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PRIMEIRO AQUÁRIO

Guia Prático
TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O SEU

PRIMEIRO

AQUÁRIO
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os amigos e colegas de trabalho, que sempre me deram
apoio e que estão junto comigo na luta pela melhora do nível deste fantástico hobby
em nosso país.
Um abraço especial ao competente amigo e parceiro, Ricardo Kobe, que topou
o desafio de fazer este guia comigo, com sua paixão pelo hobby e garra para fazer o
impossível acontecer.

Já tive muitas alegrias. Mas a verdadeira felicidade, eu encontrei quando você


nasceu. Você ilumina a minha existência, cada vez mais, e deu o verdadeiro sentido
para minha vida. Dedico esse livro a você, Gabriel, meu filho amado.

1 Iury Costa | Primeiro Aquário


PRIMEIRO AQUÁRIO – GUIA PRÁTICO

Parabéns! Você é uma pessoa de bom gosto! Escolheu um dos passatempos


mais inteligentes, educativos e interactivos do mundo. Espero torná-lo mais fácil e
prazeroso para você, usando uma linguagem simples, fácil e também um pouco de
humor para ilustrar situações comuns do dia a dia de um aquarista.
Embora manter um aquário nem sempre seja 1 + 1 = 2, devido a alguns
factores que fogem ao nosso controle, você perceberá que seguindo as dicas deste
guia prático, investirá seu dinheiro apenas no que realmente é necessário e
minimizará os riscos que sondam os aquaristas iniciantes. Aprenderá a lidar com as
adversidades de uma forma simples, eficiente e não dependerá de sorete para ter
sucesso. Entenderá, também, que para manter um peixe vivo, não basta apenas um
recipiente com água. O peixe precisa de um ambiente estável e equilibrado
biologicamente. Verá que o aquário é um pequeno mundo e não apenas uma caixa
de vidro com água, pedras e plantas. E mais! O seu objectivo não deverá ser apenas
mantes os peixes vivos, mas sim vivendo bem, com qualidade de vida.
Não espere deste guia conceitos técnicos altamente detalhados, mais sim
explicações simples para você manter o seu aquário sempre bonito e peixes
saudáveis, com um mínimo de trabalho e máximo de prazer.
No livro “O Aquário de Água Doce sem Mistérios”, há complementações a
todas as informações básicas passadas neste guia com a mesma linguagem e
filosofia. Sugiro, também, que leia, participe de fóruns na Internet, busque outros
livros, enfim, divirta-se pesquisando e aprendendo sempre mais sobre este hobby
fantástico.

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Este guia prático lhe dará noções básicas sobre aquarismo de água doce e irá
lhe ensinar a montar e manter um bom aquário básico. Aquários de Ciclídeos
Africanos, Discos, plantas naturais e mesmo alguns peixes com necessidades mais
específicas, necessitam de informações adicionais que não estão disponíveis nesse
guia.
Já que vamos passar algumas horas juntos, permita-me uma apresentação.
Meu nome é Sérgio Gomes e sou aquarista desde pequeno por influência de meu
pai. Cresci dentro de uma loja de aquários, lidando com problemas diversos de
aquaristas variados e aprendi muito com meus aquários, cometendo erros e acertos
ao longo do tempo.
Em 1996 lancei meu primeiro livro “O Aquário Marinho & as Rochas Vivas”,
que vendeu mais de 15.000 exemplares até hoje, e se tornou o livro sobre aquarismo
mais vendido em todos os tempos no Brasil. Algum tempo depois escrevi, junto com
os amigos Ricardo Miozzo e Alexandre Talarico, o “Guia de Corais & outros
invertebrados” e traduzi para o português o “Livro dos Discos” de Dick Au. Em
2001 lancei o livro “O Aquário de Água Doce sem Mistérios” e juntamente com ele,
meu site “O Aquário” (www.oaquario.com.br). Este livro já ultrapassou a casa dos
12.000 exemplares, vendidos no Brasil.
Ministrei cursos e palestras por todo o país e, também, alguns países como
Austrália e outros da América do Sul, coisa que ainda faço, não com tanta
frequência, por falta de tempo, mas que me dá muito prazer, pois é quando entro
em contato com meus leitores que passam a ser amigos.

Prazer em conhecê-lo, mais uma vez, bem vindo ao hobby e boa leitura!

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I – ANTES DE MAIS NADA…
Antes de mais nada, é preciso que você saiba de algumas coisas sobre seu aquário.

1) Seu aquário é um pequeno mundo – Seu aquário não é uma


caixa de vidro com pedrinhas, peixinhos e plantinhas, mas sim um
pequeno mundo. Isso significa que é preciso saber esperar a hora certa
de colocar os peixes e também respeitar o limite de animais. Por isso,
nunca se compra o aquário e se levam os peixinhos para casa no
mesmo dia ou no dia seguinte. Lembre-se sempre de que é preciso
mais que simplesmente água limpa para que um peixe se mantenha
saudável. É preciso equilíbrio biológico. Mas não se assuste! Veremos
como isso é simples durante a leitura deste guia e que o principal
ingrediente de um aquário de sucesso, é a paciência.
2) Aquário não se lava – Isso mesmo! Jamais um aquário deve ser
lavado! Nem para pagar promessa, nem para fazer remédio, nem por
ordem expressa do presidente da república! A única exceção é quando
a sogra/cunhado/vizinho, que ficou cuidando do aquário quando
você viajou, ou mesmo o seu pequeno filho, decide despejar o pote de
ração dentro dele, apodrecendo a água, matando os peixes e causando
um mau cheiro perceptível em todo quarteirão. Neste caso, comece
tudo da estaca zero, como se tivesse acabado de comprar o aquário.
Veremos ao longo deste guia, dicas para evitar tais acidentes.
3) Peixes não “duram” 6 meses –
Peixes pequenos vivem em media, 3 anos.
A maioria vive entre 5 e 10 anos em
aquários bem equilibrados. Alguns
chegam a mais de 30! Portanto, quando
alguém diz “Ah, meus peixes duram 6 meses!”, a tradução correta
seria “Ah, demorei 6 meses para matar meus peixes!”
4) Alimentar os peixes não é apenas um detalhe – É verdade que
peixes comem qualquer coisa que lhes é oferecida, mas os problemas
são:
a) Quais efeitos o alimento causa para o peixe?
b) Quais os efeitos do alimento digerido ou não digerido no
aquário?
c) Quando sobra alimento, o que acontece com a água?
Tem gente que gasta um bom dinheiro na compra dos
equipamentos, peixes e depois quer economizar justamente no
alimento, que é o fator de maior importância em um aquário. Veremos
mais em um capítulo específico sobre o assunto.

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5) Não se usa “remedinho” no aquário, de vez em
quando – Algumas pessoas usam e até recomendam
pingar algumas gotas de remédio no aquário para
previnir doenças. Você já tomou antibiótico para não
ficar doente? Ou passou Gelol, antes de jogar futebol,
para previnir a dor das caneladas? Então seu peixe
também não deve ser submetido a remédios a pretexto
de previnir problemas. O resultado pode ser justamente inverso, ou seja, os seres
patogênicos podem criar resistências aos medicamentos e quando houver a real
necessidade de administrá-lo, ele pode não funcionar. Os preventivos principais são
boa alimentação e higiene.

6) Aquários não dão trabalho – Aquários


só dão trabalho para quem não sabe cuidar.
Basicamente a manutenção de uma aquário
de 50 litros, por exemplo, consome menos
tempo que cuidar de uma gaiola com
passarinho. Se compararmos com cães e gatos
então, vira covardia. Veremos em
“Manutenção” que cuidar de um aquário, é mole, mole… Se você é do tipo que não
tem tempo, o aquarismo foi feito para você.

5 Iury Costa | Primeiro Aquário


II – ONDE COLOCAR O AQUÁRIO?
Sala de estar, escritórios, restaurantes, sala de espera de consultórios médicos
ou dentários, são locais ideais para a colocação de um aquário. O mais importante,
no entanto, é que o local deva ser arejado, abrigado da luz direta do sol ou com
claridade abundante, protegido contra vibrações excessicas do solo e longe do
contato com produtos químicos como inseticidas, tintas, entre outros.
Aquários não transmitem doenças, por isso podem ser colocados em locais
como cozinhas ou quartos. Na cozinha, há de se tomar cuidado com a gordura ou
temperaturas elevadas, causadas por fornos. No quarto, é preciso saber que, durante
o dia, não se escutam barulhos, mas à noite, na absoluta falta de ruídos externos, é
possível ouvir alguma vibração causada pelas bombas ou o som produzido pela
queda de água do filtro externo. Portanto, se tiver um sono muito leve, evite o
quarto como ambiente para seu aquário.

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III – COMPRANDO O AQUÁRIO IDEAL
É muito comum vermos alguns pais visitando lojas de aquários e acabarem
comprando um por insistência dos filhos. Ocorre que, muitas vezes, os pais acabam
gostando tanto do hobby que pegam os aquários para si e não deixam as crianças
sequer chegar perto, proferindo impropérios, ameaças de orelhas torcidas, safanões
e promessas de uma semana sem videogame à criança que decidir mexer no aquário
por conta própria.

Muitas vezes, mesmo ouvindo do logista que não se deve levar os peixes junto
com o aquário no mesmo dia, os pais decidem fazê-lo porque acham que os filhos
“morrem” se o levar vazio (quando na verdade, quem não aguenta esperar são eles
mesmos). Daí os peixes é que morrem, a água apodrece e ouve-se infindáveis
palestras da mãe com temas como “Eu avisei que o moleque não ia cuidar” módulos
I e II, “Você só inventa moda, eu sabia que ia dar nisso” módulo “marido” e
módulo “filho” e, como não poderia deixar de ser, o desfecho clássico “O aquário ou
eu”.
Para evitar conflitos familiares e palestras sobre premonições confirmadas,
basta tomar alguns cuidados básicos:

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1) Compre o maior aquário possível, mas tome o cuidado de deixar a mãe
/ esposa / namorada em casa.

Quanto maior o aquário, mais fácil de cuidar e


mais estável o ambiente para os peixes. Qualquer erro
diluído em 10 litros de água tem proporções maiores que
se diluído em 100 litros. Portanto, quanto maior, melhor,
principalmente se você é iniciante e este é seu primeiro
aquário. Aquários pequenos (até 20 litros), deveriam ser
vendidos apenas para aquaristas muito experientes.
Quando deixar a mãe/esposa/namorada em casa,
seria pelo fato de que elas sempre vão querer que você
não compre aquário nenhum ou compre o menor,
porque, em suas cabeças, ocupa menos espaço, é mais
barato e pensam que acabará sobrando para elas. Então,
chegue de surpresa com o aquário em casa, e prepare-se
para uma palestra não solicitada. Mas como ele já estará
lá mesmo, não há muito que ela possa fazer.
- Ah, mas como esse Sérgio é machista! Eu sou
mulher e adoro aquários!
Sim, claro que há mulheres que adoram aquários, e
muitas! Mas vocês oferecem uma resistência natural à
compra de aquários. Duvida? Leve sua mãe para
comprar o aquário com você e tente comprar um aquário
grande.
Brincadeiras à parte, eu compreendo perfeitamente
a razão pela qual a maioria das mulheres não quer que
seus maridos comprem aquários. Ocorre que há mitos
sobre aquarismo que devem ser quebrados. Por exemplo,
há o mito de que aquários dão muito trabalho.

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Normalmente as mulheres sabem que os brinquedos do marido e dos filhos acabam sobrando
para elas e, por isso, na maioria das vezes, são contra ou permitem apenas aquários pequenos. À
media que você mosta a elas que o aquário não dá trabalho, não produz odores, os peixes não
morrem a toda hora, é educativo para a molecada, fica lindo como decoração, que, segundo as leis
do feng-shui, dão sorte e trazem boa energia e que os peixinhos interagem com vocês da casa, ela
ficará apaixonada e irá incentivar a prática do aquarismo. Especialmente se você não largar a
manutenção na mão dela.
E, querida mulher, se o seu marido largar o aquário na sua mão, como punição,
simplesmente aproprie-se dele! E não permita, sequer, que dê qualquer opinião sobre a decoração
ou tipo de peixe e ainda procure “discutir a relação” sempre na hora do Jornal Nacional ou do
jogo do time dele. Bem feito pra ele!

1) Compre um filtro externo junto com o aquário.

Falaremos já sobre a importância desse equipamento, não deixe


de comprá-lo junto com o aquário. Ele é tão importante para o aquário
quanto o banheiro de uma casa. Não há aquário 100% saudável sem
um bom equipamento que exerça as funções de filtragem química e
mecânica, além da biológica.

2) Nunca, mas nunca meeeeesmo compre o aquário e os peixes ao


mesmo tempo.
Seu aquário precisa ficar vazio, sem peixs, apenas com
equipamentos funcionando por um mês, antes de receber os peixes.
- O queeeeê!? Um mês!? Você está louco! Meu filho morre de
ansiedade, minha filha arranca os cabelos e minha mulher me mata se
eu disser que comprei um aquário para ficar olhando para a água!
Calma… Ninguém morre se esperar um mês para colocar os
primeiros peixes no aquário, muito menos os peixes! Afinal, não é este
seu objetivo?
O período é necessário para que algumas bactérias benéficas
colonizem o aquário e tornem o ambiente saudável para a manutenção
dos peixes. Esta “ciclagem” leva, em média, 36 dias…
Não há uma regra que diz que se levarem peixes antes de um
mês, estes morrerão. Mas há uma regra que diz que, quanto mais
tempo você aguardar para colocar peixes no aquário, mais seguro para

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eles. Por isso, seja inteligente. Tenha paciência para economizar dinheiro e salvar a vida dos
peixinhos. Se não aguentar, espere ao menos 15 dias e coloque 2 ou 3 peixinhos, apenas. Mas
lembre-se de que o risco é maior.
- Ah, mas aí não tem graça…
Claro que tem! Dessa forma você pode aprender mais sobre os
peixes e decidir que tipo vai querer. Aprenda se são agressivos ou
não, compatibilidade por pH, dureza, etc… Vai aprender a tirar da
cabeça a terrível e equivocada teoria do “vou comprar os baratinhos
por que vão morrer, mesmo”. Aliás, se você é um desses, que
vergonha… A boa educação não me permite falar o que penso, mas
pelamordedeus né, meu? Mude seus conceitos!
Além disso, um mês voa!
Evite colocar mais que 3 ou 4 peixes por vez e espere sempre
uma semana ou mais a cada compra.
OBS: Um aquário vazio, sem peixes, não produz matéria
orgânica. Isso significa que as bactérias benéficas que precisamos em
nossos aquários, para consumir a matéria orgânica, não teriam com o
quê se alimentar. Minha sugestão pessoal é alimentar o aquário sem
peixes…
- O quê? Quero meu dinheiro de volta. Esse autor é maluco!
Vou alimentar o aquário sem colocar os peixes?
Sim. Compre um pote de alimento junto com o aquário. Lá
pelo terceiro ou quarto dia, jogue apenas dois ou três floquinhos na
água e esqueça. A cada três ou quatro dias, repita a operação, até
colocar peixes. Isso irá incentivar a reprodução das bactérias
necessárias para a filtragem biológica do aquário, que veremos em
detalhes mais adiante.

3) Equipamentos
Um aquário não é um aquário sem:

1) Caixa de vidro. Óbvio, não é? Mas procure compra um


aquário retangular, sem muito fru-fru, com altura máxima de 60
centímetros. Isso facilitará a manutenção e disposição dos objetos de
decoração.

2) Cascalho. Os fabricantes de cascalho colorido querem me


matar quando falo isso, mas alguém já viu um rio ou lago com fundo
cor-de-rosa? Verde? Que tal azul? Então, por que o aquário que,
teoricamente dever ser a reprodução de um rio ou lago em
miniatura, deve ter essas cores? Além de brega ao extremo, esses
cascalhos não contém bactérias latentes para a formação biológica de
seu aquário. Mas se você tem um pôster daquele cantor “ultra-brega”

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fazendo pose de galã na sala de casa, tem um “galo português”, daqueles que mudam de cor
conforme a umidade do ar, sobre a mesa do centro da sala, usa calça verde pula-brejo e tênis conga
com camisa amarela “ponto de referência na multidão” mesmo não
sendo dia de jogo do Brasil em copa do mundo, e tem o adesivo
“Nóis capota mas num bréka” ou “Nóis breka mas num pára” no
seu carro, vá lá. Use o cascalho colorido, mas lave muito bem com
água corrente apenas, até que pare de sair a tintura.
Você precisa “semear” bactérias benéficas em seu aquário,
alguns dias após a montagem. Então, use um punhado de cascalho
de um aquário já montado e equilibrado. Pode ser da loja onde
comprou o seu. Coloque em um saco com água do próprio tanque,
vá o mais depressa possível para casa e o jogue, com água e tudo,
dentro do aquário.
O cascalho ideal é o fino e neutro. Popularmente é conhecido
como cascalho de rio. Se não usar o filtro biológico de fundo
(falaremos a seguir), pode, ainda, usar areia grossa como substrato,
desde que não seja de praia, mas de rio. Use entre 3 e 4 centímetros
no máximo. Ao contrário do que muitos pensam, usar mais
cascalho não melhora a capacidade biológica do aquário, só serve
para acumular sujeira e dificultar a limpeza.
Bactérias benéficas em estado latente (como que
“hibernando”), vêm junto com o cascalho e serão as responsáveis
pela colonização do aquário e estabilidade do seu sistema.
Lembre-se: O verdadeiro filtro de seu aquário são as
bactérias. Todos os filtros de aquários existentes no mundo – não
importa o preço ou a tecnologia – visam ajudar o trabalho dessas
bactérias benéficas. É graças a elas que a água se mantém saudável
para os peixes, sem toxinas e mantendo-a cristalina.

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3) Filtro. É muito comum no Brasil a comercialização de
filtros biológicos de fundo, que são aquelas placas furadas que
ficam na profundidade do aquário com uma bomba encaixada na
ponta ou, em vez de uma bomba, uma peça chamada de cotovelo,
por onde passam uma mangueira e uma pedra porosa, ligada a
um barulhento e infernal compressor de ar.
Se usar este tipo de filtro, opte por uma bomba submersa,
adequada ao tamaho do seu aquário, para melhorar o
funcionamento e evitar barulho desnecessário.
De qualquer forma, é indispensável o uso de um filtro
externo de qualidade.
Os filtros externos proporcionam as filtragens: mecânica
(retenção de sujeira) , química (absorção de elementos
indesejáveis pelo carvão ativado) e, de quebra, a biológica através
da movimentação da água e, consequentemente, sua oxigenação.
Sim, ao contrário do que muitos pensam, para oxigenar a água
não é necessária a presença de bolhas. A simples movimentação
da água e quebra da tensão superficial, oxigenam a água.
Com eles, você tem água mais limpa, cristalina, menos
trabalho e um resultado muito superior.
Cuidado, no entanto, com as “jabiracas”! Imagine a cena.
Você chega à sua casa após 3 dias de viagem e percebe que seu
filtro, aquele que você pagou muito baratinho, metade do preço
daquele americano, está parado. Os peixes? Cruzando as portas
do paraíso. Situação triste? Eu diria que é uma situação bastante
comum. Tem muita tranqueira sendo vendida no mercado atual a
preços de ocasião. Tranqueiras de todas as nacionalidades!
Se este é o principal equipamento do aquário, não faz
sentido comprar um filtro suspeito. Fique atento! O barato aqui,
não compensa.

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Recomendo os da marca Whisper pela garantia de 2 anos e
eficiência do refil pois é o único que possui os dois lados de perlon
(tipo de lã especial) retendo mais sujeira. Também permite a
remoção do carvão ativado quando aplicar remédios sem a
destruição do mesmo, tem caixa preta que evita surgimento de
algas no filtro e apresenta um preço justo. Conheço muita gente
com Whisper funcionando no aquário há mais de 10 anos.
Minha opinião: Considero filtros biológicos de fundo,
obsoletos e desnecessários a seu aquário. Se usar simplesmente um
filtro externo de qualidade, não precisará de qualquer filtro auxiliar,
desde que, é claro, siga as orientações de quantidade de peixes e
alimento passadas nesse guia. Não é que os filtros de fundo não
funcionem, até funcionam, mas de maneira incompleta. São
limitados e com o tempo passam a ser problemáticos, pois
acumulam sujeira que fica sob as placas, impossível de ser
removida, prejudicando, assim, a qualidade da água.
Portanto, se você tem um filtro biológico de fundo e decidir
comprar um filtro externo, aguarde uma semana após o início de
seu funcionamento e remova o biológico do fundo, juntamente com
as placas, torre e bomba do aquário.
Importante: Na embalagem dos filtros, vem escrita a
indicação do modelo para o tamanho máximo de aquário. Fique atento a essa informação. Um
aquário muito grande e um filtro muito pequeno é problema na certa. O inverso também é
problemático. Peça sempre ajuda do seu lojista de confiança para a indicação da capacidade mais
adequada do filtro.
4) Decoração. Você pode usar desde barquinhos afundados,
mergulhadores e outros enfeites de plástico ou cerâmica,
feitos especificamente para aquários, até pedras naturais e
troncos de madeira. Mas evite lotar o aquário
com badulaques. Prefira uma decoração
leve e natural. Nunca use qualquer tipo
de enfeite que não seja destinado a
aquários. Note, também, que algumas pedras e
troncos naturais, podem interferir no pH. Fale
com o seu lojista de confiança sobre o assunto antes
de colocar coisas indiscriminadamente no aquário.
Nunca use conchas ou qualquer outro objeto que provenha do mar.
Plantas artificiais também é uma boa opção. Algumas são mais realistas que outras.
Plantas naturais requerem algumas coisas que o tipo de aquário que estamos descrevendo
aqui, não está preparado para prover, como, por exemplo, substrato fértil, iluminação especial,
CO2, entre outras coisas.
Se o seu objetivo é ter um aquário de plantas naturais, é preciso buscar informações
específicas sobre o assunto em outras fontes.
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5) Controle de Temperatura. É necessário aquecimento durante
o inverno. Para isso você deve comprar um termostato-aquecedor.
Existe no mercado um tipo de aquecedor de bastão que também
pode ser usado, mas diferentemente do termostato-aquecedor, ele
esquenta a água o tempo todo que está ligado, e não controla.
Adquira um termômetro e certifique-se de que a temperatura
permaneça entre 26 e 28 graus C, sem variações bruscas.
No verão, a temperatura da água pode subir muito. Nesses
dias recomendo manter o local onde está o aquário, bem ventilado.
Evite manter reatores para as lâmpadas sob a tampa de madeira.
Procure deixar a instalação elétrica pelo lado de fora ou sob o
móvel, na parte abaixo do tanque.
O mais importante em relação à temperatura, é que não deve
haver variações bruscas, especialmente para baixo. Isso afeta
diretamente o metabolismo dos peixes que podem ficar debilitados
e adquirir alguma doença.
6) Iluminação. Nada é mais tosco que um aquário mal
iluminado ou mesmo sem iluminação. O que dá o “tchan” ao
aquário, é justamente a iluminação. Use sempre lâmpadas
adequadas para aquários e, de preferência, fluorescentes. Troque-as
uma vez por ano ou ano e meio, para ter um aquário sempre com
aspecto de novo.
Se o aquário for muito pequeno e não couber uma lâmpada
fluorescente, use aquelas lâmpadas PL, que ficaram famosas na
época do “apagão”. Produzem uma luz mais bonita e forte. Prefira
brancas às amareladas.
7) Testes. Poucas pessoas compram testes ao adquirirem seus
aquários, o que é um erro clássico. Outro erro clássico é que, quando
compram testes, procuram os mais baratos, e acabam levando para
casa aqueles que muitas vezes não testam nada.

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Recomendo adquirir os de melhor qualidade possível. Tenho preferência pelos da marca
Tetra, simplesmente porque são os mais precisos e de melhor qualidade.
Para começar, recomendo que adquira os testes de pH e Amônia. Posteriormente, sugiro
que aprenda outros conceitos e que adquira outros testes mais específicos.

pH – Indica se a água está ácida, neutra ou alcalina. Sua escala vai de 0 a 14, sendo que 7.0 é
considerado neutro. Em um aquário comunitário, com peixes tropicais, é interessante que se
mantenha valores próximos a 7.0. A manutenção do pH adequado deve ser feita através de trocas
parciais de água, alimentação controlada de alta digestibilidade e trocas de refil do filtro externo a
cada 30 dias. No início do aquário, a tendência é o pH se
manter alcalino, ou seja, acima de 7.0, pois a água de torneira,
na maioria das cidades brasileiras, é alcalina. Com o passar do
tempo, no entanto, a tendência é de o pH ser ácido, ou seja,
abaixo de 7.0, devido à decomposição de matéria orgânica no
aquário. Através da manutenção adequada (que falaremos
adiante), conseguimos manter o pH estável.

Dica: Nunca use corretivos de pH


diretamente na água do aquário!
Faça-o, se necessário, durante as
trocas parciais, na água nova. Ou seja,
se o pH do aquário estiver muito alto e
você deseja um pH mais baixo, o corretivo deve
ser usado na água que entra no aquário durante uma troca
parcial.
Faça testes quinzenais de pH para prevenir problemas.

Dica II: Se você tem problemas frequentes de acidez


excessiva na água e não possui troncos naturais ou qualquer
produto para manter o pH baixo, é sinal claro de aquário
sujo. Veja mais adiante como fazer a manutenção adequada
de seu aquário. Mas já verifique a quantidade de peixes, tipo
e quantidade de alimento, pois são as principais causas desse problema. Costumo dizer que
aquaristas iniciantes já “vêm de fábrica” com excesso de peixes e dando comida demais… Fique
atento!
GH – É a dureza geral da água. Em poucas palavras, é a medida da quantidade de sais
dissolvidos na água. A tendência é sempre subir. Alguns peixes não suportam dureza muito alta,
como Discos, Neons, Rodóstomos, entre outros. Nesses casos, é necessário testar sempre e fazer
trocas parciais de água frequentemente e em maior quantidade, para baixar a dureza, pois a água
nova, em geral, é mole (faça o teste na água da torneira de sua região, para certificar-se disso).
Alguns peixes simplesmente necessitam de uma água bastante dura, como os Ciclídeos Africanos.
Nesses casos é necessária a adição de sais específicos (tamponadores). Outros se adaptam bem em
durezas médias. Por isso, faça testes periódicos desse elemento e certifique-se de que a dureza

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média fique entre os 5º e 8º para a maioria dos peixes tropicais e de
água fria. Se estiver muito dura, aumente um pouco a quantidade
de água na troca parcial periódica e/ou diminua o intervalo das
mesmas até que o nível seja o ideal para seus peixes. O teste de GH é
muito simples de fazer. Em geral, em um aquário bem equilibrado,
não costuma ser um problema. Mas se deseja ter peixes de água
mole ou dura, como os mencionados, dê mais atenção a esse fator.

Amônia – É responsável pela mortalidade de mais de 90%


dos peixes dos aquários nas lojas e nas residências dos aquaristas.
Trata-se de um elemento muito venenoso e comum em tanques com
excesso de peixes, sobras de alimento e especialmente em aquários
novos. O teste de amônia é fundamental para identificar o problema
e solucioná-lo rapidamente. O melhor remédio é sempre a
prevenção: evitar super lotação, excesso de comida, comida de má
qualidade, nunca colocar peixes precocemente no aquário ou muito
de uma só vez. Mas se a vaca já está no brejo, consulte o capítulo
“Soluções de Problemas Mais Frequentes” e veja como resolver.
Teste sempre antes e depois de colocar novos peixes no
aquário, quando alguns peixes aparecem com sintomas de doenças e
após a colocação de medicamentos. Em aquários já estabilizados,
faça testes mensais como prevenção e/ou sempre que problemas
surgirem.

Nitrito – Também um elemento muito venenoso e fatal para


os peixes. Aparece basicamente pelos mesmos motivos que a
Amônia, especialmete nos primeiros dias da montagem. A solução é
idêntica. Veja em “Soluções de Problemas Mais Frequentes” na parte
final do Guia.

Nitrato – É um elemento pouco tóxico para a maioria dos


peixes, mesmo em concentrações elevadas. Mas aquários mal
cuidados, sem trocas pariciais de água, podem atingir níveis muito
altos de Nitrato, pois este é cumulativo, e então passa a ser um
problema. Sintomas como falta de coloração, perda de apetite e
emagrecimento, são os mais comuns. Se você é um aquarista
cuidadoso, não há com o que se preocupar, pois as trocas parciais
irão manter os níveis de nitrato controlados. Mas se deu uma
relaxada braba, daquelas de ficar quase um ano sem trocas parciais,
cuidado.
Outros elementos também são importantes, por isso,
recomendo leituras adicionais. Aprende-se muito lendo as bulas dos
testes encontrados nas lojas. Vale a pena dar uma conferida.
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8) Condicionador de água. A água de torneira vem com
cloro ou cloramina (dependendo da região) e metais pesados
que podem prejudicar seus peixes. Por isso, é preciso usar um
produto para mover ou neutralizar esses elementos da água. Há
diversas marcas de produtos para remover o cloro, mas a
maioria não leva em considerção o problema dos metais
pesados, cloramina e o muco protetor dos peixes. Por isso,
indico um produto chamado AquaSafe que remove o cloro,
cloramina (usado em alguns países e recentemente, também em
algumas regiões brasileiras), protege os peixes contra os efeitos
nocivos dos metais pesados, possui um extrato que incentiva a
reprodução das bactérias benéficas e, de quebra, restaura o muco
protetor dos peixes. É muito importante que use sempre que
montar um novo aquário, na reposição por evaporação e nas
trocas parciais de água, que veremos em “Manutenção”.

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IV - MONTAGEM
Moleza!
Basta lavar todos os itens comprados em água, apenas. Nunca
use sabão ou qualquer outro produto químico. Não use qualquer
produto com finalidade de esterialização, mesmo que sejam feitos para
aquário. Não há a menor necessidade disso.
Tudo lavado; coloque o cascalho. Se você tem filtro biológico de
fundo, coloque as placas, encaixe os tubos e coloque a bomba
submersa em seu lugar. Se não tem filtro de fundo, parabéns! Foi a
melhor opção! Apenas coloque o cascalho sobre o vidro.
Encaixe as plantinhas artificiais e os objetos decorativos a seu
gosto. Coloque o filtro externo na parte de trás do aquário.
Comece a encher com uma mangueira. Quando o nível da água
chegar à metade, observe se a água não está muito turva. Se estiver,
coloque outra mangueira esvaziando o aquário ao mesmo tempo em
que a outra enche. Quando a água tornar-se absolutamente cristalina,
para de esvaziar e passe apenas a encher. Encha, também, a caixa do
filtro externo.
Aquário cheio; ligue o filtro externo e/ou a bomba submersa do
filtro biológico (se houver), na tomada. Lembre-se de que eles devem
ficar ligados 24 horas por dia!
Dose o AquaSafe de acordo com as instruções do fabricante.
Pronto! Seu aquário está montado. Agora é só esperar para
colocar…

18 Iury Costa | Primeiro Aquário


V – OS PEIXES
Nessa hora você já deve ter soltado um suspiro de alívio e felicidade. Deu um afago no
cachorro, mandou um beijo para a esposa, perguntou sobre a saúde da sogra e até indagou acerca
da situação financeira do cunhado… Afinal de contas, falaremos sobre o mais gostoso: os peixes.
Comprar os peixes não se resume em ir à loja da esquina escolher 5 amarelinhos e 5
vermelhinhos, pedir os maiorzinhos, chegar em casa e soltar no aquário.
É preciso prestar atenção em algumas coisas:

1) Aspecto geral dos aquários da loja.


Verifique se há peixes mortos
nos aquários ou doentes à venda.
Repare na higiene da loja e também
nos aquários de demonstração, para
ver se não estão sujos, feios e com
peixes mal nutridos e doentes. Lojistas
relaxados e que não cuidam de seus
próprios aquários não têm nada de
bom para lhe oferecer, mesmo que
vendam mais barato que outras lojas.
Nunca economize no peixe. Compre
qualidade, não preço, pois em
aquarismo, normalmente, o barato sai
caro. Alguns lojistas vendem um
pouco mais caro porque têm um
custo mais elevado, pois, em geral,
alimentam com ração de qualidade,
mantém os aquários sempre limpos,
pagam melhor por funcionários bem
preparados e dedicados… Alguns até
quarentenam seus peixes antes de
vender. Neste caso, a probabilidade de
comprar um peixe doente e matar
todos os de seu aquário, é bem menor.
Lembre-se: basta um peixe doente
para contaminar todos os outros.

2) Aspecto geral do aquário em que está o peixe.


Pode acontecer de mesmo que a loja seja acima de qualquer suspeita, por acidente, algum
aquário não estar muito bom. Por isso, verifique os demais peixes. Veja se parecem doentes,
ofegantes, mal nutridos ou se a água parece leitosa ou suja. Se um peixe estiver doente no aquário,
não compre.

19 Iury Costa | Primeiro Aquário


3) Aspecto geral do peixe.
Veja se não está com a barriga murcha, apresenta cores fracas ou
se está com olhos opacos. Verifique se não há feridas pelo corpo,
manchas, pintas brancas, ou se a cauda e barbatanas não estão
desfiadas. Dependendo do peixe (Ex: Disco), peça para o lojista
alimentar com um pouco de ração para ver se está comendo ou não.
Falta de apetite pode ser sintoma de que algo não vai bem.

4) Veja se o peixe é compatível com os que você já tem.


Sempre memorize ou escreva em um papel o nome da espécie de
peixe que já tem, para perguntar ao lojista se são compatíveis ou não.
Alguns peixes podem ser agressivos (Ex: Ciclídeos – africanos ou alguns
sul americanos, como o Zebrinha), ou desenvolver comportamento o
agressivo em aquários pequenos. (Ex: Sumatras, Tricogasters). Podem,
também, ser incompatíveis pela qualidade da água, onde não brigam,
mas possuem requerimentos distintos (Ex: Discos são peixes de água
ácida, quente e mole. Kinguios são peixes de água ligeiramente alcalina,
dura e fria). Podem também ser incompatíveis pela agilidade (Ex:
Dânios são muito rápidos e se colocarmos com Ramirezis, que são muito
lentos, vão comer todo o alimento, não deixando nada para os
pobrezinhos). O lojista é a pessoa mais indicada para ajudá-lo na tarefa
de povoar o seu tanque. (veja mais no capítulo VIII)

Soltando o peixe no aquário.

Ao chegar a sua casa, coloque o saquinho fechado para boiar em


seu aquário com o objetivo de igualar a temperatura de ambos. Após
cerca de 10 minutos, abra-o e, sem deixar que a água vaze, coloque meio
copo de água do aquário no saquinho para igualar pH, dureza e outros
fatores químicos. Repita a operação mais 3 vezes com intervalos de 5
minutos.
Ao final, retire cuidadosamente os peixes do saquinho com uma
rede apropriada e solte-os. Nunca aproveite a água que vem no saco.
Se quiser, pode dosar AquaSafe para ajudar a mucosa protetora
dos peixes – que foi parcialmente danificada pela rede da loja e da sua
casa – a ser reconstituída.

20 Iury Costa | Primeiro Aquário


Quantidade de peixes

O ideal é nunca comprar mais que 3 ou 4 peixes por vez. Se o aquário for pequeno, 1 ou 2.
Isso evita problemas com amônia ou instabilidades desnecessárias e perigosas. Sei que é
angustiante não trazer um monte de peixes para casa. Mas se esforce e compre o mínimo possível
de peixes, toda vez que for à loja.

Não há uma regra fixa, mas mantenha algo em torno de 1cm de peixe por litro de água.
Para Kinguios e Carpas, 1cm de peixe para cada 4 litros de água.
Procure aprender sempre mais sobre cada espécie, para evitar problemas. Repare, também,
que não há regras rígidas. Já cansei de ver peixes teoricamente incompatíveis convivendo bem
entre si e também já vi peixes que são perfeitamente compatíveis envolvidos em verdadeiros e
literais “arranca-rabos”. Por isso, é sempre importante observar o comportamento de seus
bichinhos e conversar com outros aquaristas sobre compatibilidades.

Dica: Um aquário com poucos peixes, é muito mais fácil de manter e cuidar. Quanto menos
peixes, melhor. Um aquário superlotado, além de ser problemático, não apresenta um visual
harmônico. Se quiser mais peixes, a solução é ter mais aquários.

21 Iury Costa | Primeiro Aquário


VI – ALIMENTAÇÃO
Noventa e cinco por cento das pessoas que têm problemas com seus aquários
são sabem alimentar e, por esse motivo, desistem do hobby, pensando que aquário
não dá certo. Ou exageram na dose ou alimentam de menos e/ou usam alimentos
de péssima qualidade.
Ah, mas peixe come de tudo. Se jogar migalha de pão eles comem!
Sem dúvida que comem, mas qual o efeito das migalhas do pão para o peixe e,
pior, no aquário? – Peixe mal nutrido e aquário sujo.
Portanto, na hora de alimentar, devemos levar em conta a quantidade e a
qualidade do alimento que oferecemos aos nossos peixes.

Quantidade.
Cada aquarista desenvolve seu próprio método de alimentação. Mas se você é
iniciante, recomendo que use o seguinte critério: Jogue 4 a 5 floquinhos. Espere que
os peixes comam tudo. Mais 4 a 5 floquinhos. Espere novamente. Repita a operação
por mais algumas vezes, dependendo da quantidade e tipo de peixes que possui. Ao
perceber que o ímpeto deles diminuiu, pare. Alimente novamente no fim do dia, ou
horas depois de alimentar pela primeira vez, usando o mesmo critério.
Pode-se alimentar, desde que seguindo esse critério, até 3 vezes ao dia.

22 Iury Costa | Primeiro Aquário


Nunca deixe sobrar alimento no aquário. Se sobrar, vai
apodrecer e prejudicar a qualidade da água. Cuidado, também, para
não empanturrar os peixes! Peixes empanturrados não aproveitam
todo o alimento e mesmo usando um alimento de alta
digestibilidade, você poderá ter problemas com algas, pH, água
colorida pelo excesso de ração e sujeira em excesso.
Nunca (nunca mesmo) jogue um punhado de flocos e deixe
que se espalhem pelo aquário, parecendo confetes de carnaval.
Fatalmente alguns flocos ficarão em locais inacessíveis ao peixe e
apodrecerão.

Qualidade.
Há várias marcas no mercado e você deve escolher a sua, mas
se quiser um conselho, use Tetra. A diferença é impressionante. Para
ter uma idéia, TetraMin,, o alimento básico, apresenta níveis sempre
acima dos 90% de digestibilidade, ou seja, mais de 90% do que o
peixe ingere é aproveitado. Nenhum outro alimento apresenta
índices que, sequer, aproxima-se disso.
Alimento bom, proporciona peixes com cores incríveis, um
aquário muito mais limpo e problemas com pH menos frequentes.
Já um alimento ruim suja a água e não alimenta o peixe
adequadamente. O resultado é um peixe menos resistente a doenças,
com cores opacas e crescimento afetado. Portanto, fique atento!
Alimentos embalados em sacos ou potes transparentes,
também não são adequados. O motivo é simples: na presença da luz,
os alimentos perdem seus valores nutricionais. Todo profissional em
nutrição sabe disso. Se uma empresa faz isso, no mínimo ignora esse
fato e está prejudicando a vitalidade de seus peixes.
Seja exigente! Não adianta investir em bons equipamentos,
bons peixes, fazer a manutenção correta e jogar tudo fora usando um
alimento de má qualidade, ou qualidade mediana. Use o melhor.
Varie a dieta. Procure alimentar de acordo com o tipo de
peixes que possui, mas ofereça sabores diversificados.
Importante: Apenas uma pessoa deve alimentar. Caso
contrário, corre-se o risco de três pessoas alimentarem os peixes no
mesmo dia, ou nenhuma.
Crianças pequenas devem alimentar os peixes, mas sempre
sob sua supervisão, pois podem cair na tentação de virar o pote no
aquário.
Lembre-se de que sempre que você passar pelo aquário, os
peixes ficarão esperando por comida. Isso não significa que
realmente precisem de mais alimento. Não precisa ficar com dó, pois
é um comportamento instintivo do peixe.
Não alimente a todo instante! Duas ou três vezes por dia, da
maneira indicada, é suficiente.
Evite alimentar logo após acender as luzes. Os peixes ficam
meio atordoados nesse momento. Aguarde cerca de uma hora para
fazer isso.

23 Iury Costa | Primeiro Aquário


VII – MANUTENÇÃO
Veja como a manutenção é simples.

1 – Limpe os vidros regularmente. Recomendo um limpador


magnético. Com ele você limpa os vidros em poucos minutos.
2 – Troque o refil do filtro externo uma vez por mês. Com isso
você garante uma perfeita retenção de partículas e remoção de
elementos químicos indesejáveis pelo carvão. Lave o refil a cada 15 dias
se perceber que está muito sujo. Basta lavá-lo à torneira e esfregá-lo
levemente, removendo a cor escura do perlon. Algum aquarista mais
avarento já deve ter se perguntado a essa hora, se não pode apenas lavar
o refil em vez de trocá-lo. O problema aqui é que, o carvão dura pouco
tempo e se expirará antes mesmo dos 30 dias. E lavar o perlon irá
esgarçá-lo, fazendo com que sua capacidade de retenção de partículas
seja comprometida. Portanto, ignore seu instinto de Tio Patinhas e
troque o refil a cada 30 dias.

3 – Sifone (aspire) o cascalho, trocando 30% da água a cada 30


dias. Procure adaptar um prolongador à mangueira do sifão e jogar a
água a ser retirada diretamente em um ralo ou vaso sanitário. Isso
tornará seu trabalho mais fácil.
Na hora de encher o tanque, o ideal é usar um recipiente
exclusivamente para isso, que não tenha tido contato com produtos
químicos, como detergentes ou sabão. Encha o recipiente com água da
torneira e jogue a dosagem recomendada de AquaSafe. Misture com a
mão (limpa né, meu?). Após alguns segundos, jogue lentamente essa
água no aquário. Se possível, use uma mangueira fina para isso.

24 Iury Costa | Primeiro Aquário


Se seu aquário for muito grande, você pode jogar AquaSafe diretamente no aquário (a
dosagem recomendada para a quantidade de água que vai entrar) e então, com uma mangueira
ligada diretamente na torneira, comece a encher. Quanto mais lento for esse processo, mais seguro
para os peixes.
Mas eu não devo tirar os peixes do aquário?
Nunca. Os peixes ficam por lá, mesmo. Eles se acostumam com o processo e alguns mais
“caras-de-pau” ficam pertinho de você, observando tudo, e até se atrevem a dar uma mordidinha
no seu braço, para ver se não é comida.
Fazer essa troca parcial mensalmente não é uma regra
rígida, pois muitos aquaristas têm feito isso
semanalmente e conseguido resultados
extraordinários. Mas você pode iniciar
com uma troca parcial, com sifonagem
uma vez por mês e através de testes
de pH, GH e do visual do aquário
determinar se o ideal é uma troca
parcial semanal, quinzenal, a cada
20, 30 ou 40 dias.
Explicando melhor, se o pH
se mantiver muito baixo, GH muito
alto ou visualmente o aquário parecer
sujo, com muitas algas ou limo, diminua o
intervalo de trocas parciais, mas não deixe de verificar se
há peixes demais, se o alimento é de qualidade e a quantidade é
adequada, bem como se o filtro é adequado ao tamanho de seu
aquário e que o refil esteja em dia.
Não precisaria dizer isso de novo, mas já que estamos
aqui…
NUNCA LAVE O AQUÁRIO! NÃO SE ESQUEÇA DISSO!

Dica: Há um produto no mercado chamado Easy Balance. Trata-se de um prolongador de


trocas parciais. Claro que o melhor para seu aquário é a rotina dessa troca, mas há tempos na vida
da gente que podemos simplesmente não ter tempo pra realizá-las. Em vez de deixar o aquário ir
para o brejo, use esse produto. São necessárias dosagens semanais. Ele não serve para melhorar o
aquário e basicamente você não nota diferença ao usá-lo. Mas os parâmetros se mantém
relativamente estáveis e saudáveis para os peixes por até 6 meses, quando é necessária uma troca
grande de água. Se ficar 6 meses sem trocar parcialmente a água do aquário, verá que a qualidade
dela piora demais e os peixes passam a sofrer. Com Easy Balance não. Essa é a diferença.
Pronto! A manutenção é essa!
Garanto que, com a prática, a sifonagem com troca parcial, que é a parte mais trabalhosa do
aquário, se tornará rápida e simples.
Com isso, concluímos juntos que cuidar de um aquário é mais fácil do que cuidar de um
passarinho.

25 Iury Costa | Primeiro Aquário


26 Iury Costa | Primeiro Aquário
VIII – COMPATIBILIDADES ENTRE PEIXES
Muitos de meus leitores escrevem e pedem que eu faça uma tabela de
compatibilidades entre peixes. Ocorre que a questão de compatibilidade é muito
relativa e existem várias exceções. Um bom exemplo é o Betta. Normalmente, esse
peixe não é indicado para aquários comuns, pois possui características
comportamentais e exigências nutricionais bastante específicas. Além do que,
costuma ter problemas em águas agitadas. Além disso, por ter cauda e barbatanas
exuberantes, em geral é vítima de mordidas de outros peixes. Mas, já vi em muitos
aquários, Bettas convivendo pacificamente, e aparentemente muito saudáveis e bem
adaptados em aquários comunitários. Outro exemplo são os Discos. Teoricamente,
Discos são peixes de águas escuras, bem quentes, ácidas, moles e limpas. São
extremamente tímidos e podem ter problemas em aquários com muitas espécies
diferentes de seu habitat original. Mas, hoje em dia, torna-se cada vez mais comum
sua presença em aquários comunitários.
Portanto, é muito complicado fazer uma tabela de compatibilidades, porque
eu poderia estar incorrendo no erro de criar uma regra que certamente é quebrada
todos os dias em vários aquários no mundo inteiro.
Mas, para não frustar totalmente as expectativas dos leitores, eu e meu amigo
Kobe, resolvemos adicionar neste guia, alguns exemplos de aquários. Porém,
lembre-se de que são apenas exemplos e não regras. Use-os apenas como referência.
Como você pode ver nas fotos, são exemplos que tornam seu aquário bonito e com
uma probabilidade pequena de problemas por incompatibilidades. As exigências –
tanto parâmetros químicos e físicos de água, quanto nutricionais – dos peixes
citados aqui, são parecidas.
Mas nunca se esqueça que seu lojista de confiança é o seu melhor consultor
para dizer que tipo de peixes você pode colocar em seu aquário.

27 Iury Costa | Primeiro Aquário


AQUÁRIO DE PLATIS, MOLINÉSIAS E ESPADAS

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AQUÁRIO DE KINGUIOS

29 Iury Costa | Primeiro Aquário


AQUÁRIO DE PEIXES ASIÁTICOS

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31 Iury Costa | Primeiro Aquário
IX – SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS MAIS FREQUENTES:
1) O pH está ácido e não consigo aumentar, mesmo usando
alcalinizantes. O aquário parece sujo. Há algas por toda parte.
Reveja a quantidade de peixes que possui. É muito
provável que tenha mais peixes que seu aquário é capaz de
suportar. Veja a marca e quantidade de alimento que vem usando.
Se a quantidade de peixes for a ideal, é provável que você esteja
dando mais alimento que o necessário. Reduza a quantidade e
certifique-se de estar usando uma boa marca. Não há necessidade
de usar alcalinizantes. Apenas faça trocas parciais de 30%
juntamente com uma boa sifonagem do fundo a cada 3 ou 4 dias,
até que seu pH estabilize novamente. Certifique-se de que o filtro
é adequado ao tamanho de seu tanque e troque o refil a cada 30
dias. Lave-o a cada 15 dias, ou antes, se necessário.

2) A água está turva. Mesmo com o filtro funcionando, ela


não fica cristalina.
Aquários novos podem ficar turvos (geralmente
esbranquiçados) por um tempo, e é preciso um pouquinho de
paciência para que o problema seja eliminado. Se ainda não
houver peixes, recomendo que encha e esvazie o aquário ao
mesmo tempo até que fique cristalina. Se já houver peixes, faça
trocas parciais constantes a cada 3 ou 4 dias em 30%, seguindo os
procedimentos já mencionados anteriormente, mas nem precisa
sifonar. Verifique, também, os aspectos abordados na resposta
anterior. Outra dica é usar um produto chamado WaterClarifier
da Tetra, que deixa o aquário cristalino entre 6 e 12 horas (desde
que você use um filtro externo), e é seguro mesmo para peixes
sensíveis como Neons, Rodóstomos entre outros muito delicados.
Ele não resolve a fonte do problema (que pode ser má filtragem,
excesso de comida ou peixes, etc…), mas elimina o sintoma
principal.

3) Os peixes estão morrendo sem motivo aparente.


Teste a amônia e o nitrito, urgente! Caso os testes
comprovem a presença desses elementos, coloque ar na água, seja
comprando um compressor de ar e uma pedra porosa, ou
colocando uma mangueirinha que vem junto com as bombas
submersas (se você usa filtro biológico de fundo). Troque 50% da
água sem sifonar. Importante: você deve acidificar a água nova
antes que entre no aquário, usando um corretivo de pH vendido
no mercado (acidificante). A razão é que há na água um outro
elemento chamado amônio (NH4). Ele é parecido com a amônia
(NH3), mas é totalmente inofensivo, só que se transforma em
Amônia se submetido a um pH alto. Há no mercado, alguns
produtos que removem a amônia da água e são mais convenientes
que essas trocas emergenciais.

32 Iury Costa | Primeiro Aquário


O problema é que alguns simplesmente não funcionam… O
mais eficaz, em minha opinião, é um chamado Ammonia Detox,
que realmente elimina a amônia e seus sintomas em poucos
minutos, por isso é um produto que vale a pena ser comprado,
juntamente com o aquário. Mas tenha em mente que a amônia só
aparece se houver: a) problemas na filtragem; b) excesso de peixes;
c) colocação de muitos peixes de uma só vez; d) excesso de
alimento; e) colocação de muitos peixes antes que o aquário atinja o
equilíbrio biológico necessário (motivo mais comum).
Se altos índices de amônia forem constatados, mesmo
fazendo de tudo para solucionar esse problema, é possível que
perca alguns peixes e ainda que alguma doença se manifeste, pois
os peixes ficarão debilitados. Portanto, o melhor remédio é a
prevenção.

4) O pH está alcalino e não consigo baixar, mesmo usando


acidificantes.
É provável que seu aquário seja muito novo. Nesse caso é
normal, pois a água da torneira na maioria das cidades brasileiras é
alcalina. Com o tempo, a tendência é a normalização e a
manutenção de um pH neutro, pois a decomposição natural da
matéria orgânica vai acidificar naturalmente a água. Mas verifique
se o cascalho que está usando é mesmo neutro. Certifique-se de que
não seja um cascalho a base de dolomita (cascalho branco) ou
algum substrato retirado de praias. Nesses casos, é preciso trocar o
cascalho por neutro (mencionado no capítulo III), caso contrário, o
pH será sempre muito alcalino.
Ser precisar manter um pH mais baixo, mesmo no começo,
faça trocas parciais, usando uma água mais ácida, corrigida com
um acidificante facilmente encontrado nas lojas do ramo. Lembre-
se de fazer essa correção sempre antes da água entrar no tanque.
Nunca use acidificante diretamente no aquário. Outra opção, mais
natural e eficaz, é usar um pedaço de xaxim ou um tronco especial
para aquários, para ajudar. Tamponadores (sais especiais vendidos
em lojas de aquário) para manter a água ácida, também funcionam.
Muitos peixes toleram pH diferente do ideal desde que
adaptados lentamente. Pergunte ao lojista sobre as espécies mais
tolerantes ao pH alcalino e comece por eles.
Não faça do pH uma obsessão. Seja paciente. Alguns
aquaristas destroem seus aquários por ficarem adicionando
corretivos ou variando o pH bruscamente.

5) Meus peixes estão com pintinhas brancas por todo o corpo.


É possível que tenha ocorrido uma mudança brusca de
temperatura, ou que algum peixe tenha trazido a doença para o seu
aquário. Seus peixes estão sendo atacados por um parasita
chamado comumente de Íctio. Remova o carvão ativado de dentro
do refil do filtro externo e use um parasiticida encontrado nas lojas
do ramo.

33 Iury Costa | Primeiro Aquário


Siga rigorasemente as instruções do fabricante. Procur elevar a
temperatura do aquário para 30 graus e apague a luz para que
esta não reaja com o medicamento fazendo, com que perca efeito.
Após o tratamento – Faça duas trocas parciais de água em
30%, com intervalo de 3 dias, jogue fora o refil usado do filtro
externo e coloque um novo, já com o carvão ativado.

6) Meus peixes estão com alguns tufos brancos que lembram


tufos de algodão pelo corpo.
Você está alimentando seus peixes de forma errada. Está
sobrando muito alimento no aquário e seus peixes estão com
fungos. Reveja o capítulo sobre alimentação. Faça uma troca
parcial de água, sifonando bem o fundo. Logo após, remova o
carvão ativado de dentro do refil do filtro externo e use um
fungicida. Siga rigorosamente as instruções do fabricante.
Após o tratamento – Faça duas trocas parciais de água em
30%, com intervalo de 3 dias, jogue fora o refil usado do filtro
externo e coloque um novo.

7) Meus peixes estão com manchas brancas pelo corpo e/ou


locais em que aparecem ramificações vermelhas e/ou manchas
vermelhas no corpo.
Seu peixe está sendo atacado por bactérias. As causas
podem ser excesso de sujeira no aquário ou algum peixe que já
veio contaminado. Remova o carvão ativado de dentro do refil do
filtro externo e use um bactericida. Siga corretamente as instruções
do fabricante.
Após o tratamento – Faça duas trocas parciais de água em
30%, com intervalo de 3 dias, jogue fora o refil usado do filtro
externo e coloque um novo.
Reveja a quantidade, qualidade e forma de alimentação e,
principalmente, a quantidade de peixes que possui.

8) Meus peixes estão com as barbatanas e caudas cortadas,


picadas ou como se estivessem esfarelando.
Há duas hipóteses. Ou seu peixe está sendo atacado por
outros ou sendo atacado por bactérias. No primeiro caso, há de se
observar bem o comportamento dos peixes. Algumas beliscadas
eventuais são normais e fazem parte da organização hierárquica
dos cardumes. Mas se houver uma perseguição implacável entre
espécies, há que se remover o agressor ou mesmo o coitado que
está apanhando.
A outra hipótese pode ser causada por excesso de sujeira no
aquário ou algum peixe que já veio contaminado. Faça uma troca
parcial de água em 30%, aspirando o fundo para remover a
sujeira. Retire o carvão ativado de dentro do refil do filtro externo
e use um bactericida. Após o tratamento – Faça duas trocas
parciais de água em 30%, com intervalo de 3 dias, jogue fora o refil
usado do filtro externo e coloque um novo.

34 Iury Costa | Primeiro Aquário


Reveja a quantidade, qualidade e forma de alimentação e
principalmente a quantidade de peixes que possui.

9) É possível ter um aquário saudável sem um filtro externo?


É pouquíssimo provável. Poderia responder a essa pergunta
com outra: É possível morar em uma casa sem banheiro! O filtro
externo é realmente o banheiro do aquário. Quando retiramos o refil
para trocá-lo, é como se purificássemos o ambiente. Todos os dejetos
aderidos ao refil, serão removidos do aquário de uma só vez. Por isso,
manter a qualidade da água impecável, sem um filtro externo, só com
trocas parciais muito frequentes, e mesmo assim é questionável se a
qualidade da água seria a mesma.

10) É possível manter um aquário saudável apenas com um filtro


externo?
Sem a menor sombra de dúvida. Nos países desenvolvidos,
filtros biológicos de fundo é coisa do passado, e nos EUA, por
exemplo, 95% dos aquários vendidos, são configurados apenas com
um filtro externo. A movimentação proporcionada pelo filtro é capaz
de manter as bactérias benéficas em bom estado e permitir que se
reproduzam por todo o ambiente (cascalho do fundo, decoração, etc),
desde que, é claro, o filtro externo tenha a capacidade recomendada
para o tamanho do seu aquário. De nada adianta, por exemplo, usar
um filtro para aquários até 38 litros em um aquário de 100. Nas
embalagens dos filtros, sempre há uma recomendação do tamanho
ideal. Seguindo as orientações de tempo para colocação de peixes,
quantidade de comida e quantidade de peixes, não haverá problemas.

11) Como remover meu filtro biológico de fundo do aquário?


Se a quantidade de peixes não for excessiva, se o aquário
estiver limpo graças a uma boa manutenção e já estiver montado há
mais de alguns meses, se o filtro externo tiver a capacidade adequada
para o volume de água e estiver funcionando há ao menos uma
semana, você está pronto para fazer isso. Sifone o fundo e troque 30%
da água do aquário. Após dois dias, você pode remover seu filtro de
fundo
Desligue a bomba submersa e remova os tubos. Posteriormente
retire todos os objetos de decoração e, com os dedos, afaste o cascalho
de um dos cantos do tanque. Pegue as placas por esse canto e tente
puxar todas de uma vez. Removidas as placas, é normal que o
aquário fique turvo por algumas horas. Apenas não remova o refil do
filtro ou faça qualquer alteração na quantidade de peixes nos
próximos dias.

35 Iury Costa | Primeiro Aquário


Convém alimentar usando uma menor quantidade durante 3
ou 4 dias e efetuar testes de amônia todos os dias durante uma
semana. Normalmente nenhum problema é constatado, desde que
o aquário tenha as condições já mencionadas acima.

12) As plantas naturais de meu aquário morrem com


facilidade.
Isso ocorre porque o tipo de aquário que estamos tratando
aqui não é feito para suprir as necessidades delas. É preciso um
substrato fértil, iluminação adequada, fertilização com ferro na
água e injeção de CO2 constante. Plantas artificiais poder ser uma
boa opção decorativa se você não deseja se aprofundar no assunto.

13) Vou viajar. Como alimentar os peixes?


É possível que você já tenha visto ou ouvido falar de um
alimento de férias. Normalmente são feitos de um material parecido
com gesso, que vai se dissolvendo no aquário e liberando alguns
grânulos de alimento. O problema é que esse tipo de alimento de
férias funciona mal. Primeiro que a quantidade de alimento
existente ali é muito pequena. Segundo que, se o pH do aquário
estiver relativamente alto, o material parecido com gesso não
dissolve e o alimento, que já é pouco, não é liberado. O resultado é
um spa não desejado para seus peixes que vão emagrecer por ficar
tanto tempo sem comida.
Os peixes até podem ficar alguns dias sem comer, desde que
estejam bem nutridos. Alguns se alimentam de algas que nascem
normalmente pelo aquário. E todos possuem uma reserva de
gordura que lhes permite passar alguns dias em jejum. Mas, o ideal
é que comam alguma coisa nesse período de ausência. Existe um
alimento da Tetra chamado TetraWeekend e outro chamado
TetraVacation. O primeiro é para períodos de até 5 dias ausente e o
segundo 14. Trata-se de um alimento um forma de gel que, quando
mordiscado pelo peixe, vai se soltando. Ou seja, o que determina a
liberação do alimento é a mordida do peixe e não o pH da água. É
um produto que funciona muito bem.
Outra alternativa seria treinar alguém para alimentá-los. Mas
treine mesmo! Pessoas despreparadas podem virar o pote de ração
no aquário, achando que estão fazendo um bem enorme para os
peixes quando, na verdade, os estão matando.
Há, também, alimentadores automáticos que podem ser
instalados para realizar esse serviço. Mas só os use durante sua
ausência. Quem tem que alimentar os peixes no dia a dia é você e
não um aparato eletrônico!

14) Se viajar posso levar os peixes comigo e colocá-los


em um aquarinho simples por alguns dias?
Por viverem na água, ambiente diferente do nosso, os peixes
não podem simplesmente ser transportados como cães, gatos ou
mesmo passáros, a não ser quando estritamente necessário, como

36 Iury Costa | Primeiro Aquário


no caso da venda. É preciso uma técnica específica de embalagem e
oxigênio puro para que aguentem algumas horas de transporte.
Mesmo que consiga resolver esta parte, é necessário um ambiente
estabilizado biologicamente para mantê-los saudáveis. E mesmo
que conseguisse isso, lembra-se da recomendação de colocar 2 ou 3
peixes por vez? Portanto, a resposta é não.

15) Peixes dormem?


É um pouco diferente se compararmos com o modo que
dormimos, mas pode-se dizer que necessitam de um período de
descanso, que ocorrerá quando não houver luz. Durante a noite
você perceberá que seus peixes ficam descoloridos e como se
estivessem em transe. Deixe as luzes acesas por cerca de 10 e 12
horas diárias, mas deixe o aquário em escuro absoluto por algumas
horas também. O uso de um timer para acender e apagar as luz do
tanque facilitará muito a sua vida.

16) Posso colocar meu aquário em um jardim ou na sacada de


minha casa?
Não deveria, pois a luz excessiva do dia pode incentivar o
desenvolvimento excessivo de algas verder, o que dará a seu
aquário um aspecto desagradável. Mesmo havendo no mercado
dispositivos de ultravioleta, que matam esse tipo de alga, o aquário
“se apaga”, ou seja, o destaque que as lâmpadas dão ao aquário se
perde. É o mesmo que acender uma lâmpada dentro de casa
durante o dia com as janelas abertas. Quase não se percebe se ela
está acesa ou não. No aquário é igual.
Prefira locais abrigados de luz natural.

17) É possível reproduzir peixes em aquários comuns?


Sim. Alguns Poeciclídeos como Lebistes, Molinésias, Espadas,
Platys e alguns Ciclídeos se reproduzem com facilidade. Aliás,
grande variedade de espécies se reproduz em aquários comuns e
99% são reproduzidos em cativeiro, alguns com maior facilidade
outros menos. Mas recomendo a visita a alguns sites de hobistas
pela Internet para maiores detalhes, pois cada espécie tem uma
característica reprodutiva diferente. Alguns pais cuidam dos
filhotes e outros simplesmente os comem.

18) Ganhei de presente um peixe, mas não sei nada sobre ele.
Posso soltá-lo no aquário?
Muitos presentes assim podem ser verdadeiros presentes de
grego. Primeiro porque se não sabe nada sobre o peixe, pode ser
que esteja colocando no aquário um verdadeiro encrenqueiro. Ele
pode destruir os seus peixes por ter um comportamento agressivo.
Além disso, você não sabe onde foi comprado nem as condições da
loja, o que pode ser um riso a saúde de seus peixes. Convém
perguntar onde foi comprado para descobrir que espécie é e, na
dúvida, devolvê-lo a própria loja ou trocá-lo, por mais indelicado

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que possa parecer. Avise seus parentes que você ficará feliz com
um livro sobre aquarismo ou mesmo um vale-presente de uma loja
de aquários.

19) Posso coletar peixes em córregos ou lagos e colocá-los em


meu aquário?
Só se souber de que espécie se trata. Além disso, peixes
selvagens podem carregar uma quantidade grande de parasitas e
bactérias que, em ambiente fechado, como um aquário, tendem a
reproduzir-se. O ideal é ter um aquário à parte e fazer a quarentena
por alguns dias, antes de misturá-lo aos demais.

20) Tenho um filtro externo, mas nunca troquei o refil. Há


algum problema nisso?
Sim, sem dúvida que há. Desta forma, não haverá filtragem
química e mecânica que ele proporcionaria quando o refil é novo e
trocado com regularidade. Além disso, é preciso fazer uma limpeza
a cada 3 ou 4 meses no rotor do filtro. Leia atentamente o manual
de instruções de seu filtro para aprender a fazer isso. Em geral é
uma operação muito simples.

21) Posso apenas lavar o refil em vez de trocá-lo?


O carvão ativado perde suas propriedades em poucos dias, daí
a necessidade de uma troca, no máximo, mensal. Além disso, o
perlon (material usado na confecção do refil), perde a capacidade
de retenção de partículas pequenas, quando lavado. Por isso, o
ideal é trocar o refil a cada 30 dias, mesmo. Portanto, tire o
escorpião do bolso e faça a coisa certa.

22) Se meu aquário não funcionar direito mesmo se eu fizer


tudo que está disponível nesse guia, posso xingar a mãe do autor?
Não. A mãe do autor, tadinha, senhora respeitadíssima e
amável, nada tem de ver com isso. O autor, nesse caso, sugere que o
leitor releia o conteúdo desse guia e que troque idéias com seu
lojista de confiança sobre as causas dos problemas. Busque fóruns
na Internet e participe de cursos, palestras e seminários para formar
um ciclo de amizades e informações que o ajudarão muito.

Brincadeiras à parte, desejo a todos muito sucesso neste hobby


fantástico e espero que em breve esteja partindo para aquários mais
sofisticados, complexos e por isso, mais atraentes como os aquários
plantados, de Ciclídeos, marinhos, etc… Que este guia seja só o
começo! Se gostar desse guia básico, recomende à seus amigos,
empreste, revenda, faça qualquer negócio, mas divulgue as
informações aqui contidas que podem ajudar os que estão
começando a iniciar direito.
Se não gostou… Bem… Se não gostou, não conte pra ninguém…
Ou recomende pro cunhado ou dê de presente para sua sogra…
Sucesso e até breve!

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SÉRGIO GOMES

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Este projeto foi desenvolvido por Sérgio Gomes e Ricardo Kobe.

Sérgio Gomes, autor dos livros “O Aquário Marinho & as Rochas Vivas”, “Guia de
Corais e Outros Invertebrados” e “O Aquário de Água Doce sem Mistérios”, foi
quem escreveu a obra.

Ricardo Kobe, responsável pela criação de inúmeras propagandas e materiais de


divulgação das maiores empresas de aquarismo do Brasil, fotógrafo e designer do
mercado de aquarismo e aquarista fanático há mais de 30 anos, foi o responsável
pela criação, fotografias e ilustrações desta obra.

Revisão Gramatical: Débora Regina Alves

Projeto Gráfico: Eduardo Engelmann

Prova Digital: VLS Copiadora

Impressão: Dellagrafe Gráfica e Fotolito

Direitos autorais desta edição reservados ao autor, cuja reprodução, não obstante,
poderá ser autorizada desde que citada a fonte.

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