicação para orifícios e para vertedores.
Para um único vertedor:
Vs
---- = 0,932 – 0,792 .  Válido para 0,2 <  < 0,9 (Equação 10.17)
Vpós

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Exemplo 10.13
Dimensionamento de um reservatório de detenção pelo método de Kessler e Diskin,1991
Vamos usar as vazões de pico calculadas usando o método Santa Bárbara.
tc=15min
Qpré =14,3m3/s;
Qpós = 56,6m3/s
 = 14,3/56,6 = 0,25
Como o valor obtido de  está entre 0,20 e 0,90, podemos usar o método de Kessler e Diskin, 1991.
Supomos que o reservatório manterá constante a superfície superior.
Vs
---- = 0,932 – 0,792 . 
Vpós

Vs
---- = 0,932 – 0,792 x 0,25 = 0,734
Vpós

Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vpós = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vs = Vpós x 0,734 = 133.200m3 x 0,734= 97.769m3

Para um único orifício:


Vs
---- = 0,872 – 0,861 .  Válido para 0,2 <  < 0,9 (Equação 10.18)
Vdepois

Exemplo 10.14
Dimensionamento de um reservatório de detenção pelo método de Kessler e Diskin, 1991
Consideramos que aplicando o método racional obtemos:
tc=15min
Tr= 100anos
Qpré =14,3m3/s;
Qpós = 56,6m3/s
 = 14,3/56,6 = 0,25
Como o valor obtido de  está entre 0,20 e 0,90, podemos usar o método de Kessler e Diskin,
1991. Supomos que o reservatório manterá constante a superfície superior e que o dispositivo de
saída de água seja um único orifício.

Vs
---- = 0,872 – 0,861 . 
Vpós

Vs
---- = 0,872 – 0,861 x 0,25 = 0,66
Vpós
Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Vpós = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3


Vs = Vpós x 0,66 = 133.200m3 x 0,66= 87.912m3

10.16 Dimensionamento pelo método de McEnroe, 1992


Mays,1999 cita o método de McEnroe,1992 no capítulo 14.85 do livro Hydraulic Design
Handbook, que supõe que a hidrógrafa da entrada no reservatório é devida a uma função Gama. A
grande vantagem é que o método tem aplicação para orifícios e vertedores.
Para um único vertedor:
Vs
---- = 0,98 – 1,17 .  +0,77. 2 –0,46 . 3 (Equação 10.19)
Vpós

Exemplo 10.15
Dimensionamento de um reservatório de detenção pelo método de McEnroe, 1992
Tr=100anos
tc=15min
Método Santa Bárbara
Qpré =14,3m3/s;
Qpós = 56,6m3/s
 = 14,3/56,6 = 0,25
Vs
---- = 0,98 – 1,17 .  +0,77. 2 –0,46 . 3
Vpos
Vs
---- = 0,98 – 1,17 x 0,25 +0,77x 0,252 –0,46 x 0,253 = 0,73
Vpos

Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vpós = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vs = Vpós x 0,73 = 133.200m3 x 0,73= 97.236m3

Para um único orifício:


Vs
---- = 0,97 – 1,42 .  +0,82. 2 –0,46 . 3 (Equação 10.20)
Vpós

Exemplo 10.16
Dimensionamento de um reservatório de detenção pelo método de McEnroe, 1992
Tr=100anos
tc=15min
Qpré =14,3m3/s;
Qpós = 56,6m3/s
 = 14,3/56,6 = 0,25

Vs
---- = 0,97 – 1,42 .  +0,82. 2 –0,46 . 3
Vpós

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Vs
---- = 0,97 – 1,42 x 0,25 + 0,82. 0,252 –0,46 x 0,253 = 0,66
Vpós

Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vpós = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vs = Vpós x 0,66 = 133.200m3 x 0,66= 87.912m3

10.17- Dimensionamento pelo método de Wycoff e Singh (1976)


Conforme McCuen,1998 o método de Wycoff e Singh pode ser verificado pela Equação (10.21).
Vs
---- = 0,97 x ( 1 - )0,753 (Equação 10.21)
Vpós

Exemplo 10.17
tc=15min
Qpré =14,3m3/s;
Qpós = 56,6m3/s
 = 14,3/56,6 = 0,25
Vs
---- = 0,97 x ( 1 - )0,753 = 0,97 x ( 1- 0,25) 0,753 = 0,78
Vpós
Sendo a chuva excedente total de 60mm e sendo a área de drenagem de 222ha, teremos:
Vpós = 60mm x 222ha x 10.000 m2/1000 = 133.200m3
Vs = Vpós x 0,78 = 133.200m3 x 0,78= 103.896m3

10.18 Dimensionamento pelo método Racional


McCuen,1998 cita que dada a popularidade do método racional e usando o conceito de pré-
desenvolvimento e pós-desenvolvimento.
Considera-se que no pré-desenvolvimento quando a bacia não tinha nada construído e
existiam somente matas, por exemplo.
No pós-desenvolvimento é o caso quando a bacia está totalmente desenvolvida.
Vs = 0,5 x (Qpós - Qpré) x tb (Equação 10.22)
Sendo:
Vs =volume do piscinão (m3);
Qpós = vazão de pico (m3/s) no pós-desenvolvimento;
tc= tempo de concentraçao (min)
tb= 3 x tc
Qpré= vazão de pico (m3/s) no pré-desenvolvimento.

Dica: o dimensionamento pelo método Racional é o mais facil de se utilizar.

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Exemplo 108
Dimensionamento do piscinão do pelo método racional
tc= 15min
Tr=100anos
Método Racional.
Qpré = 13 m3/s;
Qpós = 65,51m3/s
Vs = 0,5 x (Qpós - Qpré) x tb
tb= 3 x tc
Vs = (65,51 - 13) x 3 x 15min x 60s = 70.889m3

10.19 Comparação dos métodos


Vamos colocar na Tabela (10.5) os varios tipos de cálculos para o mesmo problema para
orientar o projetista na escolha do mais adequado.

Tabela 10.5- Volume de detenção para Tr=100anos para caso na RMSP


Ordem Nome do método Volume de detenção
(m3)
1 Método heurístico 514m3/ha 114.108
2 Porto-Função Gama 110.370
3 Porto-reservatório com paredes verticais e saida em 99.900
vertedor retangular
4 Porto-reservatório com paredes verticais e saida em 89.244
orificio
5 Porto-reservatório com paredes parabólicas e saida em 91.908
vertedor retangular
6 Porto-reservatório com paredes parabólicas e saida em 79.920
orificio
7 Método Racional- Aron e Kibbler 75.723
8 Método Racional - Baker 47.277
9 Método Racional- Federal Aviation Agency 64.912
10 Método Racional- Abt e Grigg 37.736
11 Kessler e Diskin 87.912
12 McEnroe 87.912
13 Wycoff e Singh 103.896
14 Metodo Racional com tb=3tc 70.889

O grande problema que tem o projetista de reservatóio de detenção é usar um método que seja
aceito pela maioria dos especialistas no assunto. Nos Estados Unidos é muito usado o metodo de
Aron e Kibbler.
No Brasil não há uma recomendação, porém tomamos a liberdade de sugerir o uso do Método
Racional com tb=3tc para bacias com area até 3km2. Para áreas maiores sugerimos usar os
adimensionais do prof. dr. Rodrigo Porto da Universidade de São Carlos da USP.

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

10.20 Orifício
O orifício pode ser circular ou retangular e é calculado com a Equação:
Q= Cd x A x (2 g h ) 0,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
Cd= 0,62
A= área=  D2/4 (para orifício)
D= diâmetro (m)
g= aceleração da gravidade = 9,81 m/s2
h= altura média da lâmina de água em relação ao eixo da tubulação de saída (m)
O orifício geralmente é usado na parte inferior dos reservatórios de detenção para o
escoamento da vazão de pré-dimensionamento.

Figura 10.5- Orifício livre e submerso


Fonte: Ciria, 2007

Placa de orifícios
Quando temos uma placa de orifícios cada orifício pode ser calculado separadamente.

Figura 10.6- Placa de orifícios


Fonte: CIRIA, 2007

A equação para o calculo da vazão conforme CIRIA, 2007 é a seguinte:


Q= Cp x (2xAp/ 3x Hs) x (2g) 0,5 x H 1,5
Sendo:
Q= vazão de descarga no orifício (m3/s)
Cp= coeficiente de descarga para perfuração= 0,61
Ap= área da seção transversal de todos os orifícios (m2)
Hs= distancia de S/2 acima da linha de orifício mais alta até S/2 da linha de orifício mais baixa (m)
S=distância entre os orifícios (m)
H= altura da carga de água (m)

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Capítulo 10- Dimensionamento preliminar de reservatório de detenção

Figura 10.7- Placa de orifícios


Fonte: CIRIA, 2007

Figura 10.8- Placa de orifícios protegida para pequenos lagos


Fonte: CIRIA, 2007

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10.21 Vertedor circular


Conforme Tomaz, 2002 o vertedor circular em parede vertical tem a Equação:
Q= 1,518 x D 0,693 x H 1,807
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
D= diâmetro (m)
H= altura da lâmina de água (m).
O vertedor circular geralmente é usado para a descarga da vazão centenária Q100.

10.22 Vertedor retangular


O vertedor retangular pode ser de perfil tipo Creager ou de parede espessa tem a Equação:
Q=µ x L x H (2gH) 0,5
Como (2g) 0,5= 4,43 e parede espessa µ = 0,35.
Q= 4,43 x 0,35x L x H 1,5
Q= 1,55x L x H 1,5
Sendo:
Q= vazão (m3/s)
L= largura do vertedor retangular (m)
H= altura da vertedor a contar da soleira (m).

10.23 Diâmetro de saída


Supondo:
n= 0,015 concreto.
S= declividade da tubulação (m/m)
D= diâmetro (m)
Q= vazão total específica (m3/s)
Conforme Tomaz, 2002, para seção plena temos:
D= [( Q. n ) / ( 0,310. S 0,5 )] (3/8)
ou
Q= [0,312 x S 0,5 x D (8/3)]/ n
Na Tabela (10.5) estão as vazões das tubulações de concreto em função da declividade.

Tabela 10.5 - Vazões em m3/s de tubulações de concreto de acordo com diâmetro interno e declividade da tubulação.
D 0,50% 1% 1,50% 2% 2,50% 3% 3,50% 4% 5%
(m) 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,05

0,15 0,009 0,013 0,016 0,019 0,021 0,023 0,025 0,026 0,030
0,20 0,020 0,028 0,035 0,040 0,045 0,049 0,053 0,057 0,064
0,25 0,036 0,052 0,063 0,073 0,082 0,089 0,097 0,103 0,115
0,30 0,059 0,084 0,103 0,119 0,133 0,145 0,157 0,168 0,188
0,40 0,128 0,181 0,221 0,256 0,286 0,313 0,338 0,361 0,404
0,50 0,232 0,328 0,401 0,463 0,518 0,567 0,613 0,655 0,732
0,60 0,377 0,533 0,652 0,753 0,842 0,923 0,997 1,065 1,191
0,70 0,568 0,804 0,984 1,136 1,270 1,392 1,503 1,607 1,797
0,80 0,811 1,147 1,405 1,622 1,814 1,987 2,146 2,294 2,565
0,90 1,111 1,571 1,923 2,221 2,483 2,720 2,938 3,141 3,512
1,00 1,471 2,080 2,547 2,942 3,289 3,603 3,891 4,160 4,651

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10.24 Depósito anual de sedimentos


Os sedimentos recolhidos são considerados não-perigosos e podem ser dispostos em aterros
sanitários ou em local autorizado.
Dica: adotar para o Brasil a taxa de 10m3/ ano x ha para remoção de sedimentos para
estimativa.

Exemplo 10.19
Depósito anual de sedimentos no reservatorio de detenção= 222ha x 10m3/ha/ano =2.220m3/ano
Portanto, anualmente teremos que remover aproximadamente 2.220m3 de sedimentos.

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10.25 Bibliografia e livros consultados


-CIRIA. The SUDS manual. London, 2007, CIRIA C697, ISBN 978-0-86017-697-8

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