(1) Engenheiro Civil, Professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR, Departamento de
Engenharia Civil, e sócio-diretor da proCalc Estruturas S/C Ltda.
(2) Engenheiro Civil, Professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR, Departamento de
Arquitetura e Urbanismo, Mestrando em Engenharia de Estruturas da EESC/USP
(3) Engenheiro Civil, Mestrando em Métodos Numéricos em Engenharia: Mecânica Computacional -
Universidade Federal do Paraná - UFPR, Centro de Estudos de Engenharia Civil
Cx. P. 16210 – 81611-970 – Curitiba, PR, Brasil
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Figura 01: Estrutura com planos paralelos aos eixos globais ortogonais XYZ do SAP2000
Todos os elementos finitos lançados em um mesmo plano devem também ter a mesma
orientação dos eixos locais. É necessária a verificação desses eixos locais, sob determinado
ponto de vista, para a indicação correta do caso de detalhamento da armadura pelo programa
computacional. A indicação errada do caso de detalhamento, como será posteriormente
verificada, inverte as direções e faces da armadura calculada.
Figura 02: Estrutura sem planos com cotas fixas segundo os eixos globais ortogonais XYZ do SAP2000
Figura 03: Exemplos de planilhas para ordenação dos elementos finitos de casca em planos e paredes
CASOS DE CARREGAMENTO
COMBINAÇÕES DE CARREGAMENTO
F22
M12
M22 F12
M11 F12
2
F11 M12 M12 F11
1
F12 M11
F12 M22
M12
F22
Figura 06: Esforços atuantes nos elementos SHELL, de sentido positivo para a orientação indicada dos eixos
locais 1 e 2 no elemento [SAP2000 (1997) - Analysis Reference]
Apresenta-se abaixo a Fig. 07, onde verifica-se a divisão em chapas e os binários
encontrados para um elemento de casca do SAP2000.
Definidas as chapas correspondentes as faces positiva e negativas, pode-se encontrar os
esforços no plano de cada uma delas que estabeleçam o equilíbrio.
- Para as forças na direção x, tem-se:
F M (3)
F1 (face − negativa ) = 11 − 11
2 zm
F M (4)
F12 (face − negativa) = 12 − 12
2 zm
F11 M11 (5)
F1 (face − positiva) = +
2 zm
F12 M12 (6)
F12 (face − positiva) = +
2 zm
- Para as forças na direção y, tem-se:
F22 M 22 (7)
F2 (face − negativa) = −
2 zm
F M (8)
F12 (face − negativa) = 12 − 12
2 zm
F M (9)
F2 (face − positiva) = 22 + 22
2 zm
F M (10)
F12 (face − positiva) = 12 + 12
2 zm
Para levar em conta corretamente os sinais utilizados em cada operação, convencionando
o mesmo para determinar o que é compressão e o que é tração em cada face em que atuam,
foram criados quatro casos de detalhamento, cabíveis para estruturas com planos paralelos aos
eixos cartesianos globais: CASO A, CASO B, CASO C e CASO D. As forças no plano são
positivas quando tracionam o elemento, ou seja, quando tracionam tanto a face positiva
quanto a face negativa. Os casos de detalhamento prevêem as possibilidades de orientação dos
eixos de coordenadas locais 1, 2 e 3, nos elementos, segundo giros de 90 graus destes no
plano, o que altera a convenção de esforços positivos do programa SAP2000. Padronizou-se a
formulação segundo estas orientações, que devem ser qualificadas pela simples análise dos
eixos de coordenadas locais dos planos a serem dimensionados. Abaixo, na Fig. 08, tem-se o
quadro para a qualificação dos planos, dado necessário ao detalhamento efetuado no programa
desenvolvido.
Zm
Face negativa
Face positiva
Face negativa
z
Zm
z
Face positiva
Figura 07: Divisão do elemento finito em chapas fissuradas nas faces negativa e positiva, segundo um eixo
z local convencionado para o cálculo
VISTA DO CASOS DE DETALHAMENTO
OBSERVADOR CASO A CASO B CASO C CASO D
M22 M22
Z
M11
2 2
M11
1 1 M11 1 1
Y 2
2
M11
X
M22 M22
M22 M22
Z
M11
Y 2 2
M11
1 1 M11 1 1
X 2
2
M11
M22 M22
M22 M22
M11
Z 2 2
Y M11
1 1 M11 1 1
2
2
M11
X
M22 M22
Figura 08: Quadro para a qualificação dos casos de detalhamento do programa AsSTEEL desenvolvido
A partir das forças de membrana calculadas pela composição dos vários esforços
atuantes, implementaram-se as fórmulas apresentadas pelo CEB-FIP/1978, para cinco casos
de dimensionamento, conforme Tab. 01. Estas fórmulas provém de formulação criada por
Baumann1,2 apud LEONHARDT & MÖNNIG (1978), desconsiderando a contribuição da
armadura secundária na redução da armadura principal, que é menos econômico, porém de
aplicação mais simplificada. A armadura secundária, então, deve ser implementada conforme
uma porcentagem de armadura mínima, de acordo com a norma em uso, sendo este um dado
de entrada para o cálculo.
O programa determina, assim, quatro áreas de armaduras por unidade de comprimento,
por elemento finito de casca (para as duas direções dos eixos de coordenadas locais, e duas
faces da casca), chamando-as genericamente de ASX1, ASX2, ASY1 e ASY2. Em função do
caso de detalhamento indicado, as armaduras são convencionadas e orientadas, para posterior
representação gráfica por mapas coloridos.
Para modelos com planos inclinados os casos de detalhamento não são fornecidos; as
armaduras para as duas direções e faces são geradas em desenhos tridimensionais, na ordem
de ASX1, ASX2, ASY1 e ASY2 calculadas (desenhos 3D1, 3D2, 3D3 e 3D4), sem
identificação inicial do posicionamento das mesmas dentro das cascas de concreto armado. O
engenheiro calculista, por meio da análise das coordenadas locais dos elementos contidos no
plano inclinado, coloca-se como observador buscando o caso que mais se adequa as
coordenadas locais, segundo um pré-escolhido ponto de vista, conseguindo assim identificar o
caso correto e, dessa maneira, por meio de um quadro identificador preparado para este fim,
obtém as posições dos pares genéricos ASX1, ASX2, ASY1 e ASY2 das armaduras
calculadas conforme os casos.
1
BAUMANN. Th. (1972). Tragwirkung orthogonaler - Bewehrungsnetze beliebiger Richtung in
Flächentragwerten aus Sthalbeton. Berlin, W. Ernst, 1972. (Deutscher Ausschuss für Stahlbeton, 217)
2
BAUMANN. Th. (1972). Zur Frage de Netzbewehrung von Flächentragwerten. Der Bauingenieur, Berlin
(47): 367-377.
Tabela 01: Casos de detalhamento para uma chapa fissurada de concreto armado conforme CEB-FIP/1978
ARMADURAS TENSÕES NO
CONCRETO (NA
CASO ESFORÇOS
Asx . σsd Asy . σsd DIREÇÃO DAS BIELAS)
h. σφ
Fx ≥ - Fxy
1 Fx + Fxy Fy + Fxy -2. Fxy
Fy ≥ - Fxy
Fx < - Fxy
2 0 Fy - (F2 xy / Fx) Fx + (F2xy / Fx)
Fy > (F2xy / Fx) -Fxy
Fx > (F2xy / Fy) -Fxy
3 Fx - (F2xy / Fy) 0 Fy - (F2 xy / Fy)
Fy < - Fxy
Fx < - Fxy
4 0 0
Fy < (F2xy / Fx) [(Fx + Fy)/2] - {[(Fx -
Fx < (F2xy / Fy) Fy)2/2] + F2xy}1/2
5 0 0
Fy < - Fxy
O programa então efetua 08 passos para a geração dos desenhos do cálculo, descritos a
seguir.
A montagem da geometria consiste em ler o arquivo .txt gerado no INPUT TABLE,
sendo criados assim arquivos de leitura de dimensões e posições dos elementos, guardando-se
os nós para a geração de desenhos de armaduras.
A montagem de carregamentos é feita pela leitura do arquivo .txt gerado no OUTPUT
TABLE, sendo aqui determinados os esforços aplicados em cada elemento de casca, para cada
combinação de carregamentos.
A entrada dos dados de cálculo é feita mediante digitação, no programa AsSTEEL. Os
dados necessários ao dimensionamento são: unidades de trabalho (kgf e cm, ou tf e m); classe
do aço; módulo de elasticidade longitudinal secante (Ecs) do concreto armado; resistência
característica do aço à tração (fyk); resistência característica do concreto à compressão, aos 28
dias (fck); cobrimentos da armadura nas direções dos eixos locais 1 e 2; coeficiente minorador
da resistência do concreto (γc); coeficiente minorador da resistência do aço (γs); coeficiente
majorador das forças (γf); coeficiente Rüsch, minorador das resistência do concreto devido ao
efeito de carga aplicada com longa duração; coeficiente kz, para a determinação do braço de
alavanca dos momentos fletores; porcentagens de armaduras mínimas nas direções e
porcentagem de armadura máxima aceitável.
O cálculo das armaduras é realizado conforme os cinco casos de dimensionamento do
CEB-FIP/1978, apresentados anteriormente.
Na envoltória das armaduras e das tensões é feita uma varredura dos resultados, em cada
elemento, para cada combinação, sendo separados em arquivo as maiores armaduras
encontradas para as duas direções e faces em cada elemento finito, assim como as tensões de
compressão na direção principal. Nos elementos em que a tensão de compressão superar a
tensão máxima admissível, nos gráficos de armaduras este elemento é circulado, indicando a
alta tensão de compressão encontrada numa das faces do mesmo. Nesta verificação, a tensão
de compressão admissível foi ainda reduzida em 80% daquela já reduzida pelo coeficiente
Rüsch (fornecido como dado de cálculo para a determinação da tensão admissível de
compressão no concreto), para levar em consideração que as diagonais comprimidas são
perturbadas pelas barras de armadura que as atravessam transversalmente, conforme CEB-
FIP/1978.
Agora, determinadas as armaduras, entra-se com uma tabela, em arquivo .txt, contendo as
bitolas comerciais que serão utilizadas, assim como os espaçamentos destas, gerando
determinadas áreas de armaduras que serão comparadas com aquelas calculadas como
máximas de cada elemento. Os resultados apresentarão, então, gráfico de cores simbolizando
as bitolas, seguidas do espaçamento das barras. Exemplo: φ 5 mm a cada 10 cm.
No detalhamento dos elementos o operador deve indicar se quer um onde serão separadas
as paredes e pisos conforme a cota fixa (x, y ou z), onde deve ser digitado o nome do plano
(conforme planilhas da metodologia de modelagem) e o valor da cota; senão, em estruturas
com planos inclinados, não é necessário entrar neste menu, e o detalhamento será
tridimensional. Se assim for, é interessante que seja gerado, no SAP2000, arquivos INPUT
TABLE e OUTPUT TABLE para cada plano inclinado, separadamente, visando obter
arquivos .dwg do AutoCad separados e de melhor visualização dos resultados.
No menu de geração de relatórios podem ser gerados arquivos texto (de extensão .txt),
contendo os dados de geometria, carregamentos, armaduras calculadas, dados de entrada de
cálculo, envoltória das armaduras e tensões, bitolas e espaçamentos utilizados, enfim, de
todos os dados utilizados ou determinados pelo programa AsSTEEL. Pode-se, também, pedir
a geração de desenhos de resultados de armaduras, de todos os elementos ou de apenas um
específico, em extensão .cad (que serão posteriomente lidos em um programa complementar
desenvolvido na linguagem AutoLisp, do AutoCad, para a confecção em extensão .dwg), ou
extensão .dp (de propriedade do programa computacional CAD/DP-TQS, software de
otimização de detalhamento de estruturas de concreto armado amplamente utilizado pelos
escritórios de cálculo de obras civis no Brasil). Aqui neste menu tem-se a opção da geração
das armaduras tridimensionais, para os planos inclinados.
Dessa maneira, são gerados os desenhos contendo os mapas de armaduras necessárias,
aos elementos de casca, nas direções dos eixos locais 1 e 2, nas faces do elemento. Com elas
procede-se ao desenho de detalhamento das barras dentro das peças de concreto armado
(comprimentos das armaduras, emendas, dobras, posicionamento), conforme as técnicas
difundidas e normatizadas.
200
qz = -1,25 tf/m
Y ESPESSURA
H=25 cm
X
Z
qx = +20 tf/m
Y
ESPESSURA
H=25 cm
X
Z
200
qz = -1,25 tf/m
qx = +20 tf/m
Y ESPESSURA
H=25 cm
X
Z
O caso de detalhamento para os modelos resultou, conforme análise dos eixos locais
dos planos, lançados em z=0,00, no caso C da Fig. 08 anterior.
Figura 15: Momentos fletores M11 nos modelos de placa e casca, em kgf.cm/cm, com tração na face superior
Figura 16: Momentos fletores M22 atuantes nos modelos de placa e casca, em kgf.cm/cm, com tração na face
superior na maior parte do plano
Figura 17: Esforços Normais F11 atuantes nos modelos de chapa e casca, em kgf/cm, de tração
Figura 18: Armaduras para o plano processado como placa, na direção X e na face inferior; armadura uniforme
para toda a placa igual a φ 4,2 mm a cada 20 cm
Figura 19: Armaduras para o plano processado como placa, na direção X e na face superior; armadura máxima
de φ 16 mm a cada 10 cm
Figura 20: Armaduras para o plano processado como placa, na direção Y e na face inferior
Figura 21: Armaduras para o plano processado como placa, na direção Y e na face superior
Figura 22: Armaduras para o plano processado como chapa, na direção X e na face inferior
Figura 23: Armaduras para o plano processado como chapa, na direção X e na face superior
Figura 24: Armaduras para o plano processado como chapa, na direção Y e na face inferior
Figura 25: Armaduras para o plano processado como chapa, na direção Y e na face superior
Figura 27: Armaduras para o plano processado como casca, na direção X e na face superior
Figura 28: Armaduras para o plano processado como casca, na direção Y e na face inferior
Figura 29: Armaduras para o plano processado como casca, na direção Y e na face superior
Figura 30: Estação Elevatória de Esgoto Bruto (EEEB) - Vista Superior do Modelo Tridimensional no SAP2000
Figura 33: EEEB - Visualização em vista lateral plana das armaduras necessárias em uma direção cartesiana
global e uma face, para as paredes de um lado do modelo, geradas tridimensionalmente
Figura 34: EEEB - Visualização das armaduras necessárias em uma direção cartesiana global e uma face,
desenhadas no plano, para laje de fundo intermediária nível -2,95 m
Figura 35: EEEB - Vista superior planificada das armaduras necessárias em uma direção cartesiana global e uma
face, desenhadas tridimensionalmente somente para os planos inclinados do fundo inferior
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BIBLIOGRAFIA
SAP2000 (1997). Analysis Reference. Volume I, Computers & Structures, Berckeley, p.1-
409;
SAP2000 (1997). Analysis Reference. Volume II, Computers & Structures, Berckeley, p.1-
407;
SCHILDT, H. (1998). Borland C++ Completo e Total. Editora Makron Books. São Paulo,
SP.