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Processo Civil – Execução

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da


aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
PROGRAMA DE AULA ..................................................................................................................... 3

BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................. 3

TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO ........................................................................................................ 3

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4

1.1 PODERES JURÍDICOS E EXECUÇÃO ................................................................................................... 4


1.2 PROCESSO AUTÔNOMO DE EXECUÇÃO X FASE PROCEDIMENTAL EXECUTIVA............................................. 5
1.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA .................................................................................................................. 6
1.4 MOMENTO ATUAL ...................................................................................................................... 7

2. COGNIÇÃO, MÉRITO E COISA JULGADA NA EXECUÇÃO ......................................................... 8

2.1 COGNIÇÃO NA EXECUÇÃO ............................................................................................................. 8


2.2 ADMISSIBILIDADE E MÉRITO DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO. ............................................................... 8
2.3 COISA JULGADA NA EXECUÇÃO ........................................................................................................... 8

3. FORMAS EXECUTIVAS ........................................................................................................... 9

4. PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO .................................................................................................. 11

4.1. NULLA EXECUTIO SINE TITULO (PRINCÍPIO DO TÍTULO EXECUTIVO) .......................................................... 11


4.2. NULLA TITULUS SINE LEGE .............................................................................................................. 11
4.3 PRINCÍPIO DA PATRIMONIALIDADE (OU PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL) ............................ 12
4.4 PRINCÍPIO DO DESFECHO ÚNICO (PRINCÍPIO DO RESULTADO) ................................................................. 24
4.5 PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO (ART. 775 DO CPC) ........................................................ 24
4.6 LEALDADE E BOA-FÉ PROCESSUAL ..................................................................................................... 25
4.7 PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DAS FORMAS EXECUTIVAS ........................................................................... 26
4.8 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA TUTELA ESPECÍFICA OU PRINCÍPIO DA MÁXIMA COINCIDÊNCIA POSSÍVEL ............... 27
4.9 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO........................................................................................................ 28
4.10 PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE DA EXECUÇÃO ........................................................................... 28

5. FORMAÇÃO DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO ..................................................................... 29

5.1. GENERALIDADES .......................................................................................................................... 29


5.2 DEMANDA FUNDADA EM OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA ............................................................................. 30
5.3 SUJEITOS PROCESSUAIS NA EXECUÇÃO ............................................................................................... 30
5.4 LITISCONSÓRCIO ........................................................................................................................... 30
5.5 AS DIFERENTES ESPÉCIES DE LEGITIMIDADE ......................................................................................... 31
5.6 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ........................................................................................................... 34
5.6.1 Intervenções típicas ......................................................................................................... 34

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5.6.2 Intervenções atípicas ....................................................................................................... 35

6. COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO .................................................................................................. 36

6.1. COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL ......................................................... 36


6.2. COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL ............................................... 37

7. TÍTULO EXECUTIVO ................................................................................................................... 38

7.1. NATUREZA JURÍDICO DO TÍTULO EXECUTIVO ...................................................................................... 38


7.2. REQUISITOS FORMAIS DA OBRIGAÇÃO EXEQUENDA ............................................................................. 39
7.3 TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS (ART. 515) ........................................................................................ 39

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Programa de aula
Contato1
O módulo de execução é dividido em dois pontos principais:
i. Aspectos gerais da execução/efetivação judicial;
A doutrina tem preferido chamar de efetivação judicial. É espécie de teoria
geral da execução (teoria geral da efetivação).
ii. Cumprimento de sentença e processo autônomo de execução.
Algo parecido com um estudo de execução em espécie.

Bibliografia
Há livros muito completos, como, por exemplo, Manual de Execução de Araken de
Assis. Contudo, trata-se de manual muito extenso, por isso não é recomendado. Para fins
de concurso, recomenda-se o volume único do professor Daniel Assumpção da editora
Juspodivm. É uma leitura rápida e suficiente.
Outro livro de execução, que ainda não foi lançado, mas é recomendado, é o livro
do professor Fredie Didier. No entanto, é uma obra mais aprofundada, de leitura mais
extensa.
TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO
O professor destaca que em concursos tem caído questões mais controvertidas
objeto de informativos e precedentes do STF e STJ, bem como temas não tão específicos,
por exemplo, execução de alimentos (embora não tenha tanta relevância na área federal),
cumprimento de sentença (fase geral do cumprimento de sentença), processo autônomo
de execução e etc. Mas temas como expropriação de bens, detalhes sobre penhora,
arrematação, execução contra devedor insolvente não têm caído muito em concursos.

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Contatos: http://www.joaolordelo.com
joaolordelo.mpf@gmail.com
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Vale destacar que execução contra a fazenda pública (que cai muito) será objeto de
módulo específico.
1. Introdução
Execução é uma forma de tutela que tem por objetivo efetivar um direito definido
em um título executivo. São atividades que o julgador torna a fim de satisfazer um direito,
um crédito. Em muitas oportunidades, a execução (gênero) é chamada no NCPC de
execução, cumprimento de sentença, de efetivação. Ou seja, a execução pode ser
chamada de cumprimento de sentença, que é o cumprimento de um título executivo
judicial; processo autônomo de execução em relação aos títulos executivos extrajudiciais;
ou ainda efetivação (expressão mais ampla para execução).
Execução é uma forma de tutela que tem por objetivo efetivar um direito definido
em um título executivo. Título é a fonte de um direito (documento que representa a
existência de um direito).
1.1 Poderes jurídicos e execução
Os poderes jurídicos são constantemente divididos em (i) direitos potestativos e (ii)
direitos a uma prestação (direitos subjetivos em sentido estrito);
Direito potestativo é um direito de interferência, é um direito que não exige da
parte contrária uma prestação específica. Exemplo: divórcio – independe da vontade ou
prestação da outra parte.
Os direitos a uma prestação, por outro lado, são direitos subjetivos em que alguém
tem um crédito em relação a outra pessoa. Alguém tem uma faculdade de exigir de outra
pessoa uma conduta específica.
O entendimento clássico é de que a execução serve para efetivar direitos de
prestação, ou seja, direitos relacionados a obrigação de fazer, não fazer e dar. Por conta
disso, o entendimento clássico também é no sentido de que somente se sujeita a
execução a sentença condenatória; enquanto que a sentença constitutiva ou
desconstitutiva não dependeria de execução, uma vez que o efeito constitutivo ou
desconstitutivo se efetivaria com o próprio verbo (ato decisório) do órgão judicial.
Portanto, o entendimento clássico é que a sentença constitutiva não é título executivo.

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Veremos que o NCPC deixou claro que a sentença declaratória é título executivo.
Exemplo: declarar a existência de um débito em uma sentença.
Em relação à sentença constitutiva, o entendimento clássico é de que não daria
margem à execução, seja constitutiva positiva ou negativa. No entanto, o entendimento
moderno (Fredie Didier) é no sentido de que é possível extrair de sentenças constitutivas
atos materiais. O STF, por exemplo, tem precedentes no sentido de que a desconstituição
de um contrato gera como efeito material a devolução das coisas.
Exemplo: desconstituição de contrato de compra e venda. No final das contas,
haverá um dever de uma parte devolver uma prestação e a outra devolver a
contraprestação. Se o indivíduo comprou um carro e o contrato é desconstituído, há
obrigação de devolver o carro e a outra parte devolver o dinheiro.
A jurisprudência do STJ tem precedente de que a devolução de bens na
desconstituição de contrato de compra e venda pode ser extraída da própria sentença
desconstitutiva, o que revela a eficácia executória segundo o entendimento mais
moderno.
1.2 Processo autônomo de execução x Fase procedimental executiva
Antigamente, a atividade de execução não se desenvolvia no mesmo processo de
conhecimento. Assim, após a condenação no processo de conhecimento, para efetivar o
direito era necessário um novo processo, com citação da parte devedora (o que gerava
morosidade). Assim, havia um ambiente em que a execução se desenvolvia dentro de um
processo autônomo.
Com o passar do tempo, o processo foi se tornando sincrético, no sentido de tentar
efetivar as mais variadas tutelas (conhecimento, cautelar, executória) dentro de um
mesmo processo. Hoje, a tutela executiva pode ser concedida dentro de um processo
sincrético, havendo mera fase procedimental com intimação do devedor para
cumprimento da obrigação.
Hoje, há um sistema de autonomia das ações (que demanda o ajuizamento de uma
nova ação para a execução) apenas em situações excepcionais, notadamente quando não
há um título judicial.

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Os títulos executivos judiciais, atualmente, são efetivados sem necessidade de


processo autônomo de execução. Mas há situações peculiares, como a sentença penal
condenatória, que é título executivo, mas demanda a inauguração de uma execução, com
citação e etc. O mesmo vale para a sentença arbitral ou sentença estrangeira.
Com relação aos títulos executivos extrajudiciais, o processo autônomo é a regra.
Exemplo: execução de um cheque demanda processo autônomo.
Em síntese, há hoje uma tendência de tornar o processo ainda mais sincrético, mas
ainda existe um sistema de autonomia do processo de execução para alguns títulos
executivos judicias, como sentença penal condenatória, sentença arbitral, sentença
estrangeira, e para os títulos executivos extrajudiciais. Nos extrajudiciais, segue-se um
procedimento específico. Nos executivos judiciais que demandam processo autônomo,
segue-se o procedimento de cumprimento de sentença após a citação.
Portanto, há convivência ainda do sistema do sincretismo processual com o
sistema da autonomia das ações. Mas essa convivência tem sido cada vez mais mitigada,
mitigando-se o processo autônomo de execução.
1.3 Evolução histórica
1) Antes de 1990
A regra era, de fato, o processo autônomo de execução. Para executar um título
executivo judicial era necessário inaugurar um novo processo. Apenas em alguns casos
essa medida não era necessária, como na ação de despejo, ações possessórias e etc.
2) 1990
Em 1990, o Código de Defesa do Consumidor cria um processo sincrético no
âmbito da tutela coletiva, relativamente à obrigação de fazer e não fazer.
3) 1994
Em 1994, o artigo 461 do CPC/73 fez o mesmo que o CDC havia feito em 1990, mas
para o processo individual. Desse modo, sentenças condenatórias com obrigação de fazer
ou não fazer passaram a ser efetivadas dentro do próprio processo de conhecimento
como uma fase procedimental. Eram, portanto, ações sincréticas as que vinculavam
obrigação de fazer ou não fazer.

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4) 1995
Em 1995, os juizados especiais foram criados pela Lei nº 9.099/95 como
procedimentos sincréticos como regra. Exceto para títulos extrajudiciais.
5) 2002
Em 2002, houve mais uma mudança no CPC/73. O artigo 461-A criou o processo
sincrético para a obrigação de entregar coisa. Ou seja, dispensava o processo autônomo
de execução.
6) 2005
Em 2005, a Lei nº 11.232 modificou uma série de artigos do CPC/73, criando o
processo sincrético também para a obrigação da pagar quantia, com algumas exceções: (i)
títulos executivos extrajudiciais, (ii) sentença penal, (iii) sentença estrangeira, (iv) sentença
arbitral, com o detalhe de que nesses casos, a partir da citação o procedimento era o do
cumprimento de sentença. Além disso, existia procedimento autônomo em algumas
execuções especiais: execução de alimentos, execução contra devedor insolvente e contra
a fazenda pública nos casos de obrigação de pagar.
7) Novo CPC (2015)
Pelo Novo Código de Processo Civil, a execução de todos os títulos executivos
judiciais segue o procedimento de cumprimento de sentença. Vale ressaltar que há alguns
títulos executivos judiciais que exigirão citação para a sua execução, pois vêm de um
processo que não é o processo cível (lugar da execução), a exemplo da sentença
estrangeira, sentença penal e arbitral. Esses títulos, portanto, ainda demandam a
instauração de processo autônomo, mas não seguem o rito dos processos autônomos
como os títulos extrajudiciais, mas sim o rito da fase de cumprimento de sentença.

1.4 Momento atual


Como dito, o processo autônomo continua para o TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL. Em relação aos títulos executivos judiciais, a execução é uma mera fase
procedimental (sincretismo). Contudo, sentença penal condenatória, sentença arbitral,

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sentença estrangeira (inclusive decisões interlocutórias estrangeiras) podem ser


executadas no juízo cível, mas dependem de um novo processo.
O NCPC aumentou os casos de processos sincréticos.
2. Cognição, mérito e coisa julgada na execução
2.1 Cognição na execução
Existe uma discussão sobre se há cognição e se há mérito na atividade de
execução. A doutrina clássica entende que não há mérito nem cognição. É como se fosse
uma atividade mecânica, sem nenhum elemento de conhecimento. Hoje, contudo,
prevalece que há cognição na execução e isso ocorre em diversos momentos.
Exemplo: incidente de desconsideração da personalidade jurídica: pode ocorrer na
execução e vai demandar atividade cognitiva.
Exemplo: uma obrigação de entrega de coisa pode se converter em perdas e danos
durante a fase de execução, demandando atividade cognitiva.
2.2 Admissibilidade e mérito do procedimento executivo.
Segundo a doutrina clássica, não há mérito na execução. Isso é um erro, pois o
mérito da execução é efetivar/realizar/satisfazer um direito de prestação de fazer, não
fazer ou dar (pedido), certificado no título executivo (causa de pedir). Então, existe mérito
na execução também.
2.3 Coisa julgada na execução
Existe, inclusive, trânsito em julgado na execução, conforme artigo 924 do CPC:
Art. 924. Extingue-se a execução quando:
I - a petição inicial for indeferida;
II - a obrigação for satisfeita;
III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
IV - o exequente renunciar ao crédito;
V - ocorrer a prescrição intercorrente.
Art. 925. A extinção só produz efeito quando declarada por sentença.

Perceba que nos casos do artigo 924 existe uma extinção da própria relação de
direito material, notadamente nos incisos II e V, o que impede nova discussão da matéria.

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Ou seja, nos casos do artigo, a execução será extinta e haverá formação de coisa julgada.
Esta sentença, inclusive, é apta ao ajuizamento de ação rescisória.
Exemplo: em processo autônomo de execução em que a prescrição fica evidente, é
possível indeferir a inicial, sem possibilidade de nova propositura, por conta da formação
da coisa julgada.
Desse modo, é possível afirmar que há cognição, há mérito e há coisa julgada na
execução.
3. Formas executivas
Basicamente, existem duas formas ou duas técnicas de execução. Existe a
execução direta (também conhecida como execução por sub-rogação) e existe a execução
indireta.
i. Execução por sub-rogação ou direta: ocorre quando o Estado-juiz substitui
a vontade do devedor. Aqui não existe colaboração do devedor.
Independentemente de sua participação ou vontade. Exemplo: na penhora
online o dinheiro passa diretamente para o credor, sem colaboração do
devedor. Busca e apreensão é outro exemplo. Essas técnicas de execução
são formas de execução direta.
ii. Execução indireta: tem por objetivo fazer uma pressão psicológica no
devedor. Aqui o Judiciário não pode substituir o devedor ou prefere não
fazê-lo, então realiza uma coerção mental para que o devedor cumpra a
sua obrigação. Essa execução indireta é feita através de decisões
mandamentais.
Essa pressão psicológica pode ocorrer:
 Com uma ameaça de piora.
Exemplo: inclusão do executado no cadastro de restrição ao crédito (artigo
782, § 3º do CPC) – possibilidade de o juiz colocar o nome do executado no
cadastro de inadimplentes.
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e
o oficial de justiça os cumprirá.

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§ 1o O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz


também nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na
mesma região metropolitana.
§ 2o Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial,
o juiz a requisitará.
§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do
executado em cadastros de inadimplentes.
§ 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for
garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.
§ 5o O disposto nos §§ 3o e 4o aplica-se à execução definitiva de título judicial.

Da mesma forma, no caso de cumprimento de sentença no caso de pagar quantia,


se o devedor não paga no prazo de 15 dias, ele sofre uma multa de 10% mais honorários.
Essa multa também é uma forma de pressão psicológica.
 Através de uma sanção premial.
Sanção premial é uma ameaça de melhora.
Exemplo: é o que ocorre no processo executivo autônomo de títulos extrajudiciais.
Se o devedor pagar o valor devido no prazo de 3 dias, terá direito a redução de honorários
em 50%, conforme artigo 827, § 1º, do CPC:
Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de
dez por cento, a serem pagos pelo executado.
§ 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários
advocatícios será reduzido pela metade.

Não existem no estudo da execução regras que determinem quando o juiz realizará
um forma direta ou indireta de execução. A técnica adotada dependerá do caso concreto.
Exemplo: indivíduo contrata artista para pintar quadro. Se o artista não realiza a
obrigação, o juiz não pode substituir a obrigação, por se tratar de obrigação infungível. Ao
final, tal obrigação se transformará em perdas e danos. O meio de se efetivar nesse caso
seria uma execução indireta.
Ademais, é possível usar uma forma de execução indireta, mesmo quando couber
execução direta. Geralmente, a execução indireta é com mais frequência tentada
inicialmente por ser menos onerosa. A tentativa inicial é fazer com que o cumprimento

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seja voluntário, vale dizer, que devedor cumpra a sua obrigação sem precisar de medida
coercitiva.
4. Princípios da execução
4.1. Nulla executio sine titulo (princípio do título executivo)

Trata-se de princípio básico que informa que não há execução sem título
executivo. Esse título executivo pode ser judicial, caso oriundo de atividade jurisdicional,
ou pode ser título executivo extrajudicial.
A obrigatoriedade da apresentação do título para a execução serve para a
segurança do executado, uma vez que a execução coloca o devedor em situação de
desvantagem, o que demanda a demonstração de elemento que aponte a verossimilhança
da situação de crédito (o título executivo).

4.2. Nulla titulus sine lege


Informa que os títulos executivos derivam da lei. Quem diz o que é título executivo,
seja ele judicial ou extrajudicial é a lei. Na vigência do CPC/73 havia dúvida forte a respeito
da execução das decisões antecipatórias dos efeitos da tutela. Essas decisões não estavam
previstas no rol dos títulos executivos judiciais ou extrajudiciais. Em razão disso, parte da
doutrina, como Marinoni, defendia que haveria nessa hipótese situação de execução sem
título (exceção ao princípio). Contudo, o novo CPC dispõe claramente que a decisão de
tutela provisória é também um título executivo judicial, conforme artigo 515, I, do CPC:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os
artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de
obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;

Perceba que o novo CPC no artigo 515, I, deixou claro que não apenas as sentenças
são título executivo judicial, mas também as decisões interlocutórias.
Obs.: As decisões liminares que deferem pedido de tutela provisória, por exemplo,
decisão que determina fornecimento de medicamentos, geralmente são acompanhadas

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de mecanismo executivo de execução indireta (coerção psicológica), que é a fixação de


multas. Essas multas são originárias do Direito francês e se chamam astreintes
(mecanismo de execução indireta). Havia discussão acerca da forma de execução delas.
Por exemplo: a parte consegue liminar para obtenção de medicamento e o mesmo não é
entregue; as astreintes podem ser executadas ou demandam trânsito em julgado? Para
esclarecer a matéria o CPC trouxe o artigo 537, § 3º:
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase
de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde
que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável
para cumprimento do preceito.
(...)
§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser
depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da
sentença favorável à parte. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

Ou seja, é possível a deflagração de atos materiais de execução, de cumprimento


provisório dessa multa (imediata exequibilidade da multa), mas o levantamento do
dinheiro só após o trânsito em julgado (levantamento somente após o trânsito em
julgado).
4.3 Princípio da patrimonialidade (ou princípio da responsabilidade patrimonial)
Esse princípio pode ser extraído do art. 789 do NCPC:
CAPÍTULO V
DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Significa que, no âmbito cível, para fins de cumprimento de uma obrigação o


devedor responde com o seu patrimônio. Trata-se de situação diversa do que ocorria no
passado. No período da Lei das XII Tábuas (Direito romano), o corpo do devedor
respondia por suas dívidas. Exemplo: morte ou castigos. No mesmo sentido, em momento
anterior, a Lei de Talião.
Durante momento específico da história da escravidão também o corpo do
devedor continuava sendo atingindo, mas não apenas com a sua morte, mas com

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trabalhos forçados (o escravo devia sua força de trabalho ao credor). Isso também ocorreu
no período romano, mas seguiu até períodos mais modernos.
Por fim, o patrimônio passou a ser o elemento maior do direito obrigacional. Esta
foi a opção do nosso Código Civil desde o início. Atualmente não há que se cogitar que
alguém responda por dívida com o seu corpo, muito embora a prisão possa servir como
medida executiva, como veremos na execução de alimentos.
Obs.: Limitação da responsabilidade – impenhorabilidade
Existe limitação a essa responsabilidade do indivíduo por meio de seus bens, que é
basicamente a impenhorabilidade de alguns bens.
Há bens que são absolutamente impenhoráveis e alguns que são relativamente
impenhoráveis. Os relativamente impenhoráveis só podem ser penhorados na inexistência
de outros bens. São aqueles previstos no artigo 834. Já o 833 prevê os bens
absolutamente impenhoráveis. Vale lembrar que o NCPC optou por não colocar a
expressão absolutamente no artigo 833 (como fazia o CPC/73):
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do
executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de
elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos
de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias
recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal,
ressalvado o § 2o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros
bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem
penhoradas;

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VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação
compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta)
salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos
da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de
incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio
bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para
pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como
às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a
constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos,
os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa
individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de
financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando
respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.

Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos
dos bens inalienáveis.

O artigo 834 considera relativamente impenhoráveis apenas os frutos e


rendimentos dos bens inalienáveis.
O artigo 833 prevê um rol de bens que não podem ser penhorados, ainda que
sejam o único bem de executado. Por outro lado, os relativamente impenhoráveis só
podem ser executados se forem os únicos bens do executado.
São absolutamente impenhoráveis, conforme artigo 833:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução;

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Exequente e executado, se quiserem, podem de comum acordo, celebrar negócio


jurídico processual e, por ato voluntário, definir que determinado bem não será
penhorado. Há diversos bens inalienáveis (materiais ou imateriais), por exemplo, bens que
são objeto de ações delituosas, direitos da personalidade (imateriais), bens de uso comum
do povo, bens que não foram desafetados e etc.
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a
residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as
necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
Móveis, pertencer e utilidades domésticas da residência, salvo aqueles de elevador
valor, por exemplo, quadro de renomado artista, TV avaliada em R$ 30.000,00 e etc.
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se
de elevado valor;
A rigor vestuário não pode ser penhora, salvo se tiver elevado valor.
IV – os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os
proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de
sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal,
ressalvado o § 2º;
Trata-se do inciso mais importante. Perceba que o valor que a pessoa recebe para
sobreviver é impenhorável. Existem exceções a essa impenhorabilidade:
1ª exceção: dívida de alimentos.
2ª exceção: valores da remuneração que excederem 50 salários mínimos.
3ª exceção: Lei da ação popular. A lei prevê o desconto em folha de pagamento.
Logo, se o agente público é condenado a pagar em ação popular, pode haver desconto em
folha de salário até o integral ressarcimento do dano. Esta previsão se estende a todos os
casos de ação coletiva, como, por exemplo, na ação de improbidade administrativa. É
comum que a parte que responde a ação de improbidade administrativa alegue a
impenhorabilidade da remuneração (verba alimentar). Contra tal defesa o Ministério

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Público argumenta que a lei de ação popular autoriza a penhora e a ação de improbidade
é também ação coletiva.
4ª exceção: o STJ entende que honorários advocatícios, embora possuam natureza
alimentar, podem ser penhorados quando ultrapassar o razoável. REsp 1.264.358:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.
PRELIMINARES. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA, DE COTEJO ANALÍTICO E DE
ATUALIDADE DA DIVERGÊNCIA. INOCORRÊNCIA. PENHORA DE HONORÁRIOS
PROFISSIONAIS. VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR. IMPENHORABILIDADE.
RELATIVIZAÇÃO. ELEVADA MONTA. NÃO INCIDÊNCIA DO ART. 833, § 2º, DO NOVO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. IRRETROATIVIDADE DA LEI PROCESSUAL CIVIL. ATO
JURÍDICO PERFEITO. EMBARGOS DESPROVIDOS.
I - Não se vislumbram, no presente recurso, as preliminares invocadas pela
embargada em sede de impugnação, consistentes na ausência de similitude fática,
de cotejo analítico e de falta de atualidade da divergência, de modo que os
embargos podem ser conhecidos.
II - Pretende a embargante fazer prevalecer posicionamento firmado pela col.
Terceira Turma desta Corte no julgamento do AgRg no REsp n. 1.374.755/SP, da
relatoria do e. Ministro Sidnei Beneti, onde se assentou a impenhorabilidade absoluta
dos honorários profissionais.
III - Nos termos da Súmula Vinculante n. 47, do Supremo Tribunal Federal, "Os
honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante
principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja
satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor,
observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza".
IV - O Superior Tribunal de Justiça, não obstante possua firme jurisprudência no
sentido de reconhecer a natureza alimentar dos honorários advocatícios, o que
conduziria, a princípio, à sua impenhorabilidade, também já assentou premissa
afirmando que, sendo os honorários de elevada monta, como in casu, essa
característica pode ser relativizada, possibilitando a penhora desses valores.
(Precedentes).
V - Em homenagem à teoria do isolamento dos atos processuais, entendo
inaplicável o art. 833, § 2º, do CPC/2015 ao presente caso, uma vez que as decisões
que impuseram, confirmaram ou reformaram a determinação de penhora dos
honorários advocatícios foram tomadas sob a égide do CPC/1973, não sendo possível,

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com tal retroatividade, macular-se ato jurídico perfeito, o que se veda pela
Constituição Federal (art. 5º, inciso XXXVI) e pelo próprio CPC/2015, em seu art.
14.
Embargos desprovidos.
(EREsp 1264358/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em
18/05/2016, DJe 02/06/2016)

Obs.1: O STJ admite também a penhorabilidade de gratificação de férias e décimo


terceiro salário:
Processual civil. Recurso Especial. Ação revisional. Impugnação ao cumprimento de
sentença. Penhora on line. Conta corrente. Valor relativo a restituição de imposto de
renda. Vencimentos. Caratér alimentar. Perda. Princípio da efetividade. Reexame de
fatos e provas. Incidência da Súmula 7/STJ.
- Apenas em hipóteses em que se comprove que a origem do valor relativo a
restituição de imposto de renda se referira a receitas compreendidas no art. 649, IV,
do CPC é possível discutir sobre a possibilidade ou não de penhora dos valores
restituídos.
- A devolução ao contribuinte do imposto de renda retido, referente a restituição de
parcela do salário ou vencimento, não desmerece o caráter alimentar dos valores a
serem devolvidos.
- Em princípio, é inadmissível a penhora de valores depositados em conta corrente
destinada ao recebimento de salário ou aposentadoria por parte do devedor.
- Ao entrar na esfera de disponibilidade do recorrente sem que tenha sido consumido
integralmente para o suprimento de necessidades básicas, a verba relativa ao
recebimento de salário, vencimentos ou aposentadoria perde seu caráter alimentar,
tornando-se penhorável.
- Em observância ao princípio da efetividade, não se mostra razoável, em situações em
que não haja comprometimento da manutenção digna do executado, que o credor
não possa obter a satisfação de seu crédito, sob o argumento de que os rendimentos
previstos no art.
649, IV, do CPC gozariam de impenhorabilidade absoluta.
- É inadmissível o reexame de fatos e provas em recurso especial.
Recurso especial não provido.

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(REsp 1059781/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em


01/10/2009, DJe 14/10/2009)

Obs.2: tema polêmico a respeito do inciso IV é a situação em que a pessoa recebe


o salário, mas deixa em sua conta e não gasta. A economia feita com o salário (não a
poupança) pode ser penhorado? O STJ tem posicionamentos divergentes sobre o assunto.
Tem posicionamento no sentido de que o salário acumulada perde o caráter
alimentício, passando a ser uma reserva ou economia (STJ, 2ª Seção, EREsp 1.330.567-RS,
DJ 2014); No mesmo ano, porém, em 2014, o STJ decidiu também pela manutenção da
natureza alimentar do salário, mesmo quando aplicado em fundo de investimento (STJ,
1T, REsp 1.164.037/RS, DJ 2014).
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.
PENHORA DE SALÁRIO. ALCANCE. APLICAÇÃO FINANCEIRA. LIMITE DE
IMPENHORABILIDADE DO VALOR CORRESPONDENTE A 40 (QUARENTA) SALÁRIOS
MÍNIMOS.
1. A Segunda Seção pacificou o entendimento de que a remuneração protegida pela
regra da impenhorabilidade é a última percebida - a do último mês vencido - e,
mesmo assim, sem poder ultrapassar o teto constitucional referente à remuneração
de Ministro do Supremo Tribunal Federal. Após esse período, eventuais sobras perdem
tal proteção.
2. É possível ao devedor poupar valores sob a regra da impenhorabilidade no patamar
de até quarenta salários mínimos, não apenas aqueles depositados em cadernetas de
poupança, mas também em conta-corrente ou em fundos de investimento, ou
guardados em papel-moeda.
3. Admite-se, para alcançar o patamar de quarenta salários mínimos, que o valor
incida em mais de uma aplicação financeira, desde que respeitado tal limite.
4. Embargos de divergência conhecidos e providos.
(EREsp 1330567/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 10/12/2014, DJe 19/12/2014)

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RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MEDIDA CAUTELAR DE


ARRESTO. AÇÃO DE IMPROBIDADE. INDISPONIBILIDADE DE RECURSOS ORIUNDOS DE
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. NATUREZA SALARIAL.
IMPENHORABILIDADE. ART. 649, IV DO CPC. OFENSA CONFIGURADA. RECURSO
ESPECIAL PROVIDO.
1. As verbas salariais, por serem absolutamente impenhoráveis, também não podem
ser objeto da medida de indisponibilidade na Ação de Improbidade Administrativa,
pois, sendo impenhoráveis, não poderão assegurar uma futura execução.
2. O uso que o empregado ou o trabalhador faz do seu salário, aplicando-o em
qualquer fundo de investimento ou mesmo numa poupança voluntária, na verdade, é
uma defesa contra a inflação e uma cautela contra os infortúnios, de maneira que a
aplicação dessas verbas não acarreta a perda de sua natureza salarial, nem a
garantia de impenhorabilidade.
3. Recurso especial provido.
(REsp 1164037/RS, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ Acórdão Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 09/05/2014)

Obs.3: O STJ já decidiu também que o depósito em fundo de previdência privada


complementar (PGBL) também é, em princípio, impenhorável (EREsp 1.121.719/SP).
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.
SALDO EM FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR.
IMPENHORABILIDADE.
INDISPONIBILIDADE DE BENS DETERMINADA À LUZ DO ART. 36 DA LEI 6.024/74.
MEDIDA DESPROPORCIONAL.
1. O regime de previdência privada complementar é, nos termos do art. 1º da LC
109/2001, "baseado na constituição de reservas que garantam o benefício, nos
termos do caput do art. 202 da Constituição Federal", que, por sua vez, está inserido
na seção que dispõe sobre a Previdência Social.
2. Embora não se negue que o PGBL permite o "resgate da totalidade das
contribuições vertidas ao plano pelo participante" (art. 14, III, da LC 109/2001), essa
faculdade concedida ao participante de fundo de previdência privada complementar
não tem o condão de afastar, de forma inexorável, a natureza essencialmente
previdenciária e, portanto, alimentar, do saldo existente.
3. Por isso, a impenhorabilidade dos valores depositados em fundo de previdência
privada complementar deve ser aferida pelo Juiz casuisticamente, de modo que, se as
provas dos autos revelarem a necessidade de utilização do saldo para a subsistência

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do participante e de sua família, caracterizada estará a sua natureza alimentar, na


forma do art. 649, IV, do CPC.
4. Ante as peculiaridades da espécie (curto período em que o embargante esteve à
frente da instituição financeira e sua ínfima participação no respectivo capital social),
não se mostra razoável impor ao embargante tão grave medida, de ter decretada a
indisponibilidade de todos os seus bens, inclusive do saldo existente em fundo de
previdência privada complementar - PGBL.
5. Embargos de divergência conhecidos e providos.
(EREsp 1121719/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
12/02/2014, DJe 04/04/2014)

Neste precedente, o STJ decidiu que a previdência privada seria também


impenhorável, pois seria algo próximo de uma aposentadoria comum.
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou
outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem
penhoradas;
Se a obra não estiver penhorada, os materiais necessários para a obra são
impenhoráveis.
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação
compulsória em educação, saúde ou assistência social;
Os incentivos governamentais a instituições privadas são impenhoráveis.
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40
(quarenta) salários-mínimos;
A poupança é impenhorável até 40 salários mínimos. Mas e se o sujeito tiver 5
contas com até 39 salário mínimos, é possível a penhora? A penhora é possível, pois o
limite de até 40 salários mínimos é para o total de contas, logo se o sujeito tiver 5 contas-
poupanças é possível a penhora naquilo que somado ultrapassar os 40 salários.

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XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos


termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de
incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.

Renúncia à impenhorabilidade:
 O devedor protegido pela impenhorabilidade pode renunciar a esse direito?
1ª corrente: corrente clássica do STJ. Entende que a impenhorabilidade é matéria
de ordem pública (pode ser conhecida a qualquer momento), indisponível e não pode ser
renunciada. REsp 864.962/RS
PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO - IMPENHORABILIDADE DE BENS ÚTEIS E/OU
NECESSÁRIOS ÀS ATIVIDADES DA EMPRESA INDIVIDUAL - PRECEDENTES - AUSÊNCIA
DE PREQUESTIONAMENTO DO ARTIGO 97 DO CTN.
1- Não houve prequestionamento do artigo 97 do CTN. Incide o óbice da Súmula
282/STF, por analogia.
2 - Pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que os bens úteis e/ou
necessários às atividades desenvolvidas por pequenas empresas, onde os sócios
atuam pessoalmente, são impenhoráveis, na forma do disposto no art. 649, VI, do
CPC. Na hipótese, cuida-se de empresa individual cujo único bem é um caminhão
utilizado para fazer fretes, indicado à penhora pelo próprio devedor/proprietário.
3. Inobstante a indicação do bem pelo próprio devedor, não há que se falar em
renúncia ao benefício de impenhorabilidade absoluta, constante do artigo 649 do
CPC. A ratio essendi do artigo 649 do CPC decorre da necessidade de proteção a certos
valores universais considerados de maior importância, quais sejam o Direito à vida, ao
trabalho, à sobrevivência, à proteção à família. Trata-se de defesa de direito
fundamental da pessoa humana, insculpida em norma infraconstitucional.
4. Há que ser reconhecida nulidade absoluta da penhora quando esta recai sobre bens
absolutamente impenhoráveis. Cuida-se de matéria de ordem pública, cabendo ao
magistrado, de ofício, resguardar o comando insculpido no artigo 649 do CPC.
Tratando-se de norma cogente que contém princípio de ordem pública, sua
inobservância gera nulidade absoluta consoante a jurisprudência assente neste STJ.
5. Do exposto, conheço parcialmente do recurso e nessa parte dou-lhe provimento.

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(REsp 864.962/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,


julgado em 04/02/2010, DJe 18/02/2010)

No mesmo sentido:
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. BEM DE FAMÍLIA. IMPENHORABILIDADE.
RENÚNCIA. DESCABIMENTO. IMÓVEL DE PROPRIEDADE DA MÃE DO DEVEDOR.
PROVEITO ECONÔMICO REVERTIDO PARA O NÚCLEO FAMILIAR. INEXISTÊNCIA. NÃO
INCIDÊNCIA DO INCISO V DO ART. 3º DA LEI N. 8.009/1990.
1. A Lei n. 8.009/1990 é norma cogente e de ordem pública, por isso não remanesce
espaço para renúncia à proteção legal quanto à impenhorabilidade do bem de família.
2. A exceção prevista no inciso V do art. 3º da Lei n. 8.009/1990, referente à "hipoteca
sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar",
restringe-se a situações em que a garantia foi ofertada para constituição de dívida
que se reverte em proveito da própria entidade familiar, de modo que, nas hipóteses
em que a hipoteca em verdade é suporte a dívida de terceiros, a impenhorabilidade do
imóvel deve, em princípio, ser reconhecida.
3. No caso em apreço, muito embora o imóvel dado em garantia fosse de titularidade
da mãe do devedor, este morava em município diferente, tinha família e economia
próprias, além do que a dívida era particular (notadamente saldos negativos em
conta-corrente), de sorte que a exceção do art. 3º, inciso V, da Lei n. 8.009/1990 não
incide e a impenhorabilidade do imóvel deve ser reconhecida, porquanto não há
mínimos indícios de que o ato de disponibilidade tenha se revertido em proveito do
núcleo familiar da proprietária.
4. Recurso especial provido.
(REsp 1180873/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
17/09/2015, DJe 26/10/2015)

2ª corrente: entendimento mais moderno, também do STJ: é possível a renúncia,


desde que contemple patrimônio disponível, tenha sido feita por livre decisão do
executado e não recaia sobre bens de família e bens inalienáveis.
REsp 1.365.418/SP
RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO - EMBARGOS À ADJUDICAÇÃO - INDICAÇÃO DE BEM À
PENHORA PELO DEVEDOR - POSTERIOR ALEGAÇÃO DE NULIDADE ANTE A

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IMPENHORABILIDADE ABSOLUTA (ART. 649, V, DO CPC) - AFASTAMENTO DA TESE


PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS.
INSURGÊNCIA DO EXECUTADO.
1. Hipótese em que o executado indica bem à penhora e, posteriormente, invoca a
nulidade da adjudicação em razão da impenhorabilidade absoluta (art. 649, V, do
CPC) do objeto da constrição, por constituir equipamento essencial ("colheitadeira") à
continuidade do exercício da profissão. Inviabilidade. Bem móvel voluntariamente
oferecido pelo devedor à garantia do juízo execucional. Patrimônio integrante do ativo
disponível do executado.
Renúncia espontânea à proteção preconizada no inciso V do art. 649 do CPC. Vedação
ao comportamento contraditório (venire contra factum proprium).
2. Os bens protegidos pela cláusula de impenhorabilidade (art. 649, V, do CPC)
podem constituir alvo de constrição judicial, haja vista ser lícito ao devedor
renunciar à proteção legal positivada na norma supracitada, contanto que
contemple patrimônio disponível e tenha sido indicado à penhora por livre decisão
do executado, ressalvados os bens inalienáveis e os bens de família. Precedentes do
STJ.
3. No caso, não há nulidade no procedimento expropriatório, porquanto, além de o
bem penhorado ("colheitadeira") compor o acervo ativo disponível do
recorrente/executado, este o ofertou deliberadamente nos autos da execução, de
ordem a evidenciar contradição de comportamento da parte ("venire contra factum
proprium"), postura incompatível com a lealdade e boa-fé processual.
4. Recurso especial desprovido.
(REsp 1365418/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
04/04/2013, DJe 16/04/2013)

Isso será rediscutido com o novo CPC pois ela criou cláusula geral atípica de
negócios jurídicos processuais no artigo 190.2
Vale mencionar, ainda, os enunciados da Súmula do STJ de nº 364 e 449:
O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel
pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

2
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e
convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.

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(Súmula 364, CORTE ESPECIAL, julgado em 15/10/2008, DJe 03/11/2008)

A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui
bem de família para efeito de penhora.
(Súmula 449, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/06/2010, DJe 21/06/2010)

4.4 Princípio do desfecho único (princípio do resultado)


O princípio3 traz a ideia de que o fim normal da execução é a satisfação do crédito,
enquanto que o fim anormal seria a extinção da execução ou extinção sem resolução de
mérito, pois não faria sentido desenvolver todo um processo de conhecimento e não
realizar a execução. Contudo, este entendimento mudou bastante ao decorrer do tempo,
haja vista que há muitas maneira de se fazer defesa na execução ou no cumprimento de
sentença, através, por exemplo, de embargos à execução, exceção de pré-executividade, o
que tem como consequência a extinção da execução pela prescrição, por exemplo, ou por
outro motivo, como um fim normal do processo.
4.5 Princípio da disponibilidade da execução (art. 775 do CPC)
A regra, em fase executiva, é que o exequente possa desistir da execução em
qualquer momento.
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas
alguma medida executiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:
I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões
processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários advocatícios;
II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do
embargante.

Em caso de desistência, prevalece a regra do parágrafo único:

3
Trata-se de princípio antigo, que não faz muito sentido hoje, mas consta em livros de doutrina.

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Se o exequente desiste, são extintos a impugnação (defesa no cumprimento de


sentença) e os embargos à execução (defesa no processo autônomo), se versarem apenas
sobre questões processuais. Ou seja, se o executado apresentou defesa requerendo a
extinção da execução sem resolução de mérito e o exequente desiste da ação, não faz
sentido a não extinção da execução. Porém, se já tiver sido apresentada a defesa e esta
trouxer elementos relativos ao mérito da questão, a desistência ficará condicionada à
concordância do executado.
4.6 Lealdade e boa-fé processual
Os artigos 1º ao 12 do NCPC preveem uma série de dispositivos fundamentais,
dentre eles a proteção da boa-fé. A boa-fé, por ser uma norma processual fundamental, é
princípio que não se aplica apenas à fase de conhecimento, mas também à fase de
execução. Há nessa fase uma preocupação com o comportamento ético dentro do
processo. Isto foi importado de um microssistema processual punitivo americano
chamado Contempt of Court. Trata-se de microssistema processual punitivo americano
nos casos em que houver desrespeito ao órgão jurisdicional, ou seja, quando houver
violação da boa-fé. Essa importação deu origem a uma série de dispositivos desde o CPC
de 1973, dentre eles o artigo 774 do novo CPC, que trata dos atos atentatórios à dignidade
da justiça:
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou
omissiva do executado que:
I - frauda a execução;
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os
respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão
negativa de ônus.
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante
não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será
revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem
prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material.

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A consequência de se praticar ato contrário à boa-fé, configurando ato atentatório


à dignidade da justiça, está prevista no parágrafo único: o juiz aplica uma multa de até
20% do valor atualizado do débito, que será revertida em proveito do exequente e pode
ser exigida nos próprios autos.

4.7 Princípio da atipicidade das formas executivas


O professor Fredie Didier trata bem do assunto e possui divergência em relação à
Marinoni. O princípio significa que o juiz tem em suas mãos um PODER GERAL DE
EFETIVAÇÃO, que lhe permite a utilização de formas executivas atípicas. Há, portanto,
flexibilidade de se definir qual a maneira mais adequada para se compelir o devedor à
satisfação do crédito.
Isso está previsto no artigo 139, IV do NCPC:
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-
lhe:
(...)
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-
rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive
nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

O artigo 139 dispõe que o juiz pode se valer de todas as ferramentas de de


execução diretas e indiretas e pode criar formas executivas, desde que sejam
proporcionais. Isso pode ser feito, inclusive, nas obrigações de pagar, obrigações
pecuniárias. Antigamente, na vigência do CPC/73, entendia-se que o juiz não podia fixar,
por exemplo, multa periódica por atraso no pagamento de um débito em pecúnia (para
além da multa de 10%, que deriva da lei e incide uma vez só, como veremos). Atualmente,
é possível pelo artigo 139, inciso IV, do NCPC.
Para Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart (professor da UFPR e membro do MPF), em
se tratando de títulos judiciais, o juiz possui essa ampla flexibilidade para execução de
maneira atípica. Este não parece ser o posicionamento majoritário. Marinoni entende que
como o título extrajudicial não decorre de processo de conhecimento, com ampla
instrução e contraditório, ele é mais limitado. Desse modo, para Marinoni, prestação
pecuniária poderia se dar apenas por sub-rogação. Exemplo: em execução de cheque o
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juiz não poderia fixar multa por atraso, por falta de previsão de multa por atraso na
obrigação de pagar. Portanto, para ele as formas seriam típicas nos títulos extrajudiciais e
atípicas no judiciais.
Esta posição de Marinoni, contudo, não prevalece. Prevalece o entendimento do
enunciado 12 do FPPC (Fórum Permanente de Processualista Cíveis):
12 – (arts. 139, IV, 523, 536 e 771) A aplicação das medidas atípicas sub-rogatórias
e coercitivas é cabível em qualquer obrigação no cumprimento de sentença ou execução
de título executivo extrajudicial. Essas medidas, contudo, serão aplicadas de forma
subsidiária às medidas tipificadas, com observação do contraditório, ainda que diferido, e
por meio de decisão à luz do art. 489, § 1º, I e II. (Grupo: Execução)

4.8 Princípio da primazia da tutela específica ou princípio da máxima coincidência


possível
Esse princípio informa que o credor deve receber aquilo que tem direito da forma
mais coincidente possível. Ou seja, o credor tem que receber aquilo é que efetivamente
devido. Se um devedor deve dinheiro, deve pagar em dinheiro. A conversão é o último
caso.
Exemplo: empresa causa dano ambiental. A tutela específica impõe que seja
reparado o local onde ela causou o dano ambiental; se não for possível reparar o dano
ambiental naquele local, ela deve reparar dano ambiental em outro local; em último caso,
deve converter a obrigação em perdas e danos.
Neste contexto, vale ressaltar o artigo 876 do CPC.
Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação,
requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados.

O artigo prevê que o exequente pode ficar com o bem penhorado do devedor, em
vez de ficar com dinheiro, se for do seu interesse. Isso permite que a pessoa receba a
coisa penhorada, em vez de dinheiro. Não é algo muito ligado à tutela específica, mas o
código permite essa facilidade ao exequente.

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A execução deve ser específica: propiciar ao credor a satisfação da obrigação tal


qual houvesse o cumprimento espontâneo da prestação pelo devedor. Nesses casos,
apenas se o credor não quiser o cumprimento específico, ou não for possível a tutela
específica, será admitida a conversão da obrigação em perdas e danos (art. 499). Daí
porque o artigo 876 permite que o credor fique com o bem em vez de com o produto da
alienação.

4.9 Princípio do Contraditório


Embora o princípio do contraditório não se aplique na execução com a mesma
intensidade que incide no processo de conhecimento, ele também se aplica na execução.
Na execução, tanto o exequente como o executado têm direito de ser cientificados dos
atos processuais. As partes, na execução, podem recorrer dos pronunciamentos judiciais.

4.10 Princípio da menor onerosidade da execução


O princípio pode ser traduzido no artigo 805 do CPC:
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.

Esse princípio impede a realização de atos executivos que, sem gerar satisfação ao
exequente, gerem sacrifício ao executado, o que se demonstra no artigo 836 do CPC:
Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da
execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas
da execução.

Ou seja, não faz sentido penhorar bem do devedor quando se percebe que o valor
a receber da penhora será menor igual ao custo da execução.

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5. Formação do procedimento executivo


5.1. Generalidades
A demanda executiva (seja processo autônomo de execução, seja fase de
cumprimento de sentença) será iniciada (i) por iniciativa da parte ou (ii) de ofício pelo
juiz. A execução trabalhista, por exemplo, ocorre de ofício pelo próprio juiz. O CPC prevê
que o juiz pode de ofício iniciar a fase de cumprimento de sentença nas obrigações que
tenham por objeto obrigação de fazer ou não fazer ou entrega de coisa. Por outro lado, na
obrigação de pagar, mesmo o cumprimento de sentença sendo uma mera fase incidental,
não pode ser iniciado de ofício. Do mesmo modo o processo autônomo de execução, por
exemplo, dos títulos extrajudiciais, pois, neste caso, deverá haver ação própria com
petição inicial e atendimento aos seus requisitos.
Portanto, a efetivação da execução pode se iniciar de ofício ou a requerimento da
parte. De ofício, o CPC contempla as hipóteses de cumprimento de sentença na obrigação
de (i) fazer, (ii) não fazer e (iii) entregar coisa; cumprimento de sentença na obrigação de
pagar depende de requerimento; processo autônomo de execução depende de uma
petição inicial. Há, portanto, possibilidade de início de ofício.
Obs.1: o processo autônomo de execução é regulado a partir do artigo 771 do CPC.
Mas ele também é aplicável à fase de cumprimento de sentença no que couber:
Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título
extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos
procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento
de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a
que a lei atribuir força executiva.

O CPC regula de maneira mais ampla o processo autônomo de execução, inclusive


a penhora, adjudicação, leilão e etc., o qual é aplicável ao cumprimento de sentença. Eles
se tornam muito próximo a partir da penhora. A fase inicial do cumprimento de sentença
e do processo autônomo de execução é diferente, mas a partir da penhora eles seguem
rito bem próximo.

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5.2 Demanda fundada em obrigação alternativa


Muitas vezes a obrigação é uma obrigação alternativa. Exemplo: o devedor é
obrigado a pagar algo ou outra coisa, obrigado a fazer algo ou outra coisa.
Dispõe o art. 800 do CPC:
Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será
citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro
prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato.

Em se tratando de cumprimento de sentença, em vez de citação, haverá mera


intimação, pois virá do mesmo processo de conhecimento. Se a escolha couber ao credor,
ele já indica a opção seja no requerimento inicial do cumprimento de sentença, seja na
petição inicial do processo autônomo de execução.

5.3 Sujeitos processuais na execução


A execução em sentido amplo envolve uma composição mínima: autor
(exequente), juiz e réu (executado).
5.4 Litisconsórcio
 É possível se falar em litisconsórcio na execução?
O artigo 780 trata não apenas do litisconsórcio, mas de maneira ampla da
cumulação de várias execuções.
Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos
diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja
competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento.

A partir da leitura desse dispositivo a doutrina entende que é possível


litisconsórcio na execução, seja ele ativo ou passivo. No mais das vezes é um litisconsórcio
facultativo e que decorre de conveniência das partes envolvidas.
Para Fredie Didier esse dispositivo permite o litisconsórcio, mas não permite a
chamada coligação de credores ou devedores: só é possível formar o litisconsórcio se
todos os credores ou todos os devedores estiverem vinculados à parte contrária em razão
da mesma relação jurídica material ou conjunto de relações jurídicas materiais.
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Exemplo de Didier: A e B não podem demandar contra o devedor comum C, se o


crédito de A se funda no título X e o de B, no Y. Neste caso, A e B não fazem parte da
mesma ou mesmas relações jurídicas com C.
Ademais, A não pode demandar contra os devedores C e D, se o seu crédito em
face de C se funda no título X e o crédito em face de D, no Y.
Essa questão é muito discutida na doutrina porque o artigo 7804 não é muito
preciso. Veja que, conforme o dispositivo, o exequente pode cumular várias execuções,
ainda que fundadas em títulos diferentes. Parece que o dispositivo não cria oposição em
relação à mistura de títulos de diferentes origens.

5.5 As diferentes espécies de legitimidade

Polo ativo Polo passivo

a) Legitimação ordinária primária (art. 778, a) Legitimação ordinária primária (art. 779,
caput)  Ocorre quando o exequente I)  mesma coisa do polo ativo.
consiste na pessoa indicada como credor Art. 779. A execução pode ser promovida contra: I –
no título executivo, atuando em nome o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
próprio por direito próprio.
b) Legitimação ordinária superveniente ou
Art. 778. Pode promover a execução forçada o secundária (incisos II e III)
credor a quem a lei confere título executivo. II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do
devedor;
b) Legitimação ordinária superveniente ou III - o novo devedor que assumiu, com o
secundária (§ 1º, exceto inciso I)  O consentimento do credor, a obrigação resultante do
título executivo;
exequente, apesar de demandar em nome
próprio e em seu direito, não é o credor c) Legitimação extraordinária (incisos IV, V
originário do título, mas ganha a e VI)
legitimação em razão de um fato  entendimento da doutrina:
superveniente ao título:
IV - o fiador do débito constante em título

4
Esse dispositivo é basicamente uma reprodução do artigo 573 do CPC/73.

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§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela extrajudicial;


prosseguir, em sucessão ao exequente originário: V - o responsável titular do bem vinculado por
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do garantia real ao pagamento do débito;
credor, sempre que, por morte deste, lhes for VI - o responsável tributário, assim definido em
transmitido o direito resultante do título executivo; lei.
III - o cessionário, quando o direito resultante do
título executivo lhe for transferido por ato entre
vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal
ou convencional.
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de
consentimento do executado.

c) Legitimação extraordinária  O
exequente litiga em nome próprio, mas na
defesa de interesse alheio. É o caso do MP.

§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela


prosseguir, em sucessão ao exequente originário:
I - Ministério Público, nos casos previstos em lei;

Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título
executivo.
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao
exequente originário:
I - Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte
deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido
por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

O caput traz o legitimado ordinário primário.


O parágrafo primeiro prevê hipóteses de legitimação ordinária superveniente,
exceto no inciso I (que é caso de legitimação extraordinária).
Exemplo do inciso III: quando alguém recebe um cheque e passa a um terceiro,
este terceiro é legitimado para executar.

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Enfim, toda vez que houver uma cessão, transferência do título, isso pode gerar
uma legitimação outra, que não a primária, uma legitimação secundária.
A legitimação no polo passivo está no artigo 779:
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação
resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.

O inciso I traz o legitimado ordinário. Os incisos II e III os legitimados ordinários


supervenientes. Os incisos IV, V e VI os legitimados extraordinários.
Em relação ao inciso VI, o CTN traz diversas hipótese, como, por exemplo, a pessoa
que aliena um imóvel e fica responsável por um período pelas dívidas ou alguém que
aliena bem hipotecado em favor de outra pessoa: quem comprou o imóvel pode perdê-lo,
então irá responder no interesse do executado.
Observações sobre a legitimação na execução:
Obs.1: em relação à legitimidade ativa do espólio, herdeiros e sucessores, vigora o
seguinte sistema:
 Durante a fase de conhecimento, basta haver prova suficiente da
legitimidade;
 Iniciada a execução, diante da exigência de maior rigor para
aproveitamento do crédito, deve ser instaurado processo de habilitação
incidente (arts. 687 e 688), com suspensão do processo.

Art. 687. A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer das partes, os
interessados houverem de suceder-lhe no processo.
Art. 688. A habilitação pode ser requerida:

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I - pela parte, em relação aos sucessores do falecido;


II - pelos sucessores do falecido, em relação à parte.

Obs.2: existe uma discussão muito grande no que tange ao fiador. O NCPC faz
referência à legitimidade do fiador como apenas aquele que consta no título executivo
extrajudicial. Então, se o fiador não constar no título extrajudicial, ele pode ser
considerado devedor se for condenado em processo de conhecimento (título judicial).
Mas se o fiador não constar nem no título executivo judicial, nem no extrajudicial, ele não
poderia ser demandado. Ocorre que muitas vezes o fiador não consta em nenhum título, a
exemplo do fiador judicial, que apenas apresenta compromisso (garantia em juízo) em
favor de uma das partes. O NCPC esqueceu a figura do fiador judicial. A doutrina tem dito
que o fiador judicial também responde na execução, porque caso contrário o objeto da
fiança se esgotaria.5

5.6 Intervenção de terceiros


5.6.1 Intervenções típicas
O NCPC, consagra 5 espécies de intervenção de terceiro; delas, 4 não cabem na
execução (doutrina e jurisprudência são pacíficas). Segundo doutrina e jurisprudência, não
cabem na execução: (i) oposição (que deixou de ser intervenção, passando a
procedimento autônomo); (ii) nomeação à autoria (também deixou de ser intervenção de
terceiros passando a ser procedimento autônomo); (iii) chamamento ao processo e (iv)
denunciação da lide.
Não cabe oposição porque no processo de execução não faz sentido alguém se
opor à discussão. A oposição e nomeação à autoria são figuras típicas de processo de
conhecimento.
O chamamento ao processo até poderia ocorrer na execução (alguém que chama
co-devedor solidário), mas isso só iria atrasar o processo de execução. Além disso,
havendo solidariedade, o exequente pode executar quem ele quiser. A denunciação da

5
O professor recomenda o aprofundamento neste tema no material de apoio e em livros.

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lide, por sua vez, é uma demanda eventual, regressiva, e é típica de processo de
conhecimento, de modo que seu cabimento na execução também não é possível.
Na execução cabe: (i) recurso de terceiro; (ii) incidente de desconsideração da
personalidade jurídica; (iii) amicus curiae e (iv) assistência (controvertida).
Há discussão a respeito do cabimento da assistência porque o artigo 119 do CPC
faz alusão à ideia de cabimento se a sentença for favorável a uma das partes. Prevalece o
cabimento.
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente
interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo
para assisti-la.

5.6.2 Intervenções atípicas


Há também hipóteses de intervenções atípicas:

a) Adjudicação feita por terceiros (art. 876);


É possível que um terceiro adjudique bem do executado.
Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação,
requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados.

b) Alienação por iniciativa particular (art. 880);


Art. 880. Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá requerer a alienação por
sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado
perante o órgão judiciário.

c) Arrematação por terceiro em leilão judicial;


d) Protesto pela preferência/Concurso de credores  O credor com título legal
de preferência pode intervir na execução e protestar pelo recebimento do crédito,
resultante da expropriação do bem penhorado, de acordo com a ordem de preferência.

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6. Competência na execução
6.1. Competência para execução de título executivo JUDICIAL
O art. 516 traz regra de competência funcional (e, portanto, absoluta), ao dispor
que “o cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:”
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de
sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal
Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo
do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens
sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de
fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada
ao juízo de origem.

 I – Os tribunais, nas causas de sua competência originária.


Obs.1: no caso de sentença estrangeira, a homologação é feita pelo STJ e a
execução é feita por um juiz federal.
Obs.2: artigo 102, I, M, da CF: prevê que o STF pode delegar sua
competência executiva para juízes ou Tribunais inferiores, por meio de
carta de ordem. A doutrina entende que esse dispositivo pode ser aplicado
não apenas ao STF, mas para qualquer Tribunal nas causas de competência
originária.

 II – o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição:


A competência para efetivação das decisões dos Tribunais ocorre nos feitos de
competência originária. Assim, se os Tribunais estão analisando algo em grau de recurso, o
Tribunal não é responsável pela efetivação. Isso é muito comum, por exemplo, nas
hipóteses de antecipação da tutela concedida em primeiro grau. Se a antecipação é
recorrida e o réu passa a descumprir a antecipação, o responsável pela execução é o juiz
de primeiro grau, e não o Tribunal. A petição, portanto, deve ser dirigida à primeira
instância, e não ao Tribunal que está analisando o recurso.

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O Tribunais só executam as causas de sua competência originária. A competência é


do juiz que decidiu a causa em primeiro grau de jurisdição.
 III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal
condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de
acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Nesses casos, como não há competência executória do próprio juiz que proferiu,
seguem-se as regras de competência geral do CPC.
O parágrafo único acrescenta o que se chama de “FORUM SHOPPING”, que é a
possibilidade de o exequente optar por outros juízos, exemplo: (i) domicílio do
executado, (ii) local onde estão os bens ou (iii) juízo do local onde deva ser executada a
obrigação. Nesses casos, o exequente deve pedir ao juízo de origem a remessa dos autos.
Exemplo: A ajuíza ação contra B. Transita em julgado título executivo judicial. A
descobre que B tem bens em outra cidade. A pede ao juiz para remeter os autos para o
local onde esses bens estão situados.
 Essa modificação pode ser feita mais de uma vez?
1ª Corrente  Para Daniel Assumpção, o objetivo da norma NÃO foi criar uma
execução itinerante.
2ª Corrente  Para Fredie Didier Jr. e Scarpinella, é possível criar um foro
itinerante sim em relação ao local onde os bens estão situados.

6.2. Competência para execução de título executivo EXTRAJUDICIAL


Em relação a tais títulos, aplicam-se as regras novas dos artigos 781 e 782 do NCPC:
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo
competente, observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição
constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de
qualquer deles;

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III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser


proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será
proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em
que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o
executado.

Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e
o oficial de justiça os cumprirá.
§ 1o O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz
também nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na
mesma região metropolitana.
§ 2o Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial,
o juiz a requisitará.
§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do
executado em cadastros de inadimplentes.
§ 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for
garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.
§ 5o O disposto nos §§ 3o e 4o aplica-se à execução definitiva de título judicial.

7. Título executivo
7.1. Natureza jurídico do título executivo
Como já se viu, não há execução sem título. O título é um documento que certifica
um ato jurídico normativo. Para parte da doutrina clássica (Liebman), o título não seria um
documento, mas sim um ato jurídico. Para outra parte da doutrina, título seria um
documento. A doutrina contemporânea mistura os dois entendimentos e afirma que o
título executivo seria um documento que certifica um ato jurídico normativo, permitindo a
deflagração de uma execução.
Os títulos executivos são marcados pelos princípios da taxatividade e da tipicidade:
a) Taxatividade  o título é executivo se estiver em rol legal taxativo.

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b) Tipicidade  Em razão da taxatividade, é impossível conceber a existência de


outros títulos além daqueles já previstos em lei.
Existe discussão se seria possível criar título executivo com base na cláusula geral
de negócios jurídicos processuais. É algo ainda extremamente discutido. Até então
prevalece que são taxativos e que só podem ser criados por lei.

7.2. Requisitos formais da obrigação exequenda


O título executivo tem alguns requisitos. A doutrina coloca como requisitos do
título, mas, em verdade, temos requisitos formais da própria execução, conforme artigo
783 do CPC (obrigação CERTA, LÍQUIDA e EXIGÍVEL)..
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de
obrigação certa, líquida e exigível.

 CERTA: significa definição precisa dos seus elementos subjetivos e


objetivos (quem é o devedor, quem é o credor e qual é a prestação).
 LÍQUIDA: é aquela cujo valor é determinável. Se for possível se chegar a
esse cálculo por cálculo aritmético, a mesma é líquida.
 EXIGÍVEL: obrigação que é passível de ser cumprida sem termo ou
condição de sua eficácia. Sua eficácia já é plena.

7.3 Títulos executivos judiciais (art. 515)


Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os
artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de
obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos
herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários
tiverem sido aprovados por decisão judicial;

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Processo Civil – Execução
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da
aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;


VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta
rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO).

I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de


obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa:
 A sentença meramente declaratória é título executivo?
É possível que o indivíduo tenha um crédito, mas, em vez de cobrar, requeira
apenas a declaração do crédito.
Seria possível executar essa sentença declaratória?
Atualmente o STJ, Teori Zavascki e Didier entendem que sim. Isto porque, se não
fosse possível, a parte teria que pedir novamente uma outra sentença condenatória, o
que não seria possível em razão da coisa julgada, pois a eficácia positiva da coisa julgada
impediria o pleito.
Esta questão foi resolvida no NCPC com a previsão de que configuram título
executivo judicial as decisões que reconheçam a exigibilidade de obrigação (inciso I).

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