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Curso On-Line: Auditoria Teoria e Exercícios para a AFRFB

Professores: Davi Barreto e Fernando Graeff


Aula 01

Introdução ............................................................................................ 01
Ética profissional, Responsabilidade Legal ................................................. 02
Independência nos trabalhos de auditoria. ................................................ 09
Supervisão e controle de qualidade. ......................................................... 44
Concordância com os termos do trabalho .................................................. 48
Fraudes e a Responsabilidade do Auditor .................................................. 54
Questões comentadas ............................................................................. 64
Lista de questões sem comentários .......................................................... 82
Bibliografia ............................................................................................ 91

Introdução

Prezado Aluno,

Seja bem vindo à nossa primeira aula do Curso de Auditoria para AFRFB –
Teoria e Exercícios.

Não temos tempo a perder. Assim, seguindo o cronograma inicialmente


proposto, veremos hoje os seguintes tópicos do edital:

• Concordância com os termos do trabalho de auditoria independente.


• Ética profissional. Responsabilidade legal.
• Independência nos trabalhos de auditoria.
• Controle de qualidade da auditoria de Demonstrações Contábeis.
• Fraudes e a Responsabilidade do Auditor.

Como de costume, colocaremos as questões discutidas durante a aula no final


do arquivo, caso você queira tentar resolver as questões antes de ver os
comentários.

Não esqueça, participe do Fórum de dúvidas, que é um dos diferenciais do


Ponto. Lá você poderá tirar suas dúvidas, auxiliar outras pessoas e nos ajudar
no aprimoramento dos nossos cursos.

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Aula 01

Ética profissional. Responsabilidade legal.

Já falamos na aula inaugural sobre a NBC TA 200, esta pode ser vista como a
“norma das normas” de auditoria independente, pois define propriamente o
que é auditoria e como deve funcionar.

Dentro desse contexto, a referida norma também estabelece os requisitos


éticos relacionados à auditoria das demonstrações contábeis.

O auditor, como a maioria dos profissionais, está sujeito a exigências éticas no


que diz respeito aos trabalhos por ele desenvolvidos. Por se tratar de uma
profissão que prima pela transparência e confiabilidade, um bom auditor
sempre se comporta dentro do mais rígido código de ética.

Portanto, por estarem intimamente relacionadas ao bem estar coletivo da


comunidade de pessoas e instituições (acionistas, clientes, empregados,
órgãos reguladores etc.), as exigências éticas do auditor incluem, além de
princípios morais, normas de comportamento que tenham finalidades práticas
que o profissional possa utilizar.

Essas exigências éticas abrangem o Código de Ética Profissional do Contador


bem como as Normas Brasileiras Profissionais de Auditoria (NBC PAs)
aplicáveis. Os princípios fundamentais de ética profissional relevantes para o
auditor estão implícitos nessas normas e estão em linha com os princípios do
Código de Ética do IFAC1, cujo cumprimento é exigido dos auditores.

Esses princípios são:

(a) Integridade;
(b) Objetividade;
(c) Competência e zelo profissional;
(d) Confidencialidade; e
(e) Comportamento profissional.

Vamos falar um pouco sobre cada um deles...

(a) Integridade: manter a integridade e a honestidade em todas as suas


relações profissionais.

A confiança do público alvo de uma auditoria independente é fundada na


integridade do auditor, assim, os profissionais responsáveis pela auditoria
devem ser sempre honestos e sinceros. É importante observar que integridade

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não quer dizer ausência de erros não-intencionais, mas repulsa a distorções


intencionais, fraudes, desonestidades e conluios.

O Código de Ética Profissional do Contador (Resolução CFC 803/1996),


inspirada neste princípio, elenca uma série de vedações ao auditor, tais como:

• exercer atividade ou ligar o seu nome a empreendimentos com


finalidades ilícitas;

• valer-se de agenciador de serviços, mediante participação desse


nos honorários a receber;

• auferir qualquer provento em função do exercício profissional que


não decorra exclusivamente de sua prática lícita;

• solicitar ou receber do cliente ou empregador qualquer vantagem


que saiba para aplicação ilícita;

• prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse confiado a sua


responsabilidade profissional;

• publicar ou distribuir, em seu nome, trabalho científico ou técnico


do qual não tenha participado;

• aconselhar o cliente ou o empregador contra disposições expressas


em lei ou contra os Princípios de Contabilidade e as Normas
Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de
Contabilidade etc.

(b) Objetividade: não ter conflito de interesses, preservando sempre sua


independência – de fato e na aparência.

O auditor deve ser imparcial em todas as questões relacionadas ao seu


trabalho (p.ex.: participar da administração da empresa auditada pode
prejudicar a objetividade em auditá-la). Dessa forma, a independência é o
alicerce do auditor, devendo inclusive ser independente na aparência, pois
essa característica deve ser percebida pelo público externo.

(c) Competência e zelo profissional: aumentar continuamente a


competência profissional, melhorar a qualidade dos serviços e desempenhar
suas atribuições da melhor forma possível.

Zelo profissional significa diligência, cuidado devido, ou seja, são os esforços


constantes do auditor para desempenhar seu papel com qualidade: ser
cuidadoso e minucioso, observar as normas aplicáveis e ser breve e eficiente
na realização dos trabalhos.

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O princípio da competência técnica é requisito básico para desempenhar uma


função complexa como auditoria, conjugando educação com experiência.
Educação compreende desde a preparação para entrada na profissão aos
mecanismos de aperfeiçoamento e reciclagem profissional que o auditor é
obrigado a se submeter. Experiência é o conhecimento e a maturidade
adquiridas pelo auditor ao longo da sua trajetória profissional.

Assim, o auditor deverá recusar sua indicação quando reconhecer não


se achar capacitado em face da especialização requerida.

É importante destacar que o auditor deve ser graduado em Ciências


Contábeis, e registrado no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) para
exercer sua profissão. Além disso, para manutenção de seu cadastro nos
órgãos reguladores, esse profissional deve participar de Programas de
Educação Continuada com o objetivo de manter, atualizar e expandir seus
conhecimentos para o exercício da auditoria.

No entanto, veja que não basta ao auditor ter a educação necessária, mas
também exige-se dele experiência para executar um trabalho.

Imagine a seguinte situação hipotética: um auditor (contador, registrado no


CRC) que, apesar de ter a formação necessária, nunca participou efetivamente
de uma auditoria. Será que é razoável pensar que ele poderia ser o
responsável por uma auditoria em um grande banco, como o Banco do Brasil?

Claro que não... concorda?

(d) Confidencialidade: não divulgar informações confidenciais da entidade


auditada sem que tenha seu consentimento específico.

Sigilo e confidencialidade são essenciais para manutenção de confiança mútua


entre o auditor e o auditado. O auditor deve respeitar e assegurar o sigilo
relativo às informações obtidas durante o seu trabalho na entidade auditada,
não as divulgando, sob nenhuma circunstância, sem autorização expressa da
entidade, salvo quando houver obrigação legal de fazê-lo.

Além disso, quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os


Conselhos Regionais de Contabilidade, deve exibir as informações obtidas
durante o seu trabalho, de modo a demonstrar que foi realizado de acordo com
as normas de auditoria e demais dispositivos legais aplicáveis. O sigilo, nesses
casos, deverá ser resguardado pelos organizamos profissionais que solicitaram
as informações.

(e) Comportamento (ou conduta) profissional: seguir as normas


relevantes de auditoria e evitar quaisquer ações que maculem a imagem de
sua profissão.

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Neste caso, o Código de Ética Profissional do Contador também veda


expressamente executar trabalhos técnicos contábeis sem observância dos
Princípios de Contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade editadas
pelo Conselho Federal de Contabilidade.

Até aqui tudo tranquilo? Esses princípios éticos parecem bastante lógicos, não?
Pois bem, vamos em frente...

Ceticismo e Julgamento Profissional

As normas de auditoria também destacam que o auditor deve planejar e


executar a auditoria com ceticismo profissional, exercendo sempre seu
julgamento profissional.

Mas o que isso quer dizer?

Em primeiro lugar, o auditor deve ter em mente que podem existir


circunstâncias que causam distorção relevante nas demonstrações contábeis,
ou seja, sempre há possibilidade de que erros ou fraudes gerem problemas nas
informações que a entidade auditada divulga.

Seja um equívoco não intencional ao registrar uma depreciação ou ao estimar


ou classificar uma despesa, seja um ato deliberado de sonegar tributos ou
forjar resultados falsos. Tudo isso é possível...

Quer dizer que o auditor já parte do pressuposto que tem algo errado com as
demonstrações contábeis? Não... não é isso... mas ele admite que há uma
possibilidade desses problemas ocorrerem.

Assim, o ceticismo profissional é a postura cética do auditor ao analisar as


informações contábeis de uma entidade, estando alerta, por exemplo, a
evidências que contradigam outras evidências obtidas, informações que
coloquem em dúvida a confiabilidade dos documentos recebidos, condições que
possam indicar possível fraude ou que demandem procedimentos de auditoria
além dos exigidos pelas NBC TAs.

Por exemplo, o setor de pagamento informa ao auditor que há 30 funcionários


na empresa e o setor de pessoal informa que existem 45 pessoas trabalhando
na instituição. Em outra situação, o auditor, ao ler as atas de reunião da
diretoria, observa que algumas páginas foram arrancadas.

Há algo estranho, não?

Veja que o ceticismo profissional é necessário para que o auditor reduza os


riscos de ignorar circunstâncias não usuais ou usar premissas inadequadas ao
planejar, executar e avaliar os resultados do seu trabalho.

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Pois bem, o auditor deve estar atento a essas situações. Deve ser, portanto,
cético – acreditando somente naquilo que é provado por meio de evidências
fidedignas, relevantes e suficientes.

Contudo, cuidado! A NBC TA 200 deixa claro que o auditor pode aceitar
registros e documentos como genuínos, a menos que tenha razão para
crer no contrário.

O que se exige é que o auditor considere a confiabilidade das informações a


serem usadas como evidências de auditoria. Em casos de dúvida (ex.: o
auditor crer que um documento pode não ser autêntico ou é falsificado), as
normas de auditoria exigem que o auditor faça investigações adicionais para
solucionar o assunto.

Além disso, a NBC TA 200 também destaca que não se pode esperar que o
auditor desconsidere a experiência passada de honestidade e
integridade da administração da entidade e dos responsáveis pela
governança.

Contudo, essa crença de honestidade e integridade não livra o auditor da


necessidade de manter o ceticismo profissional ou permitir que ele se satisfaça
com evidências menos persuasivas.

O segundo conceito que nos interessa é o de julgamento profissional, ou


seja, o uso da experiência e do conhecimento do auditor na tomada de decisão
ao longo do trabalho.

Essa característica é essencial para a condução apropriada da auditoria, seja


na interpretação das exigências éticas e profissionais das normas ou nas
decisões requeridas do auditor.

Por exemplo, como o auditor define se uma evidência é confiável ou não?


Como o auditor decide o melhor procedimento para verificar se o saldo da
conta Estoques está adequado?

Enfim, nem tudo está escrito em uma norma ou em um manual. Muitas vezes,
o auditor deverá tomar uma decisão com base em sua experiência profissional.

A NBC TA 200 destaca que o julgamento profissional é necessário, em


particular, nas decisões sobre:

• materialidade e risco de auditoria;

• a natureza, a época e a extensão dos procedimentos de auditoria


aplicados;

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• se foi obtida evidência de auditoria suficiente e apropriada;

• avaliação das opiniões da administração na aplicação da estrutura de


relatório financeiro aplicável da entidade;

• extração de conclusões baseadas nas evidências de auditoria obtidas, por


exemplo, pela avaliação da razoabilidade das estimativas feitas pela
administração na elaboração das demonstrações contábeis.

Cuidado! Julgamento profissional não é um “chute” ou um “palpite”. Trata-se


da aplicação da competência profissional para tomar decisões em casos
concretos. Portanto, não deve ser usado como justificativa para decisões que
não são sustentados pelos fatos e circunstâncias nem por evidência de
auditoria apropriada e suficiente.

Assim, a característica que distingue o julgamento profissional esperado do


auditor é que esse julgamento seja exercido por profissional com as
competências necessárias para estabelecer julgamentos razoáveis.

Muitas vezes, o auditor não vai estar preparado para exercer o julgamento
profissional adequado em algumas situações. Neste caso, assuntos difíceis
podem ser discutidos dentro da equipe ou com outras pessoas de dentro ou
fora da firma de auditoria.

Isso se chama consulta2.

Pode-se, portanto, obter uma consulta sobre assuntos técnicos ou éticos


dentro ou até mesmo fora3 da firma de auditoria, quando as pessoas
consultadas tem conhecimento apropriado, senioridade e experiência, e são
informadas de todos os fatos relevantes necessários.

O julgamento profissional precisa ser exercido ao longo de toda a auditoria e


adequadamente documentado. Neste aspecto, exige-se que o auditor elabore
documentação que possibilite a outro auditor experiente, sem nenhuma ligação
prévia com a auditoria, entenda os julgamentos profissionais exercidos para se
atingir as conclusões sobre assuntos significativos surgidos durante o
trabalho4.

Portanto, lembre:

2
NBC TA 220, item 18.
3
Pode ser apropriado para a equipe de trabalho consultar fora da firma, por exemplo, quando a firma não tem os
recursos internos apropriados. A equipe de trabalho pode beneficiar-se dos serviços de assessoria fornecidos por outras
firmas, órgãos profissionais e reguladores e organizações que prestam serviços de controle de qualidade relevantes.
4
NBC TA 230, item 8,
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Independência nos trabalhos de auditoria

Os requisitos para conquista e manutenção da independência do auditor são


tratados na NBC PA 2905.

Essa norma define que aqueles envolvidos em uma auditoria (membros da


equipe e a própria empresa ou firma de auditoria) sejam independentes da
entidade auditada (cliente), sob duas óticas: a independência de
pensamento e a aparência de independência.

Podemos definir a independência de pensamento como o estado no qual as


obrigações ou os interesses do auditor são, suficientemente, isentos dos
interesses das entidades auditadas para permitir que os serviços sejam
prestados com objetividade.

Em suma, é a capacidade de julgar e atuar com integridade e objetividade,


permitindo a emissão de relatórios imparciais em relação à entidade auditada,
aos acionistas, aos sócios, aos quotistas, aos cooperados e a todas as demais
partes que possam estar relacionadas com o seu trabalho.

Nesse sentido, o auditor deve ser independente, não podendo se deixar


influenciar por preconceitos ou quaisquer outros elementos materiais ou
afetivos que resultem perda, efetiva ou aparente, de sua independência. Ou
seja, deve evitar fatos e circunstâncias que passem a percepção que a
independência do auditor esteja comprometida (aparência de independência).

Veja que é importante o auditor ser independente de fato e na aparência.

Deve-se, assim, evitar situações que deixem em dúvida sua integridade,


objetividade ou ceticismo profissional, bem como da firma, ou de algum
membro da equipe.

A NBC PA 290 alerta que a independência (ou aparência de independência)


pode ser afetada por algumas ameaças:

• Ameaça de interesse próprio: ocorre quando o auditor poderia auferir


benefícios financeiros na entidade auditada, ou outro conflito de
interesse próprio com essa entidade auditada.

• Ameaça de autorrevisão: ocorre quando o auditor era, anteriormente,


administrador ou diretor da entidade auditada, ou era um funcionário
cujo cargo lhe permitia exercer influência direta e importante sobre o
objeto do trabalho de auditoria.

5
Resolução CFC 1.311/10 - Independência – Trabalhos de Auditoria e Revisão.
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• Ameaça de defesa de interesses do cliente: ocorre quando o auditor


defende ou parece defender a posição ou a opinião da entidade auditada,
a ponto de poder comprometer ou dar a impressão de comprometer a
objetividade.

• Ameaça de familiaridade: ocorre quando, em virtude de um


relacionamento estreito com uma entidade auditada, com seus
administradores, com diretores ou com funcionários, o auditor passa a se
identificar, demasiadamente, com os interesses da entidade.

• Ameaça de intimidação: ocorre quando o auditor encontra obstáculos


para agir, objetivamente e com ceticismo profissional, devido a ameaças,
reais ou percebidas, por parte de administradores, diretores ou
funcionários de uma entidade.

Uma ameaça pode ser criada por ampla gama de relações e circunstâncias,
podendo comprometer (ou vista como se comprometesse) o cumprimento de
um ou mais dos princípios éticos do auditor que já discutimos hoje.

Dessa forma, a NBC PA 290 alerta que ameaças à independência do auditor


podem ser derivadas de interesses financeiros, relacionamentos comerciais,
relacionamentos familiares e pessoais, emprego em cliente de auditoria,
prestação de outros serviços, honorários vencidos etc.

Outras normas, de setores específicos, podem também dispor sobre ameaças à


independência.

Por exemplo, o art. 7º da Resolução CNSP nº 118, de 2004, dispõe sobre


vedações na contratação e manutenção de auditor independente das
sociedades seguradoras, de capitalização e entidades abertas de previdência
complementar.

A Instrução CVM nº 308/99, que dispõe sobre o registro e o exercício da


atividade de auditoria independente no âmbito do mercado de valores
mobiliários, determina que não poderão realizar auditoria independente o
Auditor Independente (Pessoa Física), os sócios e os demais integrantes do
quadro técnico de empresa de Auditoria Independente (Pessoa Jurídica)
quando ficar configurada, em sua atuação na entidade auditada, suas
controladas, controladoras ou integrantes de um mesmo grupo econômico, a
infringência às normas do Conselho Federal de Contabilidade - CFC relativas à
independência.

A CVM determina, ainda, que é vedado ao Auditor Independente e às pessoas


físicas e jurídicas a ele ligadas em relação às entidades cujo serviço de
auditoria contábil esteja a seu cargo:

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• adquirir ou manter títulos ou valores mobiliários de emissão da entidade,


suas controladas, controladoras ou integrantes de um mesmo grupo
econômico; ou

• prestar serviços de consultoria que possam caracterizar a perda da sua


objetividade e independência.

Referida norma, elenca, exemplificativamente, alguns serviços considerados de


consultoria:

• assessoria à reestruturação organizacional;


• avaliação de empresas;
• reavaliação de ativos;
• determinação de valores para efeito de constituição de provisões ou
reservas técnicas e de provisões para contingências;
• planejamento tributário;
• remodelamento dos sistemas contábil, de informações e de controle
interno; ou
• qualquer outro produto ou serviço que influencie ou que possa vir a
influenciar as decisões tomadas pela administração da instituição
auditada.

Mas como o auditor deve se portar diante de ameaças a sua independência ou


da sua equipe?

Primeiro é importante ter em mente que o auditor deve usar julgamento


profissional ao aplicar os conceitos sobre a independência.

É impossível definir todas as situações que criam ameaças à independência e


especificar as medidas apropriadas, portanto, as normas de auditoria
estabelecem conceitos de independência para auxiliar os profissionais no
cumprimento das exigências éticas. Assim, elencam várias (mas não todas)
circunstâncias que criam ameaças à independência, de forma a evitar que o
auditor conclua que uma situação é permitida porque não foi especificamente
proibida.

Ao decidir sobre a aceitação ou a continuação de uma auditoria, ou se uma


pessoa específica pode ser membro da equipe, o auditor deve identificar e
avaliar as ameaças à independência. Quando necessário, deve aplicar
salvaguardas para eliminar as ameaças ou reduzi-las a um nível aceitável.

Mas o que são salvaguardas? Ora, são as diferentes ações que o auditor pode
tomar para enfrentar um problema.

Por exemplo, substituir um membro da equipe de auditoria cuja independência


sofre de ameaça de familiaridade (ex.: a pessoa é casada com um dos
diretores da empresa). Outro exemplo de salvaguarda é alienar um interesse
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financeiro (ex.: vender as ações, pagar o empréstimo etc.) que gere perda de
independência antes de começar a auditoria.

Enfim, salvaguarda é tudo que o auditor pode fazer para mitigar as ameaças a
sua independência ou da sua equipe.

Veja alguns exemplos de salvaguardas elencadas pela NBC PA 290:

• políticas e procedimentos para implementar e monitorar controle de


qualidade de trabalhos;

• mecanismo disciplinar para promover o cumprimento das políticas e


procedimentos;

• políticas e procedimentos para proibir pessoas que não são membros da


equipe de trabalho de influenciarem inapropriadamente o seu resultado;

• revisão por outro auditor, que não foi membro da equipe, do trabalho;

• envolvimento de outra firma para executar ou refazer parte do trabalho;

• rotação do pessoal sênior da equipe; e

• discussão de assuntos éticos com s responsáveis pela governança do


cliente.

Portanto, conforme o desenho abaixo, o auditor deve:

Compete ao auditor independente (ou empresa de auditoria) estabelecer


políticas e procedimentos para fornecer segurança razoável de que a
independência é mantida. Além disso, as normas de auditoria requerem que o
responsável pela auditoria avalie o cumprimento dos requisitos de
independência que se aplicam ao trabalho.

Se ameaças são identificadas e avaliadas como em um nível não aceitável, e


mesmo assim a decisão é aceitar o trabalho ou incluir uma pessoa na equipe,
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deve-se avaliar se é possível eliminar as ameaças ou reduzi-las a um nível


aceitável por meio de salvaguardas.

Quando o auditor avalia que salvaguardas apropriadas não estão disponíveis


ou não podem ser aplicadas para, deve eliminar a circunstância ou
relacionamento que cria as ameaças, declinar ou descontinuar o trabalho de
auditoria.

Bom... vamos agora discutir algumas circunstâncias e relacionamentos


específicos que criam ou podem criar ameaças à independência, e os e os tipos
de salvaguardas que podem ser utilizadas.

1- Interesses financeiros

Interesse financeiro é a participação em ações, debênture, empréstimo etc. em


uma entidade. Assim, deter esse tipo de interesse em cliente de auditoria pode
criar ameaça à independência do auditor.

Por exemplo, um membro da equipe de auditoria é um grande acionista da


empresa auditada. Essa é a típica situação que macula a aparência de
independência do auditor.

Lógico que essa ameaça depende de uma série de fatores como a função da
pessoa que detém o interesse financeiro na auditoria ou sua relação com a
equipe que conduz o trabalho; se o interesse financeiro é direto ou indireto; e
a materialidade (relevância) desse interesse.

Mas qual a diferença entre interesses financeiros diretos e indiretos?

O primeiro é quando uma pessoa detém a propriedade direta, o controle, ou


por meio de intermediário6 tem controle ou capacidade de influenciar as
decisões de investimento em uma entidade. Por exemplo, a pessoa possui
ações da Petrobrás.

Já o interesse financeiro indireto é o interesse de usufruto por meio de


intermediário sobre o qual a pessoa não tem controle ou capacidade de
influenciar as decisões de investimento da entidade. Por exemplo, a pessoa é
quotista de um fundo de investimento do Banco do Brasil que investe em ações
da Petrobrás.

Assim, o auditor deve avaliar interesses financeiros diretos ou indiretos podem


ameaçar à independência necessária para realização de uma auditoria em
determinado cliente.

6
É possível deter interesses financeiros por meio de intermediário como veículo de investimento coletivo, espólio,
massa falida ou trust.
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O quadro abaixo traz diversas situações previstas na NBC PA 290 que causam
ameaça à independência do auditor e as possíveis salvaguarda que podem ser
aplicadas.

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Dica! Não tente decorar todas as situações descritas. A relação custo-benefício dessa estratégia não é muito boa. Tente
entender a lógica das situações... Além disso, lembre que as salvaguardas descritas são apenas exemplificativas e
outras podem ser aplicadas sempre que possível.

Veja que nos casos mais graves (1, 2 e 3) não há salvaguarda possível. Ou seja, não tem jeito... a ameaça à
independência não permite que o auditor execute o trabalho. Em outras situações menos críticas (ex.: 7 e 8), há
salvaguardas possíveis e, realmente, elas fazem sentido em existir.

Situação que causa ameaça à independência Salvaguarda possível


1. Aceitar presentes ou afins de cliente de auditoria. • nenhuma salvaguarda pode reduzir a ameaça a
um nível aceitável.
2. Membro da equipe, um familiar imediato7 dessa pessoa, ou uma firma
de auditoria tiver interesse financeiro direto ou interesse financeiro
indireto relevante no cliente ou em entidade que seja controladora do
cliente de auditoria8.
3. Sócios da firma de auditoria (mesmo que não participem da auditoria),
ou seus familiares imediatos, tiverem interesse financeiro direto ou
interesse financeiro indireto relevante no cliente.
4. Sócios e profissionais de nível gerencial que prestam serviços que não
são de auditoria para o cliente de auditoria (exceto aqueles cujo
envolvimento é mínimo), ou seus familiares imediatos, tiverem interesse
financeiro direto ou um interesse financeiro indireto relevante no cliente.
5. Membro da equipe, um familiar imediato dessa pessoa, ou uma firma de • no caso da firma, nenhuma salvaguarda pode
auditoria tiver interesse financeiro em entidade e um cliente de auditoria reduzir a ameaça a um nível aceitável;
também deter interesse financeiro nessa entidade (esse interesse é • antes de se tornar membro da equipe de
relevante para alguma das partes e o cliente de auditoria pode exercer auditoria, deve alienar quantidade suficiente
influência significativa sobre a entidade). desse interesse.

7
Observe sempre a diferença entre familiares imediatos e familiares próximos. Familiar imediato é o cônjuge (ou equivalente) ou dependente. Familiares próximos são pais, filhos ou
irmãos que não são membros da família imediata.
8
E o cliente seja relevante para a controladora.
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6. Membro da equipe, um familiar imediato dessa pessoa, ou uma firma de • revisão por outro auditor do trabalho realizado
auditoria tiver interesse financeiro em entidade e conselheiro, diretor ou pelo membro da equipe;
controlador do cliente de auditoria também tem interesse financeiro • retirada da pessoa da equipe.
nessa entidade.
7. A firma de auditoria, um sócio, um membro da equipe, ou familiar • alienação do interesse ou de uma quantidade
imediato dessas pessoas, recebeu interesse financeiro direto ou suficiente do interesse financeiro indireto.
interesse financeiro indireto relevante em cliente, por exemplo, por meio
de herança, presente, ou em decorrência de fusão.
8. Familiar próximo de membro da equipe de auditoria tem interesse • alienação de todo o interesse financeiro ou de
financeiro direto ou interesse financeiro indireto relevante no cliente. parte suficiente do interesse financeiro indireto;
• revisão por outro auditor do trabalho realizado
pelo membro da equipe;
• retirada da pessoa da equipe.
9. Quaisquer interesses financeiros no cliente de auditoria detidos por • revisão por outro auditor do trabalho realizado
outras pessoas incluindo sócios e profissionais da firma, ou seus pelo membro da equipe;
familiares imediatos, e pessoas com relacionamento pessoal próximo • retirada da pessoa da equipe;
com membro da equipe de auditoria.
• exclusão do membro da equipe de auditoria de
qualquer tomada de decisão significativa em
relação ao trabalho.

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2- Empréstimos e garantias

Quando um banco ou uma instituição semelhante concede um empréstimo ou


uma garantia de empréstimo para membro da equipe, para seu familiar
imediato ou para a firma de auditoria, pode-se criar ameaça à independência.

Logicamente, quando essa transação é feita com um membro da equipe ou seu


familiar imediato segundo procedimentos, prazos e condições de financiamento
normais (ex.: hipotecas residenciais, cheque especial, financiamentos de
automóveis e saldos de cartão de crédito) não se cria ameaça à independência.

Já quando envolve a firma de auditoria, mesmo sob condições normais, um


empréstimo relevante pode criar ameaças à independência. Neste caso, pode
ser possível aplicar salvaguardas como utilizar um auditor de firma em rede,
que não está envolvido na auditoria e que não recebeu o empréstimo, revisar o
trabalho.

Firma em rede? Hã???

Para aumentar sua capacidade de prestar serviços profissionais, as firmas de


auditoria frequentemente formam estruturas maiores com outras firmas, com
objetivos de cooperação, compartilhando, por exemplo, uma marca, um
sistema de controle de qualidade, recursos profissionais etc.

Enfim, as normas de auditoria admitem que diferentes firmas de auditoria se


associem em busca de aumentar a eficiência de seus resultados.

Essa estrutura é considerada uma rede quando o seu objetivo é a cooperação e


as entidades da estrutura têm:

• claramente por objetivo a participação nos lucros ou o rateio dos custos


relevantes entre as entidades que a compõem; ou
• os mesmos sócios, controle ou administração em comum; ou
• políticas e procedimentos de controle de qualidade em comum; ou
• compartilham o uso de marca comum; ou
• compartilham parte significativa dos recursos profissionais.

Assim, uma firma em rede é aquela que faz parte de uma rede, conforme
definido acima.

O quadro a seguir resume as principais ameaças à independência e as


salvaguardas previstas na NBC PA 290.

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Situação que causa ameaça à independência Salvaguarda possível


1. Empréstimo ou a garantia não é concedido segundo procedimentos, • nenhuma salvaguarda pode reduzir a ameaça a
prazos e condições de financiamento normais . um nível aceitável.
2. Membro da equipe, seu familiar imediato, ou a firma de auditoria aceita
empréstimo, ou garantia de empréstimo, relevante de cliente de
auditoria que não é banco ou instituição semelhante.
3. Membro da equipe, seu familiar imediato, ou a firma de auditoria
concede ou garante empréstimo relevante a cliente de auditoria.
4. Empréstimo para uma firma de auditoria segundo procedimentos, prazos • Revisão do trabalho por auditor de firma em
e condições de financiamento normais, e ele é relevante para o cliente rede, que não está envolvido na auditoria e que
ou para a firma. não recebeu o empréstimo.

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3- Relacionamentos comerciais

Relacionamentos comerciais entre auditor e cliente podem também causar


perda de independência.

Por exemplo, o auditor e o cliente (empresa auditada) tem um


empreendimento imobiliário em conjunto, ou os dois são sócios em uma firma
de consultoria tributária.

A menos que algum interesse financeiro seja irrelevante e o relacionamento


comercial seja insignificante, a ameaça criada seria tão significativa que
nenhuma salvaguarda poderia reduzir a ameaça a um nível aceitável.

Portanto, em regra, a firma de auditoria não deve manter relacionamento


comercial com o cliente de auditoria.

No caso de membro da equipe de auditoria, a menos que o interesse financeiro


seja irrelevante e o relacionamento comercial insignificante para esse membro,
a pessoa deve ser retirada da equipe de auditoria.

Se o relacionamento comercial é com um familiar imediato de membro da


equipe, a importância de qualquer ameaça deve ser avaliada e salvaguardas
devem ser aplicadas quando necessário para eliminar a ameaça ou reduzi-la a
um nível aceitável.

A compra de produtos e serviços de cliente de auditoria pela firma de


auditoria, por membro da equipe ou familiar imediato dessa pessoa geralmente
não cria ameaça à independência desde que a transação esteja no curso
normal do negócio e os termos sejam equivalentes aos que prevalecem nas
transações com partes independentes.

Entretanto, se essas transações forem importantes ou de grande magnitude,


pode haver ameaças à independência. Neste caso, podem ser aplicadas
salvaguardas como:

• eliminação ou redução da magnitude da transação; ou

• retirada da pessoa da equipe de auditoria.

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Situação que causa ameaça à independência Salvaguarda possível


1. Relacionamentos comerciais (que não sejam insignificantes) entre a • nenhuma salvaguarda pode reduzir a ameaça a
firma de auditoria e o cliente. um nível aceitável.
2. Compra de produtos e serviços de cliente de auditoria pela firma de
auditoria, por membro da equipe ou familiar imediato dessa pessoa que
não estão curso normal dos negócios.
3. Relacionamentos comerciais (que não sejam insignificantes) entre • pessoa deve ser retirada da equipe de auditoria.
membro da equipe de auditoria e o cliente.
4. relacionamento comercial é com um familiar imediato de membro da • revisão do trabalho por auditor que não
equipe. participou do trabalho.
5. Compra de produtos e serviços importantes ou de grande magnitude • eliminação ou redução da magnitude da
pela firma de auditoria, por membro da equipe ou familiar imediato transação;
dessa pessoa que no curso normal do negócio e os termos sejam • retirada da pessoa da equipe de auditoria.
equivalentes aos que prevalecem nas transações com partes
independentes.

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4- Relacionamentos familiares e pessoais

Relacionamentos familiares e pessoais entre membro da equipe de auditoria e


conselheiro ou diretor ou certos empregados (dependendo de sua função) do
cliente de auditoria podem criar ameaças à independência.

Assim, não é adequado que o auditor execute uma auditoria em uma entidade
em que sua esposa faz parte da administração ou exerça alguma função
relevante relacionada à preparação das demonstrações contábeis (ex.:
contadora responsável ou chefe da controladoria).

A existência e a importância de quaisquer ameaças dependem de diversos


fatores, incluindo as responsabilidades individuais na equipe de auditoria, a
função do familiar ou outra pessoa no cliente e a proximidade desse
relacionamento.

Isso é bem lógico, não é mesmo. Por exemplo, o fato de um membro da


equipe namorar uma estagiária do setor de RH não é relevante para a
auditoria...

Vejamos algumas situações previstas na norma.

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Situação que causa ameaça à independência Salvaguarda possível


1. Familiar imediato de membro da equipe de auditoria é conselheiro ou • retirada da pessoa da equipe de auditoria.
diretor do cliente de auditoria ou empregado em cargo que exerça
influência significativa sobre a elaboração das demonstrações contábeis.
2. Familiar imediato de membro da equipe de auditoria é empregado em • retirada da pessoa da equipe de auditoria;
cargo que exerce influência significativa sobre a posição financeira, o • definição das responsabilidades de modo que o
desempenho e os fluxos de caixa do cliente. profissional não trate de assuntos que sejam
3. Familiar próximo de membro da equipe de auditoria é conselheiro ou responsabilidade do familiar imediato;
diretor do cliente de auditoria ou empregado em cargo que exerça • definição das responsabilidades de modo que o
influência significativa sobre a elaboração das demonstrações contábeis. profissional não trate de assuntos que sejam
responsabilidade do familiar próximo;
4. Pessoa que não é familiar imediato ou próximo, mas tem
relacionamento próximo com membro da equipe de auditoria é • definição das responsabilidades de modo que o
conselheiro ou diretor do cliente de auditoria ou empregado em cargo profissional não trate de assuntos que sejam
que exerça influência significativa sobre a elaboração das responsabilidade do profissional tem
demonstrações contábeis. relacionamento próximo.

5. Sócio ou empregado da firma que não é membro da equipe de auditoria • definição das responsabilidades do sócio ou
e tem relacionamento pessoal íntimo e familiar com conselheiro ou empregado para reduzir qualquer possível
diretor do cliente de auditoria ou empregado em cargo que exerça influência sobre o trabalho de auditoria;
influência significativa sobre a elaboração das demonstrações contábeis. • revisão, por outro auditor, do correspondente
trabalho de auditoria executado

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5- Emprego em cliente de auditoria

Outra ameaça à independência do auditor pode ser causada quando certos


funcionários da entidade auditada (cliente) já trabalharam na firma de
auditoria.

Suponha a seguinte situação: a empresa X está sendo auditada pela firma de


auditoria Y em 2012. No entanto, sabe-se que o atual presidente da empresa X
foi até o ano passado sócio da firma de auditoria, inclusive já participando de
outras auditorias na empresa X.

Há um problema nessa situação, não concorda?

Logicamente esse tipo de ameaça depende de fatores como se ainda existe


alguma relação significativa entre a firma e a pessoa, o cargo que a pessoa
assumiu no cliente, o envolvimento que a pessoa terá com a equipe de
auditoria, o tempo decorrido desde que a pessoa se desligou da firma de
auditoria e o cargo anterior que a pessoa tinha na equipe ou na firma de
auditoria etc.

Portanto, é preciso avaliar ameaças à independência sempre que um ex-


membro da equipe ou ex-sócio da firma de auditoria for contratado por um
cliente para assumir uma posição de conselheiro, diretor ou cargo que exerça
influência significativa sobre a elaboração das demonstrações contábeis.

Segunda a NBC PA 290, no caso de entidades de interesse do público,


considera-se que a independência não é comprometida se o sócio chave da
auditoria não tiver sido membro da equipe com relação à auditoria de
demonstrações contábeis cobrindo um período de no mínimo doze meses.

Entidades de interesse do público são:

• todas as companhias de capital aberto; ou

• qualquer entidade que seja definida por regulamento ou legislação como


entidade de interesse do público; ou

• qualquer entidade para a qual o regulamento ou a legislação requer


auditoria e que seja conduzida de acordo com os mesmos requerimentos
de independência que se aplicam à auditoria de companhias abertas.

No Brasil, por exemplo, sabemos que a Lei 11.638/07 determina que as


empresas de grande porte se submetam à auditoria independente assim como
as companhias abertas. Logo, empresas de grande porte são entidades de
interesse do público.

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O que quer dizer “sócio chave da auditoria”?

Primeiro é preciso entender o conceito de “sócio do trabalho” – pessoa na firma


responsável pelo trabalho e sua execução. Trata-se do responsável técnico pelo
de trabalho de auditoria conduzido por uma equipe. É, também, responsável
pelo relatório que é emitido em nome da firma, assinando-o e destacando seu
registro no CRC.

Já o “sócio chave da auditoria”, segundo a NBC PA 290, é o sócio do trabalho, a


pessoa responsável pela revisão do controle de qualidade do trabalho, e outros
sócios da auditoria (se houver) que tomam decisões chave ou fazem
julgamentos sobre assuntos significativos com relação à auditoria das
demonstrações contábeis sobre as quais a firma expressará uma opinião.

Ou seja, é qualquer pessoa da firma que tem a competência de tomar uma


decisão chave em uma auditoria. Logicamente, um estagiário ou um auditor
júnior não pode ser enquadrado nessa categoria...

Sócio do trabalho
(responsável técnico pelo trabalho)

Sócio chave da auditoria


(pessoa que toma decisão chave, incluindo o sócio do trabalho)

Assim, suponha que a empresa X é uma entidade de interesse do público (ex.:


sociedade anônima de capital aberto) e teve suas demonstrações contábeis de
2011 auditadas pela firma de auditoria Y. E em 2012 está passando mais uma
vez por uma auditoria conduzida pela firma Y.

Se Fulano de Tal, ex-sócio de auditoria da firma Y, não participou da auditoria


em 2011 e foi contratado em 2012 pela empresa X, considera-se que a
independência não foi comprometida nesse caso.

Uma última situação que gostaríamos de destacar é o empréstimo de pessoal


da firma de auditoria para o cliente.

Segundo as normas, isso é possível somente se esse empréstimo for por um


curto período de tempo e o pessoal não prestar serviços não permitidos como
assumir responsabilidades da administração. Em todas as circunstâncias, o
cliente de auditoria deve ser responsável por orientar e supervisionar as
atividades do pessoal emprestado.

Bom... esses são casos específico que vale a pena termos em mente. Vejamos
a seguir os outros casos e as possíveis salvaguardas que podem ser aplicadas.
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Situação que causa ameaça à independência Salvaguarda possível


1. Ex-membro da equipe ou ex-sócio da firma de auditoria foi contratado • nenhuma salvaguarda pode reduzir a ameaça a
pelo cliente de auditoria para cargo-chave e continua havendo relação um nível aceitável.
significativa entre a firma e a pessoa.
2. Ex-membro da equipe ou ex-sócio da firma de auditoria foi contratado • modificação do plano de auditoria;
pelo cliente de auditoria para cargo-chave e não existe mais nenhuma • designação de pessoas para a equipe de
relação significativa entre a firma e a pessoa. auditoria com experiência suficiente em relação
3. Ex-sócio da firma foi contratado anteriormente por uma entidade para à pessoa que foi contratada pelo cliente;
exercer um cargo-chave e a entidade tornou-se posteriormente cliente • revisão, por outro auditor, do trabalho do ex-
de auditoria da firma. membro da equipe de auditoria.
4. Membro da equipe de auditoria que participa do trabalho notifica a firma • retirada da pessoa da equipe de auditoria;
que será contratado ou poderá ser contratado pelo cliente em algum • revisão de quaisquer julgamentos significativos
momento no futuro. efetuados por essa pessoa enquanto esteve na
equipe.
5. Empréstimo de pessoal da firma de auditoria para o cliente. • condução de revisão adicional do trabalho
executado pelo pessoal emprestado;
• não passar para o pessoal emprestado a
responsabilidade de auditoria por qualquer
função ou atividade que o pessoal desempenhou
durante a designação temporária.

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6- Serviço recente em cliente de auditoria

Uma situação semelhante a anterior é quando um sócio da firma ou membro


da equipe de auditoria trabalho recentemente na empresa auditada (cliente).

Por exemplo, o sócio do trabalho, responsável pela auditoria nas


demonstrações contábeis de 2011 da empresa X, foi o contador que elaborou
os demonstrativos agora analisados.

Há um problema aqui, certo? A regra básica da auditoria é que o auditor


nunca deve emitir opinião sobre o seu próprio trabalho.

Dessa forma, podem ser criadas ameaças à independência se um membro da


equipe de auditoria recentemente desempenhou a função de conselheiro,
diretor ou empregado do cliente de auditoria.

Mais uma vez, essa ameaça depende de fatores como a função da pessoa no
cliente, o período de tempo desde que a pessoa desligou-se do cliente e a
função do profissional na equipe de auditoria.

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Situação que causa ameaça à independência Salvaguarda possível


1. Sócio ou empregado da firma de auditoria desempenha a função de • nenhuma salvaguarda pode reduzir a ameaça a
conselheiro ou diretor de cliente. um nível aceitável.
2. Sócio ou empregado da firma de auditoria serviços administrativos e
societários ao cliente9, como administração de pessoal, manutenção dos
registros da empresa, controladoria, consultoria sobre assuntos de
governança corporativa etc.
3. Membro da equipe de auditoria desempenhou a função de conselheiro
ou diretor do cliente de auditoria, ou foi empregado em cargo que
exerce influência significativa sobre a elaboração das demonstrações
contábeis sobre as quais a firma emitirá relatório de auditoria.
4. Antes do período coberto pelo relatório de auditoria, membro da equipe • revisão do trabalho executado pela pessoa como
de auditoria desempenhou a função de conselheiro ou diretor do cliente membro da equipe de auditoria.
de auditoria, ou foi empregado em cargo que exerce influência
significativa sobre a elaboração das demonstrações contábeis sobre as
quais a firma emitirá relatório de auditoria.

9
Segundo a NBC PA 290, a prestação de serviços administrativos de rotina ou a prestação de consultoria em relação a esses assuntos administrativos geralmente não criam ameaças
à independência, desde que a administração do cliente tome todas as decisões relevantes.
Além disso, quando essa prática é permitida por lei ou regras do CFC ou ainda, pelos usos e costumes, e desde que a administração tome todas as decisões relevantes, as tarefas e
atividades devem ser limitadas àquelas rotineiras e de natureza administrativa, como a elaboração de atas e manutenção de documentos legais. Nessas circunstâncias, a importância
das ameaças deve ser avaliada e salvaguardas aplicadas quando necessário para eliminar as ameaças ou reduzi-las a um nível aceitável.
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7- Associação de pessoal sênior com cliente de auditoria

A utilização do mesmo pessoal sênior (ex.: sócio do trabalho ou sócio chave da


auditoria) em auditorias no mesmo cliente por período de tempo prolongado
cria ameaças à independência.

Enfim, deixar muito tempo a mesma pessoa como responsável por um cliente
pode gerar envolvimento, intimidade entre auditor e cliente.

Por exemplo, o auditor começa a participar das festas de final de ano da


empresa, a ser convidado para o aniversário do filho do presidente da empresa
e, depois de alguns anos, já pode ser até o padrinho de casamento do
contador da empresa. Problemático, não?

Mais uma vez, é preciso avaliar fatores como por quanto tempo a pessoa tem
sido membro da equipe de auditoria, o papel da pessoa na equipe, a estrutura
da firma etc.

Geralmente, as principais salvaguardas são:

• rotação do pessoal sênior na equipe de auditoria (rotação de liderança);

• revisão, por outro auditor, que não era membro da equipe de auditoria
do trabalho do pessoal sênior;

• revisões de qualidade interna ou externa independentes e regulares do


trabalho (revisão por pares).

Mas primeiro, o que é rotação de liderança?

Ora, nada mais é do que trocar membros da equipe que tomem decisões chave
de tempos em tempos.

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Existe um caso especial que gostaríamos da sua atenção!

Em trabalhos de auditoria de entidade de interesse do público, o


profissional não deve atuar como sócio chave da auditoria por mais de
5 (cinco) anos. Depois desse período, a pessoa não deve ser membro da
equipe de trabalho ou sócio chave da auditoria para o cliente pelo prazo de 2
(dois) anos.

Entidades de interesse do público:

Você lembra da definição de sócio chave da auditoria, não é mesmo?

Assim, durante esse período de dois anos, a pessoa não deve participar da
auditoria da entidade, efetuar controle de qualidade para o trabalho, consultar
a equipe de trabalho ou o cliente sobre assuntos técnicos ou específicos do
setor, transações ou eventos ou de outra forma influenciar diretamente o
resultado do trabalho.

No entanto, há algumas exceções a essa regra:

Situação O que fazer

Pessoa importante para a qualidade da Pode ser permitido 1 (um) ano


auditoria e, devido a circunstâncias imprevistas adicional na equipe de auditoria
fora do controle da firma, não pode ser desde que a ameaça à
alternada (ex.: doença séria da pessoa independência possa ser reduzida
designada para substituir no papel de sócio.) mediante salvaguardas.

Quando a firma tem somente poucas pessoas Pessoa pode continuar no cliente
com o conhecimento e a experiência por mais cinco anos, desde que
necessária para desempenhar a função de autorizado por órgão regulador e
sócio chave da auditoria (ex.: pequena firma que outras salvaguardas sejam
de auditoria ou auditor que atua como pessoa aplicadas (ex.: revisão externa
física). independente regular).

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E o que acontece se, ao longo do relacionamento do auditor com o cliente, este


último se torna entidade de interesse do público? Quando começamos a contar
os cinco anos?

Pois bem, nessas situações, o período de tempo em que a pessoa


desempenhou a função de sócio chave da auditoria para o cliente antes de o
cliente tornar-se entidade de interesse do público deve ser levada em
consideração na determinação do momento da rotação.

Assim, o número de anos que a pessoa pode continuar a desempenhar essa


função no cliente antes de ser substituída é 5 (cinco) anos menos o número de
anos que já desempenhou essa função.

Mas você pode pensar... poxa professor, isso pode causar um problema.
Imagine se um sócio chave está no cliente há 4 anos e 11 meses e esse cliente
de repente se torna entidade de interesse do público. Pode ser complicado
arranjar outro sócio de uma hora para outra....

Nesses casos, a norma prevê que, se a pessoa tiver desempenhado a função


de sócio chave da auditoria por 4 (quatro) anos ou mais quando o cliente se
tornar entidade de interesse do público, o sócio pode continuar a desempenhar
essa função, no máximo, por 2 (dois) anos adicionais antes de ser substituído.

Veja o quadro abaixo...

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8- Prestação de serviços que não são de asseguração

As firmas de auditoria tradicionalmente prestam uma gama de outros serviços


diferentes de auditoria independente (que não são de asseguração), mas
condizentes com suas competências.

Como, muitas vezes, possuem um bom entendimento do negócio e contribuem


com conhecimento e capacitação em outras áreas, os auditores são bastante
valorizados e podem oferecer serviços como avaliação de empresas e
reavaliação de ativos, assistência tributária, auditoria interna, consultorias
etc.

Trabalhos de asseguração são aqueles em que o auditor independente (ou


firma de auditoria) expressa uma conclusão com a finalidade de aumentar o
grau de confiança de determinados usuários.

A auditoria independente das demonstrações contábeis, por exemplo, é um tipo


de trabalho de asseguração, no qual o auditor emite uma opinião sobre as
demonstrações no intuito de dar segurança aos usuários interessados nas
informações contábeis da entidade auditada.

Usuários podem estar interessados também, por exemplo, em trabalhos de


asseguração que façam uma avaliação ou mensuração da eficácia do seu
controle interno.

Pois bem... a prestação desses serviços pode criar ameaças à independência


da firma ou dos membros da equipe de auditoria.

As normas de auditoria destacam que é impossível elaborar uma relação


completa desses serviços. De qualquer forma, antes de a firma aceitar um
trabalho, deve-se avaliar se a prestação desse serviço criaria ameaça à
independência. Se a ameaça não puder ser reduzida a um nível aceitável por
meio de salvaguardas, o serviço não deve ser prestado.

Isso vai depender de cada caso.

Veremos a segui que certos serviços criam ameaça à independência tão


significativa que nenhuma salvaguarda poderia reduzir a ameaça a um nível
aceitável.

Em outros casos, é possível aplicar salvaguardas.

Como regra geral, o auditor ou firma de auditoria não pode assumir


responsabilidade da administração para seu cliente.

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Responsabilidades da administração são aquelas que conduzem e orientam a


entidade, incluindo a tomada de decisões significativas sobre a aquisição, a
distribuição e o controle de recursos humanos, financeiros, físicos e
intangíveis.

Não é possível especificar todas as atividades que são de responsabilidade da


administração (é necessário aplicar julgamento profissional). Entretanto, a NBC
PA 290 cita alguns exemplos de atividades que seriam geralmente
consideradas responsabilidade da administração:

• estabelecer políticas e orientação estratégica;


• orientar e assumir a responsabilidade pelas ações dos empregados da
entidade;
• autorizar transações;
• decidir quais recomendações da firma de auditoria implementar;
• elaborar e apresentar adequadamente as demonstrações contábeis;
• planejar, implementar e manter o controle interno.

Por outro lado, atividades rotineiras e administrativas, ou que envolvem


assuntos não significativos, geralmente não são consideradas como de
responsabilidade da administração.

Por exemplo, se a firma executar uma transação irrelevante que foi autorizada
pela administração ou monitorar as datas para entrega de documentos. Além
disso, prestar consultoria e fornecer recomendações para auxiliar a
administração a desempenhar suas responsabilidades não significa assumir
suas responsabilidades.

O que não pode ser admitido é o auditor ou firma de auditoria executar ações
relevantes para o cliente. Por quê? Ora, pois o auditor nunca pode revisar seu
próprio trabalho.

Ficou claro...?

Vejamos algumas situações de serviços específicos que estão previstas da NBC


PA 290.

Elaboração de registros contábeis e de demonstrações contábeis

Como já discutimos em nossa primeira aula, a administração da entidade é


responsável pela elaboração e adequada apresentação das demonstrações
contábeis de acordo com a estrutura de relatórios financeiros aplicável.

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A prestação de serviços contábeis e de escrituração contábil a um cliente de


auditoria, como elaboração de registros contábeis ou demonstrações contábeis,
cria ameaça de à independência do auditor que posteriormente audita as
demonstrações contábeis.

Em regra, a firma de auditoria não pode ser responsável por elaborar e


apresentar adequadamente as demonstrações contábeis. No entanto, ao
longo de uma auditoria se espera que haja um constante diálogo entre o
auditor e a administração sobre esses assuntos, envolvendo, por exemplo a
aplicação de normas ou políticas contábeis, a adequação do controle e dos
métodos contábeis usados na determinação dos valores declarados de ativos e
passivos etc.

Essas atividades (tipo de consultoria contábil) são consideradas como parte


normal do processo de auditoria e, geralmente, não criam ameaças à
independência, desde que o auditor não assuma responsabilidade que seja da
administração.

Um caso específico que merece nossa atenção é quando são prestados serviços
de natureza contábil rotineiros ou de natureza mecânica como:

• prestação de serviços de folha de pagamento;


• registro de transações para as quais o cliente determinou ou aprovou a
classificação contábil adequada;
• lançamento de transações codificadas pelo cliente no razão geral;
• registro de lançamentos aprovados pelo cliente no balancete;
• elaboração de demonstrações contábeis com base em informações no
balancete.

Neste caso é preciso entender se a entidade é ou não de interesse do público.

Tipo de entidade É possível prestar serviço rotineiro ou mecânico?


cliente que não é Pode prestar o serviço se aplicar salvaguardas:
entidade de • serviços são executados por pessoa que não é membro da
interesse do equipe de auditoria;
público
• se executados por membro da equipe de auditoria, utilizar
membro sênior com apropriada especialização, que não seja
membro da equipe, para revisar o trabalho executado
cliente que é A firma não deve prestar esse tipo de serviço exceto em duas
entidade de situações:
interesse do • Trata-se de uma situação de emergência10 e
público
o aqueles que prestam os serviços não são da equipe de
auditoria;

10
Podem ser prestados a clientes de auditoria em situações de emergência ou outras situações não usuais quando é
impraticável para o cliente de auditoria efetuar tais serviços ou contratar outras firmas de auditoria
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o serviços são prestados somente por curto período e não se


espera que tornem a ocorrer;
o a situação é discutida com os responsáveis pela
governança.
• Não se trata de uma situação de emergência, mas o pessoal
envolvido não for membro da equipe e as áreas relacionadas
ao serviço forem imateriais ou os assuntos sejam irrelevantes
para as demonstrações contábeis auditadas

Serviços de avaliação

Avaliação consiste em calcular determinado valor para um ativo, um passivo


ou um negócio como um todo. Muitas vezes uma firma de auditoria pode ser
chamado a executar esse serviço, o que pode gerar ameaças a sua
independência.

Para mensurar e tratar essa ameaça é preciso entender elementeos tais quais:
se a avaliação terá efeito relevante sobre as demonstrações contábeis, a
extensão do envolvimento do cliente na determinação e aprovação da
metodologia de avaliação, a disponibilidade de metodologias e orientações
profissionais estabelecidas, a confiabilidade e extensão dos dados disponíveis
etc.

As principais salvaguardas que o auditor pode usar para preservar sua


independência, segundo a NBC PA 290, são:

• revisão por outro profissional que não estava envolvido na prestação do


serviço; e

• arranjos para que o pessoal que presta esses serviços não participe do
trabalho de auditoria.

Note que, em alguns casos, certas avaliações não envolvem grau significativo
de subjetividade (ex.: calcular a depreciação de um equipamento), pois as
premissas e técnicas básicas são estabelecidas por lei ou regulamento ou são
amplamente aceitas.

Nesses casos, não é provável que os resultados da avaliação realizada por


duas pessoas distintas seja significativamente diferente.

Já quando essas avaliações tem um caráter muito subjetivo, é preciso tomar


mais cuidado.

Segundo as normas, há duas grandes condicionantes para que uma firma de


auditoria possa realizar esse serviço: grau de subjetividade da avaliação e a
sua relevância para as demonstrações contábeis.
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Tipo de entidade Quando não é possível prestar serviço de avaliação?


cliente que não é • o serviço de avaliação tem efeito relevante sobre as
entidade de interesse do demonstrações contábeis e a avaliação envolve grau
público significativo de subjetividade.
cliente que é entidade de • o serviço de avaliação tem efeito relevante sobre as
interesse do público demonstrações contábeis.

Serviços fiscais

Os serviços de natureza fiscal compreendem ampla gama de serviços, que


incluem elaboração de declarações de impostos, cálculos de impostos com a
finalidade de elaborar os lançamentos contábeis, planejamento tributário e
outros serviços de consultoria tributária, e assessoria na solução de disputas
fiscais.

A execução de alguns desses serviços cria ameaças à independência a


depender de fatores como:

• o sistema usado pelas autoridades fiscais para avaliar e administrar o


imposto em questão e o papel da firma nesse processo;
• a complexidade do correspondente regime tributário e o grau de
julgamento necessário na sua aplicação;
• as características específicas do trabalho; e
• o nível de experiência fiscal dos empregados do cliente.

Assim, preparar a declaração de imposto de renda de um cliente ou realizar o


“polêmico” planejamento ou consultoria tributária pode causar perda de
independência.

Planejamento tributário ou consultoria tributário compreende uma ampla


gama de serviços, como assessoria ao cliente sobre como estruturar seus
assuntos de maneira eficiente em termos fiscais ou sobre como aplicar nova lei
ou novo regulamento fiscal, geralmente na busca de reduzir a carga tributária
ou otimizar o pagamento de tributos ao longo do tempo.

Por exemplo, uma consultoria tributária pode aconselhar o cliente se é melhor


pertencer ao Simples ou ser de Lucro Presumido.

Vejamos algumas situações específicas para o caso de serviços fiscais...

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Situação que causa ameaça Salvaguarda possível


à independência
1. Elaboração de declarações • a prestação desses serviços em geral não cria ameaça à independência se a administração
de impostos. assumir a responsabilidade pelas declarações incluindo julgamentos significativos efetuados.
2. Cálculos de impostos com a • Clientes que não são entidades de interesse do público
finalidade de elaborar o utilizar profissionais que não são membros da equipe de auditoria para executar o serviço;
lançamentos contábeis.
o se o serviço é executado por membro da equipe de auditoria, membro sênior com
apropriada especialização, que não seja membro da equipe de auditoria, para revisar os
cálculos de impostos;
o obter recomendação de consultoria sobre o serviço de profissional externo da área fiscal.

• Clientes que são entidades de interesse do público não deve realizar o serviço, exceto em
situações de emergência a firma. Nesses casos:
o aqueles que prestam os serviços não são membros da equipe de auditoria;
o os serviços são prestados somente por curto período de tempo e não se espera que
tornem a ocorrer;
o a situação é discutida com os responsáveis pela governança.
3. Planejamento tributário • esses serviços em geral não cria ameaça à independência, mas caso necessário aplicar:
consultoria tributária o utilizar profissionais que não são membros da equipe de auditoria para executar o serviço;
suportados por autoridade
o envolver outro profissional que presta serviços da área fiscal, que não esteve envolvido na
fiscal ou prática
prestação do serviço fiscal, para prestar consultoria à equipe de auditoria sobre o serviço
estabelecida ou com base
e revisar o tratamento nas demonstrações contábeis;
em legislação fiscal
o obter consultoria sobre o serviço de profissional externo da área fiscal;
o obter autorização prévia ou consultoria das autoridades fiscais.
4. Planejamento tributário • nenhuma salvaguarda poderia reduzir a ameaça a um nível aceitável se:
consultoria tributária que o a equipe de auditoria tem dúvida razoável sobre a adequação do tratamento contábil
depende de um tratamento relacionado ou apresentação segundo a estrutura de relatório financeiro aplicável;
contábil ou de apresentação
o o resultado ou as efeitos da consultoria tributária terão efeito relevante sobre as
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específica nas demonstrações contábeis sobre as quais a firma emitirá relatório de auditoria.
demonstrações contábeis
5. Assessoria na solução de • usar profissionais que não são membros da equipe de auditoria para executar o serviço;
disputas fiscais • envolver outro profissional da área fiscal que não esteve envolvido na prestação do serviço
fiscal, para prestar consultoria à equipe de auditoria sobre os serviços e revisar o tratamento
nas demonstrações contábeis;
• obter recomendação de consultoria sobre o serviço de profissional externo da área fiscal.
6. Serviços fiscais envolvem • nenhuma salvaguarda poderia reduzir a ameaça a um nível aceitável.
atuar como representante
de cliente de auditoria
perante tribunal ou fórum
para a solução de assunto
fiscal e os valores
envolvidos são relevantes
para as demonstrações
contábeis

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Serviços de auditoria interna

Os serviços de auditoria interna envolvem auxiliar o cliente na execução de


suas atividades de auditoria interna, incluindo:

• monitoramento do controle interno;


• exame de informações financeiras e operacionais;
• revisão da economia, eficiência e eficácia de atividades operacionais,
incluindo atividades não financeiras da entidade;
• revisão do cumprimento de leis, regulamentos e outros requisitos
externos, e das políticas e diretrizes da administração e outros requisitos
internos.
Como regra, a prestação de serviço de auditoria interna cria ameaça à
independência se a firma usa o trabalho de auditoria interna no curso
da auditoria externa subsequente.

Conforma já discutimos, quando se assume responsabilidades da


administração ao prestar serviços de auditoria interna, a ameaça criada seria
tão significativa que nenhuma salvaguarda poderia reduzir a ameaça a um
nível aceitável.

Para evitar essa assunção de responsabilidades, a firma de auditoria somente


deve prestar serviços de auditoria interna a um cliente de auditoria se estiver
confortável que:

• o cliente designa profissional apropriado e qualificado, de preferência da


alta administração, para ser responsável todo o tempo pelas atividades
de auditoria interna e reconhecer a responsabilidade por planejar,
implementar e manter o controle interno;
• a administração ou os responsáveis pela governança do cliente revisam,
avaliam e aprovam o escopo, o risco e a frequência dos serviços de
auditoria interna;
• a administração do cliente avalia a adequação dos serviços de auditoria
interna e as constatações resultantes de sua execução;
• a administração do cliente avalia e determina quais recomendações
resultantes dos serviços de auditoria interna implementa e administra o
processo de implementação;
• a administração do cliente comunica aos responsáveis pela governança
as constatações e recomendações significativas resultantes dos serviços
de auditoria interna.

Vejamos, agora, algumas situações específicas...

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Situação que causa ameaça à independência Salvaguarda possível


1. Pessoal da firma de auditoria assume responsabilidades da • nenhuma salvaguarda pode reduzir a ameaça a
administração ao prestar serviços de auditoria interna. um nível aceitável.
2. Cliente que é entidade de interesse do público, e a firma de auditoria
presta serviços de auditoria interna referentes a:
• parte significativa dos controles internos sobre relatórios financeiros;
ou
• sistemas contábeis financeiros que geram informações que são,
separadamente ou em conjunto, significativas para os registros
contábeis do cliente ou das demonstrações contábeis; ou
• valores ou divulgações que são, separadamente ou em conjunto,
relevantes para as demonstrações contábeis.
3. A firma de auditoria aceita trabalho de prestação de serviços de • usar profissionais que não são membros da
auditoria interna a um cliente, e os resultados desses serviços serão equipe de auditoria para executar o serviço de
usados na condução da auditoria externa. auditoria interna.

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Serviços legais

Serviços legais, segundo a NBC PA 290, são aqueles em que a pessoa que
presta os serviços deve ser habilitada para fazê-los ou ter a formação legal
exigida (ex.: perito contábil).

A norma destaca que os serviços legais que auxiliam um cliente de auditoria na


execução de uma transação (ex.: suporte a contratos, assessoria jurídica, due
diligence legal11 e reestruturação) podem criar ameaças à independência
dependendo de fatores como a natureza do serviço, se o serviço é prestado
por membro da equipe de auditoria e a relevância para as demonstrações
contábeis do cliente.

As principais salvaguardas que o auditor pode usar para preservar sua


independência, segundo a NBC PA 290, são:

• utilizar profissionais que não são membros da equipe de auditoria para


executar o serviço;
• utilizar outro profissional que presta serviços que não esteve envolvido
na prestação dos serviços legais para prestar consultoria à equipe de
auditoria sobre o serviço e revisar o tratamento nas demonstrações
contábeis.
Outros casos específicos podem ser observados no quadro a seguir.

11
Conjunto de atos investigativos que devem ser realizados antes de uma operação empresarial, seja pelo interessado
em ingressar no negócio seja por parte de quem está repassando seu negócio. Trata-se de conhecer em detalhes a real
situação de uma entidade para que todos (ou quase todos) os riscos atrelados à pretensa operação sejam avaliados e, na
medida do possível, mensurados. Isso é muito comum em processos de aquisição, incorporação ou fusão de empresas.
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Situação que causa ameaça à independência Salvaguarda possível


1. Pessoal da firma de auditoria é nomeado diretor de assuntos legais para • nenhuma salvaguarda pode reduzir a ameaça a
um cliente. um nível aceitável
2. Defender os interesses de cliente de auditoria na solução de disputa ou
litígio quando os valores envolvidos são relevantes para as
demonstrações contábeis.
3. Defender os interesses de cliente de auditoria na solução de disputa ou • utilizar profissionais que não são membros da
litígio quando os valores envolvidos não são relevantes para as equipe de auditoria para executar o serviço;
demonstrações contábeis. • utilizar outro profissional que presta serviços
4. Prestar serviços legais que auxiliam um cliente de auditoria na execução que não esteve envolvido na prestação dos
de uma transação (ex.: suporte a contratos, assessoria jurídica, due serviços legais para prestar consultoria à equipe
diligence legal12 e reestruturação). de auditoria sobre o serviço e revisar qualquer
tratamento nas demonstrações contábeis.

12
Conjunto de atos investigativos que devem ser realizados antes de uma operação empresarial, seja pelo interessado em ingressar no negócio seja por parte de quem está repassando
seu negócio. Trata-se de conhecer em detalhes a real situação de uma entidade para que todos (ou quase todos) os riscos atrelados à pretensa operação sejam avaliados e, na medida
do possível, mensurados. Isso é muito comum em processos de aquisição, incorporação ou fusão de empresas.
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8- Honorários

Os honorários cobrados pelo auditor ou firma de auditoria devem ser


calculados como função da complexidade e das necessidades de recursos que a
auditoria vai demandar. Estabelecer a remuneração que não seja por esse tipo
de critério, compromete a independência do auditor.

O auditor deve estabelecer e documentar seus honorários mediante avaliação


dos serviços, considerando os seguintes fatores:

• a relevância, o vulto, a complexidade do serviço, e o custo do serviço a


executar;
• o número de horas estimadas para a realização dos serviços;
• a peculiaridade de tratar-se de cliente eventual, habitual ou permanente;
• a qualificação técnica dos profissionais que irão participar da execução
dos serviços; e
• o lugar em que os serviços serão prestados, fixando, se for o caso, como
serão cobrados os custos de viagens e estadias.

Nesse sentido, honorários contingentes, ou seja, aqueles calculados em


uma base predeterminada com relação ao resultado do trabalho executado,
não devem ser praticados por gerar conflitos de interesses que não podem ser
resolvidos por nenhuma salvaguarda.

Por exemplo, suponha uma situação em que o auditor condicione os seus


honorários ao resultado da auditoria: R$ 100 mil por uma opinião adversa e R$
1 milhão por uma opinião sem ressalvas. Logicamente, esse tipo de
remuneração é inaceitável.

Logicamente, esse princípio se refere a serviços de asseguração, inclusive de


auditoria.

Quando a firma de auditoria realiza outros serviços que não são de


asseguração (ex.: consultorias, apoio a solução de litígios), honorários
contingentes podem ser admitidos.

Por exemplo, a firma de auditoria presta um serviço de consultoria para


melhorar os processos de produção da empresa e cobra honorários que variam
de acordo com os resultados do trabalho. Em princípio, não há nenhum
problema...

Mas observe que mesmo no caso de serviços que não são de asseguração (e,
consequentemente não são de auditoria) pode haver perda de independência
em algumas situações. Por exemplo, esses honorários são muito relevantes
para a firma de auditoria.
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Estamos falando agora de outro problema: a relevância dos honorários...

Além dos honorários contingentes, há ainda outras formas de perda de


independência como:

• honorários de auditoria de valor, substancialmente, inferior ao


estabelecido para os outros serviços prestados pela firma de auditoria;
• honorários gerados pela entidade auditada representam grande
proporção da receita do sócio encarregado do trabalho; e
• honorários devidos pela entidade auditada por serviços profissionais
prestados continuarem sendo devidos por período de tempo prolongado.

No caso de entidades de interesse do público, quando por dois anos


consecutivos, o total de honorários nesse cliente representar mais de 15% do
total de honorários recebidos pela firma de auditoria, deve-se divulgar para os
responsáveis pela governança do cliente esse fato, discutindo quais das
salvaguardas abaixo poderão para reduzir a ameaça a um nível aceitável:

• providenciar que outro auditor, que não é membro da firma que está
emitindo o relatório de auditoria sobre as demonstrações contábeis,
antes da emissão do relatório do segundo ano, execute revisão do
controle de qualidade do trabalho (falaremos sobre isso ainda nessa
aula);
• após a emissão do relatório de auditoria sobre as demonstrações
contábeis do segundo ano, antes da emissão do relatório do terceiro ano,
um auditor, que não é membro da firma que está emitindo o relatório
sobre as demonstrações contábeis, ou órgão regulador profissional,
execute uma revisão da auditoria do segundo ano que é equivalente a
uma revisão de controle de qualidade do trabalho (revisão pós-emissão).

Quando o total de honorários exceder significativamente 15%, a firma deve


avaliar se a importância da ameaça é tal que uma revisão pós-emissão não
reduziria a ameaça a um nível aceitável sendo, portanto, necessária uma
revisão pré-emissão.

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Aula 01

Controle de qualidade da auditoria de Demonstrações Contábeis.

Esse assunto, pouco cobrado em provas, é tratado na Resolução 1.205/09, que


aprovou a NBC TA 220, “Controle de Qualidade da Auditoria de Demonstrações
Contábeis”, elaborada de acordo com a sua equivalente internacional ISA 220.
Além disso, outra norma de interesse é a Resolução CFC 1.201/09 (NBC PA
01), que trata da trata das responsabilidades da firma de estabelecer e manter
seu sistema de controle de qualidade para trabalhos de auditoria.

O auditor e as firmas de auditoria devem estabelecer e manter um sistema de


controle de qualidade do trabalho realizado a fim de obter segurança razoável
de que todas as normas técnicas, bem como as exigências regulatórias e legais
estão sendo cumpridas; e de que os relatórios sobre as demonstrações
contábeis estão corretos e apropriados.

Dessa forma, um sistema de controle de qualidade inclui políticas e


procedimentos que tratam dos seguintes tópicos:

• Responsabilidades da liderança pela qualidade: o sistema de controle


de qualidade é responsabilidade do auditor independente ou do
presidente da firma de auditoria.

• Exigências éticas relevantes: o auditor e sua equipe cumprem as


exigências éticas relevantes, como independência, objetividade, zelo
profissional e confidencialidade.

Pelo menos uma vez por ano, a firma deve obter confirmação por
escrito do cumprimento de suas políticas e procedimentos sobre
independência de todo o pessoal da firma.

• Aceitação e continuidade do relacionamento com clientes e de


trabalhos específicos: segurança razoável de que a aceitação e
continuidade do relacionamento com clientes apenas se dará nos
casos em que o auditor:

o é competente para executar o trabalho e possui habilidades,


incluindo tempo e recursos, para isso;
o consegue cumprir as exigências éticas relevantes; e
o considerou a integridade do cliente, e não tem informações que
o levaria a concluir que o cliente não é íntegro

• Recursos humanos: pessoal suficiente com competência, habilidade e


compromisso com os princípios éticos.

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A firma de auditoria deve atribuir a responsabilidade de cada trabalho


a um sócio com a devida competência, habilidade e autoridade para
desempenhar o papel. Ademais, deve estabelecer políticas e
procedimentos para designar pessoal apropriado com a competência e
habilidades necessárias para executar trabalhos de acordo com
normas técnicas e exigências regulatórias e legais aplicáveis.

• Execução do trabalho: trabalhos são executados de acordo com


normas técnicas e exigências regulatórias e legais aplicáveis.

A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para fornecer


segurança razoável de que os trabalhos são executados de acordo
com normas técnicas e exigências regulatórias e legais aplicáveis,
incluindo a definição das responsabilidades pela supervisão e revisão
do trabalho.

• Monitoramento: avaliação contínua de que as políticas e os


procedimentos relacionados com o sistema de controle de qualidade
são relevantes, adequados e estão operando de maneira efetiva.

A firma de auditoria deve comunicar, pelo menos uma vez por ano, os
resultados do monitoramento de seu sistema de controle de qualidade
aos sócios encarregados dos trabalhos e outras pessoas apropriadas,
incluindo o presidente ou, se apropriado, a diretoria executiva da
firma.

Enfim, seja um auditor independente, pessoa física ou uma firma de auditoria,


ambos devem constituir um sistema de controle de qualidade capaz de
fornecer segurança de que o trabalho desenvolvido está de acordo com as
normas técnicas e profissionais de auditoria.

O auditor ou sócio encarregado do trabalho deve assumir a responsabilidade


pela qualidade geral do trabalho de auditoria. Dessa forma, o auditor pode
levar em consideração, ao analisar as competências e as habilidades esperadas
da equipe de trabalho, se esta:

• possui experiência prática de trabalhos de natureza e complexidade


semelhantes;
• entende as normas técnicas e as exigências legais e regulamentares;
• possui especialização técnica, incluindo especialização em tecnologia da
informação pertinente e áreas especializadas de contabilidade ou
auditoria;
• possui conhecimentos relevantes sobre o setor/indústria em que o cliente
opera;
• possui capacidade para aplicar julgamento profissional; e
• entende as políticas e procedimentos de controle de qualidade da firma.

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Dessa forma, o sócio encarregado pelo trabalho é responsável pela supervisão


e revisão do trabalho da equipe, de acordo com as políticas e procedimentos
da firma de auditoria, com base no fato de que o trabalho de membros menos
experientes da equipe deve ser revisado por membros mais experientes.

A supervisão inclui acompanhar o andamento do trabalho, considerar a


competência e habilidade individual dos membros da equipe , tratar dos
assuntos significativos que surgem ao longo da auditoria e identificar assuntos
para consulta a membros mais experientes da equipe, ou para sua
consideração durante o trabalho.

Já a revisão consiste em avaliar, por exemplo, se o trabalho foi realizado de


acordo com as normas técnicas, profissionais e exigências legais e
regulamentares aplicáveis; se o trabalho realizado suporta as conclusões
obtidas e está adequadamente documentado; e se as evidências obtidas são
suficientes e apropriadas para suportar o relatório.

Revisão do controle de qualidade do trabalho

Em certas situações, além da supervisão e revisão do trabalho feitas pelo sócio


encarregado, é necessário um política de revisão do controle de qualidade
do trabalho13.

Esse é o processo projetado para fornecer uma avaliação objetiva, na data, ou


antes, da data do relatório, dos julgamentos relevantes feitos pela equipe do
trabalho e das conclusões obtidas ao elaborar o relatório.

Assim, o revisor do controle de qualidade do trabalho deve realizar uma


avaliação objetiva, envolvendo:

• discussão de assuntos significativos com o sócio encarregado do


trabalho;
• revisão das demonstrações contábeis e do relatório proposto;
• revisão da documentação selecionada de auditoria relativa aos
julgamentos significativos feitos pela equipe e das conclusões
obtidas; e
• avaliação das conclusões atingidas ao elaborar o relatório e
consideração se o relatório é apropriado.
Quem executa essa revisão não é o sócio encarregado pelo trabalho, mas o
chamado revisor de controle de qualidade do trabalho.

13
Segundo a NBC PA 01, Essa revisão é elaborada para auditoria de demonstrações contábeis de companhias abertas e
os outros trabalhos, se houver, para os quais a firma determinou a necessidade de revisão do controle de qualidade do
trabalho.
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Trata-se de um o sócio, ou outro profissional da firma, uma pessoa externa, ou


uma equipe composta por essas pessoas, nenhuma delas fazendo parte da
equipe de trabalho, com experiência e autoridade suficientes e apropriadas
para avaliar objetivamente os julgamentos relevantes feitos pela equipe de
trabalho e as conclusões obtidas para elaboração do relatório.

Note que é um controle de qualidade “externo à equipe de auditoria”, exercido


por pessoas de dentro ou de fora da firma.

Opa... quer dizer que pode ser alguém de fora da firma de auditoria?

Pense no caso de firmas de auditoria de pequeno porte ou auditores


independentes que atuam como pessoa física. Nesses casos, pessoas externas
adequadamente qualificadas podem ser contratadas em trabalhos que
requerem revisão do controle de qualidade.

Agora, já que é uma pessoa “externa a equipe”, o que acontece se houver


divergências? Por exemplo, a equipe concluiu que as demonstrações contábeis
estão adequadas e o revisor concluiu o contrário. Qual opinião irá prevalecer?

Nesses casos, a NBC TA 220 estabelece que, no caso de surgirem diferenças


de opinião entre o sócio encarregado do trabalho e o revisor do controle de
qualidade do trabalho, a equipe de trabalho deve seguir as políticas e
procedimentos da firma para tratar e resolver as diferenças de opinião.

Os procedimentos para resolver essas diferenças podem incluir, por exemplo,


consulta a outro profissional, outra firma ou órgão profissional ou regulador.

Pois bem... mas quando esse controle de qualidade do trabalho deve ser
executado?

A NBC PA 290 diz que o relatório de auditoria não deve ser datado
enquanto não for concluída a revisão do controle de qualidade do
trabalho. Entretanto, a documentação da revisão do controle de qualidade do
trabalho pode ser completada após a data do relatório.

Por fim, mais um ponto importante: a realização de revisão do controle de


qualidade do trabalho não reduz as responsabilidades do sócio
encarregado do trabalho.

Lógico, não é mesmo? O sócio encarregado pelo trabalho é o responsável pela


auditoria e não pode se eximir dessa responsabilidade porque alguém revisou
o trabalho que supervisionou.

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Concordância com os termos do trabalho de auditoria independente.

Vamos falar agora sobre um tema novo, cobrado no edital do concurso de


Auditor Fiscal da RFB, trata-se da Resolução CFC nº 1.204/2009 que aprovou a
NBC TA 210 “Concordância com os Termos do Trabalho de Auditoria”.

Antes de iniciar um trabalho de auditoria, o auditor deve certificar-se que


certas condições prévias necessárias para o bom desenvolvimento do trabalho
estão satisfeitas, que foram ou serão efetivamente implementadas pelos
responsáveis na entidade auditada.

Nesse sentido, referida norma cuida da responsabilidade do auditor


independente em estabelecer os termos do trabalho de auditoria com a
administração ou, se for o caso, com os responsáveis pela governança. Ou
seja, é preciso deixar claro o que é necessário para que o trabalho proposto
seja realizado.

Condições prévias a um trabalho de auditoria correspondem ao uso


pela administração de uma estrutura de relatório financeiro14 aceitável na
elaboração das demonstrações contábeis e a concordância da administração e,
quando apropriado, dos responsáveis pela governança em relação ao
pressuposto em que a auditoria é conduzida.

Para determinar se existem as condições prévias a um trabalho de auditoria, o


auditor independente deve inicialmente verificar se a estrutura de relatório
financeiro a ser aplicada na elaboração das demonstrações contábeis é

14
NBC TA 200, item 13: Estrutura
de relatório financeiro aplicável é a estrutura de relatório financeiro
adotada pela administração e, quando apropriado, pelos responsáveis pela governança na elaboração
das demonstrações contábeis, que é aceitável em vista da natureza da entidade e do objetivo das
demonstrações contábeis ou que seja exigida por lei ou regulamento. (falamos sobre isso na aula
passada, está lembrado?)
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aceitável, ou seja, se é adequada e disponível aos usuários a que as


demonstrações são destinadas.

Essa determinação envolve fatores relevantes como:

a natureza da entidade (por exemplo, se é uma empresa, uma


entidade do setor público ou uma organização sem fins lucrativos);

o objetivo das demonstrações contábeis (por exemplo, se são


elaboradas para atender as necessidades de informações contábeis
comuns a uma ampla gama de usuários ou as necessidades de
informações contábeis de usuários específicos);

a natureza das demonstrações contábeis (por exemplo, se as


demonstrações contábeis constituem um conjunto completo de
demonstrações contábeis ou somente uma única demonstração
contábil); e

se lei ou regulamento prevê a estrutura de relatório financeiro


aplicável específico para aquela atividade ou entidade.

Depois de determinar a estrutura adequada o auditor independente deve obter


a concordância da administração de que ela reconhece e entende sua
responsabilidade:

pela elaboração das demonstrações contábeis de acordo com a


estrutura de relatório financeiro aplicável, incluindo, quando relevante,
sua adequada apresentação;

pelo controle interno que a administração determinou como necessário


para permitir a elaboração de demonstrações contábeis livres de
distorções relevantes, independentemente se causadas por fraude ou
erro; e

pelo fornecimento ao auditor de acesso:

o a todas as informações relevantes de que a administração tem


conhecimento para a elaboração das demonstrações contábeis,
como registros, documentação e outros assuntos;

o a informações adicionais que o auditor pode solicitar da


administração para fins da auditoria; e

o irrestrito a pessoas da entidade que o auditor determina ser


necessário para obter evidência de auditoria.

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Não aceitação do trabalho de auditoria

Existem algumas situações que podem comprometer o resultado final do


trabalho de auditoria, nessas situações, em regra, o auditor independente deve
recusar sua execução.

Assim, o auditor, salvo obrigado por lei ou regulamento, não deve aceitar o
trabalho de auditoria que apresente limitação de escopo. Isso ocorre quando
a administração ou os responsáveis pela governança impõem, já na
contratação, limitações no alcance do trabalho de auditoria que impossibilitem
que o auditor forme sua opinião sobre as demonstrações contábeis,
resultando, assim, na emissão de relatório com abstenção de opinião
(falaremos com detalhes sobre os tipos de relatório em outra aula).

Além disso, se não existirem as condições prévias para o trabalho de


auditoria, o auditor independente deve discutir o assunto com a
administração e, a menos que exigido por lei ou regulamento, o auditor não
deve aceitar o trabalho de auditoria proposto se:

concluir que a estrutura de relatório financeiro a ser aplicada na


elaboração das demonstrações contábeis é inaceitável; ou

não obter a concordância da administração de que ela reconhece e


entende sua responsabilidade.

Atenção: No caso de estrutura de relatório financeiro considerado inaceitável


pelo auditor, mas cuja previsão conste em lei ou regulamento, ele deve aceitar
o trabalho de auditoria se a administração:

a) concordar em fornecer divulgações adicionais necessárias para evitar que


as demonstrações contábeis sejam enganosas; e

b) reconhecer nos termos do trabalho de auditoria que o relatório do auditor


independente incluirá parágrafo de ênfase para chamar a atenção dos
usuários para as divulgações adicionais.

Assim, generalizando podemos dizer que:

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Acordo sobre termos do trabalho de auditoria

Carta de contratação os termos do trabalho de auditoria estabelecidos


devem ser formalizados na carta de contratação de auditoria ou em outra
forma adequada de acordo por escrito que devem incluir:

• o objetivo e o alcance da auditoria das demonstrações contábeis;

• as responsabilidades do auditor;

• as responsabilidades da administração;

• a identificação da estrutura de relatório financeiro aplicável para a


elaboração das demonstrações contábeis; e

• referência à forma e ao conteúdo esperados de quaisquer relatórios a


serem emitidos pelo auditor e uma declaração de que existem
circunstâncias em que um relatório pode ter forma e conteúdo diferente
do esperado.

Contudo, se uma lei ou um regulamento prevê com detalhes suficientes os


termos do trabalho de auditoria acima elencados, o auditor não precisa
formalizá-los em uma carta de contratação, mas deverá constar em
documento escrito o fato de que essa lei ou regulamento se aplica à
auditoria em questão e que a administração reconhece e entende suas
responsabilidades.

Auditoria recorrente

Em auditorias recorrentes, o auditor deve avaliar se as circunstâncias


requerem que os termos do trabalho de auditoria sejam revistos e se há
necessidade de lembrar a entidade sobre os termos existentes do trabalho de
auditoria.

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Assim, o auditor pode decidir não enviar nova carta de contratação de


auditoria ou outro acordo por escrito a cada período. Entretanto, é possível que
fatores, como os a seguir descritos, tornem apropriado revisar os termos do
trabalho de auditoria ou lembrar a entidade sobre os termos existentes:

• qualquer indicação de que a entidade interpreta mal o objetivo e o


alcance da auditoria;

• revisão nos termos do trabalho ou previsão de termos especiais para o


novo período de auditoria;

• mudanças recente da alta administração; significativa no controle da


entidade ou na natureza ou tamanho da empresa; nas exigências legais
ou regulatórias; na estrutura de relatório financeiro adotada na
elaboração das demonstrações contábeis; ou, em outros requisitos em
relação a relatório.

Aceitação de mudança nos termos do trabalho de auditoria

Após a concordância com os termos do trabalho de auditoria independente o


auditor não deve concordar com mudanças nos termos do trabalho a não ser
que exista uma justificativa razoável para essa mudança.

Se por um motivo razoável os termos do trabalho de auditoria forem alterados,


o auditor e a administração devem concordar com os novos termos e
formalizá-los na carta de contratação ou outra forma adequada de acordo por
escrito.

Contudo, se o auditor não concordar com a mudança dos termos do


trabalho de auditoria e a administração não permitir que ele continue o
trabalho de auditoria original, o auditor deve:

retirar-se do trabalho de auditoria, quando permitido por lei ou


regulamento aplicável; e

determinar se há alguma obrigação, contratual ou de outra forma, de


relatar as circunstâncias a outras partes, como os responsáveis pela
governança, proprietários ou reguladores.

Normas de contabilidade complementadas por lei ou regulamento

Se as normas de contabilidade estabelecidas por organização normatizadora


autorizada ou reconhecida são complementadas por lei ou regulamento, o
auditor deve determinar se há conflito entre as normas de contabilidade e os
requisitos adicionais.

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No caso de haver conflito, o auditor deve discutir com a administração a


natureza dos requisitos adicionais e deve chegar a um acordo se:

os requisitos adicionais podem ser cumpridos por meio de divulgações


adicionais nas demonstrações contábeis; ou

a descrição da estrutura de relatório financeiro aplicável nas


demonstrações contábeis pode ser alterada nesse caso.

Se nenhuma das opções acima é possível, o auditor deve determinar se é


necessário modificar a sua opinião (veremos isso com mais detalhes na aula
sobre relatório de auditoria).

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Normas sobre fraude, erro e não conformidades.

Vamos relembrar de novo a NBC TA 200, ela afirma que a opinião do auditor
deve ser baseada em uma segurança razoável de que as demonstrações
contábeis como um todo estão livres de distorção relevante,
independentemente se causadas por fraude ou erro.

Já citamos algumas vezes os termos fraude e erro, por exemplo, quando


falamos sobre ceticismo profissional. Vimos que é a postura que inclui uma
mente questionadora e alerta para condições que possam indicar possível
distorção devido a erro ou fraude e uma avaliação crítica das evidências de
auditoria.

Mas, exatamente, o que são erro e fraude?

Apesar de seus conceitos serem bem intuitivos, vamos entrar em detalhes


sobre sua caracterização e das responsabilidades envolvidas em sua apuração,
avaliação e comunicação.

De acordo com a NBC TA 24015, as distorções nas demonstrações contábeis


podem originar-se de fraude ou erro. O fator distintivo entre fraude e erro
está no fato de ser intencional ou não intencional a ação subjacente
que resulta em distorção nas demonstrações contábeis.

O termo erro refere-se a ato não intencional na elaboração de registros e


demonstrações contábeis, que resulte em incorreções deles, consistente em:

• erros aritméticos na escrituração contábil ou nas demonstrações


contábeis;
• aplicação incorreta das normas contábeis;
• interpretação errada das variações patrimoniais.

O termo fraude refere-se a ato intencional de omissão ou manipulação de


transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis,
e pode ser caracterizada por:

• manipulação, falsificação ou alteração de registros contábeis ou


documentos comprobatórios que serviram de base à elaboração de
demonstrações contábeis;
• mentira ou omissão intencional nas demonstrações contábeis de eventos,
operações ou outras informações significativas; e
• aplicação incorreta intencional dos princípios contábeis relativos a
valores, classificação, forma de apresentação ou divulgação.

15
Resolução CFC nº. 1.207/09.
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Bom, a NBC TA 200 alerta, ainda, que a fraude, diferentemente do erro, pode
envolver esquemas sofisticados e cuidadosamente organizados para sua
ocultação.

Assim, procedimentos de auditoria normalmente aplicados para coletar


evidências podem ser ineficazes para a detecção de distorção relevante quando
envolver fraudes.

Como exemplo, cita-se o conluio para a falsificação de documentação que


possa fazer o auditor acreditar que a evidência de auditoria é válida quando ela
não é. Veja que o auditor não é treinado, nem obrigado a ser especialista na
verificação de autenticidade de documentos.

As normas alertam para os chamados fatores de risco de fraude, ou seja, os


eventos ou condições que indiquem incentivo ou pressão para que a fraude
seja perpetrada ou ofereçam oportunidade para que ela ocorra.

Mas, então o que o auditor deve fazer em relação às fraudes?

As normas de auditoria demandam que o auditor deve avaliar se há elementos


que indicam a presença de um ou mais fatores de risco de fraude.

Como já falamos, o fato de que a fraude geralmente é oculta pode tornar


muito difícil a sua detecção. Contudo, o auditor pode identificar eventos ou
condições que indiquem um incentivo ou pressão ou que constituam uma
oportunidade para a fraude (fatores de risco de fraude). Por exemplo:

• A necessidade de satisfazer as expectativas de terceiros para obter


capital adicional pode criar pressão para a fraude;

• A concessão de bônus significativos, caso sejam cumpridas metas


irreais de lucro, pode criar um incentivo para se perpetrar uma fraude;
e

• Um ambiente de controle que não é eficaz pode criar uma


oportunidade para a fraude.

Veja que essas situações não indicam cabalmente que há uma fraude, mas que
existe um risco.

Por exemplo, o auditor sabe que a entidade auditada vai lançar suas ações no
mercado e necessita demonstrar lucro nos seus demonstrativos. Isso não quer
dizer que exista uma fraude, mas há um risco de que os demonstrativos sejam
fraudados (ou seja, existe uma motivação, uma fonte de pressão).

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Em casos de dúvida a respeito da confiabilidade das informações ou indicações


de possível fraude, o auditor faça investigações adicionais e determine que
modificações ou adições aos procedimentos de auditoria são necessárias para
solucionar o assunto.

Quando falarmos sobre risco de auditoria, veremos que o auditor não é


obrigado, nem pode reduzir o risco de auditoria a zero, e, portanto, não pode
obter segurança absoluta de que as demonstrações contábeis estão livres de
distorção relevante devido a fraude ou erro.

Bom, embora a fraude constitua um conceito jurídico amplo, para efeitos das
normas de auditoria, o auditor está preocupado com a fraude que causa
distorção relevante nas demonstrações contábeis. Dois tipos de distorções
intencionais são pertinentes para o auditor – distorções decorrentes de
informações contábeis fraudulentas e da apropriação indébita de
ativos.

Com relação às responsabilidades, a principal responsabilidade pela sua


prevenção e detecção é dos responsáveis pela governança da entidade e da
sua administração.

Assim, é importante que a administração, com a supervisão geral dos


responsáveis pela governança, enfatize a prevenção da fraude, o que pode
reduzir as oportunidades de sua ocorrência e a sua dissuasão, o que pode
persuadir os indivíduos a não perpetrar fraude por causa da probabilidade de
detecção e punição.

Já falamos sobre isso, mas não custa reforçar: O auditor não é responsável
pela prevenção ou detecção de erros e fraudes. Ele é responsável por
obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis, como um todo,
não contém distorções relevantes, causadas por fraude ou erro.

Nesse sentido, faz-se necessário destacar mais uma vez a expressão


“segurança razoável”, pois, devido às limitações inerentes ao trabalho de
auditoria, há um risco inevitável de que algumas distorções relevantes não
sejam detectadas, mesmo em uma auditoria devidamente planejada e
realizada de acordo com as normas cabíveis.

Lembre-se que os efeitos potenciais das limitações inerentes são


particularmente significativos no caso de fraude, pois o risco de não detectar
uma distorção relevante é mais alto do que nos casos decorrentes de erro.

Além disso, destaca-se que o risco do auditor não detectar uma distorção
relevante decorrente de fraude da administração é maior do que no caso de
fraude cometida por empregados, porque a administração, pela posição que
ocupa, tem mais condições de manipular os registros contábeis, apresentar
informações fraudulentas ou burlar procedimentos de controle.
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Portanto, são responsabilidades do auditor:

• identificar e avaliar os riscos de distorção relevante decorrente de


fraude;
• obter evidências sobre os riscos identificados de distorção relevante
decorrente de fraude, por meio da definição e implantação de respostas
apropriadas; e
• responder adequadamente face à fraude ou à suspeita de fraudes
identificada durante a auditoria.

Há, no entanto, situações em que a existência de fraudes deixa o auditor sem


condições de continuar o trabalho.

Exemplos dessas circunstâncias excepcionais incluem:

• o fato de a entidade não tomar a ação apropriada, considerada pelo


Auditor como necessária, com referência a uma fraude (mesmo no caso
em que a fraude não é relevante);
• risco significativo de existência de fraudes relevantes e generalizadas; e
• preocupação quanto à competência ou integridade da administração.

Portanto, se o auditor encontrar circunstâncias que coloquem em dúvida sua


capacidade de continuar a auditoria, como resultado de uma distorção
decorrente de fraude ou suspeita de fraude, deve:

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Determinar as responsabilidades profissionais e


legais aplicáveis à situação, inclusive se é
necessário informar à pessoa que aprovou sua
contratação ou, em alguns casos, às autoridades
reguladoras;

Considerar se seria apropriado o auditor retirar-se


do trabalho, quando essa saída for possível
conforme a lei ou regulamentação aplicável e caso
se retire:

discutir com a determinar se existe


administração e com os exigência profissional ou
responsáveis pela legal de comunicar outras
governança a sua saída e pessoas envolvidas
as razões da interrupção; e (acionistas, contratantes da
auditoria ou autoridades
reguladoras).

É importante ressaltar que a responsabilidade profissional e legal do auditor


continua existindo em tais circunstâncias. Em alguns casos, por exemplo, o
auditor pode ter o direito ou obrigação de fazer uma declaração ou relatório
para terceiros interessados, como acionistas, contratante da auditoria ou
órgãos reguladores e de controle.

Comunicação das fraudes identificadas

Segundo as normas de auditoria, caso o auditor tenha identificado uma fraude


ou obtido informações que indiquem a possibilidade de fraude, deve comunicar
estes assuntos tempestivamente à pessoa de nível apropriado da
administração que têm a responsabilidade primordial de prevenir e detectar
fraude. Isso é necessário mesmo que o assunto possa ser considerado não
importante (por exemplo, um desfalque mínimo cometido por empregado em
um nível inferior na organização da entidade).

Existem ainda situações de fraude que são mais sensíveis, como quando
envolvem a administração, empregados com funções chave na organização e
em casos de fraudes que gerem distorção relevante nas demonstrações
contábeis. Nessas hipóteses, a menos que todos os responsáveis pela
governança estejam envolvidos na administração da entidade, o auditor deve
comunicar tempestivamente esses assuntos aos responsáveis pela governança,
verbalmente ou por escrito16.

16
A NBC TA 260 identifica fatores que o auditor considera ao escolher entre comunicar-se verbalmente ou por escrito.
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Caso o auditor suspeite de fraude envolvendo a administração, o auditor deve


comunicar essas suspeitas aos responsáveis pela governança e discutir com
eles a natureza, época e extensão dos procedimentos de auditoria necessários
para concluir a auditoria.

Além disso, em alguns casos, o auditor pode considerar apropriado comunicar-


se com os responsáveis pela governança quando ele toma conhecimento de
fraude que envolva outros empregados que não os da administração e que não
resulte em distorção relevante. Similarmente, os responsáveis pela governança
podem desejar ser informados de tais circunstâncias.

Finalmente, há situações nas quais o auditor tem responsabilidade em


comunicar terceiros fora da entidade. Embora o dever profissional do auditor
de manter a confidencialidade da informação do cliente possa impedir que tais
informações sejam dadas, as responsabilidades legais do auditor podem ir de
encontro ao dever de sigilo em algumas situações.

O dever de confidencialidade não pode passar por cima de estatuto, lei ou


tribunais de direito. Por exemplo, no Brasil, o auditor de instituição financeira
tem o dever de relatar a ocorrência de fraude a autoridades de supervisão. Em
outros segmentos, o auditor também tem dever de relatar distorções nos casos
em que a administração e os responsáveis pela governança deixam de adotar
ações corretivas.

No entanto, cada caso deve ser analisado à luz da legislação apropriada e o


auditor pode considerar apropriado obter assistência jurídica para determinar o
curso de ação apropriado nessas circunstâncias.

Podemos resumir assim o dever do auditor de comunicar fraudes:

O auditor deve
Nos casos em que...
comunicar a (aos)...

Administração encontrar fraudes, mesmo que irrelevantes;

houver participação da administração nas fraudes;


houver participação de funcionários chaves de organização
Responsáveis pela (principalmente responsáveis pelo controle interno) nas
governança fraudes;
encontrar fraudes relevantes;
encontrar fraudes irrelevantes (opcional);

Órgãos reguladores e de
existam exigências legais.
controle (terceiros)

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Não conformidades

A responsabilidade do auditor em considerar as não conformidades com as


leis e os regulamentos aplicáveis na auditoria das demonstrações contábeis
é tratada pela NBC TA 25017.

Não conformidades são definidas como atos de omissão ou cometimento


pela entidade, intencionais ou não, que são contrários às leis ou
regulamentos vigentes.

O efeito de leis e regulamentos sobre as demonstrações contábeis varia


consideravelmente. Algumas entidades estão inseridas em ambientes
altamente regulamentados, nos quais as leis ou regulamentos têm efeito direto
sobre as demonstrações contábeis, determinando os valores e as divulgações
reportadas nas demonstrações contábeis da entidade. Outras nem tanto, as
leis ou regulamentos requerem conformidade pela administração ou
estabelecem as disposições sob as quais a entidade tem permissão para
conduzir seus negócios, mas não têm efeito direto sobre as demonstrações
contábeis da entidade.
Nesse sentido, o auditor deve estar atento, pois não conformidade com leis e
regulamentos pode resultar em multas, litígio ou outras consequências para a
entidade e que podem ter efeito relevante sobre as demonstrações contábeis.

Veja que, da mesma forma que ocorre com relação às fraudes e erros, o
auditor não é responsável pela prevenção e pela não conformidade e
não se pode esperar que ele detecte a não conformidade com todas as leis e
regulamentos.

Isso é natural, pois, no contexto das leis e regulamentos, existem muitas


razões que podem dificultar à capacidade do auditor de detectar distorções
relevantes, como por exemplo:

existência de leis e regulamentos que não afetam diretamente as


demonstrações contábeis e, portanto, podem escapar dos procedimentos
de auditoria realizados pelo auditor;

a não conformidade pode envolver fraudes, ou seja, conduta destinada a


ocultar as distorções relevantes, como conluio, falsificação, abstenção
deliberada no registro de transações, transgressão dos controles ou
representações imprecisas e intencionais da administração;

o auditor não é especialista em direito e, nesse sentido, o ato que


constitui não conformidade, em última instância, é assunto a ser
determinado legalmente por um tribunal de justiça.

17
Resolução CFC nº 1.208/2009.
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Em suma, a administração é responsável em assegurar que as operações da


entidade sejam conduzidas em conformidade com as disposições de leis e
regulamentos. Contudo, o auditor tem responsabilidade em conduzir a
auditoria levando em consideração a possibilidade da existência de não
conformidades.

As não conformidades são classificadas pelas normas em duas categorias


diferentes, sendo que a responsabilidade do auditor varia, dependendo de cada
uma:

Categoria Responsabilidade

Leis e regulamentos que tem efeito


O auditor deve obter evidência
direto na determinação dos valores
de auditoria apropriada e
e divulgações relevantes nas
suficiente quanto à
demonstrações contábeis (tais
conformidade com as
como leis e regulamentos para
disposições das leis e
impostos e planos de pensão).
regulamentos.

Outras leis e regulamentos sem


efeito direto na determinação dos
valores e divulgações nas
demonstrações contábeis, mas
cuja conformidade pode ser
O auditor limita-se a executar
fundamental para os aspectos
os procedimentos de auditoria
operacionais do negócio, para a
especificados para ajudar a
capacidade da entidade de
identificar não conformidades.
continuar com os negócios ou para
evitar penalidades relevantes (por
exemplo, a conformidade com os
termos de uma licença de
operação).

Os objetivos do auditor quanto às não conformidades podem ser resumidos


em:

(a) obter evidência de auditoria apropriada e suficiente no que se


refere à conformidade com as disposições das leis e regulamentos
geralmente reconhecidos por ter efeito direto na determinação dos
valores e divulgações relevantes nas demonstrações contábeis;

(b) executar procedimentos de auditoria específicos para ajudar a


identificar casos de não conformidade com outras leis e regulamentos
que possam ter efeito relevante sobre as demonstrações contábeis; e

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(c) responder adequadamente à não conformidade ou suspeita de não


conformidade com leis e regulamentos identificados durante a auditoria.

Vamos falar sobre os procedimentos de auditoria nas próximas aulas, mas


vamos adiantar que para identificar não conformidades o auditor deve
executar, no mínimo, sem prejuízo de outros procedimentos aplicáveis
durante a auditoria, os seguintes:

(a) obter o entendimento sobre a estrutura legal e regulamentar


aplicável à entidade e à atividade ou setor de atividade em que a
entidade opera, e de como a entidade está cumprindo com essa
estrutura;

(b) indagar junto à administração e, quando apropriado, aos


responsáveis pela governança; e

(c) inspecionar a correspondência, se houver, com as autoridades


responsáveis por licenciamento e regulamentação.

Para tanto, o auditor deve solicitar à administração e, quando apropriado, aos


responsáveis pela governança, que forneçam representações formais,
(falaremos mais profundamente sobre representações formas nas próximas
aulas) de que todos os casos de não conformidade ou suspeita de não
conformidade com as leis e regulamentos, foram divulgados ao auditor
independente.

Na ausência de não conformidade identificada ou suspeita, não se requer que o


auditor execute procedimentos adicionais de auditoria além daqueles mínimos
citados acima. Agora, se o auditor tomar conhecimento de informações
referentes a um caso, ou mesmo, suspeita de não conformidade, o auditor
deve obter:

(a) o entendimento da natureza do ato e das circunstâncias em que ele


ocorreu; e

(b) informações adicionais para avaliar o possível efeito sobre as


demonstrações contábeis.

Se o auditor suspeitar da existência de não conformidade, ele deve discutir o


assunto com a administração e, quando apropriado, com os responsáveis pela
governança. Estes devem fornecer ao auditor informações suficientes que
comprovem que a entidade está cumprindo as leis e regulamentos, caso isso
não ocorra, o auditor deve considerar a necessidade de obter assessoria legal.

Comunicação das não conformidades

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Aula 01

O auditor geralmente deve comunicar aos responsáveis pela governança


assuntos que envolvam não conformidade de que tenha tomado conhecimento
durante a auditoria. Essa comunicação só não ocorrerá se:

• tais assuntos forem claramente sem consequência; ou

• se todos os responsáveis pela governança estejam envolvidos na


administração da entidade e, portanto, já tenham conhecimento de
assuntos que envolvam não conformidades identificadas ou suspeitas já
comunicadas pelo auditor.

Se o auditor, segundo seu julgamento, acreditar que a não conformidade é


intencional e relevante, ele deve comunicar o assunto aos responsáveis pela
governança tão logo seja praticável.

Mas, se o auditor suspeitar que a administração ou os responsáveis pela


governança estão envolvidos na não conformidade, o auditor deve comunicar o
assunto ao nível de autoridade imediatamente superior da entidade, se existir,
como, por exemplo, o comitê de auditoria ou o órgão de supervisão geral.

Quando não houver autoridade superior, ou se o auditor acreditar que essa


comunicação não será eficaz, ou se estiver em dúvida quanto a quem
comunicar, ele deve considerar a necessidade de obter assessoria legal.

Além disso, se o auditor identificou ou tem suspeita de não conformidade de


leis e regulamentos, ele deve determinar se tem responsabilidade de relatar a
não conformidade identificada ou suspeita às partes fora da entidade.

Por fim, é importante lembrar que o auditor deve documentar adequadamente


em seus papéis de trabalho a não conformidade identificada ou suspeita e os
resultados da discussão com a administração e, quando aplicável, com os
responsáveis pela governança e outras partes fora da entidade.

Por enquanto é isso, voltaremos a esse assunto na aula sobre a opinião do


auditor, na qual veremos quais são os efeitos da não conformidade no relatório
de auditoria.

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Aula 01

Questões comentadas

Bom... chega de teoria... vamos resolver algumas questões sobre o que


acabamos de discutir.

01. (FCC/TRT20-Anal.Jud-Administrativa/2011) Dentre outros, são


princípios fundamentais de ética profissional relevantes para o Auditor quando
da condução de auditoria de demonstrações contábeis:

(A) formalismo e confiabilidade.


(B) integridade e pessoalidade.
(C) confidencialidade e motivação.
(D) formalismo e objetividade.
(E) integridade e objetividade.

Comentários:

Vimos que os princípios fundamentais de ética profissional são: integridade;


objetividade; competência e zelo profissional; confidencialidade e
comportamento (ou conduta) profissional.

Letras A e D: erradas, formalismo não é um princípio.


Letra B: errada, pessoalidade não é um princípio.
Letra C: errada, motivação não é um princípio.
Letra E: correta, integridade e objetividade são ambos princípios fundamentais
de ética profissional.

Portanto, o gabarito é a letra E.

02. (FCC/TRT24-Anal.Jud-Contabilidade/2011) O Código de Ética


Profissional do Contabilista, bem como as NBC-PAs (Normas Profissionais do
Auditor Independente), estabelecem princípios fundamentais de ética
profissional relevantes para o auditor, quando da condução de auditoria de
demonstrações contábeis, e fornece estrutura conceitual para a aplicação
desses princípios, que estão em linha com os princípios fundamentais, cujo
cumprimento pelo auditor é exigido pelo Código IFAC (International Federation
of Accountants). Tais princípios são:

(A) perspicácia, objetividade, competência e zelo profissional,


confidencialidade.
(B) perspicácia, subjetividade, competência e zelo profissional,
confidencialidade, conduta profissional.
(C) integridade, subjetividade, zelo profissional, confidencialidade, conduta
profissional.

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(D) integridade, objetividade, competência e zelo profissional,


confidencialidade, conduta profissional.
(E) perspicácia, competência e zelo profissional, transparência, conduta
profissional.

Comentários:

Vamos analisar cada alternativa, riscando o que não é princípio:

Letra A: perspicácia, objetividade, competência e zelo profissional,


confidencialidade.

Letra B: perspicácia, subjetividade, competência e zelo profissional,


confidencialidade, conduta profissional.

Letra C: integridade, subjetividade, zelo profissional, confidencialidade,


conduta profissional.

Letra D: integridade, objetividade, competência e zelo profissional,


confidencialidade, conduta profissional.

Letra E: perspicácia, competência e zelo profissional, transparência, conduta


profissional.

Portanto, o gabarito é a letra E.

03. (FCC/ISS-SP/2012) A independência do auditor externo da empresa


Aquisição S.A. é comprometida pelas situações:

I. A empresa Aquisição S.A. comprou a empresa Ágile S.A.. A firma de


auditoria da adquirente é a
mesma que realizou os trabalhos de due dilligence da empresa Aquisição S.A.
e de consultoria tributária
no ano da aquisição para a empresa Ágile.
II. O diretor financeiro da empresa Ágile S.A é primo em segundo grau do
diretor presidente da empresa
Aquisição S.A.
III. A firma de auditoria indica escritórios de advocacia para a empresa
Aquisição S.A. em suas contingências tributárias.

Afeta a independência do auditor externo o que consta em

(A) III, apenas.


(B) II, apenas.
(C) I, II e III.
(D) I, apenas.
(E) II e III, apenas.
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Comentários:

Vamos analisar cada um dos itens:

I – Certo. Outros serviços prestados podem gerar ameaças à independência do


auditor.

II – Errado. As relações familiares que podem gerar ameaças à independência


são aquelas entre o auditor e a empresa auditada – o que não é o caso do
item.

III – Errado. Não há vedações em relação à indicação de outra empresa para


prestar um serviço. O que não pode acontecer é cobrar comissões por esse
tipo de indicação.

Logo, o gabarito é o item D.

04. (ESAF/AFRFB/2012) A empresa Betume S.A. é uma empresa de


interesse público que vem sendo auditada pela empresa Justos Auditores
Independentes, pelo mesmo sócio-principal há sete anos. Considerando a NBC
PA 290, deve a firma de auditoria externa

(A) ser substituída por outra, não podendo retornar a fazer a auditoria da
empresa no prazo de dez anos.
(B) fazer a substituição desse sócio-principal, podendo o mesmo retornar a
fazer trabalhos de auditoria nessa companhia somente após cinco anos.
(C) substituir toda a equipe de auditoria, podendo retornar aos trabalhos nessa
companhia, decorridos no mínimo três anos.
(D) trocar o sócio-principal e demais sócios-chave do trabalho, podendo
retornar a fazer auditoria após decorrido o prazo de dois anos.
(E) comunicar ao cliente a manutenção do sócio-principal, ficando a cargo do
órgão regulador a determinação ou não da substituição.

Comentários:

Vimos que existe a necessidade de rotação de liderança em firmas de


auditoria.

Assim, um sócio-chave da auditoria deve ficar no máximo 5 anos com o


mesmo cliente e não retornar a equipe por um período mínimo de 2 anos.

Lembre do desenho que fizemos em aula...

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Entidades de interesse do público:

Gabarito da questão: Letra D.

05. (ESAF/AFRFB/2012) A Revisão do Controle de Qualidade do Trabalho é


desenhada para fornecer uma avaliação objetiva, na data, ou antes da data, do
relatório, dos julgamentos significativos feitos pela equipe de trabalho e das
conclusões a que se chegou durante a elaboração do relatório. Essa revisão
deve ser feita

(A) por profissional qualificado e que tenha participado do processo de


auditoria.
(B) somente por profissional da firma que efetuou a auditoria e desde que não
tenha participado do trabalho.
(C) após a entrega do relatório de auditoria ao cliente, permitindo a avaliação
de todo o trabalho, inclusive os eventos subsequentes.
(D) somente por profissional externo a firma de auditoria e desde que tenha as
qualificações requisitadas.
(E) também pelas firmas de auditoria de pequeno porte, podendo ser utilizado
profissionais externos, desde que tenham as qualificações necessárias.

Comentários:

Vamos analisar cada um dos itens...

Item A: errado. Esse processo não pode ser realizado por pessoas que
participaram do trabalho de auditoria.

Item B: errado. Não são somente profissionais da firma, é também possível


utilizar profissionais externos.

Item C: errado. Essa revisão deve ser feita antes da entrega do relatório. Não
faria nenhum sentido revisar um trabalho depois de terminado, assinado e
entregue ao cliente.

Item D: errado. De forma semelhante ao item B, a palavra “somente” invalida


o item.

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Item E: correto. Realmente empresas de pequeno porte devem também estar


sujeitas a revisão do seu trabalho. A utilização de profissionais externos é
aceita sempre que possível, principalmente em situações em que a firma não
dispõe de pessoal próprio para realizar essa revisão.

Gabarito da questão: Letra E.

06. (ESAF/AFRFB/2009) - adaptada - O auditor da empresa Negócios S.A.


estabeleceu três procedimentos obrigatórios para emissão da opinião. O
primeiro, que a empresa renovasse o contrato de auditoria para o próximo
ano, o segundo, que a empresa emitisse representação formal de que ela
cumpriu a sua responsabilidade pela elaboração das demonstrações contábeis
de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável e o terceiro, que o
relatório de auditoria seria assinado por sócio do escritório de contabilidade,
cuja única formação é administração de empresas. Pode-se afirmar, com
relação aos procedimentos, respectivamente, que:

(A) é ético, não é procedimento de auditoria e atende as normas de auditoria e


da pessoa do auditor.
(B) não é ético, não é procedimento de auditoria e não atende as normas de
auditoria e da pessoa do auditor.
(C) é ético, não deve ser considerado para emissão do parecer e atende as
normas de auditoria e da pessoa do auditor.
(D) é ético, considera-se apenas em alguns casos para emissão do parecer e
não atende as normas de auditoria e pessoa do auditor.
(E) não é ético, é procedimento de auditoria e não atende as normas de
auditoria e da pessoa do auditor.

Comentários:

O enunciado pede para avaliarmos três procedimentos que o auditor


estabeleceu como condições para a emissão de sua opinião, quais sejam:

1) que a empresa renovasse o contrato de auditoria para o próximo


ano;

Ora, o auditor deve pautar sua conduta pela integridade e independência,


assim, condicionar a emissão de sua opinião à manutenção do contrato de
auditoria causa um conflito de interesse incompatível com sua profissão, que
apesar de não estar expresso na norma, revela um comportamento aético.

2) que a empresa emitisse representação formal de que ela cumpriu a


sua responsabilidade pela elaboração das demonstrações contábeis de
acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável;

Esse é um procedimento normal de auditoria previsto na NBC TA 580. Como


dissemos, a Representação Formal é uma declaração escrita pela
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administração, fornecida ao auditor, para confirmar certos assuntos ou


suportar outra evidência de auditoria.

Vimos que, entre outros usos, o auditor deve solicitar à administração que
forneça representação formal de que ela cumpriu a sua responsabilidade pela
elaboração das demonstrações contábeis de acordo com a estrutura de
relatório financeiro aplicável, incluindo quando relevante a adequada
apresentação, como estabelecido nos termos do trabalho de auditoria.

3) que o relatório seria assinado por sócio do escritório de


contabilidade, cuja única formação é administração de empresas;

As normas de auditoria dispõe que o relatório de auditoria deve ser assinado


pelo auditor, tanto da firma como do sócio ou responsável técnico, com o
respectivo número de registro no Conselho Regional de Contabilidade na
categoria de Contador.

Gabarito da questão: Letra E.

07. (ESAF/Analista de Normas Contábeis e Auditoria – CVM/2010)


Visando manter a qualidade e a credibilidade do seu trabalho, ao identificar
ameaças que possam comprometer a sua independência, o auditor deve tomar
a seguinte providência:

(A) comunicar a direção da entidade auditada, para que sejam tomadas as


providências necessárias à sua eliminação.
(B) aplicar as salvaguardas adequadas, para eliminar as ameaças ou reduzi-las
a um nível aceitável, documentando-as.
(C) propor aos responsáveis pela entidade de auditoria a supressão das
ameaças mediante acordo entre as entidades.
(D) documentar as ameaças e comunicá-las aos órgãos de supervisão e
controle do setor em que atua a entidade auditada.
(E) eliminar as ameaças mediante comunicação aos responsáveis pela
governança da entidade auditada e fazer constar tais providências no seu
parecer.

Comentários:

Vimos que a independência do auditor pode ser afetada por ameaças de


interesse próprio, autorrevisão, defesa de interesses do cliente, familiaridade e
intimidação.

Sempre que o auditor encontrar ameaças, devem ser definidas e aplicadas


salvaguardas adequadas para eliminar a ameaça ou reduzi-la a um nível
aceitável, documentando essa decisão.

Logo, o gabarito é o item B.


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08. (ESAF/Analista de Normas Contábeis e Auditoria – CVM/2010)


Assinale a opção que indica uma ação capaz de eliminar a perda de
independência da entidade de auditoria por interesse financeiro direto.

(A) Fazer constar nos relatórios produzidos o tipo de interesse financeiro, a


extensão desse interesse.
(B) Encerrar o trabalho de auditoria ou transferi-lo a outra entidade.
(C) Alienar o interesse financeiro direto antes de a pessoa física tornar-se
membro da equipe de auditoria.
(D) Alienar o interesse financeiro ou transferi-lo temporariamente até a
conclusão dos trabalhos.
(E) Comunicar às entidades de supervisão e controle a existência desse
interesse e aguardar pronunciamento.

Comentários:

Voltando aos quadros apresentados na aula, é possível verifica que a única


salvaguarda que pode reduzir a ameaça à independência é a alienação do
interesse financeiro pelo membro da equipe de auditoria (item C).

Gabarito da questão: Letra C.

09. (ESAF/Analista de Normas Contábeis e Auditoria – CVM/2010) O


responsável pela revisão da qualidade dos trabalhos de auditoria deve realizar
uma avaliação objetiva dos julgamentos significativos levando em conta os
seguintes aspectos, exceto:

(A) avaliação das conclusões atingidas ao elaborar o relatório e considerar se o


relatório é apropriado.
(B) discussão de assuntos significativos com o encarregado do trabalho.
(C) revisão da documentação selecionada de auditoria relativa aos julgamentos
significativos feitos pela equipe de trabalho e das conclusões obtidas.
(D) revisão das demonstrações contábeis e do relatório proposto.
(E) discussão do julgamento e relatório com a direção da entidade auditada.

Comentários:

Conforme discutimos, o único item que não faz parte desse processo é o
“discussão do julgamento e relatório com a direção da entidade auditada”.

Gabarito da questão: Letra E.

10. (ESAF/ATM/Natal/2008) A firma de auditoria Verificações Ltda. foi


convidada, pela empresa Múltiplos S.A., para elaborar proposta de auditoria
para suas demonstrações contábeis relativas ao ano de 2007. O auditor, nesse
período, já havia efetuado a revisão das declarações de imposto de renda da
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empresa e consultoria, elaborando a avaliação dos ativos de uma empresa


coligada, para que a mesma fosse incorporada pela empresa Múltiplos S.A.
Deve o auditor, nessa situação,

(A) recusar o convite de auditoria por conflito nos trabalhos já executados e os


a serem desempenhados.
(B) participar do processo elaborando proposta que evidencie os trabalhos já
executados e os honorários cobrados.
(C) omitir os serviços de consultoria prestados, deixando que o cliente analise
sua independência ou não para realização do trabalho.
(D) exigir os trabalhos como complemento das atividades já desempenhadas
na empresa.
(E) aceitar o convite, com limitação de escopo, restringindo os trabalhos
somente aos processos dos quais não tenha participado como consultor.

Comentários:

O enunciado nos informa que o auditor já havia efetuado a revisão das


declarações de imposto de renda da empresa e consultoria, elaborando a
avaliação dos ativos de uma empresa coligada, para efeitos de incorporação.

Como já visto a prestação de serviços de consultoria de uma forma em geral


pode causar a perda da independência do auditor externo. Além disso, a NBC
PA 290 cita expressamente a prestação de serviços de consultoria de avaliação
de empresas e reavaliação de ativos como passível dessa perda.

Portanto, nessa situação, cabe ao auditor recusar o trabalho em virtude do


conflito de interesses em relação aos trabalhos já realizados.

Gabarito, letra A.

11. (ESAF/AFRE/Sefaz-CE/2006) É fator determinante para a recusa de


um trabalho de auditoria externa

(A) o auditor ser importante acionista da empresa auditada.


(B) o auditor ter conhecimento suficiente sobre o negócio da empresa.
(C) a possibilidade de o profissional contratado poder realizar o trabalho com
imparcialidade.
(D) a necessidade de uso de especialistas para avaliação de áreas específicas.
(E) a existência de fraude ou erro nas demonstrações auditadas.

Comentários:

Letra A

A assertiva ‘a’ representa flagrantemente uma ameaça de interesse próprio, o


auditor não pode ter participação relevante na empresa que irá auditar.
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Portanto, esse fator é determinante para a recusa de um trabalho de auditoria


externa.

Letra B

Além de não ser um fator determinante para a recusa do trabalho, essa


assertiva representa uma das competências que são desejáveis em um auditor
independente.

Letra C

Uma das qualidades essenciais do auditor é portar-se com imparcialidade.

Letra D

O auditor não é obrigado a conhecer todas as áreas de conhecimento


necessárias para a realização de uma auditoria, caso necessite pode utilizar do
trabalho de especialistas, portanto, isso não é motivo para a recusa do
trabalho.

Letra E

A existência de fraude ou erro nas demonstrações não é motivo para a recusa


do trabalho, na realidade, é responsabilidade do auditor obter segurança
razoável de que as demonstrações contábeis, como um todo, não contém
distorções relevantes, causadas por fraude ou erro (veremos esse assunto
mais adiante), e caso contenham é dever do auditor, caso as identifique,
relatar tal fato à administração.

Gabarito: letra A.

12. (FGV/ICMS-RJ/2010) A respeito do controle de qualidade da Auditoria


das Demonstrações Contábeis, analise as afirmativas a seguir:

I. Os sistemas, as políticas e os procedimentos de controle de qualidade são de


responsabilidade da empresa auditada que deve seguir as políticas e processos
de trabalho implantadas.

II. O revisor do controle de qualidade do trabalho deve realizar uma avaliação


subjetiva dos julgamentos feitos pela equipe de trabalho e, ao elaborar o
relatório, as conclusões devem envolver a revisão das demonstrações
contábeis.

III. No caso de surgirem diferenças de opinião dentro da equipe de trabalho,


com as pessoas consultadas ou, quando aplicável, entre o sócio encarregado
do trabalho e o revisor do controle de qualidade do trabalho, a equipe de

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trabalho deve seguir as políticas e procedimentos da firma para tratar e


resolver as diferenças de opinião.

Assinale:

(A) se somente a afirmativa I estiver correta.


(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

Comentários:

Todos os itens podem ser respondidos a partir da leitura da NBC PA 01


(Resolução CFC nº 1.201/09).

I. Errado, pois o sistema de controle de qualidade da firma de auditoria é do


presidente da firma de auditoria (sócio-gerente ou equivalente) ou da diretoria
executiva da firma de auditoria (ou equivalente).

II. Errado, pois a avaliação do revisor do controle de qualidade deve ser


objetiva.

III. Correto. Eventuais divergências devem ser tratadas de acordo com


políticas e procedimentos estabelecidos pela firma de auditoria.

O gabarito é a letra C.

13. (FCC/Auditor-Fiscal Tributário Municipal – Sefin SP/2006) –


Adaptada – Segundo a NBC PA 01, a comunicação dos resultados do
monitoramento do sistema de qualidade interno dos serviços prestados por
empresa de auditoria independente deve ser efetuado a cada

(A) ano.
(B) dois anos.
(C) três anos.
(D) quatro anos.
(E) cinco anos.

Comentários:

Vimos que um dos pilares do controle de qualidade de uma firma de auditoria é


a avaliação contínua de que as políticas e os procedimentos de controle de
qualidade são relevantes, adequados e estão operando de maneira efetiva
(=monitoramento).

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De acordo com a NBC PA 01, a firma deve comunicar, pelo menos uma vez por
ano, os resultados do monitoramento de seu sistema de controle de qualidade
aos sócios encarregados dos trabalhos e outras pessoas apropriadas na firma,
incluindo o presidente ou, se apropriado, a diretoria executiva da firma.

Essa comunicação deve ser suficiente para permitir que a firma e essas
pessoas adotem prontamente as ações apropriadas, quando necessário, de
acordo com suas funções e responsabilidades definidas.

Portanto, o gabarito é a letra A.

14. (Cespe/Controle Interno MPE PI/2012) Se uma quantidade


significativa das aplicações financeiras de determinado auditor for constituída
de quotas de participação em fundo comum de investimentos mantido por
instituição financeira oficial do governo federal e se esse fundo for proprietário
de títulos mobiliários da entidade que o referido auditor deve auditar, então ele
estará proibido de auditá-la.

Comentários:

Lembre que, mesmo no caso de interesses financeiros indiretos, se eles forem


relevantes para o auditor ou para a firma de auditoria, não haverá nenhuma
salvaguarda pode reduzir a ameaça a um nível aceitável. Portanto, a auditoria
não deverá ser realizada.

Gabarito da questão: Certo.

15. (Cespe/Contador Seduc AM/2011) De acordo com o código de ética


que rege os profissionais da contabilidade, um contador não pode exercer sua
profissão caso reste comprovada incapacidade técnica no exercício de suas
atividades. Além disso, cabe a todos os contadores cumprir os programas
obrigatórios de educação continuada estabelecidos pelo Conselho Federal de
Contabilidade.

Comentários:

Perfeito, vimos que a competência técnica é essencial para a aceitação de um


trabalho de auditoria e que os profissionais de auditoria devem passar por
programas de educação continuada.

Gabarito da questão: Certo.

16. (FCC–ISS/SP–2012) A empresa Resistente S.A. não concordou em


apresentar a carta de responsabilidade da administração. Nesse caso, o auditor

(A) não deve aceitar o trabalho, em qualquer situação, ainda que exigido por
lei.
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(B) deve denunciar a empresa aos órgãos competentes e recusar a auditoria.


(C) deve aceitar o trabalho, estabelecendo a limitação de escopo e
evidenciando a recusa no relatório da auditoria.
(D) não deve aceitar o trabalho a menos que seja exigido por lei ou
regulamento.
(E) deve ressalvar o parecer, apresentando nota de ênfase em qualquer
situação.

Comentários:

Falaremos com detalhes sobre a carta de responsabilidade da administração


(representação formal) nas próximas aulas, mas com o que aprendemos até
agora já podemos responder com segurança essa questão.

Ora, aprendemos que existem algumas situações que impedem que o auditor
independente aceite o trabalho de auditoria, entre elas está a não obtenção da
concordância da administração de que ela reconhece e entende sua
responsabilidade pela elaboração das demonstrações contábeis de acordo com
a estrutura de relatório financeiro aplicável, incluindo, quando relevante, sua
adequada apresentação.

Essa concordância da administração é expressa por meio de um documento


chamado representação formal, chamado de carta de responsabilidade da
administração pelas normas revogadas.

Assim, a regra é que o auditor independente recuse o trabalho no caso da não


obtenção da concordância da administração quanto às suas responsabilidades,
exceto seja obrigado por lei ou regulamento a aceitar o trabalho
independentemente da obtenção da manifestação da administração.

Portanto, o gabarito é a letra D.

17. (ESAF/AFRFB/2012) Pode-se afirmar que, para a aceitação do risco de


um trabalho de auditoria externa, deve o auditor avaliar

I. se os sócios e equipe são, ou podem razoavelmente tornar-se,


suficientemente competentes para assumir o trabalho.
II. qual a atitude dos colaboradores e dos grupos de colaboradores em relação
ao ambiente de controle interno e seus pontos de vista sobre interpretações
agressivas ou inadequadas de normas contábeis.
III. se terá acesso aos especialistas necessários para a realização do trabalho.

(A) Todas estão corretas.


(B) Apenas I e II estão corretas.
(C) Apenas II e III estão erradas.
(D) Somente a III está correta.
(E) Todas estão erradas.
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Comentários:

Vimos que um sistema de controle de qualidade inclui políticas e


procedimentos que tratam da aceitação e continuidade do relacionamento com
clientes e de trabalhos específicos.

Assim, esse sistema deve fornecer segurança razoável de que a aceitação e


continuidade do relacionamento com clientes apenas se dará nos casos em que
o auditor:

• é competente para executar o trabalho e possui habilidades, incluindo


tempo e recursos, para isso;
• consegue cumprir as exigências éticas relevantes; e
• considerou a integridade do cliente, e não tem informações que o levaria
a concluir que o cliente não é íntegro

Vamos analisar cada um dos itens...

Item I: certo. Sabemos que a competência técnica é requisito necessário para


assumir um trabalho de auditoria, tanto dos sócios quantos dos membros da
equipe.

Item II: certo. O auditor deve ter razoável confiança na integridade do cliente,
principalmente sobre os sistemas de controle interno e seus responsáveis, para
que não se submeta a um risco de auditoria não controlável.

Item III: certo. O auditor muitas vezes depende do trabalho de especialistas


para conduzir o seu trabalho, e isso faz parte dos recursos necessários para
executar a auditoria.

Logo, todos os itens estão corretos.

O gabarito é a letra A.

18. (FCC/TRE CE/Analista Judiciário – Contabilidade/2012) Um auditor


externo ao proceder a auditoria da empresa Grãos e Cia, constata no ano de
2010, na fase pré-operacional da unidade construída em Palmas, o custo de R$
18.000.000,00 relativos à terraplanagem do terreno da fábrica. Foram feitos
os testes, que evidenciaram que o contrato de serviços de terraplanagem foi
realizado com empresa devidamente constituída juridicamente e em atividade
normal. O pagamento do serviço contratado foi efetuado à empresa de
terraplanagem e comprovado por pagamento eletrônico constante do extrato
bancário. O auditor em procedimento complementar e diante da
expressividade dos valores foi até a unidade verificar os serviços. Ao indagar
alguns funcionários foi informado que o serviço de terraplanagem havia sido
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feito pela prefeitura da cidade, a qual também doou o terreno a empresa Grãos
e Cia. Os funcionários também informaram que nunca esteve na empresa
Grãos e Cia qualquer funcionário da empresa de terraplanagem contratada.

O procedimento do auditor mostra uma postura de


a) falta de ética profissional por desconfiar da administração.
b) investigação, atitude não pertinente às atividades do auditor.
c) julgamento profissional avaliando a licitude dos atos da equipe de
auditores.
d) representante da Governança no processo de identificação de todas as
fraudes.
e) ceticismo profissional adequada às normas de auditoria.

Comentários:

As normas de auditoria destacam que o auditor deve planejar e executar a


auditoria com ceticismo profissional, exercendo sempre seu julgamento
profissional.

O ceticismo profissional é a postura cética do auditor ao analisar as


informações contábeis de uma entidade. Deve estar alerta, por exemplo, a
evidências que contradigam outras evidências obtidas, informações que
coloquem em dúvida a confiabilidade dos documentos recebidos, condições que
possam indicar possível fraude ou que demandem procedimentos de auditoria
além dos exigidos pelas normas de auditoria.

Nesse sentido, conforme o enunciado da questão, o auditor em procedimento


complementar e diante da expressividade dos valores foi até a unidade
verificar os serviços.

19. (ESAF/CGU/2012) Para o auditor independente, os atos de omissão ou


cometimento pela entidade, intencionais ou não, contrários às leis ou
regulamentos vigentes, são considerados:

a) Evidência de auditoria.
b) Erro.
c) Fraude.
d) Não conformidade.
e) Achado de auditoria.

Comentários:

O enunciado nos trouxe a definição de não conformidade contida na NBC TA


250.

Portanto o gabarito é a letra D.

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20. (ESAF/CGU/2012) Para lidar com riscos avaliados de distorção relevante


decorrente de fraude, o auditor independente pode lançar mão dos seguintes
procedimentos de auditoria, exceto:

a) Visitar locais ou executar certos testes de surpresa, sem anúncio prévio.


b) Rever o nível e a adequação dos relatórios de gastos apresentados pela alta
administração.
c) Executar procedimentos em contas ou outras conciliações elaboradas pela
entidade.
d) Testar a integridade de registros e operações processados em sistema
computadorizado.
e) Buscar evidências de auditoria adicionais em fontes fora da entidade sendo
auditada.

Comentários:

O item B apresenta um procedimento inútil para o propósito exposto no


enunciado, pois independente do nível e adequação os relatórios poderão ser
fraudados, uma vez que são produzidos pela própria administração.

Portanto o gabarito é a letra B.

21. (FCC/ISS SP/2012) No processo de Auditoria, o auditor

(A) deve, em conjunto com a administração, atestar que todos os processos,


riscos e possibilidades de fraudes foram avaliadas e ter a certeza da
integridade da informação.
(B) pode, após ter executado todos os testes, ter a certeza da integridade da
informação atestando todas as demonstrações contábeis exigidas em seu
parecer de auditoria.
(C) não pode ter certeza da integridade da informação, embora tenha
executado os procedimentos de auditoria para obter certeza de que todas as
informações relevantes foram obtidas.
(D) pode, tendo aplicado os procedimentos de auditoria, atestar a integridade
da informação, mas não pode se eximir de certificar, por meio de seu relatório,
a exatidão das demonstrações contábeis.
(E) não deve atestar a integridade das informações contábeis, das notas
explicativas e dos demais relatórios publicados pela empresa, enquanto não
obtiver uma carta da administração atestando as demonstrações em conjunto.

Comentários:

O auditor, embora não possa ter certeza da integridade das informações


obtidas, é responsável por obter segurança razoável de que as demonstrações
contábeis, como um todo, não contém distorções relevantes, causadas por
fraude ou erro.

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Falamos que devido às limitações inerentes ao trabalho de auditoria, há um


risco inevitável de que algumas distorções relevantes não sejam detectadas,
mesmo em uma auditoria devidamente planejada e realizada de acordo com as
normas cabíveis.

Portanto o gabarito é a letra C.

22. (ESAF/ATM/Natal/2008) A responsabilidade primária na prevenção e


identificação de fraudes e erros na empresa é:

a) da administração.
b) da auditoria interna.
c) do comitê de gestão corporativa.
d) do Conselho Fiscal.
e) da auditoria externa.

Comentários:

Vimos que a responsabilidade primária pela prevenção e detecção de fraudes é


da entidade.

Portanto o gabarito é a letra A.

23. (ESAF/AFRFB/2009) A responsabilidade primária na prevenção e


detecção de fraudes e erros é:

a) da administração.
b) da auditoria interna.
c) do conselho de administração.
d) da auditoria externa.
e) do comitê de auditoria.

Comentários:

Essa questão é idêntica à analisada no item anterior. Esse é só um, dos


inúmeros exemplos que mostram a importância da resolução de provas
passadas, são pontos certos e preciosos para a aprovação.

Segundo a NBC TA 240, a principal responsabilidade pela prevenção e


detecção da fraude é dos responsáveis pela governança da entidade e da sua
administração.

Portanto o gabarito é a letra A.

24. (ESAF/APOFP/Sefaz-SP/2009) Por ser um ato não intencional na


elaboração de registros e demonstrações contábeis, é correto afirmar que se
trata de um erro:
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a) a alteração de documentos visando modificar os registros de ativos,


passivos e resultados.
b) a apropriação indébita de ativos.
c) a supressão ou omissão de transações nos registros contábeis.
d) o registro de transações sem comprovação.
e) a aplicação incorreta das normas contábeis.

Comentários:

Essa questão trata das definições de erro e fraude, vimos que o ato não
intencional caracteriza o erro; o intencional, a fraude.

Portanto, a alteração de documentos visando modificar os registros; a


apropriação indébita; a supressão ou omissão de transações e o registro de
transações são exemplos de atos intencionais que visam um objetivo
específico.

Por sua vez a aplicação incorreta, quando não proposital, das normas
contábeis é considerada um erro.

Portanto o gabarito é a letra E.

25. (ESAF/AFRFB/2012) O auditor externo, ao realizar seu trabalho na


empresa Expansão S.A., identificou vários pontos com não conformidades nos
controles internos. Com relação a esses pontos, deve o auditor

a) documentá-los em seus papeis de trabalho, para apresentação à


administração quando solicitado.
b) evidenciá-los no relatório de auditoria, demonstrando os efeitos nas
demonstrações contábeis.
c) exigir a elaboração de notas explicativas, evidenciando o impacto nas
demonstrações contábeis.
d) encaminhar às diretorias responsáveis das áreas onde foram apontadas as
não conformidades, determinando a correção dos erros, antes da emissão do
relatório de auditoria.
e) comunicar à administração por meio de carta, relatando os pontos de
deficiências encontradas.

Comentários:

Vamos analisar item a item:

Item A: De fato, o auditor deve documentar as deficiências do controle interno


em seus papeis de trabalho, contudo o objetivo não é a apresentação à
administração quando solicitado e, sim, comprovar que conduziu a auditoria
em consonância com as normas da profissão.
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Item B: O auditor não tem o dever de demonstrar o efeito das deficiências dos
controles internos no seu relatório de auditoria.

Item C: Não cabe ao auditor exigir a elaboração de notas explicativas.

Item D: O auditor tem o dever de informar à administração e aos responsáveis


pela governança e não às diretorias responsáveis das áreas, além disso, não
cabe ao auditor determinar qualquer correção de erros, ele deve apenas
relatá-los.

Item E: Apesar de incompleto, o enunciado está correto. De fato, o auditor


deve comunicar tempestivamente à administração no nível apropriado de
responsabilidade por escrito, as deficiências significativas de controle interno.

Portanto o gabarito é a letra E.

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Lista de Questões

01. (FCC/TRT20-Anal.Jud-Administrativa/2011) Dentre outros, são


princípios fundamentais de ética profissional relevantes para o Auditor quando
da condução de auditoria de demonstrações contábeis:

(A) formalismo e confiabilidade.


(B) integridade e pessoalidade.
(C) confidencialidade e motivação.
(D) formalismo e objetividade.
(E) integridade e objetividade.

02. (FCC/TRT24-Anal.Jud-Contabilidade/2011) O Código de Ética


Profissional do Contabilista, bem como as NBC-PAs (Normas Profissionais do
Auditor Independente), estabelecem princípios fundamentais de ética
profissional relevantes para o auditor, quando da condução de auditoria de
demonstrações contábeis, e fornece estrutura conceitual para a aplicação
desses princípios, que estão em linha com os princípios fundamentais, cujo
cumprimento pelo auditor é exigido pelo Código IFAC (International Federation
of Accountants). Tais princípios são:

(A) perspicácia, objetividade, competência e zelo profissional,


confidencialidade.
(B) perspicácia, subjetividade, competência e zelo profissional,
confidencialidade, conduta profissional.
(C) integridade, subjetividade, zelo profissional, confidencialidade, conduta
profissional.
(D) integridade, objetividade, competência e zelo profissional,
confidencialidade, conduta profissional.
(E) perspicácia, competência e zelo profissional, transparência, conduta
profissional.

03. (FCC/ISS-SP/2012) A independência do auditor externo da empresa


Aquisição S.A. é comprometida pelas situações:

I. A empresa Aquisição S.A. comprou a empresa Ágile S.A.. A firma de


auditoria da adquirente é a
mesma que realizou os trabalhos de due dilligence da empresa Aquisição S.A.
e de consultoria tributária
no ano da aquisição para a empresa Ágile.
II. O diretor financeiro da empresa Ágile S.A é primo em segundo grau do
diretor presidente da empresa
Aquisição S.A.

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III. A firma de auditoria indica escritórios de advocacia para a empresa


Aquisição S.A. em suas contingências tributárias.

Afeta a independência do auditor externo o que consta em

(A) III, apenas.


(B) II, apenas.
(C) I, II e III.
(D) I, apenas.
(E) II e III, apenas.

04. (ESAF/AFRFB/2012) A empresa Betume S.A. é uma empresa de


interesse público que vem sendo auditada pela empresa Justos Auditores
Independentes, pelo mesmo sócio-principal há sete anos. Considerando a NBC
PA 290, deve a firma de auditoria externa

(A) ser substituída por outra, não podendo retornar a fazer a auditoria da
empresa no prazo de dez anos.
(B) fazer a substituição desse sócio-principal, podendo o mesmo retornar a
fazer trabalhos de auditoria nessa companhia somente após cinco anos.
(C) substituir toda a equipe de auditoria, podendo retornar aos trabalhos nessa
companhia, decorridos no mínimo três anos.
(D) trocar o sócio-principal e demais sócios-chave do trabalho, podendo
retornar a fazer auditoria após decorrido o prazo de dois anos.
(E) comunicar ao cliente a manutenção do sócio-principal, ficando a cargo do
órgão regulador a determinação ou não da substituição.

05. (ESAF/AFRFB/2012) A Revisão do Controle de Qualidade do Trabalho é


desenhada para fornecer uma avaliação objetiva, na data, ou antes da data, do
relatório, dos julgamentos significativos feitos pela equipe de trabalho e das
conclusões a que se chegou durante a elaboração do relatório. Essa revisão
deve ser feita

(A) por profissional qualificado e que tenha participado do processo de


auditoria.
(B) somente por profissional da firma que efetuou a auditoria e desde que não
tenha participado do trabalho.
(C) após a entrega do relatório de auditoria ao cliente, permitindo a avaliação
de todo o trabalho, inclusive os eventos subsequentes.
(D) somente por profissional externo a firma de auditoria e desde que tenha as
qualificações requisitadas.
(E) também pelas firmas de auditoria de pequeno porte, podendo ser utilizado
profissionais externos, desde que tenham as qualificações necessárias.

06. (ESAF/AFRFB/2009) - adaptada - O auditor da empresa Negócios S.A.


estabeleceu três procedimentos obrigatórios para emissão da opinião. O
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primeiro, que a empresa renovasse o contrato de auditoria para o próximo


ano, o segundo, que a empresa emitisse representação formal de que ela
cumpriu a sua responsabilidade pela elaboração das demonstrações contábeis
de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável e o terceiro, que o
relatório de auditoria seria assinado por sócio do escritório de contabilidade,
cuja única formação é administração de empresas. Pode-se afirmar, com
relação aos procedimentos, respectivamente, que:

(A) é ético, não é procedimento de auditoria e atende as normas de auditoria e


da pessoa do auditor.
(B) não é ético, não é procedimento de auditoria e não atende as normas de
auditoria e da pessoa do auditor.
(C) é ético, não deve ser considerado para emissão do parecer e atende as
normas de auditoria e da pessoa do auditor.
(D) é ético, considera-se apenas em alguns casos para emissão do parecer e
não atende as normas de auditoria e pessoa do auditor.
(E) não é ético, é procedimento de auditoria e não atende as normas de
auditoria e da pessoa do auditor.

07. (ESAF/Analista de Normas Contábeis e Auditoria – CVM/2010)


Visando manter a qualidade e a credibilidade do seu trabalho, ao identificar
ameaças que possam comprometer a sua independência, o auditor deve tomar
a seguinte providência:

(A) comunicar a direção da entidade auditada, para que sejam tomadas as


providências necessárias à sua eliminação.
(B) aplicar as salvaguardas adequadas, para eliminar as ameaças ou reduzi-las
a um nível aceitável, documentando-as.
(C) propor aos responsáveis pela entidade de auditoria a supressão das
ameaças mediante acordo entre as entidades.
(D) documentar as ameaças e comunicá-las aos órgãos de supervisão e
controle do setor em que atua a entidade auditada.
(E) eliminar as ameaças mediante comunicação aos responsáveis pela
governança da entidade auditada e fazer constar tais providências no seu
parecer.

08. (ESAF/Analista de Normas Contábeis e Auditoria – CVM/2010)


Assinale a opção que indica uma ação capaz de eliminar a perda de
independência da entidade de auditoria por interesse financeiro direto.

(A) Fazer constar nos relatórios produzidos o tipo de interesse financeiro, a


extensão desse interesse.
(B) Encerrar o trabalho de auditoria ou transferi-lo a outra entidade.
(C) Alienar o interesse financeiro direto antes de a pessoa física tornar-se
membro da equipe de auditoria.
(D) Alienar o interesse financeiro ou transferi-lo temporariamente até a
conclusão dos trabalhos.
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(E) Comunicar às entidades de supervisão e controle a existência desse


interesse e aguardar pronunciamento.

09. (ESAF/Analista de Normas Contábeis e Auditoria – CVM/2010) O


responsável pela revisão da qualidade dos trabalhos de auditoria deve realizar
uma avaliação objetiva dos julgamentos significativos levando em conta os
seguintes aspectos, exceto:

(A) avaliação das conclusões atingidas ao elaborar o relatório e considerar se o


relatório é apropriado.
(B) discussão de assuntos significativos com o encarregado do trabalho.
(C) revisão da documentação selecionada de auditoria relativa aos julgamentos
significativos feitos pela equipe de trabalho e das conclusões obtidas.
(D) revisão das demonstrações contábeis e do relatório proposto.
(E) discussão do julgamento e relatório com a direção da entidade auditada.

10. (ESAF/ATM/Natal/2008) A firma de auditoria Verificações Ltda. foi


convidada, pela empresa Múltiplos S.A., para elaborar proposta de auditoria
para suas demonstrações contábeis relativas ao ano de 2007. O auditor, nesse
período, já havia efetuado a revisão das declarações de imposto de renda da
empresa e consultoria, elaborando a avaliação dos ativos de uma empresa
coligada, para que a mesma fosse incorporada pela empresa Múltiplos S.A.
Deve o auditor, nessa situação,

(A) recusar o convite de auditoria por conflito nos trabalhos já executados e os


a serem desempenhados.
(B) participar do processo elaborando proposta que evidencie os trabalhos já
executados e os honorários cobrados.
(C) omitir os serviços de consultoria prestados, deixando que o cliente analise
sua independência ou não para realização do trabalho.
(D) exigir os trabalhos como complemento das atividades já desempenhadas
na empresa.
(E) aceitar o convite, com limitação de escopo, restringindo os trabalhos
somente aos processos dos quais não tenha participado como consultor.

11. (ESAF/AFRE/Sefaz-CE/2006) É fator determinante para a recusa de


um trabalho de auditoria externa

(A) o auditor ser importante acionista da empresa auditada.


(B) o auditor ter conhecimento suficiente sobre o negócio da empresa.
(C) a possibilidade de o profissional contratado poder realizar o trabalho com
imparcialidade.
(D) a necessidade de uso de especialistas para avaliação de áreas específicas.
(E) a existência de fraude ou erro nas demonstrações auditadas.

12. (FGV/ICMS-RJ/2010) A respeito do controle de qualidade da Auditoria


das Demonstrações Contábeis, analise as afirmativas a seguir:
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I. Os sistemas, as políticas e os procedimentos de controle de qualidade são de


responsabilidade da empresa auditada que deve seguir as políticas e processos
de trabalho implantadas.

II. O revisor do controle de qualidade do trabalho deve realizar uma avaliação


subjetiva dos julgamentos feitos pela equipe de trabalho e, ao elaborar o
relatório, as conclusões devem envolver a revisão das demonstrações
contábeis.

III. No caso de surgirem diferenças de opinião dentro da equipe de trabalho,


com as pessoas consultadas ou, quando aplicável, entre o sócio encarregado
do trabalho e o revisor do controle de qualidade do trabalho, a equipe de
trabalho deve seguir as políticas e procedimentos da firma para tratar e
resolver as diferenças de opinião.

Assinale:

(A) se somente a afirmativa I estiver correta.


(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

13. (FCC/Auditor-Fiscal Tributário Municipal – Sefin SP/2006) –


Adaptada – Segundo a NBC PA 01, a comunicação dos resultados do
monitoramento do sistema de qualidade interno dos serviços prestados por
empresa de auditoria independente deve ser efetuado a cada

(A) ano.
(B) dois anos.
(C) três anos.
(D) quatro anos.
(E) cinco anos.

14. (Cespe/Controle Interno MPE PI/2012) Se uma quantidade


significativa das aplicações financeiras de determinado auditor for constituída
de quotas de participação em fundo comum de investimentos mantido por
instituição financeira oficial do governo federal e se esse fundo for proprietário
de títulos mobiliários da entidade que o referido auditor deve auditar, então ele
estará proibido de auditá-la.

15. (Cespe/Contador Seduc AM/2011) De acordo com o código de ética


que rege os profissionais da contabilidade, um contador não pode exercer sua
profissão caso reste comprovada incapacidade técnica no exercício de suas
atividades. Além disso, cabe a todos os contadores cumprir os programas

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obrigatórios de educação continuada estabelecidos pelo Conselho Federal de


Contabilidade.

16. (FCC–ISS/SP–2012) A empresa Resistente S.A. não concordou em


apresentar a carta de responsabilidade da administração. Nesse caso, o auditor

(A) não deve aceitar o trabalho, em qualquer situação, ainda que exigido por
lei.
(B) deve denunciar a empresa aos órgãos competentes e recusar a auditoria.
(C) deve aceitar o trabalho, estabelecendo a limitação de escopo e
evidenciando a recusa no relatório da auditoria.
(D) não deve aceitar o trabalho a menos que seja exigido por lei ou
regulamento.
(E) deve ressalvar o parecer, apresentando nota de ênfase em qualquer
situação.

17. (ESAF/AFRFB/2012) Pode-se afirmar que, para a aceitação do risco de


um trabalho de auditoria externa, deve o auditor avaliar

I. se os sócios e equipe são, ou podem razoavelmente tornar-se,


suficientemente competentes para assumir o trabalho.
II. qual a atitude dos colaboradores e dos grupos de colaboradores em relação
ao ambiente de controle interno e seus pontos de vista sobre interpretações
agressivas ou inadequadas de normas contábeis.
III. se terá acesso aos especialistas necessários para a realização do trabalho.

(A) Todas estão corretas.


(B) Apenas I e II estão corretas.
(C) Apenas II e III estão erradas.
(D) Somente a III está correta.
(E) Todas estão erradas.

18. (FCC/TRE CE/Analista Judiciário – Contabilidade/2012) Um auditor


externo ao proceder a auditoria da empresa Grãos e Cia, constata no ano de
2010, na fase pré-operacional da unidade construída em Palmas, o custo de R$
18.000.000,00 relativos à terraplanagem do terreno da fábrica. Foram feitos
os testes, que evidenciaram que o contrato de serviços de terraplanagem foi
realizado com empresa devidamente constituída juridicamente e em atividade
normal. O pagamento do serviço contratado foi efetuado à empresa de
terraplanagem e comprovado por pagamento eletrônico constante do extrato
bancário. O auditor em procedimento complementar e diante da
expressividade dos valores foi até a unidade verificar os serviços. Ao indagar
alguns funcionários foi informado que o serviço de terraplanagem havia sido
feito pela prefeitura da cidade, a qual também doou o terreno a empresa Grãos
e Cia. Os funcionários também informaram que nunca esteve na empresa
Grãos e Cia qualquer funcionário da empresa de terraplanagem contratada.

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O procedimento do auditor mostra uma postura de


a) falta de ética profissional por desconfiar da administração.
b) investigação, atitude não pertinente às atividades do auditor.
c) julgamento profissional avaliando a licitude dos atos da equipe de
auditores.
d) representante da Governança no processo de identificação de todas as
fraudes.
e) ceticismo profissional adequada às normas de auditoria.

19. (ESAF/CGU/2012) Para o auditor independente, os atos de omissão ou


cometimento pela entidade, intencionais ou não, contrários às leis ou
regulamentos vigentes, são considerados:

a) Evidência de auditoria.
b) Erro.
c) Fraude.
d) Não conformidade.
e) Achado de auditoria.

20. (ESAF/CGU/2012) Para lidar com riscos avaliados de distorção relevante


decorrente de fraude, o auditor independente pode lançar mão dos seguintes
procedimentos de auditoria, exceto:

a) Visitar locais ou executar certos testes de surpresa, sem anúncio prévio.


b) Rever o nível e a adequação dos relatórios de gastos apresentados pela alta
administração.
c) Executar procedimentos em contas ou outras conciliações elaboradas pela
entidade.
d) Testar a integridade de registros e operações processados em sistema
computadorizado.
e) Buscar evidências de auditoria adicionais em fontes fora da entidade sendo
auditada.

21. (FCC/ISS SP/2012) No processo de Auditoria, o auditor

(A) deve, em conjunto com a administração, atestar que todos os processos,


riscos e possibilidades de fraudes foram avaliadas e ter a certeza da
integridade da informação.
(B) pode, após ter executado todos os testes, ter a certeza da integridade da
informação atestando todas as demonstrações contábeis exigidas em seu
parecer de auditoria.
(C) não pode ter certeza da integridade da informação, embora tenha
executado os procedimentos de auditoria para obter certeza de que todas as
informações relevantes foram obtidas.
(D) pode, tendo aplicado os procedimentos de auditoria, atestar a integridade
da informação, mas não pode se eximir de certificar, por meio de seu relatório,
a exatidão das demonstrações contábeis.
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(E) não deve atestar a integridade das informações contábeis, das notas
explicativas e dos demais relatórios publicados pela empresa, enquanto não
obtiver uma carta da administração atestando as demonstrações em conjunto.

22. (ESAF/ATM/Natal/2008) A responsabilidade primária na prevenção e


identificação de fraudes e erros na empresa é:

a) da administração.
b) da auditoria interna.
c) do comitê de gestão corporativa.
d) do Conselho Fiscal.
e) da auditoria externa.

23. (ESAF/AFRFB/2009) A responsabilidade primária na prevenção e


detecção de fraudes e erros é:

a) da administração.
b) da auditoria interna.
c) do conselho de administração.
d) da auditoria externa.
e) do comitê de auditoria.

24. (ESAF/APOFP/Sefaz-SP/2009) Por ser um ato não intencional na


elaboração de registros e demonstrações contábeis, é correto afirmar que se
trata de um erro:

a) a alteração de documentos visando modificar os registros de ativos,


passivos e resultados.
b) a apropriação indébita de ativos.
c) a supressão ou omissão de transações nos registros contábeis.
d) o registro de transações sem comprovação.
e) a aplicação incorreta das normas contábeis.

25. (ESAF/AFRFB/2012) O auditor externo, ao realizar seu trabalho na


empresa Expansão S.A., identificou vários pontos com não conformidades nos
controles internos. Com relação a esses pontos, deve o auditor

a) documentá-los em seus papeis de trabalho, para apresentação à


administração quando solicitado.
b) evidenciá-los no relatório de auditoria, demonstrando os efeitos nas
demonstrações contábeis.
c) exigir a elaboração de notas explicativas, evidenciando o impacto nas
demonstrações contábeis.
d) encaminhar às diretorias responsáveis das áreas onde foram apontadas as
não conformidades, determinando a correção dos erros, antes da emissão do
relatório de auditoria.

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e) comunicar à administração por meio de carta, relatando os pontos de


deficiências encontradas.

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
E E D D E E B C E A
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
A C A Certo Certo D A E D B
21 22 23 24 25
C A A E E

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Bibliografia

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC 821/97 - NBC P 1 -


Normas Profissionais de Auditor Independente

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC 1100/07 - NBC P


1.6 – Sigilo

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC 1201/09 - NBC PA


01 - Controle de qualidade para firmas de auditores independentes

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC 1.207/09 - NBC TA


240 (Responsabilidade do Auditor em Relação a Fraude).

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC 1267/09 - NBC PA


290 - Independência

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC 1.203/09 - NBC TA


200 (Objetivos Gerais do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em
Conformidade com Normas de Auditoria).

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC 1205/09 - NBC TA


220 - Controle de Qualidade da Auditoria de Demonstrações Contábeis

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. São


Paulo: Ed. Atlas, 2007.

ATTIE, Wiliam. Auditoria – Conceitos e Aplicações. São Paulo: Ed. Atlas, 2009.

BARRETO, Davi; GRAEFF, Fernando. Auditoria: teoria e exercícios comentados.


São Paulo: Ed. Método, 2011.

BOYNTON, Marcelo Willian C. Auditoria. São Paulo: Ed. Atlas, 2002.

BRAGA, Hugo Rocha & Almeida, Marcelo Cavalcanti. Mudanças Contábeis na


Lei Societária. São Paulo: Ed. Atlas, 2009.

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