Você está na página 1de 11

Sumário

Gatos da Montanha
Mapas

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Acknowledgements

A Trilha do Sol: Cena Bônus


Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Back Ads
Copyright
About the Publisher
GATOS DA MONTANHA

CURADORA DA TRIBO – NARRADORA DAS PEDRAS PONTIAGUDAS (NARRADORA)— velha gata branca
com olhos verdes.
CHUVA SILENCIOSA—gata cinza mosqueada
ASA CIZENTA—elegante gato cinza escuro, de olhos dourados
CÉU CLARO—gato cinza claro de olhos azuis
ARROIO BRILHANTE—gata malhada, de pelo branco e marrom
MUSGO SOMBREADO—gato preto e branco de olhos verdes escuros
SOMBRA ALTA—gata de pelo preto espesso, e de olhos verdes
PELO MANCHADO—gata atartaugada delicada, de olhos dourados
FLOR TORRENCIAL—gata listrada marrom,de olhos azuis
CAUDA DE TARTARUGA—gata atartarugada com olhos verdes
SOMBRA DA LUA—gato preto
FOLHA DE ORVALHO—gata atartarugada
GALHO RETORCIDO—gato marrom
GELO DESPEDAÇADO—gato cinza e branco, de olhos verdes
MANCHAS DE NÚVEM—gato preto de pelo longo, com duas patas, orelhas e peito brancos
CANÇÃO DA PEDRA—gato listrado cinza escuro
ÁRVORE OCA—gata listrada marrom
ÁGUA VELOZ—gata cinza e branca
INVESTIDA DE FALCÃO—gata listrada laranja
QUEDA DA PENA—jovem gata de pelo branco
GRITO DE GRALHA—jovem gato preto
GRANIZO AFIADO—gato cinza escuro
ÁGUA ENEVOADA—gata cinza muito velha com olhos azuis, leitosos
RUGIDO DE LEÃO—gato dourado muito velho, de pelagem malhada
GEADA DE PRATA—velha gata branca e cinzas
LEBRE DA MEVE—velha gata branca
PÁSSARO ESVOAÇANTE— gata pequena e marrom
PICO DENTEADO— gato cinza listrado, com olhos azuis

MAPAS
Prólogo

Luz fria e cinzenta ondulou sobre o chão de uma caverna tão imensa que seu teto estava perdido em
sombras. Uma interminável cortina de água caía através da entrada, seu som ecoando pelas rochas.
Perto do fim da caverna, estava uma frágil gata branca agachada. Apesar de sua idade, seus olhos
verdes eram límpidos e profundos com sabedoria, conforme seu olhar viajava por cima dos magros
gatos que estavam no chão da caverna, impacientemente andando perante a brilhante cachoeira: os
anciãos aconchegavam-se juntos nas cavidades de descanso; os filhotes miavam desesperadamente,
exigindo comida de suas exaustas mães.
“Não podemos continuar assim” a velha gata sussurou para si mesma.
À alguma distância dali, alguns filhotes disputavam por uma carcaça de águia. Sua carne havia sido
retirada no dia anterior, assim que suas mães o caçaram. Um grande filhote cor de gengibre
empurrou uma pequena listrada para longe do osso que ele estava roendo.
“Eu preciso disso!” ele disse.
A listrada se levantou e mordeu a ponta da cauda do filhote cor de gengibre. “Todos precisamos
disso, cérebro de camundongo!” ela desviou assim que o filhote deu um uivo.
Uma anciã branca e cinza, com cada uma de suas costelas aparecendo através do pelo, cambaleou
até os filhotes e apanhou o osso.
“Hey!” o filhote protestou.
A anciã encarou-o. “Eu caçei presas o suficiente, estação após estação” ela grunhiu “Você não acha
que eu mereço um simples osso?” Ela se virou e voltou para seu local, o osso preso firmemente em
suas mandíbulas.
O filhote olhou para ela por um segundo, depois andou, lamentando-se, para sua mãe, que estava
deitada em uma rocha ao lado da parede da caverna. Ao invés de confortá-lo, murmurou algo,
balançando sua cauda enraivecida.
A velha gata branca estava longe demais para ouvir o que a rainha dizia, mas ela suspirou.
Todo gato está chegando ao fim do que consegue suportar, ela pensou.
Ela observou a anciã branca e cinza enquanto ela andava através da caverna e largava o osso de
águia na frente de uma anciã ainda mais velha, que estava se aconchegando em uma cavidade de
descanso com seu focinho descansando em sua pata da frente. Seu olhar vazio estava fixo na parede
mais distante da caverna
“Aqui, Água Enevoada.” A anciã branca e cinza empurrou o osso para mais perto dela com uma
pata. “Coma. Não é muito, mas pode ajudar.”

O olhar indiferente de Água Enevoada atravessou, de sua amiga para a distante parede novamente.
“Não, obrigada, Geada de Prata. Eu não tenho fome, não depois que Pena Quebrada morreu.” Sua
voz tremeu com pesar. “Ele ainda estaria vivo, se houvesse presa o suficiente para ele comer.” Ela
suspirou. “Agora eu só estou esperando para me juntar a ele.”
“Água Enevoada, você não p—”
A gata branca se distraiu da conversa dos anciãos assim que um grupo de gatos apareceu na entrada
da caverna, sacudindo a neve de seu pelo. Vários gatos se levantaram e correram a seu encontro.
“Vocês pegaram algo?” um dos gatos perguntou avidamente.
“Sim, onde estão as presas?” outro questionou.
O líder dos recém-chegados balançou sua cabeça tristemente. “Desculpe. Não havia o suficiente
para trazer.”
A esperança dos gatos se dissolveu na caverna como névoa sob o sol ardente. Eles olharam um para
o outro, depois vagaram de volta a seus lugares, suas cabeças abaixadas e suas caudas sendo
arrastadas no chão.
A gata branca os olhou, e depois virou sua cabeça ao perceber que um gato estava andando em sua
direção. Apesar de seu focinho estar cinzento pela idade e seu pelo dourado e malhado estar ralo e
desigual, ele andava com uma confiança que mostrava que ele já foi um gato nobre e forte.
“Meia Lua” ele a cumprimentou, sentando ao seu ladoe enrolando sua cauda em cima de suas patas.
A gata branca ronronou fracamente, achando graça. “Você não deveria me chamar disso, Rugido de
Leão” ela protestou. “Eu tenho sido a Narradora das Pedras Pontiagudas por muitas estações.”
O gato dourado e listrado fungou. “Eu não ligo para o quanto os outros te chamaram de
Narradora. Você sempre será Meia Lua para mim.”
Meia Lua não fez nada, além de descansar sua cauda no ombro de seu antigo amigo.
“Eu nasci nessa caverna” Rugido de Leão falou. “Mas minha mãe, Cervo Tímido, me contou sobre
antes de vivermos aqui—quando você vivia ao lado de um lago, se abrigando embaixo de árvores.”
Meia Lua suspirou baixinho. “Eu sou a única gata que ainda se lembra do lago, e da jornada que
fizemos para chegar até aqui. Mas eu vivi três vezes mais na montanha do que eu vivi ao lado do
lago, e o ruído eterno das águas da cachoeira agora ecoam em meu coração.” Ela pausou, piscando,
então perguntou “Por que você está me contando isso agora?”
Rugido de Leão hesitou antes de responder. “A fome pode acabar matando todos nós antes que o
brilho do sol apareça novamente, e não há mais espaço na caverna.” Ele estendeu um de suas patas e
encostou no pelo do ombro de Meia Lua. “Algo deve ser feito.”
Os olhos de Meia Lua se abriram bastante conforme ela olhou para ele. “Mas não podemos deixar
as montanhas!” ela protestou, sem fôlego com o choque. “Asa de Gaio prometeu; ele me
transformou em a Narradora das Pedras Pontiagudas pois essa caverna era destinada a ser nossa
casa.”
Rugido de Leão encontrou seu olhar verde. “Você tem certeza que Asa de Gaio estava certo?” ele
perguntou. “Como ele saberia o que aconteceria no futuro?” “Ele tinha que estar certo” Meia Lua
murmurou.
Sua mente flutuou de volta à cerimônia, tantas estações antes, quando Asa de Gaio lhe tranformou
em a Narradora das Pedras Pontiagudas. Ela estremeceu quando ouviu a voz dele de novo, cheia de
amor por ela e tristeza, por conta que o destino dela era que eles nunca poderiam estar juntos.
“Outros virão até você, lua após lua. Escolha-os bem, treine-os bem—confie o futuro de sua tribo a
eles.”
Ele nunca teria dito isso se ele não esperasse que nós ficássemos aqui.
Meia Lua deixou seu olhar se movimentar sobre os outros gatos: seus gatos, agora magros e
famintos. Ela balançou sua cabeça tristemente. Lion's Roar estava certo: Algo deveria ser feito se
eles quisessem sobreviver.
Progressivamente ela percebeu que a fria e cinzenta luz da caverna estava brilhando em um dourado
reconfortante, como se o sol estivesse surgindo atrás da cortina de água caindo—mas Meia Lua
sabia que estava anoitecendo.
Ao seu lado, Rugido de Leão estava sentado, calmamente lavando suas orelhas, enquanto os outros
gatos na caverna não perceberam o significado escondido naquele dourado brilhante.
Nenhum gato consegue ver, além de mim! O que isso pode significar?
Banhada na luz brilhante, Meia Lua se lembrou de como, quando ela se tornou uma Curadora, Asa
de Gaio4 havia dito que seus ancestrais iriam lhe guiar nas decisões que ela deveria fazer—que, as
vezes, ela veria coisas estranhas, que significavam mais do que pareciam. Ela nunca foi diretamente
aconselhada por seus ancestrais, mas havia aprendido a perceber os sinais.
Possíveis significados apareceram através da mente de Meia Lua, densos como flocos de neve em
uma nevasca. Talvez o tempo quente irá chegar mais cedo. Mas como isso ajudaria, quando há
tantos de nós? Então ela questionou se o sol estava realmente brilhando em algum outro lugar, onde
era quente e havia abrigo e presas. Mas como isso iria nos ajudar, aqui nas montanhas?
A luz solar ficou mais e mais forte, até que Meia Lua mal conseguia olhar para os raios de sol.
Ela relaxou enquanto uma nova ideia surgiu em sua mente.
Talvez Rugido de Leão esteja certo, e apenas alguns de nós fazemos parte daqui. Talvez alguns
de nós deveriamos viajar para algum lugar onde o sol surja, parater uma nova casa na luz mais
brilhante de todas. Um lugar onde estarão seguros e bem alimentados, com espaço para novas
gerações de filhotes.
Conforme Meia Lua se esquentou com o calor da luz do sol em seu pelo, ela achou a certeza que ela
necessitava em si mesma. Alguns de seus gatos continuariam ali, um grupo pequeno o suficiente
para ser alimentado pela montanha, o resto de sua Tribo iria viajar em direção ao sol nascente, para
achar uma nova casa.
Mas eu não deixarei a caverna, ela pensou. Eu verei a aurora de minha vida se acabar, uma
vida inteira longe de onde eu nasci. Então, talvez . . . apenas talvez . . . Eu me encontrarei com Asa
de Gaio novamente.

Você também pode gostar