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Instrumentos de Avaliação e

Relatórios Psicológicos

Questionários/Inventários
de Auto-Resposta

2008/2009
Sumário
Questionários/Inventários de Auto-Resposta (Sintomatologia
e Personalidade)

1. Contextualização/ matriz geral de apresentação:


a) Principais características - fundamentos/ conceitos/
definições; estratégias/ cenários de utilização
b) Principais vantagens e limitações
c) Os estudos realizados com/para a população portuguesa
(amostras, dados obtidos, questões psicométricas)
d) Materiais
e) Procedimentos de aplicação, grelhas/ parâmetros de
análise/ cotação e referenciais de interpretação
f) Exemplos/ casos práticos
Sumário (cont.)
2) Exemplos:
a) STAI-Y (Inventário de Estado-Traço de Ansiedade)
[Spielberger,1983; estudos port., Silva, 1998; 2000; 2003]
b) STAIC (Inventário de Estado-Traço de Ansiedade para Crianças)
[Spielberger et al., 1973; estudos port., Dias & Gonçalves, 1999 -
STAIC C2 (Inventário de Traço de Ansiedade para Crianças)]
c) CMAS-R (Escala de Ansiedade Manifesta para Crianças) [Reynolds &
Richmond, 1978; Reynolds & Paget, 1981; estudos port., Dias &
Gonçalves, 1999; Castro Fonseca, 1992]
d) FSSC-R (Inventário de Medos- Revisto) [Ollendick, 1983; estudos
port., Dias & Gonçalves, 1999]
e) ICAC (Inventário Clínico de Auto-Conceito) [A. Vaz Serra,
1985;1986]
f) Escala de Auto-Conceito Piers-Harris para Crianças [ Piers, 1969;
1988; estudos port., Veiga, 1989/1990]
g) IRP (Inventário de Resolução de Problemas) [Vaz Serra, 1987]
STAI-Y (Inventário de Estado-Traço de Ansiedade)
(Spielberger, 1983;
estudos port., Silva, 1998; 2000; 2003)

- Instrumento de relato pessoal,


- constituído por duas escalas, de vinte itens cada,
- aplicável a partir do 10º ano de escolaridade ou
com idade equivalente.
STAI-Y (Inventário de Estado-Traço de Ansiedade)
(Spielberger, 1983;
estudos port., Silva, 1998; 2000; 2003)

• adaptado em mais de trinta línguas para


investigação transcultural e prática clínica;
• fundamento teórico: concepção de ansiedade
proposta por Freud e distinção descoberta e
reconhecida por Cattell e Scheier entre duas
modalidades de ansiedade designadas ansiedade-
estado e ansiedade-traço.
• A partir daqui, Spielberger elabora o seu modelo
conceptual referente à ansiedade e ao stress.
STAI-Y (Inventário de Estado-Traço de Ansiedade)
(estudos port., Silva, 1998 ;2000; 2003)

Escala de tipo Likert de 1 a 4 pontos (ou de 4 a 1,


em 10 itens da escala Estado de Ansiedade –
Itens 1, 2, 5, 8, 10, 11, 15, 16, 19 e 20;
e em 9 itens da escala Traço de Ansiedade – Itens
21, 23, 26, 27, 30, 33, 34, 36 e 39).
O Inventário é constituído por 20 itens Ansiedade-
Traço e 20 itens Ansiedade-Estado
STAI-Y (Inventário de Estado-Traço de Ansiedade)
(estudos port., Silva, 1998 ;2000; 2003)

Ensino Universitário (M, DP):


Ansiedade – Estado
(Masc. 37.8 ; 8.93 ; Fem. 39.2 ; 10.21)
Ansiedade – Traço
(Masc. 38.3 ; 9.01; Fem. 40.1 ; 8.97)
STAIC (Inventário de Estado-Traço de Ansiedade para
Crianças)
(Spielberger et al., 1973;
estudos port., Dias & Gonçalves, 1999)

O STAIC é semelhante em concepção e estrutura ao


STAI

STAIC- C2: A escala C2 é relativa à Ansiedade-Traço


(medida mais estável dos níveis de ansiedade em
crianças)

Questionário de auto-avaliação, escala de resposta


relativa a como geralmente se sente Nunca/ Às
Vezes/ Muitas Vezes, constituído por 20 questões
STAIC C2 (Inventário de Traço de Ansiedade para
Crianças)
(estudos port., Dias & Gonçalves, 1999)

Amostra total=482 crianças e adolescentes,


frequentando desde o 3º até ao 10º ano de
escolaridade, distrito de Braga e Porto
[apenas 172 sujeitos responderam a todos os
instrumentos em estudo: STAIC-C2,
CMAS-R, FSSC-R, CDI; amostra variável,
por instrumento]
8-17 anos
STAIC C2 (Inventário de Traço de Ansiedade para
Crianças)
(estudos port., Dias & Gonçalves, 1999)

Dados normativos:
Por variáveis género, idade e escolaridade

No geral: raparigas apresentam resultados


mais elevados; o nível de escolaridade
relativo ao 9º e 10º anos apresenta valores
mais elevados (comparativamente ao 5º
ano)
CMAS-R (Escala de Ansiedade Manifesta para Crianças)
(Reynolds & Richmond, 1978; Reynolds & Paget, 1981;
estudos port., Dias & Gonçalves, 1999;
Castro Fonseca, 1992)

Ansiedade
Remete para o sentimento de inquietação que
pode traduzir-se em manifestações de
ordem fisiológica (ex. suor), motora (ex.
agitação, movimentos precipitados) e/ou
cognitiva (ex. atenção e vigilância
redobradas a determinados aspectos do
meio, pensamentos acerca de possíveis
desgraças)
CMAS-R (Escala de Ansiedade Manifesta para Crianças)
(estudos port., Dias & Gonçalves, 1999;
Castro Fonseca, 1992)

Questionário de auto-avaliação, escala de resposta


Sim/Não, constituído por 37 questões
28 itens da escala Ansiedade-Traço
9 itens da escala de Mentira (4, 8, 12, 16, 20, 24, 28,
32, 36)

Cotação: Não-0; Sim-1


A pontuação varia entre 0 e 37.
CMAS-R (Escala de Ansiedade Manifesta para Crianças)
(estudos port., Dias & Gonçalves, 1999;
Castro Fonseca, 1992)

Dias & Gonçalves (1999):


Dados normativos:
Por variáveis género, idade e escolaridade; para a
escala de Ansiedade e para a escala de Mentira

No geral: o nível de escolaridade relativo ao 5º ano


apresenta valores mais baixos na escala de
Ansiedade (comparativamente aos 3º/4º e 7º/8º
anos)
CMAS-R (Escala de Ansiedade Manifesta para Crianças)
(estudos port., Dias & Gonçalves, 1999;
Castro Fonseca, 1992)

Castro Fonseca (1992):


635 alunos (336 rapazes e 299 raparigas), ensino básico
e secundário do concelho de Coimbra
8-17 anos
(dados normativos, por variável idade e variável género,
para a escala de Mentira e para o Total- Índice global
de ansiedade/37 itens)
No geral: as raparigas apresentam índices mais elevados
de ansiedade; crianças mais novas apresentam índices
mais elevados de desejabilidade social
FSSC-R (Inventário de Medos- Revisto)
(Ollendick, 1983;
estudos port., Dias & Gonçalves, 1999)

Avalia diferentes categorias de Medos, em


crianças e adolescentes

Questionário de auto-avaliação, escala de


resposta relativa a grau de intensidade de
medo Nenhum/ Algum/ Muito, constituído
por 80 questões
FSSC-R (Inventário de Medos- Revisto)
estudos port., Dias & Gonçalves, 1999)

Factores:
F1- “medo de falhar e da crítica”
F2- “medo do perigo, morte e ferimentos”
F3- “medo do desconhecido”
F4- “medo de animais”
F5- “medos relacionados com actos médicos”
ICAC (Inventário Clínico de Auto-Conceito)
(A. Vaz Serra, 1985;1986)
Auto-Conceito
“Conceito que o indivíduo faz de si próprio como
um ser físico, social e espiritual ou moral”
“Percepção que um indivíduo tem de si próprio”

Neste constructo, podemos diferenciar:


Identidade(s)
Auto-estima
ICAC (Inventário Clínico de Auto-Conceito)

(A. Vaz Serra, 1985;1986)


Factores relevantes para a génese do auto-
-conceito:
- Modo como o comportamento de um indivíduo é
julgado pelos outros
- Feedback que o indivíduo guarda do seu próprio
desempenho
- Comparação que faz entre o seu comportamento e o de
pares sociais
- ...e tendo em conta as regras estabelecidas por um
determinado grupo normativo ao qual se encontra
vinculado
ICAC (Inventário Clínico de Auto-Conceito)
(A. Vaz Serra, 1985;1986)

Objectivos
• “examinar os aspectos emocionais e sociais
do auto-conceito”
• “medir a maneira de ser habitual do
indivíduo e não o estado em que
transitoriamente se encontre”
ICAC (Inventário Clínico de Auto-Conceito)
(A. Vaz Serra, 1985)
. Questionário de auto-avaliação, unidimensional,
de tipo Likert, constituído por 20 questões (75
questões iniciais)
Os itens cotam-se de 1 a 5 (isto é, 1, 2, 3, 4, 5)
com excepção dos itens 3, 12, 18, que se cotam
de modo inverso, isto é, de 5 a 1 (5, 4, 3, 2, 1),
atendendo à sua formulação.
A pontuação varia entre 20 e 100.
ICAC (Inventário Clínico de Auto-Conceito)
(A. Vaz Serra, 1985)
Aplicável a partir dos 15 anos (sendo os 20-39
anos a faixa etária mais representada na amostra)

Dados normativos (Média; desvio-padrão;


intervalo normativo/de normalidade)

Global (72.1; 7.2; 64.9-79.3); Mulheres (72.1; 7.8;


64.2-79.9); Homens (72.2; 8.1; 64.1-80.4).
ICAC (Inventário Clínico de Auto-Conceito)
(A. Vaz Serra, 1985)

Factores:
F1- “aceitação/rejeição social”
F2- “auto-eficácia”
F3- “maturidade psicológica”
F4- “impulsividade-actividade”
[F5 e F6- são factores mistos]
Escala de Auto-Conceito Piers-Harris para
crianças ( Piers, 1969, 1988;
estudos port., Veiga, 1989/1990)
No original, 80 questões, escala de resposta Sim/Não

Factores:
F1- “comportamento”
F2- “estatuto intelectual e escolar”
F3- “aparência e atributos físicos”
F4- “ansiedade”
F5- “popularidade”
F6- “satisfação e felicidade”
IRP (Inventário de Resolução de Problemas)
( Vaz Serra, 1987)
Coping
“Liga-se aos mecanismos que o indivíduo utiliza para
lidar com uma situação indutora de stress”
“esforços cognitivos e de conduta que os indivíduos
utilizam em circunstâncias específicas indutoras de
stress, susceptíveis de se prolongarem no tempo e
terem repercussões inter-pessoais”

Remete para:
Recursos
Comportamentos de coping
IRP (Inventário de Resolução de Problemas)
( Vaz Serra, 1987)

Objectivos
• “medir estratégias de coping que o
indivíduo utiliza usualmente para lidar com
problemas da sua vida/ dia-a-dia”
• maneira usual de (re)agir

[a partir da apresentação de três situações


diferentes: de ameaça, de dano e de desafio]
IRP (Inventário de Resolução de Problemas)
( Vaz Serra, 1987)

O inventário inclui questões relacionadas com


o confronto activo dos problemas; o
controlo perceptivo do significado da
situação ou das suas consequências; o
pedido de auxílio a familiares e amigos;
com mecanismos redutores do estado de
tensão emocional; e com determinadas
características da personalidade.
IRP (Inventário de Resolução de Problemas)
( Vaz Serra, 1987)

. Questionário de auto-avaliação, unidimensional,


de tipo Likert, constituído por 40 questões (85
questões iniciais)
Alguns itens cotam-se de 1 a 5 (isto é, 1, 2, 3, 4,
5); alguns itens cotam-se de modo inverso, isto
é, de 5 a 1 (5, 4, 3, 2, 1), atendendo à sua
formulação.
O valor global pode oscilar entre 40 e 200.
IRP (Inventário de Resolução de Problemas)
( Vaz Serra, 1987)

Dados normativos (Média; desvio-padrão;


intervalo de normalidade)
Global (153.8; 16.4; 170.2-137.4)

[ver também, resultados por variável género-


global e factores]
IRP (Inventário de Resolução de Problemas)
( Vaz Serra, 1987)
Factores:
F1- “pedido de ajuda”
F2- “confronto e resolução activa dos problemas”
F3- “abandono passivo perante a situação”
F4- “controlo interno/externo dos problemas”
F5- “estratégias de controlo das emoções”
F6- “atitude activa de não interferência na vida quotidiana
pelas ocorrências”
F7- “agressividade internalizada/externalizada”
F8- “auto-responsabilização e medo das consequências”
F9- “confronto com os problemas e planificação de
estratégias”
IRP (Inventário de Resolução de Problemas)
( Vaz Serra, 1987)
Os estudos revelam que um indivíduo com estratégias de
coping adequadas:
- Costuma sentir que tem bom controlo das situações com
que se depara
- É pouco propenso a pedir ajuda
- Gosta de confrontar e resolver activamente os problemas
- Utiliza mecanismos redutores de estados de tensão que não
são lesivos para a sua saúde/pessoa
- Não permite que a sua vida quotidiana seja interferida
pelos acontecimentos indutores de stress
- Não tem tendência a deixar-se responsabilizar pelas
consequências negativas das ocorrências
Bibliografia
Castro Fonseca, A. (1992). Uma escala de ansiedade para crianças e
adolescentes: “O que eu penso e o que eu sinto”. Rev. Port.
Pedagogia, 26 (1), 141-155.
Dias, P., & Gonçalves, M. (1999). Avaliação da ansiedade e da depressão
em crianças e adolescentes (STAIC-C2, CMAS-R, FSSC-R e CDI):
Estudo normativo para a população portuguesa. In A. P. Soares, S.
Araújo, & S. Caires (Orgs.), Avaliação Psicológica: Formas e
Contextos (Vol. VI; pp. 553-564). Braga: Assoc. Psicólogos
Portugueses.
Silva, D. (2003). Inventário de Estado-Traço de Ansiedade. In Miguel M.
Gonçalves, Mário R. Simões, Leandro S. Almeida, & Carla Machado
(Coords.), Avaliação Psicológica: Instrumentos validados para a
população portuguesa (Vol. I; pp. 45-63). Coimbra: Quarteto.
Vaz Serra, A. (1995a). Inventário Clínico de Auto-Conceito. In Leandro
S. Almeida, Mário R. Simões, & Miguel M. Gonçalves (Eds.), Provas
Psicológicas em Portugal (pp. 151-163). Braga: Associação dos
Psicólogos Portugueses.
Bibliografia (cont)

Vaz Serra, A. (1995b). Inventário de Resolução de Problemas. In Leandro


S. Almeida, Mário R. Simões, & Miguel M. Gonçalves (Eds.), Provas
Psicológicas em Portugal (pp. 165-179). Braga: Associação dos
Psicólogos Portugueses.
Vaz Serra, A. (1987). Um estudo sobre coping: O Inventário de
Resolução de Problemas. Psiquiatria Clínica, 9, 301-316.
Vaz Serra, A. (1986). O Inventário Clínico de Auto-Conceito. Psiquiatria
Clínica, 7, 67-84.
Veiga, F. H. (1989). Escala de Auto-Conceito: Adaptação portuguesa do
«Piers-Harris Children’s Self- Concept Scale». Psicologia, 7(3), 275-
284.

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