Você está na página 1de 32

As relações de objecto e a

configuração do Édipo feminino

Nancy Chodorow
Docente: Maria João Santos

Discentes: Ana Sara Malaquias # 7272


A.Sofia de Oliveira #7289
Benedita Lucena # 7836
Joana Varão # 7911
Mariana Marques # 7859
• Quizz
- O mito de Édipo
- O Complexo de Édipo
- O Complexo de Electra
• O Complexo de Édipo feminino
– Objecto de amor primário e Catexia
– Simbolismo do pénis
– A Questão da Sedução
– O Complexo de Castração
– “The Little Girl is a Little Man”
– Estruturação do ego
• A Questão da ausência parental e
Homossexualidade
• Resolução do Complexo de Édipo
•Conceitos-Chave

• Complexo • Catexia

• Complexo de Édipo • Relação de objecto

• Complexo de • Narcisismo
castração

• Líbido • Sedução

• Pulsão • Superego

• Repressão • Inveja do pénis

• Recalcamento • Introjecção

• Ego ideal
Quizz

• Quem foi Édipo?


Figura da mitologia •Laio e Jocasta reis de Tebas tem
grega criada por um filho a quem é feita uma
Sófocles
profecia de que irá matar o pai e
casar com a mãe

•Édipo significa “o de pés furados” pois foi encontrado num bosque


atado a uma árvore com os pés furados para não fugir.

•Édipo tem conhecimento da profecia, foge dos pais adoptivos para


que esta não se concretize, mata o pai no caminho para Tebas.

•Derrota a esfinge decifrando a adivinha e casa com a rainha de


Tebas.

•Anos mais tarde descobre que ela é sua mãe. Jocasta mata-se,
Édipo fura os olhos por ter estado cego e não ter reconhecido a
própria mãe.
•É conduzido ao exílio pela sua devota e submissa filha Antígona
onde morre misteriosamente
Quizz
• O que é o Complexo de
Édipo?

a) Amor pela mãe e atitude de


rivalidade em relação ao pai

b) Idolatração pelo pai e


rivalidade em relação à mãe

c) Amor pela mãe e medo de


castração por parte do pai
Busca de um objecto externo Mãe
Quizz
• O que é o complexo de
Electra?

a) A versão feminina do Complexo


de Édipo

b) Um termo introduzido por Jung,


mas abandonado por se
considerar incorrecto

c) Uma ligação intensa ao pai com


uma atitude de ciúme em
relação à mãe.

d) Um termo introduzido por


Freud, mas em desuso Electra, segundo Frederic Leighton
Carl Jung iniciou o discurso clínico acerca do
Complexo de Electra.

No entanto...

“Não vejo qualquer progresso ou vantagem na introdução


do termo Complexo de Electra, nem no seu uso.”
(Freud, 1920/1916b, p. 155)

“É correcto rejeitar o termo Complexo de Electra, que insiste


na simetria análoga dos dois sexos.” (Freud, p.229)

•O Complexo de Édipo
feminino

• “…a rapariga muda o seu objecto de amor da mãe


para o pai e a sua zona erógena do clítoris para a
vagina. A intensa vinculação que tem com a mãe
acaba e, porque acredita que esta a privou de um
pénis, vai desenvolver uma repulsa pela mesma.
Segundo Freud, a rapariga considera esta privação
indesculpável” (Freud, 1933/1961, p. 124). “…por
não ter um pénis, a rapariga “sente-se” castrada (pp.
124-125).

• Freud postula que “a inveja do pénis” (p. 126) “é o


ponto de viragem no crescimento da rapariga” (p.
126). Isto tem como resultado uma devastadora
mortificação narcísica, a rapariga sente que é
menos do que o rapaz. Acredita que não é nada
porque (…) quando olha para si não vê nada.”
• “Insistentemente moldamos a psicossexualidade de cada género,
direccionando as crianças desde a infância para papéis procriativos
femininos e masculinos.” (Shafer, 1974 citado em Dianne Elise,
2000)

• “A natureza tem um plano de procriação (…) os indivíduos estão


destinados a serem elos de ligação (…) é melhor ser natural e não
desafiar a ordem natural.” (Shafer, citado em Chodorow, 1978)

A orientação heterossexual e a primazia genital


(vaginal) é biologicamente normal e é o destino
biológico das mulheres

Não há nada inevitável, natural ou pré-estabelecido no


desenvolvimento da sexualidade humana.

A orientação e definição sexual é construída e reforçada pelos


pais.
Os pais são (por norma) heterossexuais e “sexualizam” a relação
com os filhos de acordo com o género através de práticas de
sanção social.
•O objecto de amor primário e Catexia

1º objecto de amor
MÃE
da rapariga

Se a mãe já satisfaz todas as


necessidades da rapariga, porque é que
existe um redireccionamento para o
pai? (Freud, citado em Dianne Elise,
2000)
relação pré-edipiana com a mãe

Intensidade e ambivalência

• vê a filha como uma extensão de si


própria
• permite que o rapaz se torne
independente mas ela não

PAI MÃE

símbolo de liberdade e nunca se desliga da sua intensa ligação


independência, com ela (ao contrário do rapaz),
redireccionando o seu provocando conflitos internos e
objecto de amor promovendo a formação do seu superego
•Simbolismo do pénis

órgão sexual “Acredita que não é


diferente nada porque (…)
do órgão sexual quando olha para si
do rapaz não vê nada”
(Freud, 1933/1961)

•Sente-se inferiorizada por não ter um pénis


e questiona a mãe se lhe pode também dar
um.

•Descobre a inferioridade da mãe, pois esta


para além de não lhe poder dar o que quer
também não têm um pénis.
símbolo de
Pénis omnipotência e
liberdade

A inveja é a expressão simbólica de um outro desejo

• Deseja-o, não para se tornar um homem, mas


sim para se desvincular da mãe e se tornar uma
mulher completa e autónoma

•Ao descobrir que o pai tem um pénis a criança


direcciona-se para ele, fazendo assim, a catexia do
seu objecto de amor
•A questão da Sedução

Marjorie
Leonard

O papel do pai é crucial


no desenvolvimento de
uma orientação
heterossexual durante o
período edipiano.
PAI • “disponível” como
objecto de amor
heterossexual
tem que
•sem se deixar seduzir
conseguir
pelas fantasias das filhas
nem seduzir as filhas
com as suas próprias
fantasias
De outro modo

Fica implícito que a rapariga não irá


desenvolver uma correcta heterossexualidade
Pais promovem

• formação do comportamento estereotipado dos papeis de


género de um modo mais consciencioso

•encorajam muito mais os comportamentos heterossexuais


femininos nas suas filhas
•querem que as filhas encaixem na imagem de mulher
sexualmente atractiva, dentro dos limites apropriados para
uma criança.

Força impulsionadora do desenvolvimento de


comportamentos femininos por parte da rapariga.
Maccoby e Jacklin (dados recolhidos
por Goodenough)

comentários de pais quando se lhes pede


para descreverem as suas filhas e dar
exemplos da sua feminilidade:

• “Apercebo-me do seu flirt e da sua inocência fingida, uma


abordagem do tipo “aparece para me ver”.

• “Adora fazer miminhos. Ela vai ser sexy, a minha mulher zanga-se
quando digo isto.”

“os pais parecem gostar do flirt com as filhas e


encorajam este comportamento” (Goodenough)
Esta abordagem

explica

aparecimento quase
As observações de espontâneo de
Horney, Jones e Klein: comportamentos
femininos em relação ao
pai

Este comportamento é apenas um dos lados da interacção

a rapariga procura uma figura central na sua vida


para além da mãe, o pai envolve-se com a criança de
modo a encorajar o comportamento estereotipado
dos papéis do género
Porque é que o pai se deixa seduzir pela filha?

elo de identificação:

o pai pode consciente ou


inconscientemente,
encontrar/projectar as suas
características femininas na filha, ou
então, “masculinizá-la”

“o pequeno soldado” (Adrienne Harris)

Importante o pai deve saber a altura em que


deve “afastar-se” da filha, porque
ela não o vai fazer voluntariamente
- (perigo de incesto)
•O Complexo de Castração
Sigmund Freud “The Little Girl is a little
(1925/1961) man” (Freud,1933/1961,
p.118)

•““o complexo de castração” • inferioridade genital - o


é a mortificação narcisística clítoris visto pela rapariga
catastrófica e a inveja devido como um pequeno pénis.
ao facto de não ter um pénis,
que a leva a entrar no
complexo de Édipo” (p. 129).

•as raparigas podem ter


•o medo da castração não angústia - o medo real de
está presente, não há perda física do seu órgão
qualquer motivação para sexual
“ultrapassar” o complexo de
Édipo
…continuação

•Lampl-de Groot - repressão •África - mutilação genital -


libidinal como estando ao modo de feminizar a rapariga
mesmo nível que nos rapazes removendo o último vestígio
– há um sacríficio da de masculinidade (Bonaparte,
rivalidade activa em relação à 1948 citado em Lax, 2007)
mãe para que um amor •Segundo Rangel (1991), o
passivo pelo pai possa emergir medo da rapariga tem as
(citado em Chodorow, 1978) mesmas raízes psíquicas que
a angústia de castração do
•Desistir da mãe é um feito rapaz - pavor de que os seus
irrevogável com o genitais sejam mutilados em
reconhecimento da renúncia consequência de actos que os
ao seu primeiro objecto de pais vêem como
amor, que traz amargura transgressões.
quando se perde.
•Estruturação do Ego

Lax (1992/1994)

as raparigas atribuem à MÃE um papel de “juiz moral”

É quem diz “não” e quem estabelece a “Lei


Edipiana” e os alicerces morais

desperta

internalização das desenvolvimento


proibições parentais e e estruturação do
leva
repressão dos desejos superego.
incestuosos
•Ausência e Negligência parental

a) Mãe Negligente

•mãe não actua como “juiz”


•parece ignorar a tentativa de
interacção incestuosa entre pai e filha

o período edipiano pode prolongar-se sem resolução

CONSEQUÊNCIA

inibição ou instabilidade na vida


supressão da amorosa e
sexualidade profissional
b) Mãe Ausente

masculinização baseada numa identificação defensiva com o pai

resolução patológica

algumas formas de homossexualidade

•regressão à pré-genitalidade
com um ressurgimento de
sentimentos libidinais
inconscientes pela mãe

Uma relação intensa entre pai e filha pode também dar origem a uma
adoração e identificação com o pai e ao desejo a ficar dedicada a ele e à
sua criação.
Ex. Anna Freud/ Antígona
•A Resolução do Complexo

Resolução Positiva Resolução Negativa

•Identificação da rapariga •Não há identificação com a


com a mãe mãe ou então há
identificação com o pai
•Heterossexualidade
definida –
redireccionamento para
outros homens que não o • Fracas competências
pai sociais

•Estruturação do superego
concluída – interiorização
das regras morais e sociais
Fight for
kisses
Referências Bibliográficas
•Butler, J. (1990). Gender Trouble: Feminism and Subversion of Identity. New York: Routledge.

•Chasseguet-Smirgel, J. (1976). Freud and female sexuality:the consideration of soe blind spots in the
exploration of the „Dark Continent‟. International Journal of Psycho-Analysis., 57: 275-286

•Chodorow, N. (1978). The reproduction of mothering. Psychoanalysis and the sociology of gender [Part II:
The psychoanalytic story, pp.57-140]. Berkeley: University of California Press.

Elise,D(2000). The Primary Maternal Oedipal Situation and Female Homoerotic Desire. Studies in Gender
and Sexuality (Vol 1,nº2, pp.125-145)

•Dervin, D., Kilman, C. T. (1997). Inacuratte Representation of the Electra Complex in Psychology
Textbooks. Teaching of Psychology, 24(4), 269-27

•Freud, S. (1961). A child is beigh beaten, a contribution to the study of the origin of the sexual
pervertions. In J. Strachey (Ed. And Trans.), The standard edition of the complete psychological works of
sigmund Freud (Vol. 17). London: Hogarth Press. (Original work published 1919)

•Freud, S. (1961). Some psychical consequences of the anatomical distinction between the sexes. In J.
Strachey (Ed. and Trans.), The standard editioj of the complete psychological works of Sigmund Freud (Vol.
19). London: Hogarth Press. (Original work published 1919)

•Freud, S. (1961). Female sexuality. In J. Strachey (Ed. And Trans.), The standard editioj of the complete
psychological works of Sigmund Freud (Vol. 21). London: Hogarth Press. (Original work published 1931)

•Freud, S. (1961). Feminity. In J. Strachey (Ed. and Trans.), The standard editioj of the complete
psychological works of Sigmund Freud (Vol. 22,). London: Hogarth Press. (Original work published 1935)
•Horney, K. (1924). On the genesis of the castration complex in women. Internation Journal of
Psycho-Analysis, 5, 50-65.

•Horney, K. (1933). The denial of the vagina. Internation Journal of Psycho-Analysis,14, 57-70.

•Jones, E. (1927). The early devellopment of female sexuality. Internation Journal of Psycho-
Analysis, 8, 459-472

•Klein, M. (1932). The psycho-analysis of children. London: Hogarth Press

•Lax, R. F. (1992). A variation of Freud‟s theme in “A child is beigh beaten: Mother role.” Some
implications for superego devellopment in women. Jounal of the American Psycho-Analytic
Association, 40.

•Lax, R. F. (1994). Aspects of primary and secondary genital feelings and anxieties in girls
durind the preoedipal and early oedipal phases. Psychoanalytic Quarterly, 63, 271-296

•Lax, R. F. (2007). Father‟s seduction of daughter entices her into the oedipal phase: Mother‟s
Role in the Formation of the Girl‟s Superego. Psychoanalytic Psychology (Vol. 249)(No 2)(pp.
306-316)

•Mayer, E. (1985). Everybody must be just like me: Observation on female castration and
female anxiety. International Journal of Psycho-Analysis, 66, 331-347

•Roudinesco, É. & Plon, M. (2000). Dicionário de Psicanálise. Mem Martins: Editorial Inquérito

•Rond, N. (2004). Did women threaten the Oedipus Complex between 1922 and 1933? Journal
of theoretical humanities.

•Sófocles (2001). Édipo rei. Trad. Domingos Paschoal Cegalla. Rio de Janeiro: DIFEL.
• Electrónicas:
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_de_
%C3%89dipo
• http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dipo
• http://www.google.com/books?hl=pt-
PT&lr=&id=4IKTF_sLf74C&oi=fnd&pg=PA7
&dq=object+relations&ots=4zJq1WfdkH&sig
=N9ly_CaNJqcnm5Nkvlci6nbLPxg#v=onepa
ge&q=&f=false

Você também pode gostar