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OBRAS HIDRÁULICAS

Apostila Módulo I
aulas 1 e 2

Professor Dr. Emílio Carlos Prandi

Marília/SP
2018
SUMÁRIO

MODULO I – .......................................................................................................... 1

Aula 1 ......................................................................................................................

1 Introdução ........................................................................................................

2 Conceitos básicos (Morfologia fluvial, formação e evolução dos cursos de


água.) ......................................................................................................................

2.1 Os rios e seus aspectos condicionantes para obras hidráulicas. ..................

2.1.1 Redes de drenagem ..................................................................................

2.1.2 Ordem dos cursos de água de Bacias .......................................................

2.1.3 Declividade de Rios ...................................................................................

2.2 Bacia Hidrográfica – ......................................................................................

2.2.1 Domínio das águas em uma Bacia Hidrográfica ........................................

2.2.2 Características Físicas de uma Bacia Hidrográfica ...................................

2.2.2.1 Divisores de Bacias ................................................................................

2.2.2.2 Área de Bacias .......................................................................................

2.2.2.3 Tipos dos solos de Bacias ......................................................................

2.2.2.4 Uso dos solos de Bacias ........................................................................

Aula 2 ..................................................................... Erro! Indicador não definido.

2.4 Ciclo hidrológico ............................................................................................

2.4.1 Escalas Hidrológicas (temporal e espacial)Erro! Indicador não


definido.

2.4.2 Precipitação: ..............................................................................................

2.4.2.1 Formação e tipos ....................................................................................

2.4.2.2 Medidas pluviométricas ..........................................................................

2.4.2.3 Precipitação média sobre uma bacia .....................................................

2.4.2.4 Intensidade pluviométrica; ......................................................................


2.4.3 Infiltração ...................................................................................................

2.4.3.1 Grandezas características da infiltração.................................................

2.4.3.2 Escoamento da água em solos saturados;.............................................

2.4.3.3 Escoamento da água em solos não saturados; ......................................

2.4.4 Evapotranspiração .....................................................................................

2.4.4.1 Fatores Físicos .......................................................................................

2.4.4.2 Determinação da evaporação e evapotranspiração ...............................

2.4.5 Escoamento Superficial: ............................................................................

2.4.5.1 Grandezas que caracterizam o Escoamento Superficial ........................

2.4.5.2 Regime dos Cursos de Água ..................................................................

3 REFERÊNCIAS ................................................................................................

3.1 Básica: ..........................................................................................................

3.2 Complementar: .............................................................................................


Índice de Figuras

Figura 1 – Distribuição da água no planeta Terra. ..................................................

Figura 2 – Distribuição das águas doces. .............................................................

Figura 3 – Drenagem dendrítica ..............................................................................

Figura 4 – Drenagem dendrítica ..............................................................................

Figura 5 – Drenagem Retangular ............................................................................

Figura 6 – Drenagem Radial ...................................................................................

Figura 7 – Hierarquização de Drenagem.................................................................

Figura 8 – Variação dos hidrogramas por declividade de bacias ........................

Figura 9 – Bacia Hidrográfica ..................................................................................

Figura 10 – Elementos de uma bacia de hidrográfica .............................................

Figura 11 – Área de drenagem ................................................................................

Figura 12 – Variação da permeabilidade para solos ............................................

Figura 13 – Escoamento Superficial Sob Diferentes Usos e Ocupação na Bacia


Hidrográfica .............................................................................................................

Figura 14 – A sistemática do ciclo hidrológico. ........................................................

Figura 15 – Distribuição espacial da precipitação média mensal (médias 1961-


2007). ......................................................................................................................

Figura 16 – Cortes verticais de frentes frias e quentes ...........................................

Figura 17 – Pluviômetros.........................................................................................

Figura 18 – Pluviôgrafo de caçambas vasculantes .................................................

Figura 19 – Radar metereológico instalado no Alto Tiête e operado pelo DAEE ....

Figura 20 – Cálculo de chuvas médias....................................................................

Figura 21– Intensidade, duração e frequência de chuvas intensas no sudeste do


Brasil .......................................................................................................................

Figura 23– Experimento de Henry Darcy ................................................................


Figura 24– Balanço Hídrico Anual nos continentes .................................................

Figura 25– Tanque classe A ....................................................................................

Figura 26– Evaporógrafo -Fonte Porto (2012).........................................................

Figura 27– Transpiração das plantas. .....................................................................

Figura 28– Escoamento superficial .........................................................................

Figura 29– Escoamento superficial direto ...............................................................

Figura 30– Escoamento básico. ..............................................................................

Figura 31–Hidrograma do escoamento, após chuva. ..............................................

Figura 32– Molinete hidráulico com corpo, hélices e haste e a distribuição da


velocidade em uma seção do rio .............................................................................

Figura 33 – Histograma das vazões médias anuais ................................................


1

MODULO I –

Aula 1

1 Introdução
A disciplina Obras Hidráulicas e uma especialização da Hidráulica Geral.
Trata de questões vinculadas à hidráulica fluvial, hidráulica de canais artificiais e drenagens
de modo geral.
Estão envolvidas, face à necessidade do homem em promover mudanças nos cursos d’água
e também na bacia hidrográfica, projetos de:
Modificações no traçado dos rios para navegação (Hidrovia do Rio Madeira);
Construção de canais para irrigação (Transposição do São Francisco), drenagem
(Canalização do Rio Tietê em São Paulo) ou navegação (Canal de Pereira Barreto);
Construção de barragens para controle de cheias (Barragens do Alto Tietê), geração de
energia (Barragem de Itaipu), promoção da navegação (Barragem das Três Gargantas),
captação de água para abastecimento humano (Barragem do Cascata) ou irrigação (Alto
Paranapanema);
Alterações no leito do rio e construções de diques laterais para controle de cheias (Diques
de New Orleans);
Modificações no uso dos solos da bacia hidrográfica, em função do surgimento de centros
urbanos ou através da implantação de zonas agrícolas, entre outras;
Obras hidráulicas são estruturas construídas com o objetivo de controlar a água, qualquer
que seja sua origem. Realizam funções como armazenamento, aproveitamento, condução,
drenagem, proteção entre outras;
A complexidade da disciplina implica que sejam abordados assuntos especiais, tais como:
Sedimentação em reservatórios;
Aspectos de disponibilidade de água, tanto sob o ponto de vista de quantidade, quanto de
qualidade;
Erosões tanto nos solos quanto em encontro e pilares de pontes e a jusante de barragens e
açudes e
Preservação e recuperação dos ambientes ribeirinhos.
Esta complexidade não será toda explorada aqui, mas pretende-se discutir as questões
gerais ligadas ao assunto e propostas de resolução de problemas mais comuns.
Inicia-se com alguns conceitos ligados à água, aos rios e às bacias hidrográficas que são os
condicionantes principais para a escolha das obras hidráulicas.
2

2 Conceitos básicos (Morfologia fluvial, formação e evolução


dos cursos de água.)
As ações que se desenvolvem sobre os recursos hídricos, principalmente por obras
hidráulicas têm que levar em consideração que a água não é infinita no Planeta Terra e sua
renovação natural é bastante lenta, considerando-se o efeito nocivos destas ações dos
homens sobre ela. Apesar de ocupar 71% da superfície do planeta, tem-se que 97,30%
deste total constituem-se de águas salgadas. Apenas 2,70% são águas doces.

2,70%

águas salgadas

águas doces

97,30%

Figura 1 – Distribuição da água no planeta Terra.


Mas mesmo está água não está imediatamente disponível, sendo que deste total de água
doce, 2,07% estão congeladas em geleiras e calotas polares (água em estado sólido) e,
apenas 0,63% resta de água doce, não totalmente aproveitáveis por questões de
inviabilidade técnica, econômica, financeira e de sustentabilidade ambiental (Figura 2). Por
isto se lança mão, com tanta avidez, sobre os recursos hídricos subterrâneos, fazendo-os
passar de recursos hídricos estratégicos (aqueles a serem usados em questões especiais)
para fonte de abastecimento imediato e sem planejamento (exaurindo-os e provocando
grandes rebaixamentos em aquíferos).

Distribuição das águas doces

Águas superficiais 1%

Águas subterrâneas 29%

Águas nas calotas polares 70%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Figura 2 – Distribuição das águas doces.


3

2.1 Os rios e seus aspectos condicionantes para obras


hidráulicas.

2.1.1 Redes de drenagem


Também se condiciona a gestão das Bacias Hidrográficas por sua forma. Segundo Porto
(2012), os padrões de drenagem podem ser classificados como:
Padrão Dendrítico (figura 3): se parece com os galhos de uma árvore. É típica de regiões
onde predomina rocha de resistência uniforme, como no Oeste do Estado de São Paulo,
onde predominam as rochas areníticas do Grupo Bauru;

Figura 3 – Drenagem dendrítica Fonte Porto (2012)


Padrão Treliça (figura 4): onde rios principais consequentes correm paralelamente uns aos
outros e recebem afluentes subsequentes, de menor porte, fluindo em direção transversal
aos primeiros. Geralmente em regiões de rochas estratificadas com exposição de pacotes
de diferentes resistências ou fortemente xistosas. São aspectos comuns nas rochas
metamórficas de Minas Gerais;

Figura 4 – Drenagem dendrítica Fonte Porto (2012)


Padrão Retangular (figura 5): caracterizado pelo aspecto ortogonal dos cursos de rios,
devido às bruscas alterações retangulares em seus traçados, devido à ocorrência de falhas
4

e de juntas na estrutura rochosa. São comuns em regiões de afloramento de rochas


basálticas, como no Vale do Paranapanema;

Figura 5 – Drenagem Retangular Fonte Porto (2012)


Padrão Radial (figura 6): se desenvolvem sobre vários tipos e estruturas rochosas, como por
exemplo, em áreas vulcânicas e dômicas, como regiões de altos estruturais, por exemplo o
Município de Garça que possui nascentes das Unidades de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (UGRHI) dos Rios Aguapeí, Peixe, Tietê Batalha e Médio Paranapanema.

Figura 6 – Drenagem Radial Fonte Porto (2012)


Existem ainda, ainda que ocorrendo de forma mais rara na natureza outros padrões, tais
como :Padrão Paralelo, ocorrendo em regiões de vertentes com acentuada declividade, ou
onde existam controles estruturais que favoreçam a formação de correntes fluviais paralelas,
como nos contra fortes das custas basálticas da região de Botucatu e, ainda, o Padrão
Anelar: típica de áreas dômicas (Relativo a domo: Estrutura anticlinal fechada com forma
circular a ovalada, com camadas mergulhando, a partir de uma zona central,
divergentemente em todos os sentidos, à semelhança de uma abóboda).
5

2.1.2 Ordem dos cursos de água de Bacias


A ordem dos rios, importantes para o efeito de organização dos cursos de água, indicam o
grau de ramificação ou bifurcação dentro de uma bacia. Os cursos d’água maiores possuem
seus tributários, que por sua vez possuem outros até que se chegue às nascentes.
As nascentes, isto é, os canais que não possuem afluentes, são de primeira ordem. Quando
dois canais de primeira ordem se unem formam um de segunda ordem. A união de dois rios
de mesma ordem resulta em um rio de ordem imediatamente superior; quando dois rios de
ordem diferentes se unem formam um rio com a ordem maior dos dois (figura 7). Quanto
maior a ordem do rio, maior o seu comprimento

Figura 7 – Hierarquização de Drenagem Fonte Porto (2012)

2.1.3 Declividade de Rios


Outro fator preponderante nos regimes de escoamento de água de um Rio é a taxa de
inclinação das terras que são drenadas pelos rios. Isto determina a velocidade de
escoamento de uma chuva, por exemplo. Rios mais inclinados, ou seja, com maiores
declividades, escoam mais rapidamente as chuvas, podendo provocar erosões em suas
margens. Rios com menor declividade escoam mais lentamente as águas de chuva,
provocando inundações de grandes áreas e assoreamentos.
Os talvegues podem ser classificados como: a) perenes, quando a vazão é efluente o ano
todo, b) intermitente, quando só há vazão em períodos chuvoso e c) efêmeros, ocorre vazão
durante chuvas ou, no máximo, até poucas horas após cessada a chuva. A inclinação
destes talvegues, assim como a inclinação das encostas, determina também a velocidade
de escoamento das águas da bacia
Estas declividades indicam a forma do hidrograma, ou seja, do gráfico que indica a
passagem das chuvas, como o exemplo da figura 8. Para uma chuva de mesma intensidade
e volume, quanto maior a declividade dos talvegues, mais altos e curtos serão os
hidrogramas, indicando maiores vazões de enchente em menor tempo de escoamento. Em
bacias com baixas declividades o hidrograma é mais baixo e mais longo, indicando menores
vazões de enchente, com mais tempo para o escoamento total.
6

40
30
Vazão 20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tempo

bacia alta declividade bacia baixa declividade

Figura 8 – Variação dos hidrogramas por declividade de bacias

2.2 Bacia Hidrográfica –


Segundo BRASIL (2016), bacia hidrográfica “é a região compreendida por um território e por
diversos cursos d’água. Da chuva que cai no interior da bacia, parte escoa pela superfície e
parte infiltra no solo. A água superficial escoa até um curso d’água (rio principal) ou um
sistema conectado de cursos d’água afluentes; essas águas, normalmente, são
descarregadas por meio de uma única foz (ou exutório) localizada no ponto mais baixo da
região. Da parte infiltrada, uma parcela escoa para os leitos dos rios, outra parcela é
evaporada por meio da transpiração da vegetação e outra é armazenada no subsolo
compondo os aquíferos subterrâneos” (Figura 9).

Figura 9 – Bacia Hidrográfica (modificado de São Paulo / DAEE, 2006)

2.2.1 Domínio das águas em uma Bacia Hidrográfica


Para a gestão das águas de uma Bacia Hidrográfica, no entanto, existem alguns fatores que
tornam esta gestão bastante complicada. Um destes fatores é:
Quem tem a atribuição legal de fazer a administração da água que ocorre em um território?
7

Quem tem o seu domínio?


Domínio, em análise jurídica de direito privado lembra “propriedade”. Como água é uma
substância natural, indispensável à vida, ela recebe a proteção do Estado. Compete à União
e aos Estados legislar sobre as águas. Mas, é preciso entender que a dominialidade,
referente aos recursos hídricos, não tem sentido de apropriação do bem, mas sim de
gerenciamento. Então, quando se menciona o domínio, está se falando sobre quem tem a
função de administrar recursos hídricos.
Segundo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 20, inciso III: “são bens da União
(ou seja, devem ser administrados pela União) os lagos, rios e quaisquer correntes de água
em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com
outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
terrenos marginais e as praias fluviais”.
Já em seu artigo 26, a Constituição inclui entre os bens dos Estados (que devem ser
administrados pelos Estados e pelo Distrito Federal), no inciso I – “as águas superficiais ou
subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei,
as decorrentes de obras da União”, ou seja as águas que tem o curso e o acumulo apenas
em um Estado, não cruzando ou estabelecendo fronteiras entre mais de um Estado e todas
as águas subterrâneas. Pode haver águas, por exemplo aquelas acumuladas em lagos
construídos pela União, que apesar de não serem transfronteiriças, são de domínio da
União.
Como estas águas não são possíveis de serem separadas em uma Bacia Hidrográfica
Interestadual, a administração destas águas se torna bastante complexa, mas ainda assim,
já existem vários exemplos de que esta gestão de domínios compartilhados é possível,
exemplo da Bacia do Rio Piracicaba. Nesta Bacia Hidrográfica há rio de domínio da União,
rios de domínio do Estado de São Paulo e rios de domínio do Estado de Minas Gerais.

2.2.2 Características Físicas de uma Bacia Hidrográfica

2.2.2.1 Divisores de Bacias


A bacia hidrográfica se isola de outras por divisores topográficos de águas. Eles são os
pontos mais altos na topografia local. Este divisor só é atravessado pelo curso de água
superficial em seu ponto de exutório, ou seja, no ponto onde toda a água que escoa
superficialmente no interior uma bacia hidrográfica sai da área que compõe a Bacia.
É necessário lembrar que o escoamento das águas subterrâneas mais próximas ao lençol
freático segue este mesmo padrão de escoamento, respeitando os limites divisores de água
da Bacia.
No entanto, as águas subterrâneas mais profundas podem não respeitar estes limites, tendo
regime de escoamento diferente, transpondo os limites da Bacia Hidrográfica. Estes
escoamentos podem ter ordem continental, como é o caso do Aquífero Guarani, cujo
escoamento atravessa grandes áreas.

2.2.2.2 Área de Bacias


O comportamento da água em bacias hidrográficas depende muito da forma da bacia. O
principal fator condicionante dos regimes de escoamento é a sua área, uma vez que o
volume de água que a bacia recebe da chuva é função desta área multiplicada pela lâmina
de água que chove em seu território.
8

Na figura 10, mostra-se os principais componentes de uma bacia hidrográfica.

Figura 10 – Elementos de uma bacia de hidrográfica (modificado de São Paulo /


DAEE, 2005)
A Bacia, cuja área de drenagem está em azul claro, é composta por divisores de água,
encostas, cursos de água e talvegues. O ponto A na planta topográfica é o exutório da bacia
que se está considerando, para onde, conforme indicado pelas setas, todas as águas que
chovem na bacia hidrográficas escoam. A área de drenagem é definida pela projeção
horizontal do divisor de águas.
Esta área pode ser determinada através de medidas diretas ou por um mapa topográfico
(figura 11), com indicação de altimetria, marcando-se os divisores que estão relacionados
aos pontos mais altos do terreno que circunda o curso de água.
9

Figura 11 – Área de drenagem (modificado de São Paulo / DAEE, 2005)


Segundo São Paulo / DAEE (2005): “é importante traçar corretamente a linha do divisor de
águas e calcular com precisão o valor da área de drenagem. Erros nessa determinação
comprometem toda a hidrologia e em consequência o dimensionamento das estruturas
hidráulicas”.

2.2.2.3 Tipos dos solos de Bacias


Os volumes escoados superficialmente em uma bacia são largamente influenciados pelo
tipo de solo que ali ocorre. O que determina o escoamento, em condições naturais, é a
capacidade de infiltração dos diferentes solos, que por sua vez é o resultado de
características das partículas que o compõe, tais como: tamanho dos grãos, agregação,
forma e arranjo. Solos que contém material coloidal, como por exemplo matéria orgânica,
contraem e incham com as mudanças de umidade, provocando alterações na sua
capacidade de infiltração. As diferenças entre os coeficientes de permeabilidade dos solos
(figura 12) são de muitas ordens de grandeza, afetando bastante a infiltração das águas nos
solos e o escoamento superficial destas águas nas bacias hidrográficas
A porosidade afeta tanto a infiltração quanto a capacidade de armazenamento e varia
bastante para solos diferentes. Algumas rochas têm 1% de porosidade, enquanto solos
orgânicos chegam a ter de 80 a 90%. A porosidade não depende do tamanho das partículas
do solo, mas sim do arranjo, variedade, forma e grau de compactação. Para que haja
permeabilidade (índice k) é necessário que os poros sejam interconectados (porosidade
efetiva). A permeabilidade é medida em cm.s-1.
10

Figura 12 – Variação da permeabilidade para solos

2.2.2.4 Uso dos solos de Bacias


O uso dos solos em uma bacia hidrográfica, podem afetar, também, os regimes de
escoamento das águas desta uma bacia. Mesmo que duas bacias tenham a mesma forma,
a mesma declividade e o mesmo tipo de solo, caso os usos sejam diferentes, tem-se
importante diferença nos regimes de escoamento e, por consequência, nas disponibilidades
naturais de água. A figura 13 (Porto, 2012), apresenta a variação do escoamento de água
em uma mesma bacia hidrográfica, frente a cenários diferentes de uso e ocupação dos
solos. Na figura 13, pode-se notar que, em função do uso e ocupação dos solos da bacia, as
vazões crescem, quanto mais impermeáveis se tornam os solos.

Figura 13 – Escoamento Superficial Sob Diferentes Usos e Ocupação na Bacia


Hidrográfica Fonte Porto (2012)
Suponha-se que uma bacia hidrográfica esteja ocupada por floresta, cujo solo é coberto por
folhas e galhos. Durante as chuvas, esta condição evita que o escoamento superficial atinja
o curso d’água num curto intervalo de tempo, podendo assim evitar uma enchente. Se esta
floresta for desmatada, e o solo compactado ou impermeabilizado, ocorre mudanças no
regime de escoamento e a chuva, que antes infiltrava no solo, escoa rapidamente e pode
provocar enchentes. Segundo Pinto et al (1976), quanto menor for a cobertura por
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vegetação, em uma mesma área de contribuição para a vazão de um ponto da bacia, as


variações de vazões instantâneas serão maiores.
É importante lembrar que se o escoamento superficial é menor, vários fatores são
beneficiados, entre eles a recarga dos aquíferos.

2.3 Exercícios complementares


1) - Conforme mostrado na figura a seguir:

40
30
Vazão

20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tempo

bacia alta declividade bacia baixa declividade

Para uma chuva de mesma intensidade e volume, quanto maior a declividade dos
talvegues, mais altos e curtos serão os hidrogramas, indicando maiores vazões de
enchente em menor tempo de escoamento. Em bacias com baixas declividades o
hidrograma é mais baixo e mais longo, indicando menores vazões de enchente, com
mais tempo para o escoamento total.
( x ) verdadeiro ; ( ) falso

2) A porosidade afeta tanto a infiltração quanto a capacidade de armazenamento e varia


bastante para solos diferentes. A Porosidade é a relação entre o volume de vazios e o
volume total de um solo. A permeabilidade, que é a propriedade dos líquidos fluírem
por um solo depende de:
(x) porosidade interconectada;
( ) solos duros;
( ) solos argilosos;
( ) solos profundos
3) Suponha-se que uma bacia hidrográfica esteja ocupada por floresta, cujo solo é
coberto por folhas e galhos. Durante as chuvas, esta condição evita que o
escoamento superficial atinja o curso d’água num curto intervalo de tempo, podendo
assim evitar uma enchente. Se esta floresta for desmatada, e o solo compactado ou
impermeabilizado, ocorre mudanças no regime de escoamento e a chuva, que antes
infiltrava no solo, escoa rapidamente e pode provocar enchentes.
( x ) verdadeiro ; ( ) falso

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