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4 : 1 5-39, 1 9 8 1 .
UNITERMOS: Linguagem; sign o; tem a ; en unciação; valoração; en toa ção; discurso direto; discur
so indireto; discurso indireto livre; infra -estrutura e super estrutura; ideologia .
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A produção social da l i n g u agem : u m a leitura do texto de M ikhail B akhtin ( V .N. V olochinov), mar
xismo e filoso fia da linguagem . Trans/Form/ Ação, São Paul o , 4: 1 5 -39, 1 9X I.
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A produção social da linguagem : u m a leitura do texto de M i k h a i l Ba k h t i n ( V . N . V o lo c h i n o v ), m a r
x i s m o e filosofia da ling uagem . Trans/Form/ Ação, São P a u l o , 4 : 1 5 - 3 9 , 1 9 8 1 .
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A produção s o c i a l da l i n g u agem : u m a l e i t u r a do texto de M i k h a i l B a k h t i n ( V . N . V o l o c h i n o v ), m a r
x i s m o e filosofia da l i n g u agem . Trans/Form/ Ação, São P a u l o , 4 : 1 5 - 3 9 , 1 98 1 .
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SILVEIRA, L.F.B. da. - A produção social da linguagem: uma leitura do texto de Mikhail Bakhtin (V.N. VOlochinov), mar
xismo e filosofia da linguagem. Trans/Form/ Ação, São Paulo, 4: 15-39, 1981.
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A produção social da l i n g u agem : u m a l e i t u r a do texto de M ik h a i l B a k h t i n (V . N . V ol o c h i n o v l , m ar
xismo e filoso fia da l i n g u agem . Trans/Fo'rm/Ação, S ã o P a u l o , 4 : 1 5 - 3 9 , 1 98 1 ..
tos da " enunciação " sob a forma de d i fe decorre o processo evolutivo d o signo
rentes modos de discurso (internos e ex apesar da resistência d a classe dom inante
ternos) sensíveis as m u danças sociais à s que tenta preservar nos signos o valor d a
quais se vinculam ( p . 2 8 ) verdade de o n t e m como s e n d o v á l i d o hoje
C o m o processo a t i v o de representa em dia; valoração que ela impôs quando
ção, deve ser estudado não s ó em seu c o n se sobrep ôs à classe que antes a d o minava
teúdo - nos tem as atualizados n u m certo e que agora tornou indefinidamente está
momento -, mas nos tip o s e formas c o n vel .
cretas que p l a s m a m e s s e s tem a s . Descaracterizando a dinâmica do
Estas form as, através de sua tipolo processo de significação e valoração, nu
gia, devem ser estudadas pelo m arxis m o , ma tentativa inútil de resistir à s m udanças
pois a elas correspondem c o m o determ i sociais , salienta-se o caráter refratário d o
nantes, as relações de produ ção e a estru signo n o s limites d a ideologia dominante.
tura sócio-política d o m omento histórico A crise dialética d o signo , disfarçada
em que surgem . (p. 29) em muitos momentos da vida social ,
Só pelo estudo d a m ú tua i n fluência revela-se plenamente nos períodos revolu
do signo e d o ser, da c o m plexa es fera da cionários (p . 3 3 ) .
rep resentação e da es fera não m e n o s c o m
A fim d e insistir n o c aráter funda
plexa d a s relações de p r o d u ç ã o e d a estru
mentalmente social da produção d o signo
tura sócio-política de q u e a c o n sciência é
e, por conseqüência, da consciência, é que
consciência, pode-se, segun d o o autor,
BAK H T I N , n o 3 . o capítul o , estabelece a
clarificar a determinação causal d o signo '
já mencionada d iscussão com as correntes
pelo ser . D eterm inação d e modo algum
de pensamento que, o u atribuem à cons
transparente ao nível da representaçã o ,
ciência individual subj etiva prioridade e
m a s refratada dialeticamente n o sign o .
antecedência face ao signo, ou desqualifi
O signo retrata o ser . Traz as m arcas cam qualquer instância instauradora de
do horizonte social de sua época e dos significação à consciência .
grupos sociais determ inados q u e o produ
Os fundamentos de u m a psicologia
zem . Mas sempre atravessado pelas valo
objetiva não podem ser buscados nas
rações sociais atrib uídas aos objetos, sem
áreas da fisiologia ou da biologia onde o
pre produzirá, na medida mesma em q u e
indivíduo é visto como um mero o rganis
s e constitui em elemento de c o m u nicação
mo mas na sociologia, onde a formação
entre os grupos, refrações d o ser que sig
da consciência e de sua expressão é consi
nifica . (p . 29s) .
derada como o resultado das interações
Como na sociedade de classe há con sociai s .
trad ições que a atravessam estruturamen N ã o há p s i q u i s m o sem m aterial se
te, as valorações sociais atribuídas aos ob miótico . A atividade psíquica i m plica na
jetos reproduzem estas c o n tradições . Co expressão semiótica entre o organis m o e o
mo porém a mesma linguagem atua c o m o meio exterior, e, por conseguinte, deve ser
meio de comunicação entre o s diversos analisada como u m sign o . (p. 34s)
grupos sociais, B A K H T I N ( p . 3 2 ) salien
ta a não coextensividade entre classe so A significação, contrariamente à p o
cial e comunidade semiótica, decorrendo sição de D I L T H E Y , é v i s t a p o r BAK H
daí que " . . . em todo signo ideológico TIN, não como u m a pura expressão d o
confrontam -se í n d ices de valor c ontradi "espírito " , m a s como função d o signo e
tórios" . O signo é a arena onde se desen não pode ser representada c o m o indepen
volve a luta de classes . D este ,c o n fronto dente dele . (p . 3 5 )
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A produção s o c i a l da l i n g u agem : u m a l e i t u r a do texto de M i k h a i l B a k h l i n ( V . N . V o l o c h i n o v ), m a r
xismo e filosofia da l i n g u agem . Trans/Form/ Ação, S ã o P a u l o , 4 : 1 5 - 3 9 , 1 98 1 .
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A produção social da l i n g u a ge m : u m a l e i t u ra do texto de M i k h a i l B a k h t i n (V . N . V o l oc h i n o v l, m a r
x i s m o e filosofia da l i n g u agem . T r a n s / F o r m l A ç ã o , São P a u l o , 4 : 1 5 - 3 9 , 1 9 8 1 .
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A p r o d u ção s o c i a l da l i n g u agem : u m a l e i t u r a do texto de M i k h a i l B a k h t i n ( V . N . V o loc h i n o v ) , m a r
x i s m o e f i l o s o f i a da li nguagem . T r a n s / F o r m l A ç ã o , São P a u l o , 4 : 1 5 - 3 9 , 1 98 1 .
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xismo e filosofia d a linguagem . Trans/Form/ Ação, São Paulo, 4 : 1 5 - 3 9 , 1 98 1 .
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A produção social da l i n g uagem : u m a l e i t u r a do t e x t o de M i k h a i l B a k h t i n (V . N . V o l o c h i n o v ) m a r -
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xismo e filosofia da l i n g u agem . T r a n s / F o r m / A ç ã o , S ã o P a u l o , 4 : 1 5 - 3 9 , 1 9 8 1 .
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A p r o d u ção social da l i n guagem : u m a l e i t u r a do texto de M i k h a i l B a k h t i n ( V . N . V o l o c h i n o v ) , m ar
xismo e filosofia da l i n g u agem . T r a n s / F o r m / A ç ã o , São P a u l o , 4 : 1 5 - 3 9 , l n l .
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xismo e filosofia da linguagem . Trans/Forml Ação , São Paulo, 4 : 1 5 -39, 1 98 1 .
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XIsmo e fIloso fIa da linguagem . Trans/Form/ Ação, São Paulo, 4: 1 5 -3 9 , 1 98 1 .
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XIsm o e ftlosofla d a l i n g u agem . T r a n s / F o r m / A ç ã o , S ã o P a u l o , 4 : 1 5 - 3 9 , 1 9 R 1 .
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xismo e filosofia da l i n guagem . T r a n s / F o r m l A ç ã o , S ã o P a u l o , 4 : 1 5 - 3 9 , 1 98 1 .
tando O próprio tex to, assim este objeto se texto narrativo dissolve a estrutura c o m
configura: . . . "o objeto verdadeiro da pes pacta e fechada d o d i s c u r s o cita d o .
quisa deve ser j ustamente a interação di Realiza-se na literatura o " estilo p ictóri
nâmica dessas duas dimensões, o discurso co" que W O L F F L I N reconhecia n o Bar
a transmitir e aquele que serve para roco . Neste processo de interpenetração e
transmiti-lo . N a verdade, eles s ó têm uma de abertura para a introdução de funções
existência real, só se formam e vivem atra mutuamente valorativas entre o discurso
vés dessa inter-relação, e não de maneira narrativo e o discurso cita d o , ora domina
isolada . O discurso citado e o c o n texto de o colorido efetivado pelo narrador n o dis
transmissão são somente o s ter m o s de curso citad o ; ora o discurso citado tende a
uma inter-relação dinâmica . E s s a dinâmi dissolver o c o n texto narrativo . Aparece,
ca, por sua vez, reflete a dinâmica d a então , o narrador n o lugar d o autor, e a
inter-relação social d o s indivíduos na co narrativa passa a assumir a linguagem das
municação ideológica verbal . (Trata-se personagen s . D a primeira tendência, b u s
naturalmente, de tendências essenciais e ca BAK H T I N exem plos n a literatura
constantes dessa c o m unicação) " . (p . francesa do Renascimento d o final d o sé
1 34) . culo X V I I I e em algumas o b ras d o século
XIX . Na literatura russa, G O G O L é o
Duas orientações c o m p õem em seus
exem plo escolhido em sua tendência natu
fund amentos as relações entre o discurso
ralista . Da segunda, o romance d o final
narrativo e o discurso citado : o discurso
do século X I X é que melhor ilustra, aí se
direto e o discurso indireto .
destacando D O S T O I E V S K I . (p. 1 3 6 -
O primeiro se c o nstrói tendo em vista 1 3 8)
isolar o discurso de o u trem e acentuar sua Tratando-se de orientações profun
signi ficação, evitando entremeá-la com das da com unicação social, ao nível d o
interpretações da parte d o autor d o dis discurso, é de fundamental i m p ortância
curso narrativo . N o quadro d o dogmatis considerar o fim procurado pelo c o n texto
mo racionalista aper feiçoaram-se as for narrativo . O discurso literário tende a tra
mas e variantes que e fetuam tal tipo de ci balhar com maior su tileza esta inter
tação . Aproxim ando BAK H T I N suas relação entre o s discursos e a tran smitir
considerações daquelas que W O L F F L I N com mais matizes as tran s formações so
elaborara para distinguir a produção fridas pela in terorientação sócio-verbal
artí stica do Renascimento daquela que te entre autor e personagem . O discurso re
ve lugar no Barroc o , na orientação que tórico é, de si m e s m o , mais atento aos di
encaminha o discurso direto reconhece o reitos de propriedade d a palavra e à con
"estilo linear " : aquele em que, havendo seqüente autenticidade d o discurso cita
completa homogeneidade estilística do do. P reocupa-se sobrem o d o c o m a hierar
texto, - falando o autor e a personagem quia social de valores e tende a evitar ré
a mesma linguagem -, n o discurso c o n s plicas e comentários a discursos prove
truído c o m o s e n d o d o outro chega-se à nientes de enunciadores localizados n o s
máxima sobriedade e plasticidade . ( p . mais altos degraus d a escala social .
1 34- 1 36)
Deste m o d o , pode-se entender por
O segun d o , ao c ontrári o , recorre a que formas mais flexíveis de citação indi
procedimentos con strutivo s que j u sta reta do discurso de o utrem , onde o
mente permitam a in filtração d e réplicas e domínio do autor permite q u e este mais
comentários do autor no discurso de o u espontaneamente interfira c o m seus j ulga
trem . Trabalha com s u tileza as citações de mentos de valor sobre o discurso citad o ,
modo que se salientem o s aspectos emoti tenham despontado originariamente n o s
vos e avaliativo s das enunciaçõe s . O con- gêneros menores d o classicis m o , tais c o -
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A p r o d u ç ã o social da l i n g u a ge m : u m a l e i t u r a do t e x t o de M i k h ai l B a k h t i n ( V . N . V o l o c h i n o v ) , m ar
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . · A p r o d u ção social da l i n g u agem : u m a l e i t u r a do texlo de M i k h a i l B a k h l i n (V . N . V o l o c h i n o v J , m a r ·
xismo e filosofia da linguagem . Trans/Form l A ç ã o , São P a u l o , 4 : 1 5 · 3 9 , 1 98 1 .
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S I L V E I R A , L . F . B . d a . - A prod ução social da linguagem : u m a leitura do texto de M ikhail Bakhtin (V . N . Volochinov), m a r
x ismo e filoso fia da linguagem . Trans/Forml Ação, São P a u l o , 4: 1 5 -39, 1 98 1 .
contrário, esta última constitui u m a pala (p. 1 77), não tem o s a combinação de em
vra contida e interiorizada . A palavra é a patia e distanciamento dentro d o s limites
expressão da com unicação social, da inte da alma individual . Trata-se, outrossim ,
ração social de personalidades d e finida s , de uma inter-relação especí fica entre o
d e produtores . E a s condições m ateriais discurso narrativo e o discurso citad o , de
da socialização determinam a orientação uma forma própria de apreensão ativa d o
temática e con stitutiva d a personalidade discurso de outrem na qual combinam-se
interior numa época e n u m meio d etermi as entoações da personagem , como empa
nado (p . 1 74) . tia, e das entoações d o autor, como dis
tanciamento , dentro d o s lim ites de uma
A evolução da consciência individual
mesma e única construção lingüística . A
depende da evolução d a língua, conside
construção obj etiva do discurso não é u m
radas as estru turas gramaticais como con
instrumento a m o r f o dependente da subje
cretamente ideológicas . A evolução d a
tividade que se exp ri m e . É necessário le
língua, p o r sua v e z , é determinada pela
var em conta o j ulgamento de valor ine
evolução da c o m unicação social e de suas
rente e toda palavra viva, revelado pela
bases materiais .
acentuação e pela entoação expressiva da
A evolução da língua determina o s enunciação, donde decorre o sentido do
destirios da enunciação individual n u m discurs o .
determ inado m o m ento, s e u g r a u de resis É com e s t a peculiar concepção de s i n
tência a influência s , o grau d e diferencia taxe q u e p o d e BAK H T I N abordar o d i s
ção dos seus diversos aspectos e a nature curso indireto livre sem precisar reconhe
za de sua individualização semântico cer sua especificidade numa franj a de ir
verbal . Esta expressão d a individualidade racionalidade a que tanto o s vosslerianos
se faz primeiramente nas instâncias mais quanto os gramaticistas recorriam . Tra
estáveis da língua, tanto em seus esque balhando com o conceito de enunciação
mas, quanto em suas variantes . A perso como elemento concreto da fala, o qual
nalidade do falante aparece como uma compreende u m tema não redutível à sig
construção dotada d e estabilidade à qual nificação mas integrado igualmente por
sempre se une u m conteúdo temático par elementos de valoração, pode o autor ex
ticular . plicar sua especificidade pela identifica
Se o suj eito é o agente da enunciação , ção da palavra citada, graças às entoações
ele acontece dentro das p o ssibilidades e acentuações próprias d o herói e à orien
concretas que a língua, como recurso de tação apreciativa d o discurs o . A í se perce
comunicação social, lhe o ferece e a pró be que os acentos e as entoaçõ'es d o autor
pria enunciação reage sobre o falante na estão sendo interrompidos pelos j u lga
configuração de sua personalidade . mentos de valor de outra pesso a . E ste
atravessar de acentuações o caracteriza
A apreciação da formação do discur como discurso indireto , como discurso
so indireto livre não pode, p o i s , pautar-se analítico, e o diferencia radicalmente d o
numa possível evolução d a imaginação discurso direto sub stitu í d o , no q u a l ne
subjetiva e de sua p o s sível exaustão, c o m o nhum acento novo aparece em relação ao
pretende L O R C K reconhecer na burgue contexto narrativo ( p . 1 7 7 ) .
sia francesa autora d o s textos literários e
Seu caráter indireto , especialmente
que o leva a esperar que u m a renovação se
complexo, impede a encenação absoluta .
produzirá no m omento em q u e o proleta
Somente a adaptação da prosa à leitura si
riado começar a se expressar .
lenciosa - o que é de se notar como u m
No fenômeno lingüístico obj etivo d o fenômeno peculiar da civilização m oder
discurso indireto l i v r e , escreve B A K H T I N na e do papel do indivíduo dela decorren-
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no conj unto mais complex o , e mais con tanto, eram classificad o s como para
creto , do discurs o ; elucidar o s discursos lingüístico s .
como formas de natu reza essencialmente
dialógica, parece-n o s a contribuição cen A natUreza intrinsecamente social e
trai de BAK H T I N para o estudo da lin ideológica do signo lingüístic o , - assim
guagem , capaz de redim i-Io das c o n se como de todo fenômeno semiótico -, e
qüências de um fracionamento incapaz de as relações que c o m ele estabelece a ins
recuperar no objeto de investigação , a in tância da representação da c o n sciência, é ,
tegridade do fenômen o . Deve-se ainda re sem dúvida, a tese mais claramente defen
conhecer que a enunciação c o m o fenôme dida por BAK H T I N . D e seu d esdobra
no íntegro , permite a recuperação integral mento, constrói-se toda a teoria. É ao
da análise m o rfológica e fonética n o s li nível da polêmica que o tex to se c o n fronta
mites precisos de seus objetos próprio s . com as outras c orrentes que estudam o fe
Também a separação, freqüentemente de nômeno da linguagem . P or tratar-se de
nunciada, entre o signo lingüí stico neutro uma questão primeira de natureza crítico
e integralmente artic ulado a partir de filosófica, divide definitivamente a s posi
componentes elementares perfeitamente ções , Aceita a posição, as divergências se
localizarão ao nível d o s desdobramentos
decomponíveis e classificáveis e outros, ir
para melhor adequação ao fenômeno e
redutíveis a uma sistematização discreta,
para melhor clarificação d o s conceito s .
- tais como o s signos figurativo s , kinési
Basicamente a posição d e BAK H T I N é
cos e proxêmicos analógicos em sua for
bem apresentada e se imperfeições exis
ma e imediatamente significativos -, se
tem , elas decorrem de seu caráter originá
paração mais acentuada d o que dissimula
rio às vezes u m pouco tosco em s u a for
da num preten so reducionism o de todos
mulação . N o te-se, somente como um
os signos ao modo de se estru turar d o sig
exem plo, a exp osição d a instância interior
no lingüístico , é corrigida n a base pela
da " apresentação ativa " , pouco analisa
proposta de BAK H T I N . Todo o signo é
da, à qual BAK H T I N denomina " fu n d o
temá tico e essencialmente ideológic o ,
perceptiv o " . Que t a l instância se e fetue
conseqüentemente, t o d o o s i g n o é funda
no interior da linguagem c o m o produto
mentalmente enunc iativo , e diríam o s ,
social e integre ao nível subj etivo o con
analógico . Se tomarm o s a enunc iação e o
junto das relações sociais de natureza s i m
discurso como as instâncias fundamentais
bólica, está em coerência c o m seu s pressu
para a análise mesmo de natu reza sintáti
postos e, a partir deles, deve ser aceita,
ca, o signo lingüístico não mais se isolará
mas o processo desta apreensão suporia
como uma classe absolutamente estranha
uma análise mais clara e m i n u c i o s a . O tra
no universo total das sem ioses: guarda balho do inconsciente, que certam ente
evidentem ente seus traço s especí fico s , não é desconhecido do autor que antes j á
apresentando-se, porém , c o m o uma reali dedicara um estudo à obra de F R E U D ,
zação particular de u m fenômeno geral . A não é explicitado n o livro q u e lem o s . A
possibilidade de sistem atizar d iscretamen articulação concreta, reconhecida pelo
te certos aspectos d o signo lingüí stico não autor como o " c omentário e fetiv o " de
mais dá conta de sua integridade e , con se JAKOU B I N S K I , que fornece condições
qüentem ente, não mais o discrimina es para a efetivação da " réplica interio r " ,
senc ialmente das outras classes de signo s . implica certamente u m conjunto d e ope
O modo d e trabalhar o signo lingüístico rações bastante c o m plexas, não somente
proposto por BAKHTIN supera igual ao nível específico, - objeto da psicolo
mente a necessidade de desconsiderar, ao gia -, mas mesmo ao nível de u m a abor
nível da ciência, aqueles aspectos essen dagem filosófica , onde conhecimento, de
ciais da comunicação verbal que, n o en- cisão e linguagem - sobretudo c o m o
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SILVEIRA, L.F.B. da. - A produção social da linguagem: uma leitura do texto de Mikhail Bakhtin (V.N. VOlochinov), mar
xismo e filosofia da linguagem. Trans/Form/ Ação, São Paulo, 4: 15-39, 1981.
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xismo e filosofia d a lingu agem . T r a n s / F o r m l A ç ã o , São P a u l o , 4 : 1 5 -39, 1 9 8 1 .
ABSTRACT: Faced with the problem of lying founda tions for th e semiotic production inside th e
capitalistic social and economic form a tion and even inside the first phase of the esta blishm en t of socia
lim, Bakhtin, or his disciple Volochin o v, discusses th e propositions of Linguistics along the lin e of the
saussurian tradition and the propositions of the vosslerian individualistic s u bjectivism; he a voids the
pretendedly marxist m echanicism and proposes esta blishing the social and ideologic instance of th e for
ma tion of discourse. A fter form ula ting th e general principles of the social production of signs, Bakh tin
analyses the indirect discourses which ha ve been gra dually ela borated in the French bourgeois litera ture
since the 1 8th century.
KE Y- WORDS: Language; sign; theme; utteran ce; valua tion; in tona tion; direct discourse; indirect
discourse; free indirect disco urse; infrastructure; superstructure; ideology.
Recebid o em 1 5/4/ 1 9 8 1 .
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