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Microbiologia
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Colégio Elysio Vianna
COLÉGIO ELYSIO VIANNA
Mecanismo de ação dos desinfetantes
INTRODUÇÃO
A desinfecção ou assepsia pode ser definida como o processo de eliminação de microrganismos por
meio de agentes químicos ou agentes físicos.
O processo de desinfecção devem seguir as seguintes premissas e ter as seguintes características:
garantir uma boa penetrabilidade dentro do local infectado e o composto desinfetante deve agir em
um amplo espectro com a menor taxa de toxicidade. A ação deve ser rápida a fim de não alastrar a
contaminação e a medida também deve ser econômica.
Princípios de ação
Podem-se destacar os métodos físicos de desinfecção, a filtração, radiação, calor seco e calor
úmido. Destaca-se a radiação eletromagnética como técnica utilizada em materiais que não possam
ser aquecidos. Já quanto ao mecanismo de desinfecção por agentes químicos, são usados
desinfetantes de primeiro, segundo e terceiro grau.
Estes três tipos de desinfetantes diferenciam entre si pelo mecanismo de ação de cada um. Sendo no
primeiro caso a alquilação (bactericida), no segundo de desnaturação de proteínas (ação bactericida)
e no terceiro quelação, mecanismo bacteriostático.
O grau de desinfecção química também diz respeito aos tipos de patógenos que são destruídos:
1º grau – alta desinfecção: há a destruição de formas vegetativas, esporos, bacilos e vírus;
2º grau – média desinfecção: há destruição de vírus e bactérias, menos esporos;
3º grau – baixa desinfecção: há destruição de formas vegetativas de bactérias e não destroem vírus e
bacilos.
Benefícios da desinfecção
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Afinal, por que o álcool 70% é mais eficaz como bactericida que o álcool absoluto? Na área da
saúde, “álcool” refere-se a dois compostos químicos solúveis em água – álcool etílico (etanol) e
álcool isopropílico – que têm características germicidas em função de suas concentrações. Recordo
quando estava na graduação e aconselhei meu pai a comprar álcool (etanol) 70%, pois seu uso seria
mais eficiente na desinfecção do que o álcool 99,6% (absoluto). Em contrapartida ao conselho, veio
uma pergunta: “Mas se ele é menos concentrado, por que é mais eficiente?”. A razão por trás disso
é o modo de ação do álcool 70%. O álcool 70% possui concentração ótima para o efeito bactericida,
porque a desnaturação das proteínas do microrganismo faz-se mais eficientemente na presença da
água, pois esta facilita a entrada do álcool para dentro da bactéria e também retarda a volatilização
do álcool, permitindo maior tempo de contato. Nesta concentração, o etanol destrói bactérias
vegetativas, porém esporos bacterianos podem ser resistentes. Fungos e vírus (envelopados, como o
vírus Influenza H1N1) também são destruídos pelo álcool (leia mais aqui). Na verdade, a ciência
sabe que o álcool interrompe muitas funções essenciais à bactéria, embora não estejam muito claras
quais destas interrupções podem levar à morte celular. Prováveis efeitos: Em primeiro lugar, o
álcool destrói a membrana celular externa por desidratação, afinal o álcool é higroscópico e
hidrofílico. Em segundo lugar, as moléculas de álcool penetram no citoplasma e, como resultado,
precipitam as proteínas devido à desnaturação. Em terceiro lugar, causa coagulação de enzimas
responsáveis por atividades celulares essenciais. Quando se utiliza o álcool (etanol) 99,6% para
desinfecção, ocorre uma coagulação extremamente rápida, não havendo penetração no interior da
célula e, portanto, não matando o micróbio. Essa atuação ineficaz ocorre devido à rápida
volatilização do etanol nessa concentração. E por que 70%? O grau de hidratação é um fator
importante para a atividade antimicrobiana, mas como chegaram à conclusão de que a concentração
70% é melhor do que a de 50%, 60% ou 80%, por exemplo? Muitas pesquisas foram conduzidas, e
podemos citar algumas em que observaram a atividade antimicrobiana do álcool em grau inferior a
50% e superior a 70% (veja referências 1,2,3,4 no final do texto), concluindo que essa atividade
decresce acentuadamente nos dois extremos. Portanto, uma boa atividade germicida ocorre entre 50
a 70%, sendo a máxima a 70% de diluição.
Pesquisadores descobriram, recentemente, que a água sanitária mata bactérias atacando proteínas,
destruindo rapidamente sua delicada forma. Uma exceção é a bactéria Escherichia coli, usada como
modelo nos estudos. Esta bactéria possui um mecanismo defesa recuperando as proteínas antes que
esses danos se tornem permanentes. Curiosamente, este mecanismo é ativado pelo desinfetante.
A água sanitária é uma solução de hipoclorito de sódio, cuja ação sanificante é controlada pelo
ácido hipocloroso, formado rapidamente na dissociação do hipoclorito de sódio em água (Figura 2).
Este ácido é extremamente reativo e, por sua vez, ataca os aminoácidos que constituem as proteínas
alterando sua estrutura tridimensional.
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A estrutura de uma proteína é crucial para a sua função, e quando proteínas importantes perdem sua
forma as células das quais fazem parte podem não sobreviver por muito tempo. Muitos estudos in
vitro têm revelado como a água sanitária reage com proteínas e membranas de organismos vivos.
De fato, a Hsp33 se torna mais ativa quando as células são expostas ao ácido hipocloroso. Quando a
água sanitária reage com alguns aminoácidos de proteínas, a Hsp33 se desenovela parcialmente e
assume uma estrutura ativa. Isto é atípico: o desenovelamento geralmente quebra a funcionalidade
das proteínas, mas para a Hsp33 o processo atua como um “botão” para ativá-la. Outra chaperona
chamada HdeA também é ativada parcialmente sob condições muito ácidas. Jakob espera que os
pesquisadores encontrem mais exemplos dessa resposta ao estresse celular no futuro.
Por que a E. coli desenvolveria um “sistema de alarme” contra um desinfetante inventado por seres
humanos? A resposta a essa questão pode estar relacionada ao fato do ácido hipocloroso ser
encontrado na natureza. Os neutrófilos, por exemplo, que são células do sistema imunológico,
produzem ácido hipocloroso para matar as bactérias que foram fagocitadas. Entretanto, isso não se
aplica ao comportamento da E. coli, segundo o microbiologista James Imlay da Universidade de
Illinois. “Esta bactéria não vive em um meio onde haja neutrófilos”, ele diz. Jakob relata um estudo
que sugere que o ácido pode limitar o crescimento bacteriano nas entranhas de insetos, e diz que
pode haver outras fontes de ácido hipocloroso que ainda não foram identificadas.
Em outras palavras, o estudo não descarta a possibilidade de a água sanitária possuir outros
mecanismos de ação. É sabido, por enquanto, que o desinfetante pode reagir com moléculas que
constituem as membranas, podendo fazer com que estas se rompam, matando as células. O
desenovelamento de proteínas e sua agregação parecem ser a parte mais importante desse
mecanismo.
“Todos sabem que a água sanitária desinfeta, e é só”, diz Jakob. “Poucos se preocuparam em saber
sobre o mecanismo pelo qual isto ocorre.”
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REFERÊNCIAS:
[2]CUNHA, Humberto. Afinal, por que o álcool 70% é mais eficaz como bactericida que o
álcool absoluto?. Disponível em: https://foodsafetybrazil.org/afinal-por-que-o-alcool-70-e-
mais-eficaz-como-bactericida-que-o-alcool-absoluto/ [2]
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