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ATIVIDADE INDIVIDUAL

Matriz de atividade individual

Disciplina: Direito societário – Sociedade


Módulo: I
Anônima

Aluno: Rodrigo Bittencourt Rubim de Moura Turma: 1222-2

Tarefa: ATIVIDADE INDIVIDUAL

Parecer

Uma companhia de capital aberto, que funcionou regularmente por determinado lapso
temporal, até se encontrar em uma situação econômica, financeira e patrimonial desgastada,
requer a sua recuperação judicial.

Após ver o encerramento formal da recuperação judicial com o reequilíbrio da atividade


empresarial, o Conselho de Administração propôs uma cisão total da empresa, o que foi
aprovado em assembleia geral extraordinária.

O protocolo e a justificação previam uma conversão total do patrimônio em três pessoas


jurídicas novas, criadas para receber o patrimônio da companhia cindida a ser extinta. Nesse
contexto, um dos acionistas se apresenta na condição de ter amortizado o investimento feito
no passado, detendo no seu poder ações de fruição.

Considerando que a cisão acarretará redução patrimonial e que os acionistas serão


reembolsados parcialmente, como se deve proceder em relação ao titular da ação de fruição?

1. INTRODUÇÃO
1.1. DA CISÃO

A cisão da companhia opera-se quando todo o seu patrimônio é transferido para uma ou mais empresas
constituídas para este fim, ou para fins pré-existentes. A cisão total nada mais é que a extinção da
companhia pré-existente através da transferência total de seu patrimônio.

Vejamos o conceito exposto na Lei 6404/76:

“Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu
patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes,
extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou
dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.”

Cumpre esclarecer que, na forma do §1º do artigo 229 da Lei 6404/76, a sociedade que absoverer o
patrimônio da companhia cindida a sucede em direitos e obrigações, notadamente aqueles referentes ao
ato de formalização da cisão.

“§ 1º Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade que absorver parcela do


patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados
no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem
parcelas do patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos
patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados.”

No caso em tela, trata-se de cisão total da companhia, vez que houve conversão total do patrimônio da
empresa cindida, matéria que fora aprovada através de assembleia geral extraordinária.

1.2. DA AMORTIZAÇÃO E DAS AÇÕES DE FRUIÇÃO

A distribuição antecipada aos acionistas das quantias que a eles seriam devidas, em caso de liquidação da
companhia, consiste na amortização. Tal entendimento encontra-se disposto nos § 2º e 3º do artigo 44 da
Lei 6404/76:

“Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária pode autorizar a aplicação de


lucros ou reservas no resgate ou na amortização de ações, determinando as condições
e o modo de proceder-se à operação.
(...)
§ 2º A amortização consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e
sem redução do capital social, de quantias que lhes poderiam tocar em caso de
liquidação da companhia.
§ 3º A amortização pode ser integral ou parcial e abranger todas as classes de ações
ou só uma delas.”

No caso de amortização integral das ações, poderá haver a sua substituição pelas chamadas ações de
fruição, previstas no artigo 15 da Lei 6404/76.

Assim, conclui-se que as ações de fruição são fruto do processo de amortização, e são representantes, na
forma de título, daquelas ações ordinárias ou preferenciais que foram objeto de amortização.

O renomado jurista Gladson Mamede vaticina, a respeito das ações de fruição:

"A ação de fruição é o resultado do procedimento de amortização. Seus titulares,


embora detenham títulos de participação na sociedade, já foram reembolsados pelo
investimento que fizeram na companhia, vale dizer, pelos valores desembolsados para
a realização daquelas ações. O artigo 44 da Lei 6.404/76 permite que o estatuto ou a
assembleia geral extraordinária, convocada expressamente para tal finalidade, autorize
a aplicação de lucros ou de reservas de capital na amortização de ações, determinando
as condições e o modo de proceder-se à operação. Na amortização, sem que haja
redução do capital social (capital registrado), antecipa-se a distribuição aos
acionistas dos valores que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da
companhia. Essa amortização pode ser total ou parcial, podendo abranger todas as
classes de ações ou só uma delas, sendo que as ações integralmente amortizadas
podem ser substituídas por ações de fruição (artigo 44, §5, da Lei 6.404/76).”
(grifamos).

O conceito apresentado acimo encontra amparo no artigo 44 da Lei 6404/76:

" Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária pode autorizar a aplicação


de lucros ou reservas no resgate ou na amortização de ações, determinando as
condições e o modo de proceder-se à operação.”

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Feitos os necessários esclarecimentos acerca do procedimento de cisão, assim como dos conceitos de
amortização e ação de fruição, passa-se à análise do caso em tela.

2. DA ANÁLISE DO PROCEDIMENTO DE CISÃO DA COMPANHIA – DO REEMBOLSO DOS


ACIONISTAS

Cuida-se do procedimento de cisão total da companhia, que terá seu patrimônio convertido em três novas
pessoas jurídicas criadas para tal fim.

Diante do quadro atual da companhia, a cisão acarretará redução patrimonial, e os acionistas serão
reembolsados parcialmente.

Consta, no quadro de acionistas, titular de ações de fruição, e passa-se a analisar o seu direito no cenário
de reembolso dos acionistas.

Prefacialmente, faz-se necessário esclarecer que, a despeito do procedimento de cisão total não se
confundir com o processo de liquidação, a análise do reembolso dos acionistas deverá ser feita à luz do
procedimento de liquidação.

O §5º do artigo 44 da Lei 6404/76 determina que, no caso de liquidação da companhia, as ações de
fruição (amortizadas) somente concorrerão com o acervo liquidado após assegurado às ações ordinárias o
valor correspondente à amortização:

“§ 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de


fruição, com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar
a amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, as ações
amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às
ações não a amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido
monetariamente.” (grifamos).

José Edwaldo Tavares Borba explica:

"Liquidada a sociedade, as ações de fruição somente participação do acervo líquido


depois de conferido aos demais acionistas um montante igual ao valor corrigido da
amortização. Ou seja, aquilo que já receberam, como antecipação, será descontado do
rateio do acervo líquido consequente à liquidação."

Em suma, o titular de ações de fruição, por já ter sido reembolsado pelo valor correspondente às suas
ações, não participará do reembolso dos acionistas decorrentes do processo de cisão, especialmente por
tratar-se de hipótese de redução de capital e reembolso parcial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apostila do curso – DIREITO SOCIETÁRIO – SOCIEDADE ANÔNIMA – autores – Pablo Gonçalves e Arruda,
Saulo Bichara Mendonça.

BRASIL. Lei nº 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações..
Diário Oficial da União: 17.dez.1976.

MAMEDE, Gladson. Direito Societário, Sociedade Simples e Empresárias. 12.ed. São Paulo: Atlas, 2000, p.
302.
BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 9. ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2004, p. 229.

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