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Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto


Abril / 2006 ISBN 85-86686-36-0
Modelagem Computacional de Estruturas de Concreto
Trabalho SIMP0149 - p. 645-658

AVALIAÇÃO DO PARÂMETRO DE INSTABILIDADE


POR MEIO DE SUBESTRUTURAS PLANAS
Evaluation of instability parameter by
means 2-D analisys of frame structures

Alfonso Pappalardo Junior(1); Fernando Collepiccolo Souza (2)

(1) Professor Doutor, Laboratório de Simulação de Processos de Engenharia,


Departamento de Engenharia Civil Escola de Engenharia da Universidade
Presbiteriana Mackenzie. email: alfonso@mackenzie.com.br

(2) Graduando em Engenharia Civil, Departamento de Engenharia Civil


Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie
email: scollep@uol.com.br
Rua da Consolação, 930, Prédio 6, CEP 01302-907
São Paulo, SP – Brasil

Resumo
Os projetos de edifícios altos diante das recentes alterações de normas e dos padrões de vento no Brasil
exigem o emprego de sistemas computacionais para as verificações necessárias no seu desenvolvimento.
A disponibilidade de ferramentas de cálculo estrutural torna-se indispensável de modo a garantir a
competitividade no mercado atual de projetos e atender as novas verificações exigidas pela norma
NBR 6118:2003. A realização de projetos de edifícios cada vez mais altos e, conseqüentemente, mais
esbeltos é preocupante com relação aos deslocamentos horizontais decorrentes a ação do vento. Este
trabalho justifica o procedimento expedito de cálculo da rigidez equivalente, utilizada na verificação da
indeslocabilidade de uma estrutura, por meio da análise de subestruturas planas. A simulação do
comportamento estrutural é facilitada pela macro 2D-IN, desenvolvida na linguagem paramétrica do
programa ANSYS.
Palavras-Chave: parâmetro de instabilidade; NBR 6118:2003; ANSYS; edifícios altos; elementos finitos.

Abstract
The projects of tall buildings due to the recent alterations of norms and of the wind patterns in Brazil demand
the employment of computational systems for its design. The availability of structural analisys tools becomes
indispensable in way to guarantee the competitiveness in the current market of projects and to assist the
new verifications demanded by the brazilian norm NBR 6118:2003. The realization of projects of buildings
more and more high and, consequently, more slender it is preoccupying related to horizontal displacements
due to wind action. This work justifies the expedite procedure of calculation of the equivalent stiffness, used
in the verification of the mobility of the structure, by means of the analysis of plane frames. The simulation of
the structural behavior is facilitated by the 2D-IN macro, developed in ANSYS parametric design language.
Keywords: instability parameter;NBR 6118:2003;ANSYS; tall buildings; finite elements.

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1 Introdução
A evolução da ciência dos materiais e dos métodos construtivos permite que os
engenheiros estruturais passem a projetar edifícios cada vez mais altos e,
conseqüentemente, mais esbeltos. A elaboração de projetos de edifícios altos exige dos
seus projetistas uma maior compreensão do comportamento estrutural com relação aos
esforços de segunda ordem.

Em princípio todas as estruturas são deslocáveis, todavia, são classificadas como


estruturas de nós fixos ou estruturas de nós móveis, de acordo com o comportamento
estrutural analisado. As estruturas onde os deslocamentos horizontais provocam esforços
globais de segunda ordem com valores abaixo de 10% dos respectivos esforços de
primeira ordem, são chamadas de estruturas de nós fixos. Nestas estruturas basta
considerar os efeitos locais de segunda ordem (NBR 6118, 2004).

Neste trabalho pretende-se comparar os parâmetros de instabilidade obtidos por meio da


modelagem de subestruturas planas e estruturas espaciais, assim como, verificar a
influência das lajes no compotamento global da estrutura.

2 Parâmetro de instabilidade α
O parâmetro de instabilidade (NBR 6118, 2004; CEB 90, 1993) tem por objetivo fornecer
ao projetista um valor de referência para a tomada de decisão quanto a necessidade ou
não de se levar em conta os efeitos de segunda ordem. Para tal, definem-se valores
limites, de acordo com o tipo de estrutura, acima dos quais a estrutura deve ser
considerada de nós móveis, ou seja:

0,5 : pórticos
α = H tot Nk / ( E ci ∑ Ic ) ≤ 0.6 : pilares − parede e pórticos (Equação 1)
0 .7 : pilares − parede
onde:
Htot é a altura total da estrutura, medida a partir de um nível pouco deslocável;
Nk é a somatória de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do nível
considerado para o cálculo de Htot), com seu valor característico. O peso de um
pavimento é obtido a partir da área do mesmo multiplicada pelo valor 12 kN/m2;
(EciΣIc) é a rigidez equivalente da edificação, sendo Eci=5600.(fck)1/2.

O valor da rigidez equivalente pode ser obtido de maneira consistente ou simplificada.


Esta última é obtida por meio da soma das rigidezes individuais dos pórticos alinhados na
direção analisada, que é recomendada para o caso de estruturas pré-moldadas. No caso
de estruturas monolíticas, o acréscimo de rigidez decorrente do intertravamento dos
pórticos, garantido pelas vigas ortogonais à direção analisada, aliado à presença das lajes
pode ser significativo.

O conceito de rigidez equivalente consiste na rigidez de um único pilar que representa a


estrutura. Este equivalência reside na igualdade das flechas horizontais no topo. Para o
cálculo da rigidez equivalente é utilizado pórtico plano ou espacial e, a eles é imposto um
carregamento unitário no topo. A partir deste carregamento, pode-se determinar o valor
da flecha e, com esta incógnita conhecida, da rigidez equivalente.

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3 Fatores de influência considerados
3.1 Modelo de cálculo
O edifício conceitual, apresentado na figura 1, composto por doze pilares de dimensões
prescritas é analisado segundo a direção mais desfavorável, ou seja em torno do eixo de
menor inércia. São analisados diversos tipos de estruturas de contraventamento que
estão listadas na figura 2, elencadas em função do grau de dificuldade de construção do
modelo de elementos finitos. Neste estudo, é adotado concreto classe C-25 (resistência à
compressão fck.= 25MPa) e altura do pé-direito estrutural hpd= 3m. Não são incluídos os
pavimentos referentes ao ático, localizados acima do teto do último pavimento-tipo, para
abrigar a casa das máquinas, reservatórios, depósitos e, eventualmente, alojamentos.

P1 (60/20) P2 (60/20) P3 (60/20)

V1 (20/50)
390

L1 L2
h=12 h=12

V2 (20/50)

P4 (60/20) P5 (60/20) P6 (60/20)


370

L3 L4
h=12 h=12

V3 (20/50)

P7 (60/20) P8 (60/20) P9 (60/20)


V5 (20/50)

V6 (20/50)

V7 (20/50)

L5 L6
390

h=12 h=12

V4 (20/50)

P10 (60/20) P11 (60/20) P12 (60/20)

380 440

Figura 1 - Planta de fôrma do pavimento-tipo do edifício analisado

A figura 2 apresenta quatro tipos de abordagens para a concepção do modelo de análise


estrutural. O modelo I é composto por subestruturas planas, obtidas a partir da
associação de pilares e vigas. Nesta análise utilizam-se programas de análise estrutural
bidimensional. O modelo II inclui as vigas ortogonais à direção analisada, intertravando os
pórticos referentes ao modelo I. Para a análise do modelo II são requeridos programas de
análise de estruturas reticuladas tridimensionais. O modelo III será exatamente idêntico
ao modelo II, a menos que os graus de liberdade dos nós que incidem no nível dos
pavimentos são acoplados, simulando a presença de diafragmas rígidos. E, por fim, o
modelo IV, que leva em conta a análise integrada de elementos reticulares e laminares
(BITTENCOURT, 2004), corresponde a uma estrutura reticulada enrijecida por diafragmas
flexíveis. A seguir, são avaliadas as inércias equivalentes e os parâmetros de
instabilidade, considerando os quatro modelos de cálculo, de modo a comparar os
comportamentos observados. Em todos os processamentos não sáo incluídos os efeitos
da não-linearidade física e geométrica, mesmo para valores de alfa superiores a 0,5.

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Tipos de
Modelo Esquema elementos Considerações

I
Pórticos independentes
Subestruturas VIGA 2-D alinhados na direção
pórticos planos analisada
independentes

II Vigas ortogonais a
direção analisada
VIGA 3-D
Estrutura pórtico intertravando os
espacial pórticos

III Acoplamento dos graus


Estrutura pórtico VIGA 3-D de liberdade dos nós
espacial enrijecida com associados a cada
diafragmas pavimento
rígidos

IV Comportamento
Estrutura pórtico VIGA 3-D integrado de dois
espacial enrijecida com PLACA elementos finitos
diafragmas estruturais
flexíveis

Figura 2 - Classificação dos tipos de estruturas de contraventamento

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3.2 Número de pavimentos
O número de pavimentos é um importante fator para esta investigação. Inicialmente,
consideram-se pilares de dimensões 40x20 e, em seguida, o mesmo procedimento é
realizado com pilares de 80x20. A tabela 1 apresenta os valores do parâmetro de
instabilidade para o primeiro caso. Nota-se que o modelo III, estrutura espacial enrijecida
por diafragmas rígidos, é contra a segurança pois não limita o projeto para um número de
pavimentos acima de 12, ao contrário dos demais modelos que, neste caso, apresentam
valores de α acima de 0,5.

Tabela 1 - Parâmetro de instabilidade para pilares típicos 40x20

PARÂMETRO INSTABILIDADE α
3D-IN
NPAV 2D-IN
h=0 h=12 h=20 RÍGIDO
6 0,32 0,31 0,28 0,28 0,26
8 0,38 0,36 0,34 0,33 0,29
10 0,43 0,42 0,39 0,39 0,32
12 0,50 0,47 0,45 0,45 0,35
14 0,56 0,54 0,52 0,51 0,38
16 0,63 0,60 0,59 0,58 0,40
18 0,70 0,67 0,66 0,65 0,42

Pode-se notar, mediante a análise da figura 3, que o modelo III superestima o valor da
rigidez equivalente e, portanto, não é recomendado. Por outro lado, os resultados obtidos
para os demais modelos são próximos. A linha tracejada corresponde ao modelo II, que é
o divisor de águas entre o modelo I e IV. Observa-se, na figura 4, que para um número
reduzido de pavimentos a estimativa do modelo II é muito próxima do modelo I. A medida
que se aumenta o número de pavimentos a estimativa do modelo II se aproxima,
gradativamente, do modelo IV, que é mais realista.

14 Ieq (m4)
12
10 PILARES diafragma
40/20 rígido
8
6 h=12

4
plano
2
número pavimentos
0
5 10 15 20

Figura 3 - Inércia equivalente em função do número de pavimentos

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0,7
α plano

PILARES
0,6 40/20 h=12

0,5
diafragma
0,4 rígido

0,3
número pavimentos
0,2
5 10 15 20
Figura 4 - Parâmetro de instabilidade α em função do número de pavimentos

A tabela 2 apresenta os valores do parâmetro de instabilidade para o caso de pilares


típicos com dimensões de 80x20. As mesmas considerações podem ser feitas em relação
ao caso anterior, exceto que todas as configurações analisadas apresentam valores de α
abaixo de 0,5. As estimativas obtidas para os modelos I e IV apresentam uma variação
maior em relação ao caso anterior.

Tabela 2 - Parâmetro de instabilidade para pilares típicos 80x20


PARÂMETRO INSTABILIDADE α
3D-IN
NPAV 2D-IN
h=0 h=12 h=20 RÍGIDO
6 0,22 0,21 0,18 0,17 0,16
8 0,26 0,24 0,21 0,20 0,18
10 0,31 0,28 0,25 0,24 0,20
12 0,35 0,32 0,29 0,29 0,22
14 0,40 0,36 0,34 0,33 0,24
16 0,45 0,41 0,39 0,38 0,26
18 0,50 0,46 0,44 0,43 0,27

25 Ieq (m4)
diafragma
20 PILARES rígido
80/20
15
h=12

10
plano
5
número pavimentos
0
5 10 15 20
Figura 5 - Inércia equivalente em função do número de pavimentos

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α plano
0,5

PILARES
0,4 80/20 h=12

diafragma
0,3 rígido

0,2
número pavimentos
0,1
5 10 15 20
Figura 6 - Parâmetro de instabilidade α em função do número de pavimentos

diferença (%)
25
PILAR: 80x20
20

15
PILAR: 40x20
10

5
número
númeropav imentos
pavimentos
0
6 8 10 12 14 16 18
Figura 7 - Diferenças dos valores do parâmetro de
instabilidade α obtidas entre os modelos I e IV

3.3 Dimensão dos pilares


O estudo paramétrico anterior indica que a dimensão dos pilares é um importante fator a
ser considerado. Nesta seção, o número de pavimentos é arbitrado igual a 24, enquanto
se varia a dimensão dos pilares contida na direção analisada. A tabela 3 apresenta os
valores do parâmetro de instabilidade, para os diversos modelos analisados neste
trabalho, descritos na figura 2. Vale destacar que o modelo I requer, para este edifício de
24 pavimentos, pilares de 180x20, enquanto que os modelos II e IV requerem pilares de
140x20 levando a uma solução mais econômica e mais acurada. O modelo III, composto
por diafragmas rígidos, permite o uso de pilares de 40x20, que não são atendidos pelos
demais modelos.

Confrontando-se as estimativas dadas pelos modelos I e IV no caso em que se varia a


dimensão dos pilares, dados na figura 10, nota-se que as diferenças estão abaixo de
20%, tendendo a um valor assintótico a medida que se aumenta a dimensão dos pilares.

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Tabela 3 - Parâmetro de instabilidade para 24 pavimentos
PARÂMETRO INSTABILIDADE α
3D-IN
PILAR 2D-IN
h=0 h=12 h=16 RIGIDO
40 0,94 0,91 0,90 0,89 0,49
60 0,76 0,72 0,71 0,70 0,36
80 0,67 0,62 0,61 0,61 0,31
100 0,62 0,56 0,55 0,55 0,29
120 0,58 0,52 0,51 0,50 0,28
140 0,55 0,49 0,48 0,47 0,28
160 0,52 0,47 0,45 0,45 0,27
180 0,50 0,45 0,43 0,43 0,27
200 0,49 0,43 0,41 0,41 0,27

70 Ieq (m4)
diafragma
60 rígido

50
40
h=12
30
20
plano
10
0
40 60 80 100 120 140 160 180 200
maior dimensão do pilar
Figura 8 - Inércia equivalente em função da dimensão dos pilares

1,00 α

0,80

0,60 plano

diafragma
0,40 rígido
h=12

0,20
40 60 80 100 120 140 160 180 200
maior dimensão do pilar
Figura 9 - Parâmetro de instabilidade α em função da dimensão dos pilares

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α
0,80

plano
0,60

h=12

0,40
40 60 80 100 120 140 160 180 200

20 diferença
erro (%) (%)
15,9 16,7 17,1
14,7
16 13,4
11,8
12 10,0
7,7
8 5,0
4
maior dimensão do pilar
0
40 60 80 100 120 140 160 180 200

Figura 10 - Diferenças entre o parâmetro de instabilidade α


em função da dimensão dos pilares para os modelos I e IV

3.4 Espessura das lajes


Mediante a análise crítica dos resultados obtidos anteriormente e apresentados
graficamente nas figuras 6 e 9 pode-se perceber que a espessura das lajes não altera
significativamente os valores do parâmetro de instabilidade. As maiores diferenças são
observadas entre os modelos I e IV, estando em torno de 10% para até 18 pavimentos.
Tabela 4 - Parâmetro de instabilidade em função da
espessura das lajes para pilares típicos 60x20
PARÂMETRO INSTABILIDADE a
3D-IN
NPAV 2D-IN
h=0 h=12 h=16 h=20
6 0,25 0,24 0,21 0,20 0,20
8 0,29 0,28 0,25 0,24 0,24
10 0,34 0,32 0,29 0,29 0,28
12 0,39 0,36 0,34 0,34 0,33
14 0,45 0,41 0,39 0,39 0,39
16 0,50 0,47 0,45 0,45 0,44
18 0,56 0,52 0,51 0,50 0,50

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4 Estudo de caso
Neste capítulo são apresentados os processamentos dos pórticos planos e espacial que
são utilizados nos cálculos do coeficiente de instabilidade α para um edifício residencial.
A planta de fôrmas da estrutura analisada, composta de 18 pavimentos-tipo, é mostrada
na figura 11. No projeto original obteve-se uma estrutura espacial otimizada,
considerando-se a participação das lajes, onde os parâmetros de instabilidade
encontrados atendem no limite as verificações da NBR 6118 (VASCONCELOS, 1998).

Neste trabalho, a estrutura espacial é idealizada em subestruturas planas (Modelo I) e


espacial (Modelo IV) e o cálculo das inércias equivalentes, em duas direções ortogonais,
é obtido por meio do programa ANSYS. Para a análise tridimensional, a idealização dos
pilares é feita com elementos de placa para se levar em conta o comportamento dos
pilares-parede.

Figura 11 - Planta de fôrma do pavimento-tipo

1,0 pórticos espacias


pórticos planos 1,0 pórticos espaciais
0,8 I
parâmetro alfa

I
parâmetro alfa

0,8 pórticos planos


0,6
0,6
0,4
IV
0,4 IV
0,2 0,2
0,0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
número de andares número de andares

Figura 12 - Comparação entre os parâmetros de instabilidade obtidos com subestruturas


planas (Modelo I) e estrutura espacial (Modelo IV): (a) vento frontal (b) vento longitudinal
A partir do valor α = 0,4, acentua-se a disparidade entre os comportamentos dos dois tipos
de estruturas analisadas, conforme se observa na figura 13. Cabe ainda ressaltar, que a
análise da instabilidade por meio de subestruturas planas é conservadora, pois subestima
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a rigidez da estrutura, que é inversamente proporcional ao parâmetro de instabilidade.
Neste caso analisado, mediante a análise da figura 12, observa-se que o parâmetro de
instabilidade calculado para o modelo IV é de 0,6 (limite para estruturas contraventadas
por pilares-parede), enquanto que para o modelo I é de 0,77. As diferenças encontradas
neste edifício entre os comportamentos plano e espacial são mostradas na figura 13.
Neste caso, fez-se uma média entre as diferenças observadas nas duas direções
analisadas para compilar as diferenças observadas. Nota-se que, a medida que aumenta
o número de pavimentos, a diferença entre os comportamentos plano (figura 14) e
espacial (figura 15) tende assintoticamente a um valor de referência.

30,9
30
25,4
diferença (%)

21,2
20

10 7,8
4,7
número de andares
0
0 5 10 15 20 25 30

Figura 13 - Erro percentual entre os parâmetros de instabilidade obtidos com


subestruturas planas e espacial para vento longitudinal (mais desfavorável)

INERCIA EQUIVALENTE DO PORTICO 3.0286853 m4

Figura 14 - Modelo da subestrutura plana com elementos de VIGA 2-D

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1
ELEMENTS
REAL NUM NOV 23 2004
12:38:24

Unidades consistentes: kN, cm, KN/cm2

Figura 15 – Modelo espacial com elementos de VIGA 3-D e PLACA (casca)

5 Macro 2D-IN (ANSYS)


A macro 2D-IN (disponível em: www.meusite.mackenzie.com.br/alfonso) é uma
ferramenta didática, desenvolvida para facilitar o entendimento de problemas de
estabilidade de edifícios altos. Esta macro requer uma quantidade mínima de dados de
entrada para a modelagem de um pórtico plano, correspondente a subestrutura plana do
edifício analisado. Cabe ressaltar que, mesmo na falta de conhecimento do ambiente do
programa ANSYS® o usuário não será intimidado por perguntas do tipo: qual elemento
deve ser utilizado? A comunicação com o usuário é feita por meio de caixas de diálogo.
Os dados de entrada necessários para a completa definição de uma subestrutura são
listados na figura 15. As fórmulas para obtenção do módulo de elasticidade, da inércia
equivalente e fatores de correção já estão implementadas.

Cabe ao usuário, a partir da abstração da realidade, a identificação dos pórticos planos


que compõe a estrutura numa dada direção, assim como, os parâmetros físicos e
geométricos que definem os dados de entrada. Por meio de uma análise estrutural plana,
utilizando-se um único tipo de elemento (VIGA 2-D), pode-se antever o valor do parâmetro
de instabilidade α adotando-se os fatores de correção, dados na Tabela 5, adequados
para cada caso. Os fatores de correção, sugeridos neste trabalho, reúnem o
conhecimento acumulado ao longo das inúmeras análises realizadas a partir do modelo
do analisado e levam em conta apenas o número de pavimentos da edificação.

Maranhão (1999) apresenta uma expressão para correlacionar o parâmetro de


instabilidade α com o coeficiente γz (VASCONCELOS, 1998).

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resistência fck: 25 MPa


número pavimentos: 12
altura do pé-direito: 2,90 m

P1 (60/20) V1 (20/60) P2 (20/35) P3 (80/20)

620 700

Figura 14 - Detalhe da fôrma do pórtico P1-P3

NOME DO ARQUIVO: P1-P3

RESISTENCIA A COMPRESSAO(MPa): 25
NUMERO DE PAVIMENTOS-TIPO: 12
NUMERO DE PILARES DO PORTICO: 3
ALTURA DO PE-DIREITO ESTRUTURAL(m): 2.9
COMPRIMENTO DO VAO EFETIVO 1(m): 5.85
COMPRIMENTO DO VAO EFETIVO 2(m): 6.25
ALTURA DAS VIGAS(cm): 50
LARGURA DAS VIGAS(cm): 20
DIMENSAO NO PLANO DO PILAR 1 (cm): 60
DIMENSAO FORA DO PLANO DO PILAR 1 (cm): 20
DIMENSAO NO PLANO DO PILAR 2 (cm): 20
DIMENSAO FORA DO PLANO DO PILAR 2(cm): 35
DIMENSAO NO PLANO DO PILAR 3(cm): 80
DIMENSAO FORA DO PLANO DO PILAR 3(cm): 20

Figura 15 - Listagem dos dados de entrada macro 2D-IN

1 1

INERCIA EQUIVALENTE DO PORTICO 0.601459932 m4 INERCIA EQUIVALENTE DO PORTICO 0.601459932 m4

Figura 16 - Saída do programa ANSYS: deslocamentos horizontais,


configuração deformada e inércia equivalente do pórtico P1-P3

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Tabela 5 – Fatores de correção programa 2D-IN

Número de Fator de
pavimentos correção
≤3 0,95
≤ 10 0,92
≤ 15 0,80
≤ 20 0,75
≤ 30 0,70

6 Conclusões
Variando-se as dimensões dos pilares, dentro de intervalos práticos, observou-se que, a
medida que aumenta a rigidez dos pilares maior foi a diferença entre as análises 2-D e
3-D, acentuando-se quanto menor o número de pavimentos. No primeiro caso analisado,
com pilares 40x20, as diferenças não superaram dez por cento, enquanto que para pilares
de 80x20, as diferenças foram de até vinte e cinco por cento. Logo, estruturas
contraventadas por pilares-parede apresentam diferenças maiores em relação àquelas
contraventadas apenas por pórticos.

A análise de pórticos espaciais enrijecidos com diafragmas flexíveis terá um custo


computacional maior, além de consistir numa modelagem mais complexa pois utiliza
elementos de placa e viga 3-D associados.

Cabe ainda ressaltar, que a análise da instabilidade por meio de subestruturas planas é
conservadora, pois subestima a rigidez da estrutura que é inversamente proporcional ao
parâmetro de instabilidade. Dentro das dimensões práticas dos elementos de estruturas
espaciais compostas apenas por pórticos, pode-se validar o modelo I em substituição ao
modelo IV, com a ressalva de se aplicar os fatores de correção adequados.

Pode-se afirmar que para os padrões usuais de projetos de edifícios de múltiplos


pavimentos, aproximadamente simétricos, as diferenças encontradas entre a análise de
subestruturas planas e estruturas espaciais são, no máximo, por volta de trinta por cento.

7 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 6118:2003 Projeto de
Estruturas de Concreto. Procedimento. Rio de Janeiro, ABNT, 2004.

BITTENCOURT, T. N., et al.. Modelos Computacionais para o Projeto de Edifícios de


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