1- Conforme o artigo escrito por Alexandre de Castro e Silvagner Andrade, a
ideia de interpretação constitucional requer a afirmação da coerência do
sistema jurídico, à luz da Constituição, no julgamento de cada caso concreto. Como a Constituição é o ápice e a base do ordenamento jurídico, pressupõe- se que todo o ordenamento jurídico esteja de acordo com a Constituição. Portanto, as regras devem se adaptar aos preceitos constitucionais, ou seja, ante ao caso concreto, a interpretação constitucional será usada para adaptar as regras à luz do sistema constitucional e atenta às particularidades do caso, mas também estando em consonância com as normas democraticamente estabelecidas. Dessa forma, garante-se que os direitos fundamentais sejam efetivados sem descumprir as regras, mas também estando de acordo com os princípios constitucionais e com a democracia. 2- O interprete deve tratar a diferenciação entre regras e princípios como uma ferramenta ou estratégia para a efetivação da Constituição, e não como limite supostamente imposto pelo texto normativo. Isso ocorre porque o intuito inicial não deve ser seguir totalmente uma norma ou um princípio, mas, sim, alcançar uma interpretação correta que seja capaz de expressar e efetivar os direitos e garantias fundamentais no caso concreto. Dessa forma, é recomendável que somente após o processo de interpretação constitucional é que seja decidido se a norma será tratada como regra ou como princípio, eliminando a visão dicotômica entre regra e princípio e usando ambos os recursos para assegurar os preceitos constitucionais. 3- Jürgen Habermas foi o responsável por reconstituir a tensão entre facticidade e validade sob os moldes do Direito moderno com o propósito de superar a razão prática pela razão comunicativa, dando ao Direito um caráter de integração social. Para Habermas, essa integração social só ocorreria se houvesse harmonia entre o direito positivado, aquele que garante a certeza jurídica e possibilita aos destinatários das normas calcularem as consequências de seu próprio comportamento, bem como o das outras pessoas; e uma pretensão de legitimidade, já que as decisões judiciais devem ser tomadas de uma forma que os cidadãos se sintam representados pelas leis que os regem, pois sem essa pretensão de legitimidade, também não haveria validade no âmbito social. Dessa forma, a tensão entre facticidade e validade identifica-se no Direito como uma tensão entre o princípio da segurança jurídica e a busca pela justiça.