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COLÉGIO ELYSIO VIANNA

Microbiologia

Aluno :Rafael Monteiro


Professora: Lucimary

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Mecanismo de ação dos desinfetantes
INTRODUÇÃO
A desinfecção ou assepsia pode ser definida como o processo de eliminação de microrganismos por
meio de agentes químicos ou agentes físicos.
O processo de desinfecção devem seguir as seguintes premissas e ter as seguintes características:
garantir uma boa penetrabilidade dentro do local infectado e o composto desinfetante deve agir em
um amplo espectro com a menor taxa de toxicidade. A ação deve ser rápida a fim de não alastrar a
contaminação e a medida também deve ser econômica.

Princípios de ação

Podem-se destacar os métodos físicos de desinfecção, a filtração, radiação, calor seco e calor
úmido. Destaca-se a radiação eletromagnética como técnica utilizada em materiais que não possam
ser aquecidos. Já quanto ao mecanismo de desinfecção por agentes químicos, são usados
desinfetantes de primeiro, segundo e terceiro grau.
Estes três tipos de desinfetantes diferenciam entre si pelo mecanismo de ação de cada um. Sendo no
primeiro caso a alquilação (bactericida), no segundo de desnaturação de proteínas (ação bactericida)
e no terceiro quelação, mecanismo bacteriostático.
O grau de desinfecção química também diz respeito aos tipos de patógenos que são destruídos:
1º grau – alta desinfecção: há a destruição de formas vegetativas, esporos, bacilos e vírus;
2º grau – média desinfecção: há destruição de vírus e bactérias, menos esporos;
3º grau – baixa desinfecção: há destruição de formas vegetativas de bactérias e não destroem vírus e
bacilos.

Benefícios da desinfecção

Com a desinfecção em uma linha de processamento bem estabelecida pode-se elevar a


produtividade a um patamar de qualidade superior à média. Além de evitar que lotes de produtos
sejam contaminados por patógenos, o processo de desinfecção é uma medida que proporciona uma
melhor condição de trabalho aos operadores.
Com a redução de patógenos, os colaboradores também ficam menos sujeitos a contrair algum tipo
de doença, oriunda do manejo de determinadas matérias primas ou produtos que estão sendo
processados em uma linha.
O processo de desinfecção garante uma qualidade superior aos produtos processados, e assim
atende às exigências internacionais de qualidade, facilitando o processo de exportação.
A preservação da saúde dos animais também é um benefício da desinfecção das instalações e
materiais. Atenção especial com a higienização (limpeza e desinfecção) dos galpões depois da
ocorrência de alguma enfermidade ou antes do alojamento.
A limpeza e desinfecção das instalações devem ser executadas corretamente para apresentarem
adequada eficácia. Além disso, a remoção da matéria orgânica é essencial para que o desinfetante
apresente bons resultados.

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Afinal, por que o álcool 70% é mais eficaz como bactericida que o álcool absoluto? Na área da
saúde, “álcool” refere-se a dois compostos químicos solúveis em água – álcool etílico (etanol) e
álcool isopropílico – que têm características germicidas em função de suas concentrações. Recordo
quando estava na graduação e aconselhei meu pai a comprar álcool (etanol) 70%, pois seu uso seria
mais eficiente na desinfecção do que o álcool 99,6% (absoluto). Em contrapartida ao conselho, veio
uma pergunta: “Mas se ele é menos concentrado, por que é mais eficiente?”. A razão por trás disso
é o modo de ação do álcool 70%. O álcool 70% possui concentração ótima para o efeito bactericida,
porque a desnaturação das proteínas do microrganismo faz-se mais eficientemente na presença da
água, pois esta facilita a entrada do álcool para dentro da bactéria e também retarda a volatilização
do álcool, permitindo maior tempo de contato. Nesta concentração, o etanol destrói bactérias
vegetativas, porém esporos bacterianos podem ser resistentes. Fungos e vírus (envelopados, como o
vírus Influenza H1N1) também são destruídos pelo álcool (leia mais aqui). Na verdade, a ciência
sabe que o álcool interrompe muitas funções essenciais à bactéria, embora não estejam muito claras
quais destas interrupções podem levar à morte celular. Prováveis efeitos: Em primeiro lugar, o
álcool destrói a membrana celular externa por desidratação, afinal o álcool é higroscópico e
hidrofílico. Em segundo lugar, as moléculas de álcool penetram no citoplasma e, como resultado,
precipitam as proteínas devido à desnaturação. Em terceiro lugar, causa coagulação de enzimas
responsáveis por atividades celulares essenciais. Quando se utiliza o álcool (etanol) 99,6% para
desinfecção, ocorre uma coagulação extremamente rápida, não havendo penetração no interior da
célula e, portanto, não matando o micróbio. Essa atuação ineficaz ocorre devido à rápida
volatilização do etanol nessa concentração. E por que 70%? O grau de hidratação é um fator
importante para a atividade antimicrobiana, mas como chegaram à conclusão de que a concentração
70% é melhor do que a de 50%, 60% ou 80%, por exemplo? Muitas pesquisas foram conduzidas, e
podemos citar algumas em que observaram a atividade antimicrobiana do álcool em grau inferior a
50% e superior a 70% (veja referências 1,2,3,4 no final do texto), concluindo que essa atividade
decresce acentuadamente nos dois extremos. Portanto, uma boa atividade germicida ocorre entre 50
a 70%, sendo a máxima a 70% de diluição.

Como o alvejante mata as bactérias

Pesquisadores descobriram, recentemente, que a água sanitária mata bactérias atacando proteínas,
destruindo rapidamente sua delicada forma. Uma exceção é a bactéria Escherichia coli, usada como
modelo nos estudos. Esta bactéria possui um mecanismo defesa recuperando as proteínas antes que
esses danos se tornem permanentes. Curiosamente, este mecanismo é ativado pelo desinfetante.
A água sanitária é uma solução de hipoclorito de sódio, cuja ação sanificante é controlada pelo
ácido hipocloroso, formado rapidamente na dissociação do hipoclorito de sódio em água (Figura 2).
Este ácido é extremamente reativo e, por sua vez, ataca os aminoácidos que constituem as proteínas
alterando sua estrutura tridimensional.

Figura 2: Reação de formação do ácido hipocloroso em solução aquosa

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A estrutura de uma proteína é crucial para a sua função, e quando proteínas importantes perdem sua
forma as células das quais fazem parte podem não sobreviver por muito tempo. Muitos estudos in
vitro têm revelado como a água sanitária reage com proteínas e membranas de organismos vivos.

Como ocorre o desenovelamento das proteínas?

A bioquímica Ursula Jakob da Universidade de Michigan e seu grupo de pesquisas se interessaram


pela ação da água sanitária enquanto investigavam a proteína chamada Hsp33, que atua como uma
“chaperona molecular”, ajudando outras proteínas a atingir e manter sua forma própria.
O grupo de pesquisadores de Michigan descobriu que a E. coli, geneticamente manipulada para não
expressar a Hsp33, se tornou muito mais sensível ao desinfetante. Quando os pesquisadores se
aprofundaram nos efeitos causados em células vivas, eles observaram que o tratamento destas
células com a água sanitária fez com que muitas proteínas se agrupassem. Esses resultados foram
publicados na revista científica Cell em 14 de novembro de 2008.
Uma possibilidade para explicar o fato é a de que as proteínas danificadas começam a se
desenovelar, expondo “aminoácidos-cola” que antes se encontravam em seu interior (aminoácidos
que fazem interações intra-moleculares, responsáveis pela forma tridimensional e enovelada das
proteínas). Quando estes aminoácidos são expostos, interagem com aminoácidos similares de outras
proteínas danificadas, aglutinando-se de forma irreversível.
Jakob compara este processo de algutinação ao do cozimento de um ovo: o aquecimento faz com
que as proteínas se desenovelem e se agreguem, e a clara do ovo gradualmente se torna sólida e
branca (Figura 4). Da mesma forma que não se pode “descozinhar” um ovo, as células não
conseguem desfazer esses agregados. Para driblar esse problema, as células usam a Hsp33 para
prevenir a agregação re-enovelando as proteínas antes de ocorrer o processo de aglutinação.

“Um botão de ligar”

De fato, a Hsp33 se torna mais ativa quando as células são expostas ao ácido hipocloroso. Quando a
água sanitária reage com alguns aminoácidos de proteínas, a Hsp33 se desenovela parcialmente e
assume uma estrutura ativa. Isto é atípico: o desenovelamento geralmente quebra a funcionalidade
das proteínas, mas para a Hsp33 o processo atua como um “botão” para ativá-la. Outra chaperona
chamada HdeA também é ativada parcialmente sob condições muito ácidas. Jakob espera que os
pesquisadores encontrem mais exemplos dessa resposta ao estresse celular no futuro.
Por que a E. coli desenvolveria um “sistema de alarme” contra um desinfetante inventado por seres
humanos? A resposta a essa questão pode estar relacionada ao fato do ácido hipocloroso ser
encontrado na natureza. Os neutrófilos, por exemplo, que são células do sistema imunológico,
produzem ácido hipocloroso para matar as bactérias que foram fagocitadas. Entretanto, isso não se
aplica ao comportamento da E. coli, segundo o microbiologista James Imlay da Universidade de
Illinois. “Esta bactéria não vive em um meio onde haja neutrófilos”, ele diz. Jakob relata um estudo
que sugere que o ácido pode limitar o crescimento bacteriano nas entranhas de insetos, e diz que
pode haver outras fontes de ácido hipocloroso que ainda não foram identificadas.
Em outras palavras, o estudo não descarta a possibilidade de a água sanitária possuir outros
mecanismos de ação. É sabido, por enquanto, que o desinfetante pode reagir com moléculas que
constituem as membranas, podendo fazer com que estas se rompam, matando as células. O
desenovelamento de proteínas e sua agregação parecem ser a parte mais importante desse
mecanismo.
“Todos sabem que a água sanitária desinfeta, e é só”, diz Jakob. “Poucos se preocuparam em saber
sobre o mecanismo pelo qual isto ocorre.”

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REFERÊNCIAS:

[1] Mecanismo de ação dos desinfetantes:http://www.fornariindustria.com.br/classificacao-


de-ovos/saiba-como-funciona-o-processo-de-desinfeccao/ [1]

[2]CUNHA, Humberto. Afinal, por que o álcool 70% é mais eficaz como bactericida que o
álcool absoluto?. Disponível em: https://foodsafetybrazil.org/afinal-por-que-o-alcool-70-e-
mais-eficaz-como-bactericida-que-o-alcool-absoluto/ [2]

[3] Por que a água sanitária desinfeta?Disponível em:


http://www.uff.br/sbqrio/novidades/Agua%20Sanitaria%20Desinfetante%20Why%20Ble
ach%20bleaches%20Desenovelamento.html [3]

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