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Um príncipe não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens
considerados bons, sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a
caridade, a fé, a humanidade, a religião. (...) O príncipe não precisa possuir todas as
qualidades (ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso), bastando que aparente possuí-
las. Um príncipe, se possível, não deve se afastar do bem, mas deve saber entrar para o
mal, se a isso estiver obrigado. (Adaptado de Nicolau Maquiavel. O Príncipe)
ABSOLUTISMO NA FRANÇA
O absolutismo vigorou na França entre os séculos XVI e XVIII, período conhecido como
Antigo Regime - ou Ancien Regime, para os franceses. Trata-se de uma longa fase da
história monárquica francesa, dominada em sua maior parte pela dinastia dos Bourbon.
A Guerra dos Cem Anos, conflito que opôs França e Inglaterra entre 1337 e 1453, contribuiu
para a consolidação do poder do monarca francês, na medida em que garantiu a
constituição de um exército permanente.
No final do século XIV, a França já havia se constituído também num amplo território
nacional, deixando para trás o passado feudal e as divisões que a caracterizaram ao longo
do período medieval. Ao mesmo tempo, as finanças tinham sido centralizadas, os impostos
estendidos à nação e a burocracia estatal, formada. Diante desse cenário, novos conflitos
militares - dessa vez contra a Espanha e a Áustria - contribuíram para fortalecer ainda mais
o poder do monarca.
Na transição do período medieval para o moderno, a dinastia que reinava na França era a
dos Valois. Foi sob o reinado dos Valois que a França viveu um dos momentos mais
importantes desse período: as chamadas guerras de religião, ocorridas ao longo do século
XVI, entre católicos e protestantes franceses - estes conhecidos como huguenotes.
Na segunda metade do século XVI sobe ao trono Henrique IV, que proclama o Édito de
Nantes, que liberou o protestantismo. Mas o rei é assassinado e seu herdeiro Luís XIII é
menor de idade. Assume o trono o seu tutor, o cardeal Richelieu, que limitou o poder político
dos protestantes e tornou a França a maior potência européia.
Fiel a esses princípios até sua morte, em 1642, Richelieu estabeleceu o
absolutismo na França. Para isso:
- expulsou a rainha-mãe da França, junto com outros parentes do rei.
- A desobediência às leis tornou-se crime de Estado;
- criou um corpo de intendentes, os inspetores reais, para vigiar a nobreza;
- os protestantes perderam as praças-fortes, os privilégios políticos e a liberdade de culto;
- fundou a Academia Francesa, estabeleceu a Imprensa Real e criou o Jardim Botânico.
- reorganizou o exército e construiu duas frotas, a do Mediterrâneo e a do oceano Atlântico;
- selou alianças com todos os rivais da França para derrotar os Habsburgos.
A França saiu vitoriosa da guerra, porém arruinada. Após a morte de Luís XIII, a
regente, Ana da Áustria, confiou o governo a um ex-colaborador de Richelieu, o cardeal
Mazarino. Para solucionar a situação financeira, Mazarino aumentou os impostos sobre as
fortunas e os nobres. Essas medidas provocaram forte reação. Os nobres se negaram a
pagar os impostos decretados, e o povo de Paris sitiou o Palácio Real do Louvre.
Esse movimento foi conhecido como as Frondas de Paris. A família real fugiu e
os protestos continuaram durante quatro anos.
Se a França serviu de inspiração a outros regimes absolutistas, o reinado de Luís XIV foi seu
tipo mais acabado. Também conhecido como Rei Sol, Luís XIV governou a França entre
1643 a 1715, período em que promoveu mudanças na economia, na política, no exército e
nos costumes franceses.
Nos primeiros anos de seu reinado, Luís XIV permaneceu sob a regência de sua mãe, a
rainha Ana de Áustria - viúva de Luís XIII, morto em maio de 1643.
Luís XIV assumiu o trono em 1651, aos 13 anos. De 1661 até o final de seu
reinado, governou sozinho a França, sem nomear um primeiro-ministro, como era o
costume. Exerceu de maneira centralizada suas prerrogativas reais, associando sua figura a
imagens míticas, como a do Sol.
Luís XIV foi um dos maiores exemplos de rei absolutista, não apenas pelo
grande poder que exerceu, mas por toda a organização político-social que construiu em
torno de si mesmo. Talvez por isso se explique a famosa frase atribuída a ele, e que tão bem
representa o espírito do absolutismo: L'État c'est moi - o Estado sou eu.
Ao mesmo tempo, o governo de Luís XIV realizou a ordenação das leis
francesas:
- criou o código civil e penal que serviu de base para o Código Napoleônico, promulgado no
início do século XIX;
- em 1685, revogou o Édito de Nantes e ordenou o fechamento dos templos protestantes na
França e expulsou os huguenotes do país. Mais de 500 mil huguenotes fugiram para a
Inglaterra, os Países Baixos e a Prússia;
- transferiu a corte para o Palácio de Versalhes, em 1682 para abrigar a nobreza fazendo
com que fique perto do rei e não se revolte. Mas envolveu o país em várias guerras com
atuações desastrosas.
Luís XV (1715-1774), também conhecido como Luís, o Bem Amado, foi o Rei da
França e Navarra de 1715 até sua morte. Ele sucedeu seu bisavô Luís XIV com apenas
cinco anos de idade.
Com a derrota na Guerra dosa Sete Anos contra a Inglaterra perdeu a maior parte de suas
colônias americanas e o rei caiu no descrédito de seus súditos, principiando os primeiros
movimentos em direção a deflagração da famosa revolução francesa (1789).
Durante quase todo seu reinado, manteve amantes que exerceram grande
influência no governo, como a marquesa de Vintimille e a célebre Marquesa de Pompadour.
Morreu vitimado pela varíola no mesmo palácio onde nasceu. Historicamente seu governo
também ficou marcado pelo grande desenvolvimento na arte decorativa, o famoso estilo Luis
XV.