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Artigo Mecanismos de Cooperacao Juridica Internacional No Brasil PDF
Artigo Mecanismos de Cooperacao Juridica Internacional No Brasil PDF
INTRODUÇÃO
O contexto atual fez com que os Estados se deparassem com problemas que
eles não conseguiriam resolver sozinhos, ou ao menos, resolveriam melhor por meio da
cooperação4. Nessa nova ordem global, é inevitável que haja uma série de políticas públicas
que não possam ser implementadas sem a cooperação de outros países, enquanto várias das
1
BAPTISTA, Bárbara Gomes Lupetti. Breves considerações sobre o anteprojeto de lei de cooperação
jurídica internacional. Disponível em: <http://www.mundojuridico.adv.br/sis_artigos/artigos.asp?codigo=
774>. Acesso em 03.06.2008.
2
CAPUTE, Yolanda de Souza. As inovações introduzidas com a EC 45/2004 no âmbito da cooperação
jurídica internacional. Disponível em: <http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2006/relatorio/CCS/
Dir/DIR_25_Yolanda_Capute.pdf >. Acesso em 03.06.2008.
3
MATIAS, Eduardo Felipe. A humanidade e suas fronteiras – do Estado soberano à sociedade global.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, p. 206.
4
VAN KLEFFENS, E. N. Sovereignty in international law: five lectures. Recueil de Cours, v.82, 1953, p.8.
1
funções tradicionais dos Estados não poderiam ser cumpridas sem se recorrer a formas
internacionais de colaboração5.
5
HELD, David. Democracy and the global order: from the modern state to cosmopolitan governance.
Stanford: Stanford University, 1955, Apud MATIAS, Eduardo Felipe. A humanidade e suas fronteiras – do
Estado soberano à sociedade global. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
6
CAPUTE, Disponível na internet.
7
ARAÚJO, Nadia de; GAMA JUNIOR, Lauro. Sentenças estrangeiras e cartas rogatórias: novas
perspectivas da cooperação internacional. Disponível na Internet: <http://www.mundojuridico.adv.br/
sis_artigos/artigos.asp?codigo=51>. Acesso em 03.06.2008.
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O DIREITO INTERNACIONAL DO SÉCULO XXI: DO DIREITO DE
COORDENAÇÃO AO DIREITO DE COOPERAÇÃO
De fato, o Direito das Gentes foi concebido para viger num ambiente de
inexistência de poder central, pois não há na sociedade das nações nenhuma autoridade
constituída com poder de império que lhe permita ordenar o relacionamento entre as
soberanias. Dessa forma, a juridicidade das normas internacionais decorre, sobretudo, da
vontade dos Estados, que reconhecem e aceitam previamente as regras que lhe serão
aplicadas no relacionamento com os demais atores da cena internacional. Daí a noção
básica de que o Direito Internacional é um direito intergovernamental, de coordenação.
3
enfatizando-se o dever de cooperação contido nas normas internacionais, contrapondo-se,
assim, à feição de direito de manutenção do status quo. 8
8
SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de direito internacional público. São Paulo: Atlas, 2002. p. 136.
4
jurisdição, nacional ou estrangeira, pode depender do intercâmbio não apenas entre órgãos
judiciais, mas também entre órgãos judiciais e administrativos, de estados distintos.”
9
SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes da Silva. O direito internacional contemporâneo – estudos em
homenagem ao professor Jacob Dolinger. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 798.
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Com efeito, pode-se afirmar que a cooperação jurídica entre Estados não se
trata de fenômeno moderno. Na verdade, há indícios de que, desde a civilização antiga,
egípcios, babilônicos, assírios e persas já colaboravam para obter a captura de fugitivos
procurados por ofensas políticas ou religiosas.
Segundo Kimberly Prost10, registros apontam que, por volta do ano 1280
a.C., Ramsés II teria celebrado um dos primeiros instrumentos de cooperação jurídica
internacional conhecidos, quando previu a possibilidade de retorno extradicional de
criminosos em tratado de paz firmado com o povo Hitita.
Carta Rogatória
10
PROST, Kimberly. Breaking down the barriers: Inter-national cooperation in combating
transnational crime. Disponível na internet: <http://www.lexum.umontreal.ca/mla/en/can/doc/prost.en.
html>. Acesso em 03.06.2008.
11
PEREIRA, Luís Cezar Ramos. Carta rogatória, instrumento processual internacional, seus efeitos,
processamento e características no sistema jurídico brasileiro. Revista de Processo, abril/junho 1984, p.
292.
6
diligências solicitadas por autoridades jurídicas domésticas (ou vice-versa), no sentido
de auxiliar a instrução processual, angariando provas ou efetuando outros termos
processuais (citações, notificações, etc.).”
Extradição
7
Segundo as lições de Celso D. de Albuquerque Mello12, “A extradição
pode ser definida como sendo o ato por meio do qual o indivíduo é entregue por um
Estado a outro, que seja competente, a fim de processá-lo e puni-lo.”
Transferência de Presos
12
MELLO, Celso D. de Albuquerque. Direito constitucional internacional. Rio de Janeiro: Renovar, 1994,
p. 169.
8
lidar com o novo panorama fático e jurídico trazido por essas mudanças.
13
Perlingeiro (2006, p. 806 e 807) aponta como raiz do termo “auxílio direto”, disseminado no decorrer das
discussões com a finalidade de disciplinar legislativamente a matéria, na Convenção de Auxílio Judicial
Mútuo da União Européia.
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Art. 7º As cartas rogatórias podem ter por objeto atos decisórios ou não decisórios.
Parágrafo único. Os pedidos de cooperação jurídica internacional que tiverem por objeto atos que não
ensejem juízo de delibação pelo Superior Tribunal de Justiça, ainda que denominados como carta rogatória,
serão encaminhados ou devolvidos ao Ministério da Justiça para as providências necessárias ao cumprimento
por auxílio direto.
9
acordos bilaterais (os chamados Mutual Legal Assistance Treaties ou MLATs). Inexistindo
ajuste expresso entre os dois Estados, a assistência poderá ser realizada baseando-se na
garantia de reciprocidade do Requerente. É possível cooperar nos mais diversos temas,
como tributário, trabalhista e previdenciário. No entanto, os tratados mais freqüentes no
cenário internacional são em matéria penal e civil.
Medidas ainda mais contundentes também podem ser efetivadas pela via da
cooperação stricto sensu, como seqüestro de bens e congelamento de depósitos bancários.
Ressalte-se novamente que o juiz de primeiro grau que receber o pedido tem cognição
plena para apreciar o pedido, estabelecendo contraditório para cristalizar seu livre
convencimento.
Na esfera civil, a obtenção de provas também pode ser de extrema valia para
15
Promulgada no Brasil pelo Decreto n.º 3.468/ 2000.
16
Promulgada no Brasil pelo Decreto n.º 5.015/ 2004.
17
Promulgada no Brasil pelo Decreto n.º 3.810/ 2001.
10
os Estados Requerentes18. Porém, o espectro de atuação da cooperação é ainda mais amplo.
Os Estados Requerentes podem solicitar, por exemplo, a restituição de menores ilicitamente
subtraídos de seus lugares de residência habitual ou a fixação e revisão de obrigações
alimentícias.
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Segundo Rechsteiner, o Brasil não ratificou nenhuma das convenções modernas sobre obtenção de provas
em matéria civil (RECHSTEINER, Beat Walter. Direito internacional privado: teoria e prática. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2006, p. 306).
19
Promulgada no Brasil pelo Decreto n.º 3.413/ 2000.
20
Promulgada no Brasil pelo Decreto n.º 56.826/65.
21
Esta convenção, de 1º de março de1954, não foi promulgada pelo Brasil.
22
O Protocolo de Las Leñas, de 27 de junho de 1992, foi promulgado pelo Brasil em 12 de novembro de
1996, pelo Decreto n.º 2.067.
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Convenção da ONU sobre Crime Organizado Transnacional
Artigo 21
Transferência de processos penais
Os Estados Partes considerarão a possibilidade de transferirem mutuamente os processos relativos a uma
infração prevista na presente Convenção, nos casos em que esta transferência seja considerada necessária no
interesse da boa administração da justiça e, em especial, quando estejam envolvidas várias jurisdições, a fim
de centralizar a instrução dos processos.
Convenção Européia sobre a Transferência de Processos em Matéria Penal (tradução livre do original
European Convention on the Transfer of Proceedings in Criminal Matters)
“Os Estados membros do Conselho Europeu, signatários da presente Convenção,
Considerando que o objetivo do Conselho Europeu é alcançar maior unidade entre seus membros;
Desejando suplementar o trabalho já realido pelos membros no âmbito do direito penal com o intuito de
alcançar sanções mais justas e eficientes;
Considerando útil para tal finalidade assegurar, num espírito de confiança mútua, a organização de
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esse instrumento de colaboração viabiliza o deslocamento de um procedimento penal, já
instaurado na jurisdição de um Estado, para outro Estado, também competente para
processar e julgar aquele ato (hipóteses comuns em crimes transnacionais), sempre que o
traslado for benéfico ao trâmite do processo. Importante lembrar que não há disposição
específica sobre o instituto na legislação interna brasileira.
CONCLUSÃO
No original:
“The member States of the Council of Europe, signatory hereto,
Considering that the aim of the Council of Europe is the achievement of greater unity between its members;
Desiring to supplement the work which they have already accomplished in the field of criminal law with a
view to arriving at more just and efficient sanctions;
Considering it useful to this end to ensure, in a spirit of mutual confidence, the organisation of criminal
proceedings on the international level, in particular, by avoiding the disadvantages resulting from conflicts of
competence,
Have agreed as follows:
(...)”
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incluído o dever de prestar rápida e eficientemente a cooperação, de forma que a medida
requestada não se torne inútil ao Estado requerente. Para tanto, é necessário superar
conceitos ultrapassados e difundir novas práticas, sem o que arriscaremos perecer diante da
nova ordem mundial.
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