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TRIBUNAL MARÍTIMO

PT/MDG PROCESSO Nº 31.262/16


ACÓRDÃO

Comboio R/E “JUBILOSO” com a Balsa “CILEIA I”. Assalto com ameaça de arma
de fogo, seguido de roubo de equipamentos da embarcação e pertences dos
tripulantes. Ação ilícita de meliantes. Autoria indeterminada. Arquivamento.

Vistos e relatados os presentes autos.


Tratam os autos do inquérito instaurado pela Capitania dos Portos da Amazônia
Oriental para apurar as condições em que ocorreu o assalto ao comboio formado pelo R/E
“JUBILOSO” com a Balsa “CILEIA I”, ocorrido no dia 27 de novembro de 2015, por volta das
18 horas, quando navegava no rio Jacaré Grande, localidade Quatro Bocas, município de Anajás,
PA.
Dos depoimentos colhidos e documentos acostados extrai-se que na data, horário e
local citado acima, o comboio navegava normalmente, quando foi avistado uma embarcação do
tipo “Rabeta” por bombordo, e que encostou a contrabordo do E/M “JUBILOSO” pelo mesmo
bordo, já com um elemento portando uma arma de fogo do tipo revólver em punho.
Em seguida, ouviram um disparo de arma de fogo vindo de outra embarcação que
se aproximava por boreste do E/M, subindo em seguida para a sala de comando dois elementos
anunciando o assalto.
Sucede, todavia, que os assaltantes mandaram o Comandante reduzir a velocidade,
se afastar da margem do rio e se dirigir para a margem oposta. Eles retiraram o rádio VHF, o
rádio portátil de manobra e prenderam o Comandante em seu camarote onde já se encontravam
outros tripulantes.
Em seguida, o comboio ficou sob o comando e domínio dos assaltantes por várias
horas, depois a tripulação foi encaminhada para um contêiner, de onde o Comandante foi
liberado pelos assaltantes para assumir a condução da embarcação, sendo a tripulação somente
liberada pelo Comandante após os meliantes se retirarem de bordo, o qual assumiu a condução
do comboio e seguiu viagem com destino à cidade de Afuá, PA, onde foram executados os
reparos necessários, registrado o Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia da referida
cidade e comunicada a ocorrência à Empresa SANAVE, sendo determinado que o comboio
retornasse para Belém, PA.
O Laudo de Exame Pericial Indireto (fls. 11/14v.) relatou que não houve poluição
hídrica e nem acidentes pessoais, apesar de não ser possível avaliar as avarias nas embarcações
que faziam parte do comboio; os meliantes subtraíram equipamentos, objetos de bordo e alguns
pertences dos passageiros; descreveu a sequência dos acontecimentos; registrou que não houve
evidência de qualquer indício de participação nem envolvimento dos tripulantes no evento.
Concluiu que a causa determinante foi a ação dos bandidos, os quais roubaram o E/M

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 31.262/2016....................................................)
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“JUBILOSO”, mediante grave ameaça, com emprego de arma de fogo, que resultou no saque de
equipamentos eletrônicos de bordo, vários objetos e cerca de 4.500 litros de óleo diesel.
O Encarregado do IAFN (fls. 75/80) concluiu em uniformidade de entendimento
com os peritos, considerando que a causa determinante do fato da navegação foi a ação de
bandidos que tomaram de assalto o comboio, deixando de apontar possíveis responsáveis.
Os autos do inquérito foram encaminhados a este Tribunal e remetidos à PEM que
pugna pelo arquivamento, por não terem sido identificados os autores do crime, não havendo
indícios de envolvimento dos tripulantes na autoria criminosa e em face de carência de provas
sólidas (fls. 89/91).
Publicada nota de arquivamento em 21 de agosto de 2017, o prazo para
manifestações de possíveis interessados transcorreu em branco até o dia 23 de outubro de 2017
(fl. 93).
Assiste razão à PEM, devendo ser deferido o requerimento da D. Procuradoria
Especial da Marinha, mandando arquivar os presentes autos.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza
e extensão do fato da navegação: assalto com ameaça de arma de fogo, seguido de roubo de
equipamentos da embarcação e pertences dos tripulantes; b) quanto à causa determinante: ação
ilícita de meliantes; e c) decisão: julgar o fato da navegação previsto no art. 15, alíneas “e” e “f”,
da Lei nº 2.180/54, como de autoria indeterminada, mandando arquivar os autos.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 10 de julho de 2018.

MARCELO DAVID GONÇALVES


Juiz Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado:


Rio de Janeiro, RJ, em 27 de julho de 2018.

MARCOS NUNES DE MIRANDA


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE
Digitalmente
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Dados: 2018.11.22 11:18:14 -02'00'

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