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Imagine que determinado indivíduo foi abandonado pelo pai quando era ainda
criança, tendo sido criado apenas pela mãe. Quando completou 18 anos, esse rapaz
decidiu que desejava que fosse excluído o nome de seu pai de seu assento de
nascimento e que o patronímico de seu pai fosse retirado de seu nome, incluindo-
se o outro sobrenome da mãe.
O STJ decidiu que esse pedido pode ser deferido e que pode ser excluído
completamente do nome civil do interessado os sobrenomes de seu pai, que o
abandonou em tenra idade.
A jurisprudência tem adotado posicionamento mais flexível acerca da
imutabilidade ou definitividade do nome civil.
O princípio da imutabilidade do nome não é absoluto no sistema jurídico
brasileiro. Além disso, a referida flexibilização se justifica pelo próprio papel que
o nome desempenha na formação e consolidação da personalidade de uma pessoa.
Desse modo, o direito da pessoa de portar um nome que não lhe remeta às angústias
decorrentes do abandono paterno e, especialmente, corresponda à sua realidade
familiar, sobrepõe-se ao interesse público de imutabilidade do nome, já
excepcionado pela própria Lei de Registros Públicos.
Sendo assim, nos moldes preconizados pelo STJ, considerando que o nome é
elemento da personalidade, identificador e individualizador da pessoa na
sociedade e no âmbito familiar, conclui-se que o abandono pelo genitor caracteriza
o justo motivo de o interessado requerer a alteração de seu nome civil, com a
respectiva exclusão completa dos sobrenomes paternos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.304.718-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 18/12/14
(Info 555).
2. COMPRA E VENDA
2.1. Prevalência do valor atribuído pelo fisco para aplicação do art. 108 do CC –
(Info 562) – IMPORTANTE!!!
A compra e venda de bens IMÓVEIS pode ser feita por meio de contrato particular
ou é necessário escritura pública?
Em regra: é necessário escritura pública (art. 108 do CC).
Exceção: a compra e venda pode ser feita por contrato particular (ou seja,
sem escritura pública) se o valor do bem imóvel alienado for inferior a 30
salários-mínimos.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior
salário mínimo vigente no País.
Para fins do art. 108, deve-se adotar o preço dado pelas partes ou o valor calculado
pelo Fisco?
O valor calculado pelo Fisco. O art. 108 do CC fala em valor do imóvel (e não em
preço do negócio). Assim, havendo disparidade entre ambos, é o valor do imóvel
calculado pelo Fisco que deve ser levado em conta para verificar se será necessária
ou não a elaboração da escritura pública. A avaliação feita pela Fazenda Pública
para fins de apuração do valor venal do imóvel é baseada em critérios objetivos,
previstos em lei, os quais admitem aos interessados o conhecimento das
circunstâncias consideradas na formação do quantum atribuído ao bem. Logo,
trata-se de um critério objetivo e público que evita a ocorrência de fraudes.
Obs: está superado o Enunciado 289 das Jornadas de Direito Civil do CJF.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.099.480-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 2/12/14 (Info 562).
3. TABELIONATO DE PROTESTO
3.1. Não cabem danos morais se houve protesto de cheque prescrito, mas cuja
dívida ainda poderia ser cobrada por outros meios – (Info 616)
4. REGISTRO DE LOTEAMENTO
4.1. Competência para julgar recurso em impugnação a registro de loteamento
urbano – (Info 572)
5. PROTESTO
5.1. Intimação por edital e necessidade de esgotamento dos meios de localização
do devedor – (Info 579)
Quais são as vantagens do credor realizar o protesto? Existem inúmeros efeitos que
decorrem do protesto; no entanto, as duas principais vantagens para o credor são as
seguintes:
a) serve como meio de provar que o devedor está inadimplente;
b) funciona como uma forma de coerção para que o devedor cumpra sua obrigação
sem que seja necessária uma ação judicial (como o protesto lavrado gera um abalo no
crédito do devedor, que é inscrito nos cadastros de inadimplentes, a doutrina afirma
que o receio de ter um título protestado serve como um meio de cobrança extrajudicial
do débito; ao ser intimado do protesto, o devedor encontra uma forma de quitar seu
débito).
Intimação: Como vimos acima, o tabelião irá determinar a intimação do devedor para
que, no prazo de 3 dias, pague ou providencie a sustação do protesto antes de ele ser
lavrado. As regras da intimação estão previstas nos arts. 14 e 15 da Lei nº 9.492/97.
Hipóteses de intimação por edital: A intimação será feita por edital se a pessoa
indicada para aceitar ou pagar (devedor) for:
a) desconhecida;
b) tiver sua localização incerta ou ignorada;
c) for residente ou domiciliada fora da competência territorial do Tabelionato; ou
d) caso ninguém se disponha a receber a intimação no endereço fornecido.
Esgotar todos os meios: Segundo a jurisprudência do STJ, a intimação do protesto por
edital somente pode ser considerada meio hábil para a caracterização da mora se
tiverem sido esgotadas todas as possibilidades de se localizar o devedor. Assim, se o
apresentante tiver fornecido algum endereço do devedor, o tabelião só poderá intimá-
lo por edital se primeiro tentar enviar a intimação para este endereço e não conseguir
que ninguém o receba.
5.2. Local onde deverá ser realizado o protesto de cédula de crédito bancário
garantida por alienação fiduciária – (Info 579)
Diante desta diversidade de locais, indaga-se: onde deverá ser lavrado este protesto?
Em São Paulo (capital) ou em Campinas. Foi a tese fixada pelo STJ em recurso
repetitivo.
A determinação para que o protesto seja feito no local indicado pelo título como praça
de pagamento está prevista no art. 28, parágrafo único, do Decreto 2.044/1908:
Art. 28. A letra que houver de ser protestada por falta de aceite
ou de pagamento deve ser entregue ao oficial competente, no
primeiro dia útil que se seguir ao da recusa do aceite ou ao do
vencimento, e o respectivo protesto, tirado dentro de três dias
úteis.
Parágrafo único. O protesto deve ser tirado do lugar indicado
na letra para o aceite ou para o pagamento. Sacada ou aceita a
letra para ser paga em outro domicílio que não o do sacado,
naquele domicílio deve ser tirado o protesto.
Também pode ser admitido que o protesto ocorra no domicílio do devedor porque
isso se mostra mais vantajoso para ele, de forma que não poderá invocar qualquer
nulidade no ato.
5.3. Não cancelamento do protesto pela prescrição do título cambial – (Info 562)
João não pagou uma nota promissória que emitiu em favor da empresa “XX”.
Diante disso, a empresa levou a nota promissória a protesto no Tabelionato de
Protesto. Quatro anos depois, a empresa ajuizou execução de título extrajudicial
contra João cobrando o valor estampado na nota promissória. A execução, contudo,
foi extinta porque o juiz constatou que houve prescrição da ação executiva. João
ajuizou ação de cancelamento do protesto, alegando que, como houve a prescrição
da execução, deveria automaticamente ocorrer o cancelamento do protesto
realizado. A tese de João está correta?
NÃO. A prescrição da pretensão executória de título cambial não enseja o
cancelamento automático de anterior protesto regularmente lavrado e registrado. A
validade do protesto não está diretamente relacionada com a exequibilidade do
título ou de outro documento de dívida, mas sim com a inadimplência e o
descumprimento da obrigação representada nestes papéis.
A inadimplência e o descumprimento não desaparecem com a mera prescrição do
título executivo não quitado. Em outras palavras, o devedor continua sendo
inadimplente, apesar de o título não poder mais ser cobrado mediante execução.
Então, não pode o protesto ser cancelado simplesmente pelo fato de ele não poder
ser mais executado.
Vale lembrar que, mesmo havendo a prescrição da ação executiva, o credor ainda
poderá cobrar o valor da nota promissória por meio da ação monitória.
STJ. 4ª Turma. REsp 813.381-SP, Rel. Min. Raul Araújo, j. 20/11/14 (Info 562).
6. PROTESTO DE TÍTULO
6.1. Prévia notificação e registros oriundos do cartório de protesto – (Info 554) –
IMPORTANTE!!!
Para que o órgão de proteção de crédito (exs.: SPC e SERASA) inclua o nome de um
consumidor no cadastro de inadimplentes, é necessário que, antes, ele seja
notificado?
REGRA: SIM. Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito
a notificação do devedor antes de proceder à inscrição (Súmula 359-STJ). A
ausência de prévia comunicação enseja indenização por danos morais.
EXCEÇÃO: é dispensada a prévia comunicação do devedor se o órgão de
restrição ao crédito estiver apenas reproduzindo informação negativa que
conste de registro público.
“Diante da presunção legal de veracidade e publicidade inerente aos registros do
cartório de protesto, a reprodução objetiva, fiel, atualizada e clara desses dados na
base de órgão de proteção ao crédito - ainda que sem a ciência do consumidor - não
tem o condão de ensejar obrigação de reparação de danos.”
STJ. 2ª Seção. REsp 1.344.352-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, j.
12/11/14 (recurso repetitivo) (Info 554).
Após o pagamento do título protestado, o credor que foi pago tem a responsabilidade
de retirar o protesto lavrado?
NÃO. Após a quitação da dívida, incumbe ao DEVEDOR providenciar o
cancelamento do protesto, salvo se foi combinado o contrário entre ele e o credor.
No regime próprio da Lei 9.492/1997, legitimamente protestado o título de crédito
ou outro documento de dívida, salvo inequívoca pactuação em sentido contrário,
incumbe ao devedor, após a quitação da dívida, providenciar o cancelamento do
protesto.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.339.436-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 10/9/14 (recurso
repetitivo) (Info 549).
7. PROCEDIMENTO DE DÚVIDA
7.1. Não cabe recurso especial ou extraordinário – (Info 595) – IMPORTANTE!!!
8. EMOLUMENTOS
8.1. Valor relativo à inscrição de cédula de crédito rural é fixado em lei estadual –
(Info 587)