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Equipa Cirúrgica (5 pessoas):

- Cirurgião
- Ajudante de cirurgião
- Anestesista
- Instrumentista
- Circulante

Princípios Fundamentais da cirurgia:


- Anestesia (permite fazer processos mais invasivos)
- Assepsia cirúrgica (todo o campo cirúrgico, ou seja, paciente, ambiente e instrumentos)
- Hemóstase (deve haver o mínimo de hemorragia possível)
- Manipulação dos tecidos (devemos preservar as estruturas)
- Reconstruir tudo o que foi destruído
Orquiectomia em equinos
I. Aumentar o valor
economico dos animais
Descorna em bovinos
II. Evitar a reprodução dos
Ovariohisterectomia na cadela
animais
III. Fazer o diagnostico de
doenças em cirurgias Laparotomia exploratoria
exploratorias
Objectivos da Fistulações ruminais para colheita de
Cirurgia IV. Abordagem com objetivos conteudo ruminal
pré-determinados ou para
tratamento Introdução de cateteres para verificação de
pressão sanguinea

Nos aniamis estas intervenções já são


V. Cirurgia proibidas ( corte de cauda,corte de
estética orelhas, corte de crdas vocias,
abalação de iunhas e dentes)

VI. Cirurgia experimental

Terminologia Cirúrgica:

Prefixos Sufixos

Adeno: glândula Nefro: rim Centese: punção, perfuração


Angio: vaso Orqui: testículo Ectomia: remoção, ablação, extirpação de um órgão
Cisto: bexiga Osteo: osso Stomia: abertura de um orifício, fistula num órgão
Cole: vesicula Procto: reto e ânus Plastia: dar uma nova forma
Entero: intestino Pneumo: pulmão Pexia: fixação de um órgão num determinado local
Espleno: baço Rino: nariz Rafia: sutura, união
Gastro: estomago Laparo: abdomen Tomia: incisão
Hépato: fígado
Traqueo: traqueia
Histero: útero
Classificação das Intervenções quanto à acção:
 Dierese: divisão ou separação de tecidos ou estruturas;
 Síntese: aproximação ou reunião de tecidos ou de estruturas anatómicas;
 Exerese: remoção ou ablação total ou parcial de tecidos ou órgãos;
 Prótese: substituição de um órgão ou parte dele por dispositivo artificial;
 Enxerto: substituição de um órgão ou parte dele por materiais orgânicos:
- Auto-Enxerto: do mesmo indivíduo;
- Homo-Enxerto: de um indivíduo da mesma espécie;
+ Perigoso
- Hetero-Enxerto: de um indivíduo de outra espécie;
 Evisceração: saída de vísceras da cavidade abdominal através de ferida cirúrgica;
 Eventração: idêntico ao anterior mas com integridade do peritoneu.

Classificação das Intervenções quanto ao objetivo:


 Local: superficial/profunda;
 Método: clássico (descrito nos livros) /genial (alteração do clássico que facilita a cirurgia);
 Dificuldade: simples/complexa;
Urgência: temos algum
 Oportunidade: urgente ou não/necessária/útil; tempo para atuar (1h)
 Efeito: radical/paliativa(para evitar); Emergência: temos de atuar
 Finalidade: corretiva/estética; imediatamente (15 min)
 Hemorragia: Cruenta (com bastante hemorragia) /não cruenta;
 Gravidade: ligeira/grave.

Classificação das Cirurgias quanto à contaminação:


(intimamente ligado ao risco de infeção cirúrgica)
 Limpas: são realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo
infecioso local;
 Contaminada Limpa: são as realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa, em
tecidos cavitários com comunicação com o meio externo, ou de difícil descontaminação, na ausência de
processo infecioso local; (ex: pulmão)
 Contaminada: são as realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana abundante, de difícil
descontaminação, na ausência de processo infecioso local;
 Suja: são as realizadas em qualquer tecido, na presença de processo infecioso local;

Assepsia: o conjunto de procedimentos que se empregam para evitar infeções nos tecidos nas intervenções
cirúrgicas, ausência completa de MO nos seres vivos;
Objetivos: prevenir a contaminação da ferida provocada pelo cirurgião de modo a permitir a cicatrização por 1ª
intenção sem existência de infeção
- Assepsia cirúrgica: quando os tecidos vão ser penetrados cirurgicamente
- Assepsia médica: técnicas para reduzir o numero de MO ao mínimo baseado em procedimentos mais simples
(higiene, uso de antibióticos..)
Animal

Meio Fontes de Equipa


ambiente Contaminação cirurgica

Instrumentos e
equipamento
cirurgico
Métodos de Assepsia

Esterilização Desinfeção
Anti- sepsia
(Sala de cirurgia, (ambiente)
instrumentos) (animais e nós)

Método pelo qual se elimina MO Metodo pelo qual se faz destruição de


dos tecidos vivos (mãos do MO em móveis, paredes, pavimentos,
Faz a destruição total dos MO e cirurgião, pele do paciente) tetos…
das suas formas de resistência - Povidona Iodada - Hexaclorofeno
nos objetos inanimados (panos de - Gluconato de clorexidina - Fenol, Formol, Cresois
campo, luvas, instrumentos)
- Hipoclorito de sódio
- Quaternários de amónio

Processos Físicos: Processos Químicos:


 Energia Térmica  Líquidos Antisséptico deve ser:
- Calor húmido - Álcool - Forte poder germicida e de
- Calor seco - Aldeídos penetração
 Energia Radiante - Clorhexidina - Estabilidade e solubilidade fácil
- Raio x - Iodos - Não toxicas nem corrosivas
- Raios Gama - Fenóis - Sem odor e preferencialmente
- Raios UV  Gasosos desodorizante
- Radiações ionizantes - Óxido de etileno
 Filtração - Formaldeído
 Ultra-sons - Betapropiolactona

Autoclave:
- Suporta o vapor de água e altas pressões e temperaturas Indicadores para garantir que a temperatura e
- Esterilização obtém-se por contato direto com o vapor tempo de esterilização foram conseguidos.
(121ºC durante 15-30 min, 2.0 bar) - Químicos: fitas de iodeto de amido
- Rápido, eficaz e económico - biológicos: suspensões de esporos
- Aparelhos caros estandardizados de um MO termorresistente
- Pode alterar os materiais
Cuidados a ter:
- O material deve ser lavado logo apos a sua utilização
- Panos e plásticos não se devem encostar as paredes da autoclave (pode queimar)
- Ao retirar ter cuidado com a temperatura (inox aquece muito)
- Panos por de molho apos utilização
- Bordos da compressa para dentro para não haver risco de ficar fios no campo operatório (corpo estranho)

Falhas na esterilização:
- Pacotes muito apertados ou impropriamente condicionados.
- Equipamento ineficiente.
- Temperatura e pressão insuficientes.
- Tempo de exposição muito curto.

Preparação do animal:
 Jejum (cães e gatos 6 a 12h, bovinos e equinos 12 a 24h)
 Retirar fármacos anticoagulantes
 Indução do vómito (xilazina ou apomorfina)
 Limpeza geral do paciente
 Esvaziamento do reto e da bexiga (enema e algaliação)
 Tricotomia do pelo até 20 cm do local da incisão.
 Lavagem e anti-sepsia da zona preparada.
 Aplicação de um sistema venoclise
(permite manter uma via endovenosa aberta para fluidoterapia ou administração de fármacos sedativos e/ou
anestésicos)
 A posição do animal será a mais cómoda para o cirurgião salvaguardando sempre as funções fisiológicas dos
animais principalmente a função respiratória e cardíaca.
 O animal deve estar preso á mesa (para não haver movimentos posteriores aquando da manipulação)
 Desengorduramento da pele (realiza-se com álcool ou éter e permite uma melhor eficácia dos agentes antisépticos)
 Anti-sepsia da zona cirúrgica
(aplicação de germicidas: povidona iodada, clorexidina a 0.5%, solução alcoólica iodada a 1%, hexaclorofeno) – o
antisséptico precisa de tempo para atuar 5 a 7 minutos
 Anti-sepsia da zona cirúrgica (a aplicação é feita de forma concêntrica e com compressas esterilizadas)
 Não devemos esfregar demasiado a pele (vai superficializar as bactérias mais profundas)

Equipa Cirúrgica:
- Vestuário esterilizado (cirurgião, ajudantes de cirurgião e instrumentista)
- Vestuário não esterilizado (anestesista e circulantes)

1. Vestir pijama cirúrgico e calçado (balneário)


2. Aplicação do gorro e mascara (zona semi limpa) Lavar 4 vezes ate ao cotovelo e a quita
3. Lavagem, antissepsia e secagem das mãos vez lavar só ate ao pulso para não haver
4. Colocação da bata esterilizada possível contacto com zonas não limpas
5. Colocação de luvas

Colocação dos panos na mesa e disposição do material cirúrgico


Mesa de instrumentista: Mesa de Mayo:
1ª linha - Porta agulhas, material de corte, material de 1ª linha - Porta agulhas, material de corte, material de
dissecção e material de hemostase. dissecção e compressas.
2ª linha - Pinças de campo, material de sutura, 2ª linha - Material hemostático, fios de sutura.
afastadores, outro material de apoio ou compressas.
Propriedades ideais de uma sutura:
• Elevada resistência inicial à tração
• Reabsorção total, uniforme e previsível (reabsorção completa e no tempo completo)
• Inércia biológica total (não provocar reação alérgica ou inflamatória, não atrasar a cicatrização ou ser
cancerinogénico)
• Fio fino mas resistente
• Fácil manipulação (melhor em húmido que em seco)
• Segurança nos nós
• Diminuição mínima da resistência a nível dos nós
• Facilmente esterilizável e reesterilizável sem alteração das suas características
• Não electrolítico nem capilar nem permitir situação favorável ao crescimento bacteriano (para permitir
transferências da parte externa para a parte interna)
• Económico.

Efeitos sobre a cicatrização:


• Reação e intolerância biológica
• Traumatismo dos tecidos
• N.º de fios e seu calibre
• Nós muito frouxos, apertados ou volumosos

Fatores a ter em conta no uso clínico de materiais de sutura:


- A escolha do fio de sutura depende da finalidade da sutura em si e das características do tecido a suturar.
 Tipo de fio de sutura:
• Utilização de fios de sutura de maior durabilidade e maior resistência
• Velocidade de cicatrização do tecido
• Presença de infeção.

Monofilamentar Monofilamentar Revestido Polifilamentar trançado Polifilamentar torcido


- Reage menos Revestido reage menos e Reage mais e traumatiza Melhor conformação, reage
- Menos traumatico traumatiza menos mais menos que o anterior

 Calibre do fio de sutura:


 Fios de sutura de grande calibre retardam a cicatrização e criam uma maior reação de corpo estranho
 Sistema métrico - USP (United States Pharmacology) Fio 3 Maior calibre
Fio 2
Fio 1
 Número de suturas:
Fio 0
 Maior espaçamento entre os pontos ⇒Menor aposição dos bordos da ferida Fio 00 (2/0)
 A distância pode variar conforme o tipo de tecido suturado Fio 000 (3/0)
 Por norma a distância entre o ponto de introdução da agulha e o bordo deve Fio 0000 (4/0)
Menor calibre

ser igual á espessura da pele dessa zona. Nunca deve ser inferior a 5 mm.
 Os nós não devem ficar sobre a linha de incisão mas sim num dos lados da sutura e deve ser deixado cerca
de 1 a 1.5 cm de ponta de fio para facilitar a sua remoção.

 Tensão
 Demasiada (Isquemia, Desgarramento/corte do tecido, Exsudação excessiva, Cicatrização inestética)
 Pouca tensão (Mobilidade)
 Esterilização:
 Autoclavagem⇒ Contraindicada no catgut, colagénio, fáscia, polietileno e ácido poliglicólico
 Raios-gama⇒ Contraindicados no ácido poliglicólico, polipropileno e algodão
 Óxido de etileno⇒ O mais indicado.

 Características biológicas e químicas:


Os fios de sutura podem ter origem animal vegetal ou Intensidade de reação Fios sintético monofilamentares
sintética, pelo que a sua composição química tem Fios sintéticos traçados
influência sobre as reações biológicas que provocam. Fios naturais traçados
Todas as suturas provocam reação tissular que dura Catgut
pelo menos 5 dias. De forma a minimizar a reação
tissular, bem como o trauma provocado aos tecidos, os fios podem ser revestidos.

Os fios torcidos ou trançados podem mais facilmente originar infeções locais.


• Nervos, vasos, coração - Nylon revestido, polipropileno
• Trato urinário, biliar ou gastrointestinal - Catgut, poliglactin, ácido poliglicólico
• Tendão, fáscias - Aço inoxidável, polipropileno, nylon.

Fios de Sutura

Absorviveis Nao absorviveis

Utilizados quando é impossível a remoção ou está contraindicada a sua Ou são biologicamente inertes e não provocam
persistência após a cicatrização. Perda grande parte da sua resistência 60 reação (sintéticos) ou enquistam-se provocando
dias após a implantação.Constituídos por material orgânico que originam uma reação de corpo estranho.
resposta inflamatória levando à sua digestão enzimática, hidrólise ou
fagocitose. A perda de resistência é mais rápida emtecidos inflamados,
infetados ou sujeitos a traumatismos

Origem natural Origem Sintética


- Seda -Nylon
Origem sintética - Algodão - Caprolactan polimerizado
Origem natural - Polímero prensado do ácido - Polipropileno
- Linho
- Cat-gut
poliglicólico - Polietileno
- Colagénio
- Poliglactin 910 . Outros - Poliesteres
- Polidioxanona - Aço inoxidável
- Poligliconato - Agrafos de Michel ou Hannover
- Cola biológica de tecidos

 Cat-gut
• Formado por colagéneo proveniente de submucosa  Colagénio
intestinal de ovinos e serosa de bovinos. • É obtido a partir da extrusão das fibras de colagénio do
• Apresenta-se normalmente sobre a forma de torcido. tendão de bovinos.
• A autoclavagem afecta as suas características.
• Pode desencadear reacções de hipersensibilidade devido  Polímero prensado do ácido poliglicólico
à sua natureza proteica. • Hidrolisável em 40 a 60 dias.
• A rapidez de reabsorção depende do seu grau de • Multifilamentoso entrançado.
cromagem. • Boa manipulação.
• A resistência à tracção depende do seu calibre.
• Nós com tendência a se soltarem.
• A sua reabsorção é de origem fagocitária e enzimática.
• Menos reativo que o Catgut.
• É mais elástico e flexível quando molhado.
• Não indicado no trato urinário.
• Durabilidade:
Simples - Absorvido ao fim de 4 a 7 dias • Não autoclavavel.
Meio-crómico - Absorvido ao fim de 14 dias • Elevada resistência à tração.
Extra-crómico - Absorvido ao fim de 40 dias • Alto coeficiente de fricção (pode cortar tecidos friáveis)
 Polipropileno
 Poliglactin 910 • Alta resistência à tração.
• 90% de ácido glicólico + 10% de ácido láctico • Biologicamente inerte.
• Hidrolisado em 90 dias. • Ausência de capilaridade.
• Trançado ou monofilamentar. • Fácil manipulação e razoável fixação dos nós.
• Mais hidrófobo e resistente à hidrólise que o ácido • Não esterilizável por raios-gama.
poliglicólico.
• Reacção tissular mínima.  Polietileno
• Segurança de nó comparável ao do ácido poliglicólico. • Monofilamentares.
• Contraindicada a autoclavagem.
 Polidioxanona
• Monofilamentar com características resistência superior  Poliésteres
aos anteriormente descritos. • Fios capilares que para reduzir essa característica são
• Reabsorção mais lenta com mínima reação tissular e boa revestidos por teflon, polibutano ou silicone.
segurança nos nós. • Resistente à autoclavagem.
• Usado em cirurgia cardiovascular e pele.
 Poligliconato • Pouca segurança no nó.
• Semelhante à polidioxanona.
• conserva 50% da resistência ao fim de 21 dias.  Aço inoxidável
• Reabsorção ao fim de 180 dias. • Mono ou multifilamentar.
• Biologicamente inerte.
 Seda • Não capilar.
• Elevada resistência à tensão. • Facilmente esterilizável.
• Fácil de esterilizar. • Boa resistência à tracção.
• Fácil de manipular. • Boa segurança no nó.
• Económico • Não se modifica após implantação.
• Muito capilar.
• Perda da resistência em meios fluidos.  Agrafos de Michel ou Hannover
• Forte reacção de enquistamento. • São em aço inoxidável e destinam-se à cirurgia visceral ou
• Não deve penetrar na mucosa de órgãos ocos porque cutânea.
provoca ulceração e cálculos. • Boa tolerância tissular, rapidez de execução e boa
aposição.
 Algodão
• Não esterilizável por raios-gama.  Cola biológica de tecidos
• Produz forte reacção tissular. • Monómeros líquidos que solidificam por polimerização
• Aderente às luvas cirúrgicas. em contacto com minúsculas partículas de água à superfície
dos tecidos.
 Linho • Podem originar granulamos inflamatórios, atrasos
• A sua única vantagem é a segurança no nó. nacicatrização e falha de aderência.

 Nylon
• Polímero sintético da poliamida
• Mono ou multifilamentar.
• Boa flexibilidade e resistência.
• Não capilar e praticamente inerte biologicamente.
• Pouca estabilidade no nó.
• Pequeno coeficiente de fricção.
• Facilmente esterilizável.

 Caprolactan polimerizado
• Multifilamentar, revestido e não capilar.
• Tem uma boa combinação de características de fios mono
e multifilamentares.
• Tem uma passagem fácil pelos tecidos com trauma
mínimo.
Agulhas:

Normal Fechado

Normal de Mola Olho

Modelado (fio é fixo)

Forma Reta (superfície)

Forma curva ( +profundo) Forma do corpo

Forma Semi-curva

Seção Redonda

Seção Oval
Seção do corpo
Seção Achatada (melhores)

Seção Triangular

Afilada ou cónica

Biselada
Ponta
Triangular

Forma de trocânter

Atraumatica redonda

Traumatica Corte inverso


Tipos de corte
Traumatica Corte convencional

Traumatica agulha em K especial

Propriedades ideais das agulhas


• Feitas de aço inoxidável de alta qualidade;
• Tão finas quanto possível sem comprometer a resistência;
• Estáveis quando presas no porta agulhas;
• Capazes de promover a passagem dos fios de sutura pelos tecidos com trauma mínimo;
• Afiadas o suficiente para atravessarem os tecidos com resistência mínima;
• Rígidas o suficiente para não dobrarem facilmente, mas resistentes à quebra durante a cirurgia;
• Esterilização e resistentes à corrosão para prevenir a introdução de microrganismos e corpos estranhos nos tecidos a suturar.

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Descrição do fio

Seção da agulha

Curvatura e
Tamanho Validade
forma da agulha
dos fios
Qualquer intervenção cirúrgica deve reduzir-se a 4 técnicas básicas:
• Incisão e excisão de estruturas do organismo
•Manutenção da hemostasia
•Manipulação cuidadosa dos tecidos expostos
• Sutura das estruturas anatómicas para facilitar a reparação

Normas a cumprir aquando da incisão:


• Fixar com as mãos os planos a incidir
• Incisão perpendicular à superfície do tecido , abrangendo de uma só vez, todo o comprimento da ferida, evitando-
se incisões pequenas e repetidas
• Incidir tecido a tecido, o estritamente necessário e o mais linearmente possível, abrangendo a espessura de cada
um dos planos
• Respeitar as divisões anatómicas e os tecidos moles
• Planos profundos incididos na mesma extensão e direção
• Incisões paralelas às linhas de força dos tecidos
• Evitar hemorragias inúteis e traumatizar o menos possível

 Incisão com bisturi (tecidos densos)


O bisturi pode servir para incidir, puncionar ou desbridar

Formas de segurar o bisturi


 Caneta de escrever - permite realizar com facilidade incisões de planos contínuos e controlar a
profundidade da incisão; para incisões curtas
 Como uma faca, onde o dedo indicador posiciona-se sobre a porção dorsal posterior da lâmina, com a
finalidade de controlar a pressão dessa sobre o tecido a ser enfocado. Usar esta posição para as incisões de
pele e de tecidos mais duros.
 Arco de Violino (fixação pelos dedos) - permite um bom contacto da lâmina com o tecido
 Ponta de registador de gráficos (para fazer punções ou movimentos de serra pra fistulações)
 Fixação com a palma da mão com compressão sobre a lâmina através do dedo polegar - sujeição forte e
com pressão do bisturi, que pode ser utilizado facilmente na direção dorsoventral e com o animal em pé
(pouca precisão mas permite fazer força, pele de vaca)

Métodos de corte com o bisturi (através do seu movimento)


 De pressão (habitualmente na posição de registador de gráficos) - puncionamento
 De pressão com lâmina invertida - incisão de órgãos ocos
 De deslizamento (posição tipo violino ou caneta de escrever) - incisão
 Corte em movimento de serra

 Incisão com tesoura (tecidos moles)


Os tipos e dimensões das tesouras devem ser adequados às incisões a praticar, que são mais traumatizantes mas
menos hemorrágicas que as do bisturi. Na manipulação e trabalho com as tesouras deve-se seguir as seguintes
regras:
1. Os cabos da tesoura devem ser pressionados simultâneamente, encaixando as lâminas no tecido a seccionar e não
as fechando completamente
2. Para os cortes de precisão, a mão que segura a tesoura, pode ser apoiada no corpo do animal
3. As tesouras de dissecção, como instrumentos de precisão que são, devem ser utilizadas exclusivamente no
seccionamento de tecidos orgânicos
4. O cirurgião deve segurar a tesoura com os dedos polegar e anelar inseridos no anel (mas não em demasia), com o
dedo indicador direcionando a tesoura e o mindinho para estabilizar
5. Formas de realizar a incisão com a tesoura
 Incisão pelo frio (crio-secção)
• Utilizam-se aparelhos que geram temperaturas abaixo do ponto de congelação - óxido de azoto, azoto líquido (-60
graus).
• É usado por exemplo no tratamento de fístulas perianais, granulomas e neoplasias orais e nasais, fazendo o
congelamento dos tecidos anormais provocando uma crio-necrose
(coagulação das proteínas, coagulação sanguínea e destruição celular).

Vantagens Inconvenientes
Redução da hemorragia e limpeza do campo operatório Controlo impreciso da destruição do tecido
– Efeito analgésico, evitando a anestesia geral – Esfacelamento do tecido necrótico até 3 semanas
– Redução da dor pós-operatória por destruição local após a operação, podendo ocasionar hemorragias
das terminações nervosas sensoriais
– Redução do tempo da operação

 Incisão pelo calor (Termo secção)


• Baseia-se na utilização de temperaturas elevadas em que os aparelhos são aquecidos ao rubro, sendo por isso
processos muito traumatizantes para os tecidos, razão pela qual estão a cair em desuso.
• Termocautério (aquecido por produto combustível)
• Electro cautério (aquecido por resistência elétrica)

 Incisão por eletrocirurgia (bisturi elétrico)


• Emprega correntes elétricas de alta frequência e baixa intensidade (correntes diatérmicas), onde o tipo de onda
empregue produz efeitos diferentes nos tecidos (incisão, coagulação, dessecação e cauterização) e a amplitude do
efeito é diretamente proporcional à duração e potência (watts) da corrente utilizada.
• Ondas contínuas e sinusoidais não amortecidas - corte máximo e coagulação mínima (só corta)
• Ondas descontínuas sinusoidais amortecidas - corte mínimo e coagulação máxima (só coagula)
• Ondas sinusoidais pulsáteis - corte e coagulação simultâneas
• As vantagens e inconvenientes são bastante semelhantes aos da incisão por laser.
- Eletrocoagulação: Aplicando uma descarga breve de corrente diretamente no tecido e diretamente a corrente à
pinça hemostática
- Electrodessecção: Chispa do elétrodo até ao tecido, fulguração (distância < 1 mm)
- Electro cauterização: Chispa do elétrodo até ao tecido (distância > 1 mm)

 Incisão por laser duro ou cirúrgico


• Bisturis ou instrumentos cortantes de alta energia (laser de CO2, por árgon)
• A energia transmite-se ao tecido de uma forma focalizada segundo o seu conteúdo de água, vaporizando as células
ao longo da linha de incisão, produzindo necrose térmica dos bordos da ferida, sem hemorragia.
• Serras: Manuais, de fio e elétricas oscilantes

Vantagens Inconvenientes
Redução da perda de sangue Cicatrização mais prolongada
Menor necessidade de compressas ou ligadura de vasos Diminuição da resistência da ferida à infeção
Redução do tempo de cirurgia Menor precisão no controle da profundidade de corte
Regulação da energia de incisão Contra-indicado em presença de ciclopropano, éter,
álcool, devido ao risco de explosão
 DISSECÇÃO
Este procedimento liberta os tecidos das suas uniões (subcutâneas no caso da pele) permitindo assim a utilização de
todo o seu potencial elástico.
• Romba
– Com tesoura
– Com compressas
– Com dedos (digitoclasia)
– Com afastadores
– Com cabo de bisturi
• Aguda (pontiaguda)
– Lâmina de bisturi
– Tesoura

 AFASTADORES
• Afastadores manuais
• Afastadores auto-estáticos
Recomendações na aplicação de afastadores para evitar danos para os tecidos
• Abarcar só os planos indispensáveis
• Atuar sem brusquidão
• Aplicar pressão moderada
• Embeber os bordos da ferida com solução salina isotónica

 PINÇAMENTO (tecidos e vasos)


- Hemostasia por correcto pinçamento dos vasos: Pinças de Pean, Kocher, Kelly ou Halsted
- Fixação e tracção dos tecidos: Pinças de Kocher ou Ochsner
- Fixação dos tecidos para aplicação de suturas: Pinças de Allison e pinças de dissecção

 SUTURA
- Porta-Agulhas( Mayo, Mathieu, Castroviejo)
- Fios de Sutura com Agulha
• Absorvíveis/Não Absorvíveis
• Agulha Atraumática/Traumática

 CUIDADOS A TER:
• Evitar a desidratação dos tecidos, protegendo-os com compressas impregnadas em solução salina isotónica.
• Evitar provocar traumatismos desnecessários aos tecidos, que só levam a atrasos na cicatrização e na recuperação
do paciente.

CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS


 FERIDAS FECHADAS
São feridas não penetrantes da pele, mas com lesão dos tecidos subjacentes, normalmente devido ao impacto de
objetos rombos.
1. Diretas (A onda de choque atravessa as camadas cutâneas profundas e lesiona diretamente qualquer estrutura no
seu caminho)
2. Indiretas (Uma onda de choque, de forma indireta (contragolpe), lança um órgão contra um tecido ósseo) –
frequentes nos acidentes de carro

Ex: um hematoma é uma ferida fechada (não houve infração da pele)


 FERIDAS ABERTAS
Há efração da pele, podendo ocasionar problemas de contaminação e infeção.
1. Por abrasão (Ferida superficial em que há perda, por fricção, da epiderme e de uma porção variável da derme) –
tem muitas fibras nervosas (doloroso)
2. Por incisão (Ferida produzida por um objeto afilado, e em que os bordos da ferida apresentam um corte uniforme)
3. Por desgarramento (Ferida produzida por um objeto rombo, levando a desgarramento de tecidos e em que os
bordos da ferida não apresentam um corte uniforme)
4. Por punção (Ferida provocada por um objeto aguçado e/ou perfurante)
- Penetrante (Quando o objeto penetra no corpo e não emerge)
- Perfurante (Quando o objeto que penetra no corpo emerge dele)

Tratamento das feridas abertas


• Situações de urgência: choque hipovolémico, trauma torácico e abdominal, lesões do S.N.C. Avaliação do
• Trauma ortopédico, fraturas, luxações, instabilidade cervical. estado geral
• Avaliação neurológica e vascular das extremidades. Determinar a viabilidade dos tecidos.
• Necessidade de sedação ou anestesia.
• Determinar:
– Aspeto (hemorrágicas, infeção, corpos estranhos)
– Importância (simples, complicada)
– Extensão (superficiais, profundas)
– Forma e direção
– Natureza dos tecidos e órgãos afetados
– Natureza da causa do traumatismo (criminal, acidental)
– Custos do tratamento
• Obter culturas bacterianas antes da limpeza da ferida.

Classificação das feridas


Abertas

Limpas Limpas contaminadas Contaminadas Infetadas

São as produzidas em
ambiente cirúrgico, sendo Apresentam sinais nítidos
Também são conhecidas como Há reação inflamatória; são as de infecção.
que não foram abertos que tiveram contato com
potencialmente contaminadas; nelas
sistemas como o digestivo, material como terra,fezes, etc.
respiratório e genito- há contaminação grosseira,por
exemplo nas ocasionadas por faca Também são consideradas
urinário. A probabilidade contaminadas aquelas em que
da infecção da ferida é de cozinha, ou nas situações
cirúrgicas em que houve abertura já se passouseis horas após o
baixa, em torno de 1 a 5%. acto que resultou na ferida. O
dos sistemas contaminados
descritos anteriormente. O risco de risco de infecção da ferida já
infecção é de 3 a 11%. atinge 10 a 17%.

 FERIDAS MISTAS
São aquelas que apresentam duas situações anteriormente descritas, uma componente aberta (penetrante) e outra
fechada (compressão, contusão). Muito frequentes em lutas

 CARACTERÍSTICAS DAS FERIDAS


• Locais (dor, hemorragia, edema).
• Regionais (trombose, gangrena, abcessos ganglionares).
• Gerais (febre, septicémia, choque).
 LIMPEZA E PREPARAÇÃO DA FERIDA

• Sedação e contenção do paciente.


• Corte dos pelos em redor da ferida (proteger a ferida durante a operação).
• Lavagem da ferida (soluções isotónicas, estéreis e não irritantes).
• Soro Fisiológico, solução de clorhexidina a 0,05% (1 parte a 4%/80 partes de água) e de povidona iodada a 1% (1 a
10%/10 de água) ou 0,1% (1 a 10%/100 de água)
• A alta pressão. Indicações, objectivos e material necessário.
• A baixa pressão. Indicações e soluções utilizadas.
• Remoção dos tecidos mortos.
• Desbridamento e reparação dos bordos da ferida (cirúrgico e/ou enzimático).
• Exploração final da ferida.
• Aplicação de antibióico/germicida localmente.

 SUTURA DA FERIDA (RECONSTRUÇÃO)

Princípios a considerar:
• Grau de contaminação
• Quantidade de tecido desvitalizado
• Estado geral do paciente
• Hemostasia
• Tempo decorrido desde o trauma ⇒Contaminação
• Tipo de ferida:
– Feridas incisas e limpas⇒ Sutura primária
– Feridas sujas ou contaminadas ⇒Limpeza da ferida, antibioterapia e sutura após 7 dias
– Feridas infectadas⇒ Limpeza da ferida, antibioterapia e sutura após 12 dias

Se a opção for não suturar:


• Indicações:
– Feridas fortemente contaminadas
– Feridas infetadas
– Feridas extensas, sem pele disponível para reconstrução
– Tentativa de sutura falhada
• Após o aparecimento de um tecido de granulação saudável, optar por:
– Cicatrização por 2a intenção
– Sutura primária tardia (3 a 5 dias)
– Sutura secundária (após 5 dias)
• Vantagens: Ótima drenagem de ferida, facilidade de realizar uma inspeção, limpeza e desbridamento diários.
• Desvantagens: Cicatrização mais demorada, maior trabalho, tratamento mais caro, maior probabilidade de surgir
uma infeção nosocomial.

 APLICAÇÃO DE PENSOS
Objetivos:
• Evitar a formação de hematoma e edema
• Contribuir para o encerramento de espaços mortos
• Proteger a ferida da contaminação e trauma
• Absorver exsudados
• Diminuir a morbilidade da zona afetada
A ferida é formada por:
– Uma zona de liquação.
– Uma zona de fibrina coagulada.
– Uma zona de proliferação celular.
– Uma zona de hiperémia periférica.

A lesão vai provocar:


• Solução de continuidade dos tecidos.
• Alteração da vascularização e enervação da zona.
• Inflamação periférica à lesão.

Fenómenos locais:
• Alteração da vascularização e enervação da zona e inflamação periférica à lesão.
• Libertação de lisossomas devido à morte celular (alteração do pH do meio, aumento do K+).
• Proteólise.
• Libertação de detritos celulares (diapedese dos glóbulos brancos, mecanismo de resposta celular).

Fenómenos regionais:
• Alteração dos elementos anatómicos pelos agentes traumáticos (Vasos, nervos, músculos, ossos, órgãos
parenquimatosos.)

Fenómenos gerais ou sistémicos:


• Hipertermia, choque, septicémia, reação leucopoiética, etc.

Regeneração: é uma modalidade da cicatrização em que uma solução de continuidade de um tecido é preenchida
por um tecido igual ao lesionado, mantendo-se a estrutura e funções originais. Pode acontecer em epitélios,
endotélios, parênquima hepático, nervos periféricos, fibras musculares e tecido fibroso.
Cicatrização: é o resultado final de um processo reacional complexo, no qual intervém reações vasculares, celulares
e humorais, que visam repara as consequências das agressões ao organismo.
Fibroplasia: é a reunião de tecidos por uma ponte de tecido fibroso cicatricial que restaura temporariamente ou
definitivamente a forma e função do tecido lesionado.

Fases da regeneração e cicatrização


1º Passo Limpeza Eliminação de detritos celulares e coágulos sanguíneos.
(macrófagos) Produção de exsudados inflamatórios a partir da periferia.
Ação dos macrófagos e histiócitos.
2º Passo Restauração Formação do tecido de granulação a partir dos fibroblastos e
(fibroblastos) células endoteliais periféricos.
Formação do tecido de reparação pela produção de fibras de
colagénio a partir dos fibroblastos
3º Passo Retração Involução do n.º de células e capilares
Cicatricial Aumento do n.º de fibras.
Fases da cicatrização
1. Fase catabólica ou desassimilativa (prolonga-se até ao 6ª dia e tem como objetivo eliminar da ferida corpos estranhos,
microorganismos, restos necróticos, derrames e exsudados.
1.1 Período de inflamação pós-traumática
- Desenvolve-se até ao 3º dia PT.
- É caracterizado por uma área central onde se acumulam exsudados, coágulos, corpos estranhos, etc. e que será
ocupada por uma rede de fibrina, e por uma área periférica onde se origina a reparação.
- Na área periférica, há libertação do fator plasmático XII que estabiliza a rede de fibrina e libertação de quininas,
prostaglandinas, histamina e proteases lisossómicas. Eleva-se a osmolaridade da ferida com formação de edema.
- Aumentam as concentrações de albumina e alfaglobulinas.
- Degradação de macromoléculas que levam ao aparecimento de hexosaminas, polipeptídeos, aminoácidos, glicose,
aminoglicanos, albuminas e peptonas. Inicia-se a estase sanguínea com consequente hipoxia tissular e libertação de
ácido láctico.
1.2 Período destrutivo
- Desenvolve-se desde o 1º até ao 6º dia PT.
- É caracterizado por fenómenos celulares de reação inflamatória.
- Os leucócitos entram em ação no local havendo fagocitose dos detritos celulares, depósitos de fibrina e
microrganismos por parte dos macrófagos. A colagenase dos seus lisossomas ataca o colagénio do tecido conjuntivo
danificado. Os resíduos orgânicos são drenados pela rede linfática e hemática. Os mucopolissacáridos ácidos e as
hexosaminas estimulam a fagocitose por parte dos macrófagos, libertando-se neste processo enzimático aminoácidos e
monossacáridos que são utilizados pelos fibroblastos para síntese de colagénio.
2. Fase anabólica ou assimilativa
2.1 Período proliferativo, produtivo ou Fibroplasia
- Processa-se entre o 3º e 14º dias geralmente quando aparecem as neoformações de vasos.
- Das células mesenquimatosas das adventícias dos vasos, formam-se os fibroblastos que proliferam dando origem a
lâminas de tração e membranas frúncidas. Esta capacidade mitótica é estimulada pelos fatores plaquetários, fatores
produzidos pelos macrófagos e quininas. Após a migração os fibroblastos sintetizam colagénio e substância
fundamental.
2.2 Período de maturação e remodelação
- Pode demorar semanas ou meses. O tecido formado evolui para adaptar-se às exigências mecânicas.
- A disposição das 1ª fibras colagénicas é anárquica, mas depois estas contribuem para a formação de novas fibras já
orientadas sendo as 1ª lisadas, garantindo melhor orientação da cicatriz.
3. Contração da ferida
Verifica-se a aproximação dos lábios da ferida. Começa no 2º dia verificando-se a sua máxima intensidade ao 21º dia.
Deve-se à acumulação de tecido conjuntivo e à atividade contráctil dos fibroblastos.

Cicatrização por 1ª intenção Cicatrização por 2ª intenção Cicatrização por 3ª intenção


Reparação conjuntiva: É o tipo de evolução espontânea de uma Acontece em feridas muito extensas ou
ferida, geralmente feridas grandes ou de contaminadas.
bordos irregulares. Há maior quantidade Sempre que se realiza uma sutura
de tecido de granulação e uma maior secundária a uma cicatrização por 2ª
regeneração tissular. intenção.

Reparação Epitelial:
Tipos Hemorragia:
 Diapedésica – Passagem de sangue através da parede dos vasos, que podem apresentar-se
microscopicamente intactos.
 Sérica – Passagem de sangue por uma descontinuidade da parede dos vasos.

Causas de Hemorragia:
 Doenças hemorrágicas hereditárias: Hemofilia (A,B), Doença de von Willebrand
 Doenças hemorrágicas adquiridas: Trombocitopenia, Cirrose, uremia (alteração da função das plaquetas),
Deficiência de vit. K, Doenças hepáticas
 Uso de anticoagulantes.
 Coagulação intravascular disseminada (CID)
 Traumatismos vasculares: Feridas penetrantes; Incisões; Contusões; Traumatismos diversos.

Classificação das Hemorragias

Quanto á origem Quanto á extensão Quanto ao momento do aparecimento

Arteriais Petequial Primária: segue-se imendiatamente á


rotura traumatica

Venosas Equimótica
Intermédias ou retardadas (<24horas)

Caapilares Profunda
Secundárias: resultam de um tratamento
inadequado ou ineficaz da hemorragia primaria

Reacção do organismo:
 Reacção local: Hemostasia espontânea
 Reacção geral: Opondo-se às consequências da hemorragia (ROPA) e Reacção do organismo em
conformidade com a gravidade da hemorragia, envolvendo os rins, pâncreas, fígado, intestino, pulmão e
coração.

Principais complicações das hemorragias na cirurgia:


 Atrasos na cicatrização;
 Falta de oxigenação dos tecidos;
 Aumento do risco de infeção;
 Má coaptação dos bordos da ferida;
 Obscurecimento do campo operatório;
 Luvas e instrumentos colantes;
 Mau aspeto do campo operatório;
 Meio ideal de crescimento bacteriano;
 Choque, hipoxia progressiva e morte.

Hemostasia: Mecanismo de defesa fisiológico e espontâneo para deter a hemorragia. Depende de fatores
vasculares, extravasculares e intravasculares que, conjuntamente, provocam a formação de coágulos no local da
hemorragia.
Hemostasia

Preventiva Provisória Definitiva

utiliza-se por período de


praticada antes do tempo limitado (enquanto Tem como objectivo a
seccionamento dos vasos não se faz uma interrupção permanente,
sanguíneos, de modo a anastomose ou uma no vaso, da circulação
evitar as hemorragias; ligadura definitiva); sanguínea

Material e Técnicas de hemostasia:

 Compressão ou pressão:
1. Garrote ou torniquete (fita, banda elástica, tala)
 Devem-se aliviar de 30 em 30 minutos;
 As fitas ou talas devem ser largas.
2. Compressas (gaze, algodão)
 Para artérias e veias de pequeno calibre.
3. Ligaduras cirúrgicas (de vasos) - ligadura de transfixação
 Encerramento definitivo de um vaso por meio de um fio de sutura (absorvível ou não) que é
amarrado em redor desse vaso;
 A espessura do fio deve estar de acordo com o calibre do vaso;
 Os nós devem ser em número suficiente (de acordo com o fio de sutura utilizado) a fim de se
manterem firmes;
 O vaso deve estar perfeitamente identificado e isolado;
 A pressão deve ser a suficiente para controlar a hemorragia.
4. Compressão digital
5. Pinças hemostáticas
 De pequenas dimensões têm por finalidade comprimirem fortemente os vasos sanguíneos
6. Pinças Bulldog
 Para hemóstase provisória
7. Sutura da ferida
 Exerce uma função hemostática pela compressão exercida sobre os tecidos ao nível dos capilares.

 Electrocoagulação
 Técnica monopolar
 Técnica bipolar

 Cauterização
 Electro-cauterização;
 Termo-cauterização;
 Crio-cauterização (óxido de azoto, azoto líquido).

 Causticação
 Por produtos sólidos (nitrato de prata, tanino);
 Por produtos líquidos (percloreto de ferro, nitrato de prata, sulfato ferroso, ácido acético glacial).
 Hemostaticos
 Estimulantes da coagulação:
- Vitamina K (necessária à síntese hepática de vários fatores de coagulação – II, VII, IX e X) usa-se nas
hemorragias devidas a: doenças hepáticas, anti-coagulantes derivados da cumarina; síndromes de má-
absorção ou devidas ao uso de antimicrobianos, salicilatos ou fenilbutazona; deficiência de protrombina.
- Cloreto de cálcio
- Transfusão de sangue
- Transfusão de plasma
- Globulina anti-hemolítica (fator VIII) (Obtida a partir do plasma e é usada no tratamento da hemofilia e nos
doentes que têm em circulação inibidores do fator VIII)
- Fibrinogénio (Obtido a partir do plasma, é uma fração concentrada do fator I sob a forma liofilizada)
 Vasoconstritores:
- Ocitocina – nas hemorragias pós-parto;
- Ergometrina – prevenção de hemorragias pós-parto;
- Adrenalina e noradrenalina – aplicações locais;
- Carbazocromo – derivado da adrenalina que apresenta uma grande eficácia nas hemorragias por
fragilidade capilar.

 Por aplicação tópica (hemostáticos tópicos):


 Trombina;
 Espuma de fibrina;
 Esponja de gelatina absorvível;
 Celulose regenerada oxidada;
 Água oxigenada;
 Compressas de colagénio;
 Cera de osso;
 Adesivos de tecido.

ENDOSCOPIA
 Trata-se de uma técnica de diagnóstico por visualização direta das lesões dentro do organismo.
 Permite a recolha de amostras (biópsias) para estudo histopatológico.
 É uma técnica minimamente invasiva.
 Seja qual for o tipo de endoscópio é necessário a iluminação do interior da cavidade de forma a visualizar a
imagem. Isto é conseguido pela transmissão da luz por um feixe de fibras óticas.
 Quando se observa o interior de uma cavidade ou de um órgão é necessário insuflar ar de forma a dilatar
essa cavidade / órgão e permitir a sua visualização. As exceções são a endoscopia das vias respiratórias,
canal auditivo e articulações.
 Quando o endoscópio entra em contacto com secreções deve existir algum sistema de limpeza da lente.
 Todo o material de endoscopia deve ser esterilizado antes da realização da técnica.
 Por ser material bastante sensível deve ser manuseado com todo o cuidado e sempre que possível com o
animal anestesiado.

Fibroendoscópios
• A unidade funcional do fibroendoscópio é a fibra ótica.
• Dá uma imagem invertida.
• Não existem componentes elétricos

Videoendoscópios
•No videoendoscópio a imagem é captada por um chip (CCD) e transmitida eletronicamente para um monitor.
Equipamento utilizado
Os endoscópios podem ser divididos em dois grandes grupos: Rígidos e flexíveis.
Endoscópios rígidos:
- Permitem realizar endoscopias a nível de articulações, cavidade abdominal, cavidade torácica, fossas nasais e
conduto auditivo externo
- São constituídos basicamente por um tubo metálico que comporta no seu interior um feixe de fibra ótica e um
conjunto de lentes.
- Podem ter um diâmetro de 1,7 até mais de 9 mm
Endoscópios flexíveis:
- Permitem realizar endoscopias a nível do aparelho digestivo, genitourinário e respiratório.
- Podem ter comprimento variável (100 – 300 cm) e normalmente a sua espessura é superior a 6 mm.
- Comportam no seu interior os feixes de fibra ótica, canal de trabalho para introdução de instrumental e aspiração
de líquido e ainda um canal para insuflar ar ou injetar água.
- São totalmente flexíveis e a sua extremidade distal possui uma secção de angulação que pode ser direcionada em
todos os sentidos através de dois manípulos localizados na unidade de comando.

Outra classificação dos endoscópios tem a ver com a direção dos seus campos de visão.
Assim podemos ter:
 Endoscópio de visão axial (aquele em que o campo de visão se prolonga pelo eixo longitudinal do
instrumento);
 Endoscópio de visão lateral (o campo de visão encontra-se perpendicular ao eixo longitudinal do
instrumento)
 Endoscópio de visão oblíqua (o campo de visão pode fazer um ângulo de 30º a 60º com o eixo longitudinal
do instrumento).

Abordagens endoscópicas e procedimentos


• Citologias
• Lavagens
• Dilatação de constrições
• Controlo de hemorragia
• Remoção total ou de parte de um órgão
• Inserção de tubos
• Remoção de corpos estranhos
• Visualização e biópsia de órgãos
Microcirurgia:
- A microcirurgia é o ramo da cirurgia que utiliza o microscópio cirúrgico para aumentar a capacidade visual
do cirurgião.
- Uso de microscópio cirúrgico leva a maior diferenciação e precisão, mas obriga a aprender a trabalhar sem
ver as mãos.

Microcirurgião:
• Deve ter boa preparação física e mental.
• Familiarizar-se com imagens ampliadas.
• Trabalhar sem olhar para as mãos.
• Não deve ser perturbado durante o treino.
• Não deve alterar o estilo de vida.
• Não desesperar ou desencorajar facilmente.
• Fazer intervalos regularmente.
• Adotar uma posição correta.

Mesa de trabalho:
• Deve estar num local estável.
• Ter apoio para os antebraços.
• Possuir painéis laterais.
• Construída em material impermeável, não brilhante e de fácil limpeza.
• Em conjunto com a cadeira e altura do microscópio deve permitir a adoção de uma posição cómoda.

Fios de sutura:
– Reabsorvíveis ou não.
– Materiais de qualidade, não causam reações, atravessam bem os tecidos e têm nós seguros.
– Nylon é um dos mais utilizados.
– Geralmente vão desde os 7/0 aos 12/0 e têm 5 a 13 cm de comprimento.
– Devido à miniaturização, deve ser mantido sempre dentro do campo cirúrgico.

Agulhas:
– Devem ser o mais atraumáticas possível.
– Idealmente devem ter o mesmo calibre do fio de sutura.
– As mais utilizadas são as de 3/8 de círculo.
– As agulhas cortantes só para microcirurgia nervosa.

INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS Devem:


– Ter miniaturização adequada.
– Ser de aço inox mate e com cerca de 11-12 cm.
– Ser de alta qualidade.
– São muito delicados e caros.
– Ser bem limpos logo após a cirurgia e bem secos antes do seu armazenamento.
– Não se deve iniciar o trabalho com instrumentos velhos, gastos ou obsoletos
- Exigem bastante cuidado na utilização, manutenção e limpeza.
- Quando não é utilizado deve ser armazenado em caixas e com as pontas protegidas.
- Devem segurar-se como uma esferográfica.
- Os movimentos devem ser realizados com a ponta dos dedos.
- A mão deve repousar na mesa.
- A movimentação é facilitada pela forma arredondada dos instrumentos.
Dissecção:
– Deve ser realizada em ampliações baixas.
– Pode ser realizada com pinças, tesouras, “cotonettes” ou bolas de algodão.
– Preensão do vaso pela adventícia ou colateral, que deve ser ligada ou coagulada.
– Preparação de boa extensão de vaso.
– Interposição de material sintético.

Preparação da sutura:
– Adventicectomia
– Adventicioplastia

ANASTOMOSE ARTERIAL TÉRMINO-TERMINAL


• Restabelecimento da continuidade vascular.
• Utilizando pontos isolados.
• Utilizando entre 6 a 10 pontos de sutura.
• Colocação da agulha através da parede do vaso.

TESTES DE PERMEABILIDADE VASCULAR


 Teste de O´Brien
 “Hooktest”

VARIAÇÕES PARA A SUTURA VENOSA


• Dissecção mais cuidadosa e paralela à parede do vaso.
• Evitar pinçamento da parede devido à formação de hematomas intraparietais.
• Anastomose submersa.
• Não é necessário adventicectomia.
• Ancoragem menor e menos pontos de sutura.
• Teste de permeabiliade ⇒ “Hooktest”.

MODELOS NÃO ANIMAIS DE TREINO


• São utilizados para diminuir o número de animais no aperfeiçoamento das técnicas.
• Treino das suturas ⇒ borracha de luva e tela fina em suportes.
• Treino das anastomoses ⇒ Tubos de silicone e vasos do pescoço de frango.

MODELOS ANIMAIS:
• Geralmente o mais utilizado é o rato.
• Podem ser também utilizados outros animais.

Uma queimadura acontece quando a energia transmitida à pele é superior à que esta pode absorver ou dissipar.
• As fontes mais comuns de queimaduras em pequenos animais são fogo, mantas elétricas, secadores de cabelo,
vapor, água a ferver, óleo de cozinha, canos de exaustão e aquecimento central.
• A extensão depende do tempo de contacto, temperatura e condutividade do tecido.
A zona central da queimadura é constituída por tecido coagulado com desnaturação proteica e destruição celular
extensa.
• A zona de transição apresenta diminuição do fluxo sanguíneo, congestão e lesão tissular potencialmente reversível.
• A rodear a zona de transição surge normalmente uma área hiperémica com lesões mínimas do tecido.
• A zona de transição pode sofrer maiores danos com a libertação de substâncias vasoativas, edema, dissecação e
invasão bacteriana
As queimaduras superficiais ou de 1º grau:
- Afetam unicamente a epiderme.
- A área afetada fica dolorosa, edemaciada e eritematosa, mas a cicatrização ocorre rapidamente (3 a 6 dias) a partir
das células do estrato germinativo ou estruturas anexas da derme.
- Em queimaduras superficiais de espessura parcial, a cicatrização é mais demorada (3 semanas) já que a epitelização
processa-se a partir de zonas mais profundas.
- Normalmente não é necessária a aplicação de enxertos de pele.

As queimaduras profundas de espessura parcial ou de 2º grau:


- Afetam a epiderme e causam marcada destruição da derme.
- Nas 1ª 24 horas pode ocorrer a continuação da destruição por libertação de enzimas proteolíticas, prostaglandinas
e substâncias vasoativas.
- Podem cicatrizar sem enxertos mas o processo normalmente demora meses e pode originar cicatrizes inestéticas.
- A cicatrização processa-se por reepitelização profunda e desde as margens da lesão.
- A ferida deve ser protegida de trauma externo. Se não forem tomados os devidos cuidados as queimaduras de 2º
grau podem progredir para 3º grau devido à extensão da lesão e invasão bacteriana.

As queimaduras profundas ou de 3º grau:


- Provocam completa destruição de todas as estruturas da pele.
- São por vezes menos dolorosas devido à destruição das terminações nervosas da pele.
- Ocorre trombose vascular com aumento da permeabilidade e formação de edema e necrose tissular.
- Necessitam de enxertos de forma a conseguir uma completa cicatrização.

 As queimaduras são estéreis nas 1as 24 horas mas a grande quantidade de tecido necrosado proporciona
um meio ótimo de crescimento bacteriano e a lesão vascular impede a correta defesa humoral e celular por
parte do organismo.
 Após 5 dias as bactérias atingem os tecidos mais profundos (tipicamente Pseudomonas spp).
 A remoção precoce dos tecidos necrosados e a terapia antibacteriana tópica permite minimizar a invasão
bacteriana.
 Apesar de por vezes a área de pele queimada ser bastante extensa, muitas vezes, a urgência da situação
deve ser focada nos outros sistemas orgânicos afetados

Alterações sistémicas em animais queimados:


o As queimaduras originam sempre uma perda abundante de fluidos, eletrólitos e proteína desencadeando
facilmente uma situação grave de choque sistémico.
o O choque hipovolémico criado pode ser agravado pelo aumento da resistência vascular periférica, libertação
de fatores depressores do miocárdio e aumento da viscosidade sanguínea.
o Podem ocorrer graves alterações cardíacas, imunossupressão, anemia, insuficiência renal, insuficiência
hepática e CID.
o Pode ocorrer lesão pulmonar por inalação, queimaduras nas vias aéreas e envenenamento por monóxido de
carbono.
o A inalação de fumo provoca edema e congestão pulmonar e atelectasia.
o Alguns dias após a queimadura pode surgir uma pneumonia devido ao edema pulmonar criado
o A 1ª prioridade é evitar o choque e minimizar a destruição tissular.
o Secundariamente deve ser feita a prevenção das complicações sépticas e o maneio da ferida.
o É essencial a monitorização das funções vitais (status mental, sistema cardíaco, sistema respiratório,
hematócrito, proteínas totais, PVC, produção de urina, electrólitos, e gases sanguíneos).
o Imediatamente após a queimadura deve promover-se o arrefecimento das zonas afetadas através da
aplicação de compressas molhadas ou lavagem com água fria.
o Devem ser administrados analgésicos para diminuir a dor e o desconforto. O agente ideal é a Buprenorfina
(5-15 mg/Kg) administrado cada 4 a 6 horas.
o A medida da área corporal afetada é essencial de forma a orientar o tratamento e prever possíveis
complicações. A área afetada dividida pela área corporal total e multiplicada por 100 revela a percentagem
corporal queimada.
o Animais com área corporal queimada superior a 15% necessitam de tratamento de cuidados intensivos.
o Em animais com área corporal queimada superior a 50% deve ser ponderada a hipótese de eutanásia.
o A terapia para o choque consiste na administração rápida de fluidos (Ringer Lactato, soluções salinas
isotónicas ou hipertónicas). Estas últimas são úteis para limitar o edema e aumentar o output cardíaco.
o A administração de coloides proteicos (plasma, albumina) deve ser retardada 8-12 horas de forma a permitir
a estabilização das membranas celulares. Nesse período devem ser administradas soluções coloides não
proteicas (Dextrano).
o A expansão do plasma é por vezes essencial já que um animal com queimaduras de 2º grau envolvendo 20%
da superfície corporal pode perder até 28% do seu volume plasmático nas 1as 6 horas.
o Em pacientes anémicos pode ser necessária uma transfusão de sangue ou de concentrado de GV.
o Em pacientes dispneicos deve ser implementada a oxigenação por máscara ou em jaula. Na presença de
queimadura ou edema das vias aéreas superiores pode ser necessária a realização de uma traqueostomia de
forma a permitir a entubação e ventilação.
o Deve ser implementada uma forte terapia antibacteriana de forma a prevenir o aparecimento de sepsis e
pneumonia.
o É necessário um suporte nutricional agressivo de forma a repor o mais rápido possível as proteínas perdidas.
Deve ser administrada uma dieta hiperproteica e hipercalórica o mais precocemente possível de forma a
prevenir também o aparecimento de úlceras gastroduodenais

Tratamento das queimaduras


 O desbridamento precoce da área queimada é essencial de forma a impedir contaminação e agravamento da
lesão tissular.
 Este desbridamento pode ser conseguido por via cirúrgica, por arrastamento com compressas ou por via
enzimática.
 Em caso de queimaduras profundas pode ser necessária a remoção cirúrgica de todos os tecidos afetados
(músculo, fáscia).
 As queimaduras pequenas podem ser tratadas por excisão dos tecidos mortos e sutura primária.
 Queimaduras maiores podem cicatrizar por 2ª intenção ou ser submetidas a enxerto de pele. A área
circundante deve ser lavada com uma solução antisséptica (clorhexidina 0,05%) e o pelo envolvente deve ser
rapado.
 A aplicação de pensos com mudança diária é essencial para permitir o crescimento de tecido de granulação
saudável
 Em cada mudança deve ser realizada uma suave lavagem do tecido de granulação para remoção de detritos
celulares e tecidos necrosados.
 Após o estabelecimento de um bom tecido de granulação com bom suporte vascular pode ser realizados um
enxerto de pele em qualquer uma das suas variáveis.

LESÕES ELÉCTRICAS
- Acontecem quando uma corrente elétrica atinge um ponto do organismo com ou sem a existência de um ponto de
saída.
- As situações mais frequentes devem-se ao mastigar de fios eléctricos.
- A corrente elétrica de baixa voltagem percorre o caminho de menor resistência que normalmente é a rede
vascular.
- Podem gerar-se situações de grande libertação de energia térmica.
- Normalmente ocorre trombose vascular e libertação de substâncias vasoativas que originam situações de necrose
tissular.
- Pode ocorrer morte imediata devido a paralisia respiratória ou fibrilhação ventricular.
- Pode surgir edema pulmonar causando dispneia.
- As queimaduras situam-se normalmente na boca aparecendo como áreas pálidas/cinzentas.
- O edema desenvolve-se após 1 a 2 dias, no entanto a extensão total da lesão pode não ser evidente até às 2/3
semanas.
- O tratamento deve ser focado para salvar a vida do animal e combater situações potencialmente graves.
- Tratar o edema pulmonar com diuréticos (furosemida) e aminofilina.
- Administrar Analgésicos (morfina) para controlar a dor e diminuir a ansiedade.
- Assegurar suporte ventilatório se não houver resposta à medicação.
- As queimaduras são apenas tratadas após estabilização do animal.
- Queimaduras pequenas podem cicatrizar por 2ª intenção. È necessário recorrer à cirurgia em fendas do palato ou
lesões graves nos lábios.

LESÕES PELO FRIO


- O frio extremo e prolongado pode provocar lesões em áreas corporais expostas.
- As áreas frequentemente mais afectadas são as orelhas, cauda, escroto e glândulas mamárias devido à falta de
bom isolamento térmico e pobre circulação periférica.
- O tecido queimado apresenta-se pálido e frio rodeado por uma região hiperémica, dolorosa e avermelhada de
tecido viável.
- O tecido não viável, acaba por gangrenar ou mumificar.
- As zonas afetadas deverão ser rapidamente aquecidas com água quente (39ºC a 42ºC) durante cerca de 20 minutos
de forma a restabelecer a circulação.
- A administração de analgésicos é por vezes necessária já que as áreas queimadas se tornam muito dolorosas.
-A terapia conservativa deve ser mantida durante 3 a 6 semanas até poder distinguir a extensão do tecido não viável.
- Após desbridamento do tecido necrótico poder-se-á proceder à reparação da área lesada.

LESÕES QUÍMICAS
- As queimaduras químicas provocadas por ácidos ou bases destroem os tecidos por desnaturação das proteínas ou
por interferência com o metabolismo celular.
- A gravidade da lesão depende do tipo de químico, a sua força, o seu volume, o tempo de contacto, a sua
penetração e o seu mecanismo de ação.
- Imediatamente após a queimadura a zona afetada deve ser lavada com grandes quantidades de água de forma a
diluir ou remover o agente e dissipar o calor resultante da reação química prevenindo assim a perpetuação da lesão
- Em alguns casos (raros!!!) certos agentes devem ser combatidos com antídotos de forma a eliminar totalmente
toda a forma de atividade.
- O animal deve ser impedido de lamber as feridas de forma a impedir queimaduras na boca, faringe ou esófago.
- Deve ser realizada terapia microbiana tal como para as queimaduras térmicas.
- A remoção precoce do tecido danificado pode prevenir o alastrar da lesão, contudo desbridamento excessivo deve
ser evitado.

Finalidade dos Pensos


• Proteção
• Suporte e fixação Pensos
• Absorção Constituição
• Ação terapêutica local
• Exercer compressão
• Imobilização
Camada Primaria Camada secundária Camada Terciária
Contacta diretamenta com a É a que promove o acolchoamento e a Geralmente realiza a conformação do
ferida, deve ser esterilizada obsorção de exsudados penso e a sua proteção, promove
tambem alguma impermeabilização

– Compressas. – Algodão hidrófilo


– Ligaduras elásticas ou – Algodão hidrófobo – Ligaduras elásticas.
“stockinettes”. – Algodão sintético – Ligaduras coesivas
– Utilizados numa fase inicial para
desbridamento.
Aderentes – “Dry-to-Dry”.
– Mudanças muito frequentes.
(Absorção) – “Wet-to-Dry”.
– Dolorosos.
– Traumatizantes.

Tipos de – Gases impregnadas de


pensos petrolatum
– Compressas de alginato de
– Utilizados quando a cicatrização da
cálcio
ferida já está a decorrer.
Não aderentes – Hidrocolóides
– Previnem a dessecação da ferida.
(Preservação) – Hidrogéis altamente absortivos
– Podem ser mudados com menos
frequência. – Compressas não aderentes
– Promovem uma melhor cicatrização – Compressas de alginato de
prata
– Mais caros
– Compressas com carvão ativado
– Gase gorda

Vantagens: Inconvenientes:
– Proteger de traumatismos – Incomodar os animais
– Evitar a contaminação ambiental – Causarem irritação mecânica
– Limitar os movimentos – Poderem provocar garrote
– Absorver os exsudados – Condicionar um microclima junto à ferida
– Evitar edemas e hematomas – Autotraumatismo ao tentar libertar-se do penso
– Promover a hemostase
– Encerrar os espaços mortos

Cuidados a ter quando se aplicam Pensos


 Garantir a boa execução e a uniformidade do penso
 Vigiar periodicamente o penso
 Instruir o proprietário
 Realizar a mudança do penso de acordo com a necessidade da situação clínica
 Remover o penso logo que possível

DRENOS - Finalidade
Criar e manter um canal ou abertura para saída de um líquido, de uma cavidade do corpo ou ferida através de um
dispositivo artificial.

Indicações para seu uso


• Formação de um exsudado pós-operatório.
• Drenagem após fixação interna de fraturas.
• Feridas contaminadas.
• Drenagem da cavidade torácica e abdominal.
• Abcessos bem organizados.
• Hematomas, seromas.

Seleção do método de drenagem (Depende de:)


• Área a ser drenada.
• Complicações previstas.
• Eficácia da drenagem.
• Tempo de atuação
Métodos de drenagem

Passiva Ativa

Funciona sem sistema ou força de aspiração


1. por capilaridade Com sistema de aplicação:
2. Por gravidade 1. Continuo
-Sem dreno 2. Intermitente
- Com dreno Utilizando drenos de silicone de diametro
Bom para pequenas quantidades de liquido variavel
Atuação por 24 a 48h 3. Semirigidos
Perigo de infeção ascendente e fistulas 4. Com ou sem tubo que permita entrada de ar
Dreno de penrose, tubulares, em lamina estriada

Material utilizado
• Compressas (mechas): Secas, com vaselina, pomada antibiótica ou mousse de poliuretano.
• Drenos de Penrose (Látex) - São macios de parede fina e relativamente inertes. Funcionam por ação capilar e fluxo
gravitacional em redor do tubo.
• Drenos de tubo perfurado de plástico ou silastic.
• Drenos tubulares semi-rígidos fenestrados na
ponta de látex ou nylon utilizados para irrigação ou
drenagem/aspiração de feridas profundas.
Produzem maior reação hística que os de Penrose.
• Drenos tubulares semi-rígidos, fenestrados na
ponta, que comportam no seu interior um tubo mais
estreito para permitir a entrada de ar ou líquido,
para ajudar a vencer o vazio.
• Drenos em forma de cigarro. Tubo em látex com
uma compressa no seu interior.

Cuidados a ter na aplicação de drenos


 Colocação dos drenos assepticamente.
 A saída do dreno deve ser o mais ventral possível.
 Aplicar gaze absorvente ou bandagens externamente para permitir a absorção dos exsudados.
 Aplicar sobre a pele um creme gordo dermoprotetor.
 Aplicar colar isabelino para evitar o arrancamento

Inconvenientes na aplicação de drenos Material utilizado: (além dos drenos)


• Lesão hística. – Agulhas hipodérmicas e cânulas.
• Lesão de bainhas tendinosas, nervos ou vasos. – Bombas de vácuo.
• Erosão da superfície serosa de qualquer órgão. – Torneiras de 3 vias.
• Infeção ascendente ou em redor do dreno. – Válvulas unidirecionais de Heimlich (pneumotórax)

Drenagens: Técnicas de fixação e utilização de drenos


– Pleura (pneumotórax. piotoráx, hidrotórax, hemotórax, etc. – Suturas externas mas que fixam o dreno no interior.
– Cavidade abdominal. – Suturas ancoradas no próprio dreno ou em adesivo.
– Feridas. – Fixação e protecção com bandagens e ligaduras.
– Abcessos.
Produtos de lavagem ou irrigação
– Soluções salinas.
– Soluções anti-sépticas.
– Soluções antibacterianas
Reconstrução Cirúrgica de Feridas
• Normalmente utilizada para encerrar defeitos provocados por trauma, anomalias congénitas ou após remoção de
neoplasias.
• Pode ser necessário recorrer a deslizamento de pele vizinha ou mobilização de pele de outras áreas.
• É essencial planear metodicamente toda a cirurgia de forma a não haver excessiva tensão no resultado final.
• No planeamento prévio deve ter-se em conta a localização da ferida e as suas características, a elasticidade dos
tecidos vizinhos e a irrigação sanguínea.
• A avaliação da elasticidade faz-se pelo agarrar e puxar da pele no local proposto para remoção do enxerto.
• As linhas de tensão da pele são formadas pela orientação predominante do tecido fibroso subcutâneo.
• Podem ocorrer variações do padrão normal dependentes da idade do animal, sexo, conformação corporal e raça.
• A tensão excessiva provoca abertura dos bordos da ferida e alarga a cicatriz formada.
• Todas as incisões devem sempre que possível ser realizadas paralelas às linhas de tensão da pele. Quando
realizadas em ângulo com as linhas de tensão as incisões tendem a curvar dificultando o encerramento.
• O encerramento das feridas deve ser realizados de formas a minimizar o defeito “orelhas de cão”.
• Para aliviar a tensão a pele e/ou o panículo devem ser desbridados do tecido mais profundo de forma a permitir a
mobilização da pele.
• Devem ser preservados o plexo vascular subdérmico e os vasos cutâneos diretos que correm paralelos à superfície
da pele.
• A pele deve ser manuseada de forma atraumática.
• A forma ideal de desbridamento é realizada através da inserção e abertura de uma tesoura de Metzenbaum no
tecido subcutâneo.
• Sempre que o processo de cicatrização já teve início, os bordos da ferida devem ser incididos com bisturi e
separados do tecido de granulação adjacente.

Padrões de sutura
• A fáscia subdérmica é mais forte e tolera melhor a tensão nos fios de sutura que a pele. Quando suturada permite
a aposição dos bordos da ferida e o alívio da tensão sobre a pele. Devem ser usados fios absorvíveis.
• Podem ser colocadas suturas entre o tecido subdérmico e o músculo, fáscia ou parede corporal de forma a
providenciar um alívio da tensão e a diminuição do espaço morto.
• Podem ser colocadas suturas externas de alívio de tensão que são aplicadas afastadas dos bordos da incisão
através de padrões de colchoeiro ou cruzados.

“Orelhas de cão” podem ser prevenidas por uma sutura faseada do defeito ou ser
corrigidas após a sutura linear. A correção baseia-se na excisão do tecido
excedente, normalmente através da remoção de 1 ou 2 triângulos.

Incisões relaxantes: São incisões que permitem o


relaxamento e/ou deslizamento da pele
circundante à ferida. Normalmente aplicam-se nos
membros, em redor dos olhos ou do ânus. Podem
ser incisões simples ou múltiplas, plastias em V-Y
ou em Z.
Enxertos de pele:
• Transplante - implantação de um órgão de um dador a um recetor.
• Enxerto - implantação de um tecido que se utiliza para suprir, orgânica e funcionalmente, qualquer falta do mesmo
no organismo. Quer os transplantes, quer os implantes podem ser:
– Autólogos - do próprio animal
– Homólogos ou isólogos - de outro indivíduo da mesma espécie
– Heterólogos ou xenogénicos - de outro indivíduo de espécie diferente
• Implante - introdução no organismo, por meios cirúrgicos, de qualquer tipo de material não orgânico.

- São uma possibilidade quando o defeito é bastante grande ou quando a pele circundante não tem elasticidade
suficiente para permitir o encerramento.
- Podem ser classificados de enxertos pediculados (flaps) locais ou à distância e de enxertos livres (grafts) de
espessura total ou parcial.

Enxertos de pele pediculados


• São constituídos por “línguas” de epiderme que são parcialmente destacadas do local dador e usadas para tapar
defeitos de pele.
• O pedículo recebe irrigação sanguínea pela sua base (importância da largura, comprimento e torção do flap).
• Os locais dadores devem ter elasticidade suficiente para poderem ser suturados primariamente.
• A direcção do pelo e pigmentação da pele do local dador devem ser analisados de forma a tentar obter os
melhores resultados estéticos.
Podem ser classificados de enxertos pediculados de
plexo subdérmico ou enxertos pediculados de modelo
axial (quando recebem irrigação de um vaso cutâneo
directo). Se estes últimos ficarem apenas unidos pelo
vaso direto classificam-se de enxertos pediculados em
ilha. Podem existir ainda enxertos que incorporam
outros tecidos (osso, músculo, cartilagem) e neste caso denominam-se de enxertos pediculados compostos.

Flaps de deslizamento – Incluem os deslizamentos em U (pedículo único) ou em H


(bipediculados) e a plastia V-Y. Deslizam da pele elástica adjacente à ferida de
forma paralela às linhas de tensão.

Flaps rotacionais – São flaps semicirculares


que compartilham um lado com o bordo da
ferida e que rodam de forma a tapa-la. Podem ser únicos ou bilaterais e
normalmente são utilizados paratapar defeitos triangulares.

Flaps de transposição – são normalmente flaps rectangulares que cobrem o defeito após rotação de 90º do seu leito
de colheita. Deve-se ter em conta o tamanho do flap já que com a rotação
o seu comprimento vai diminuir. Normalmente formam-se “orelhas de
cão” que com o tempo desaparecem ou são posteriormente corrigidas. A
plastia em Z é também uma variação do flap de transposição.

Flaps de interpolação – São flaps pediculados removidos de zonas de


bastante elasticidade que permitem diminuir a largura do defeito ou tapar
totalmente a ferida. São semelhantes aos de transposição variando no facto
de não partilharem nenhum lado com o bordo da ferida. Isto obriga à
criação de uma incisão ponte entre o leito dador e o leito receptor.
Flaps em bolsa bipediculados – São flaps directos à distância, usados para
reconstrução de defeitos nas extremidades. Necessitam de uma fase de
granulação, uma fase de implantação do flap e uma fase de libertação.
Normalmente o enxerto é criado na região toracolombar do lado do membro
afetado. A extremidade lesionada é colocada por baixo do flap preparado e
suturada com alguns pontos de sutura. O membro é imobilizado junto à parede
costal durante 14 dias com uma ligadura. Após 14 dias são feitas duas incisões
horizontais no enxerto e este é libertado da parede costal. As extremidades do
enxerto são depois suturadas entre si de forma a cobrir todo o
defeito original. O principal inconveniente é a dificuldade de
contenção do animal durante o período de aderência do
enxerto.

Flaps pediculados tubulares – São indiretos à distância, que necessitam de um avanço sequencial
até atingir o local do defeito. Trata-se de um enxerto bipediculado criado num local de pele
elástica, em que se suturam os dois lados de maior comprimento de forma a criar um tubo de pele
fechado. Após 18 a 21 dias um dos extremos do tubo é seccionado e o enxerto é deslocado até ao
leito recetor. Pode ser necessário inserir o extremo seccionado num local próximo do leito recetor
e esperar novamente 18 a 21 dias antes de transplanta-lo definitivamente até ao leito recetor.
Após 3 semanas o extremo do tubo é seccionado e o tecido excedente é removido.

Flaps de modelo axial – São flaps pediculados que incluem artérias e veias cutâneas directas na sua base. Os
terminais desses vasos diretos providenciam a irrigação do plexo sudermal.
• A sua circulação é mais efetiva que a dos enxertos pediculares do plexo subdérmico possuindo assim maior taxa de
sobrevivência (2x superior).
• Assumem normalmente uma forma retangular.
• Após o desbridamento do tecido subcutâneo, estes flaps podem ser transpostos para qualquer região corporal se
for secionada a sua artéria e esta for anostomosada por microcirurgia ao leito recetor.

1 - Flap axial Auricular Caudal- Flap irrigado pela a. auricular caudal


que normalmente é transposto para cobrir defeitos na cabeça ou
pescoço
2 - Flap axial Omocervical - Flap irrigado pelo ramo cervical da a.
Omocervical que normalmente é transposto para cobrir defeitos na
cabeça orelhas, pescoço, ombros e axila
3 - Flap axial Toracodorsal - Flap irrigado pelo ramo superficial da a.
toracodorsal que normalmente é transposto para cobrir defeitos nos
ombros, membros anteriores (cotovelo), tórax e axila.
4 - Flap axial da Epigástrica Caudal Superficial- Flap irrigado pela a.
epigástrica caudal superficial ou a. mamária que sai pelo anel inguinal.
Trata-se de um enxerto muito versátil, usado para cobrir defeitos do
abdómen caudal, flanco períneo, prepúcio e coxa. Normalmente
incorpora as 3 glândulas mamárias caudais. Avisar os proprietários em
caso de fêmeas que vão produzir leite.
5 - Flap axial Genicular - Usados para cobrir defeitos da tíbia ou região
tíbiotársica.
6 - Flap axial da Circunflexa Ilíaca Profunda - Usados para cobrir defeitos do tórax caudal, abdómen lateral, flanco,
zona lombar, coxa e região pélvica.
7 - Flap axial Caudal Lateral Superficial - Obtidos a partir da pele da cauda quando esta é amputada. Podem ser
usados para cobrir defeitos na região pélvica ventral ou dorsal e períneo.
8 - Flap axial Braquial Superficial - São normalmente usados para cobrir defeitos da região antebraquial e do
cotovelo.
Flaps miocutâneos e musculares - Compostos
• São enxertos com ou sem pele em que uma porção de músculo é transposto para cobrir um defeito de pele,
permitir uma herniorrafia, aumentar a vascularização e combater uma infecção.
• Quando existe a necessidade de cobrir um defeito cutâneo, só devem ser utilizados quando não é possível a
realização de enxertos pediculados, enxertos locais ou enxertos livres.
• Devem possuir um bom aporte sanguíneo e deve ter uma superfície suficiente
para cobrir o defeito.

Correção dos defeitos de pele


- Defeitos circulares
• Normalmente originam “orelhas de cão” bastante grandes.
• De forma a evitar alargar o defeito para uma incisão elíptica foram estudadas
várias técnicas de correção que podem ser utilizadas com muita eficácia.

- Defeitos triangulares
• Podem ser encerrados por aproximação em Y (pior resultado estético) ou por
rotação (mais traumático).
• Pode ser necessário no caso de rotação a remoção de um pequeno triângulo
contralateral de forma a facilitar o movimento da pele sem haver excesso de
tensão ou sobra de tecido.

- Defeitos retangulares ou quadrangulares


• Podem ser encerrados por aproximação centrípeta, deslizamento unilateral ou
bilateral e transposição rotacional (nos membros).
• A escolha da técnica deve-se normalmente à existência de maior ou menor
tenção em cada um dos lados do defeito.
• É essencial o desbridamento da pele e podem ser necessárias incisões
relaxantes em defeitos de maior tamanho.

- Defeitos fusiformes ou em crescente


• São encerrados por sutura faseada de
forma a evitar a formação de “orelhas de cão”.

Enxertos livres (grafts)


• Os enxertos livres são constituídos por derme e epiderme removidos de um local e transpostos para uma zona à
distância.
• Não possuem nenhum tipo de vascularização e a sua sobrevivência depende apenas de absorção de fluidos e
revascularização no local receptor.
• As conexões arteriolares devem esta viáveis ao 7º / 8º dia ou então o enxerto não sobrevive.
• O leito receptor deve ter bom aporte vascular (tecido de granulação) e encontrar-se livre de tecido necrosado,
corpos estranhos ou infecção.
• Osso, cartilagem, tendões e nervos não permitem a aderência dos grafts.
• A gordura avascular, tecidos bastante traumatizados, úlceras crónicas, tecidos irradiados e tecidos infectados não
permitem boas taxas de sucesso.
• Em caso de tecido de granulação hipertrófico ou em feridas crónicas, é necessário remover a camada superficial de
forma a permitir uma boa aderência.
Processo de aderência dos enxertos livres
• A aderência processa-se inicialmente por contração da fibrina logo após a implantação do enxerto.
• enxerto é nutrido por imbibição plasmática (o fluido seroso chega ao enxerto por capilaridade) até à formação e
reanostomose dos seus capilares.
• Enxerto mostra uma cor azulada por absorção de produtos da hemoglobina.
• A passagem de fluido para o tecido intersticial provoca edema do enxerto que atinge o seu máximo após 48 – 72
horas.
• Após as 1as 24 horas, começam a realizar-se anastomoses entre os vasos do leito recetor e os vasos do enxerto (os
bulbos vasculares do enxerto seguem a trama de fibrina até encontrarem os vasos do tecido de granulação)
• O edema regride após restabelecimento da drenagem venosa e linfática.
• Após 5 a 6 dias o fluxo sanguíneo é praticamente normal.

Entraves para a aderência dos enxertos


• A presença de infeção, tecidos necrosados ou corpos estranhos impede a aderência do enxerto.
• A acumulação de fluidos (seroma, hematoma) impedem a correta aderência. Podem ser colocados drenos, colocar
pensos compressivos ou realizar pequenos golpes no enxerto para facilitar a drenagem.
• O movimento impede a correta reanastomose vascular impedindo a aderência do enxerto. Sempre que possível o
enxerto deve ser suturado e a região corporal em causa deve ser imobilizada.

Enxertos livres de espessura total


• Incluem a epiderme e toda a derme.
• Após a cicatrização assemelham-se à pele normal em termos de cor, textura e elasticidade.
• São recolhidos de áreas de pele elástica (parede torácica) e devem ter a forma do defeito a ser encerrado.
• Após a colheita do enxerto, este deve ser limpo de todo o tecido subcutâneo de forma a facilitar a sua nutrição e
aderência.
• Quando o enxerto cobre totalmente o defeito, deverá ser colocado um dreno de forma a permitir eliminar os
exsudados.
• O enxerto deve ser suturado aos bordos da ferida através de um padrão simples contínuo.
• A ferida deverá então ser coberta com um penso não aderente durante um período de 21 dias, fazendo a mudança
cada 2 dias.
• Quando existe a probabilidade de grande exsudação, podem realizar-se enxertos de espessura total em rede, em
tiras ou em ilhotas de forma a não tapar totalmente o defeito e permitir a livre exsudação. São também úteis
quando não existe pele suficiente para cobrir o defeito ou quando a área afetada é muito grande.
• Os enxertos em rede podem ser conseguidos através da realização de pequenos cortes sequenciais (com o bisturi
ou com um dermátomo) e estiramento do enxerto. Estes enxertos permitem ainda melhor elasticidade e melhor
capacidade de adaptação a superfícies irregulares. Deve ser realizados com um tamanho superior ao do defeito
existente.
• Os enxertos em tiras e em ilhotas são obtidos por divisão de um fragmento de pele em pequenas porções que
serão depois implantadas no tecido de granulação. Estão indicados em feridas extensas em membros quando são
paralelas às linhas de tensão.
• Cada fragmento depois de aderido irá promover o crescimento centrífugo diminuindo a área lesionada.
• O resultado estético nem sempre é o melhor devido à grande quantidade de tecido cicatricial formado.

Enxertos livres de espessura parcial


• São compostos por epiderme e por uma quantidade variável de derme.
• O processo de aderência é semelhante ao dos enxertos livres de espessura total.
• São mais frágeis e podem sofrer trauma mais facilmente. O aspeto final não é tão bom como nos enxertos livres de
espessura total, porque não contêm todos os componentes da pele normal.
• São removidos das zonas dadoras com um dermátomo ou com uma lâmina de barbear, que posteriormente vão
cicatrizar.
LAPAROTOMIA
Indicações
• Laparotomia exploratória
• Laparotomia terapêutica
Técnica cirúrgica
• Laparotomia na linha média
• Laparotomia lateral ou paracostal

CASTRAÇÃO DO MACHO
Técnica cirúrgica
• Orquiectomia
- Escrotal
- Fechada
- Pré-escrotal
- Aberta

• Vasectomia

CASTRAÇÃO DA FÊMEA
Técnica cirúrgica
• Ovariectomia
• Histerectomia
• Laqueação das trompas de falópio
• Ovariohisterectomia

ESTOMAGO
• Gastrotomia
• Gastrectomia

INTESTINO
• Enterotomia
• Enterectomia
Técnica cirúrgica
- Anastomose término-terminal
- Anastomose término-lateral
- Anastomose látero-lateral
BAÇO
• Esplenectomia parcial
• Esplenectomia total

RIM
• Nefrectomia parcial
• Nefrectomia total
• Nefrotomia

BEXIGA
• Cistotomia

O período perioperatório engloba três fases distintas:


 A pré-operatória que envolve todos os procedimentos que são realizados antes da cirurgia
 A intra-operatória que envolve os procedimentos que ocorrem durante a cirurgia
 A pós-operatória que envolve os procedimentos que ocorrem depois da cirurgia

 A seleção e preparação dos doentes cirúrgicos requere a atenção a uma série de detalhes, nomeadamente
deve ser sempre realizado um exame físico completo, seguido dos exames laboratoriais necessários para
caracterizar o problema de que o animal padece. Uma história completa ajuda a determinar a extensão do
exame físico e a quantidade dos exames laboratoriais necessários para caracterizar a situação. A obtenção
de informação pré-operatória permite a comparação da condição do animal antes e depois da cirurgia.

 Em qualquer animal que vá ser sujeito a um procedimento cirúrgico devemos garantir que:
 O processo de coagulação sanguínea se encontra normal
 O animal está hematologicamente normal (rbc, wbc e pt)
 A função renal e hepática estão normais
 A função respiratória está normalizada
 A função cardíaca não apresenta alterações significativas

ESTABILIZAÇÃO DO DOENTE
 Hidro-eletrolítica
- Soluções cristaloides
- Soluções coloides
- Produtos sanguíneos
Volume sanguíneo: Cão (90 ml/Kg); Gato (70 ml/Kg)
Perdas cirúrgicas superiores a 10% indicada transfusão (animal acordado 25%)
 Ácido-base
- A história do animal, os sinais clínicos, o exame físico, a mensuração de eletrólitos e o CO2 total são
importantes na deteção de anomalias ácido-base
- O pH sanguíneo, PaO2, PaCO2 e a concentração de bicarbonato são essenciais para avaliar os problemas
acido-base e determinar a sua extensão
- Se o animal está acidémico devem ser instituídos esforços para otimizar a ventilação e a perfusão capilar
- A correção de défices de bases com bicarbonato de sódio, resultantes da produção e retenção de CO2,
podem ser deletérios se não forem acompanhados de um suporte ventilatório e hemodinâmico adequados
- Muitos dos doente acidóticos não requerem administração de bicarbonato, em vez disso, corrigir a
hipovolémia e hipotensão é mais benéfico e seguro do que administrar bicarbonato
 Sistema Respiratório
- Frequência respiratória
- Esforço respiratório
- Auscultação pulmonar para determinação de sons pulmonares anormais
- Diminuição dos sons pulmonares
- Se o animal está em stress respiratório ou mostra sinais de privação de oxigénio deve ser submetido a uma
oxigenoterapia o mais rapidamente possível de forma a aumentar os níveis de oxigénio circulante
 Sistema cardiovascular
- Frequência cardíaca
- Frequência e qualidade do pulso
- Coloração das membranas
- Tempo de repleção capilar
- Auscultação cardíaca para descartar murmúrios e arritmias
- Não esquecer que a falta de oxigénio nos tecidos se pode dever a problemas do sistema cardiovascular
 Sistema neurológico
- Controlo de convulsões
- Atenção aos animais com estados de depressão central
- Determinar a capacidade ambulatória

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