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Resumo

Desigualdades sociais e cobertura


vacinal: uso de inquéritos O Programa Nacional de Imunização, com
mais de três décadas de existência, tem de-
domiciliares sempenhado papel fundamental no con-
trole de importantes doenças imuno-
preveníveis, atingindo atualmente altas ta-
xas de cobertura vacinal em praticamente
Social inequalities and vaccination todo território nacional. Esta situação ins-

coverage: utilization of household taura a necessidade de se aprimorar as es-


tratégias de avaliação do programa, tanto
surveys na busca de indicadores mais precisos,
quanto na mensuração e no entendimen-
to das desigualdades sociais relacionadas
à cobertura vacinal. Entende-se que a
efetividade do programa de imunização,
mensurada através da cobertura vacinal de
uma população, está condicionada pelo
sistema de saúde, pelo próprio programa
de imunização e pelas características da
população. Inquéritos domiciliares se co-
locam como uma das melhores estratégi-
as para aprofundar o estudo das desigual-
dades. Contudo, a escolha da forma de
mensurar a desigualdade dá-se em função
dos objetivos do estudo. Assim, pode-se
tanto avaliar como a vacinação se distri-
bui na população sem distinguir grupos
sociais, quanto estimar as desigualdades
relativas e absolutas concernentes a gru-
pos socioeconômicos. Por exemplo, os in-
quéritos de cobertura vacinal realizados
em 1998 e 2002 no município de São Pau-
lo, além de mensurarem um ligeiro au-
mento da cobertura vacinal no período,
possibilitaram avaliar que as desigualda-
des em função de estratos socioeconô-
micos se modificaram sensivelmente. Em
1998 os estratos mais rico e mais pobre
apresentavam as coberturas mais baixas.
Em 2002, diferentemente, houve uma cla-
ra tendência de aumento da cobertura
conforme a piora do estrato socioeco-
nômico.
José Cassio de Moraes
Manoel Carlos Sampaio de Almeida Ribeiro
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Ciências Médicas da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo

Correspondência: Rua Cesário Mota Jr 61 6 andar São Paulo Brasil. Email jcassiom@uol.com.br

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Introdução des de vacinação e das estimativas popu-
lacionais do IBGE, ou então pelo número de
O uso de vacinas no Brasil remonta recém-nascidos do SINASC. Essa informa-
ao ano de 1804, quando as primeiras vaci- ção é consolidada nas esferas municipal,
nações contra a varíola foram realizadas estadual e federal, pelo aplicativo SI-API de-
com a chegada do vírus vaccinio de Portu- senvolvido pelo Ministério da Saúde.
gal, nos braços de escravos1. Os dados disponíveis para 2006 nos in-
Nestes mais de dois séculos várias cen- dicam, com algumas exceções, uma cober-
tenas de milhões de doses de vacina foram tura vacinal excelente em todas as unida-
aplicadas. Em 1968, o Estado de São Paulo des federativas, e com freqüência ultrapas-
instituiu o Programa Estadual de Imuniza- sa 100%3.
ção, definindo o elenco das vacinas a se- Contudo, a construção desse indicador
rem aplicadas e o calendário de imuniza- apresenta vários problemas. Alguns são
ção. Em 1973, o Ministério da Saúde esta- derivados da concepção do sistema de in-
beleceu o Programa Nacional de Imuniza- formação e outros do processo de coleta.
ção (PNI), com objetivo de promover o O Sistema de Informação utiliza para
controle do sarampo, tuberculose, difteria, medir a cobertura vacinal o numero de
tétano, coqueluche e poliomielite, além da doses aplicadas e não crianças vacinadas,
manutenção da erradicação da varíola2. tornando-se assim impossível saber, em
O programa “tem a característica de ser termos coletivos, a situação vacinal das
universal, sem distinção de qualquer na- crianças e determinar, por exemplo, o
tureza. As vacinas que compõem o atual percentual de crianças completamente
calendário estão disponíveis em todos os vacinadas..
postos de vacinação, e equipes móveis se O numerador da fração pode estar al-
deslocam para as áreas de difícil acesso terado por erros no registro de doses apli-
quando necessário”2. cadas. Os erros ocorrem no tipo de
O controle de doenças transmissíveis imunobiológico aplicado à idade, e a dose.
tem nos programas de imunizações e de Em algumas situações especiais também
vigilância epidemiológica dois componen- podem acontecer erros na consolidação
tes fundamentais: manual das doses aplicadas das unidades
O conhecimento preciso da cobertura de vacinação de um município.
vacinal em menores de um ano e de um O denominador pode estar sub ou
ano de idade é um dos elementos impor- super dimensionado por erros na estima-
tantes para o programa de vigilância tiva populacional da população alvo nos
epidemiológica, na medida em que permi- anos intercensitários. As estimativas
te acompanhar o acúmulo de suscetíveis populacionais para menores de um ano e
na população, bem como aquilatar até que de um a quatro anos estão sujeitas às vari-
ponto a imunidade de massa está se cons- ações de fecundidade, fluxo migratório etc.
tituindo em barreira efetiva para a inter- Os registros de nascimento em algumas
rupção da transmissão das doenças partes do país são incompletos e não re-
preveníveis por imunização. fletem a real taxa de natalidade.
A cobertura vacinal é calculada, tradi- Os resultados destes erros geram cober-
cionalmente, pelo numero de doses apli- turas vacinais superestimadas, acima de
cadas, dividido pela população alvo. No 100%, como, por exemplo, a cobertura com
caso das vacinas de múltiplas doses, o cal- o BCG para o Brasil em 2006, ou coberturas
culo é feito com o registro da terceira ou super ou subestimadas nos Estados.
da segunda dose. Outro aspecto relevante na analise da
Rotineiramente, os dados de cobertura cobertura vacinal é a diversidade de con-
vacinal são obtidos a partir dos dados de pro- dições de vida entre os municípios e inter-
dução dos serviços de cada uma das unida- namente a um município, especialmente

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os de médio e grande porte. Essas diferen- geográficas, culturais, econômicas e psí-
tes situações podem gerar diferentes co- quicas; (c) prestadores de serviços - carac-
berturas vacinais em um território muni- terísticas demográficas, tempo de gradua-
cipal e que não são reveladas pela média. ção, especialidade, tipo de prática; (d) or-
É possível que nas áreas com piores con- ganização – recursos disponíveis, oferta,
dições de vida o acesso ao programa de acesso geográfico e social; (e) política – tipo
imunizações seja diferenciado em relação de sistema de saúde, financiamento, dis-
a outras áreas da cidade. Mesmo que os tribuição dos recursos6.
dados dos serviços próprios possam dar Neste sentido, entende-se que os fato-
uma idéia dessas diferenças, estariam ex- res que interferem na cobertura vacinal
cluídas as informações de crianças aten- podem ser agrupados em três tipos de
didas em outras modalidades, tais como condicionantes, do mais geral para o mais
clínicas particulares de vacinação, convê- específico: sistema de saúde (política), o
nios etc., que, apesar de ser uma exigência grau de estruturação das atividades relati-
legal, não informam as autoridades muni- vas à vacinação (prestadores de serviços e
cipais as vacinas aplicadas em suas insti- organização) e os usuários.
tuições. Alem disso, as crianças que, em- A cobertura vacinal é na realidade um
bora residindo na área de influência do indicador de acesso ao Programa Nacio-
serviço, recebem suas vacinas em serviços nal de Imunização, podendo ser indicativo
localizados em outras áreas, visto não ha- da efetividade do “programa de imuniza-
ver adscrição de clientela estabelecida. ção”. Incidência e mortalidade, por sua
A avaliação da cobertura vacinal por vez, podem ser consideradas indicadores
meio de inquéritos domiciliares realizados das medidas de controle de doenças que
periodicamente permite estimar a real pro- incluem a assistência médica, as ações de
porção de crianças vacinadas bem como vigilância epidemiológica e as próprias ati-
medir as desigualdades sociais existentes vidades de vacinação.
na cobertura vacinal A vacinação é uma atividade, ou me-
lhor, um serviço, de caráter preventivo.
Desigualdades sociais em Saúde e Assim, o usuário irá procurá-la na medida
cobertura vacinal em que esta for uma necessidade de saú-
de. Ou seja, entende-se que cabe ao usuá-
As desigualdades sociais em saúde po- rio, em primeira instância, a decisão de
dem ser entendidas como aquelas diferen- buscar a vacinação disponível nos serviços
ças produzidas pela inserção dos indivídu- de saúde. Isto significa que a utilização de
os na sociedade e que se relacionam com tal serviço é controlada pelo usuário, sen-
a distribuição de poder e propriedade4. do que o grau de uso depende de suas ca-
Dois enfoques têm sido habitualmen- racterísticas (incluindo o quanto vacinar é
te utilizados nos estudos das desigualda- uma necessidade), e do “sistema de bar-
des: as desigualdades referentes ao esta- reiras” existentes no acesso ao serviço6.
do de saúde e perfil patológico da popula- O contexto mais geral deste processo é
ção e as desigualdades no acesso aos ser- dado pelo sistema de saúde. Por sistema
viços de saúde, que são diretamente influ- de saúde entende-se tanto a forma quan-
enciados pela política de saúde e pela or- to a estrutura utilizadas por cada país no
ganização dos serviços5. cuidado da saúde da sua população, sen-
Travassos e Martins declaram que, em do particularmente importante o papel do
linhas gerais, os determinantes da utiliza- Estado dentro do sistema.
ção de um serviço de saúde podem ser des- A vacinação da população é historica-
critos em termos de: (a) necessidade de mente, e em função do seu caráter coleti-
saúde - morbidade, gravidade e urgência; vo uma intervenção de saúde pública 7.
(b) usuários – características demográficas, Desta forma, sistemas de saúde que pos-

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suem uma expressiva saúde pública con- as especificidades desta intervenção den-
seguem produzir melhores indicadores de tro de distintos contextos políticos, econô-
cobertura vacinal, como os casos da Ingla- micos e de sistemas de saúde. De início,
terra, Itália e Brasil2,8,9, dependendo, obvi- cabe apenas conjeturar que esta autono-
amente, das características do conjunto de mia se deve, por um lado, à característica
atividades de vacinação e características essencialmente biomédica desta interven-
populacionais. ção e, por outro, à grande legitimidade*
Inserida no sistema de saúde, a vacina- que esta intervenção possui socialmente,
ção se situa como uma das atividades de devido, sobretudo, aos seus bens sucedi-
atenção primária, dependente, assim, do dos resultados no controle de doenças.
grau de estruturação deste nível de atenção Ao se considerar os usuários, a vacina-
no setor público e da sua oferta no setor ção é entendida como uma intervenção
privado. No contexto do sistema de saúde que em si visa melhorar as condições de
brasileiro, esta intervenção é guiada pelos vida, ainda que por elas sejam condicio-
princípios de universalidade e eqüidade. nadas. Ter acesso a serviços de saúde e à
Segundo Barata, pautando-se em vacinação significa, em si, uma melhor
Whitehead, a eqüidade implica o reconhe- condição de vida.
cimento de que os indivíduos possuem di- Em geral, segmentos populacionais
ferentes necessidades e que, portanto, a com níveis econômicos e socioculturais
partilha de recursos precisa considerar tais mais baixos estão associados a menores
diferenças, não resolvidas mediante uma coberturas vacinais. No entanto, esta rela-
partilha igualitária4. Isto significa que to- ção não é linear, cabendo ao sistema de
dos têm direito à vacinação e que o Pro- saúde e ao “programa de vacinação” dar
grama Nacional de Imunização deveria conta desta complexidade.
contemplar as diferentes necessidades cri- Segundo Andersen & Newman, citados
adas através de processos produtores de por Travassos, as condições e os estilos de
desigualdades sociais. vida dos usuários poderiam ser conside-
Na maioria dos sistemas de saúde as ati- rados os meios disponíveis através dos
vidades relativas à vacinação são estru- quais eles obtêm a vacinação6.
turadas na forma de um programa10. A exis- A relação entre uma condição econô-
tência de um programa nacional que dê mica desfavorável e uma menor cobertura
conta das diferenças locais parece ser a for- vacinal pode ser compreendida, sob a
ma mais associada a melhores coberturas perspectiva da intervenção, como um as-
vacinais. O quanto o programa está associ- pecto da condição de vida que dificulta o
ado e integrado ao sistema de saúde, o acesso a ela. Isto é, piores condições eco-
quanto ele é centralizado e vertical varia nômicas podem significar uma menor
bastante, sendo encontrados bons resulta- oferta de serviços e/ou uma maior dificul-
dos de cobertura vacinal nas duas situa- dade de acessar à intervenção6.
ções11. As campanhas, por exemplo, asso- Segundo Donabedian, acessibilidade é
ciadas em geral a programas mais centrali- a possibilidade de se obter a intervenção
zados e verticalizados, têm sido utilizadas quando necessária, de forma fácil e con-
para facilitar o acesso à vacinação8,12,13. veniente, no que tange tanto à oferta de
Estas características reforçam a idéia de serviços, como à dificuldade de acessá-
que a vacinação, ainda que condicionada los14. Todavia, face às distinções anterior-
pelo sistema de saúde, possui, contudo, mente apresentadas, considera-se que os
certa autonomia, conseguindo bons resul- indicadores de condições de vida, embora
tados mesmo em contextos desfavoráveis. avaliem características individuais e
Outrossim, seria interessante investigar populacionais que interferem no acesso,

* De forma contra-hegemônica começam a surgir importantes questionamentos acerca do impacto desta intervenção, até do ponto
de vista ecológico, e da sua própria legitimidade, aspectos que mereceriam ser também estudados10,11.

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excluem as características de oferta e or- da concretização de políticas públicas
ganização dos serviços. compensatórias, entendidas como inter-
A relação entre os estilos de vida, con- venções programadas e executadas prefe-
cretizados em comportamentos, hábitos e rencialmente pelo Estado, buscando dimi-
atitudes, e a cobertura vacinal pode ser me- nuir as diferenças entre os grupos sociais
lhor sistematizada, também do ponto de vis- produzidas por sua diferente inserção na
ta da intervenção, através de dois conceitos, organização social.
mais uma vez emprestados de Donabedian: Idealmente, as políticas públicas de ca-
aceitabilidade e legitimidade14. ráter coletivo deveriam ser capazes de com-
A aceitabilidade está condicionada pela pensar, na esfera do consumo de bens e ser-
adaptação da intervenção aos desejos, ex- viços, as desigualdades geradas no proces-
pectativas e valores individuais e familia- so de produção e reprodução social. Entre-
res e, assim, diz respeito a como cada in- tanto, uma série de condicionantes concre-
divíduo se submete à intervenção. Obvia- tos relativos à existência e funcionamento
mente, a acessibilidade interfere no grau dos serviços, possibilidades reais de utiliza-
de aceitabilidade da intervenção14. ção, comportamentos familiares e outros
A legitimidade, por sua vez, refere-se ao acabam por determinar um cumprimento
modo pelo qual a sociedade e os grupos apenas parcial dos objetivos visados por tais
sociais vêem esta intervenção. Ela se vin- políticas. Assim sendo, é possível que, ao
cula àquilo que é desejável para toda soci- passar do plano da elaboração para o da exe-
edade e, portanto, às formas pelas quais cução, mesmo as intervenções que se pre-
cada sociedade regula e media a relação tendem universais tendam a se concretizar
indivíduo/sociedade14. repetindo os mesmos padrões de desigual-
É claro que, num sentido mais amplo, dade, embora de maneira atenuada.
a acessibilidade também está condiciona-
da pela aceitabilidade e legitimidade da Como estudar as desigualdades
intervenção. Todavia, estes conceitos per-
mitem diferenciar aspectos distintos das Um primeiro aspecto consensual entre
condições materiais de existência e, assim, os autores é que a utilização de inquérito
compreender de que forma eles influenci- domiciliar viabiliza e potencializa a capa-
am na acessibilidade à intervenção15. cidade analítica de estudos de desigualda-
Em síntese, entende-se que a efeti- de5,16,18.
vidade do programa de imunização, men- Tradicionalmente, recomenda-se a re-
surada através da cobertura vacinal de uma alização de inquérito de cobertura vacinal
população, está condicionada pelo siste- para responder questões fundamentais ao
ma de saúde, pelo próprio programa de programa, tais como:
imunização e pelas características da po-
pulação. As diferenças identificadas de • Qual é a cobertura vacinal real e o nú-
cobertura vacinal em função de variáveis mero de susceptíveis para crianças aos
individuais ou ecológicas expressam, na 12 e aos 18 meses de idade?
realidade, desigualdades no consumo des- • Qual é o acesso dessas crianças ao pro-
te serviço. A redução destas desigualdades grama nacional de imunizações, e
entre grupos sociais coloca-se como um como se comporta a adesão ao mesmo
dos principais objetivos do PNI, podendo até os 18 meses de idade?
ser pensada particularmente por relação • Qual é á diferença entre a cobertura
à posição socioeconômica, à raça, ao gê- vacinal estimada pelos inquéritos e os
nero e à localização geográfica16. dados administrativos obtidos pelo sis-
O estudo das coberturas vacinais se- tema de informação do Programa Na-
gundo as condições de vida fornece uma cional de Imunização do Ministério da
oportunidade para a investigação acerca Saúde (SI-API)?

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Tabela 1 - Cobertura vacinal segundo imunobiológico e UF, Brasil; 2006.
Table 1 – Vaccination coverage according to immunobiological and State, Brazil; 2006

Unidade Federação BCG Contra Oral Contra Tetravalente Tríplice Viral


Hepatite B Poliomielite (DTP/Hib)
Rondônia 101,13 95,49 102,19 100,71 103,47
Acre 114,64 83,58 92,14 85,17 86,79
Amazonas 112,27 76,53 76,1 81,44 92,48
Roraima 113,53 82,65 88,61 87,45 91,94
Pará 137,6 103,7 114,29 107,87 111,54
Amapá 126,37 94,75 98,58 96,6 92,63
Tocantins 90,03 88,38 91,46 91,56 84,06
Maranhão 108,19 81,7 91,67 85,14 84,28
Piauí 107,56 99,79 105,41 102,9 102,4
Ceará 103,59 95,83 103,81 99,15 100,66
Rio Grande do Norte 103,06 90,56 90,95 91,94 94,37
Paraíba 109,28 97,86 101,86 100,59 102,85
Pernambuco 113,9 99,4 107,07 105,55 107,52
Alagoas 102,07 88,42 91,67 92,64 92,4
Sergipe 106,95 95,03 100,08 99,69 96,51
Bahia 104 91,54 96,82 95,61 101,09
Minas Gerais 91,39 87,73 90,15 90,28 90
Espírito Santo 100,38 96,57 109,83 100,33 102,89
Rio de Janeiro 90,01 74,92 81,32 76,71 80,6
São Paulo 99,67 93,03 94,4 94,64 97,29
Paraná 93,85 89,65 92,14 92,38 89,88
Santa Catarina 93,4 90,09 92,59 93,06 92,88
Rio Grande do Sul 92,66 86,55 90,07 90,31 91,75
Mato Grosso do Sul 99,04 96,74 99,32 99,41 98,92
Mato Grosso 113,48 97,21 107,51 104,12 106,23
Goiás 117,11 103,89 110,26 109,5 108,3
Distrito Federal 108,71 94,31 98,79 94,08 98,21
Total 102,59 91,09 95,7 94,19 96,03
Fonte: Ministério da Saúde; 2007. Disponível em: http//www.saude.gov.br.

Além disso, pode-se investigar com in- em: medidas de associação, medidas de im-
quérito os fatores que interferem na cober- pacto potencial e medidas baseadas num
tura vacinal, associando-os às condições ranking de variável socioeconômica16-18.
de vida e, assim, identificando e quanti- As medidas de desigualdade em saúde
ficando desigualdades sociais em saúde. senso estrito, como o coeficiente de Gini,
Há varias formas de mensurar as desi- são medidas sintéticas das diferenças em
gualdades sociais em saúde, que traduzem saúde ao longo da população de indivídu-
diferentes concepções teóricas e políticas os. Em geral, não consideram grupos soci-
sobre a desigualdade. Entretanto, não há ais, sendo freqüentemente utilizadas por
consenso sobre uma definição única ou economistas. Podem ser interessantes
tida como correta18. para monitorar tendências e entre países
As diferentes medidas podem ser agru- onde os grupos sociais não sejam exata-
padas em duas grandes categorias: medidas mente comparáveis, utilizando a informa-
de desigualdade em saúde senso estrito, e ção de todos os indivíduos da população.
medidas de desigualdades socioeconômicas Alguns autores defendem sua utilização
em saúde, as quais podem ser subdivididas em função de se poder prescindir da esco-

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lha de grupos a priori 18. deveria ser privilegiado o uso dos outros
As medidas de associação, por exem- três tipos de medidas, não havendo con-
plo, razão e diferença de taxas e medidas senso sobre a primazia de alguma delas.
de regressão, permitem a comparação do Em linhas gerais, recomenda-se também
nível de saúde ou da freqüência do evento que, para uma adequada monitorização
de interesse em grupos definidos através das desigualdades e avaliação das inter-
de variáveis socioeconômicas, utilizando venções, sejam utilizadas tanto medidas de
medidas relativas e/ou absolutas. A prin- diferenças absolutas, quanto relativas16,17.
cipal limitação é não levar em considera-
ção como os indivíduos se distribuem em Cobertura Vacinal em São Paulo
cada categoria18.
O Risco Atribuível Populacional tem sido Os últimos dois inquéritos de cobertu-
tradicionalmente utilizado para avaliar o im- ra vacinal, realizados em 1998 e 2002 no
pacto de determinada diferença social na município de São Paulo, além de permiti-
saúde da população ou num desfecho espe- rem a obtenção de estimativas mais preci-
cífico. Sua magnitude deriva de dois tipos de sas, apontam para a complexidade das de-
informação: da associação entre a variável sigualdades atuais em relação cobertura
socioeconômica e o desfecho de interesse e vacinal19,20.
da distribuição dos indivíduos dentro de Em geral, houve um ligeiro aumento da
cada grupo socioeconômico. Assim, esta cobertura vacinal de 1998 para 2002. No
pode ser considerada uma medida que sin- entanto, as desigualdades em função de
tetiza a desigualdade, levando em conside- estratos socioeconômicos modificaram- se
ração a distribuição e tamanho dos grupos sensivelmente. Em 1998, o estrato mais
socioeconômicos. No entanto, comparações rico e o estrato mais pobre apresentavam
entre diferentes populações, ou mesmo ao as coberturas mais baixas. Em 2002, dife-
longo do tempo, demandam cuidado com a rentemente, há uma clara tendência de
escolha do grupo de referência18. aumento da cobertura conforme a piora no
Por sua vez, as medidas baseadas num estrato socioeconômico. Por exemplo, 68%
ranking de variável socioeconômica, como das crianças que vivem nas áreas de me-
a curva do índice de desigualdade e seu ín- lhores condições de vida (estrato A) apre-
dice relativo e o índice de concentração, sentavam esquema completo de vacinação
buscam sintetizar a distribuição do desfe- aos 18 meses de idade, enquanto no estra-
cho de interesse com função da variação to de piores condições de vida (estrato E)
de uma variável socioeconômica, sendo esse valor atingia 80% (Gráfico 1)20.
que está última possui uma ordenação
dada por ranking hierárquico de categori-
as. Assume-se em geral uma linearidade da
relação entre grupo social e o desfecho de
saúde, ou seja, é preciso que os grupos so-
ciais possam ser hierarquizados, o que é
indiscutível com renda e educação, mas
não em relação á etnia ou ao gênero18.
A escolha do tipo de medida de desi-
gualdade se dá em função dos objetivos do
estudo. Desta forma, se o objetivo for
mensurar a desigualdade em saúde, po- Gráfico 1 – Cobertura vacinal completa aos 18
meses de idade segundo estrato de condições
der-se-á utilizar medidas univariadas de
de vida. Município de São Paulo, 2002
desigualdade (primeira categoria). Se, por
Chart1 – Vaccinationcoverage complete at 18
outro lado, o objetivo for estimar as desi-
months of age accordingto lifeconditions-
gualdades socioeconômicas em saúde, stratum. Municipality of São Paulo, 2002

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Os dois inquéritos no Município de São Saúde para a realização de inquéritos de
Paulo demonstraram reiteradamente co- cobertura vacinal que pressupõe o sorteio
berturas baixas nas camadas com melho- de 7 crianças na faixa etária estabelecida
res condições de vida, contrariando o sen- para cada conglomerado num total de 30
so comum, o que por si representa um conglomerados por área estudada (210 cri-
desafio na garantia do controle das doen- anças)20.
ças imunopreveníveis. Os pressupostos utilizados para o cál-
Ainda no sentido de expressar a comple- culo do tamanho da amostra são: propor-
xidade das desigualdades na cobertura ção de crianças vacinadas = 0,50; nível de
vacinal pode-se citar o comportamento da significância de 0,05; precisão da estima-
escolaridade da mãe nas proporções de co- tiva = 0,10; e efeito do desenho = 2; per-
bertura em função do estrato. No estrato A, das =10%
as crianças de mães alfabetizadas têm uma Naquele momento, o município de São
cobertura completa de 69% e as analfabetas Paulo era dividido em 41 Distritos Sanitá-
de 62%, diferença esta que não é observada rios (DS), e foi sorteada uma amostra para
nos demais estratos socioeconômicos (Grá- cada um deles.
fico 2)20. Os estratos socioeconômicos foram
construídos a partir de indicadores socio-
econômicos relativos aos DS. Foram con-
sideradas 14 variáveis pertencentes a seis
domínios:

• Renda:
- % de chefes de família sem rendimentos
- % de chefes de família com renda inferi-
or a 1,5 salários mínimos
- % de chefes de família com renda acima
Gráfico 2 – Cobertura vacinal completa aos
de 20 salários mínimos
18 meses de idade segundo escolaridade e
estrato de condições de vida. Município de • Escolaridade:
São Paulo, 2002 - % de chefes de família sem nenhum grau
Chart 2 – Vaccination coverage complete at 18 de escolaridade
months of age, according to schooling and life - % de chefes de família com menos de 4
conditions stratum. Municipality of São Paulo, anos de escolaridade (analfabetismo
2002. formal)
- % de chefes de família com 15 anos ou
Cabe desta forma olhar mais detalhada- mais de escolaridade
mente para a metodologia de dois inquéri- • Tipo de família:
tos de cobertura vacinal que se propõem a - % de famílias chefiadas por mulheres
avaliar a desigualdade no acesso à vacina- - % de famílias chefiadas por mulheres
ção no município de São Paulo. sem rendimentos
O primeiro foi realizado em 2002 e ti- • Moradia:
nha por objetivo, além de estimar precisa- - % de domicílios com aglomeração (mais
mente as coberturas vacinais para cada de 2 pessoas por cômodo)
distrito de saúde (DS) do município de São - % de domicílios subnormais (precários
Paulo, avaliar as desigualdades a partir es- + improvisados + subnormais)
tratos socioeconômicos definidos com • Saneamento Básico:
base no DS de residência20. - % de domicílios sem coleta regular de lixo
Neste inquérito foi utilizado o proces- - % de domicílios sem abastecimento ade-
so de amostragem por conglomerados pre- quado de água
conizados pela Organização Mundial de - % de domicílios sem solução adequada

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para o esgotamento sanitário ente de crianças da amostra, garantindo as-
• Composição populacional: sim poder estatístico às comparações feitas.
- % de indivíduos com mais de 70 anos Além das informações sobre cada um
dos imunobiológicos, foram coletadas in-
Os dados correspondentes aos distri- formações sobre a escolaridade da mãe, a
tos administrativos foram agrupados e mãe trabalhar fora de casa, o número de
recalculados para os distritos de saúde pessoas por cômodo e a utilização de ser-
(unidade amostral). Cada valor foi trans- viço privado.
formado para valores de z (transformação Em função dos objetivos e do desenho,
normal), a fim de reduzir a variação decor- este inquérito permitiu estudar as desi-
rente das unidades de medida. gualdades da seguinte forma:
A análise de conglomerados ou “clusters”
é uma técnica classificatória baseada no cál- • Avaliando as desigualdades de cober-
culo de vetores resultantes da disposição de turas vacinais entre DS:
n elementos (neste caso, os distritos de saú- - Foram utilizadas regressões lineares e
de) no espaço de p dimensões (p é o núme- medidas de correlação entre as taxas de
ro de variáveis selecionadas para a análise), cobertura e os indicadores socioeco-
neste caso representado pelas variáveis nômicos dos DS. Por exemplo, encon-
socioeconômicas listadas acima. trou-se um coeficiente de correlação de
Optou-se pelo método não hierárqui- Spearman de -0,43 (p=0,005) entre a
co, no qual todas as variáveis são utiliza- proporção de chefes com renda maior
das simultaneamente para a classificação, que 20 sm e a cobertura vacinal para
chamado k-médias, pois os distritos são esquema completo com um ano de ida-
classificados a partir da distância do de20.
centróide do grupo. Nesse método, o • Avaliando as desigualdades de cober-
centróide é estimado de tal maneira que turas vacinais entre os estratos socio-
as diferenças entre os valores individuais econômicos de DS.
e o centróide são sempre inferiores às di- - Foram utilizadas medidas de associação
ferenças entre os centróides dos diversos (risco relativo e risco atribuível), estabe-
conglomerados. lecendo-se como referência o grupo de
Nesse método é possível estabelecer a melhor condição socioeconômica. Por
priori o número de conglomerados dese- exemplo, o estrato E apresentou uma
jados, ou experimentar diferentes soluções cobertura vacinal para esquema com-
até que a condição de parada, exposta an- pleto com um ano de idade 1,25 maior
teriormente, seja atingida. que o estrato A20.
A execução da classificação foi feita utili- - Foram utilizadas análises estratificadas
zando-se o programa SPSS® para Windows. para especificar grupos definidos segun-
Foram executadas soluções para três, qua- do atributos individuais dentro dos es-
tro, cinco, seis e dez clusters, visto que para tratos socioeconômicos de DS. Por
cada solução havia sempre um estrato com exemplo, quando se analisa a cobertura
um único distrito de saúde incluído. Da com- vacinal por estrato socioeconômico e tra-
paração entre as soluções para quatro, cin- balho fora da casa da mãe, observamos
co e seis clusters, e utilizando-se o coefici- no estrato A uma diferença significativa.
ente de variação do índice de exclusão entre Para as mães que não trabalham as cri-
os distritos em cada estrato, chegou-se à so- anças apresentaram uma cobertura
lução adotada. completa aos 18 meses de idade de 74%,
A solução adotada distribui os distritos contra 62% para as que trabalham, ou
de saúde em cinco estratos, bastante dife- seja, 1,19 vez maior. O mesmo não acon-
rentes em termos de condições de vida e teceu nos demais estratos20.
cada um deles reunindo um número sufici- • Avaliando as desigualdades de cober-

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turas vacinais em relação ao DS e ao mentalmente, permitirão uma adequada
conglomerado de residência e caracte- representatividade na amostras destes es-
rísticas socioeconômicas familiares. tratos para cada um dos municípios.
Foram utilizados modelos multinível A definição dos 5 estratos sociais será
de regressão logística para mensurar a baseada na proporção de chefes de família
importâncias das dimensões coletivas com mais de 20 salários mínimos, na pro-
e individuais. Por exemplo, o modelo porção de chefes de família com mais de 17
logístico final com três níveis, DS, con- anos de estudo, e na média da renda nomi-
glomerado e indivíduo/família encon- nal dos responsáveis pelos domicílios em
trou um pequeno efeito de conglome- cada um dos setores censitários. Estas vari-
rado de 0,07 significa um aumento de áveis são consideradas como discrimina-
30%* na chance de estar com esquema doras das condições sociais. Serão atribuí-
de vacinação completo para aqueles dos postos em ordem decrescente para cada
conglomerados que possuírem um uma das duas variáveis, e depois será efetu-
efeito um desvio padrão acima da mé- ada a soma dos postos. Com essa soma, os
dia. Em outras palavras, a existência do setores censitários serão divididos em
efeito sugere que a dimensão “conglo- quintis. O primeiro quintil será o estrato A
merado” pôde captar comportamentos (menor pontuação e melhores condições de
familiares semelhantes em relação à vida) e o último quintil o estrato E (maior
cobertura vacinal para o esquema com- pontuação e piores condições de vida).
pleto, independentes das variáveis in- O passo seguinte será construir conglo-
dividuais utilizadas21. merados com pelo menos 56 crianças na
• Medidas de Impacto Populacional, como faixa etária de 1 a 4 anos. Embora a
o Risco Atribuível Populacional, poderi- metodologia consista em entrevistar 7 cri-
am ter sido calculadas considerando tan- anças da coorte de interesse em cada um
to os estratos socioeconômicos de DS dos 30 conglomerados, sabendo-se que
quanto os grupos definidos a partir de passados alguns anos após o censo, parte
atributos individuais. das famílias pode haver mudado de ende-
• Em relação às medidas sintéticas ba- reço, parte das crianças pode ter morrido
seadas num ranking de variável socio- etc., opta-se por formar conglomerados
econômica, parece-nos que no caso da compostos de um ou mais setores que con-
cobertura vacinal em São Paulo, onde tenham um número maior de crianças na
há um claro gradiente favorável àque- idade alvo do estudo e residentes na área
les grupos com piores condições socio- de interesse
econômicas, a utilização das mesmas A obtenção da amostra pressupõe nes-
pouco acrescentaria ao entendimento ta fase duas etapas: o sorteio dos conglo-
das desigualdades. merados e o sorteio de um ponto inicial a
partir do qual se dará início à busca das 7
O inquérito a ser realizado em 2007 em crianças da coorte de interesse. Definidos
todas as Capitais Federais pretende apro- os conglomerados (síntese de setores
fundar a avaliação das desigualdades da censitários com numero determinado de
cobertura vacinal relacionadas a grupos crianças), proceder-se-á ao sorteio sistemá-
socioeconômicos, à raça e ao gênero. Para tico dos mesmos utilizando-se no procedi-
tanto, a estratégia de amostragem irá se ba- mento de amostragem a fração amostral
sear em cinco estratos socioeconômicos correspondente (total da população = 30)
construídos com base em indicadores dos O IBGE também disponibiliza os ma-
setores censitários do IBGE, e que, funda- pas digitalizados dos setores sorteados a

* O efeito aleatório é mensurado em variância (0,07); portanto, através de sua raiz quadrada, obtém-se o desvio padrão 0,265. No
modelo logístico multinível, a variação de um desvio padrão acima da média representa adicionar 0,265 aos coeficientes (betas).
Através da exponencial do coeficiente obtém-se um odds ratio de 1,30, isto é, uma chance 30% maior21.

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fim de possibilitar a realização da segun- tigadas a partir da referência da cor das
da etapa do sorteio e a definição dos itine- crianças por parte da mãe ou responsável.
rários. Serão, então, numeradas todas as Por sua vez, as desigualdades de gêne-
quadras e as faces de cada uma delas. A ro poderão ser investigadas a partir do sexo
segunda etapa consiste em sortear uma da criança e através da compreensão da
quadra em cada conglomerado e um lado importância de homens e mulheres na es-
nessa quadra para dar início ao itinerário trutura de cuidado da criança, detalhada
de busca das crianças pertencentes à pelo número de filhos, estado conjugal,
coorte de interesse. mulher trabalhando fora e presença da avó
Serão também coletadas informações no domicílio.
sobre a escolaridade da mãe ou do respon- O desafio que ora se coloca para pes-
sável pela criança, um inventário de bens quisadores e para os profissionais de saú-
moveis da família e aglomeração intra- de é o de refletir sobre a melhor forma de
domiciliar, permitindo uma classificação mensurarmos e avaliarmos as desigualda-
da situação socioeconômica da família da des no acesso ao PNI no município, a par-
criança. tir do aprofundamento permitido e
As desigualdades de cobertura vacinal potencializado pela utilização de inquéri-
relativas à cor/raça poderão ser inves- tos populacionais

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