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Aroni, A Divindade que Mora no Âmago da Floresta

Na magnífica Religião dos Òrìsàs, acreditamos que existe um conjunto de espíritos que
moram no âmago da floresta. Esse conjunto de espíritos é chamado de Ajáà. Um desses
espíritos e, talvez, um dos mais temidos é Aroni, que mora na parte mais escura da
floresta, onde mesmo a luz do sol não consegue penetrar.
Acreditamos que ele guarda seus poderes… em um pedaço de carvão vegetal, o qual ele
usa para potencializar as propriedades mágicas das ervas. O conhecimento de Aroni
acerca das propriedades mágicas e medicinais das folhas é gigantesco, prova disso, é
que Aroni foi um dos mestres da botânica de Osanyin.
Aroni é temido até mesmo pelos Òrìsàs, primeiro pelo seu elevado conhecimento sobre a
magia das folhas e, segundo, pelo seu aspecto inumano. Acreditamos que Aroni seja um
espírito com cabeça e cauda de cachorro. Cremos, ainda que, em razão de Aroni sempre
estar agachado à busca das ervas mais preciosas ele acabou ficando corcunda.
Existem histórias Nàgó que discorrem que quando alguém se atreve a entrar no âmago
da floresta, sem oferecer as oferendas corretas e pronunciar os Ofós (palavras mágicas)
corretamente, Aroni as toma para si. Nesse âmbito, Aroni pega essa pessoa que passa a
morar com ele na parte mais escura da floresta e, com ele, aprende os segredos mais
poderosos das folhas, sendo novamente devolvido para o convívio com a humanidade,
somente após ter aprendido o uso e magias de todas as ervas.
Aroni fuma constantemente um cachimbo feito com a casca do Igbin, o qual ele também
usa para potencializar as propriedades das folhas e encantar as pessoas que se deparam
com ele.
Em verdade, a floresta é um lugar sagrado, mas muito perigoso e todo cuidado deve ser
tomado ao adentrá-la, por isso, inúmeros preceitos são realizados para pode entrar na
morada dessas Divindades.
Esperamos uma vez mais, ter contribuído para o esclarecimento e disseminação da nossa
rica e importante cultura.
Texto: Terreiro de Òsùmàrè
Particularmente entendo que a magia Ossayin transcende e vai além, caipora, saci
pererê, duente, anãozinho, etc, transforma-se e confunde, sua camuflagem está na
poeira, num rastro, nos bolos de folhagens, nas sombras frias da floresta e participa
ativamente na proteção da liturgia de um Axé. Assim podemos chamá-lo de Ossayin,
Agué, Akaká,Agá, Aroni, Orô e tantos outros nomes. Dividi-se e sub-dividi-se com uma ou
duas pernas ao mesmo tempo. Holá Ossaiyn! Um lagarto, um carijó, um bom vinho,
cachimbinho de barro com fumo de rolo, mel, fradinho torrado, sapucaia, moedas. Ewé
Ásà ò!
Texto: Fernando D’Osogiyan

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