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NOVOS ASPECTOS DA SAÚDE PÚBLICA/RECENT ASPECTS OF PUBLIC HEALTH(1)

A Engenharia Genética
José Alberto Neves Candeias*

CANDEIAS, J.A.N. A engenharia genética. Rev. Saúde públ, S. Paulo, 25: 3-10, 1991. São aborda-
dos os progressos havidos com as técnicas de engenharia genética, capazes de alterar o potencial ge-
nético de um organismo, quer pela introdução, quer pela supressão de novos genes estruturais. São
mencionadas algumas das aplicações em geral e, em particular, possibilidades de uso no campo da
medicina. É feita uma análise crítica dos benefícios e riscos envolvidos.

Descritores: Engenharia genética, métodos. DNA recombinante.

"Mythology is full of hybrid creatures such as the Sphinx, the Minotaur and the Chimera, but the
real world is not".Stanley N. Cohen, 1975

Introdução processos de mutação podem ocorrer em um gene


codificador de uma proteína essencial e que se este
Falar de engenharia genética é caracterizar um só está presente numa única cópia, no genoma, o
conjunto de processos que permitem a manipu- resultado final é letal. Por esta razão a Natureza
lação do genoma de microrganismos vivos, com a tornou possível "fazer a leitura" do codon com vis-
conseqüente alteração das capacidades de cada es- tas ao melhor desempenho do organismo vivo.
pécie. Esta possibilidade de alteração das poten- As técnicas de engenharia genética ou, mais
cialidades genéticas dos organismos resultou da corretamente, a tecnologia de ADN recombinante
colaboração íntima e constante entre a chamada (ADNr), começaram a ser definidas no início do
ciência básica e a ciência aplicada. Não que tal co- ano de 1970, com a utilização de vetores de clona-
laboração tenha sido programada com vistas a tor- gem, em geral, plasmídeos e genomas virais,
nar realidade aquela intervenção. O que ocorreu lançando-se mãos das chamadas enzimas de res-
foi a aquisição de novos conhecimentos funda- trição que permitiam cortar o ADN em pontos
mentais, como o esclarecimento da estrutura do bem definidos, isolando-se assim fragmentos de
ADN, e o ter sido possível decifrar o código gené- ácido nucléico passíveis de serem introduzidos no
tico, depois de serem caracterizados seus padrões genoma de um organismo com moléculas idênti-
fundamentais: cada codon corresponde a um só cas de ADN. É a chamada clonagem molecular,
aminoácido, ainda que diferentes codons possam em que, numa primeira operação, repetimos, se
especificar o mesmo aminoácido; os dois primei- procede ao corte da molécula do ácido nucléico e,
ros nucleotídeos são, em geral, suficientes para es- numa segunda fase, à inserção do fragmento do
pecificar determinado aminoácido; codons com ADN no ácido nucléico de uma célula hospedeira
seqüências semelhantes especificam quimica- compatível. Quando esta se divide, duplica a mo-
mente os mesmos aminoácidos. Foi ainda funda- lécula do fragmento de ADN inserido. A primeira
mental a descoberta de que o código genético é experiência de clonagem de ADN foi feita em
praticamente o mesmo em quase todos os organis- 1972 por um grupo de pesquisadores chefiados
mos vivos. Existem exceções, mas estas, apesar de por Paul Berg, que veio a receber o prêmio Nobel
raras, acabam por salientar a elevada capacidade em 1980. A partir da data da experiência original,
de adaptação do código genético a alterações am- o desenvolvimento havido na tecnologia do ADNr
bientais, o que permite a um organismo vivo "fa- tem sido surpreendente. Em 1987 surgiu uma nova
zer a leitura" do codon conforme sua melhor con- contribuição, a chamada reação de polimerização
veniência. Não devemos esquecer que os em cadeia (PCR), que veio dar nova feição às ex-
periências de clonagem molecular. Esta técnica
* Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências permite amplificar determinado locus, quando se
Biomédicas da Universidade de São Paulo - São Paulo, dispõe de quantidades mínimas de ADN
SP - Brasil.
Separatas/Reprints: J. A. N. Candeias - Av. Prof. Lineu genômico. Esta amplificação é feita à custa de
Prestes, 1374 - 05508 - São Paulo, SP - Brasil. uma polimerase extraída da bactéria Thermus

(1) Série comemorativa do 25o aniversário da Revista de Saúde Pública.


aquaticus, em cerca de 20 a 30 ciclos, com con- vadas e fazem o corte da molécula de ADN, tal
trole adequado da temperatura, podendo, ao final, como as do tipo I, em pontos de natureza es-
obter-se milhões de cópias daquele fragmento de pecífica, isto é, reconhecem seqüências de nucleo-
ADN. O que antes do advento da técnica PCR de- tídeos específicas, fazendo o corte destas, ou em
morava semanas de trabalho intenso, hoje não sítios próximos das mesmas.
dura mais do que algumas horas. Tão importantes quanto as endonucleases de
Os plasmídeos encontram-se em bactérias e em restrição são as ligases, enzimas que possuem a
algumas leveduras e têm a capacidade de duplicar- capacidade de ligar covalentemente as extremi-
se autonomamente, possuindo, em geral, genes dades livres dos fragmentos de ADN, o que pode
que lhes conferem resistência a antibióticos, como ocorrer tanto in vivo como in vitro. Realmente es-
a ampicilina e a tetraciclina. São estes genes que tas enzimas não fazem mais do que catalizar a for-
permitem distinguir células hospedeiras que pos- mação de uma ligação fosfodiester entre o termi-
suem o ADNr das células que não o possuem. Um nal hidroxilo 3' e o terminal fosfato 5' de dois
dos plasmídeos mais freqüentemente usado é o nucleótidos adjacentes, restabelecendo a continui-
pBR322, construído com fragmentos de ADN ob- dade estrutural do ADN. A reação de ligação do
tidos de diversos outros plasmídeos (pBR313- ADN in vitro reduz a susceptibilidade do ácido nu-
pBR318-pBR320), com o objetivo de obter um cléico à degradação nucleolítica intracelular, pre-
produto final com genes de resistência a anti- serva os terminais "cohesive" gerados pelas endo-
bióticos (ampicilina e tetraciclina) e sítios de cli- nucleases de restrição e permite obterem-se
vagem bem definidos. moléculas de ADNr circulares ou lineares. Por es-
Outros vectores de clonagem são os bacte- tas razões a ligação in vitro é a preferida tecnica-
riófagos, que, uma vez enxertados com ADNr, po- mente.
dem ser introduzidos na célula hospedeira por um Como já referimos, a manipulação genética
processo de infecção. Podemos ainda usar os cha- compreende quatro fases: escolha do fragmento de
mados cosmídeos que são vectores genéticos mis- ADN a ser utilizado, corte deste fragmento, sua
tos, com um gene que confere resistência a anti- transferência e inserção no genoma de determina-
bióticos, com a origem de replicação de um da célula e, finalmente, seleção das células que
plasmídeo, com a extremidade "cohesiva" de ADN possuem as moléculas do clone desejado. Esta
do bacteriófago lambda e com seqüências de res- última fase é a que oferece maior dificuldade, por
trição às quais podem unir-se fragmentos de ácido ser muito demorada, dependendo da utilização dos
nucléico exógeno de até 45Kb de tamanho, capaci- chamados bancos de ADN. Um banco de ADN
dade muito superior à dos outros vectores. Além possui todas as moléculas de ADN geradas pela
do bacteriófago lambda, podem usar-se os bacte- inserção do ácido nucléico da fonte de interesse
riófagos Ml3 e Mu e vectores obtidos do vírus num determinado vector, o que significa poderem
SV40. A tecnologia do ADNr recorre, por vezes, a existir vários tipos de bancos, conforme a natureza
segmentos de ADN que possuem a capacidade de da inserção e o tipo de vector utilizado. Assim o
se inserir, casualmente, em outros segmentos de tipo de banco a ser preparado vai depender do tipo
ácido nucléico. São as seqüências de inserção (SI), de pesquisa em curso.
segmentos relativamente curtos de ADN, com cer- Os elementos que formam os bancos
ca de l.800pb e os transposons (Tn), segmentos genômicos são, como já referimos, clones de ADN
mais longos de 2.500 a 40.000pb. do genoma de determinado organismo vivo,
Na tecnologia do ADNr a participação das enzi- clones estes obtidos com vectores como, por
mas ou endonucleases de restrição é da maior im- exemplo, bacteriófagos, que aceitam inserções de
portância. Cada enzima possui um padrão es- grandes tamanhos. Estas inserções têm a vantagem
pecífico de corte da molécula de ADN, do que de permitir a obtenção de todo o genoma em um
resulta uma série de fragmentos genômicos que número reduzido de clones, ou, por vezes, do gene
podem ser isolados, clonados e seqüenciados. A intacto em um único clone.
suspeita da existencia de tais enzimas data do Além dos bancos de ADN, recorre-se, muitas
início de 1960 e desde esta data já foram identifi- vezes, a bancos de cADN, de muito menor com-
cadas mais de 250, umas conhecidas por endonu- plexidade, uma vez que contêm somente as
cleases do tipo I e outras, do tipo II. As primeiras seqüências codificadoras de determinada proteína
são proteínas multiméricas capazes de cortar e expressa no tipo célula que está sendo usado.
modificar a molécula de ADN, necessitando, para Neste caso a identificação do clone é de muito
tanto, da presença de ATP, Mg++ e S- mais simples execução. O primeiro passo para
adenosilmetionina (SAM). Pelo contrário as endo- construir um banco de cADN consiste em isolar o
nucleases do tipo II são proteínas monoméricas ARN mensageiro; em seguida este é transformado
que necessitam somente de Mg++ para serem ati- em um híbrido ADN: ARN, o que se consegue
usando a transcriptase reserva; com o auxílio de ocasionadas por vírus e contra algumas formas de
uma outra enzima, a polimerase I, o ARN daquele tumores malignos humanos, de vacinas e de rea-
híbrido é substituído por ADN, e só então esta fita gentes biológicos usados na identificação e quanti-
dupla ADN: ADN é inserida num vector e introdu- ficação de proteínas específicas. A engenharia ge-
zida na célula hospedeira. nética veio contornar algumas situações que, até
A identificação do clone pode ser feita por hi- então, faziam prever um futuro não muito bri-
bridização de sondas de ADN ou ARN marcadas lhante para a obtenção de produtos industriais, por
radioativamente, com as bases complementares do processos de fermentação de produtos vegetais,
clone, sendo a localização feita por autoradiogra- face às necessidades alimentares da população
fia. Quando um fragmento de ADN clonado é mundial. Afinal, em grande número de casos, as
transcrito e traduzido in vivo, a proteína resultante matérias-primas utilizadas para obtenção de pro-
pode ser identificada imunologicamente, desde dutos industriais são as mesmas a que se recorre
que se possua o anticorpo específico, em geral, para a produção de alimentos. Esta duplicidade de
marcado com I125. Trata-se de um outro processo uso poderia levantar problemas de difícil solução,
de identificação. particularmente, em países carentes de ampla pro-
Com a possibilidade hoje existente de utilizar dução agrícola. Hoje, com as técnicas de enge-
sintetizadores automáticos, a síntese de oligonu- nharia genética, ampliam-se as oportunidades de
cleotideos e oligopeptideos tornou-se uma tarefa aplicação por vias alternativas, que deixam de in-
laboratorial altamente simplificada. O ADN pode terferir com a produção de alimentos. É ainda
ser sintetizado sob a forma de fita simples, tanto maior o rendimento conseguido, maior o grau de
de pequeno tamanho, quanto de tamanho maior. pureza e maior a estabilidade dos produtos finais.
Usando as fitas de pequeno tamanho pode introdu-
zir-se mutações em genes. As fitas de ADN de Setor Alimentar
grande tamanho (200pb) usam-se tanto como son-
das, como para construir genes sintéticos que têm No campo da microbiologia de alimentos, as
a enorme vantagem de possuir sítios de clivagem técnicas de ADNr enfrentam ainda algumas barrei-
para as endonucleases de restrição, que não se en- ras, principalmente as resultantes da carência de
contram nos genes naturais, o que torna a manipu- estudos sobre os determinantes bioquímicos e ge-
lação daqueles muito mais facilitada. néticos das funções que certos microrganismos de-
sempenham na produção de alimentos. Apesar
desta situação, já se conseguiram resultados pro-
Aplicações Práticas em Geral missores, tanto na obtenção de microrganismos
que intervêm na produção de alimentos, quanto na
São em grande número os objetivos práticos da produção de aminoácidos usados como aditivos
pesquisa biológica, desde a satisfação da curiosi- durante o processamento de alimentos. As pers-
dade humana sobre a natureza da vida, até ao con- pectivas futuras permitem vislumbrar estratégias
trole e eliminação de doenças humanas, de outros que tornem possível o uso de algumas funções mi-
animais e de plantas, enfim, a melhoria da quali- crobianas na melhoria do rendimento daquela pro-
dade de vida. Com as diversas técnicas de ADNr dução. Uma destas estratégias é a clonagem, em
vai-se tornando mais rápido e eficiente o atendi- plantas, de genes microbianos codificadores de re-
mento àqueles objetivos. Mesmo desconhecendo, sistência à ação deletéria de fatores ambientais, ou
ainda, os limites das possibilidades da aplicação genes microbianos codificadores de substâncias
prática da engenharia genética, não resta dúvida de osmoreguladoras que facilitariam o seu crescimen-
que passamos a dispor de tecnologia altamente to em ambientes muito secos ou de elevada salini-
promissora para a solução de problemas de nature- dade. Outra importante aplicação da engenharia no
za variada. setor alimentar é a obtenção de microrganismos
capazes de produzir compostos químicos, enzimas
Setor Industrial ou líquidos energéticos com substratos não uti-
lizáveis diretamente pelo homem, de fácil reno-
Nos processos de fermentação industrial está-se vação e não poluidores do ambiente.
assistindo ao atendimento de seus objetivos com
maior rapidez, lançando mão das técnicas de re- Setor Químico
combinação genética, com as quais passou a ser
possível o uso de microrganismos recombinantes. O setor químico é um outro campo em que a
Aí estão as produções, em larga escala, de insuli- engenharia genética pode trazer, e já está trazendo,
na, de hormônio do crescimento, de interferon alfa ponderáveis benefícios. A diminuição dos custos
humano com atividade biológica contra infecções de produção de novos produtos de elevada deman-
da é fator que a indústria química não pode descon- nos com boa resposta imunológica, a obtenção de
siderar, estando como está, constantemente envol- bactérias toxigênicas com a fração tóxica da toxi-
vida na procura de métodos competitivos para a na inativa, a obtenção, em grande quantidade, de
produção. No campo da química, em geral, e espe- proteínas bacterianas de adesão, ou ainda a
cificamente na chamada química fina, apesar das obtenção de antígenos sintéticos. Dentro destas
técnicas clássicas poderem atender às necessidades possibilidades técnicas estão em curso pesquisas
de produção, a engenharia genética vem ampliar e no sentido de se obterem vacinas contra E. coli en-
melhorar os processos de produção de matérias- teropatogênica, Neisseria gonorrhoea, Treponema
primas, usando microrganismos capazes de fer- pallidum, Vibrio cholerae, Salmonellas e Shigella
mentar diretamente compostos de maior complexi- sonnei.
dade, como a celulose, ou lançando mão de cultu- No caso de vacinas virais, a obtenção de
ras mistas de microrganismos, capazes uns de atuar proteínas com poder vacinal, utilizando as técnicas
sobre os produtos de fermentação de outros, com o do ADNr, tem vantagens, como a não utilização
que se melhora o resultado final. A produção de do vírus cultivável, a não administração da
polihidroxibutirato (PHB) pela bactéria Álcali- partícula viral completa e o custo de produção
genes eutrophus, substância de propriedades baixo. Como desvantagens devem salientar-se o
únicas e de aplicação semelhante ao polipropileno, poder imunizante discreto dos antígenos produzi-
tem ainda sua produção em níveis de custo mais dos e a grande labilidade genética de certos vírus,
elevados que os deste último, mas estes se tornarão de que resulta a dificuldade de preparo de vacinas
competitivos, na produção em larga escala, graças eficazes. Isto é particularmente importante para os
à engenharia genética. vírus de genoma constituído por ARN. Já para os
vírus ADN a técnica de mutagênese dirigida per-
Produção de Antibióticos mite introduzir mutações suficientemente acen-
tuadas que tornam muito baixa a freqüência de re-
Genes específicos codificadores de antibióticos versão da virulência. A vacina contra a febre
de bactérias e fungos podem ser clonados em algu- aftosa e a vacina contra a hepatite B podem ser
mas espécies bacterianas, o que abre boas possibi- consideradas como modelos experimentais de pro-
lidades na manipulação genética da produção da- dução de vacinas virais por engenharia genética.
queles metabolites. Mas os resultados práticos
obtidos não são, por enquanto, de grande valia,
principalmente, por serem limitados os conheci- Aplicação na Área Médica
mentos sobre mecanismos moleculares envolvidos
na biosíntese de antibióticos. Quando melhorados Não há quaisquer dúvidas sobre as possibili-
tais conhecimentos, a engenharia genética pode dades da engenharia genética poder manipular o
tornar possível a construção de combinações de genoma celular dentro de uma perspectiva, aparen-
genes capazes de codificar novos antibióticos, até temente, sem limites. No entanto, continuam pre-
hoje desconhecidos, aquilo a que poderíamos cha- sentes limitações práticas para as quais há que en-
mar de antibióticos híbridos. contrar maneira de as controlar, se queremos
estender aquela técnica ao campo da medicina hu-
Produção de Vacinas mana.
Excluídas as referências já feitas a propósito da
As técnicas de ADNr permitem a produção de produção de antibióticos, hormônios e vacinas, al-
novas vacinas virais e bacterianas. No caso das vi- gumas das outras áreas de aplicação das técnicas
rais as possibilidades para sua obtenção podem de ADNr no campo da medicina humana são o
utilizar vírus inativados, vírus atenuados, proteínas diagnóstico e a terapêutica genética.
virais ou peptídeos naturais ou sintéticos que apre-
sentem um epítopo antigenicamente eficiente na Diagnóstico
produção de anticorpos. Nas vacinas bacterianas
uma das possibilidades de previnir a doença oca- Depois que passamos a conhecer a configu-
sionada pela liberação de toxinas é usar o toxoíde. ração genética dos organismos vivos, pelo exame
Podem usar-se vacinas bacterianas inativadas e va- do seu ADN, foi-nos colocado à disposição um
cinas atenuadas, mas estas apresentaram uma série importante componente das técnicas de
de problemas, como aparecimento de reações ad- diagnóstico, quer este se dirija à identificação de
versas, ou a própria reversão da atenuação. As doenças de fundo genético, quer ao desenvolvi-
possíveis aplicações das técnicas de ADNr no pre- mento de novos métodos de diagnóstico de
paro de vacinas bacterianas compreendem a clona- doenças infecciosas, ou ao próprio diagnóstico la-
gem, em vetores genéticos, de antígenos bacteria- boratorial.
Na população em geral, cada indivíduo pode monoclonais, em substituição aos anticorpos po-
apresentar diferentes versões, digamos assim, de liclonais usados no diagnóstico clínico conven-
um mesmo gene, sem que isto ocasione efeitos ob- cional, é mandatório, uma vez que sua pureza au-
serváveis. Existem, no entanto, situações em que menta a especificidade e sensibilidade da reação,
aquelas diferenças podem dar origem a profundas além de reduzir os custos de modo apreciável. A
alterações que levam à gênese das chamadas elevada especificidade dos anticorpos monoclo-
doenças de fundo genético ou alterações here- nais permite execução de técnicas de diagnóstico,
ditárias, designação esta que configura a possibili- impraticáveis antes do seu aparecimento. É o caso
dade de transmissão das mesmas de geração a da chamada técnica "tandem" que se baseia na uti-
geração. É já longa a lista destas doenças com o lização de dois anticorpos monoclonais que reco-
diagnóstico amparado no uso de sondas de ADN: nhecem, ao mesmo tempo, diferentes determi-
anemias falciformes, diabetes, doença de Hunting- nantes antigênicos de um mesmo antígeno, ou a
ton, distrofia de Duchenne, doença de Altzheimer, técnica dos anticorpos monoclonais híbridos, ca-
fenilcetonúria, hemofilia, hipoparatiroidismo, neu- pazes de reagir com um antígeno, por um lado, e
rofibromatose de Recklinghausen, retinite pigmen- com um antígeno diferente, por outro, ou a técnica
tosa, retinoblastona, síndrome de Lesch-Nyhan. dos anticorpos monoclonais marcados com radio-
Mas o número de doenças de fundo genético vai isótopos que tornam possível sua localização in
muito além desta lista, conhecendo-se mais de vivo, usando-se a resonância magnética, a tomo-
3.000 situações clínicas dentre as quais, muito grafia ou técnicas radiológicas, em tecidos tumo-
poucas dispõem de tratamento e só um reduzido rais, por exemplo.
número pode ser diagnosticado no período pré-
natal. As técnicas de ADNr usadas no diagnóstico Terapêutica
pré-natal consistem, fundamentalmente, na purifi-
cação do ADN do paciente, obtido de células O uso terapêutico dos anticorpos monoclonais
sangüíneas, líquido amniótico ou fragmento de te- abrange diversas modalidades, como a soroterapia,
cido, seguida de digestão com endonucleases de a terapia de certos tumores malignos, onde se pro-
restrição e separação dos fragmentos por eletrofo- cessa a lise das células tumorais na presença de
rese. Segue-se uma fase de identificação da alte- toxinas e complemento, ou como agentes de imu-
ração genética por hibridizaçao, com a sonda es- nodepressão. Na soroterapia com anticorpos mo-
pecífica para o quadro clínico suspeito. Podem ser noclonais que, obviamente, terão de provir de hi-
usadas, como sondas, ARN mensageiro, ADN ou bridomas humanos, o elevado grau de pureza dos
oligonucleotídeos sintéticos, conjugados com ra- mesmos impede o surgimento de reações inde-
diosotopos, enzimas ou compostos fluorescentes. sejáveis de tipo anafilático. No tratamento de cer-
Vão revelar o surgimento, ou a perda de sítios de tos tumores malignos a eficiência dos anticorpos
restrição. Deste modo, a análise da herança fami- monoclonais é, por enquanto, de valor discutível,
liar das seqüências polimórficas dos fragmentos de uma vez que estes se fixam tanto a antígenos de
restrição com defeito permite, com determinada superfície de células tumorais, como de células
probabilidade, prever se o feto herdou a doença normais, mesmo expressando aquelas alguns
genética. antígenos diferentes das células normais. As célu-
Outro aspecto de interesse na área da medicina las tumorais possuem antígenos específicos
humana, para o qual a engenharia genética trouxe próprios, mas obviamente, também expressam os
notáveis progressos, é o relacionado com o antígenos das células normais. Para melhorar a se-
diagnóstico de diversas doenças infecciosas oca- letividade têm sido usadas toxinas de ação citocida
sionadas por Salmonella, Campylobacter, Actino- conjugadas com anticorpos monoclonais. Tam-
bacillus, Plasmodium, Retrovírus da síndrome de bém, neste caso, há limitações impostas pelo fato
imunodeficiência adquirida (SIDA/AIDS) e vírus de as próprias toxinas serem produtos estranhos ao
da hepatite B. O princípio que rege a execução téc- organismo, desencadeando portanto resposta do
nica do diagnóstico é o mesmo do diagnóstico pre- sistema imunológico. Quando necessário, pode su-
natal, apoiando-se na elevada especificidade da primir-se a atividade deste sistema usando anticor-
hibridização entre seqüências complementares de pos monoclonais específicos contra os linfócitos
ADN. T, cuja participação na resposta imune é impor-
A engenharia genética permite ainda produzir tante. O uso de hibridomas pode generalizar-se
anticorpos monoclonais, mediante a clonagem em para além da produção de anticorpos monoclonais,
bactérias de genes capazes de fazerem sua codifi- permitindo a obtenção de substâncias de maior
cação. Este tipo de anticorpos encontra importante complexidade com eventuais aplicações. Vale
aplicação no diagnóstico clínico, e na própria in- referir que é também possível produzir anticorpos
tervenção terapêutica. O recurso a anticorpos monoclonais pela clonagem de genes codifica-
dores de anticorpos em bactérias, usando as técni- ponsabilidade do investigador responsável. Esse
cas de engenharia genética. Comité responde; em nível federal, perante um Es-
A terapêutica genética, propriamente dita, tam- critório de atividades com ADNr, subordinado ao
bém conhecida por geneterapia é uma aplicação diretor do NIH, perante o qual também responde o
possível das técnicas de ADNr, em doenças de Comité Consultivo sobre ADNr (RAC). Toda esta
fundo genético, cujas lesões são conhecidas. A in- organização está, naturalmente, subordinada ao
tervenção pode ser feita por substituições do seg- Ministério da Saúde, Educação e Bem-Estar So-
mento genômico alterado, ou por introdução da in- cial. As atividades do RAC são de assessoramento
formação genética normal nas células que do Ministro e do Diretor do NIH sobre a "coorde-
expressam a função defeituosa. Neste último caso nação dos programas e atividades federais relacio-
a introdução das seqüências clonadas pode ser fei- nadas com a investigação sobre ADNr", para que
ta por microinoculação no núcleo celular, ou por sejam respeitadas as diretrizes estabelecidas nos
transferência de genes mediada pelo ADN. Até o trabalhos desenvolvidos nas instituições de pesqui-
momento, a terapêutica genética encontra-se em sa, empresas públicas e privadas. Em relação a es-
fase experimental muito embora já tenham sido tas últimas ficou definido que suas informações ao
feitas tentativas no homem, em geral, mal sucedi- NIH não seriam remetidas, oficialmente, sem que
das, ou com sucessos ainda não definidos. Ainda houvesse a garantia de estarem amplamente prote-
não são perfeitamente conhecidas as alterações gidos os seus segredos profissionais.
celulares que podem resultar da inoculação de Cabe ainda ao RAC definir a política a seguir
genes estranhos, ou mesmo se estas ocorrem, do sobre o registro de patentes de novas técnicas de
mesmo modo que se desconhece o grau de estabi- ADNr, sobre atividades internacionais neste cam-
lidade dos genes introduzidos. É em relação às po e sobre problemas que possam surgir com tra-
possibilidades da terapêutica genética que se têm balhos em larga escala.
levantado as maiores objeções, trazendo para o Vez por outra voltam, no entanto, alguns
campo da discussão uma série de problemas mo- críticos a manifestar-se, alegando que os riscos
rais e éticos, que, certamente, não devem ser não compensam alguns benefícios obtidos, e que
desconsiderados. No dizer de Krimsky tudo resul- ao final, encarada a situação do ponto de vista
tou do fato de "as ciências biológicas terem passa- prático, tanto técnico quanto financeiro, nunca o
do da idade da inocência para idade da ansiedade". "impossível" poderá tornar-se "possível". E apre-
sentam argumentos de múltipla natureza. Por
exemplo, o que aconteceria com Streptococcus B-
Riscos e Benefícios hemolíticos que viessem a receber um plasmídeo
possuidor de um gene codificador da resistência à
Em 1976 as pesquisas com ADNr, em desen- penicilina, resistência não encontrada nas diversas
volvimento na Universidade de Harward e no Ins- cepas daquela bactéria? Então, quadros clínicos
tituto de Tecnologia de Massachusets (MIT), fo- com a escarlatina e patologias reumatismais e re-
ram suspensas temporariamente, pela adminis- nais, hoje, prontamente controladas por aquele an-
tração da cidade de Cambridge, Estado de Massa- tibiótico, passariam a ampliar o contingente das
chusets (EUA). A alegação para tal intervenção doenças antibiótico-resistente. A este respeito vale
baseou-se no fato de não ter havido ainda consen- lembrar que a Natureza, talvez até com a ajuda do
so, entre os cientistas, sobre os verdadeiros riscos próprio homem, parece ter tomado a iniciativa,
que o processo envolvia. Esta situação, com argu- criando a oportunidade de aparecimento de uma
mentos e contra-argumentos, prolongou-se por mutação, que teria tornado um sub-grupo dos es-
cerca de um ano, quando voltaram a ser liberadas treptococos resistentes à penicilina. Membros
as pesquisas, sob determinadas condições, que deste sub-grupo poderiam ser os responsáveis pela
obrigavam à rígida submissão às normas estabe- síndrome do choque tóxico, quadro de apareci-
lecidas pelo "National Institut of Health" (NIH). E mento bem recente e que já está preocupando os
a questão ficou encerrada, não sem que, até hoje, centros de controle das doenças infecciosas. Outro
novas diretrizes continuem sendo estabelecidas. exemplo refere-se à possibilidade de cepas de E.
O organograma da estrutura que controla as ex- coli, que fazem parte da flora intestinal humana,
periências com ADNr, nos EUA, estabelece, ao poderem adquirir a capacidade de sintetizar toxina
nível das instituições de pesquisa, a organização botulínica, ou determinado hormônio, situações
de um Comité Institucional de Segurança que resultariam em óbvios resultados desastrosos.
Biológica (IBC), de que fazem parte, além dos Mais um exemplo, é o caso da implantação, em
pesquisadores, alguns membros da comunidade, cepas de E. coli, de um gene de um vírus que oca-
ao qual estão subordinadas as atividades de siona tumores malignos em animais de labo-
pesquisa desenvolvidas na instituição, sob a res- ratório, de que poderia resultar o desenvolvimento
de tumores no homem, cujo intestino é habitat na- gurar a insólita situação de imaginarmos ser
tural daquela bactéria. Todos estes exemplos, ou possível interferências estranhas regularem a ativi-
pelo menos alguns deles, parecem não levar em dade dos cientistas. Foram os próprios cientistas
consideração que é necessário o atendimento a um interessados nas atividades de pesquisa com ADNr
certo número de situações, para que uma bactéria que, pela prineira vez, chamaram a atenção para os
não patogênica venha a transformar-se em pato- possíveis riscos inerentes. Mas até agora, ao
gênica: capacidade de multiplicação e sobrevivên- contrário do que muitas vezes acontece na socie-
cia no hospedeiro, transmissão de animal a animal, dade em geral, têm sabido comportar-se com a ne-
e resistência aos mecanismos de defesas do hospe- cessária responsabilidade. E por ser assim e, pro-
deiro. A criação de novos organismos na Natureza vavelmente, continuar sendo é que é aceitável a
é um demorado processo, tantas e tantas vezes mal orientação de se desenvolverem novas pesquisas,
sucedido e onde a evolução está sempre ditando ao mesmo tempo que deve dar-se continuidade a
suas regras. Idêntica situação no laboratório pa- uma isenta análise que estabeleça sua validade.
rece ainda mais problemática. Naturalmente o processo não irá desenvolver-se
Mesmo com a aceitação do que poderiam con- sem contrariedades. Pelo contrário, será árduo e
siderar-se as desvantagens de alto risco, não é assinalado por alternativas de coerção perante in-
muito difícil vislumbrar as possibilidades práticas fluências adversas, mas também deverá ter vitórias
benéficas da técnica do ADNr. E os exemplos fecundas. E a ciência moderna sabe muito bem o
também se acumulam num amplo horizonte de be- que lhe é permitido e o que lhe é vedado. A dialé-
nesses de múltipla natureza. Passamos a dispor de tica que usa é de método crítico de suas experiên-
insulina a baixo custo, graças à possibilidades de cias, o que lhe confere autoridade para saber que o
cepas de E. coli sintetizarem aquele hormônio. seu domínio da Natureza é já suficientemente uti-
Culturas desta mesma bactéria são capazes de pro- lizável na melhoria da condição humana.
duzir enormes quantidades de hormônio do cresci-
mento, por custos que não podem comparar-se aos
que assistiam à sua produção pelo processo CANDEIAS, J. A. N. [Genetic engineering]. Rev. Saúde
clássico, no qual, para conseguir cerca de 5 mili- públ., S. Paulo, 25: 3-10, 1991. This paper deals with
the progress made in genetic engineering techniques, ca-
gramas do produto era necessário sacrificar algu-
pable of altering the genetic potential of an organism, ei-
mas dezenas de milhares de carneiros para retirar ther by the introduction or the suppression of new struc-
os cérebros, dos quais se extraía aquele hormônio. tural genes. Some of the general applications are
A técnica do ADNr é também de enorme utili- described as are also, more particularly, their uses in the
dade na área da biologia molecular e bioquímica, field of medicine. A critical analysis of the benefits and
como no estudo de propriedades enzimáticas de risks involved is also undertaken.
determinada proteína passível de ser obtida em
grandes quantidades com a implantação do gene Keywords: Genetic engineering, methods. DNA recom-
codificador da mesma no fago lambda. Os estudos binant.
de regulação da síntese de um ARN mensageiro,
ou, ainda, as pesquisas in vitro da mutagenese di- Bibliografia
rigida, são outros campos onde a engenharia ge-
nética tem excelente uso.
ALTER, B.P. Prenatal diagnosis of hemoglobinopathies and
Confrontando-se os benefícios com os riscos other hematologic diseases. J. Pediat., 95:501-13,
que as técnicas do ADNr podem acarretar para a 1979.
humanidade, não há como não aceitar que a con- ANDERSON, W.F. & FLETCHER, J.C. Gene therapy in hu-
trovérsia continuará envolvendo cientistas, educa- man beings: when is it ethical to begin. New Engl. J.
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dores, políticos e o público em geral, sejam quais BALBAS, P. et al. Plasmid Vector pBR322 and its Special Pur-
forem os argumentos apresentados. Do mesmo pose Derivatives: a review. Gene, 50:3-40, 1986.
modo, continuarão as pesquisas no campo da en- BEVERLY, P.L. Antibodies and cancer therapy. Nature.
genharia genética, com benefícios reais para a hu- 297:328-61,1982.
manidade e com riscos teóricos, que sempre po- BIRNBOIN, H.C. & DOLLY, J.A rapid alkaline extraction
procedure for screening recombinant plasmid DNA.
dem, é claro, adquirir foros de realidade. Mas isto Nucl. Acids Res., 7:1513-25, 1979.
é próprio da natureza humana. Que os assuntos so- BITTLE, J.L. et al. Protection against foot-and-month disease
bre que possa cair nossa reflexão a respeito desta by immunization with a chemically synthesized pep-
controvérsia sejam ou não relevantes é questão tide predict from the viral nucleotide sequence. Na-
ture, 298:30-3,1982.
sempre sujeita a discussão: uns preferirão argu- BITTNER, M. et al. Electrophoretic transfer of protein and nu-
mentos a favor, a outros agradarão mais argumen- cleic acids from slab gels into diazobenziloxymethil
tos contrários. Simplesmente a escolha não pode, paper on nitrocellulose sheets. Anal. Biochem.,
nem deve ser feita por plebiscito, além de confi- 102:459-71,1980.
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