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Artigo 1º

- Constituição de 88:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
- Correspondente (Constituição 67/69):
Art 1º - O Brasil é uma República Federativa, constituída sob o regime
representativo, pela união indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios.
§ 1º - Todo poder emana do povo e em seu nome é exercido.
§ 2º - São símbolos nacionais a bandeira e o hino vigorantes na data da
promulgação desta Constituição e outros estabelecidos em lei.
§ 3º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos
próprios.
- Comentários:
Os incisos presentes no Art.1 da Constituição de 88, que se referem aos
fundamentos da República Federativa do Brasil, não possuem correspondente na
Constituição de 67.
O parágrafo único do Art. 1º de 88 é o primeiro parágrafo do Art. 1° da
Constituição de 67.
A Constituição de 88 prevê a possibilidade do povo exercer o Poder diretamente,
na forma do Art. 14º, quais sejam o Plebiscito, o Referendo e a iniciativa popular. Tal
possibilidade não foi prevista pela Constituição de 67.

Artigo 2º

- Constituição de 88:
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.
- Correspondente (Constituição 67/69):
Art. 6º São Poderes da União, independentes e harmônicos, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.
-Comentários:
Os trechos citados acima expressam a mesma idéia, exceto pelo termo “entre si”,
presente na Constituição de 88, que demonstra que um poder fiscaliza a atuação do
outro, ensejando assim o sistema de pesos e contrapesos.

Artigo 3º
- Constituição de 88:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
- Correspondente (Constituição 67/69):
Não existe correspondente na Constituição de 67.
-Comentários:
A inexistência de artigo correspondente na Constituição de 67 demonstra a
divergência dos momentos vividos pelo país nas duas Constituições, sendo que a de 88
é voltada primordialmente para o ser humano e suas relações com a sociedade.

Artigo 4º

- Constituição de 88:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais
pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação
de uma comunidade latino-americana de nações.
- Correspondente (Constituição 67/69):
Art 7º - Os conflitos internacionais deverão ser resolvidos por negociações diretas,
arbitragem e outros meios pacíficos, com a cooperação dos organismos internacionais
de que o Brasil participe.
Parágrafo único - É vedada a guerra de conquista.
-Comentários:
O presente artigo trata dos princípios fundamentais das relações internacionais
do Brasil, citando princípios pacifistas, igualitários, integradores e voltados para o
neoliberalismo. Em 1967/69, a maioria das menções às relações e aos tratados
internacionais tem enfoque militar, nacionalista e estatal, não existindo referência
específica ao artigo 4º de 1988. As relações internacionais, de forma geral, são tratadas
de forma particulares, dando prioridade aos possíveis conflitos externos. Como
exemplo, podemos citar o artigo 7º em 67/69.
Na Constituição de 1988 foram adicionados preceitos relacionados à abertura da
economia, integração política, social e cultural com outros países, o que não existe na
constituição de 1967, que possuía uma visão muita mais interna e fechada no próprio
país.

Artigo 5º
O correspondente a este artigo na Constituição de 67/69 é o 150º. Ambos os
artigos tratam dos direitos e garantias fundamentais.

- Constituição de 88:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
- Correspondente (Constituição 67/69):
Art 150 - A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
Pais a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
-Comentários:
Na Constituição de 67/69, os Direitos Coletivos não são abordados diretamente e
o direito à igualdade também não é explicitado.

- Constituição de 88:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
- Correspondente (Constituição 67/69):
§ 1º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção, de sexo, raça, trabalho, credo
religioso e convicções políticas. O preconceito de raça será punido pela lei.

- Constituição de 88:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
- Correspondente (Constituição 67/69):
Idem ao acima.

- Constituição de 88:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
- Correspondente (Constituição 67/69):
Não há correspondente.
-Comentários:
Não há na Constituição de 67/69 nenhum paralelo que possa servir de
comparação com o trecho acima, mas, pode-se dizer que o regime militar certamente
não iria propor uma lei desse cunho, já que o mesmo torturou inúmeras pessoas que
foram contra o governo ditatorial da época.

- Constituição de 88:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
- Correspondente (Constituição 67/69):
§ 8º - É livre a manifestação de pensamento, de convicção política ou filosófica e a
prestação de informação sem sujeição à censura, salvo quanto a espetáculos de
diversões públicas, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer.
É assegurado o direito de resposta. A publicação de livros, jornais e periódicos
independe de licença da autoridade. Não será, porém, tolerada a propaganda de
guerra, de subversão da ordem ou de preconceitos de raça ou de classe.
-Comentários:
Em 67/69, a manifestação livre do pensamento era mera formalidade teórica da
lei, já que, na prática, todos os críticos dos governos militares eram seriamente punidos
das mais diversas formas, desde os críticos severos até os mais brandos, tendo muitos
deles que chegar ao ponto de sair do país.
Com relação ao direito de resposta, a Constituição de 67/69 diz pouco, por
motivos mais do que compreensíveis, já que o governo pouco iria se importar em ser
democrático e racional nos momentos de receber críticas. Como se pode conferir no
parágrafo 8º, o direito de resposta era, em teoria, assegurado pela Constituição, mas
pouco se diz sobre a proporção ao agravo e sobre indenizações referentes a direitos.

- Constituição de 88:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;
- Correspondente (Constituição 67/69):
§ 5º - É plena a liberdade de consciência e fica assegurado aos crentes o exercício
dos cultos religiosos, que não contrariem a ordem pública e os bons costumes.
-Comentários:
Em se tratando dos direitos de crença religiosa, a Constituição de 67/69 assegura
o exercício destes, mas impõe restrições totalmente evasivas e subjetivas, estando, as
mesmas, sujeitas a várias interpretações que podem ser influenciadas por culturas e
princípios diferentes, o que, provavelmente, dá ao governo uma liberdade para deliberar
o que ele bem entender com relação a essas práticas e proibi-las sem problemas, caso
queira.

- Constituição de 88:
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares de internação coletiva;
- Correspondente (Constituição 67/69):
§ 7º - Sem constrangimento dos favorecidos, será prestada por brasileiros, nos
termos da lei, assistência religiosa às forças armadas e auxiliares e, quando solicitada
pelos interessados ou seus representantes legais, também nos estabelecimentos de
internação coletiva.
-Comentários:
Com relação à prestação de assistência religiosa, a Constituição de 67/69 se
exprime de forma bem similar à de 88. É interessante notar a presença da religião na
Constituição de um país que adota o conceito de Estado Laico.

- Constituição de 88:
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
- Correspondente (Constituição 67/69):
§ 6º - Por motivo de crença religiosa, ou de convicção filosófica ou política,
ninguém será privado de qualquer dos seus direitos, salvo se a invocar para eximir-se
de obrigação legal imposta a todos, caso em que a lei poderá determinar a perda dos
direitos incompatíveis com a escusa de consciência.

- Constituição de 88:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
- Correspondente (Constituição 67/69):
§ 8º - É livre a manifestação de pensamento, de convicção política ou filosófica e a
prestação de informação sem sujeição à censura, salvo quanto a espetáculos de
diversões públicas, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer.
É assegurado o direito de resposta. A publicação de livros, jornais e periódicos
independe de licença da autoridade. Não será, porém, tolerada a propaganda de
guerra, de subversão da ordem ou de preconceitos de raça ou de classe.
-Comentários:
Em 67/69, a Constituição, novamente, assegura os direitos de expressão, mas só
na teoria, enquanto que, na prática, as atividades intelectuais, artísticas e de
comunicação contrárias ao governo foram completamente reprimidas. Além disso,
novamente outros conceitos subjetivos, de apreciação única dos que estão no poder,
voltam a servir de embasamento para a deliberação de proibir atos em geral.

- Constituição de 88:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
- Correspondente (Constituição 67/69):
Não há correspondente.
-Comentários:
Na Constituição de 67/69 não há uma menção direta e/ou paralela aos direitos
acima descritos.

- Constituição de 88:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
- Correspondente (Constituição 67/69):
§ 10º - A casa é o asilo inviolável. do indivíduo. Ninguém pode penetrar nela, à
noite, sem consentimento do morador, a não ser em caso de crime ou desastre, nem
durante o dia, fora dos casos e na forma que a lei estabelecer.
-Comentários:
Ao estabelecer caso de crime, não sendo um flagrante delito, como a
Constituição de 88, há abertura de possibilidade de ser qualquer crime, o que, no
contexto histórico ditatorial, pode ser manipulado de forma tendenciosa, ou seja, um
crime pode ser “criado” para que seja dada a permissão de invasão de uma moradia. No
mesmo sentido, o fato de permitir a invasão “na forma que a lei estabelecer” também é
arbitrário e favorecedor de um estado controlador.

- Constituição de 88:
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;

- Correspondente (Constituição 67/69):


§ 9º - São invioláveis a correspondência e o sigilo das comunicações telegráficas e
telefônicas.

-Comentários:
Os artigos são equivalentes. Apesar de somente a Constituição de 88 abrir
possibilidades para intervenção por meio de investigações, a aplicação da mesma na
época de 67/69 se fez presente significantemente.

- Constituição de 88:
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;

- Correspondente (Constituição 67/69):


§ 23 - É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, observadas as
condições de capacidade que a lei estabelecer.
- Constituição de 88:
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;
- Correspondente (Constituição 67/69):
Não há correspondente.
-Comentários:
È bastante claro o motivo pelo qual este artigo não possui correspondência, uma
vez que o regime ditatorial de censura não permitiria o acesso livre à informação por
parte dos indivíduos.

- Constituição de 88:
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
- Correspondente (Constituição 67/69):
§ 26 - Em tempo de paz, qualquer pessoa poderá entrar com seus bens no território
nacional, nele permanecer ou dele sair, respeitados os preceitos da lei.

- Constituição de 88:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem
de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado.
- Correspondente (Constituição 67/69):
§27 - Todos podem reunir-se sem armas, não intervindo a autoridade senão para
manter a ordem. A lei poderá determinar os casos em que será necessária a
comunicação prévia à autoridade, bem como a designação, por esta, do local da
reunião.
§ 28. É assegurada a liberdade de associação para os fins lícitos. Nenhuma
associação poderá ser dissolvida, senão em virtude de decisão judicial.
-Comentários:
Ambos os trechos são praticamente idênticos, salvo o fato de, em 67, estar
estabelecido em constituição a intervenção do estado para a manutenção da ordem, ou
seja, do regime ditatorial militar.
O trecho “senão em virtude de decisão judicial” concede ao Estado um poder de
intervir nos agrupamentos sociais.

- Constituição de 88:
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado.
- Correspondente (Constituição 67/69):
Nenhum correspondente.

- Constituição de 88:
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
- Correspondente (Constituição 67/69):
§ 30. É assegurado a qualquer pessoa o direito de representação e de petição aos
Poderes Públicos, em defesa de direito ou contra abusos de autoridade.
-Comentários:
Na Constituição de 88 é enfatizada a questão do direito de ser representado por
entidades associativas, quando expressamente autorizadas pelo cidadão em questão.

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