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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
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as razões que, de fato, fizeram com que o agente agisse. Já para a teoria
volicionista, as intenções são consideradas como o ato volitivo do agente. Assim,
não bastaria crenças e desejos para que agíssemos, mas é preciso querer agir.
Uma vez apresentada essa contraposição das duas teorias, é importante
mencionar o contexto atual em que a intenção é considerada relevante para a
explicação da ação. Esse novo terreno surgiu após um exemplo dado por
Davidson e que ficou famoso como o exemplo do montanhista. Nele, um sujeito
montanhista, que estava a escalar uma montanha e com um colega abaixo de
si, o qual causava peso excessivo na sua corda, fez com que o montanhista
tivesse o desejo e a crença relevantes para largar o seu colega, cortando a
corda, mas que se deteve de levar a cabo essa ação. No entanto, apesar de ter
se detido inicialmente, pela pressão psicológica decorrente do mero pensar e
desejar fazer isso, o montanhista deixou, inadvertidamente, que seu colega
caísse.
Nesse exemplo, a razão (crença-desejo) que causou a ação não a causou
de modo adequado, pois o montanhista claramente não quis fazer isso. O
exemplo mostra que ação intencional só acontece quando um sujeito agiu por
uma razão, ter uma razão não é condição suficiente para causar uma ação. Ou
seja, ter uma razão é causa necessária, mas não suficiente para definir todos os
casos de ação intencional. Os casos em que isso acontece são chamados de
“situações de cadeias causais desviantes”.
Uma razão – a partir desse exemplo do Davidson – explica a ação apenas
na circunstância de ter causado a ação de forma apropriada. É preciso uma
correspondência entre razão e ação de tal maneira que a razão guie a ação.
Para isso, é preciso que existe uma conexão direta entre o par razão-e-ação e a
percepção de que estamos agindo por essa razão.
Outro exemplo que mostra essa distinção é o caso de uma pessoa que
quer matar outra e, ao atirar, erra o alvo, fazendo com que um grupo de porcos
matem a pessoa que escapou do tiro. O efeito morte, nesse caso, é considerado
um efeito não-intencional, pois se exige da ação intencional que tenha uma
representação mental da ação pelo agente.
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