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AS TECNOLOGIAS DA RECORDAÇÃO: O REGISTRO DAS MEMÓRIAS DE EDUCADORES E O

DESAFIO DE TORNAR CADA VEZ MAIS PÚBLICO OS DEPOIMENTOS.

EDILZA JOANA OLIVEIRA FONTES1


Universidade Federal do Pará

Na universidade Federal do Pará (UFPA) desde 2010 há a construção de um


repositório multimídia no âmbito da Assessoria de Educação de Educação a Distância da
UFPA, a “UFPA Multimídia”2, visando incentivar o uso das TICS no ensino de Graduação e
atuar como canal de diálogo entre produção de conhecimento científico e a sociedade. Este
repositório trabalha com a possibilidade de diferentes públicos realizarem seu processo de
construção de conhecimento da realidade. Neste contexto nossa pesquisa na UFPA intitulado
“Universidade multicampi, 25 anos de ensino superior regionalizando o Pará”3, que tem como
objetivo pesquisar o processo de interiorização da UFPA e debater o ensino regionalizado no
estado. No percurso do projeto recebei o convite do coordenador da AEDI (Assessoria de
Educação a Distância), para usar as dependências do estúdio de gravação e posteriormente,
além disso,todo o material gravado, foi editado e disponibilizado no repositório.
A pesquisa tomou outros rumos, ampliando-se. O uso das TIC’S (tecnologias da
Informação e Comunicação) apontava para a necessidade de adorar novas formas de gestão do
conhecimento científico, no caso específico de um trabalho com memórias.A propósito do
repositório4 de conteúdos em linguagem multimídia “é reunir e potencializar os esforços,
ainda isolados, de professores pesquisadores na instituição na que concerne ao uso das
TIC’S”, para fortalecer o ensino de graduação (MIRANDA, 2012, p.5). Nosso interesse em
usar as estruturas da AEDI e o repositório estava de acordo com o uso das memórias no
projeto. Pretendíamos gravar vídeos, com depoimentos de professores, servidores, alunos, ex-
alunos da UFPA, que participarão do processo de interiorização da instituição. Usar o
repositório colocava outros desafios. Ele poderia ser um espaço de publicação das entrevistas,
que dialoga com a comunidade acadêmica e para além dela. É um espaço de debate da

1
Professora Associada II da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará. Professora do programa de
pós-graduação de ciência política da UFPA e do Programa História Social da Amazônia/UFPA,
email:edilzafontes@yahoo.com.br.
2 Acesse o site http://www.multimidia.ufpa.br/jspui/
3 O projeto pretende pesquisar os 25 anos do processo de interiorização da UFPA de 1986 a 2011,

usando como fontes a documentação institucional (atas dos conselhos superiores, documentação do
departamento de seleção - antigo DAVES, documentação do departamento de pessoal, atas dos
conselhos de centro, documentação da reitoria e pró-reitoras), além de trabalhar com a memória dos
vários segmentos envolvidos no processo de interiorização da UFPA. Depoimento de professores,
servidores, alunos, egressos e autoridades locais, são partes da memória que pretendemos
sistematizar. Assim como a documentação iconográfica e os documentos institucionais produzidos
pela UFPA, que indicam as várias fases pelo que passa o processo de interiorização da universidade.
4
O repositório foi concebido e está sendo desenvolvido pelo laboratório de Pesquisa e Experimentação
em Multimídia e do laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento em TI da Assessoria de Educação a
Distância/UFPA.
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experiência da interiorização da UFPA, e de outras memórias reveladas no processo de


pesquisa, através das entrevistas dos depoentes.
O repositório passou então a ter um significado para nossa pesquisa de ser é um
espaço da recuperação da informação, na medida em que registraria memória dos educadores,
dos alunos que vivenciaram um mesmo processo histórico. Ao mesmo tempo de registra, deu
acesso a um público bem maior, que com certeza irá dialogar com a sociedade os resultados
da pesquisa, já que os depoimentos, as formas como foram organizadas as narrativas, os
significados atribuídos aos fatos identificam um sentimento de pertencimento, dentro dos
educadores da UFPA, para com um processo vivido pela instituição que foi postado,
possibilitando releituras destes processos e com isto aprofundando maiorconhecimento dos
processos internos dentro da UFPA no que diz respeito ao seu passado. Os depoimentos, em
numero de 87, ficaram disponibilizados na plataforma digital.
Entre as vantagens da implantação do repositório multimídia (Miranda, 2012, p.9),
“então a possibilidade de armazenar produtos midiáticos que tem como característicacentral a
versatilidade”. Estes conteúdos podem ser vinculados nas mídias como computador, televisão
e telefones celulares.
Este repositório está relacionado à gestão nacional e ampliação de visibilidade da
produção científica (Miranda, 2012, p.7). O uso do repositório na nossa pesquisa vem ao
encontro e dar vazãoa produção das fontes orais, de modo sistematizado, que podem ser
usados por outros pesquisadores, por outros sujeitos que participaram dos processos históricos
remunerados e pelos professores em sala de aula. Neste aspecto gostaria de chamar atenção
que os depoimentos, já disponibilizados, podem ser acessados em sala de aula para o uso de
memórias no processo de ensino e aprendizagem.
Nossa experiência é salutar. Usamos estes depoimentos em disciplinas que trabalham
com o tempo presente e seu resultado foi muito bom do ponto de vista da estimulação dos
alunos e do ponto de vista do debate sobre a relação história e memória (LE GOFF, 1990).
Usamos este recurso para o debate sobre os governos militares e sua política para as
universidades brasileiras, na disciplina História da Amazônia III, no curso de Licenciatura em
História na UFPA, usamos também para debater memórias da segunda guerra mundial na
Amazônia, para debater a cultura eosestudantes nos anos sessenta com as experiências do
CPC da UNE no Pará, as aposentadorias compulsórias de professores, a prisão de estudantes
em 1964, a tortura em relação aos professores processados, a invasão da União Acadêmica
Paraense, a reforma universitária na UFPA, o processo de anistia no Pará, as eleições de 1982
no Pará, as eleições de reitoria UFPA, o inicio do processo de interiorização nos meados dos
anos 80 e a consolidação dos campi da UFPA nos anos 90. Esta variedade de temas foi
possível na medida em que realisamos um processo de registros dos depoimentos iniciando
com memórias do depoente apartir de sua infância, sua formação escolar, seus estudos
secundários, atésua chagada na UFPA. Esta abordagem permitiu registrar memórias de várias
cidades do estado, do ensino fundamental, de escolas públicas no estado, da formação como
estudante da UFPA, da história de vários cursos e de disciplinas. Nossa surpresa é que o
registro destas memórias abre um leque grande de temas para pesquisa que não foram ainda
3

tema de abordagem de pesquisas históricas e mesmo de história da educação, das cidades, das
instituições educacionais, da história do ensino no Pará. No nosso entendimento este é um
grande passo para o debate sobre temas sociais para pesquisa, na medida em que no ato do
registro das memórias, e no momento de sua publicação e uso na sala de aula, permite
levantar odebate sobre processos sociais na história do Pará de forma imediata, no momento
em que esta produzindo fontes para projetos de pesquisas. Fonte oral que podem ser também
objetos de pesquisa futura.
O uso do repositório possibilita então a disponibilização dos depoimentos da pesquisa,
no momento mesmo da produção dos depoimentos, para fins educacionais, e cria uma
ambiência de pesquisa de conteúdo em meio digital democratizando e enriquecendo seu uso
no ensino de graduação e na produção de pesquisa, que usam memórias como objeto de
estudo.
O repositório em relação a nossa pesquisa socializam os conteúdos, no processo da
pesquisa e a disponibilização em mídia digital deve trazer contribuição, ampliações de
informações, sobre os objetos de pesquisa, na medida em que a publicação sobre os
depoimentos suscita outras memórias dos processos rememorados e permite um diálogo
profícuo com outros sujeitos que podem enriquecer o processo de pesquisa.
O trabalho de pesquisa iniciou-se com a ajuda da equipe de filmagem da AEDI5 e só
depois passados a usar o estúdio e a sala de gravação.O processo inclui uma preocupação com
o pessoal, o convite para depor, a explicação dos objetivos do projeto e das às informações
dos dados sobre a publicação. O calendário das entrevistas é rigorosamente implementado,
pois causas de falta indica custos.
As entrevistas são feitas por mim, coordenadora do projeto, com base em um roteiro
legível, deixando bem à vontade nossos convidados. Partimos do pressuposto de que nossos
depoentes tem uma vida social vinculadaà educação ou as ciências e que suas experiências
são suporte, são parâmetros de que partem para organizarem as suas memórias.
Trabalharemos com o pressuposto de que a memória é seletiva, e esta seleção é feita
no presente, no momento do depoimento. O processo de seleção dos entrevistados é um
procedimento feito pelos historiadores, que pode ser mudado e ampliado no decorrer da
pesquisa. No caso da pesquisa analisada, usamos como critérios para a seleção de depoentes,
professores, ex-alunos, servidores e dirigentes da UFPA, que participaram de formas
diferenciadas para o processo de interiorização da UFPA. Esta seleção fez com que no
momento da gravação dos depoimentos, muitos professores questionaram a exclusão e
reivindicasse a escuta de suas memórias. Nossa pesquisa torna-se pública, a instituição toma-
se conhecimento dela pelo repositório e cada vez mais novos sujeitos estão interessados no
registro de suas experiências. Neste sentido o repositório toma a dimensão de um arquivo
digital, um dispositivo de acumulação e sistematização da memória coletiva e individual. O

5O repositório é resultado do trabalho de uma equipe multidisciplinar composta pelos autores deste
artigo, bem como pelos pesquisadores e técnicos: Diego Hortêncio Santos, Geisa Ferreira Dias, Thiane
de Nazaré Monteiro Neves e William Silva.(Miranda, 2012, pp.3).
4

repositório é então um mecanismo de construção, seleção e legitimação de uma memória


coletiva da instituição, em relação a uma parte de sua história.
Sabemos que vivemos em uma sociedade, onde a preocupação com o registro, e
produzir memórias, corre o risco de ver a relação história e memória se diluir. Nossa pesquisa
parte do pressuposto de que trabalhar com memórias implica em um processo de negociação,
onde o historiador tem um papel relevante no registro destas memórias, na medida em que ele
seleciona-as. As negociações se tratam por vezes conflituosas, quando os depoentes não
concordam com o cronograma estabelecido para os registros, quando outros sujeitos não
concordam com a exclusão6.
Nossa pesquisa trabalha com 87 depoimentos e procuramos diversificar-los, tomando
como ponto de partida os lugares sociais que os sujeitos tinham no momento da
interiorização. Outro critério foi procurar “escutar”e “registrar” memórias que permitissem a
análise dos processos localizados, dentro de uma memória coletiva mais ampla. Tomamos
como critérios depoimentos dos professores dos 10 campi da UFPA (MIRANDA, 2012, p.7),
por exemplo, e de ex-alunos destes campi, tivemos como critérios também relacionar os
depoentes, do ponto de vista de sua postura frente ao programa de interiorização da UFPA.
Buscamos ver uma memória coletiva, mas que não era monolítico, ver os movimentos, as
discordâncias, e as mudanças ocorridas em 25 anos do processo de interiorização da
UFPA.Neste sentido trabalhamos com a noção de memórias, dentro de uma memória coletiva
mais ampla.
Há, portanto a construção de um processo de construção de elaboração e registro de
diferentes memórias e o repositório é o espaço digital, como uma experiência que partindo das
metodologias de história oral, de criação de memórias, amplia ao conhecimento produzido, no
caso em relação às memórias de educadores da UFPA e criam um ambiente de diálogo com a
sociedade, ou seja, amplia o acesso das memórias, democratizando e enriquecendo o
conhecimento sobre os processos históricos (MIRANDA, 2012, p.8).
O ambiente de produção desses conteúdos tem sido o laboratório de Pesquisa e
Experimentação e multimídia da AEDI. Pretendemos que o conhecimento produzido, mas
nossas pesquisas sejam acessível e aberto ao diálogo com a sociedade, para democratização,
relativização e críticas ao conhecimento postado.
Há um cenário de aprofundamento do usos das TIC’S no processo de produção do
conhecimento cada vez maior. O uso de repositórios, e o “acesso aberto para gerenciar
informações científicas provenientes das atividades de pesquisa e ensino e para oferecer
suporte a elas”(MIRANDA, 2012, p.12).
A produção das memórias, publicadas no repositório, no caso da nossa pesquisa, está
de acordo com as características de cultura, são expressões de um tempo presente. O

6
Na medida em que as entrevistas eram publicadas no repositório, tivemos vários professores
reclamando da não inclusão em seu nome nas entrevistas ou mesmo descordando do cronograma das
entrevistas estabelecidas, sabemos que trabalha com memórias expõe o historiador a situações
conflitivas na medida em que trabalha com a história de vivos.
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conhecimento produzido se apresenta sobre novas formas de ponto de vista da construção e


disponibilização, possibilitando novos usos, no ensino de história, novos diálogos e incorpora
uma nova forma de pesquisa vinculada a produção de memórias.
O repositório possibilita uma interatividade a partir do facebook, na medida em que
permite o compartilhamento da página do repositório e o comentário do internauta. Esta
interatividade permitirá ao pesquisador medir. os acessos por vídeos (entrevistas) e analisar a
repercussão de sua pesquisa na comunidade local, na medida em que podemos saber os
vídeos, mais acessados e o número de acessos por entrevista. Esses dados sobre acesso são
atualizados semanalmente.
O uso do repositório tem implicação direta no modo de produzir o conhecimento
históricos, por que delimita uma forma de organizar os dados, disponibilizar e acessar as
fontes com as quais o historiador trabalha. O resulta das pesquisas, a narrativa histórica, ela
esbarra a partir dela também é disponibilizada no repositório. Todo o processo de coleta,
postagem e disponibilização dos conteúdos, da nossa pesquisa é coordenada pela equipe do
repositório (MIRANDA, 2012, p.15), mas há um processo dialógico com o historiador, na
medida em que acordamos o calendário das entrevistas, o tempo médio de cada gravação, os
dados para a catalogação dos vídeos. Não há qualquer interferência na seleção dos convidados
e na forma de condução das entrevistas.
Como resultados preliminares da pesquisa já produziram um artigo para os primeiros
dez anos do projeto de interiorização da UFPA que será disponibilizado no repositório,
permitindo a comparação da leitura feita por nós das entrevistas com a publicação das
entrevistas no repositório. Nestes primeiros resultados pretendemos analisar o processo de
consolidação dos campi da universidade nas várias regiões do estado. Nosso projeto de
pesquisa utiliza-se de fontes orais, buscando analisar a construção de uma memória coletiva e
o sentido ou as relações de pertencimento dos participantes do projeto de interiorização
quando rememoram 25 anos da interiorização da UFPA, bem como matérias jornalísticas da
grande imprensa do estado e com a documentação da Associação dos Docentes da UFPA
(ADUFPA).
As narrativas que usamos fazem parte de nossa pesquisa sobre o processo de
interiorização7 da UFPA. Nelas encontramos informações e um olhar sobre o passado que não
encontramos nas fontes escritas, ou seja, o uso das memórias enriqueceu a pesquisa e
possibilitou uma maior compreensão do processo histórico, já que trouxeram para as narrativa
históricas novas informações e incluíram, nos processos, sujeitos com suas experiências e
histórias de vida não registradas em outras fontes.8Nossa pesquisa procura registrar as

7 A pesquisa que desenvolvemos é sobre o processo de interiorização da UFPA e trabalha com


memórias de um processo recente, concluído na medida em que hoje a UFPA conta com dez campi,
com corpo docente e instalações próprias.
8 Entrevistamos 25 pessoas na primeira fase do projeto e entrevistaremos 100 pessoas até Fevereiro/

2012. Faremos a análise destasas memórias confrontando com a com a documentação escrita dos
6

memórias da interiorização e só o uso de fontes orais garante os sentidos que cada um dos
sujeitos deu as suas experiências, as suas histórias de vida.
Nossa pesquisa publica os vídeos das entrevistas feitas e elas são pouco editadas. Este
visa disponibilizar uma abordagem flexível, com fotos e as próprias entrevistas, mostrando
que a produção do conhecimento histórico é feita, também a partir de fontes públicas,
produzidas historicamente. Neste sentido disponibiliza para os internautas, para o leitores, as
fontes de onde partiu as análises sobre determinadas investigações históricas, é importante
para o diálogo que se quer, ou seja, ou seja o diálogo entre o historiador e seu leitor
gostaríamos de ressaltar que na produção das entrevistas , outras memórias são acessadas. Os
educadores selecionam as suas recordações e memórias do tempo dos governos militares e
suas relações com a UFPA aparecem tentando sair do silêncio.
As entrevistas só são realizadas e publicadas no repositório após permissão dada pelo
entrevistado no início da entrevista e após assinatura de documentos autorizando a publicação.
Já ocorreram momentos em que o entrevistado arrepende-se da permissão para sua publicação
no repositório, principalmente quando a entrevista também registrou suas memórias em
relação a prisão, tortura, sofridas pelo entrevistado ano de 1968 em outro estado da federação
brasileira em que o entrevista também relatou a prisão de seus familiares e os
constrangimentos por que passou toda a sua família devido a sua participação em movimento
de resistência a ditadura militar. Estas lembranças fizeram com que o entrevistado após alguns
dias solicitasse a não publicação de suas memórias alegando problemas familiares com a sua
publicação. Neste sentido começamos a observar que no bojo das memórias sobre o projeto de
interiorização da UFPA foram relatos memórias em relação aos governos militares e os
servidores da instituição.

O professor Raimundo Heraldo Maués9é um exemplo de memórias silenciadas, que


agora surgem dentro de outras narrativas. Em depoimento concedido ao projeto
“Universidade Multicampi, 25 anos de ensino superior regionalizando o Pará”, temos a
seguinte declaração:

“[...] depois que eu entrei para a universidade eu passei a ser ligado a JUC, num determinado
momento eu cheguei a ser dirigente da JUC em Belém [...] Era toda uma organização, era o
grupo mais avançado da Ação Católica, era a época do Betinho o principal líder da JUC
nacional. Neste momento também foi criada a AP (Ação Popular) que foi a última tentativa de
criação de um partido católico no Brasil. Eraa proposta de um partido católico de esquerda,
participei dessa coisa toda, entre as pessoas que participaram estava a Elisa que depois casou
com Samuel Sá, Almerinda, Roberto Valente, enfim várias pessoas que participaram dessa
atividade [...] ligado a JUC participando da política estudantil numa posição de esquerda

conselhos da UFPA, com os jornais da grande imprensa e com a documentação do movimento


docente da instituição.
9
Ver entrevista no repositório http://www.multimidia.ufpa.br/jspui/handle/321654/1057
7

digamos com divergências, também em relação ao partido comunista, mas com alianças
também era uma situação complexa, se aliava mas também havia divergências internas. [...] eu
fui convidado pelo Manuel Leite Carneiro, hoje ele é um dos donos do Ideal, era presidente do
Diretório da Faculdade de Filosofia aí quando ele estava pensando na saída, terminando o
mandato dele, ele me chamou e perguntou se eu queria sucedê-lo [...] eu aceitei e aí além de
todas as minhas atribuições, acrescentei também a de presidente do Diretório, aí quando eu era
presidente do Diretório da Faculdade de Filosofia [...] eu entrei em 1959, deve ter sido em1960
ou 1961, eu saí em 1962, por que eu cursei até 1962. Nesse momento estava se configurando
toda uma luta política estudantil em plano nacional pela reforma universitária, era uma das
reformas de base, do ponto de vista dos professores a figura mais importante era o Darcy
Ribeiro. A UNE organizou um grande congresso na Bahia, congresso sobre a reforma
universitária, as nossas grandes reinvindicações eram por exemplo, a abolição da cátedra, a
realização de concursos para professores, por que não havia concursos, os professores entraram
por indicação dos catedráticos [...] O professor Simão Bittar era formado em Direito, foi
escolhido para ser professor de Geografia Humana, como ele era um intelectual muito
responsável ele comprou todos os livros clássicos da Geografia Humana, que era possível
comprar, ele estudou esses livros, ele dava aula, indicando para nós esses livros, emprestando
esses livros, para nós, às vezes íamos a casa dele para discutirmos com ele, esses livros, esses
temas, (...) ele era um intelectual de peso, conhecia muitas línguas, quando os alunos se
interessavam, ele recebia na casa dele, emprestava os livros, nós tínhamos um grupo de estudo
que íamos a casa dele, trabalhar com ele, ele adorava fazer isso, enfim, o grande número de
professores ensinavam coisas terríveis, era contra isso que a gente se insurgia. [...] O meu
currículo era melhor, eu fiquei nos dois primeiros lugares nos dois concursos, só que eu podia
esperar isso também meu nome foi vetado pelo SNI. Era o SNI que tinha agentes aqui, que
vigiava todas as universidades do Brasil, e que em casos desse tipo eles vetavam as pessoas
que não queriam, [...] o concurso foi em 71. Há um detalhe que eu deveria dizer também, antes
disso em 1969, já na vigência do AI-5 houve uma denúncia contra os dirigentes da AP, aqui em
Belém, os dirigentes da AP era Eu, Roberto Valente, Almerinda, Elisa Sá e Félix Coqueiro. A
denúncia maior era contra mim, mas a denúncia era um pouco vaga, [...] o que nós sabemos
depois do processo, houve uma confissão, a gente não sabe como foi obtida, acredito que sobre
tortura que indicava pessoas daqui, inclusive o professor Maués dos Correios. A denúncia era
assim um tanto vaga, e eles chegaram até a importunar um colega nosso do correio, mas que
não era eu e depois chegaram à conclusão de que não era este senhor. Quando chegaram à
conclusão que era eu eles montaram todo um esquema para me prender. Prenderam a mim,
prenderam o Valente, nós ficamos incomunicáveis, com o exterior, na verdade nos ficamos no
mesmo quarto, um quarto de oficiais, onde ficamos presos na Aeronáutica, fomos torturados,
mas enfim, nós já tínhamos nos afastado da AP, [...] [Quanto tempo o senhor ficou preso?] um
mês, [Onde o senhor ficou?] no quartel da Aeronáutica, [ E que tipo de tortura eles fizeram
com o senhor?] Aqueles tapas no ouvido, faziam uma encenação, haviam dois majores que
tomavam conta de nós, o major Ulisses e o outro eu não consigo lembrar o nome, que era o
negro [...] pois é, um era o bom o outro era o mau. O Ulisses era o bonzinho, o negro era o
mauzinho, aí em alguns momentos altas horas da noite, ele ia e nos pegava, individualmente,
nos levava para uma sala, onde havia várias pessoas fortes, que nos davam essas tapas e queria
que a gente confessasse as coisas, aí num determinado momento o major Ulisses chegava lá,
vamos acabar com isso, vocês estão cometendo um abuso, quer dizer ele era o bonzinho, mas a
ameaça estava sempre presente, só que nós não sabíamos mais de nada, nós havíamos nos
desvinculado totalmente, eles conseguiram também, saber dos outros nomes por uma série de
razões, [...] aí em um determinado momento como eles não tinham mais como nos manter
presos, nós fomos soltos, Valente e Eu [...] ”.
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Como podemos observar o professor Heraldo Maués teve dificuldades de ingressar na


UFPA como docente, e tem uma memória muito interessante sobre as atuações dos governos
militares na Amazônia em relação principalmente a professores, estudantes e servidores que
sofreram perseguição política realizada por agentes públicos nomeada na segunda metade dos
anos 60 e que no nosso entendimento são memórias importantes para análise da História da
Amazônia, mas precisamente sobre a década de 60/70 e a relação de educadores e servidores
da UFPA com os governos militares. O professor Heraldo Maués menciona o processo aberto
contra ele no SNI junto ao conselho permanente de Justiça da Aeronáutica da 8ª CJN com
base no artigo 9 da lei nº 1802/53 por que,

“Em épocas anteriores a revolução democrática de 31 de março, os estudantes universitários


participaram de vários movimentos esquerdistas que se desenrolaram no âmbito estudantil no
Pará destacadamente naquele que foi denominado inicialmente como o nome de “GRUPÃO” e
que mais tarde ficou conhecida como Ação Popular (AP)”.

A denúncia foi feita em 29 de dezembro de 1969 e foi recebida em 15 de janeiro de


1970. Este é um bom exemplo do tipo de documento que necessita ser levantado, identificado
e catalogado para que possamos ter um suporte documental amplo sobre as ações que os
governos militares desenvolveram no Pará, mais precisamente em relação aos alunos,
servidores e docentes da UFPA.
Os documentos da antiga Assessoria de Segurança e Informação da UFPA, que foi
desativada em 1984, está disponível no Arquivo nacional ,mas ainda não está disponível na
internete. A documentação encontrada10 são relativa às correspondências trocadas entre os
gabinetes dos reitores e esta Assessoria, dando conta de todo um contexto de ações de
vigilância e investigações realizadas dentro da UFPA e que hoje são importantes para o
conhecimento do período dos governos militares, já identificados.
Este tipo de memória nos faz pensar o quanto temos que investigar para conhecermos
mais nosso passado. Estas entrevistas nos faz pensar sobre a necessidade de um levantamento
documental amplo, incluindo as memórias de servidores, docentes e discentes da UFPA, que a
partir de 1964 sofreram perseguições políticas, constrangimentos e violações dos seus direitos
humanos.

Há muito preconceitos diante da história contemporânea em geral e do tempo presente


em particular. Um dos desafios dos historiadores do tempo presente é defender a sua
legitimidade científica, combater as objeções recorrentes, como a de impossibilidade de
consultar os arquivos recentes e a inacessibilidade de um conhecimento objetivo por falta de
recursos. A História do tempo presente propõe analisar a interação do passado e do presente

10
A documentação relativa a correspondência da ASI do Gabinete da reitoria foi encontrada quando a
realização do projeto Universidade Multicampi, 25 anos de ensino superior regionalizando o Pará.
9

segundo Marc Bloch que declarou “a solidariedade do presente e do passado é a verdadeira


justificação da história” (BLOCH, 2002). A História do tempo presente também reivindica
que os historiadores podem analisar a história contemporânea retirando a exclusividade de
outros cientistas sociais ou de jornalistas, como objeto dessas profissões.
A noção de tempo presente tem múltiplas noções, aspectos e múltiplas relações com os
contemporâneos, os testemunhos, os autores, as demandas sociais, e relações com outras
disciplinas. É um campo científico singular, o período histórico é definido por balizas móveis
que servem para definir seus marcos iniciais, tais como: grandes rupturas; épocas de gerações
ou de cujos testemunhos estão vivos; ou de como, afirma Hobasbawm (1993/1998) é o
período durante o qual se produzem eventos que pressionam o historiador a revisar a
significação que ele dá ao passado, a rever as perspectivas, a redefinir as periodizações, isto é,
olhar em função do resultado de hoje, para o passado que somente essa luz adquire
significação. O tempo presente pode abarcar os limites da duração de uma vida humana,
constituindo um campo marcado pela presença de testemunhos vivos que condiciona o
trabalho do historiador, o personagem histórico ao qual o historiador dá um estatuto particular
quando escolhe os seus depoentes e os interroga, estabelecendo fronteiras entre o momento
rememorado, entre o passado rememorado e o tempo presente do relato. Exigindo do
historiador uma lógica nova de investigação, o historiador do tempo presente neste sentido,
inova no método de constituir o objeto de investigação, o que se faz com dificuldades e
tensões (Pollack: 1992).
O historiador do tempo presente valoriza o evento, a contingência e a aceleração da
história ele é ao mesmo tempo testemunho e ator do seu tempo. Há uma valorização dos
períodos de ruptura, dos eventos políticos, a utilização das fontes orais e a busca da
interdisciplinaridade. Segundo Roger Chartier

“O pesquisador é contemporâneo dos objetos e divide com os que fazem a história, seus atores,
as mesmas categorias e referências. Assim, a falta de distância ao invés de um inconveniente
pode ser um instrumento de auxilio importante para o maior entendimento da realidade
estudada, de maneira a superar a descontinuidade fundamental que ordinariamente separa o
instrumental intelectual, afetivo, e psíquico do historiador e aqueles que fazem a história”.
(apud FERREIRA & AMADO, 1996: 216)

Outro historiador como Remond (1996) afirma que o distanciamento que pretende
garantir a objetividades, nos estudos históricos, não é consequência direta do recuo, mas
“efeitos da capacidade que o historiador tem de controlar seus preconceitos e prevenções”. O
historiador do tempo presente não está privado de testemunhos insubstituíveis na sua pesquisa
e pode entender com maior facilidade as mentalidades do período e os comportamentos
sociais desse tempo. Hobasbawm declara (1998: 243-255):

“A despeito de todos os problemas estruturais da história do tempo presente, é necessário fazê-


la não há escolha. É necessário realizar as pesquisas com os mesmos cuidados, com os mesmos
10

critérios para os outros tempos, ainda que seja para salvar o esquecimento e talvez da
destruição as fontes que serão indispensáveis aos historiadores do terceiro milênio”.

Ainda hoje permanecem desafios para a história do tempo presente, pois, uma delas é
como lidar com eventos não terminados. Michel Pollack, Denis Peschnsky, Henry Russo
(1991: 28) rejeitam a oposição entre tempo curto e tempo longo, junto com Ricouer sustentam
que a história do tempo presente (desfataliza) a história permitindo ao historiador analisar o
que permanece “virtual no presente, ao que ele ainda está aberto ao possível”. O tempo
presente neste sentido é o tempo móvel que se desloca com o desaparecimento das
testemunhas.
No Brasil as memórias produzidas sobre o período da ditadura militar não encontram
diálogos com o que foi produzido pela historiografia mais recente. È necessário refletir sobre
o papel do indivíduo na História e sobre a relação de identidade e memória. Trabalhar com o
dever da memória, que segundo Todorovic (1995,pp.55) faz da “memória um valor
transformado em religião “laica”, torna-se um empreendimento sistemático de reinvindicação
de identitária de memória e de suspeita em relação à pesquisa histórica”. Temos que ter
preocupação com a vitimização dos depoentes, como opositores da ditadura militar no Brasil.
Russo (1998,pp.89) chama a atenção para a função crítica da história e a necessidade de
distanciamento, o historiador deve fazer uma análise crítica das memórias edificantes,
heroicas, para ele assim como para François Berdarida (1993,pp.8) “é necessário promover
um autêntico dever de história, que parte da memória, dela se nutre, mas sabe tomar o
distanciamento necessário em relação a ela”. É necessário produzir uma historização crítica da
memória. Há uma função crítica da História diante da memória.
Partimos do pressuposto de que o testemunho para uma história do tempo presente é
uma fonte importante para a construção de um discurso histórico consistente, desde que a
análise das memórias individuais possibilita a construção de uma memória coletiva em
relação a determinados processos históricos vivenciados coletivamente pelos testemunhos
enquanto sujeitos históricos.
O historiador do tempo presente lida com a memória viva dos seus contemporâneos
que influencia fortemente o seu trabalho, isto confere singularidade a história do tempo
presente, por isso “é necessário uma reflexão crítica e constante sobre a função social da
História”. (NORIEL, 1998,208). O historiador do tempo presente aproxima-se de certo
sentido de um juiz ao analisar o tempo presente já que se propõe averiguar os fatos, ouvir
testemunhos e produzir uma narrativa para o tribunal da história. Há então convergências
entre um e outro ofício, no que diz respeito ao princípio investigativo, a preocupação com a
prova, na produção de um tipo de conhecimento provisório que tem implícito uma intenção de
verdade. Neste sentido, as conclusões que chega um historiador não são verdades absolutas,
são verdades expostas a críticas e suas conclusões estão sujeitas a um processo ilimitado de
revisões que levam às novas rescrituras. O trabalho do historiador então é inconcluso e a
tarefa investigativa do historiador permanece inacabada e a verdade histórica que ele produz é
provável, possível enquanto possibilidade.
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Em 2014, mais precisamente no dia 1º de Abril de 2014, estaremos rememorando os 50 anos


de implantação de governos militares no Brasil, com certeza teremos projetos de
rememorações deste passado. No mundo moderno construíram-se lugares de memórias, para
serem fornecedores de identidades (NORA, 1990, p.56). Provavelmente as rememorações de
64 terão papel central nestas rememorações, inclusive no meio acadêmico. Será um momento
de legitimar e atualizar identidades dentro de uma história política do Brasil contemporâneo.
Emergem assim necessidade de construir novas formas de preservação, memorização e
arquivamentos.Nossa pesquisa nos permitirá captar a diferentes visões ao longo do tempo e
analisar a memória enquanto algo seletivo, uma fonte importante que permite a ligação
necessária para tornar o passado recente inteligível.

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