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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO____ JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

DE _____________ – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ____________________

(Qualificação completa: nome, nacionalidade, estado civil, profissão, documentos e


endereço), vem, respeitosamente, por intermédio de sua advogada e bastante procuradora in fine
assinada, perante Vossa Excelência, ajuizar

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, autarquia federal,


situado (endereço completo), representado por sua procuradoria, pelas razões de fato e de direito
que passa a expor a seguir.

1 DOS FATOS

O requerente sofre graves problemas mentais, tendo inclusive que fazer uso de 5 tipos
de medicamentos em virtude do tratamento psiquiátrico que faz. Encontra-se em um quadro clínico
de depressão (CID F 32.2) e também apresenta transtorno bipolar de humor (CID F 31) (CID F 33
+F41 + F45) com frequentes problemas de perda de memória, como comprovam os laudos
médicos em anexo.

Devido a essas doenças que o acometem, estava recebendo da autarquia ré o


benefício do auxílio-doença desde outubro de 2007. Porém este foi suspenso em abril de 2008, sob
a alegação de que o autor já estava apto ao trabalho.

Em decorrência dessas doenças, o requerente continua tomando os medicamentos


controlados e está impossibilitado de trabalhar, como atestam os laudos médicos em anexo.

Ocorre que, quando foi renovar o seu benefício, após a realização da perícia, seu
pedido foi indeferido, não lhe restando outra alternativa que não o ajuizamento desta para ter
assegurado seu direito.

2 DO DIREITO

2.1 Da ilegalidade do cancelamento do auxílio-doença

Conforme exposto na narração dos fatos, o requerente recebia o beneficiário do


auxílio-doença desde outubro de 2007 devido aos problemas que o acometem, data em que o
INSS reconheceu a sua condição de segurado e a sua incapacidade para o exercício de sua
atividade habitual.

Ocorre que, em abril de 2008, mesmo sem ter havido qualquer melhora em seu
quadro clínico, o seu benefício foi cortado, sem maiores justificativas.

Sabe-se que o auxílio-doença só pode ser interrompido no caso de reabilitação


profissional do segurado ou no caso de conversão em aposentadoria por invalidez. É o que se
infere da leitura do art. 62 da Lei nº 8.213/1991:

Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade
habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra
atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de nova
atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não-recuperável, for aposentado
por invalidez.

Outro não é o entendimento jurisprudencial do egrégio Tribunal Regional da 2ª Região:

I – Nos termos do art. 62 da Lei nº 8.213/1991, a cessação do auxílio-doença dar-se-á em duas


hipóteses: (i) na constatação da incapacidade definitiva para qualquer atividade, o que resultará na
sua conversão em aposentadoria por invalidez; ou (ii) no momento em que o segurado estiver
capacitado profissionalmente para o exercício de outro trabalho que lhe garanta o sustento. II – Os
exames médico-periciais realizados pelo experto do juízo confirmam o estado de incapacidade do
autor para sua ocupação habitual desde o cancelamento. III – Se o autor ainda se encontra
incapacitado para o exercício de sua atividade habitual, e a autarquia previdenciária não promoveu
sua reabilitação profissional, está caracterizada a ilegalidade do cancelamento do auxílio-doença. I
– É o caso de apelação interposta pelo Instituto Nacional do Seguro Social de sentença prolatada
pelo MM. Juíza da Vara Federal de Três Rios/RJ, Dra. Simone Bretas, que julgou procedente o
pedido para conceder ao autor o benefício de aposentadoria por invalidez, com a condenação do
réu ao pagamento das parcelas atrasadas desde a cessação indevida do auxílio-doença (julho de
1997), ressalvadas as atingidas pela prescrição quinquenal. [...] (TRF 2ª R., Apelação Cível,
Processo nº 2000.51.13.000052-6, Rel. André Fontes, DJ 10.07.2006)

No presente caso, nenhuma das alternativas previstas na lei foi atendida, já que não
houve a conversão do benefício em aposentadoria por invalidez e já que o requerente não está
reabilitado para exercer nenhuma atividade laboral.

Desta forma, demonstrada a ilegalidade do cancelamento do auxílio-doença.

2.2 Do restabelecimento do auxílio-doença

Se Vossa Excelência não entender ser caso de concessão de aposentadoria por


invalidez – o que se admite apenas por obediência ao princípio da eventualidade –, requer, ao
menos, que seja restabelecido o auxílio-doença antes concedido.

Já foi demonstrado, no item 2.1 da presente peça, o preenchimento de todos os


requisitos autorizadores da aposentadoria por invalidez. Desta forma, não resta dúvida quanto à
presença dos requisitos legais exigidos para a concessão do auxílio-doença.

O art. 59 da Lei nº 8.213/1991 assim disciplina:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o
período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua
atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Como já exposto, o INSS reconheceu o preenchimento do período de carência ao


conceder o benefício para o requerente.

No caso do auxílio-doença, fora o período de carência, exige-se apenas a


comprovação da incapacidade por mais de 15 (quinze) dias para o exercício da atividade habitual
do segurado.

Ora, os laudos médicos comprovam que a incapacidade do Sr. __________ é total, ou


seja, para a atividade laborativa. Se assim é, não há que se discutir que o segurado não possui
condição alguma de exercer a sua atividade laborativa.

Por todo o exposto, no caso de eventual e improvável improcedência do pedido de


aposentadoria por invalidez, o que se admite apenas a título de argumentação, requer seja
restabelecido o auxílio-doença, por ser o benefício imprescindível para a subsistência.
2.3 Da aposentadoria por invalidez

O autor requer o benefício de aposentadoria por invalidez, previsto no art. 42 da Lei nº


8.213, de 24 de julho de 1991, in verbis:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida,
será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz
e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-
lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

Do citado dispositivo, conclui-se que três são os requisitos para a concessão da


aposentadoria por invalidez, quais sejam: carência de 12 contribuições mensais, incapacidade total
e incapacidade permanente. Todos estes estão corretamente preenchidos e comprovados no
presente caso.

No que diz respeito à exigência de carência de 12 contribuições mensais, não resta


dúvida quanto ao seu cumprimento. Isso porquanto, com a concessão do auxílio-doença, o INSS
reconheceu a condição de segurado do requerente, bem como o cumprimento do disposto no art.
25, inciso I, c/c art. 39, inciso I, ambos da Lei nº 8.213/1991, já que o prazo de carência para a
concessão do auxílio-doença é o mesmo exigido para a concessão da aposentadoria por invalidez.

A incapacidade total, que pressupõe a inaptidão para o exercício de qualquer atividade


que garanta a subsistência do segurado, também está comprovada, assim como a incapacidade
permanente, conforme se extrai dos laudos médicos ora juntados.

A perícia médica judicial, a ser designada por Vossa Excelência, certamente concluirá
da mesma forma.

Não obstante, como já exposto, contrariando todos os exames e laudos médicos ora
apresentados, o perito do INSS conclui que o autor não está incapacitado para o trabalho ou para a
sua atividade habitual, como se observa pela análise dos documentos juntados.

Ocorre que o requerente não possui condições de laborar e, consequentemente, não


possui qualquer forma de prover a sua subsistência. Além disso, considerando a gravidade de suas
doenças, a sua idade (56 anos) e as suas condições sócio-culturais, como a baixa escolaridade e
nível de instrução, o segurado não possui também qualquer chance de reabilitação profissional.
Razão pela qual requer, desde já, a concessão da aposentadoria por invalidez, que deverá retroagir
até a data do cancelamento ilegal do auxílio-doença.

Nesse sentido, orienta a jurisprudência do egrégio Tribunal Regional Federal da 2ª


Região:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONCESSÃO


– ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES –
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. Constatado pelo perito judicial que o demandante, devido à doença de que é portador, está
incapacitado para o exercício profissional, e consideradas as condições pessoais do segurado –
baixa instrução, idade avançada – bem como a natureza braçal da atividade desempenhada
(lavrador), infere-se a reduzida probabilidade de reabilitação profissional para o desempenho de
outra profissão que lhe garanta a subsistência, impondo-se a concessão de aposentadoria por
invalidez , na forma do art. 42 da Lei nº 8.213/1991, a partir da data do laudo médico pericial.
2. Manutenção do provimento antecipatório, nos termos do art. 273 do CPC, tendo em vista a
verossimilhança da alegação e o perigo de dano irreparável à sobrevivência do autor, em face da
natureza alimentar do benefício previdenciário.
3. Honorários advocatícios majorados para 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação
atualizado, em consonância com o disposto no art. 20, § 4º, do CPC e com o entendimento desta
Turma.
4. Apelação do INSS e remessa necessária, considerada existente, improvidas. Apelação do autor
parcialmente provida. (TRF 2ª R., AC 192796, 3ª T., J. 30.11.2004, DJ 17.12.2004)
3 DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) seja concedido o benefício da assistência judiciária gratuita, por ser o autor pobre nos termos da
lei, não podendo arcar com as despesas e custas processuais sem prejuízo do seu sustento;
b) seja concedida, inaudita altera pars, a antecipação dos efeitos da tutela pleiteada, para que a
autarquia ré efetue, mensalmente, o pagamento integral do benefício por incapacidade, a fim de
evitar prejuízos irreparáveis;
c) a citação do INSS para, querendo, oferecer resposta no prazo legal, sob as penas da lei;
d) seja intimado a autarquia ré para que junte aos autos o processo administrativo que denegou o
benefício ao autor;
e) seja julgado totalmente procedente os pedidos formulados, condenando a ré a implantar em
favor da autora a aposentadoria por invalidez, que deverá retroagir ao momento da cessação do
auxílio-doença, com as parcelas vencidas sendo pagas com as devidas atualizações;
f) ad argumentandum tantum, se Vossa Excelência não entender pela aposentadoria por invalidez,
o que se acredita ser improvável, que seja julgado procedente o pedido de restabelecimento do
auxílio-doença, que deverá retroagir até o momento da cessação ilegal do referido benefício, com
as parcelas vencidas sendo pagas com as devidas atualizações.

Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
especialmente documental e pericial.

Por fim, a requerente renuncia ao valores que ultrapassarem o limite de 60 (sessenta)


salários mínimos previsto na Lei 10.259/01.

Dá-se à causa o valor de R$ _____________.

Pede deferimento.

Local e data

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