Você está na página 1de 36
Sébado 20 de Malo de (967 1 Série — Némero 119 DIARIO 00 GOVERNG PRECO DESTE NUMERO— 7620 Store’ common ud cb de Sar seer Bret ada TS da tress Het de tes, | Toda a correspondéncia, quer oficial, ‘aa axtrangolr altramar aereee 0 port corel (© prego dos aniincios 6 de 4550 linha, acrescido do respective imposto, do selo, dependendo a sua publicaclo de depssito. previo a efectuar na. Im= prensa Nacional de Lisboa. SUPLEMENTO SUMARIO Ministério das Obras Péblicas: Decreto n.° 47723: Aprova o Regulamento de Hstruturag do Bel ‘Rovegs 0 legulamento. do. Betio Arma, Decree 38 BiB, com ag altoragies ink Decreigs ast 9021 0, 4280), 0 courders. Tevopeds ‘_diaposigtes relia’ « estrorae tvimado sonstanten doe artgon T+ ¢ Tae do Rogulamento a2" Segurange das Conatragee contra os Simos, aprovado pelo Bocrsto a 41688 MINISTERIO DAS OBRAS PUBLICAS Gabinete do Ministro Decreto n.° 47 723 No prosseguimento metédico da relevante tareta do aperfeigoamento e actualizagio dos regulamentos téenicos dda construgio existentes ¢ de elaboragdo de novos regu- Jamentos da mesma indole, havia necessiriamente do morecér a atengio do Governo o dominio das estruturas de betio armado. © regulamento aprovado pelo Decreto n.° 25 948, de 16 de Outubro de 1985, até agora em vigor, prestou cer- tamente assinaliveis beneficios durante 0 largo perfodo da sua vigéncia. Porém, os progeessoo cfentticos © tecno- Ligicos registados neste dominio da técnica da construgio impunham uma rovisio profunda dos seus preoeitos ¢ mesmo da sus concepgio para poderem ser conveniente- mente aproveitados aqueles progressos em beneticio da economia e da seguranga das obras de betio armado. 0 reconhecimento deste facto determinou o estudo le- xado @ efeito pola Comissio de Revisto dos Regulamentos Téenieos, eriada no Consolho Superior de Obras Publicas, com base no trabalho preliminar do Laboratério Nacional de Engenharia Civil, © do qual resultou o regulamento aprovado pelo presente decreto. Nestos termos: Usando da faculdade conferide pelo n° 8° do ar- tigo 109.° da Constituigio, 0 Governo decreta e eu pro- mulgo seguinte: Artigo 1° B aprovado o Regulamento de Estruturas de Beto Armado, que fox parte integrante do presente diploma e com ele baixs assinado pelo Ministro das Obras Pablicas. Art. 2.° Fiea revogado 0 Regulamento do Betio Ar- mado, aprovado pelo Deereto n.° 25 948, de 16 de Outu- bro de 1985, com as slteragies introduzidas pelos Deoretos n.* 38 021, de 2 de Setembro de 1948, © 42.873, de 12 de Margo de 1960. § tinico, Consideram-se igualmente revogades as dis- posigdes relativas a estruturas de betto armado constan- tes dos artigos 11.° a 14.° do Regulamento de Seguranca das Consteugdes contra os Sismos, aprovado polo Decreto 1. 41 658, de 20 de Maio de 1958. Art. 8° Durante o prazo de um ano, a contar da data do presente diplome, poderdo ser submetidos & aprecia- ‘go das instincias oficiais responsiveis. projectos organi- zados de harmonia com a legislagdo revogada nos termos do artigo anterior. Publique-se e oumpra-se como nele se contém. Pagos do Governo da Repiiblica, 20 de Maio de 1067.'— Antéintco Deus Ropricuzs Taostaz — Anténio de Oliveira Salazar — Eduardo de Arantes ¢ Oliveira MEMORIA JUSTIFICATIVA A remodelagio do Regulamento do Betéo Armado era de h& muito ‘reconhecida como necesstria © constitula eneargo da Comissio de Revisho dos Regulamentos Téc- nicos, do Conselho Superior de Obras Piblicas. Dificuldades virias somente permitiram concluir na presente data a referida remodelagio. No entanto, os 1096 1 SERIE — NOMERQ 119 inconvenientes resultantes de so no dispor de uma re gulamentagio actualizada tém vindo a ser minorados, em parte, através da publicaglo de condigées de emprego de novos tipos de agos, elaboradas pelo Laboratério Nacional de Engenharia Civil ao abrigo do artigo 17.° do Regula- mento Geral das Edificagdes Urbanas (Decroto n.* 88.982, de 7 de Agosto de 1951). © presente regulamento enguadra-se no conjunto de documentos jé estudados pela Comissio referida, de que fazem parte, nomeadamente, 0 Regulamento de Solici- tages em Eiificios e Pontes (Decreto n.° 44 O41, de 18 de’ Novembro de 1961) © 0 Regulamento de Estruturas do Ago para Editicios (Decroto n.° 46 160, de 19 de Ja- iro de 1965). A subcomissio encarregeda da elaboragiio deste regu: Jamento dispos da colaboragto do Laboratério Nacional de Engenharia Civil, que, em particular, efectuou a pro paragio de todos os documentos de trabalho sobre os quais incidiu a discussio. Deve referir-se também o facto de terem sido consultadas as classes profissionais mais directamente interessadas nas matérias tratadas, nomea- damente_o Ordem dos Engenheltos ¢ o Sindicato Nacio- nal dos Engenheiros Auxiliares, Agentes Téonicos de En- genharia e Condutores. Além disso, foram efectuados cursos e coldquios de divulgagdo em Lisboa, Porto Luanda. A orientagtio geral do regulamento respeitao estabe- lecido pelo Comité Buropéen du Béton (C. E. B.) nas «Recomendagies Priticass publicndas em 1963. (Re- commandations Pratiques & U'Usage des Constructeurs, 1 edigio, Margo, 1963). 0 facto de ter sido possivel dis- por deste documento faciliton considerivelmente a re- dacgio do presente regulamento, conferindo-lhe actual dade © generalidade que certamente muito o valorizam. Regista-se_ com o maior agrado o éxito da iniciativa in- teznacional que permitiu elaborar as «Recomendagies» re- feridas, tarefa em que, als, colaboraram téenicos na- Apresenta-se seguir a justificagto goral da orientagio adoptada ea da propria regulamentagio contida nos dife- rontes eapitulos e anexos. Como vem sendo norma nos regulamentos téenicos recentes, sempre que foi julgado Util, introduziram-se a seguir ao articulado, em tipo di- ferente, comentérios com que se procura esclarccer ou exemplificar a matéria eodificada. Hstos comentérios mio constituem, dbviamente, matéris regulamentar. 1 —Goneralidades, solicitagdes e materiais Tncluem-se no primeiro capitulo a definigzo do campo de aplicagio do regulamento, cléusulas relativas & elabo- ago ¢ aprovagio dos projectos © i direcgdo das obras € especificagdes relativas a solicitagdes ¢ materiais. No que se refer ao campo de aplicagio do regula- mento, a limitagio deste As estruturas de betdo armado para edificios e obras anilogas de construgio civil justi- fica-so pela necessidade de nio protelar ainda mais @ re- modelagio do regulamento que tem vigorado. De facto, poderia considerar-se preferivel publicar um regulamento que simultineamente cobrisse © betio armado e pré= cesforgado ©, até, outros tipos de construgio antlogos, tais como alvenarias de tijalo armadas, elementos pré- -fabrieados, ete. Proceder deste modo, sendo eoneeptual- mente correcto, acarretaria, no entanto, dificuldades pré- tieas que teriam como consequéneis retardar de modo senstvel a publieagao do presente documento. Idénticos ‘motivos s© podem invocar relativamente & incluso neste rogulamento de regras relativas As pontes. Visto que 0 deereto que aprova o presente regulamento revoga, ma sun totalidade, o regulamento anterior, deixa de existir regulamentagio que codifique pormenoriza mente 0 projecto © a execugio de pontes de betio ar- mado, a no ser no que se refere a solicitagées. O facto de as regras do presente regulamento poderem servir de base para o projecto de pontes nfo resolve completa- mente o problema e nto dispensa a publicaglo, num futuro préximo, de regulamentagio espectfiea. Considerou- se no entanto preferivel que fosse revogada, global- mente, a regulamentagio existente, mesmo eriando esta acuna, em vez de manter em vigor cldusulas desactua- lizadas e, om varios aspectos, contraditérias com as do presente regulamento. Quanto & mstéria relativa A claboragio © aprovagio de projectos © & execugio de obras, reconhece-se a conve- niéneia © exprime-se o voto de que tais problemas ve- nham, no futuro, a ser tratados em conjunto, em do- cumento préprio, e nio nos regulamentos relativos. aos diferentes tipos de estruturas © de materiais, como ainda foi necessirio fazer no presente regulamento. Trata-se, no entanto, de assuntos ainda insuficientemente esclare- cidos no nosso meio téenico, com implicagdes de grande eomplexidade, em relagio aos guais, portanto, 6 dificil « talver. prematuro tomar posigio. Regista-se a valia da recente realizagao, na Ordem dos Engenheiros, do Sim- pésio sobre as Atribuigies do Engenheiro Civil no Pro ecto e ma Bxecugio de Biiffcios, cujas conclusdes se Procurou utilizar na remodelagio das cldusulas que sobre esta matéria constavam do regulamento anterior. No quo se refere a solicitag’es, o presente regula- mento remete para o Regulamento de Solicitagées em Edificio © Pontes (R. 8. E. P.), promulgado pelo De- ereto n.° 44041, do 18 de Novembro de 1961, sbmente indicando explicitamente, como aliés prevé esse regula- mento, es solicitagdes espectficas do betio armado, no- mendamente as provenientes dos fendmenos de retracgio e fluéncia. Esta forma de proceder respeita a orientagio oportumamente estabelecida pela Comissio de Revisto dos Regulamentos Téenicos. Do mesmo modo, foi deeidido que os assuntos rela- tivos & tecnologia do betio destinado nio 86a obras de betio armado, mas também as do betio simples e is de betio pré-esforgado, fossem tratados em documento os peeifica. 0 projecto do regulamento respectivo encontra- se em fase adiantada de preparagio, mas supde-z0 que, resto assim, mediaré algum tempo entre a entrada em vigor do presente regulamento ¢ a publicagio do regula- mento de betdes. Para atenuar os inconvenientes resul- tantes deste facto, inclufram-se no presente documento clausulas de fndole muito geral que, de qualquer modo, fe nfiguram indispensiveis, defxando para o regulamento de betes especificagio pormenorizada relativa a tipos de beties, estudos de composigéo, fabrico, transporte, colocagio em obra e ensaios. No que se refere # armaduras, definem-se vérios tipos classes, procurando-se abranger as qualidades actual- mente utilizadas © as que o poderio ser a eurto prazo, Consideraram-se, no entanto, sdmente vardes do tipo re- dondo, lisos ou nervurados, ¢ no varves de formas espe- cisis, cuja utilizagio terd de ser regulada. por documentos de homologagéo especificas, tendo-se atribuldo #0 Labo- ratério Nacional de Engenharia Civil 0 encargo do ela- borar esses documentos ©, bem assim, de classifiear ofi- cialmente os restantes tipos de agos, de acordo com os critérios que o regulamento estabelece. Recouheceu-se, de facto, a inviabilidade de o regula. mento estabelecer regras para atender is peculiaridades 20 DE MAIO DE 1967 1097 dios muito variados tipos de armaduras existentes no mer- ceado, 08 quais, aliés, se encontram em permanente evo~ lugao. 2—Critérios gerais de dimensionsmento ‘Trata-se fundamentalmente neste capitulo do problema geral da seguranga. A verificagdo da seguranga & efec- fusda em relaglo a trés estados do ruina: rotura, fendi Ihagio excessiva © deformagio excessiva. Considera-se que a seguranga é satisfeita quando as combinagées mais desfavordveis das solicitagdes, majora- das por eoeficientes conveniontes, silo inferiores As soli- citagSes para as quais so verificam estados de ruina, computadas de acordo com as regras estabelecidas pelo rogulamento. Adoptam-se, assim, com generalidade, os ‘modernos eritérios de seguranga, baseados na considera. ‘go de estados de ruina ou estados limites, em substitu ‘Glo do critério tradicional, baseado em tensies de segu- ranga. ‘Este forma de proceder & a preconizada pelo C. E. B. © constitu um eritério mais racional © conduzindo a se- guranga mais uniforme do que o até agora edoptado. No ertanto, considerou-se conveniente no climinar total- mente a fossibilidade de efectuar o dimensionamento com base em tensies de seguranga. Tal permitiré utilizar fa experiéneia adquirida pelo uso deste eritério, até agora Priticamente unico utilizedo pelos projeetistas nacio- ‘As hipéteses gerais, os valores dos coeficientes de ma- joragiio das solicitagses e 08 valores de cflculo das pro: priedades mecinicas © das tensdes de seguranga, indi- eados neste capitulo, foram estabelecidos tendo em vista obter bases de edlculo suficientemente gerais, que con- duzam a condigdes de seguranga correntemente reputadas satisfatdrias, tendo em devida consideragio o estado de desenvolvimento e as possibilidades do meio técnica na- cional A adopglo, em geral, tanto para o betilo como para o ago, de relagies tensics-extensies nao lineares. permite obter resultados mais préximos da realidade, mas implica, sem diivida, cileulos mais complexos do que os corres: pondentes is hipétoses de comportamento linear. Gragas A facilidede de recurso a computadores para tabelar os casos correntes, tal no corresponde, do ponto de vista Pritico, a qualquer difculdade, Nos casos em que a adop- {glo de diagramas curvos conduza a eéleulos complexos, Admite-se no entanto a utilizagtio de diageamas bilinea- res ott mesmo lineares, desde que de tal no resulte re- augio da. seguranga. 3 —Determinasio. anal do comportamento das estruturas Divide-se este capitulo em trés partes: célculo de es- forgos, determinacho da capacidade resistente e estudo da fendilhagio © deformagio. Na primeira, indicam-se os métodos gerais a utilizar para o estudo dos prineipais tipos de estruturas, preco- nizando-se com generalidade » adopgiio de métodos ba- seadas na hipdtese de olasticidade perfeita, Estudos recentes, relativos ao dominio do comporta. mento niio linear das estruturas, permitiram esclarecer até que ponto o comportamento real das estruturas de betio armado se afasta do comportamento elistico per- feito, Beneficiando dos resultados assim obtidos, quanti- ficara-se, na parte relativa ao dimensionamento de vigas, eorraegdes os resultados dos eéleulos elasticos. No que se refere a estruturas laminares, além do cél- cule eldstico, admite-se, no caso das lajes, que a deter- minaglo da capacidade resistente soja efectuada pela teo- rit das linhas de rotura. Para tal, sfo impostas algumas condigées restritivas, entre as guais um aumento de 20 por conto dos coeficientes de majoragdo adoptados nos casos correntes. Este aumento justifica-se pelo facto de « teorin das linhas de rotura poder conduzir, por vezes, a ums avaliaglo por excesso da capacidade resistente. Na parte relativa & determinagio da eapacidade resis tente das secgdes sto tratados, sucessivamente, 05 es- forgos de tracgio, de flexio simples e composta, de com- pressio ({ncluindo varejamento) e os esforgos transversos e de torgto. As hipéteses simplificadoras para o eéleulo da capaci- dade resistente das secgies sfio, em certos casos, as jé Aefnitivamente sancionadas por longa experiéncia; em outros, foram adoptados os eritérios que melhor se har- monizam com. a evolugia recente dos conhecimentos so- bre as matérins Para a flexio, admite-se que a determinagio da capa- cidade resistente seja efectuada tanto por céleulo em re- lagio rotura como por tensies de seguranga. No aso dn compressio simples, adopta-se imicamente o cileulo & rolura, pois que, para este tipo de esforgo, o eileulo por tensoes de seguranga & menos justificdvel do que no caso da flexto. Note-se que, para elementos sujeitos & com- pressio, so introduz um eoeficiente suplementar para re- duzir @ capacidade resistente admissivel, coeficiente que setua sobre a parcela de resisténcia atribuivel ao betto. Esta redugio justifica-se pela necessidade de confer ‘205 elementos sujeitos a este tipo de esforgo maior sexu ranga em face de eventunis varingses de resisténcin do betio. Do mesmo modo, eorisidera-se que o esforgo nor ‘mal num elemento sujeito A flexio composta nunca devo exceder o valor correspondente & compressio simples. ‘Para considerar o fendmeno de varejamento, adoptam. -80 critérios distintos conforme se trate de elementos ste jeitos & compressio simples ou & compressio composta com flexto. No primeiro caso, reduz-se m capacidade re- sistente mediante um coeficiente que & fungdo da esbel- teza da coluna, de forma anélogn A preconizada pelos regulamentos alemio e ausiriaco. No segundo caso, in- troduz-se uma excentricidade adicional auc & fungdo da dimensio transversal da coluna ¢ da sua esbelteza, con- forme preconiza 0 C. E. B. Considerou-se aue esta forma de proceder, apesar de nfo ser conceptualmente homo- génea, 6 suficientemente segura e apresenta vantagens do ponto de vista da simplicidade nes aplieagies, No que se refere & resisténcia ao esforgn transverso, adopta-se 0 eritério preconizado pelo C. E. B., que con- siste em adicfonar as parcelas correspondentes. & resi téncia do betio ¢ & resisténcia das armaduras transver- sais, computada a tiltima pela clissica teoria de Mérsch. Com base na experimentacio, critério andlogo jé €, de ba muito, seguido em varios regulamentos, nomeada. mente nos norte-amoricanos, diferindo do critério adop- tado no anterior regulamento portugués, em que se adrai- tia que, a partir do limite de tensGes tangencisis para o qual o betfo resistia por si s5 no esforgo transverso, todo © esforgo teria de ser absorvido por rmaduras. Relativamente & torgio, generalizaram-se para este ‘ipo de esforgo, de acordo com s informagio experimental mais recente, os eritérios adoptados para o problema do esforgo transverso. Sto tratados no presente regulamento com particular tengo os problemas da fendilhagio e ds deformagio. ‘A necessidade de o fazer resulta da acuidade que estes problemas podem assumir quando se utilizam agos de alta resisténeia. De facto, em tais circunstincias, as extensées das armaduras podem atingir, nas condigdes

Você também pode gostar