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TEÓRICOS ABSOLUTISTAS

Nicolau Maquiavel (Florença, 1469 —


Florença, 1527) foi um historiador, poeta,
diplomata e músico italiano do
Renascimento. É reconhecido como
fundador do pensamento e da ciência
política moderna, pelo fato de ter escrito
sobre o Estado e o governo como realmente
são e não como deveriam ser. Os recentes
estudos do autor e da sua obra admitem que
seu pensamento foi mal interpretado
historicamente.

Pode-se afirmar que, O Príncipe, de Maquiavel, é um dos mais conhecidos livros de


aconselhamento aos governantes que desejavam manter seus poderes com sucesso. O
príncipe, segundo Maquiavel, está acima de todos, já que suas ações não podem ser
julgadas por nenhum tribunal. Para esse teórico, o governante deveria ter qualidades, mas
se não as tiver, deve ao menos aparentar possuí-las. Além disso, é célebre suas frases: "Na
impossibilidade de ser amado, é melhor ser temido que odiado” e “Os fins justificam os
meios ". Segundo Maquiavel, um governante “que agir virtuosamente em todos os casos”
logo descobrirá quanto “há de padecer, em meio a tantos que não são virtuosos”. O
pensamento de Maquiavel se desvincula totalmente da ética e da moral cristã ao orientar os
governantes.

Um príncipe não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens
considerados bons, sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a
caridade, a fé, a humanidade, a religião. (...) O príncipe não precisa possuir todas as
qualidades (ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso), bastando que aparente possuí-
las. Um príncipe, se possível, não deve se afastar do bem, mas deve saber entrar para o
mal, se a isso estiver obrigado. (Adaptado de Nicolau Maquiavel. O Príncipe)

Thomas Hobbes (1588-1679), foi um


matemático e filósofo inglês, que discorreu
sobre a natureza humana e a necessidade
de governos e sociedades. Dizia que o ser
humano, no estado natural, é cruel e
vingativo, necessitando de um governo
forte e centralizado para manter o seu
controle. A frase que resume suas ideias é:
“O homem é o lobo do homem”.

Para Hobbes, criar uma sociedade


submetida à lei e na qual os seres
humanos vivam em paz e deixem de
guerrear entre si, pressupõe que todos os
homens renunciem a sua liberdade original
e deleguem a um só deles (o soberano) o
poder completo e inquestionável.
Jacques Bossuet (1627 – 1704) foi um bispo e teólogo francês que criou o argumento que
o governo era divino e os reis recebiam o seu poder de Deus. Assim, desobedecer a
autoridade real seria considerado um pecado mortal. Um dos reis que se valeu de suas
ideias foi o monarca absolutista Luís XIV. Ele partiu do pressuposto que o poder real era
também o poder divino, pois os monarcas eram representantes de Deus na Terra. Por isso,
os reis tinham que possuir controle total da sociedade. Dessa forma, eles não poderiam ser
questionados quanto às suas práticas políticas. Assim, o monarca possuía o direito divino
de governar e o súdito que se voltasse contra ele estaria questionando as verdades eternas
de Deus.
"O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus. Os reis são deuses
e participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais
alto; deve acreditar-se que ele vê melhor..." (Jacques Bossuet.)
Jean Bodin (1530-1596)
Foi um jurista e professor de Direito francês. Em sua obra, defendeu a teoria do Direito
Divino do Reis.
Enem 2013 Questão 10
Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado.
Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito
mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos
homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores,
covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o
sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas
quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand,
1991.
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e
políticas. Maquiavel define o homem como um ser
A. munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
B. possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
C. guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
D. naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.
E. sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

ABSOLUTISMO NA FRANÇA

O absolutismo vigorou na França entre os séculos XVI e XVIII, período conhecido como
Antigo Regime - ou Ancien Regime, para os franceses. Trata-se de uma longa fase da
história monárquica francesa, dominada em sua maior parte pela dinastia dos Bourbon.

A Guerra dos Cem Anos, conflito que opôs França e Inglaterra entre 1337 e 1453, contribuiu
para a consolidação do poder do monarca francês, na medida em que garantiu a
constituição de um exército permanente.
No final do século XIV, a França já havia se constituído também num amplo território
nacional, deixando para trás o passado feudal e as divisões que a caracterizaram ao longo
do período medieval. Ao mesmo tempo, as finanças tinham sido centralizadas, os impostos
estendidos à nação e a burocracia estatal, formada. Diante desse cenário, novos conflitos
militares - dessa vez contra a Espanha e a Áustria - contribuíram para fortalecer ainda mais
o poder do monarca.
Na transição do período medieval para o moderno, a dinastia que reinava na França era a
dos Valois. Foi sob o reinado dos Valois que a França viveu um dos momentos mais
importantes desse período: as chamadas guerras de religião, ocorridas ao longo do século
XVI, entre católicos e protestantes franceses - estes conhecidos como huguenotes.

Na segunda metade do século XVI sobe ao trono Henrique IV, que proclama o Édito de
Nantes, que liberou o protestantismo. Mas o rei é assassinado e seu herdeiro Luís XIII é
menor de idade. Assume o trono o seu tutor, o cardeal Richelieu, que limitou o poder político
dos protestantes e tornou a França a maior potência européia.
Fiel a esses princípios até sua morte, em 1642, Richelieu estabeleceu o
absolutismo na França. Para isso:
- expulsou a rainha-mãe da França, junto com outros parentes do rei.
- A desobediência às leis tornou-se crime de Estado;
- criou um corpo de intendentes, os inspetores reais, para vigiar a nobreza;
- os protestantes perderam as praças-fortes, os privilégios políticos e a liberdade de culto;
- fundou a Academia Francesa, estabeleceu a Imprensa Real e criou o Jardim Botânico.
- reorganizou o exército e construiu duas frotas, a do Mediterrâneo e a do oceano Atlântico;
- selou alianças com todos os rivais da França para derrotar os Habsburgos.

A França saiu vitoriosa da guerra, porém arruinada. Após a morte de Luís XIII, a
regente, Ana da Áustria, confiou o governo a um ex-colaborador de Richelieu, o cardeal
Mazarino. Para solucionar a situação financeira, Mazarino aumentou os impostos sobre as
fortunas e os nobres. Essas medidas provocaram forte reação. Os nobres se negaram a
pagar os impostos decretados, e o povo de Paris sitiou o Palácio Real do Louvre.
Esse movimento foi conhecido como as Frondas de Paris. A família real fugiu e
os protestos continuaram durante quatro anos.
Se a França serviu de inspiração a outros regimes absolutistas, o reinado de Luís XIV foi seu
tipo mais acabado. Também conhecido como Rei Sol, Luís XIV governou a França entre
1643 a 1715, período em que promoveu mudanças na economia, na política, no exército e
nos costumes franceses.
Nos primeiros anos de seu reinado, Luís XIV permaneceu sob a regência de sua mãe, a
rainha Ana de Áustria - viúva de Luís XIII, morto em maio de 1643.
Luís XIV assumiu o trono em 1651, aos 13 anos. De 1661 até o final de seu
reinado, governou sozinho a França, sem nomear um primeiro-ministro, como era o
costume. Exerceu de maneira centralizada suas prerrogativas reais, associando sua figura a
imagens míticas, como a do Sol.
Luís XIV foi um dos maiores exemplos de rei absolutista, não apenas pelo
grande poder que exerceu, mas por toda a organização político-social que construiu em
torno de si mesmo. Talvez por isso se explique a famosa frase atribuída a ele, e que tão bem
representa o espírito do absolutismo: L'État c'est moi - o Estado sou eu.
Ao mesmo tempo, o governo de Luís XIV realizou a ordenação das leis
francesas:

- criou o código civil e penal que serviu de base para o Código Napoleônico, promulgado no
início do século XIX;
- em 1685, revogou o Édito de Nantes e ordenou o fechamento dos templos protestantes na
França e expulsou os huguenotes do país. Mais de 500 mil huguenotes fugiram para a
Inglaterra, os Países Baixos e a Prússia;
- transferiu a corte para o Palácio de Versalhes, em 1682 para abrigar a nobreza fazendo
com que fique perto do rei e não se revolte. Mas envolveu o país em várias guerras com
atuações desastrosas.
Luís XV (1715-1774), também conhecido como Luís, o Bem Amado, foi o Rei da
França e Navarra de 1715 até sua morte. Ele sucedeu seu bisavô Luís XIV com apenas
cinco anos de idade.
Com a derrota na Guerra dosa Sete Anos contra a Inglaterra perdeu a maior parte de suas
colônias americanas e o rei caiu no descrédito de seus súditos, principiando os primeiros
movimentos em direção a deflagração da famosa revolução francesa (1789).

Durante quase todo seu reinado, manteve amantes que exerceram grande
influência no governo, como a marquesa de Vintimille e a célebre Marquesa de Pompadour.
Morreu vitimado pela varíola no mesmo palácio onde nasceu. Historicamente seu governo
também ficou marcado pelo grande desenvolvimento na arte decorativa, o famoso estilo Luis
XV.

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