Você está na página 1de 21

NUTRIÇÃO

NA CIRURGIA BARIÁTRICA
Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz
NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

SUMÁRIO
3
Agradecimentos
Obesidade e Cirurgia Bariátrica 4

Tipos de Cirurgia Bariátrica 5


Indicações 7
Orientações Nutricionais Pré-Operatória 9
Etapas da Dieta no Pós-Operatório 10
Importância da Ingestão de Proteína 11
Massa Muscular 12
Digestão e Mastigação 12
Náusea e Vômito 12
Suplementação 13
Síndrome de Dumping 13
Hidratação 14
Constipação/ Diarréia / Flatulência 14
Intolerância Alimentares 14
Queda de Cabelo
15
Perda de Peso 15
Recidiva do Ganho de Peso 16
Alimentos
17
Pirâmide Alimentar
18
Referencias Bibliograficas
19

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

Este E-book tem por objetivo esclarecer para você e sua família a
importância dos cuidados nutricionais antes e após a cirurgia
bariátrica, porém estas informações não substituem a consulta
presencial e o acompanhamento com uma equipe especializada.

FERNANDA CARVALHO ROCHA MANGABEIRA ALBERNAZ - CRN 3 – 20391


Graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas – 2005
Pós-graduação em Nutrição Clínica e Ortomolecular - FAPES – 2008
Pós-graduação em Nutrição Clínica - Estácio de Sá – 2011
Pós-graduação em Nutrição Esportiva Funcional pela VP/Unicsul – 2018

fecarvalhormangabeiraa_nutri
drafernandacrmangabeira@gmail.com

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

Agradecimentos

Agradeço a Deus, primeiramente, por manter sempre viva a vontade


de aprender, de atualizar e inovar meus conhecimentos.

Aos meus pais, honro e agradeço por terem feito e ainda fazerem
todo o possível por mim.

Ao meu marido e companheiro de vida, obrigada pelo amor, apoio,


amizade e por sempre compreender os momentos de ausência por
razões profissionais.

Um agradecimento especial à toda equipe do Instituto Pró-Gastro,


que me recebeu com todo carinho desde o primeiro dia.

A minha amiga e nutricionista Cyntia Galante, muito obrigada por


dedicar seu tempo para me ensinar sobre cirurgia bariátrica, e por
confiar em mim durante sua licença-maternidade. Gratidão eterna.

Por fim, ao cirurgião Dr. Gustavo Sevá Pereira: todo meu respeito e
admiração! Obrigada por confiar no meu trabalho e aceitar o desafio
de revisar esse projeto!

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

A obesidade é uma doença crônica causada


pelo acúmulo de gordura corporal e precisa
ser tratada com seriedade através do
incentivo e acesso a hábitos saudáveis,
estímulo ao consumo de alimentos naturais
e sem processados, redução de açúcares,
prática de atividades físicas regulares, entre
outras ações que visam sempre a qualidade
de vida da população.

No Brasil, um grande número de mortes atribuídos a doenças


crônicas não transmissíveis, como doenças respiratórias e
cardiovasculares, diabetes e neoplasias estão associadas à
obesidade. Já é sabido que, a cirurgia bariátrica e metabólica é
um procedimento seguro e eficaz no controle da obesidade e de
suas doenças associadas quando o acompanhamento pós-
operatório com a equipe multidisciplinar é contínuo.

Ações que visam sempre a qualidade de vida

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

A cirurgia bariátrica e metabólica, também


conhecida como cirurgia da obesidade,
reúne técnicas com respaldo científico,
destinadas ao tratamento da obesidade
mórbida e/ou obesidade grave e das
doenças associadas ao excesso de gordura
corporal ou agravadas por ele.

O conceito de cirurgia metabólica foi


incorporado há alguns anos
demonstrando que os órgãos envolvidos
na cirurgia produziam substâncias
hormonais e que a cirurgia na verdade
alterava esse equilíbrio hormonal inicial
de uma maneira benéfica ao paciente
obeso, seja na perda de peso, seja no
controle e até na cura de doenças
endocrinológicas, como o diabetes
mellitus tipo 2, hipercolesterolemia,
hiperuricemia, hipertensão, infertilidade,
apnéia do sono, problemas ortopédicos,
doenças cardiovasculares, promovendo
uma melhora na qualidade de vida e
saúde geral dos pacientes, além de
diminuir a mortalidade precoce
ocasionada pelo excesso de peso.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

As cirurgias diferenciam-se pelo mecanismo de funcionamento. Segundo a


Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) os
procedimentos básicos em cirurgia bariátrica e metabólica podem ser feitos
por abordagem aberta, videolaparoscopia ou robótica.

Apesar de haver na história da cirurgia bariátrica inúmeras técnicas que já


foram estudadas e utilizadas, os procedimentos realizados atualmente são
divididos em dois grupos:

Técnicas Restritivas: são procedimentos que diminuem a capacidade (tamanho)


do estômago e consequentemente reduz a quantidade de alimentos que o
estômago é capaz de receber induzindo a sensação de saciedade precoce e
reduzindo também o grau de fome. A técnica usada atualmente é a
gastrectomia vertical, ou Sleeve gastrectomy.

Técnicas mistas: Essa técnica associa tanto a redução na capacidade do


estômago como a malabsorção causada pelo desvio do intestino. Sendo assim,
obtém-se tanto uma redução na quantidade de alimento ingerida como uma
diminuição da absorção dos nutrientes. Iniciou-se com os estudos de Fobi e
Capella, e atualmente é conhecida como cirurgia de bypass gástrico.

Bypass Gástrico Gastrectomia vertical

Fonte: ethicon
NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri
NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

Atualmente, as técnicas mais utilizadas no Brasil são By-pass gástrico com Y de Roux, uma
técnica mista, onde é feito o grampeamento de parte do estômago, que reduz o volume de
alimento ingerido e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que
dão saciedade e diminuem a fome levando ao emagrecimento.

É uma cirurgia com comprovação científica da efetividade da perda de peso (cerca de 35 – 40%
do peso inicial), controle das co-morbidades e efeitos metabólicos.

A gastrectomia vertical, também conhecida como Sleeve gastrectomy é um procedimento


restritivo no qual ocorre uma remoção do estômago deixando um tubo fino com capacidade de
80 a 100 ml, que restringe a ingestão alimentar levando a uma perda de peso aceitável (25 – 35%
do peso inicial). A sensação de saciedade existe, porém com um volume um pouco maior que a
técnica do by-pass gástrico.
Como não exclui a primeira porção do intestino, os índices de deficiências de vitaminas e
minerais são menores.
A técnica da cirurgia deve ser sempre discutida com o seu cirurgião e sua equipe
multidisciplinar levando em consideração idade, as doenças associadas, suas preferências e
padrão alimentar.

O maior benefício da cirurgia


bariátrica e metabólica, além da perda
de peso é a remissão das doenças
associadas à obesidade, como:
diabetes, hipertensão, doenças
cardiovasculares, infertilidade, dentre
outras, diminuição do risco de
mortalidade, aumento da
longevidade e melhora na qualidade
de vida.
Segundo a Sociedade Brasileira de
Cirurgia Bariátrica e Metabólica, a
indicação cirúrgica deve ser baseada
na análise de quatro critérios: IMC,
idade, doenças associadas e tempo de
doença,

Em relação ao IMC (Índice de Massa Corpórea):

⦁ IMC acima de 40 kg/m², independente da presença de co-morbidades.


⦁ IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de co-morbidades.
⦁ IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de co-morbidades que tenham
obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na
respectiva área da doença.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

Exemplos de co-morbidades: doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, diabetes


mellitus, doenças ortopédicas, infertilidade, esteatose hepática não alcoólica, refluxo
gastroesofágico, depressão, incontinência urinária de esforço em mulheres, síndrome do
ovário policístico.

Em relação à idade:
.
⦁ Abaixo de 16 anos: A operação deve ser consentida
pela família ou responsável legal, e esses devem
acompanhar o paciente no período de recuperação.

⦁ Entre 16 e 18 anos: poderão ser operados sempre que


houver indicação e consenso entre a família ou o
responsável pelo paciente e a equipe multidisciplinar.

⦁ Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade.

⦁ Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe


multidisciplinar, considerando risco cirúrgico, presença de
co-morbidades, expectativa de vida e benefícios do
emagrecimento

Em relação ao tempo da doença:


Apresentar IMC estável há pelo menos 2 anos e co-morbidades em faixa de
risco, e ter realizado tratamentos convencionais prévios. Além disso, ter tido
insucesso ou recidiva do peso, verificados por meio de dados colhidos do
histórico clínico do paciente.

CONTRAINDICAÇÕES: As situações abaixo configuram condições adversas à


realização de procedimentos cirúrgicos para o controle da obesidade:

⦁. Limitação intelectual significativa.


⦁ Pacientes sem suporte familiar adequado.
⦁ Quadro de transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo uso continuo de
álcool ou drogas ilícitas.
⦁ Quadros psiquiátricos graves e alcoólatras sob controle não são contra
indicativos à cirurgia.

Os pacientes com diabetes tipo 2 passam a ter a cirurgia metabólica


como opção terapêutica, caso o tratamento clínico não apresente
resultados.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

A avaliação nutricional no pré-operatório da


cirurgia bariátrica leva em consideração o paciente
como um todo, englobando questões sobre
doenças atuais, histórico do peso corporal, exames
laboratoriais, ingestão alimentar, questões
comportamentais, culturais, psicossociais e
econômica.

Durante a consulta nutricional, o paciente recebe


orientações sobre qual a necessidade da mudança
do estilo de vida, suplementação de vitaminas e
minerais, além da importância de uma ingestão
protéica adequada. O paciente será orientado a
realizar uma dieta individualizada, com restrição
calórica, isenta de açúcares, gorduras e
carboidratos para induzir a perda de peso e
redução do percentual de gordura intra-
abdominal.

O IMC, peso, altura, circunferência da cintura e


quadril serão avaliados no pré-operatório e em
todo o seguimento do pós-operatório para
avaliação do sucesso cirúrgico.
Os hábitos alimentares também serão reavaliados
para estabelecer novas rotinas alimentares,
facilitando assim a adaptação para o pós-cirúrgico
e, consequentemente evitar a recidiva no ganho
de peso.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

O protocolo de acompanhamento
nutricional no pós-operatório tem
como finalidade evitar e/ou reduzir
riscos cirúrgicos e nutricionais, além
de otimizar e tornar mais saudável a
perda de peso esperada.

A dietoterapia adequada para cada


técnica propõe diferentes fases para
nutrir e hidratar o paciente
favorecendo o processo de cicatrização
e reduzindo os efeitos clínicos da
rápida perda de peso. Nesta fase, a
mastigação e a velocidade de ingestão
são imprescindíveis
A reintrodução alimentar após a
cirurgia, tanto na técnica de by-pass
gástrico como sleeve, geralmente
ocorre da seguinte forma: dieta líquida
restrita, líquida, pastosa, branda e
geral.

Contudo, as orientações e a respectiva


evolução das dietas serão sempre
individualizadas, porém em até 30 dias
após a cirurgia, os vegetais crús e
cereais integrais são liberados na
alimentação.

O consumo de doces, gorduras em


geral, refrigerantes e bebidas
alcoólicas não fazem parte da
orientação nutricional, já que a
cirurgia foi uma escolha do paciente e
um compromisso com as mudanças
necessárias para perda e manutenção
do peso baixo.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

OBSERVAÇÃO:

⦁ Neste período você pode sentir fraqueza, que está relacionado com a
privação de alimentação.
⦁ Não deve se pesar diariamente, pois apesar de ocorrer uma grande
eliminação de peso nesse período há também uma fase de estabilização
do mesmo (conhecido como efeito platô), que é uma reação do próprio
organismo e pode ocorrer em qualquer etapa do pós-operatório.
⦁ Crie preparações diversificadas para não enjoar.

Diante da degradação acentuada de


proteína em resposta à cirurgia e ao
consumo dietético reduzido, a ingestão
de proteína de boa qualidade é essencial
para amenizar a perda excessiva de
massa muscular, queda de cabelo,
enfraquecimento das unhas e
comportamento do sistema imunológico.

Desta forma é necessário ter em mente


que a proteína é o nutriente de maior
importância na alimentação após a
cirurgia, tendo como fontes principais a
proteína animal (alto valor biológico)
como ovos, carne vermelha e branca,
peixes, leite e derivados, e proteína
vegetal como cogumelos, quinoa e
oleaginosas como castanhas, amêndoas,
nozes, pistache.

Para atingir esta recomendação diária é necessário


fazer uso de suplementos protéicos (tem melhor
digestibilidade, maior biodisponibilidade de proteínas,
perfil de aminoácidos completo, e a quantidade ideal
de leucina para síntese protéica), pois a quantidade de
proteína ingerida através das refeições apenas, é muito
baixa, principalmente nos primeiros 6 meses pós
operatório.
As quantidades de carboidratos e lipídeos também são
reduzidas e calculadas, individualmente.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

Melhora do perfil
Exercício aeróbico cardio-respiratório
150/sem

Melhora força e massa 60-75 min / 3x por


Exercício de resistência
muscular semana

Reduz perda de músculo 1,0 a 1,2 g/ kg de


Suplemento de proteína peso / dia
e força muscular

A mudança de hábito é essencial, portanto quando


terminar de comer o que está prescrito na dieta não
introduza mais nenhum tipo de alimento por conta
própria. Você terá consumido o necessário.
Aprenda a saborear os alimentos, mastigando-os muito
bem (até formarem uma “papa” na boca) e lembre-se
que, o processo de digestão se inicia pela boca, portanto
mastigue de boca fechada para evitar a entrada de ar
provocando gases após a refeição.

Caso sofra algum entalo com pedaços maiores


(principalmente de proteínas) que foram engolidos sem a
mastigação adequada, procure se manter calmo,
caminhe pela casa ou no local que estiver, respire
devagar, que logo passa. Não consuma líquidos nesse
momento, pois provocará vômito.
Consuma as refeições com calma e sempre na mesa, e
evite se alimentar em frente à televisão, no sofá, com
celular, tablet, notebook.

Muitos pacientes se queixam de náuseas e vômitos que,


na maioria das vezes, estão relacionados à mastigação,
quantidade e velocidade de ingestão de alimentos.
Portanto, preste atenção aos sinais de saciedade do seu
corpo.
Caso sinta uma pressão no estômago ou sensação de
estufamento, pare de comer e observe se você mastigou
bem a comida ou se comeu em grande quantidade, e se
ingeriu líquido durante ou logo após a refeição.
Aprenda a se observar e a se conhecer.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

A má alimentação tem como consequência deficiências de


micronutrientes. Sendo assim, é importante avaliar os resultados
dos exames laboratoriais dos pacientes em fase pré-operatória, e,
caso necessário, fazer a suplementação dos micronutrientes
abaixo:
⦁ Vitamina D
⦁ Vitaminas do complexo B (B1, B6, B9, B12)
⦁ Ferro, Zinco, Cobre, Selênio, Cálcio, Ácido fólico

As principais deficiências nutricionais que podem ocorrer são:


⦁ vitamina D, vitamina B12 e, em alguns casos, ferro, ácido fólico,
zinco e cálcio.
⦁ Suplementos de proteína isolada e/ou hidrolisada
⦁ Polivitamínico
⦁ Colágeno em pó hidrolisado (Peptídeos de colágeno / Verisol)
⦁ Suplemento específico para cabelo, unhas e pele.

A síndrome de Dumping é a resposta fisiológica à presença de


carboidratos de qualquer tipo no intestino delgado de um
paciente operado com by-pass gástrico.
O rápido esvaziamento, além da hidrólise e absorção do
carboidrato leva a um aumento importante no nível de insulina
com um declínio da glicemia sérica.
Esses sintomas costumam ocorrer geralmente após a ingestão
de alimentos com alto teor de açúcares (sacarose / frutose /
lactose), molhos, doces em geral.

A intensidade dos sintomas varia dependendo do tipo de cirurgia


e dos hábitos alimentares do paciente. Pode ocorrer até 3 horas
após a ingestão de determinados alimentos a hipoglicemia
reacional (hipoglicemia alimentar) apresentando fraqueza,
sudorese fria, ansiedade, tremores, sensação de fome ou
dificuldade de concentração, e pode chegar até a desmaiar.
Caso apresente esses sintomas, o melhor a fazer é se deitar por 10
a 30 minutos ou até se sentir melhor.
O único tratamento da Síndrome de Dumping se baseia na
adequação das escolhas alimentares.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

A hidratação é importante durante todo o processo do pós-


operatório. Os líquidos devem ser ingeridos continuamente ao
longo de todo o dia, evitando desidratação, infecções de urina e
cálculos renais.
Nos primeiros dias pós-operatório, a hidratação se torna ainda mais
importante. Para a avaliação de uma boa hidratação basta observar
a coloração da urina, que quanto mais clara estiver, melhor.
OBSERVAÇÃO: Não ingerir líquidos durante as refeições.

O quadro de diarréia está mais associado a cirurgias de maior


disabsorção intestinal.
A constipação intestinal pode ocorrer no pós-operatório imediato, ou
seja, nas primeiras 3 semanas, possivelmente pela baixa ingestão de
fibras, baixo consumo de líquidos e de gorduras. Não é orientado o
consumo de farelos e sementes na primeira fase do pós-operatório.

Nos primeiros dias, os gases estão relacionados com o procedimento


cirúrgico.

No pós-operatório tardio, o excesso de gases pode estar relacionado


com a nova anatomia do intestino. Como parte dele é retirado
(Bypass), os alimentos atingem uma porção mais distante do órgão
sem estarem digeridos, o que causa uma flatulência involuntária.
Os hábitos alimentares diários podem gerar gases, portanto observe os
tipos de alimentos que está ingerindo que provocam esse desconforto,
como: brócolis, feijão em grande quantidade, repolho, batata-doce,
ovos.

O uso de probióticos pós-operatório é aconselhado, por ter como


função “recuperar” a saúde intestinal melhorando o seu
funcionamento e reduzindo a flatulência.

Devido às alterações fisiológicas provocadas pela cirurgia bariátrica,


alguns alimentos podem provocar um certo desconforto após o
procedimento cirúrgico. Os alimentos com maior índice de
intolerância são: leite, arroz, água, carne vermelha e doces (no caso
de pacientes que apresentam Síndrome de Dumping).
A dificuldade de ingerir leite está no desconforto intestinal e
distensão abdominal causando diarréia nos pacientes.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

O arroz quando submetido à cocção sofre um processo de


hidratação e gelatinização que necessita da enzima amilase
(enzimas pancreáticas), e que após o procedimento cirúrgico
tem sua ação comprometida.
A dificuldade de ingerir água está relacionada com a
velocidade de ingestão devido ao tamanho da nova bolsa
gástrica, pois a ingestão hídrica deve ser sempre em
pequenos goles.

A intolerância à carne ocorre porque as enzimas produzidas


pelo estômago, como pepsina, renina e o ácido clorídrico
sofrem alterações após o processo cirúrgico.
A mastigação inadequada, a ingestão excessiva de alimentos
ou a rápida velocidade de ingestão, podem causar
desconforto.

Tais desconfortos e intolerâncias tendem a diminuir com o


passar do tempo devido a capacidade de adaptação
fisiológica, e varia de indivíduo para indivíduo.

A queda de cabelo é inevitável, porém considerada


normal devido à rápida e intensa perda de peso e a
baixa ingestão de nutrientes responsáveis pela saúde
capilar pós-operatória imediata. Ocorre entre o
terceiro até o oitavo mês após a cirurgia. Para prevenir
e amenizar a queda de cabelo orienta-se a ingestão
de nutracêuticos antes e após a cirurgia bariátrica.

A cirurgia é apenas parte do tratamento para


eliminação de peso, portanto para que isso ocorra
conforme o esperado é necessário ter como aliado
dieta e atividade física.
As atitudes que você adota após a cirurgia são fatores
decisivos para garantir o resultado desejado. Nos
primeiros três meses se dá a maior e mais rápida
perda de peso. Após esse período, a perda ocorre de
forma gradual até o 18º a 24º mês pós-operatório. Em
média, o paciente perde de 30 a 40% do peso inicial.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

O paciente é orientado a não subir na balança


diariamente, pois ocorrem oscilações de peso no dia-
a-dia devido a inchaços e questões hormonais. O ideal
é se pesar uma vez ao mês, apenas. Durante a fase de
emagrecimento você pode passar pelo chamado
“efeito platô” que é quando o peso “estaciona” e você
para de emagrecer por um período de tempo. Não se
desespere, pois é uma reação normal do organismo à
cirurgia. Mantenha as orientações da equipe
multidisciplinar que você volta a eliminar peso.

Recuperar o peso perdido pode ser a complicação


tardia mais comum da cirurgia bariátrica, e um dos
maiores temores dos pacientes. O fato de não
conseguir sustentar o peso alcançado após cirurgia
gera uma enorme frustração.

Os primeiros 18 meses pós cirurgia são chamados de


“lua de mel”, no qual o paciente ainda está motivado,
seguindo as orientações da equipe multidisciplinar,
praticando atividade física, recebendo elogios e
controlando as vontades. Após esse período, o apetite
vai voltando, o peso vai estabilizando, os problemas
emocionais podem retomar junto com os velhos
hábitos alimentares.

Após 24 meses, a recuperação de 5 a 10% do peso


pode acontecer, mas apesar disso não deve ser
considerado normal. Nessa fase, o paciente deve ter a
consciência das atitudes abaixo:

De maneira geral, deve-se reorganizar a alimentação, a rotina e hábitos


alimentares, iniciar ou intensificar a atividade física, e se necessário,
retomar o acompanhamento psicológico.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

⦁ Café /chá mate /chá preto/ chá verde:


estes alimentos contém cafeína, que é uma
substância que não deve ser consumida nos primeiros
meses após a cirurgia. Isso porque a cafeína pode
provocar uma irritação na mucosa do estômago que
está sensível e em processo de cicatrização. O tempo
de consumo dessas substâncias é individual e deve
ser avaliada pelo profissional conforme a evolução do
pós-operatório.

⦁ Bebidas gaseificadas (refrigerantes / água /


cerveja): este tipo de bebida pode causar
incômodo como gases, desconforto e dilatação
no estômago com o passar do tempo.

⦁ Peixe crú e carne mal passada: apesar de


serem fontes de proteína, quando ingerido crú
ou mal passado podem apresentar risco de
contaminação, principalmente para indivíduos
recém-operados.

⦁ Ingestão de bebida alcoólica após a cirurgia:


No pós-operatório imediato, não é indicado o
consumo de bebidas alcoólicas, pois pode
agredir a mucosa do estômago e do intestino.
As bebidas alcóolicas são muito calóricas, e se
consumidas com frequência, pode atrapalhar o
sucesso do emagrecimento.

EVACUAÇÃO
O consumo excessivo de gorduras e a má absorção de nutrientes, pode
gerar fezes com odor mais acentuado.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

Nos três primeiros meses após o procedimento cirúrgico, as consultas


nutricionais devem ocorrer em períodos mais curtos para a evolução da dieta.
Após este período, os protocolos sugerem que as consultas ocorram
mensalmente durante o primeiro ano de pós-operatório, a cada três meses
no segundo ano, e a cada 6 meses a partir de então.

A pirâmide dos alimentos deve ser um instrumento de referência de


comportamento e escolhas alimentares diárias. É a imagem de uma
alimentação equilibrada e saudável.

Veja abaixo como deve ser a pirâmide alimentar para o pós-operatório:

Referência: Moizé VL, Pi Sunyer-X, Mochari H., Vidal J. Nutritional pyramid for post-gastric
by-pass patients. Obes Surg. 2010; 20 (8): 1133-41.

A base da pirâmide se baseia no uso rotineiro de suplementos alimentares (vitaminas e


minerais) para prevenção de deficiências nutricionais, uma boa hidratação e hábito de
atividade física diária.
No primeiro nível estão os alimentos que devem ser ingeridos como prioridade, que são
os alimentos fontes de proteína (4 a 6 porções diárias), sendo eles de fontes animais
como carne magras vermelha ou branca, leite e derivados e fontes de vegetais como
feijões, lentilha, grão de bico, ervilha e soja.
No segundo nível estão os alimentos com alto teor de fibras e baixo teor calórico, sendo
eles os vegetais e as frutas com uma recomendação diária de 2 a 3 porções, além dos
azeites de oliva extra-virgem.
No terceiro nível estão os alimentos como pães, massas, batatas, cereais, que devem ter
seu consumo controlado e limitado a uma porção ao dia.
No topo da pirâmide estão os alimentos que devem ser evitados ou excluídos da dieta
dos pacientes bariátricos por serem de alto valor calórico, rico em açúcares e gorduras,
como doces, frituras, bebidas açucaradas e bebidas alcoólicas.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTONIEWICZ A.; KALINOWSKI P.; KOTULECKA K.J.; ET AL. NUTRITIONAL


DEFICIENCIES IN PATIENTS AFTER ROUX-EN-Y GASTRIC BYPASS AND SLEEVE GASTRECTOMY
DURING 12-MONTH FOLLOW-UP. OBES SURG, 29(10):3277-3284, 2019.

BAL BS, FINELLI FC, SHOPE TR, KOCH TR. NUTRITIONAL DEFICIENCIES AFTER BARIATRIC
SURGERY. .NAT REV ENDOCRINOL. 2012 SEP;8(9):544-56. DOI: 10.1038/NRENDO.2012.48. EPUB
2012 APR 24.

BHANDARI M.; FOBI MAL.; BUCHWALD J.N. BARIATRIC METABOLIC SURGERY STANDARDIZATION
(BMSS) WORKING GROUP. STANDARDIZATION OF BARIATRIC METABOLIC PROCEDURES: WORLD
CONSENSUS MEETING STATEMENT. OBES SURG, 2019.

BHANDARI M.; FOBI MAL.; BUCHWALD J.N. BARIATRIC METABOLIC SURGERY STANDARDIZATION
(BMSS) WORKING GROUP. STANDARDIZATION OF BARIATRIC METABOLIC PROCEDURES: WORLD
CONSENSUS MEETING STATEMENT. OBES SURG, 2019.

BUCHWALD H. THE EVOLUTION OF METABOLIC/BARIATRIC SURGERY. OBES SURG. 2014


AUG;24(8):1126-35.

KASSIR R., DEBS T., BLANC P., GUGENHEIM J., BEM AMOR I., BOUTET C., TIFFET O.,
COMPLICATIONS OF BARIATRIC SURGERY: PRESENTATION AND EMERGENCY MANAGEMENT. INT
J SURG. 2016 MAR;27:77-81. DOI: 10.1016/J.IJSU.2016.01.067. EPUB 2016 JAN 22.

SCOPINARO N. R. CHIR.; BARIATRIC METABOLIC SURGERY. 2014 AUG;93(8):404-15

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA (SBCBM). CIRURGIA


BARIÁTRICA – TÉCNICAS CIRÚRGICAS, 2017. DISPONÍVEL EM:
HTTPS://WWW.SBCBM.ORG.BR/TECNICAS-CIRURGICAS-BARIATRICA. ACESSO EM OUTUBRO DE
2020.

STEENACKERS N, GESQUIERE I., MATTHYS C., THE RELEVANCE OF DIETARY PROTEIN AFTER
BARIATRIC SURGERY: WHAT DO WE KNOW? CURR OPIN CLIN NUTR METAB CARE. 2018
JAN;21(1):58-63

TABESH MR, MALEKLOU F, EJTEHADI F, ALIZADEH Z. NUTRITION, PHYSICAL ACTIVITY, AND


PRESCRIPTION OF SUPPLEMENTS IN PRE- AND POST-BARIATRIC SURGERY PATIENTS: A
PRACTICAL GUIDELINE..OBES SURG. 2019 OCT;

WELBOURN R.; HOLLYMAN M.; KINSMAN R.; ET AL. BARIATRIC SURGERY


WORLDWIDE: BASELINE DEMOGRAPHIC DESCRIPTION AND ONE-YEAR OUTCOMES FROM THE
FOURTH IFSO GLOBAL REGISTRY REPORT 2018. OBES SURG. 29(3):782-795, 2019.

WORM D., KIELGAST UL., HOLST JJ., HANSEN DL., EVIDENCE FOR RELATIONSHIP BETWEEN EARLY
DUMPING AND POSTPRANDIAL HYPOGLYCEMIA AFTER ROUX-EN-Y GASTRIC BYPASS. OBES
SURG. 2020 MAR;30(3):1038-1045.

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri


NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

NUTRIÇÃO
NA CIRURGIA BARIÁTRICA
Dra. Fernanda Carvalho R. Mangabeira Albernaz

A mudança de hábitos alimentares trará melhor resultado após a


cirurgia bariátrica: não se esqueça: DESEMBALE MENOS E
DESCASQUE MAIS

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA - @fecarvalhormangabeiraa_nutri

Você também pode gostar