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Parecer
Uma companhia de capital aberto, que funcionou regularmente por determinado lapso
temporal, até se encontrar em uma situação econômica, financeira e patrimonial desgastada,
requer a sua recuperação judicial.
1. INTRODUÇÃO
1.1. DA CISÃO
A cisão da companhia opera-se quando todo o seu patrimônio é transferido para uma ou mais empresas
constituídas para este fim, ou para fins pré-existentes. A cisão total nada mais é que a extinção da
companhia pré-existente através da transferência total de seu patrimônio.
“Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu
patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes,
extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou
dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.”
Cumpre esclarecer que, na forma do §1º do artigo 229 da Lei 6404/76, a sociedade que absoverer o
patrimônio da companhia cindida a sucede em direitos e obrigações, notadamente aqueles referentes ao
ato de formalização da cisão.
No caso em tela, trata-se de cisão total da companhia, vez que houve conversão total do patrimônio da
empresa cindida, matéria que fora aprovada através de assembleia geral extraordinária.
A distribuição antecipada aos acionistas das quantias que a eles seriam devidas, em caso de liquidação da
companhia, consiste na amortização. Tal entendimento encontra-se disposto nos § 2º e 3º do artigo 44 da
Lei 6404/76:
No caso de amortização integral das ações, poderá haver a sua substituição pelas chamadas ações de
fruição, previstas no artigo 15 da Lei 6404/76.
Assim, conclui-se que as ações de fruição são fruto do processo de amortização, e são representantes, na
forma de título, daquelas ações ordinárias ou preferenciais que foram objeto de amortização.
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Feitos os necessários esclarecimentos acerca do procedimento de cisão, assim como dos conceitos de
amortização e ação de fruição, passa-se à análise do caso em tela.
Cuida-se do procedimento de cisão total da companhia, que terá seu patrimônio convertido em três novas
pessoas jurídicas criadas para tal fim.
Diante do quadro atual da companhia, a cisão acarretará redução patrimonial, e os acionistas serão
reembolsados parcialmente.
Consta, no quadro de acionistas, titular de ações de fruição, e passa-se a analisar o seu direito no cenário
de reembolso dos acionistas.
Prefacialmente, faz-se necessário esclarecer que, a despeito do procedimento de cisão total não se
confundir com o processo de liquidação, a análise do reembolso dos acionistas deverá ser feita à luz do
procedimento de liquidação.
O §5º do artigo 44 da Lei 6404/76 determina que, no caso de liquidação da companhia, as ações de
fruição (amortizadas) somente concorrerão com o acervo liquidado após assegurado às ações ordinárias o
valor correspondente à amortização:
Em suma, o titular de ações de fruição, por já ter sido reembolsado pelo valor correspondente às suas
ações, não participará do reembolso dos acionistas decorrentes do processo de cisão, especialmente por
tratar-se de hipótese de redução de capital e reembolso parcial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apostila do curso – DIREITO SOCIETÁRIO – SOCIEDADE ANÔNIMA – autores – Pablo Gonçalves e Arruda,
Saulo Bichara Mendonça.
BRASIL. Lei nº 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações..
Diário Oficial da União: 17.dez.1976.
MAMEDE, Gladson. Direito Societário, Sociedade Simples e Empresárias. 12.ed. São Paulo: Atlas, 2000, p.
302.
BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 9. ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2004, p. 229.