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PARACELSO, OU PHILIPPUS AUREOLUS THEOPHRASTUS

BOMBAST, DE HOHENHEIM

Diferentes peregrinos podem dedicar suas vidas a vários aspectos da mesma missão, e é
possível aprender algo da experiência acumulada dos seus esforços ao longo do tempo.

Por exemplo, há diversos aspectos em comum entre a vida, a personalidade e o estilo


pessoal de Paracelso (1490-1541), Alessandro Cagliostro (1743?-1795?), e Helena P.
Blavatsky (1831-1891). Vale a pena fazer um estudo comparado das três vidas.

Tanto Paracelso (veja a imagem) como Cagliostro visitaram a Rússia, e HPB nasceu lá.
Os três enfrentaram obstáculos semelhantes, adotando diante deles com frequência
atitudes similares. Viajaram muito, e Paracelso explica:

“O conhecimento que podemos obter não está confinado aos limites do nosso próprio
país, e não corre atrás de nós, mas espera até que procuremos por ele. Ninguém se torna
em sua própria casa um professor com experiência prática, e ninguém encontra um
mestre dos segredos da Natureza em seu quarto de dormir. Devemos procurar pelo
conhecimento onde pensamos que ele possa estar; e por que motivo o homem que busca
o saber haveria de ser desprezado?”

Paracelso acrescenta:

“Aqueles que permanecem em casa podem viver com mais conforto e podem ficar mais
ricos que aqueles que vivem a viajar. Mas eu não desejo viver confortavelmente, nem
desejo ficar rico. A felicidade é melhor que as riquezas materiais, e feliz é aquele que
viaja livre, sem possuir qualquer coisa que exija os seus cuidados. Quem quiser estudar
o livro da Natureza deve caminhar com os pés sobre as folhas das árvores. Os livros são
estudados olhando para as letras que eles contêm; a Natureza é estudada pelo exame dos
seus tesouros em todos os países. Cada parte do mundo representa uma página no livro
da Natureza, e todas as páginas, juntas, formam o livro que contém suas grandes
revelações.” [1]

Paracelso antecipou a teosofia moderna. Os mais sábios entre os seres humanos são os
alunos conscientes da arte de viver. A filosofia esotérica afirma que o autoconhecimento
depende de um conhecimento da natureza, e essa correspondência tem aspectos
mágicos.

Helena P. Blavatsky escreve:


“O conhecimento das causas primárias e da essência última de cada elemento – de sua
vida, suas funções, propriedades e condições de mudança – constitui a base da MAGIA.
Paracelso foi talvez o único ocultista na Europa durante os últimos séculos e desde a era
cristã que era versado neste mistério. Se uma mão criminosa não tivesse colocado fim à
sua vida anos antes do tempo destinado a isso pela Natureza, a Magia fisiológica teria
menos segredos para o mundo civilizado do que tem agora.” [2]

Em “Ísis Sem Véu”, HPB comenta a obra de Paracelso:

“Seu estilo incompreensível, embora vívido, deve ser lido como os rolos de Ezequiel,
‘por dentro e por fora’. O perigo de propor teorias heterodoxas era grande naqueles
dias; a Igreja era poderosa e os feiticeiros eram queimados às dúzias. É por esta razão
que Paracelso, Agripa e Eugênio Filaletes foram tão notáveis por suas declarações
piedosas quanto famosos por suas descobertas de Alquimia e Magia. As opiniões
completas de Paracelso sobre as propriedades ocultas do ímã estão parcialmente
explicadas no seu famoso livro, o Archidaxarum, em que descreve a tintura
maravilhosa, um medicamento extraído do ímã e chamado Magisterium magnetis (…).
Mas as explicações são todas dadas numa linguagem ininteligível para o profano.” [3]

HPB prossegue:

“Ele demonstra, a seguir, que no homem reside escondida uma ‘força sideral’, que é
uma emanação dos astros e dos corpos celestiais de que se compõe a forma espiritual do
homem – o espírito astral. Esta identidade de essência, que podemos denominar de
espírito da matéria cometária, está sempre em relação direta com os astros de onde foi
extraída e, assim, existe uma atração mútua entre os dois níveis, pois ambos são ímãs. A
composição idêntica da Terra e de todos os outros corpos planetários e do corpo
terrestre do homem constitui a ideia fundamental de sua filosofia. ‘O corpo provém dos
elementos; e o espírito [astral], dos astros. (…) O homem come e bebe dos elementos,
para o sustento do seu sangue e da sua carne, mas dos astros vêm o sustento do intelecto
e os pensamentos de sua alma.’ Vemos corroboradas as afirmações de Paracelso, porque
o espectroscópio demonstrou a verdade da sua teoria relativa à composição idêntica do
homem e dos astros; os físicos agora dissertam em suas salas de aula sobre as atrações
magnéticas do Sol e dos planetas.” (“Ísis Sem Véu”, HPB, vol. I, p. 237)

A obra de Paracelso tem sido reconhecida pela ciência, e HPB afirma:

“Dos elementos conhecidos que compõem o corpo do homem, já foram descobertos no


Sol o hidrogênio, o sódio, o cálcio, o magnésio, e o ferro, e nas centenas de astros
observados, encontrou-se hidrogênio, exceto em dois. Agora, se nos lembrarmos de
como foram censurados Paracelso e a sua teoria segundo a qual os homens e os astros
são compostos de substâncias semelhantes; de como ele foi ridicularizado pelos
astrônomos e pelos médicos por suas ideias sobre afinidade química e atração entre uns
e outros; e se constatamos que o espectroscópio validou pelo menos uma dessas
asserções, será absurdo profetizar que virá um tempo em que todo o restante das suas
teorias será confirmado?” [4]

A alimentação do corpo humano não é meramente física, mas inclui força magnética.
HPB escreve, referindo-se a Paracelso:

“O ponto seguinte que os fisiologistas devem verificar é a sua proposição de que a


alimentação do corpo se faz pelo estômago, ‘mas também, imperceptivelmente, pela
força magnética, que reside em toda a Natureza e da qual todo indivíduo colhe para si o
seu alimento específico.’ O homem, diz ele a seguir, colhe não só a sua saúde dos
elementos, quando eles estão em equilíbrio, mas também a sua doença, quando eles
estão perturbados. Os corpos vivos estão sujeitos às leis da afinidade química, segundo
admite a Ciência; a propriedade física mais notável dos tecidos orgânicos, de acordo
com os fisiologistas, é a propriedade de absorção. O que há de mais natural, então, do
que essa teoria de Paracelso, segundo a qual o nosso corpo absorvente, atrativo e
químico acumula em si mesmo as influências astrais ou siderais? ‘O Sol e as estrelas
nos atraem para eles, e nós os atraímos para nós.’ Que objeção oferece a Ciência contra
esse fato? O que exalamos foi mostrado através da descoberta do Barão Reichenbach
das emanações ódicas do homem, que são idênticas às que provêm dos ímãs, dos
cristais e de todos os organismos vegetais.” [5]

A teosofia afirma que não há separação no cosmos, e HPB explica:

“A unidade do universo foi anunciada por Paracelso, que diz que ‘o corpo humano
possui matéria primordial’ (ou matéria cósmica); o espectroscópio provou esta
afirmação ao mostrar que ‘os mesmos elementos químicos que existem sobre a Terra e
no Sol também podem ser encontrados em todas as estrelas.’ O espectroscópio faz mais
ainda: mostra que todas as estrelas ‘são sóis, similares em constituição ao nosso sol’; e o
Prof. Mayer acrescenta que as condições magnéticas da Terra mudam de acordo com
cada variação da superfície do sol, e considera-se que estão ‘sujeitas às emanações do
sol’. Como as estrelas são sóis, devem também emitir emanações que nos afetam de
modo proporcional.”[6]

Helena Blavatsky prossegue sua análise citando semelhanças entre as plantas e os seres
humanos:
“ ‘Nos nossos sonhos’, diz Paracelso, ‘somos como as plantas, que também possuem o
corpo elemental e vital, mas não o espírito. No nosso sono, o corpo astral é livre e pode,
pela elasticidade da sua natureza, pairar ao redor do seu veículo adormecido ou erguer-
se mais alto, para conversar com os pais estelares ou mesmo comunicar-se com os seus
irmãos a grandes distâncias. Os sonhos de caráter profético, a presciência e as
necessidades atuais são as faculdades do espírito astral. Esses dons não são concedidos
ao nosso corpo elemental e grosseiro, pois com a morte ele desce ao seio da Terra e se
reúne aos elementos físicos, ao passo que muitos espíritos retornam às estrelas. Os
animais’, acrescenta, ‘têm também os seus pressentimentos, pois também têm um corpo
astral’.” [7]

Os seres humanos vivem em constante diálogo com minerais, plantas, animais, planetas
e estrelas.

Cada cidadão é um microcosmo ou resumo do universo, e tem muito a aprender com a


observação do seu diálogo com os objetos celestes. Essa interação pode ser lida através
de uma abordagem filosófica da astrologia.

O indivíduo também deve observar sua relação cotidiana com os diversos reinos da
natureza. De que modo ele interage com os animais e com os cidadãos do reino vegetal?

Sabe-se há milênios que as plantas têm sentimentos. Plotino escreveu que elas procuram
a felicidade. As plantas podem ensinar teosofia para a nossa humanidade, se formos
sábios o suficiente para aprender com elas sobre a unidade da vida em nosso planeta.

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