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Fiscalidade

O regime fiscal da cisão


de sociedades
Por Óscar Veloso
Membro estagiário

A operação de cisão enquadra-se numa para que os objectivos das entidades inter- Enquadramento jurídico
série de operações de concentração e rees- venientes na operação de concentração e
truturação empresarial. A cisão é utilizada reestruturação empresarial sejam atingidos. Conceito e modalidades da cisão
quando se pretende separar ou dividir par- O principal objectivo deste artigo é ex- A cisão pode ser definida como a ope-
tes do património de uma sociedade, para por o regime fiscal aplicável às sociedades ração pela qual uma sociedade separa do
com elas constituir novas sociedades ou intervenientes numa operação de cisão, bem seu património alguns ou a totalidade dos
agrupar a sociedades já existentes. A cisão como aos sócios da sociedade cindida. seus elementos activos e/ou passivos, para
de sociedades revela-se de extrema utili- De início será abordado o regime jurídi- integrar no património de outra ou outras
dade quando se tem como objectivo sepa- co aplicável às operações de cisão de socie- sociedades já constituídas ou a constituir.
rar partes do património de uma empresa dades, dando particular atenção às várias Quando é destacado parte do patrimó-
por ramos de actividade, permitindo uma modalidades de cisão previstas na lei e às nio da sociedade cindida, temos uma
maior especialização produtiva ou funcio- consequências da cisão na esfera sócios da cisão-parcial, que se materializa na cisão-
nal ou quando se pretende alienar apenas sociedade cindida e dos credores das socie- -simples ou na cisão parcial-fusão. Neste
uma ou algumas unidades de negócio. dades intervenientes na operação. caso não há dissolução da sociedade cin-
Pode também ser usada, como forma de De seguida será abordada a questão fis- dida. No caso de ser destacada a totalida-
repartição do património em caso de suces- cal, abrangendo os impostos sobre o rendi- de do património, temos uma cisão-total,
são o que, dado o carácter familiar do sector mento, o imposto sobre o valor acrescenta- podendo ser uma cisão-dissolução ou uma
empresarial português, pode revelar-se, do e o imposto municipal na transmissão cisão total-fusão, com a inerente dissolu-
casuisticamente de utilidade estratégica. onerosa de imóveis, numa operação de ção da sociedade cindida.
A utilização da cisão como operação de cisão, nomeadamente o regime especial O conceito jurídico de cisão da legisla-
reorganização empresarial pode ser conju- aplicável às cisões e os seus efeitos nas ção comunitária não coincidia totalmente
gada com outros tipos de operação, tais co- sociedades intervenientes e nos sócios da com o conceito da legislação nacional, até
mo a fusão, a entrada de activos ou a per- sociedade cindida. Será feita, também, à publicação da Directiva 2005/19/CE de
muta de partes sociais. A decisão do tipo referência aos benefícios fiscais aplicáveis 17 de Fevereiro que alterou a Directiva 90/
ou da conjugação dos tipos de operação a numa operação de cisão previstos no /434/CEE de 23 de Julho.
utilizar deve ser estudada previamente, Decreto-Lei 404/90 de 21 de Dezembro. A Directiva 90/434/CEE, no seu art.2º

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considerava a cisão “a operação pela qual existentes ou com partes do património a) Destacar parte do seu património, sem
uma sociedade transfere, na sequência e de outras sociedades, separadas por idên- dissolução, para fundir essa parte com
por ocasião da sua dissolução sem liqui- ticos processos e com igual finalidade. uma sociedade já existente (cisão par-
dação, o conjunto do activo e do passivo cial-fusão por incorporação);
que integra o seu património para duas ou Cisão-simples b) Destacar parte do seu património, sem
mais sociedades já existentes ou novas, A concretização da cisão-simples de- dissolução, para a fundir com parte do
mediante a atribuição aos seus sócios, de pende da verificação de certos requisitos património de outra ou outras socieda
acordo com uma regra de proporcionali- por parte da sociedade que vai destacar o des, separadas por idêntico processo e
dade, de títulos representativos do capital património. com igual finalidade (cisão parcial-fusão
das sociedades beneficiárias da entrada, Nos termos do art.123º do CSC a cisão por constituição de nova sociedade);
e, eventualmente, de uma quantia em di- não é permitida, por via do princípio da c) Dissolver-se, dividindo o seu património
nheiro não superior a 10% do valor nomi- conservação do capital social, se o valor em duas ou mais partes para as fundir
nal ou, na ausência de valor nominal, do do património da sociedade cindida, em com sociedades já existentes (cisão total-
valor contabilístico desses títulos”. Com consequência da cisão, se tornar inferior à -fusão por incorporação);
base nesta directiva, e ao contrário da soma do capital social e da reserva legal, d) Dissolver-se, dividindo o seu patrimó
legislação nacional, o destaque de partes soma essa, que nas sociedades por quo- nio em duas ou mais partes para as fun-
do património sem a dissolução da socie- tas, inclui o valor das prestações suple- dir com partes do património de outras
dade cindida não era considerado como mentares não reembolsadas. Além disto, sociedades, separadas por idêntico pro-
uma operação de cisão. não será permitida a cisão se o capital cesso e com igual finalidade (cisão total-
Esta situação foi alterada com a Direc- social da sociedade a cindir não estiver -fusão por constituição de nova socie-
tiva 2005/19/CE que passou a considerar totalmente liberado. dade).
como uma operação de cisão, além da
prevista na directiva anterior, o destaque Responsabilidade
parcial do património sem a dissolução “O principal objectivo deste por dívidas na cisão
da sociedade cindida. Esta directiva defi- Uma operação de cisão pode implicar,
ne a cisão-parcial como uma “operação artigo é expor o regime como já foi referido, a transferência de dívi-
pela qual uma sociedade transfere, sem fiscal aplicável às sociedades das da sociedade cindida para a sociedade
ser dissolvida, um ou mais ramos da sua incorporante ou para a nova sociedade.
actividade para uma ou mais sociedades intervenientes numa operação As garantias que asseguravam o cum-
já existentes ou novas, deixando no míni- primento das obrigações da sociedade cin-
mo um dos ramos de actividade na socie-
de cisão, bem como aos dida mantêm-se após a cisão, já que, nos
dade contribuidora, mediante a atribuição sócios da sociedade cindida.” termos do art.121º do CSC, “ a atribuição
aos seus sócios, de acordo com uma regra de dívidas da sociedade cindida à socie-
de proporcionalidade, de títulos represen- dade incorporante ou à nova sociedade
tativos do capital social das sociedades Os elementos que podem ser destaca- não importa novação”.
beneficiárias dos elementos do activo e dos numa cisão-simples são, por força do A lei estabelece, também, no art.122º
do passivo e, eventualmente, de um paga- art.124º do CSC, participações financei- do CSC que a sociedade cindida, se não
mento em numerário não superior a 10% ras noutras sociedades para a formação for dissolvida, responde solidariamente
do valor nominal ou, na ausência de valor de nova sociedade cujo objecto consista pelas dívidas que, por força da cisão, te-
nominal, do valor contabilístico desses na gestão de participações sociais e bens nham sido atribuídas à sociedade incor-
títulos”. Com esta directiva o conceito que no património da sociedade a cindir porante ou à nova sociedade. As socieda-
jurídico de cisão da legislação comunitá- estejam agrupados, de modo a constituí- des beneficiárias das entradas resultantes
ria aproximou-se do conceito da legisla- rem uma unidade económica autónoma. da cisão respondem solidariamente, até
ção nacional. Neste último caso podem transferir-se, ao valor dessas entradas, pelas dívidas da
O enquadramento jurídico nacional da também, as dívidas que economicamente sociedade cindida. Neste último caso pode
Cisão de Sociedades encontra-se nos arti- se relacionem com a constituição ou o convencionar-se que a responsabilidade é
gos 118º a 129º do Código das Socie- funcionamento dessa unidade económica. meramente conjunta. No caso de haver dis-
dades Comerciais (CSC) aprovado pelo solução da sociedade cindida, por força do
Decreto-Lei 262/86 de 2 de Setembro. Cisão-dissolução art.126º nº2 do CSC, as novas sociedades
O art.118º nº1 do CSC prevê três Nos termos do art.126º nº1 do CSC, esta são solidariamente responsáveis pelas dí-
modalidades de cisão: modalidade tem que abranger todo o pa- vidas anteriores à cisão.
n Cisão-simples: uma sociedade destaca trimónio social, não restando quaisquer Os dispositivos referidos garantem a
parte do seu património para com ele bens para partilha pelos sócios. protecção dos credores através da respon-
constituir outra sociedade; sabilidade solidária de todas as socieda-
n Cisão-dissolução: uma sociedade dissol- Cisão-fusão des intervenientes na cisão.
ve-se, dividindo o seu património, sendo A cisão-fusão pode ser decomposta em
cada uma das partes destinada a constituir várias submodalidades, caso exista ou Sócios da sociedade cindida
uma nova sociedade; não a extinção da sociedade cindida ou a Na legislação nacional, ao contrário da
n Cisão-fusão: uma sociedade destaca par- fusão das partes implique a sua incorpo- legislação comunitária, não é referida ex-
te do seu património ou dissolve-se, divi- ração noutra sociedade ou a constituição pressamente qual a contraprestação a en-
dindo o seu património em duas ou mais de nova sociedade. Deste modo teremos tregar aos sócios da sociedade cindida
partes, para as fundir com sociedades já as hipóteses de a sociedade cindida(1): pela cisão.

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Por força do art. 119º alínea f) do CSC, pantes na cisão assim o desejarem, a fis-
que estabelece que no projecto de cisão calização ao projecto pode ser feita,
devem constar as partes, quotas ou acções quanto a todas elas ou quanto às que
da sociedade incorporante ou da nova nisso tiverem acordado, pelo mesmo
sociedade e, se for caso disso, as quantias Revisor ou Sociedade de Revisores
em dinheiro que serão atribuídas aos Oficiais de Contas, que neste caso, deve
sócios da sociedade a cindir, e pela remis- ser designado, a solicitação conjunta das
são prevista no art. 120º do CSC, que sociedade interessadas, pela Ordem dos
torna válido o que se dispõe a propósito Revisores Oficiais de Contas. Com as
da fusão, os sócios da sociedade cindida alterações introduzidas ao CSC pelo
tornam-se sócios da(s) sociedade(s) Decreto-Lei 76-A/2006 de 29 de Março,
incorporante(s) e/ou da(s) nova(s) socie- o exame ao projecto de cisão pode ser
dade(s) (art.112º alínea b) do CSC) e dispensado por acordo de todos os sócios
podem receber uma importância em di- de cada uma das sociedades que partici-
nheiro que não pode ultrapassar 10% do pam na cisão.
valor nominal das participações que lhes A fiscalização do projecto de cisão
foram atribuídas (art. 97º nº5 do CSC). enquadra-se nas competências exclusivas
A distribuição das novas participações de interesse público dos Revisores
sociais pelos sócios da sociedade cindida Oficiais de Contas. O normativo que
é feita com base numa regra de propor- deve reger a intervenção do Revisor
cionalidade. Deste modo, os sócios da Oficial de Contas é a Directriz de
sociedade cindida recebem participações Revisão/Auditoria 842 aplicável à fusão
sociais na sociedade incorporante ou na de sociedades, que deve ser aplicado por
nova sociedade na mesma proporção em analogia à cisão de sociedades.
que os mesmos participavam na socieda- A intervenção do Revisor Oficial de
de cindida à data da cisão, mantendo-se a Contas tem como objectivo garantir uma
igualdade entre os sócios. No entanto, no equitativa relação de troca das participa-
caso da cisão-dissolução, a lei permite ções sociais e verificar se as garantias dos
que, por acordo de todos os sócios, seja credores das sociedades intervenientes
deliberada uma forma de atribuição dife- não são postas em causa em consequên-
rente (art.127º do CSC). No caso de cons- cia da cisão.
tituição de novas sociedades, a participa-
ção dos sócios da sociedade cindida não Regime Fiscal da cisão
pode ser superior ao valor líquido dos
bens destacados (art.129º nº2 do CSC). Uma cisão envolve a transmissão de Este regime, por força do art.67º nº7,
A atribuição das participações sociais activos e passivos da sociedade cindida aplica-se às operações de cisão em que
da sociedade incorporante ou da nova para a sociedade incorporante ou para a intervenham sociedades com sede ou
sociedade é feita directamente aos sócios nova sociedade, a troca de participações direcção efectiva em território português
por via da cisão da sociedade, pelo que sociais ao nível dos sócios da sociedade sujeitas e não isentas de IRC, cujo lucro
não entram as participações primeiro na cindida e um conjunto de actos jurídicos. tributável não seja determinado pelo regi-
titularidade da sociedade cindida, nem fi- Estas operações produzem efeitos nos me simplificado e sociedades de outros
cam os sócios em momento algum deten- seguintes impostos(2): Estados membros da União Europeia, des-
tores de partes do património cindido. n Imposto sobre o Rendimento das Pessoas de que todas as sociedades se encontrem
Colectivas (IRC); nas condições estabelecidas no artigo 3º
Intervenção do Revisor Oficial n Imposto sobre o Rendimento das Pessoas da Directiva 90/434/CEE de 23 de Julho(3).
de Contas Singulares (IRS); Sempre que intervenha na operação de
A operação de cisão deve ser precedida n Imposto sobre o Valor Acrescentado cisão pelo menos uma sociedade não resi-
de um projecto de cisão que deve respei- (IVA); dente num Estado membro, aplica-se o
tar o disposto no art.119º do CSC. Pela n Imposto Municipal sobre a Transmissão regime geral de tributação. O regime
remissão do art.120º do CSC deverá apli- Onerosa de Imóveis (IMT); especial não se aplica sempre que, por vir-
car-se o art.99º do CSC quanto à fiscali- De seguida analisaremos cada um dos tude da cisão, sejam transmitidos navios ou
zação do projecto. impostos acima referidos numa cisão e os aeronaves, ou bens móveis afectos à sua
Se as sociedades intervenientes na benefícios fiscais existentes à concentra- exploração, para uma entidade de navega-
cisão tiverem órgão de fiscalização, este ção e reestruturação empresarial, nomea- ção marítima ou área internacional não
deve emitir um parecer sobre a operação. damente o Decreto-Lei 404/90 de 21 de residente em território português (art.67º
Caso alguma sociedade não possua órgão Dezembro. nº8 CIRC).
de fiscalização, deve promover a exame O art.67º nº10 prevê uma norma anti-
do projecto de cisão por um Revisor Impostos sobre o Rendimento abuso, estabelecendo que o regime espe-
Oficial de Contas ou Sociedade de Re- O CIRC prevê, nos artigos 67º a 72º, cial não se aplica sempre que as opera-
visores Oficiais de Contas independente um regime especial aplicável às fusões, ções tiveram como principal objectivo a
de todas as sociedades intervenientes. Se cisões, entrada de activos e permutas de evasão fiscal e não tenham sido realiza-
todas ou algumas das sociedades partici- parte sociais. das por razões económicas válidas, tais

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mesmo valor que apresentava na socie- prejuízos depende de autorização prévia


dade cindida; do Ministro das Finanças, mediante
n o valor do património transferido deve requerimento dos interessados, que será
resultar da aplicação das disposições dada se se demonstrar que a cisão é reali-
do CIRC ou de reavaliações feitas ao zada por razões económicas válidas e se
abrigo da legislação fiscal5. insere numa estratégia de redimensiona-
Verificados os requisitos, na determi- mento e desenvolvimento empresarial
nação do lucro tributável da sociedade com efeitos positivos na estrutura produ-
cindida, não é considerado qualquer tiva (art.69º nº1 e 2 do CIRC). Os prejuí-
resultado derivado da transferência do zos fiscais poderão ser deduzidos aos
património, nem são considerados como lucros tributáveis das sociedades benefi-
proveitos as anulações das provisões ciárias até sexto exercício seguinte àque-
constituídas e aceites como custos fiscais, le em que os prejuízos tenham sido obti-
em consequência da cisão6. O regime dos (art.47º nº1 do CIRC).8
especial permite a transferência das pro- Para além dos limites à dedução dos
visões para a sociedade beneficiária sem prejuízos fiscais previstos em despacho, a
que sejam consideradas como proveito introdução do artigo 86º do CIRC pelo
fiscal na sociedade cindida, na medida Orçamento de Estado para 2005 (Lei
em que a primeira é continuadora da nº55-B/2004 de 30 de Dezembro), intro-
segunda, pois é aquela que deverá fazer duziu uma nova limitação ao aproveita-
face aos riscos que foram transferidos em mento dos prejuízos fiscais transmitidos
consequência da cisão. em consequência da cisão. Deste modo, o
Verificados os requisitos enumerados imposto liquidado com a utilização dos
acima, na determinação do lucro tributá- prejuízos fiscais (e outros benefícios fis-
vel da sociedade beneficiária deve ter-se cais) não pode ser inferior a 60% do
em conta que o apuramento dos resulta- imposto que seria liquidado sem a utiliza-
dos respeitantes aos elementos patrimo- ção dos prejuízos fiscais transmitidos (e
niais transferidos é feito como se não outros benefícios fiscais).
tivesse havido cisão, que as amortizações
sobre os elementos de activo imobilizado Regime fiscal aplicável às sociedades
transferidos são efectuadas de acordo cindidas e às sociedades beneficiárias
com o regime que vinha sendo seguindo não residentes em território nacional
nas sociedades cindidas e que as provi- O regime especial de tributação numa
sões transferidas têm, para efeitos fiscais, operação de cisão apenas se aplica se as
como a reestruturação ou a racionaliza- o regime que lhes era aplicável nas socie- sociedades intervenientes não residentes
ção das sociedades que nelas participam. dades cindidas (art. 68º nº4 do CIRC). O forem residentes num Estado-membro da
O objectivo do regime especial é, se se regime especial aplicável às cisões União Europeia, tal como definido no
verificarem os seus requisitos, garantir a consiste, fundamentalmente, no diferi- art.3º da Directiva 90/434/CEE. Se na
neutralidade fiscal, evitando onerar fis- mento da tributação. A transferência de operação intervier, pelo menos, uma
calmente as sociedades intervenientes e património por via da cisão não dá ori- sociedade residente num país terceiro(9),
os sócios da sociedade cindida nos pro- gem a qualquer tributação em sede de aplica-se o regime geral de tributação,
cessos de concentração e reestruturação IRC na sociedade cindida, as mais-valias, isto é, não pode aplicar-se o regime de
empresarial. a existirem, são potenciais, e serão tribu- neutralidade fiscal previsto no regime
tadas no seio da sociedade beneficiária se especial aplicável às cisões.
Regime fiscal aplicável às sociedades esta proceder, posteriormente, à aliena- O objectivo da legislação nacional e
cindidas e às sociedades beneficiárias ção do património recebido em virtude da comunitária relativamente às operações
residentes em território naciona(l4) cisão. Além disto, e caso a sociedade entre sociedades de outros Estados-mem-
Quando estamos perante a dissolução beneficiária detenha uma participação bros foi garantir o regime de neutralidade
da sociedade cindida (na cisão-dissolução social na sociedade cindida, não concorre fiscal para as sociedades intervenientes e
e na cisão total-fusão) há lugar a cessação para o lucro tributável a mais-valia ou a para os sócios da sociedade cindida, bem
da actividade, sendo necessário o apura- menos-valia eventualmente resultante da como salvaguardar os direitos de tributa-
mento dos resultados entre a data de anulação das partes de capital detidas ção do Estado da sociedade cindida.
início do exercício até à data da cisão (art. naquela sociedade em consequência da Assim, o regime especial aplicar-se-á se,
8º nº4 alínea b) e nº5 alínea a); art. 73º cisão (art. 68º nº6 do CIRC). em consequência da cisão, for transferido
nº2 alínea a) e art. 112º nº3 do CIRC). Em caso de dissolução da sociedade um património afecto a um estabelecimen-
A aplicação do regime especial referi- cindida, o regime especial prevê a trans- to estável10 de uma sociedade residente
do anteriormente está dependente da veri- missibilidade dos seus prejuízos fiscais7, num Estado membro para uma sociedade
ficação dos seguintes requisitos por parte que serão distribuídos proporcionalmente residente noutro Estado-membro, esta con-
da sociedade beneficiária (art.68º nº3 do por cada uma das sociedades beneficiá- tinue a afectar o património transferido a
CIRC): rias de acordo com o valor do património um estabelecimento estável situado no Es-
n o património transferido deve ser con- recebido por cada uma delas (art. 69º nº3 tado-membro da sociedade cindida (art.
tabilizado na sociedade beneficiária pelo alínea a) do CIRC). A transmissão dos 68º nº1 alíneas a), b) e c) do CIRC).

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Se, verificados os requisitos enuncia- mente, tributada pela transmissão do está previsto um regime de neutralidade
dos, nas operações de cisão em que inter- estabelecimento estável e poderá deduzir fiscal, não havendo apuramento de ga-
venham sociedades residentes noutros Es- o imposto estrangeiro que, na falta das nhos ou perdas fiscais em consequência
tados-membros aplica-se, tal como nas disposições da Directiva 90/434/CEE, de uma cisão, se os sócios da sociedade
operações com sociedades residentes em seria aplicável no Estado em que se situa cindida continuarem a valorizar as novas
território português, o princípio do diferi- o estabelecimento estável, sendo essa participações sociais pelo valor das anti-
mento da tributação, com as seguintes dedução feita do mesmo modo e pelo gas (art. 70º do CIRC e art. 10º nº10 do
particularidades: mesmo montante a que haveria lugar se CIRS), que no caso das pessoas colecti-
n é considerado proveito fiscal a anulação aquele imposto tivesse sido efectivamen- vas, essa valorização tem que ter tradução
das provisões que respeitam a estabe- te liquidado e pago (art. 68º nº2 do contabilística. Em qualquer um dos
lecimentos estáveis situados fora do CIRC)11. casos, se houver recebimento de impor-
território português quando estes são tâncias em dinheiro em consequência da
transferidos para entidades não residen- Regime fiscal aplicável aos sócios cisão há lugar a tributação.
tes (art. 68º nº1 do CIRC); da sociedade cindida Se, em consequência da cisão, houver
n a sociedade beneficiária, relativamente Numa operação de cisão assiste-se ao lugar à troca de participações sociais(12) e
à determinação do lucro tributável do destaque de partes ou da totalidade do for atribuído às participações na(s) nova(s)
estabelecimento estável ao qual foi afec- património de uma sociedade, e com ele sociedade(s) um valor superior ao da par-
ticipação na sociedade cindida, haverá
lugar a tributação de mais-valias e, neste
caso, deverá ter-se em conta o seguinte:
n se os sócios da sociedade cindida forem
pessoas singulares, estes só serão tribu-
tados se as acções da sociedade cindida
forem detidas há menos de um ano (art.
10º nº2 alínea a) do CIRS);
n se as participações da sociedade cindida
foram adquiridas antes da entrada em
vigor do CIRS e do CIRC, quer para as
pessoas singulares quer para as pessoas
colectivas, não haverá tributação das
mais-valias (art. 5º do Decreto-Lei
nº442-A/88 de 30 de Novembro e
art.18º-A do Decreto-Lei nº442-B/88 de
30 de Novembro);
n se o sócio da sociedade cindida for uma
Sociedade Gestora de Participações So-
ciais e se se verificarem os requisitos
previstos no art.31º nº2 do Estatuto dos
Benefícios Fiscais, não haverá tributa-
ção das mais-valias;
n se os sócios da sociedade cindida forem
não residentes, quer sejam pessoas sin-
gulares quer sejam pessoas colectivas, e
se se verificarem os requisitos previstos
no art.26º do Estatuto dos Benefícios
to o património transferido, deve aplicar constituem-se novas sociedades ou incor- Fiscais, não haverá tributação das mais-
o princípio da continuidade, tal como pora-se em sociedades já existentes ou a -valias.
definido no art. 68º nº4 do CIRC; constituir. Deste modo, as participações Se os sócios da sociedade cindida pro-
n só são transmissíveis os prejuízos fiscais sociais que os sócios detinham na socie- cederem posteriormente à alienação das
imputáveis ao estabelecimento estável dade cindida vão ser substituídas total- participações sociais na sociedade benefi-
e a transmissão é feita relativamente ao mente, no caso de uma operação de cisão ciária e aplicaram o regime especial das
estabelecimento estável para o qual o que implique a dissolução da sociedade cisões, considera-se como data de aquisi-
património foi transmitido (art. 69º nº3 cindida, por participações na(s) socieda- ção dessas participações a que correspon-
alínea c)). de(s) beneficiária(s) e, no caso de uma der à data de aquisição das participações
Se, em consequência da cisão, houver operação cisão que não implique a disso- na sociedade cindida. (art.44º nº3 do
transferência de um estabelecimento está- lução da sociedade cindida, os seus CIRC; art.43º nº4 alínea f); art. 5º nº3 do
vel situado num Estado-membro de uma sócios irão acrescentar às participações Decreto-Lei nº442-A/88 de 30 de
sociedade residente em Portugal para na sociedade cindida as participações Novembro e art.18º-A nº3 do Decreto-Lei
outro Estado-membro, não se aplica, rela- da(s) sociedade(s) beneficiária(s). nº442-B/88 de 30 de Novembro)
tivamente a esse estabelecimento estável, Também relativamente aos sócios da No caso em que não há troca de parti-
o regime especial. Neste caso, a socieda- sociedade cindida (quer sejam pessoas cipações sociais13, se à soma dos títulos
de residente em Portugal será, eventual- colectivas quer sejam pessoas singulares) recebidos com os detidos no capital da

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sociedade cindida for atribuído um valor art.3º do CIVA não são “consideradas No caso em que o valor pelo qual
superior àquele que estes últimos tinham transmissões de bens as cessões a título os imóveis são transferidos seja inferior
imediatamente antes da cisão14, o acrés- oneroso da totalidade ou parte de um ou seu valor patrimonial tributário, o
cimo é considerado distribuição de divi- património, que seja susceptível de cons- art. 58º-A do CIRC não tem aplicabili-
dendos, à qual deve ser dado o tratamen- tituir um ramo de actividade independen- dade, já que não estamos perante uma
to fiscal adequado em sede de IRS e de te, quando o adquirente seja, ou venha a verdadeira alienação dos imóveis(15). Os
IRC, consoante os sócios da sociedade ser, pelo facto da aquisição, um sujeito imóveis transferidos devem ser conta-
cindida sejam pessoas singulares ou pes- passivo de IVA”. Se assim não fosse, a bilizados na sociedade beneficiária pelo
soas colectivas, respectivamente. sociedade cindida teria que liquidar IVA valor que figuravam na contabilidade
Nesta situação, para efeitos de apura- relativamente aos bens transferidos sujeitos da sociedade cindida. O apuramento
mento de eventuais mais-valias fiscais a IVA e a sociedade beneficiária poderia de eventuais resultados com a trans-
com a alienação das participações da deduzir o IVA suportado pelo recebimen- missão dos imóveis será feito na so-
sociedade beneficiária e da sociedade to dos bens. Esta situação não resultaria ciedade beneficiária. Desta forma ga-
cindida, considera-se que a primeira foi em qualquer benefício para o Estado, im- rante-se, relativamente à transmissão
recebida pelo valor zero e que segunda plicando apenas um maior esforço finan- de imóveis verificada em consequên-
mantém o valor antes da cisão. ceiro para a(s) sociedade(s) resultante(s) cia da cisão, o regime de neutralidade
da cisão. fiscal.
Outros aspectos fiscais da cisão
A sociedade cindida tem como obriga-
ção, manter no seu processo de documen-
tação fiscal uma declaração passada pela
sociedade beneficiária em que esta se
compromete a dar cumprimento ao dis-
posto nos nºs 3 e 4 do art.68º do CIRC e
sempre que participem na cisão socieda-
des não residentes no território portu-
guês, declarações comprovativas dessas
sociedades, confirmadas e autenticadas pe-
las autoridades fiscais do respectivo Es-
tado-membro da União Europeia, de que
se encontram nas condições estabelecidas
no art.3º da Directiva 90/434/CEE.
No caso referido no nº 2 do art.68º do
CIRC, além das declarações referidas, a
sociedade cindida deve manter no seu
processo de documentação fiscal um
documento passado pelas autoridades
fiscais do Estado-membro da União Eu-
ropeia onde se situa o estabelecimento
estável em que se declare o imposto que
aí seria devido na falta das disposições
da Directiva 90/434/CEE.
Relativamente aos sócios da sociedade
cindida, estes devem manter no seu pro-
cesso de documentação fiscal uma decla-
ração donde conste a data, identificação da Imposto Municipal sobre a Decreto-Lei 404/90 de 21
operação realizada e das entidades interve- Transmissão Onerosa de Imóveis de Dezembro.
nientes, número e valor nominal das partes Uma operação de cisão pode envolver a O DL 404/90 prevê alguns benefícios
sociais entregues e recebidas, valor por transmissão de imóveis, que nos termos do fiscais para as operações de concentração
que se encontravam registadas na contabi- art.2º nº5 alínea g) do CIMT, está sujeita a e reestruturação empresarial. Esses benefí-
lidade as partes sociais entregues e respec- IMT à taxa de 5% ou 6,5%, para os pré- cios fiscais abrangem o IMT, o Imposto do
tivas datas de aquisição, quantia em di- dios rústicos ou para os prédios urbanos e Selo relativamente à transmissão dos imó-
nheiro eventualmente recebida, nível per- outras aquisições onerosas, respectiva- veis e à constituição ou aumento de capital
centual da participação detida antes e após mente (art.17ºdo CIMT). O IMT recai e os emolumentos e outros encargos legais
a operação de cisão (art.72º do CIRC). sobre o valor por que esses bens entrarem necessários à concentração e reestrutura-
para o activo das sociedades beneficiárias ção (art.1º do DL 404/90). No entanto, no
Imposto sobre o Valor ou sobre o valor patrimonial tributário dos caso de uma operação de cisão, o aprovei-
Acrescentado imóveis, consoante o maior (art.12º nº13 tamento dos benefícios fiscais só é possí-
A cisão de sociedades poderá implicar do CIMT). O valor patrimonial tributário vel na modalidade de cisão-fusão (art.2º
a transmissão de bens, que nos termos do dos imóveis deve ser calculado nos termos nº1 alínea c) do DL 404/90).
art.3º do CIVA estarão sujeitas a IVA. No estabelecidos no Código do Imposto Mu- A concessão dos benefícios está depen-
entanto, por força do disposto do nº4 do nicipal sobre Imóveis (art.14º do CIMT). dente da verificação de alguns requisitos,

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Fiscalidade

nomeadamente, que a operação não po- sociedade beneficiária e os sócios da n Decreto-Lei nº394-B/84 de 26 de
nha em causa a concorrência no mercado, sociedade cindida apenas serão tributados Dezembro – Código do Imposto sobre o
que as sociedade envolvidas na cisão exer- pelas operações realizadas após à cisão e Valor Acrescentado.
çam a mesma actividade económica ou como se ela não tivesse existido. O prin- n Decreto-Lei nº262/86 de 2 de
actividades económicas integradas na mes- cipal objectivo do regime é evitar os cus- Setembro – Código das Sociedades
ma cadeia de produção ou distribuição e tos fiscais inerentes a uma operação de Comerciais.
que o património transmitido constitua uma concentração ou reestruturação empresa- n Decreto-Lei nº442-A/88 de 30 de
unidade económica autónoma (art.3º do rial, bem como assegurar que as reestru- Novembro – Código do Imposto sobre o
DL 404/90). turações empresariais não deixam de se Rendimento das Pessoas Singulares.
Os benefícios são concedidos por realizar por questões fiscais. No caso em n Decreto-Lei nº442-B/88 de 30 de
despacho do Ministro das Finanças, que na operação de cisão intervêm socie- Novembro – Código do Imposto sobre o
mediante requerimento dos interessados, dades residentes noutros Estados-mem- Rendimento das Pessoas Colectivas.
precedido de informação da DGCI. Antes bros da União Europeia, o objectivo do n Decreto-Lei nº215/89 de 1 de Julho –
do Orçamento de Estado para 2005, se a regime é assegurar, além da neutralidade Estatuto dos Benefícios Fiscais.
sociedade que requeria os benefícios não fiscal para as sociedades intervenientes e n Decreto-Lei 404/90 de 21 de
recebesse uma posição da Administração para os sócios da sociedade cindida, os Dezembro.
Fiscal no prazo de 30 dias, o pedido de direitos de tributação do Estado onde se n Decreto-Lei nº198/2001 de 3 de Julho
concessão dos benefícios considerava-se situa a sociedade cindida. – Revê o Código do Imposto sobre o
tacitamente deferido. Com a aprovação Relativamente aos outros impostos, Rendimento das Pessoas Singulares, o
do Orçamento de Estado para 2005, o verificamos que uma operação de cisão Código do Imposto sobre o Rendimento
deferimento tácito acabou, estando, agora não implica qualquer efeito em IVA, já das Pessoas Colectivas e Estatuto dos
a concessão dos benefícios dependente de que não é considerada uma transmissão Benefícios Fiscais.
autorização expressa pela Administração de bens. Se a operação de cisão implicar n Decreto-Lei nº287/2003 de 12 de
Fiscal. Deste modo, se no prazo de seis a transmissão de imóveis, haverá lugar a Novembro – Código do Imposto Muni-

“... verificamos que os benefícios fiscais previstos no


DL 404/90 são limitados à modalidade de cisão-fusão
e que se procedeu, com o Orçamento de Estado para 2005,
a uma alteração quanto ao procedimento de pedido da
concessão dos benefícios, tornando a aplicação do regime
mais restritiva..”

meses a Administração Fiscal não se pro- tributação de IMT. Neste caso é impor-
nunciar sobre o pedido de concessão de tante referir que foi salvaguardada a neu-
benefícios, presume-se o indeferimento tralidade fiscal, garantindo que o valor
tácito do pedido para efeitos de recurso patrimonial tributário é apenas relevante
hierárquico, recurso contencioso ou para efeitos de IMT e IMI, mas que não
impugnação judicial (art.54º nº1 alínea d) produz efeitos ao nível do IRC.
e art.57º da Lei Geral Tributária). Finalmente, relativamente aos benefí-
cios fiscais previstos no DL 404/90 verifi-
Conclusão camos que são limitados à modalidade de
cisão-fusão e que se procedeu, com o
Ao longo do desenvolvimento do tra- Orçamento de Estado para 2005, a uma
balho verificamos que uma operação de alteração quanto ao procedimento de pedi-
cisão produz efeitos numa série de do da concessão dos benefícios, tornando
impostos, dos quais se destacam os a aplicação do regime mais restritiva.
impostos sobre o rendimento, nomeada-
mente o IRC. Referências normativas
Relativamente ao IRC e IRS verificá-
mos que existe um regime especial apli- n Circular nº6/2002 da Direcção de
cável às operações de cisões que consiste, Serviços do IRC de 2 de Abril de 2002 -
se verificados os seus requisitos, em asse- Transmissibilidade de prejuízos em casos
gurar um regime de neutralidade fiscal de fusão, cisão e entrada de activos.
quer para as sociedades intervenientes n Circular nº8/2004 da Direcção de
quer para os sócios da sociedade cindida Serviços do IRC de 30 de Março de 2004
e que a aplicação do regime especial – Contagem dos prazos de detenção das
implica um diferimento da tributação. A participações – Regime de Neutralidade.

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Fiscalidade

cipal sobre as Transmissões Onerosas de Comunidades Europeias de 23 de Julho – alínea c) da Directiva.


Imóveis. Regime fiscal comum aplicável às fusões, (4)
Segundo o art.2º nº3 do CIRC, conside-
n Decreto-Lei nº398/98 de 17 de cisões, entradas de activos e permutas de ram-se residentes as pessoas colectivas e
Dezembro – Lei Geral Tributária. acções entre sociedades de Estados- outras entidades que tenham sede ou
n Decreto-Lei nº76-A/2006 de 29 de -membros diferentes. direcção efectiva em território português.
Março – Altera o Código das Sociedades n Directiva 2005/19/CE do Conselho da (5)
Deste dispositivo pode entender-se que
Comerciais. União Europeia de 17 de Fevereiro – o valor que o património transferido pode
n Despacho nº154/2002 de 15 de Março Altera a Directiva 90/434/CEE. assumir o seu “valor fiscal”, que é enten-
da Direcção de Serviços do IRC – dido, na Directiva 2005/19/CE, como “o
Princípio da Identidade Fiscal nas Fusões. Bibliografia valor que teria sido fixado para o cálculo
n Despacho nº532/2002 de 14 de Março do de ganho ou de uma perda a considerar
Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais – n BILAU, José Jacinto – Tratamento para efeitos de determinação da matéria
Dedução de prejuízos – requisitos. Fiscal das Fusões de Sociedades. Jornal colectável de um imposto sobre o rendi-
n Despacho nº677/2002 de 25 de Março Técnico de Contas e da Empresa, nº 363, mento, sobre os lucros ou sobre as mais-
do Secretário de Estado dos Assuntos pp: 301 a 303, Dezembro de 1995 e valias da sociedade contribuidora, se
Fiscais – Dedução de prejuízos fiscais no nº364, pp: 16 a 22, Janeiro de 1996. estes elementos do activo e do passivo
regime especial das fusões e das cisões. n BORGES, António; CABRITA, Pedro tivessem sido vendidos no momento da
n Despacho nº1588/2004 de 21 de Julho – Mais e Menos Valias – Tributação e fusão, da cisão ou da cisão-parcial, mas
do Subdirector-Geral do IR – Correcções Reinvestimento. Áreas Editoras, 2ª ed. independentemente destas operações”.
ao valor de transmissão de direitos reais 2002. (6)
Nos termos do art.32º nº2 do CIRC, as
sobre bens imóveis em operações de n MONTES, José António López- provisões que foram aceites como custo
fusão, cisão, entrada de activos e Santacruz – Memento Práctico – Fu- fiscal que não devam subsistir por não se
permutas de partes sociais. siones (2005-2006); Francis Lefebvre, terem verificado os eventos a que se
n Directiva 90/434/CEE do Conselho das Madrid, 2004. reportam, consideram-se proveitos do
n PEREIRA, Manuel H. de Freitas – respectivo exercício.
Consequências fiscais ao nível nacional e (7)
A transmissão dos prejuízos fiscais
internacional das cisões e operações coloca-se apenas nos casos de cisão-dis-
similares; Ciência e Técnica Fiscal nº375, solução e de cisão total-fusão.
pp: 81 a 99, 1994. (8)
Para evitar a evasão fiscal foram esta-
n PEREIRA, Manuel H. de Freitas – A belecidos, no Despacho nº532/2002 de 14
Directiva Comunitária Relativa ao de Março do Secretário de Estado dos
Regime Fiscal Comum Aplicável a Assuntos Fiscais, limites à dedução anual
Fusões, Cisões, Entradas de Activos e dos prejuízos ao lucro tributável das
Permutas de Acções; Revista Fisco nº47, sociedades beneficiárias.
pp: 3 a 14, 1992. (9)
Entende-se sociedade residente em país
n PINTO, José Alberto Pinheiro – terceiro uma sociedade não residente num
Fiscalidade; Areal Editores, 3ªed. 2003. Estado-membro da União Europeia.
n VARELA, Maria Avelina Besteiro, (10)
Estabelecimento estável nos termos do
ARROYO, Gil Sánchez – Contabilidad art. 5º do CIRC,
financiera y de sociedades II, Ediciones (11)
Se existir uma convenção destinada a
Piramide, 4ª ed. 2004. eliminar a dupla tributação com o país em
n VENTURA, Raul – Fusão, Cisão e que se situa o estabelecimento estável, a
Transformação de Sociedades, Livraria dedução à colecta é feita nos termos do
Almedina, 1990. art.85º nº2 do CIRC, se não existir con-
venção, a dedução traduz-se na aceitação
Notas como custo do imposto que teria sido
efectivamente liquidado e pago no Estado
(1)
VENTURA, Raul, “Fusão, Cisão e do estabelecimento estável na falta da
Transformação de Sociedades”, pág. 336 Directiva 90/434/CEE.
e ss. (12)
Entendemos que estamos perante uma
(2)
E também no imposto do selo e nos troca de participações sociais quando há
emolumentos notariais e registrais, que dissolução da sociedade cindida ou quan-
não serão aqui abordados. do a cisão parcial é feita com redução do
(3)
Devem verificar-se 3 condições: a capital social da sociedade cindida.
sociedade deve apresentar uma das for- (13)
Entendemos que não estamos perante
mas jurídicas previstas no anexo da uma troca de participações sociais quan-
Directiva; a sociedade deve ter, quer face do há uma cisão parcial com redução das
à lei interna quer face às convenções des- reservas da sociedade cindida.
tinadas a eliminar a dupla tributação, o (14)
Este conceito está previsto no art.8º
domicílio fiscal num Estado membro e a nº5 da Directiva 2005/19/CE
sociedade deve estar sujeita e não isenta (15)
Despacho nº1588/2004 do Subdirec-
dos impostos enumerados no artigo 3º tor-Geral do IR.

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