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Muitas pessoas conhecem muito pouco sobre si mesmas. Conhecem pouco da própria
cultura, que se expressa na convivência. Consequentemente, exercem pouco a
“política” real. Agarram-se ultimamente, contudo, nos representantes e na
representação convencional da “política”,54a política1 profissional, porque é a parte que
dá a impressão de “segurança”. Isto é, o ponto em que se tem decisões típicas que
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p g ç , p q p q
Autoconhecimento Cultural, Consciência e Humanidade | by André Silva | NEW ORDER | Medium
interferem de amplo modo nos interesses do país e que podem afetar assim,Get
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forma
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Muita gente, portanto, acredita que estão nas decisões políticas toda a “segurança”. E
por esta razão travam constantemente verdadeira guerra, marcadas pela polarização,
ódios, adjetivações, criação de inimigos, extremismos em defesa daquilo que lhes
parece o bem, óbvio e certo mas que tantos outros insistem em não concordar. Esta
divisão de lados aponta a falta de consciência sobre si mesmo, que resulta
frequentemente na idolatria, na perseguição, verdadeiro veneno ao bom senso, e no
abandono da reflexão, exercício essencial para uma adaptação sensível às
necessidades provenientes das vivências sociais cotidianas. Adaptação, esta, que é
expressa todos os dias. Traduzida em gestos, ações e palavras por onde quer que se vá,
aonde quer que se esteja, esteja com quem se estiver, conhecidos ou desconhecidos.
Estar mais consciente tende a nos fazer mais cientes da interdependência uns dos
outros e mais independentes dos agentes exteriores. Saber quem se é promove
relevância à personalidade do sujeito que consegue enxergar para além das
orquestrações artificiais ou convenções, alcançando uma percepção mais realista e
internamente predisposta a atuação ativa em favor de um bem comum e não dirigida
por uma preferência. A compreensão adquirida permite ver que dividir em lados é um
reducionismo ineficaz de questões que, em verdade, se misturam em todos os lados.
O que se assiste no Brasil e que se ressalta quando estamos vivendo momentos mais
críticos é o pouco autoconhecimento cultural.
certo que durante toda nossa vida estaremos expostos a inúmeros contatos com
incontável quantidade de outras pessoas e nossa influência ainda repercutirá mesmo
para além destes contatos diretos, de modos que nem somos capazes de calcular.
Milhares de pessoas passarão por nós até o fim desta vida na carne.
O que faz diferença para saber por onde se está indo, se pela paz ou pela guerra,
mesmo sem isso significar um lugar físico demarcado num mapa ou um objetivo
traduzido em palavras, é se conhecer, como visto; e isto tem início com o saber o que se
quer e o que se está pessoalmente a construir como individualidade para a Existência.
Daí a perspectiva atemporal. Trata-se, portanto, de ver muito além do espaço curto de
tempo de sua vida física, mas desejar contribuir a uma Existência a que os meros 100
anos ou menos não são nada mais do que nada. Isso exige um desprendimento e
“encontrar” um sentido no externo muito maior, que não só supere o sentido interno,
mas que o engrandeça, pois não são coisas separadas. Aliás, voltando em Jesus, talvez
não por acaso ele falava em termos de “vida eterna”.
Assim, falta a condição de humildade que ao mesmo tempo dimensiona sua pequenez
diante da Existência mas qualifica mesmo aquele que mais erra como humano em
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diante da Existência mas qualifica, mesmo aquele que mais erra, como humano em
última instância. E essa predisposição não diz sobre nenhuma conduta
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apenas diz sobre o estado da consciência do ser. O quão consciente pode ser alguém
diante das vivências que se desdobram no dia a dia? O quão lúcido se manterá?
Vale ressaltar que o “sentido” é uma vivência. Não é algo a que a linguagem falada dê
conta, ou seja suficiente para expressar. Mas você se encontra no “sentido” já por
buscar criar sentido. O sentido da vida é encontrado e criado na ação. Ser um agente
da paz é modo certo de criar sentido. Granjear amigos e posicionar-se como um amigo
no mundo é caminho certo pra “consciencialização”. Fazer o bem aos outros
gratuitamente, pagar o mal com o bem é um ótimo meio. Assim educava e
exemplificava aquele que foi muito estudado pelos homens (mas ainda não o
suficiente) Jesus filho de José.
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Aliás, toda a história bíblica, muito peculiar quanto é, retrata com exuberância a vida
tratando-se os contos de verdadeiro manual “sobre vivências”. A peculiaridade judaica
de trazer linguagem que mescla simbologias à realidade já nos dá aí grandes lições. A
começar pela existência de outro tipo de lógica, como a de que duas coisas podem ser
simultaneamente a mesma coisa. Do judeu, os ocidentais poderiam dizer que as
narrativas, sempre poéticas e estéticas, são só simbólicas, ou que são só reais. São, no
entanto, as duas coisas ao mesmo tempo. São simbólicas e são reais. Jesus muito
provavelmente não fora uma única vez ao deserto, mas inúmeras vezes, afinal, tratava-
se de uma região desértica. Logo, os 40 dias que se narram sobre sua estada lá é uma
referência aos 40 anos do deserto do povo Hebreu em que narra o escritor que Jesus
sofrera as mesmas tentações que eles, mas, diferentemente, para cada uma teve ele
uma resposta, sendo sobre elas vitorioso, ao passo em que sucumbiam os Hebreus à
sua própria fraqueza. Este “atalho” literário com alguns simbolismos utilizando
elementos reais aponta ao leitor contextualizado o sinal da condição de “Messias
espiritual” de Jesus. Em nosso caso ocidental, este atalho não só “aponta” como
“poupa” esse leitor, visto que nosso modo linear e sustentado por cadeias de detalhes
em lógica teceriam volumes e mais volumes de relatos excedendo a quantidade de
livros e o tamanho dos mesmos para muito além do conveniente.
Não se pode dissociar a vida da Inteligência Suprema da Vida. Esta que guia a natureza
na sua persuasão e persistência imutáveis. Não por acaso, vivemos o necessário tempo
de ir a um deserto. Trazendo para os dias de hoje, estamos vivenciando a necessária
simbólica ida ao deserto, que ganha a literalidade de uma quarentena particular e
social em tempos de Coronavírus. O deserto implica em privações e impõe um vazio.
Essas privações fazem emergir mais claramente as forças e fraquezas de cada um e
revelam nossa incapacidade de controlar a vida sendo este justamente o ponto mais
difícil ao egoísta. Essas privações revelam aos olhos a incerteza do que se é e a certeza
do que se está se tornando. E por uma condição externa isso força o sujeito, justamente
muito influenciável pelo externo, a se reconhecer, ainda que isto não represente para
muitos alcançar uma “terra prometida”, ou noutra palavra, tornar-se diferente.
Como na história bíblica, somos representados pela aspereza de um Jacó (cujo nome
significa “trapaceiro”), gêmeo de Esaú, que já no princípio nasce a trapacear seu irmão
segurando-o pelo calcanhar e que vê progressivamente a vida ‘voltar’ trazendo
amargas experiências que lhe amadurecem pouco a pouco o caráter. No desfecho, tem-
se um Jacó que batalha com si mesmo pelos outros e que prevalece. Eis que,
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deslocando-se a junta da coxa, ponta do nervo ciático que tem terminação, não por
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