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DIMENSIONAMENTO DE PISOS, PAVIMENTOS E RADIERS

EM CONCRETO ARMADO

Eng. Dr. Newton de Oliveira Pinto Jr.


Eng. M.Sc. Marco Antonio Carnio

1. INTRODUÇÃO

A estrutura dos pavimentos, pisos e radiers é formada pela placa de


concreto e pelo conjunto subleito e sub-base, sendo o dimensionamento função
dos seguintes parâmetros:

• as características do subleito e da sub-base, expressas pelo módulo


de reação k;
• a resistência do concreto;
• o tipo de carregamento;
• o número de repetições de carga;
• os efeitos cumulativos de mais do que uma carga ou tipos de carga;
• a eficiência dos dispositivos de transferência de carga entre placas
adjacentes.

A determinação dos momentos fletores atuantes na placa tem por base


o trabalho desenvolvido por Westergaard, que analisa teoricamente a placa de
concreto, assumindo que esta se comporta como um sólido homogêneo,
isotrópico e elástico em equilíbrio, apoiada sobre uma base elástica, e que as
reações do solo são verticais e proporcionais aos deslocamentos verticais
sofridos pela placa.

Pesquisas posteriores conduziram a modificações nesta teoria, tendo-se,


mais recentemente, considerado outras alterações, tais como:

• aumentos no valor do módulo de reação k, em função de melhorias


na sub-base, e
• nos casos de cargas pontuais adjacentes, aumentos na área efetiva
de contato das cargas que reduzem as solicitações atuantes e, como
conseqüência, a espessura da placa.

2.1
2. COMBINAÇÕES DE CARREGAMENTOS

Os projetos de pavimentos consideram, preferencialmente, cargas


pontuais provenientes das rodas de veículos. Os de radiers, cargas
uniformemente distribuídas e lineares, produzidas por paredes. Nos de pisos,
os sistemas de carregamentos são mais complexos, devendo ser
consideradas:

• cargas de rodas devidas, por exemplo, a empilhadeiras;


• cargas pontuais provenientes de pés de prateleiras empregadas em
sistemas de estocagem de materiais;
• cargas uniformemente distribuídas, devidas ao peso próprio dos
materiais, estocagem de caixas e outros materiais colocados
diretamente sobre o piso.

Tais particularidades devem sempre ser consideradas para a definição


das combinações de carregamento que atuam simultaneamente sobre a
estrutura.
No caso dos pavimentos de concreto armado, o carregamento principal
é constituído por cargas pontuais provenientes das rodas de veículos, sendo
esta a única situação a ser considerada no seu dimensionamento, além,
evidentemente, dos efeitos causados pela retração e de variações térmicas.
Para os radiers, devem ser analisados os efeitos conjuntos das cargas
uniformemente distribuídas e lineares.

Nos pisos de concreto armado é muito improvável que os três tipos de


carregamento, de rodas, de pés de prateleiras e cargas uniformemente
distribuídas, atuem simultaneamente. Se as prateleiras estão sendo utilizadas,
é improvável que existam cargas uniformemente distribuídas sobre o piso.

Consequentemente, o piso será projetado para a combinação de carga


uniformemente distribuída e cargas de rodas ou para cargas de rodas e cargas
de pés de prateleiras.

No caso de carga uniformemente distribuída mais cargas de rodas, estas


últimas atuam somente ao longo de um corredor, resultando em um alívio de
momentos fletores quando combinadas com as cargas uniformemente
distribuídas, uma vez que estas últimas produzem momentos fletores negativos
na placa. Como conseqüência, o dimensionamento do piso para esta

2.2
combinação de carregamentos deve ser realizado para o caso mais crítico das
duas cargas.

A combinação de cargas de pés de prateleiras mais cargas de rodas


pode, por outro lado, causar um acréscimo nos momentos fletores. As
primeiras devem ser tratadas similarmente a uma carga de roda considerando-
se a superposição dos efeitos. Entretanto, na maioria dos casos práticos, os
pés de prateleiras são posicionados lado a lado e muito próximos entre si,
sendo esta, normalmente, a condição de carregamento que comanda o
dimensionamento.

3. CASOS DE POSICIONAMENTO DAS CARGAS PONTUAIS

As cargas pontuais são consideradas em três posições básicas em


relação às bordas da placa, ou seja, canto, centro e borda, como mostrado na
Figura 1.

CASO I - Carga no canto

CASO II - Carga no centro

CASO III - Carga na borda

Figura 1 – Casos de posicionamento das cargas pontuais

2.3
Estas cargas pontuais são consideradas atuando em uma área circular
de raio a, para as posições interna e de canto, e em uma área semicircular de
mesmo raio, para a posição de borda da placa.

As cargas internas e de borda produzem momentos fletores que


tracionam a face inferior da placa, com valor máximo na seção que se situa no
ponto de aplicação das cargas. Cargas posicionadas nos cantos geram
momentos fletores que tracionam a face superior da placa, ocorrendo seu valor
máximo numa seção que dista 2 al 2 do canto da placa, onde a é o raio de
contato da carga e l o raio de rigidez relativo da placa.

4. SOLICITAÇÕES NAS PLACAS:


MOMENTOS FLETORES DOS CARREGAMENTOS PERMANENTES E
ACIDENTAIS

4.1 CARGAS UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDAS

Os momentos são calculados com o auxílio da teoria das vigas apoiadas


sobre base elástica. Um caso freqüente de distribuição de cargas é aquele
que alterna zonas com carga (largura b) e sem carga (largura a), resultando
em um momento máximo negativo no centro das regiões da placa que estão
descarregadas (seção A), e um momento máximo positivo no centro das
regiões carregadas (seção B).
Na Figura 2, é apresentada a distribuição de cargas considerada e as
seções onde ocorrem os momentos máximos.


A A (M máx)

g g g

b a b a b
B +
B (M B
máx)

Figura 2 – Cargas distribuídas em faixas da placa

2.4
Os momentos fletores máximos, negativos e positivos, para tal situação
de carregamento são determinados por:

g
M g − = − 0,168 (1)
λ2

g
Mg + = 0,081 (2)
λ2

3k
λ=4 (3)
Ec h 3

sendo
g: carga uniformemente distribuída (N / mm2)
h: espessura da placa (mm)
k: módulo de reação do conjunto subleito e sub-base (N / mm3)
Ec: módulo de elasticidade secante do concreto, de acordo com Tabela 1
abaixo apresentada, devendo-se tomar a metade destes valores (1/2 Ec) para
os carregamentos de longa duração (com permanência de atuação superior
a 6 meses).

Tabela 1 – Valores de EC em função da resistência à compressão

CLASSES DE MÓDULO DE ELASTICIDADE


RESISTÊNCIA SECANTE DO CONCRETO EC
(N / mm2 ou MPa)
C20 29000
C25 30500
C30 32000
C35 33500
C40 35000
Fonte: EUROCODE - EC 2

2.5
4.2 CARGAS LINEARES

As cargas lineares são produzidas por alvenarias e pela estocagem de


materiais sobre perfis metálicos que se apoiam diretamente sobre a placa.
Os momentos fletores causados por tais carregamentos são
determinados através das seguintes expressões:

4.2.1 CARGA NO INTERIOR DA PLACA

M l , i = − 0,45 g l 0 (4)

Ec h 3
l0 = (5)
12 k

onde:

g: carga linearmente distribuída (N / mm)


h: espessura da placa (mm)
k: módulo de reação do conjunto subleito e sub-base (N / mm3)
Ec: módulo de elasticidade secante do concreto, de acordo com Tabela 1,
devendo-se tomar a metade destes valores (1/ 2 Ec) para os carregamentos
de longa duração.

4.2.2 CARGA NO CANTO E NA BORDA DA PLACA

1
M l , cb = g l0 (6)
2 2

2.6
4.3 CARGAS PONTUAIS

Os momentos fletores produzidos por cargas pontuais provenientes de


rodas de veículos automotores, empilhadeiras e pés de prateleiras são
determinados com base na teoria das placas apoiadas sobre base elástica,
desenvolvida por Westergaard e apresentadas no trabalho de Losberg ,
considerando-se os três casos clássicos de posicionamento das cargas nas
placas, ou seja, interior, borda e canto.

4.3.1 CARGA NO INTERIOR DA PLACA

O máximo momento fletor é determinado através da seguinte expressão:

 a a 
M i = − P ( 1− ν ) 0,1833 log − 0,049 − 0,0078( ) 2  (7)
 l l 

sendo
P: carga pontual atuante
ν: coeficiente de Poisson (0,20 para o concreto)
a: raio da área de contato da carga
l : raio de rigidez relativo da placa, expresso por

Ec h 3
l=4 (8)
12 ( 1− ν 2 ) k

onde Ec , h e k são, respectivamente, o módulo de elasticidade secante do


concreto, a espessura da placa e o módulo de reação do conjunto subleito e
sub-base, já definidos anteriormente.

Salienta-se que uma carga é considerada atuando no interior quando


se posicionar a uma distância igual ou superior ao raio de rigidez relativo l
das bordas da placa.

2.7
Na determinação do raio de contato da carga a, as seguintes
condições devem ser satisfeitas:

4.3.1.1 CARGAS DE RODAS

Determinar

A
a* = (9)
π
com

P
A= ( 10 )
p
a* + a*
sendo:
P = carga de roda
p = pressão do pneumático ou pressão de contato
h
a+a
• Se a* > 1,25 h adotar a = 1,25 h ;
• Se a* < 1,25 h o parâmetro a deve ser calculado por:
A
• a= + 0,60 h (11)
π

que corresponde a admitir a área de contato da carga, no plano médio da


placa, considerando um espraiamento com ângulo de 50º. Nesta situação o
valor de a deve ser limitado a 1,25 h.

4.3.1.2 CARGAS DE PÉS DE PRATELEIRAS

O raio de contato da carga é determinado por:

( A + 2,4 h ) 2
a= , (12)
π

2.8
com A = L x W (dimensões dos lados da placa de apoio), que corresponde a
considerar uma superfície de contato da carga, junto à face inferior da placa,
adotando também um ângulo de distribuição a 50º, devendo a ser limitado a
1,75 h.

4.3.2 CARGA NA BORDA DA PLACA

O máximo momento é calculado pela expressão:

a a
M b = − P ( 1 + 0,5 ν ) ( 0,489 log − 0,012 − 0,063 ) (13)
l l
com parâmetros anteriormente já definidos.

4.3.3 CARGA NO CANTO DA PLACA

O momento é determinado por:

P  a 2 
0,6 
M c = − 1 −    (14)
2   l  

4.4 INFLUÊNCIA NOS MOMENTOS DE CARGAS PONTUAIS


ADJACENTES

O momento que solicita a seção X da placa devido a uma carga que


atua em uma seção Y pode ser determinado com o emprego do diagrama
apresentado na Figura 3, proveniente do trabalho de Westergaard.

Estas situações ocorrem freqüentemente quando são consideradas


cargas provenientes de rodas de veículos automotores (eixos tandem),
empilhadeiras e pés de prateleiras.

No diagrama da Figura 3, o parâmetro s representa a distância entre os


pontos de aplicação das cargas, l o raio de rigidez relativo da placa, Mt o
momento tangencial e P a carga pontual.

2.9
Mt
P

s
l

Figura 3 – Relação entre momento tangencial e carga em


função do cociente entre a distância s até a carga
pontual e o raio de rigidez relativo l

2.10
Para exemplificar, considere-se a seguinte distribuição de cargas
pontuais em uma placa, como mostrado na Figura 4.

P2 P1 MP1 + INFL. P2
s1 s1
P3 P4 MP4 + INFL. P3

s2

As influências das cargas P2 e P4 no


momento produzido por P1 é determinada

calculando as relações s1/l e s2/l ,

com cujos valores obtém-se, no diagrama


apresentado à Fig. 3, estas influências:
MP1 + INFL. P2 + INFL.P3 + INFL.P4

s2 M
⇒ % ( t ) × P2 = INFL. P2
l P
s1 M
⇒ % ( t ) × P4 = INFL. P4
l P

Figura 4 – Cargas múltiplas e suas influências nos momentos

2.11
4.5 JUNTAS: TRANSFERÊNCIA DE CARGA ENTRE PLACAS

Os momentos atuantes nas bordas e nos cantos das placas que


compõem o piso podem ser reduzidos pela transferência de parte da carga
para placas adjacentes, considerando-se os seguintes posicionamentos de
cargas, como mostrado na Figura 5.

JUNTA D

JUNTA S JUNTA X

JUNTA
SERRADA
BARRAS DE
TRANSFERÊNCIA

Figura 5 – Tipos de juntas e posicionamento das cargas

O dimensionamento para a carga atuando na junta X (interligação entre


placas) é feito considerando a carga aplicada no canto da placa, transferindo
30% desta carga para as placas adjacentes.

A carga aplicada na junta D (com barras de transferência) considera-se


como atuando na borda da placa, transferindo 40% desta carga para a placa
adjacente através das barras de transferência.

No caso da carga aplicada na junta S (junta serrada) considera-se,


também, como aplicada na borda da placa, transferindo 20% desta carga para
a placa adjacente através do engrenamento dos agregados.

2.12
4.6 BARRAS DE TRANSFERÊNCIA DE CARGA

As barras de transferência de carga são armaduras que visam interligar


as placas, garantindo uma certa continuidade. Assim sendo, no
dimensionamento deve ser descontada, do valor da carga atuante, a parcela
transferida para a placa adjacente.

O ACI apresenta as seguintes recomendações para escolha adequada


destas barras, conforme apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 – Dados para escolha das barras de transferência

DIÂMETRO COMPRIMENTO ESPAÇAMENTO


ESPESSURA MÍNIMO DA MÍNIMO DA MÁXIMO ENTRE
DA PLACA BARRA BARRA AS BARRAS
(cm) (mm) (cm) (cm)
12 a 15 20 40 30
16 a 20 25 45 30
21 a 28 32 45 30

4.7 DETERMINAÇÃO DAS ARMADURAS

Uma vez determinados os momentos fletores provenientes dos diversos


tipos de carregamento, o cálculo das armaduras necessárias é realizado no
Estádio III considerando-se o emprego de telas soldadas produzidas com aço
CA-60. Para o concreto, considera-se como resistência mínima fck = 20 MPa ,
para que se tenha melhor resistência ao desgaste por abrasão.

O cálculo das armaduras é realizado com o emprego dos coeficientes


adimensionais k6 e k3 , fornecidos na Tabela 3 apresentada ao final,
empregando as expressões:

b d2
k6 = (15)
Mk

Mk
As = k 3 , em cm2 / m (16)
d

2.13
sendo:

Mk: momento característico atuante (kN cm / m)


b: largura, tomada como 100 cm
d: altura útil da placa (h – 4 cm) (cm)
As: área da armadura (cm2 / m)

4.8 ARMADURA PARA CONTROLE DOS EFEITOS DAS VARIAÇÕES


TÉRMICAS

Para combater os efeitos causados por variações térmicas (retração e


temperatura), é necessário colocar uma armadura junto à face superior da
placa. Esta armadura, constituída por telas soldadas em aço CA-60, pode ser
determinada através da seguinte equação:

µLh
As = em cm2/m (17)
333
onde :
µ: coeficiente adimensional de atrito entre a placa e a sub-base, função do tipo
de camada deslizante adotada

Camada asfáltica…………………………………….3,2
Emulsão asfáltica…………………………………….2,0
Solo plástico…………………………………………..1,7
Mistura de saibro e areia lavada……………………1,6
Subbase granular…………………………………… 1,3
Camada de areia……………………………………...0,9
Folha de polietileno-1 camada……………………….0,7
Folha de polietileno-2 camadas……………………...0,5

L: comprimento da placa (m)


h: espessura da placa de concreto (cm)

2.14
Nas situações onde há necessidade de um controle mais rigoroso
da fissuração, deve-se calcular as tensões provocadas pela retração e por
variação de temperatura e, a partir destas, determinar os momentos
fletores equivalentes e a armadura necessária, obtendo-se, em geral, uma
armadura bem superior à encontrada com a equação (17).

5 EXEMPLO DE APLICAÇÃO: PISO INDUSTRIAL

Dimensionar um piso industrial em concreto armado com 60 x 100m,


constituído de placas com dimensões de 7,5 x 10m . Este piso deverá suportar
os seguintes carregamentos:

a) Empilhadeira
• Rodagem simples
• Peso próprio: 40 kN
• Carga içada: 20 kN
• Largura do eixo dianteiro: 90 cm
• Pressão de enchimento dos pneus: 0,7 MPa

b) Prateleiras: arranjo esquemático mostrado na Figura 6.


PÉ do PALLET

10 cm
250

10 cm
CORREDOR
CORREDOR

250

PALLET de 20 kN

100 50 100

Figura 6 – Distribuição esquemática das prateleiras e arranjo dos pallets

2.15
• Empilhamento máximo: 6 pallets
• Primeiro pallet apoiado diretamente sobre o piso
• Carga máxima por montante: 5 x 20 kN = 100 kN
• Placa de apoio dos montantes: 10 x 10 cm
• Subleito com CBR = 7%
• sub-base com 15 cm de brita graduada ➨ k = 0,050 N / mm 3
• Concreto: fck = 30 MPa
• Módulo de elasticidade secante do concreto: Ec = 32000 MPa (Tabela 1)

Assume-se que todas as juntas internas do piso devem conter barras de


transferência, em função da intensidade das cargas atuantes e das dimensões
das placas que compõem o piso, uma vez que os efeitos da retração e da
temperatura podem causar abertura excessiva das juntas, interferindo na
transferência de cargas para as placas adjacentes.

Considerando uma espessura h = 22 cm, passa-se a realizar o


dimensionamento das placas.

a ) Empilhadeira

A carga a considerar no eixo mais carregado (dianteiro) é determinada a


partir do maior valor obtido entre:

80% da carga total: 80 % de 60 kN = 48 kN


2,5 x carga içada: 2,5 x 20 kN = 50 kN

Desta forma, a carga atuante em cada roda vale Proda = 25 kN

Proda Proda

90 cm

2.16
• Raio de contato da carga

A partir das expressões ( 9 ) , ( 10 ) e ( 11 ) obtém-se:

ϕ Proda 1,4 x 25
A= = = 500 cm 2
p 0,07

500
a∗ = = 12,62 cm
π

onde ϕ é o coeficiente que leva em conta os efeitos dinâmicos da carga.

Como a ∗ < 1,25 h = 27,5 cm, o raio de contato a é determinado por :

a = a + 0,60 h = 12,62 + 0,60 × 22 = 25,82 cm

• Raio de rigidez relativo

A expressão (8) fornece :

3200 × 22 3
l =4 = 87,7 cm
 2 
12  1 − 0,2  × 0,05
 

• Cálculo dos momentos fletores

a.1 ) Interior da placa – equação (7)

 25,82 25,82 2 
Mi = − 1,4 × 25 ( 1− 0,2 )0,1833log − 0,049 − 0,0078( ) 
 87,7 87,7 

M i = 4,12 kN× cm/cm

Influência da carga adjacente

Sendo a distância entre rodas de 90 cm, utilizando o diagrama da Figura


3 obtém-se:

2.17
s 90 M
= ≅ 1,0 → t ≅ 0,06
l 87,7 P

Acréscimo de momento

∆ M = 0,06 × 1,4 × 25 = 2,1kN × cm/cm

resultando num momento total de:

M i = 4,12 + 2,1 = 6,22 kN × cm/cm

a.2 ) Borda da placa – equação (13)

25,82 25,82
Mb = − 0,6 × 1,4 × 25( 1 + 0,5 × 0,2 ) ( 0,489log − 0,012 − 0,063 )
87,7 87,7

Mb = 6,70 kN × cm/cm

onde o fator 0,6 leva em conta a transferência de 40% da carga para a placa
adjacente.
O acréscimo de momento produzido pela segunda roda tem o mesmo
valor anteriormente calculado, chegando-se a um momento total na borda de:

Mb = 6,70 + 2,10 = 8,80 kN × cm/cm

a.3 ) Canto da placa – equação (14)

0,7 × 1,4 × 25  25,82 2 0,6 


Mc = − 1 − ( )  = − 5,00 kN × cm/cm
2  87,7 

onde o fator 0,7 considera a transferência de 30% da carga para as três placas
adjacentes.

Adicionando a este momento aquele causado pela outra roda, encontra-


se:

Mc = − 5,00 − 2,10 = − 7,10 kN × cm/cm

2.18
b ) Prateleiras:

Carga por montante: 100 kN

• Raio de contato da carga – equação (12)

( 10 × 10 + 2,4 × 22 ) 2
a= = 35,43cm 〈 1,75h = 38,5 cm
π

• Raio de rigidez relativo

1600 × 22 3
l=4 = 73,75 cm
2
12(1 − 0,2 ) × 0,05

• Cálculo dos momentos fletores

b.1 ) Interior da placa – equação (7)

 35,43 35,43 2 
Mi = − 100 ( 1 − 0,2 )  0,1833 log − 0,049 − 0,0078 ( )
 73,75 73,75 

M i = 8,73 kN × cm/cm

Influência das cargas adjacentes

s1 = 50 cm
s2 = 100 cm
p n o q
s3 = 150 cm
s1

s2 s3
s1 50 M
= ≅ 0,68 → t ≅ 0,09 → ∆M 2 = 100 × 0,09 = 9,0 kN × cm/cm
l 73,75 P

2.19
s2 100 M
= ≅ 1,36 → t ≅ 0,04 → ∆M 3 = 100 × 0,04 = 4,0 kN × cm/cm
l 73,75 P

s3 150 M
= ≅ 2,00 → t ≅ 0,012 → ∆M 4 = 100 × 0,012 = 1,2 kN × cm/cm
l 73,75 P

∴ ∆M = 14,2 kN × cm/cm ⇒ Mi = 8,73 + 14,2 = 22,93 kN × cm/cm

b.2 ) Borda da placa – equação ( 13 )

35,43 35,43
M b = − 0,6 × 100( 1 + 0,5 × 0,2 ) ( 0,489log − 0,012 − 0,063 )
73,75 73,75

Mb = 13,10 kN × cm/cm

Influência das cargas adjacentes A carga o se situa a uma distância

menor que o raio de rigidez relativo,


podendo, portanto, ser considerada como
p atuando na borda da placa, fato que permite
100 considerar uma transferência de 40% de sua
intensidade para a placa adjacente. Desta

o forma:

50 ∆M 2 = 0,6 ×100 × 0,09 = 5,4 kN × cm/cm

n ∆M 3 = 100 × 0,04 = 4,0 kN × cm/cm


Situação mais desfavorável
∆M = 5,4 + 4,0 = 9,4 kN × cm/cm

Portanto, o momento total que solicita a borda da placa vale:

Mb = 13,10 + 9,40 = 22,50 kN × cm/cm

2.20
b.3 ) Canto da placa – equação ( 14 )

0,7 × 100  35,43 2 0,6 


Mc = − 1 − ( )  = − 7,25 kN × cm/cm
2  73,75 

Influência das cargas adjacentes

O posicionamento das cargas junto ao canto da placa que produz a


solicitação mais desfavorável está esquematizado na figura a seguir.

Como a carga o se localiza a uma distância menor que o raio de


rigidez relativo da placa, pode ser considerada como atuando também no
canto, transferindo 30% de sua intensidade para a placa adjacente.

p
∆M 2 = − 0,7 ×100 × 0,09 = − 6,3 kN × cm/cm
o 100 cm ∆M 3 = − 100 × 0,04 = − 4,0 kN × cm/cm

n ∆ M = − 6,3 − 4,0 = − 10,3 kN × cm/cm


50 cm

Situação mais desfavorável

Portanto, o momento que solicita o canto da placa tem o valor de:

M c = − 7,25 − 10,30 = − 17,55 kN × cm/cm

• Placas localizadas no contorno do piso

Para as placas que se situam no contorno do piso, a situação de


carregamento na borda é mais desfavorável, uma vez que não ocorre
transferência de carga, sendo a situação de solicitação de carregamento de
canto inferior à obtida para as placas internas do piso.

2.21
Momentos na borda:
p q
100 cm ∆M = 4,0 kN × cm/cm

250 cm
Mb = 21,83 + 4,00 = 25,83 kN × cm/cm

n q Momentos no canto:

∆M = − 4,0 kN × cm/cm
Mc = − 10,36 − 4,00 = − 14,36 kN × cm/cm

c ) Cargas permanentes

É importante verificar os efeitos causados pelas cargas permanentes,


que produzem momentos fletores que tracionam a face superior das placas nos
centros dos corredores.

Sendo g = 16 kN/m2, que corresponde a considerar os pesos dos


pallets apoiados diretamente sobre o piso, o momento causado vale:

3 × 0,05
Equação (3) Î λ =4 = 9,7 × 10 − 3
1600 × 22 3

16 × 10 − 4
Equação (1) Î M g = − 0,168 = − 2,87 kN × cm/cm
( 9,7 × 10 − 3 ) 2

Resumindo, os momentos fletores a considerar no dimensionamento das


placas são:

• Placas localizadas internamente ao piso

• Interior: Mi = 22,93 kN × cm/cm


• Borda: Mb = 22,50 kN × cm/cm
• Canto: Mc = − 17,55 kN × cm/cm

2.22
• Placas localizadas nos contornos do piso

• Interior: Mi = 22,93 kN × cm/cm


• Borda: Mb = 25,83 kN × cm/cm
• Canto: M c = − 14,36 kN × cm/cm

todos provenientes do carregamento dos pés de prateleiras.

• Cálculo das armaduras

Tendo por base os dados constantes da Tabela 3 apresentada ao final,


passa-se à determinação das armaduras necessárias, considerando uma altura
útil d = 22 - 4cm = 18 cm.

• Placas internas:

• Interior:
Mi = 2293 kN × cm/m
100 × 18 2 + = 0,027 2293 = 3,44cm 2 /m
k6 = = 14,1 ⇒ k 3 = 0,027 ⇒ A s
2293 18
Î Q396

• Borda:
Mb = 2250 kN × cm/m
100 × 18 2 + = 0,027 2250 = 3,38cm 2 /m
k6 = = 14,4 ⇒ k 3 = 0,027 ⇒ A s
2250 18
Î Q396

• Canto:
Mc = − 1755 kN × cm/m
100 × 18 2 1755
k6 = = 18,5 ⇒ k 3 = 0,027 ⇒ A -s = 0,027 = 2,63cm 2 /m
1755 18
ÎQ196 + Q92(armadura utilizada para retração e temperatura),
armadura esta que deve estar disposta ao longo de um comprimento igual a
duas vezes o raio de rigidez relativo, a partir do canto da placa .

2.23
• Placas do contorno

• Interior:
Mi = 2293 kN × cm/m Î Q396

• Borda:
Mb = 2583 kN × cm/m
100 × 18 2 + = 0,028 2583 = 4,02cm 2 /m
k6 = = 12,5 ⇒ k 3 = 0,028 ⇒ A s
2583 18
ÎQ246 + Q47 , que deve ser disposta ao longo do comprimento l .

• Canto:
M c = − 1436 kN × cm/m
100 × 18 2 1436
k6 = = 22,5 ⇒ k 3 = 0,027 ⇒ A -s = 0,027 = 2,15cm 2 /m
1436 18
ÎQ138 + Q92 , armadura que deve ser posicionada ao longo de um
comprimento igual a duas vezes o raio de rigidez relativo.

• Armadura para carregamento permanente:


M g = − 287 kN × cm/m

100 × 18 2 287
k6 = = 113 ⇒ k 3 = 0,027 ⇒ A -s = 0,027 = 0,43cm 2 /m
287 18
ÎQ47

• Armadura para controle dos efeitos de retração e temperatura:

Adotando um coeficiente de atrito entre a placa e a sub-base de 1,3


(sub-base de brita graduada) obtém-se a armadura:

µ L h 1,3 × 10,0 × 22
A−
s = = = 0,86 cm 2 /m Î Q92
333 333
que deve ser posicionada junto à face superior da placa com adequado
cobrimento.
Destaque-se que esta armadura é superior à calculada para levar em
consideração os efeitos das cargas permanentes sendo, portanto, suficiente
para absorver os momentos fletores negativos que solicitam as faixas centrais
dos corredores.

2.24
ESTADO LIMITE ÚLTIMO - FLEXÃO NORMAL SIMPLES
y
y = 0,8x z = d− γ c = 1,40 γ s = 1,15 γ f = 1,40
2
b
w d2 k 6M M
M= d= A s = k3
k6 bw d

VALORES DE k6 e k3 - UNIDADES : kN , cm

k6 = bd2/M k3
βx = x
d Para fck (MPa) AÇO
CA-60
20 25 30 35 40
0,02 72,6 58,1 48,4 41,5 36,3 0,027
0,04 36,6 48,0 24,4 20,9 18,3 0,027
0,06 24,6 29,5 16,4 14,1 12,3 0,027
0,08 18,6 14,9 12,4 10,6 9,3 0,028
0,10 14,5 12,0 10,0 8,6 7,5 0,028

DOMÍNIO 2
0,12 12,6 10,1 8,4 7,2 6,3 0,028
0,14 10,9 8,7 7,3 6,2 5,5 0,028
0,16 9,6 7,7 6,4 5,5 4,8 0,029
0,18 8,6 6,9 5,8 4,9 4,3 0,029
0,20 7,8 6,3 5,2 4,5 3,9 0,029
0,22 7,2 5,7 4,8 4,1 3,6 0,029
0,24 6,6 5,3 4,4 3,8 3,3 0,030
0,26 6,2 4,9 4,1 3,5 3,1 0,030
0,28 5,8 4,6 3,9 3,3 2,9 0,030
0,30 5,5 4,4 3,6 3,1 2,7 0,030
0,32 5,2 4,1 3,4 3,0 2,6 0,031 DOMÍNIO 3
0,34 4,9 3,9 3,3 2,8 2,5 0,031
0,36 4,7 3,7 3,1 2,7 2,3 0,031
0,38 4,5 3,6 3,0 2,6 2,2 0,032
0,40 4,3 3,4 2,9 2,5 2,1 0,032
0,42 4,1 3,3 2,7 2,4 2,1 0,032
0,44 4,0 3,2 2,6 2,3 2,0 0,033
0,46 3,8 3,1 2,6 2,2 1,9 0,034
0,48 3,7 3,0 2,5 2,1 1,9 0,035
0,50 3,6 2,9 2,4 2,1 1,8 0,036
0,52 3,5 2,8 2,3 2,0 1,7 0,037
0,54 3,4 2,7 2,3 1,9 1,7 0,038
0,56 3,3 2,7 2,2 1,9 1,7 0,040
0,58 3,2 2,6 2,2 1,8 1,6 0,041
0.60 - - - - - -
Observações :
1- Para γf ≠ 1,4 multiplicar M por ( γf / 1,4 ) antes de usar a tabela
2- Para γc ≠ 1,4 multiplicar bw por ( 1,4 / γc ) antes de usar a tabela

2.25

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