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Céu Claro, olhando tudo ao lado de Asa Cinzenta, deixou sair um miado
irritado. “Eu continuo desejando que tivéssemos comido ele.”
Secretamente Asa Cinzenta concordava com ele, mas ele sabia que não havia
sentido em reclamar. Não há comida o suficiente. Todos os gatos estão com
fome—apenas aguentando até que o sol brilhe novamente.
O som de patas ecoou atrás dele; ele olhou para trás para ver Arroio
Brilhante para perto de Céu Claro.
“É verdade que você caçou esse falcão grande sozinho?”
Céu Claro hesitou, orgulhoso por ter a admiração da bela gata listrada. Asa
Cinzenta deu um miado significativo.
“Não” Céu Claro admitiu. “Asa Cinzenta ajudou.”
Arroio Brilhante acenou a cabeça na direção de Asa Cinzenta, mas
imediatamente retornou a falar com Céu Claro. Asa Cinzenta andou um pouco
para longe deles, para deixá-los a sós.
“Eles ficam bons juntos.” Uma voz falou perto de seu ombro; Asa Cinzenta
se virou para ver a anciã Geada de Prata de pé atrás dele. “Haverão filhotes na
estação mais quente.”
Asa Cinzenta concordou. Qualquer gato caolho poderia ver o quão amigáveis
seu irmão e Arroio Brilhante tinham se tornado conforme eles se sentavam com
suas cabeças juntas, murmurando um para o outro.
“Talvez mais de uma ninhada,” Geada de Prata continuou, dando um empurrão
em Asa Cinzenta. “Essa Cauda de Tartaruga certamente é uma bela gata.”
Constrangimento inundou Asa Cinzenta, de suas orelhas à sua cauda. Ele não
sabia o que dizer, e ficou grato quando ele viu a Narradora das Pedras se
aproximar deles. Ela tomou um caminho sinuoso entre seus gatos, parando para
galar com cada um. Apesar de suas patas estarem trêmulas por conta de sua
idade, Asa Cinzenta conseguia ver a profunda experiência em seu olhar verde e
o carinho que ela sentia por cada um de sua Tribo
“Ainda há um pouco do falcão,” Asa Cinzenta a ouviu murmurar para Lebre da
Neve, que estava esticada em uma das tocas de descanso, lavando sua barriga.
“Você deveria comer alguma coisa.”
Lebre da Neve pausou sua limpeza. “Eu estou deixando a comida para os
mais novos,” ela respondeu. “Eles precisam de força para caçar.”
A Narradora abaixou sua cabeça e tocou a orelha da anciã com seu focinho.
“Você mereceu sua comida muitas vezes.”
“Talvez as montanhas já nos tenham alimentado por tempo o suficiente.” Foi
Rugido de Leão que havia falado de onde ele sentava, aproximadamente uma
cauda de distância.
A gata lhe deu um suave olhar, repleto de significado.
Sobre o que é isso tudo? Asa Cinzenta se perguntou.
Seus pensamentos foram interrompidos por Chuva Silenciosa, que veio sentar
ao seu lado. “Você comeu alguma coisa?” ela perguntou.
Nós sempre conversamos apenas sobre comida. Ou a falta dela. Tentando
restringir sua impaciência, Asa Cinzenta respondeu, “Eu comerei algo antes de
sair de novo.”
Para seu alívio, sua mãe não insistiu. “Você fez muito bem ao pegar esse
falcão,” ela miou.
“Não fui apenas eu,” Asa Cinzenta a contou. “Céu Claro fez aquele incrível
pulo para o trazer para baixo.”
“Ambos fizeram bem,” Chuva Silenciosa ronronou. Ela se virou para olhar seus
filhotes mais novos, que estavam brigando perto dali. “Eu espero que Pico
Denteado e Pássaro Esvoaçante sejam talentosos como vocês quando tiverem
idade o suficiente para caçar.”
Nesse momento, Pico Dentado bateu na pata de sua irmã. Pássaro Esvoaçante
soltou um gemido quando ela caiu, batendo sua cabeça em uma pedra. Ao invés
de se levantar, ela continuou deitada, soluçando.
“Você é uma filhote tão boba!” Pico Denteado exclamou.
Conforme Chuva Silenciosa se aconchegou para dar uma lambida reconfortante
em sua filha, Asa Cinzenta notou o quão pequena e frágil Pássaro Esvoaçante
parecia. Sua cabeça dava a impressão de ser grande demais para seu corpo, e
quando ela mexia suas patas de novo, suas pernas oscilavam. Pico Denteado,
em contrapartida, era forte e tinha bons músculos, seu pelo cinza tigrado era
grosso e saudável.
Enquanto Chuva Silenciosa cuidava de sua irmã, Pico Denteado correu até Asa
Cinzenta. “Me conte sobre o falcão,” ele pediu. “Como você o capturou? Eu
aposto que eu conseguiria pegar um se eu fosse autorizado a sair dessa caverna
estúpida!
Asa Cinzenta ronronou animadamente. “Você deveria ter visto o salto de Céu
Claro—”
Um alto grito cortou a história de Asa Cinzenta. “Todos os gatos, fiquem em
silêncio! A Narradora das Pedras Pontiagudas irá falar!”
O gato que fez o aviso era Musgo Sombreado, um gato preto e branco que era
um dos gatos mais fortes e respeitados da Tribo. Ele ficou de pé em uma pedra
no fim da caverna, com a Narradora ao seu lado. A velha gata parecia ainda
mais frágil perto de sua poderosa figura.
À medida que ele fez seu caminho em direção à frente da multidão
concentrada ao redor da pedra, Asa Acinzentada ouviu murmúrios de
curiosidade dos outros.