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Deixemos bem claro esse ponto. Em primeiro lugar, como o leitor verá
no correr dos artigos, somos amigo pessoal do confrade Guimarães Andrade. Bater
palmas a um amigo é um dever que se cumpre com alegria. Em segundo lugar, no
Espiritismo não existem motivos de ordem sectária, eclesiástica, financeira,
política, ou de qualquer outra espécie,
que nos impeçam de reconhecer a verdade nos opositores, quanto mais nos
colaboradores. Esta crítica não é ditada, pois, senão pela consciência das
responsabilidades doutrinárias. Consciência que, como sabem todos os espíritas,
implica permanente atitude de vigilância e de defesa dos princípios do Espiritismo.
Na verdade, esse problema não deveria tomar corpo, uma vez que a
teoria corpuscular não oferece nenhuma consistência
do ponto de vista científico. Mas, como o livro é escrito para o povo, e o povo nada
conhece das questões científicas nele tratadas, o perigo é evidente. O sr. Guimarães
Andrade, apoiado ainda pelos confrades que o louvam na imprensa espírita, vai
fazendo adeptos. Já está surgindo entre nós uma corrente de “espiritismo
corpuscular”, que ao lado de outras correntes em desenvolvimento poderá comple-
tar a obra de enfraquecimento do movimento espírita brasileiro.
Para que o leitor possa bem avaliar o que isso representa, queremos
lembrar a situação ridícula em que se colocaria um cidadão de poucas letras que
se propusesse a discutir numa assembléia de letrados. O movimento espírita
brasileiro ainda não dispõe de um corpo de sábios, de homens de ciência, capazes
de enfrentar o problema doutrinário neste ou naquele campo das especializações
científicas. Propormo-nos a apresentar uma teoria científica do espírito, sem as
credenciais necessárias para isso, sem nos servirmos do aparato técnico
indispensável, é simplesmente querermos provocar o riso.
S. Paulo, 1962.