Você está na página 1de 1

Ac. 01177.

333/97-0 AP

PENHORA. ART. 649, VI DO CPC. Não se aplica às pessoas jurídicas o artigo 649, VI do CPC.
Possível fosse a incidência, e não mais existiria execução nesta especializada. Importante
salientar que no texto legal em análise está posta a palavra “profissão” que, por óbvio, não
pode ter como titular pessoa jurídica. Provimento negado.

(...) Considerou o Juízo de origem que penhora não significa, necessariamente, a retirada do bem
do estabelecimento, dependendo tal do pagamento ou não pelo executado; que é irrelevante se
essenciais ao negócio os bens penhorados, presente a necessidade de cumprimento da sentença e
presente, mais, que o risco do empreendimento é do empregador; que a executada está em
precária situação financeira, já tendo sido seus bens penhorados ou arrestados; que os bens
indicados para penhora não têm valor no mercado.
Não há falar em reforma.
Diga-se, de pronto, que não se aplica às pessoas jurídicas o artigo 649, VI do CPC. Possível
fosse a incidência, e não mais existiria execução nesta especializada. Importante salientar que no
texto legal em análise está posta a palavra “profissão” que, por óbvio, não pode ter como titular
pessoa jurídica.
A Lei 8.009/90, ademais, não se aplica ao caso, vez que não foi penhorado bem de família. O
bem, em suma, não é absolutamente impenhorável, como quer a agravante.
A alegação da agravante no sentido de que, se vendido o bem, impossível será a continuação das
atividades, não merece acolhida: como bem definido pelo Juízo de origem, é da agravante o risco
do empreendimento, importando agora, unicamente, fazer valer o acordo descumprido.
Não há falar, ademais, em excesso de penhora. Certo é que, sendo o débito, na presente
execução, em 25.06.98, de R$ 2.266,66 (fl. 33), foi penhorado bem que vale R$ 45.000,00,
conforme definido pela Junta de origem (fl. 52). Ocorre que se trata, no caso em análise, de
segunda penhora, visto que já havia sido feita, na 3º Junta de Conciliação e Julgamento de São
Leopoldo, anteriormente, penhora do mesmo bem (fl. 40). Na execução que está sendo
processada na 3º Junta de Conciliação e Julgamento de São Leopoldo, eram devidos, já em 1997,
R$ 32.143,12 (fl. 40). Vendido o bem aí (e deverá primeiro ser vendido aí, presente a previsão do
artigo 711 do CPC), o valor que sobejar não significará muito, considerados os valores devidos
na presente execução, motivo pelo qual impossível falar-se de excesso de penhora.
Diga-se por fim, considerando o quanto expresso pelo Juízo de origem, que conhece a situação
da agravante e a possibilidade de venda de seus bens (porque é quem leva a cabo, normalmente,
a execução de ditos bens), que os transfers oferecidos à penhora não têm aceitação no mercado,
estando, por outro lado, os demais bens da agravante ou penhorados ou arrestados, motivo pelo
qual impossível a substituição do bem penhorado.

Ac. 01177.333/97-0 AP
Julg.: 11.05.99 – 2ª Turma
Publ. DOE-RS: 07.06.99
Relatora: Jane Alice de Azevedo Machado

Você também pode gostar