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VIVER E MORRER: RITOS DE PASSAGEM ENTRE MESOPOTÂMICOS,

EGÍPCIOS, GREGOS E JAPONESES


(Atividades, 2012)

Jônatas Ferreira de Lima – UFRN – História


SEMINÁRIO DE HISTÓRIA ANTIGA E MEDIEVAL II
Orientador(a): Drª Márcia Vasques

MESOPOTÂMICOS

1) Inanna caminhou para o mundo inferior,


O seu vizir Ninshubur seguia a seu lado,
A pura Inanna diz para Ninshubur:
‹Ó tu que és meu apoio constante,
Meu vizir das palavras favoráveis,
Meu cavaleiro das palavras verdadeiras,
Estou descendo ao mundo inferior...› (KRAMER, S. N. p.. 182)

a) Quem é Inanna na mitologia da Suméria?

Segundo Kramer (1956, p. 178-179) muitos povos antigos possuíam uma deidade
especifica para o “amor”. Geralmente era atribuída uma característica física feminina ao deus.
Como exemplo o autor menciona Venus, Afrodite e Ishtar. Todas elas são belas garotas ou
mulheres, eternamente jovens que mexem com o coração dos homens e das mulheres. Na
Suméria tal divindade é chamada pelo nome de Inanna. Além de “deusa do amor” era a
“rainha do Céu”, sendo casada com Dumuzi (ou Tammuz) o deus dos pastores.

b) Baseando-se nos textos trabalhados até o momento, discorra acerca dos


problemas que a descida de Inanna até os infernos poderia causar.

Sendo uma deusa poderosa, “senhora do Céu”, Inanna não se satisfaz somente com
este poder. Ela deseja também os domínios de sua irmã mais velha, a deusa da “morte e da
tristeza”, chamada pelo nome de Ereshkigal. Sua irmã é sua pior inimiga. A deusa Inanna fez
um acordo com seu vizir Ninshubur, para que este pedisse a ajuda dos outros deuses da
Suméria a fim de resgatá-la do Inferno, caso não retornasse em três dias. Então, ao chegar
diante de sua irmã e dos Anunnaki, após alguns desafios que a fizeram chegar despida, a
deusa Inanna morre. Três dias depois o seu vizir vai às cidades convencer os deuses e somente
Enki coopera com a situação. Após a ressurreição de Inanna, esta agora, está sob uma regra
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dos Infernos, o “país de onde não se regressa”: ela precisa trocar de lugar com algum deus
vivo para retornar. Vigiada por demônios Inanna sai para Terra em busca desse “sortudo” que
a substituirá no Inferno. Em suma, foi seu marido Dumuzi, o deus dos pastores, o escolhido,
uma vez que não demonstrou “temor” diante do fato de Inanna está sumida. Isso a irritou e os
demônios capturaram Dumuzi. Assustado o deus dos pastores clama pelo irmão de Inanna, o
deus do sol Utu.
Bem, neste ponto o autor Kramer atenta para o fato de haver um problema nos textos,
um tipo de interrupção. Mas segundo ele, por outras fontes que mostram Dumuzi um deus do
Inferno, conclui-se que a tal “suplica” não deu certo e os demônios o levaram para o “Grande
Inferior”.
Que problemas essa descida aos infernos poderia causar: problemas com os deuses?
Acredito que sim, pois cada deus possuía seu domínio (alguns lidavam com mais de uma
questão). Essa descida agitou o mundo dos deuses uma vez que Inanna morreu. Um deus
morreu. Esse deus ressuscitou pela “morte de outro” e isso tornou Dumuzi um deus do
submundo; problemas com o imaginário dos homens? Sim, pois o mundo terreno era
constantemente ameaçado (ou beneficiado) pelas ações divinas, ou seja, por exemplo,
espíritos que poderiam sair do inferno, devoradores de carne humana. Não é algo para se
achar graça. Principalmente por isso ser uma ameaça de uma deusa gananciosa; problemas
com a ideia de morte? Podemos dizer que sim. Afinal, é mesmo possível ressuscitar do “país
de onde não se regressa”? É possível um mero humano não morrer? Os deuses morrem? Um
homem poderia fazer frente a um deus? Enfim, todos esses questionamentos podem ser
aplicados após a leitura dessa descida aos infernos, pois nada mais é que um choque com
outras visões de morte dos sumerianos. Assim comenta Bottéro sobre essa questão: “[...] trata-
se, uma vez mais, de uma contradição, um ilogismo da mitologia, que explorava
alternadamente os diversos aspectos da morte e do destino dos mortos.” (BOTTÉRO, 2011, p.
106).

2) A partir da leitura dos três textos dessa segunda unidade, responda:

a) Como se caracterizava o mundo inferior dos mesopotâmicos?

Enumeremos algumas características desse “mundo inferior”: 1) era também chamado


de o “país de onde não se regressa” (KRAMER, p. 179) ou o “país sem retorno” (BOTTÉRO,
2011, p. 95) dentre outros apelidos; 2) esse mundo era domínio da deusa Ereshkigal
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(KRAMER, p. 179) que em outras literaturas aparece com um esposo chamado Nergal
(BOTTÉRO, loc. cit.); 3) é o destino de todos os homens após a morte (BOTTÉRO, Ibid, p.
90-91); 4) possuía sete juízes, chamados de Annunaki (BOTTÉRO, 2004, p. 322); 5) durante
a noite o deus do sol Shamash frequentava os domínios do submundo (BOTTÉRO, loc. cit.);
6) possuía um “porteiro” chamado Nedu (BOTTÉRO, loc. cit.).
Contudo essas características podem vir a ser contraditórias, como por exemplo, no
caso de um “país sem retorno”, como os mortos podem agir no mundo dos vivos?
(BOTTÉRO, 2004, p. 332) E eles agiam.

b) Enumere algumas atitudes dos vivos que poderiam contribuir para abrandar a
estadia dos mortos no inferno mesopotâmico.

Destaquemos alguns:

(BOTTÉRO, 2004, p. 329).

1) Chorar e enterrar segundo os ritos (colocá-los em terra para que possam estar em
condições de alcançar seu lugar supremo, seu lugar de sonho, sua residência de paz, de
repouso, sua morada eterna); 2) Sepultar o morto (o não cumprimento deste rito era passivo
de pena para o transgressor);
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(BOTTÉRO, 2004, p. 330).

3) As tumbas são individuais; 4) O morto deve ser enterrado com alguns objetos que o
pertenciam em vida (vasilhas, adornos, utensílios de trabalho, de guerra de jogos), pois
acreditava-se que se poderia precisar deles no outro mundo.
Entendo que, um enterro digno, em terra, individual, com alguns objetos que me
pertenceram em vida, me possibilitaria uma boa passagem para um bom descanso no Além.
Chamaria a triste morte de a “hora do descanso”, de o “sono da paz” e o “país sem retorno” de
“residência eterna” e ai daqueles que não me sepultem. Serão punidos. Após, não perturbem
minha sepultura nem meu nome, não gosto da ideia de me tornar fantasma.

c) O que Jean Bottéro nos diz acerca da ideia de julgamento no inferno


mesopotâmico?

Não estou conseguindo identificar a ideia de julgamento infernal mencionado por


Bottéro. Mas encontrei algumas coisas na Internet:

Nergal é aquele que tudo queima, o destruidor, pois esta é sua última limitação. Quando
uma pessoa morre, ela irá, se tiver medo, queimar nas chamas de seu terror. Ela irá ser
devorada pelos cães de seus desejos não satisfeitos, cortada em pedaços por sua culpa,
até que todo este indivíduo seja purificado, e um pouco, apenas um pouco de metal, que
pode ser ouro, ou cobre ou mercúrio, prata ou até mesmo chumbo, seja encontrado. Este
teste acontece a cada vez que se respira: a cada respiração, as pessoas morrem e
renascem, e portanto, a cada dia as pessoas nascem ao nascer do dia e morrem ao
adormecer, e no sono, o gosto da morte pode ser sentido nos sonhos do que não
realizados durante o dia. Aqui, na Mansão dos Mortos, esta pessoa deverá ser um herói,
caminhando sem medo pela terra de seu próprio Mundo Subterrâneo, zombada pelas leis
que desprezou ou se rebelou contra. Esta pessoa deverá encontrar os demônios que ela
mesma criou, deve lutar as batalhas que ocorreram dentro de si mesma a cada dia. Isto é
justiça: entre cada respiração, ele deverá ver o julgamento que será passado por sobre
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ele. Apenas coragem e perseverance na verdade e na visão interior são as armas desta
pessoa lá.
(DAVIES, Wilfred; ZUR, G. The Phoenician Letters. Manchester: Mowat
Publishing,1979. p. 45.
Disponível em: <http://www.angelfire.com/me/babiloniabrasil/eternal.html>. Acesso
em: 15 nov. 2012.).

Além desta citação, o Wikipédia, sobre “História da Mesopotâmia” em português,


destaca o seguinte acerca do julgamento no pós-morte mesopotâmico: “Não existia concepção
de julgamento pós-morte entre os mesopotâmicos. Acreditava-se que o "espírito" dos mortos
atravessava um rio até o "sombrio" mundo dos mortos, onde permaneceria pela eternidade.”
Enfim, não conheço o suficiente para dar algum crédito à estas citações. No entanto a
palavra “julgamento”, não é fácil de ser lida nos dois textos de Bottéro referidos abaixo. Por
outro lado, se comentar as duas citações feitas, poderia dizer que há uma contradição. Nergal,
esposo de Ereshkigal, é aquele que “queima” os mortos e estes passam por uma série de
provações até que encontrem “seus demônios”, os enfrentem com coragem e passem pelo
“julgamento”. Bem diferente do mundo “monótono” de descanso e paz prometido. E isso é
contraditório com o dizer que aparece no Wikipédia, no qual se afirma não existir
“julgamento pós-morte” entre os mesopotâmicos. O autor Bottéro, sempre está questionando
essas contradições. Ora se diz não retornar, ora diz interagir com os vivos, afinal, os mortos
retornam em formas espirituais e intercedem até pelos vivos. Seja qual for a ideia de
julgamento, acredito que ela é bem diferente dos egípcios que claramente estão preocupados
com o julgamento de Osíris. No mais os mesopotâmicos se preocupam em ter uma boa
passagem para o mundo dos mortos e não está clara sua preocupação com algum julgamento
pós-morte.

Referências

BOTTÉRO, J. Mesopotamia. La escritura, la razón y los dioses. Traducción José Luis Rozas
Lopes. Madrid: Cátedra, 2004. La mitologia de la muerte. p. 315-337.

BOTTÉRO, Jean. No começo eram os deuses. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

KRAMER, S. A história começa na Suméria. Portugal: Publicações Europa-América, 1956.


Cap. XIV - O Inferno: a primeira narrativa da ressurreição. p. 177-190.
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EGÍPCIOS

01) Apoiando-se nas leituras dos dois textos referenciados abaixo, faça um
comentário sobre as relações entre os vivos e os mortos na sociedade egípcia. Dê exemplos
dessas relações se utilizando das fontes egípcias presentes nos dois textos.

Selecionei alguns apontamentos de Pierre Montet acerca do tema (MONTET, 1989,


pp. 311-312; 315; 323; 328):

Nesta primeira seleção (p. 311), notemos que assim como muitos homens, em
qualquer época, o fato da “morte” era entendido como algo não necessariamente atrativo. No
seu estado saudável, o ser humano não quer deixar de existir, não deseja que seu nome seja
esquecido, ou mesmo não quer deixá-lo sem ter construído algo para ficar aos vivos. A
angústia do homem egípcio o fez suplicar pelo afastamento da morte, esta que não leva em
conta a idade, o status social, enfim, tudo que está vivo, ou lhe é atribuído vida, morrerá,
deixará de existir.
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Nesta segunda (p. 311-312), temos o argumento de conforto junto ao imaginário do


Além. Semelhante ao sono, a experiência levou-os a entender a morte como um descanso, de
certa forma, um estado em que não há mais luta pela vida, isto é, dívidas, brigas, discussões
acaloradas, afazeres domésticos e provavelmente a servidão, não são elementos que se
encontram no outro mundo. No entanto, esse imaginário do Além influencia o cotidiano dos
vivos. Não se vive sem levar em conta que deixará este mundo. E para onde se vai? Olhando,
parece um sono inabalável. Nenhum deles, que agora dormem, retornou para revelar o destino
dos defuntos. Deu-se crédito ao imaginário do Além, e construíram tumbas para os que
fossem dignos de ter uma vida após a morte. Os governantes são divindades ao mesmo tempo
em que são submissos aos seus poderes. Na tumba se reproduz uma cena do cotidiano, para
que esta sustente o status do rei no Além; seus servos terão a honra de o servirem no outro
mundo, pois são sepultados com ele. O imaginário do Além os leva a verem o próprio Egito
(idealizado) como esse mundo dos defuntos. Apesar das incertezas mediante o morto, o
imaginário tornou-se tão presente no cotidiano que não se questionava essa realidade paralela,
pois fazia parte dos ofícios sacerdotais, das pinturas, da ciência dos astros, da agricultura, da
política de governo, das cheias e secas do Nilo, da distinção entre Oriente (nascer) e Ocidente
(morrer). O “desconhecimento” do outro mundo foi perdendo força diante do “imaginário
vivido”, ou seja, tornado real pelo homem egípcio.

Nesta terceira (p. 315), o ser humano egípcio, levando em consideração que é
inevitável a partida para o outro mundo, questiona a existência ou não de punições por
“pecados” cometidos durante a vida. Independente de quais sejam esses pecados ou para
quem está se pecando, o egípcio deseja a todo o custo passar pelo tribunal dos mortos. Ou
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seja, que seu coração seja pesado e liberado por Osíris. Para livrar o coração da condenação,
precisava-se em vida estar limpo e para isso acreditou-se que, se pronunciar via escrita a
negação dos “erros”, um tipo de magia, provavelmente, sendo esta dotada de convicção, estar-
se-ia livre do(s) pecado(s). A “morte” era tão visada na vida dos homens egípcios, que Osíris
era a deidade mais falada no cotidiano, também por ser o deus do espaço agrário. Osíris era a
base para o imaginário da ressurreição. Esta era a palavra mais consoladora que poderia
existir, para aquele que gostaria de continuar vivendo no Egito.

Nesta quarta seleção (p. 323), os homens racionalizaram uma eternidade paralela ao
imaginário dos mortos e da ressurreição: o legado que se deixaria para os filhos. Voltamos
aquele primeiro medo da morte: quem pronunciará meu nome e meus feitos aos povos, ou
num grau menor, aos meus vizinhos, após minha morte? A importância dos filhos em
primeiro lugar, e dos pupilos em segundo, gira entorno da continuidade da profissão, das
ideias, dos ensinamentos, dos feitos, da memória, ou seja, é um recurso que eterniza o
individuo mesmo não existindo no espaço social. Para aqueles, como os governantes (faraós),
uma imagem que os representam também dá, ao mesmo, um caráter eterno e de juventude, já
que não há representações (pinturas) de idosos no Egito. Os filhos (a prole), na lógica, são os
primeiros pupilos de um animal. Como ser que torna racional o cotidiano, o homem pensou
da mesma forma, e o primeiro sinal dessa prática era o ensino dos ofícios aos filhos. Ofícios
que seguem uma linhagem, geralmente paterna. O sacerdote herda os ofícios de seu pai que
era sacerdote e na mesma lógica a linhagem “divina” do faraó, no qual o filho mais apto
(geralmente o primogênito) herdaria o governo. Trata-se de um jogo de heranças.
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Nesta última seleção (p. 328), temos o pranto diante da perda de um ente querido, ou
não. Contudo sendo você legitimado pelos seus próximos (não necessariamente pela família)
como um “grande homem”, estaria garantida a sua eternidade, esta, comprovada nas citações
ao seu nome feitas pelas gerações seguintes. Ao prantear pelo ente falecido, era lícito
desabafar os sentimentos, caso ainda achasse pouco, poder-se-ia contratar profissionais do
pranto (os carpideiros), pensamos até que se forem mais carpideiras (mulheres) seria mais
marcante o funeral. Mas prantear não se limitaria apenas aos gritos, lágrimas, faces de bocas
tortas e lábios tremulantes, rostos vermelhos e constantemente corpos caindo de joelhos sobre
o chão empoeirado, mas alem dessas reações “naturais” do corpo, havia as simbólicas. O
impacto do enterro não estava apenas nas reações naturais, mas também nas que
caracterizavam o sentimento de passagem do defunto ao outro mundo: o rasgar das vestes era
uma dessas simbologias; o jogar lama nos rostos também; no caso das mulheres carpideiras, o
mostrar dos seios, agitados pelo balançar dos braços bem como o bater das mãos na cabeça.
Mas nem tudo era visto como uma “histeria”, pois nem todos se davam aos prantos e alguns
acompanhavam o enterro recitando os méritos do defunto, destacando sua importância e o
respeito que os vivos estão lhe prestando, comprovando este ser um “grande homem” que
agora segue ao Ocidente: a terra dos mortos.
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No geral, o autor apresenta muitas outras questões que podem ser apresentadas como
exemplo da relação dos homens egípcios com seus mortos; como a questão do enterro do
defunto com seus pertences e até as oferendas de comida feita nos enterros, mas foram estas
acima que optei por destacar.
Na sequência, temos o autor Sergio Donadoni. Da mesma forma, selecionaremos
algumas passagens de seu texto para serem comentadas (DONADONI, 1994, p. 218-219;
232):

Nesta seleção (p. 218), percebemos a ideia de vida eterna. Mesmo a visão de um corpo
morto não causa impressão suficiente para abalar a crença de vida que esse defunto agora
vive. Independente da crença funerária dos egípcios, a “memória” aparece mais uma vez
como elemento “eternizador” de um homem falecido.

Nesta segunda (p. 218), observemos como a morte não é ruptura, mas uma
continuação do viver. O Estado de Morte, na verdade, é de Vida. Após a morte, passando pelo
tribunal de Osíris, será possível viver realmente uma vida digna, coisa não muito fácil no
mundo anterior. Um mundo sem secas, trabalhos forçados, sem cansaço, campos sempre
prontos para colheita, servos sempre a disposição do senhor. Recebendo oferenda dos vivos
para que estes também desfrutem de um bom lugar no outro mundo.
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Já nesta seleção (p. 219), a angústia da incerteza diante do morto aperta o coração do
homem egípcio. Todas as coisas da vida perecem, se desmancham, e não é diferente com o
homem. Lamentar não vai livrar o ser vivo da morte. Nem os mortos retornam para avisar os
vivos sobre a existência de um Além “utópico”. A morte é um temor a ser vencido pela magia
funerária. Quem se beneficiará desta? Faraós, sacerdotes, governadores, ricos, pobres? Quem
puder pagar. Quem puder oferecer. Os vivos dão vida aos mortos e este ciclo continua e
continua.

Nesta última (p. 232), apesar de ser no Egito ptolomaico, identificamos a prática de
assistência aos vivos que ficam diante da perda de um ente. Um reconhecimento da dor da
perda. Uma preocupação de vivos para vivos. Depois de muitos séculos, seria um Egito que
entrava numa etapa de reformulação do entendimento do “pós-morte”? Um desejo pela vida
eterna, agora abalada por um crédito crescente à incerteza? Até que ponto os helenos
influenciaram os egípcios? No entanto a oferenda aos vivos, diante da morte, e nem tanto
mais aos mortos, parece ganhar mais força nesse período.
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02) Comparando com o que fora estudado acerca da sociedade mesopotâmica, o


post-mortem egípcio é “melhor” ou “pior”? Por quê?

Segundo as leituras em Kramer, Bottéro e Potts que trabalham com mesopotâmicos,


“morrer” para estes, não era algo tão quisto como era com egípcios, de acordo com Donadoni,
Monet e os autores das dissertações. Acredito que os títulos dados ao outro mundo resumem a
ideia: “país sem retorno, sem regresso, sem volta” para os mesopotâmicos e “Vai para que
regresses, [...] Morres para que vivas” segundo os textos egípcios. Morte, para homens
sumerianos, significava o fim e nem sempre o mundo do Além era um lugar entendido como
de descanso ou agradável. Era muito mais um mundo de escuridão, solidão. Viver era mais
importante para mesopotâmicos e viver bem, com coração alegre. Por outro lado, os egípcios
desejavam uma vida melhor e nada mais adequado do que lançá-la para o Além. O Além no
Egito era sim a verdadeira vida, ideal tanto para o faraó quanto para o súdito. Diante dessa
concepção, é melhor morrer egípcio, mas ter vivido como mesopotâmico.

Referências

DONADONI, Sergio. O morto. In: ______. O homem egípcio. Lisboa: Editorial Presença,
1994.

MONTET, Pierre. O Egito no tempo de Ramsés. São Paulo: Círculo do Livro/Cia das
Letras, 1989. Cap. XII. Os funerais.
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GREGOS ou HELENOS

1) Identifique e reescreva o que Jean-Pierre Vernant caracteriza como “bela


morte”. Em seguida, aponte argumentos presentes na “Ilíada” e na “Odisseia” que mostrem o
que é a bela morte ou o seu oposto.

Segundo Vernant, existem dois modos distintos para se viver e morrer no mundo
homérico. O personagem que exemplifica bem esse dilema é Aquiles. Para ele haveria duas
opções de vida e morte: a primeira é aquela desejada por qualquer guerreiro, isto é, que seu
nome seja cantado pelas gerações futuras, mas para isso ir-se-ia viver pouco, morrendo em
batalha ainda jovem; a segunda, que sua vida seria longa, até a velhice, e seu nome não
chegaria nem do outro lado da cidade. Qual seria então a “bela morte”? Para um guerreiro
como Aquiles, na Ilíada, com certeza o destino o encaminhava para a primeira. A segunda
opção não caiu bem aos olhos dos gregos, mas, obviamente, um povo guerreiro não veria com
bons olhos uma vida acomodada na simplicidade, ou mesmo na riqueza, e na longevidade de
dias. A morte em batalha é a mais bela para um guerreiro, mas se este não construiu seu nome
nas vitórias, de que servirá essa morte? Nem todos os guerreiros eram como um “Aquiles” e
não passavam, muitas vezes, de mais um que caia como mosca no campo de batalha. Mas,
para um guerreiro, o simples fato de morrer em seu ofício, era glória suficiente para seu nome,
ou o nome de sua nação.
Vejamos nas obras homéricas estes argumentos discutidos acima:
Na Odisséia, Tirésias, que se encontrava no submundo, fala a Ulisses, companheiro de
Aquiles na guerra de Tróia, na Ilíada: “Quanto a ti, a mais suave das mortes te sobrevirá,
longe do mar: ela te arrebatará quando te sentires enfraquecido por uma velhice opulenta,
rodeado de povos afortunados. Esta a verdade que te predigo.” Ulisses (Odisseu), o rei de
Ítaca, um guerreiro e navegador, seria privado da “bela morte” e viveria uma “velhice
opulenta”, de riquezas, e então, morreria. Mesmo que seu nome fosse imortalizado como
herói grego, aquela morte tão desejada no campo de batalha, não foi conquistada, diferente de
seu companheiro Aquiles. No submundo Ulisses encontra Aquiles e comenta: “[...] Aquiles,
ninguém até hoje foi mais feliz do que tu, nem o será porvir. Outrora, enquanto vivias, nós
[...] te honrávamos como a um deus; agora, que estás aqui, reinas sobre os mortos; por isso,
não deves afligir-te por haver morrido.” Na lógica de Ulisses e dos guerreiros ainda vivos,
inclusive na de Aquiles, aquele que sofre a bela morte tem a honra de ser imortalizado dentre
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os vivos e rei no submundo, e não haveria coisa melhor para um guerreiro e nem a morte seria
uma aflição. Mas, até para Aquiles, aquele que carregava consigo o ideal de guerreiro e foi
abençoado com a bela morte, a “vida” no submundo não significava nada e não era glória
alguma vive-la. É dito pelo próprio Aquiles a Ulisses: “não tentes consolar-me a respeito da
morte; preferia trabalhar, como servo da gleba, às ordens de outrem, [...] do que reinar sobre
mortos, que já nada são!”.
Na Ilíada, por sua vez, vemos que para que o guerreiro seja honrado com a bela morte,
é necessário não ultrajá-la, possuindo um enterramento digno. Aquele guerreiro abatido em
combate, que foi despedaçado, ou estraçalhado por feras, cujos restos foram abandonados (e
comido por bestas ou rapineiras), e nem sequer foram queimados, se arrisca a não possuir
glória alguma, nem dentre os vivos, cujo nome nem será lembrado, muito menos no Hades,
pois nem o portão da morte alcançará. Esse é o risco corrido por aqueles que almejam a “bela
morte” do guerreiro. A punição que Aquiles gostaria de atribuir ao guerreiro Heitor de Tróia,
arrastando seu corpo com cavalos, após tê-lo derrotado, privando-o de um funeral adequado,
seria um exemplo de um risco corrido pelo guerreiro em batalha. A posterior, o pai de Heitor
convence Aquiles e aquele consegue enterrar seu filho para que este seja digno de uma bela
morte, como um grande guerreiro.

Referências

HOMERO. Ilíada. Ediouro (Clássicos de Bolso).

HOMERO. Odisseia. São Paulo: Ed. Abril, 1978.

VERNANT, J. P. A bela morte e o cadáver ultrajado.

Disponível em: http://historia-ufrn.blogspot.com/2009/05/bela-morte-e-o-cadaver-


ultrajado.html
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GRÉCIA/ROMA

Leia as duas sentenças abaixo:


1) “A doutrina da transmigração pressupõe que nos seres vivos, tanto nos homens como
nos animais, exista algo individual e constante, um Eu que preserva a sua identidade
por força da sua própria essência, independentemente do corpo que perece
(BURKERT, 1993, p. 570)”.

Na Eneida, Sibila responde a uma pergunta de Eneias:


2) “[...] Não lhe é permitido [à Caronte, o barqueiro] transportar os mortos para as
margens horríveis por cima das roucas ondas, antes que seus ossos tenham encontrado
a paz no túmulo. Durante cem anos as almas erram e volitam ao longo dessas margens.
Somente então, tendo sido admitidas, vêem por sua vez os marnéis tão desejados”
(VIRGÍLIO, Eneida, canto VI, 1994, p. 126).

Questão a): Procure em livros, dicionários ou pela internet, uma boa definição para o
termo “transmigração”.

Transmigração (das almas), às vezes chamada de metempsicose, é baseada na idéia


de que uma alma pode passar de um corpo e residir em outro (humano ou animal) ou em um
objeto inanimado. Essa idéia aparece de várias formas em culturas tribais em muitas partes do
mundo (por exemplo: África, Madagascar, Oceania e América do Sul). A noção era familiar
na Grécia Antiga, notável no orfismo, e foi adotada em uma forma filosófica de Platão e dos
pitagóricos. A crença possui alguns significados para os gnósticos e algumas vertentes ocultas
do cristianismo e judaísmo e foi introduzida no pensamento renascentista através da
recuperação dos livros Herméticos.1

1
Disponível em: <http://www.mb-soft.com/believe/tto/transmig.htm>. Acesso em: 7 dez. 2012. Baseado nas
seguintes obras: HEAD, J. (Ed.) Reencarnação no mundo do pensamento de 1967 e HOLZER, A.W. Born Again
de 1970.
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Questão b): Depois de entendido e referenciado o termo, cite, pelo menos, uma passagem
da obra – “Eneida” – na qual a ideia de transmigração apareça. Justifique sua resposta
através da transcrição da citação e da explicação da mesma.

“Cada um de nós sofre os seus Manes; a seguir somos enviados para o amplo Elísio,
cujas ridentes campinas em número pequeno nós ocupamos. Finalmente, depois que um
longo dia, volvido o círculo dos tempos, apagou a mancha profunda e purificou a
origem celeste, faísca do sopro primitivo; quando todas essas almas viram rodar a roda
durante mil anos, o deus os chama em longas filas para as bordas do rio Letes, a fim de
que esqueçam o passado e tornem a ver as abóbadas do alto, e comecem a querer voltar
para corpos (VIRGÍLIO, p. 135).”

Segundo nossa citação, o termo transmigração, significa basicamente, remeter à “idéia


de que uma alma pode passar de um corpo e residir em outro (humano ou animal) ou em um
objeto inanimado.” Relendo a passagem acima da narrativa de Virgílio, destaquemos os
pontos que embasam tal conceito: referindo-se à alma (Manes, “deus” familiar, refere-se aos
antepassados), ela é enviada ao Elísio. Por um tempo, a alma permanece se purificando da
sujeira que a vida acarreta, até que ela retorne para a sua forma celeste, pura, como era no
principio (primitivo). Esse “tempo”, semelhante a uma roda, dura mil anos. Passado esse
período, as almas são chamadas pelo deus que às ordena em fila, nas bordas do rio Letes, para
que ao tomarem de sua fonte, esqueçam de seu passado e anseiem pelo desejo de voltar a
habitar em corpos. Esse pensamento é chamado de orfismo, uma vez que na mitologia, Orfeu
desceu até Hades e retornou, logo, se ele retornou, agora seria capaz de orientar os vivos
acerca da vida no submundo, antes que se desça até lá. O orfismo é um dos cultos de mistério
oriundos da Grécia. Sobre o orfismo, Burkert (1993, p. 570) acrescenta: “os ‘órficos’ e os
‘báquicos’ coincidem nas suas preocupações com o funeral e a vida no além e, porventura,
também no que se refere ao mito do Dionísio Zagreu, enquanto os ‘órficos’ e os ‘pitagóricos’
revêem-se na doutrina da metempsicose e do ascetismo.” Nesta citação, destacamos a relação
dos órficos com a metempsicose, que como já mostramos na citação da questão “a”, é um tipo
de sinônimo para a crença ou doutrina, da transmigração de almas.

Referências
BURKERT, W. Religião grega na época clássica e arcaica. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1993.
VIRGÍLIO. Eneida. Tradução, textos introdutórios e notas de Tassilo Orpheu Spalding. São
Paulo: Círculo do livro, 1994.
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JAPONESES (FILME: A PARTIDA)

1) Relacione o comportamento diante da morte da sociedade japonesa (atual e tradicional)


com os textos trabalhados nesta unidade.

Selecionei algumas citações de autores que estudamos nesta unidade, apenas para
ilustrar a atividade ritual, aproximando o modelo ritual apresentado no filme “A Partida”, que
é japonês, ao que comentam os autores:

A morte não se relaciona simplesmente com um cadáver, com o fim de uma vida, mas
trata-se igualmente de uma nova condição, uma nova iniciação à vida eterna, ao reino
dos mortos (dependendo das crenças de cada grupo sobre o destino dos homens). Os
rituais de sepultamento igualmente simbolizam a separação do mundo dos vivos; estes
devem zelar pelo bom encaminhamento dos ritos segundo os costumes do grupo. O
não-cumprimento destas prescrições pode ocasionar resultados, como o destino da
alma que pode errar sobre a terra, ou ocasionar outros riscos para o mundo dos vivos
(RODOLPHO, 2004, p. 142).

Os ritos de sepultamento são necessários a fim de que o falecido possa ser aprovado e
acolhido pela comunidade dos mortos. Alguém que não seja enterrado de acordo com
o costume está arriscado a ter uma existência errante, sem descanso, vagando entre o
reino dos vivos e o dos mortos.
O significado de vários ritos de passagem se destaca nas comunidades cuja vida
religiosa dá muita importância ao culto aos ancestrais (GAADER, 2005, p. 32).

(DAMATTA, 1997, 151).

2) Por que o ritual funerário é importante? Quais aspectos do ritual funerário podem ser
observados no filme? Dê exemplos.

3) Analise o ciclo nascimento-morte-nascimento no filme. Dê exemplos.


Observe os seguintes aspectos:

* Tipos de oferendas depositadas ao morto;


* Comportamento em relação ao tratamento do corpo;
* Atitudes diante dos diferentes tipos de morte;
* As crenças no Além-túmulo.
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Certamente é melhor que haja um ritual do que a pura negação deles. Respondendo
tanto a questão 02 quanto a 03, segue abaixo uma estruturação que fiz de acordo com os
elementos que surgem no decorrer do filme, abordando esses elementos propostos por ambas
as questões e na linha dos estudos feitos na vigente unidade:

A PERSPECTIVA DE NASCIMENTO-MORTE-NASCIMENTO:

1. Existe um medo, popular, de se encontrar com o morto, talvez seja por isso, que o
acondicionador de corpos é bem pago;

2. Há uma preocupação com os mortos, principalmente se deixou de fazer algo para eles
(como estar presente num rito desses de passagem) – acredita-se numa relação
espiritual com o falecido;

3. Aparentemente tem-se um repudio à morte e aos os que trabalham com ela;

4. Um detalhe é que o corpo pode ser enterrado com um pertence que marcasse sua vida
e o jovem acondicionador (no filme) passa a inserir a participação de familiares no
ritual de passagem, quem sabe, para romper com os tabus das pessoas diante da morte,
sensibilizando-as.

RITUAL DE PRÉ-ACONDICIONAMENTO:

1. Antes dos acondicionadores chegarem o corpo permanece coberto e não pode ser visto
o rosto até a chegada deles;

2. No caso de corpo em putrefação: o corpo é mantido coberto até a chegada dos


acondicionadores – se descobre o defunto e carrega-o até o caixão.

OS QUE LIDAM COM A MORTE E O MORTO:

1. A agência, no filme, faz orientações (vídeo aulas) em DVD de seus serviços (não é
comercial);

2. Aqueles que trabalham no acondicionamento dos falecidos, não escolhem religião,


trabalham em função do morto apenas (no Japão);

3. As pessoas assistem ao trabalho dos acondicionadores, atentos, e até curiosos, pois


não é um trabalho comum, nem é divulgado, as pessoas parecem saber desse ritual,
apenas quando falece alguém;

4. Aqueles que trabalham com a morte, têm uma sensibilidade apurada para a questão – a
morte é apenas uma passagem, é deixar para trás este mundo e partir para um outro. A
morte é um portão. Muitos de seus servidores entendem-se como guardiões desse
portão – “até breve”, dizem.
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TRATAMENTO DO CORPO NO RITUAL DE PASSAGEM (ACONDICIONAMENTO):

1. Segundo o filme, as famílias acondicionavam o corpo, ao passar do tempo isso se


tornou atividade de agências funerárias (mercado de nicho);

2. Também, segundo o filme, no verão japonês o movimento funerário é mais baixo; as


funerárias contratam os acondicionadores;

3. O acondicionamento: 1º usa-se algodão para inserir o corpo e para limpeza (a limpeza


tira a fadiga, a dor e os desejos deste mundo) e representa o primeiro banho de um
novo nascimento – antigamente, uma cuba era usada para a limpeza, mas agora, por
razões de higiene é usado um pano esterilizado para limpeza do corpo; 2º no ritual de
vestir, para preservar a dignidade do falecido faz-se com que os familiares não vejam a
pele do defunto e são vestidos com o máximo cuidado; 3º uma vez que o defunto é
vestido, o rosto é barbeado antes que a maquiagem seja aplicada; os homens,
sobretudo, devido aos músculos contraídos e pele seca, parecem ter uma barba longa.
Portanto, “barbeamos com muito cuidado”. A pele do morto é extremamente frágil.
Ela pode se soltar com um simples toque, por isso deve-se proceder com a máxima
delicadeza; 4º Às vezes, é preciso inserir um tampão no ânus – um algodão é inserido
com uma pinça média até o final do reto, para evitar o vazamento de fluidos; 5º Para
preparar para a partida do morto, colocam-se meias;

4. Dois podem fazer o “acondicionamento” do falecido (um faz e o outro observa ou


auxilia);

5. Faz-se todo um procedimento “ritual” para que o corpo possa, então, ser posto no
caixão;

6. Existe um tratamento específico para homem e para mulher (tipos de maquiagens);

7. O corpo masculino é vestido numa “fralda”;

8. Caso o corpo esteja “branqueado” uma maquiagem é utilizada para colorar a pele
(fazer reviver um corpo frio é dar a ele beleza eterna. Isso tudo é feito com muita
tranquilidade, precisão e, sobretudo, com infinito afeto – participar do último adeus e
acompanhar o morto em sua viagem é sentir-se em uma sensação de paz e
extraordinária beleza: “opinião do jovem funcionário”;

9. O corpo é carregado (após ter sido vestido com roupas especiais) para o caixão; o
defunto é sempre colocado com suas mãos unidas sobre o ventre. Somente o rosto do
falecido é visível aos enlutados, uma reza é feita e o caixão é fechado (com algum
item de gosto do falecido dentro).

ESPAÇO DO VELÓRIO:

1. Numa casa em que seus moradores estão em luto, tem-se uma mensagem
comunicando tal estado (não há uma roupa especifica para luto, mas quando é velado
“oficialmente” usa-se costumeiramente, o preto, quando o caixão é cremado);
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2. No salão de “velório” há oferendas como tigelas de arroz, incensos e um pequeno


“sino” que marca o início da atividade ritual prestada;

3. No velório há oferenda de flores, velas, um altar;

4. As pessoas se ajoelham no recinto destinado ao velamento, e todos sempre


permanecem nesta posição até o final;

5. Os enlutados observam todo o trabalho dos acondicionadores (a colocação dos


algodões é ocultada dos que assistem);

6. Aparentemente aqueles (familiares) que velam o corpo não reprimem seus


sentimentos;

7. As pessoas dão muito respeito à atividade dos acondicionadores;

8. No entanto para aquelas que (ainda) não conhecem a atividade, há um preconceito e


tem-se vergonha daqueles que realizam a atividade de acondicionamento (tabus).

OS CAIXÕES:

1. Os caixões possuem uma janela que possibilita a visão do rosto do falecido;

2. Quanto mais se pode pagar por um caixão, mais este será ornamentado; (são feitos de
compensado e possuem acessórios de metal, no entanto os mais caros são feitos de
madeira maciça de cipestres;

3. Os caixões são queimados – cremação.

FILOSOFIAS:

1. Elementos do presente que retomam uma memória (como tocar um violoncelo no


filme), estão presentes na cultura japonesa;

2. Pedras: “pedra-carta”. Os antigos, antes da invenção da escrita procuravam uma pedra,


que expressasse seus sentimentos e a davam aos seus entes queridos, quem recebia a
pedra podia ler os sentimentos do outro pelo peso e textura. Por exemplo, uma pedra
lisa era sinal de um coração sereno; uma pedra áspera, de que a pessoa estava em
dificuldades.

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