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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Foi, então, que esse terreno anômalo foi agitado com a tensão política
pelo conflito bélico com o Paraguai. No período, setores significativos da
sociedade brasileira, como o exército, perceberam o atraso nacional e deram
corpo a uma pressão política que, mais próximo de 1888, seria responsável por
apoiar o fim da escravidão. Isso, aliado à urbanização e à pressão internacional
nesse sentido, também ajudaram a moldar o rumo do país. Caracterizaram,
portanto, esse período, uma convergência intelectual no sentido do
abolicionismo, do anticlericalismo e do republicanismo.
Em seguida, o rompimento da ala da política mais liberal, associado ao
movimento estudantil de 1868 e capitaneado pela então denominada “Escola
de Recife”, partidária do materialismo alemão, trouxe as ideias positivistas e
evolucionistas, que entraram em choque com o indianismo e o ecletismo
intelectual. Além disso, o positivismo ganhou muitos adeptos por seu mantra de
aplicar a ciência à sociedade, pela sua valorização da família e seus aspectos
autoritários.
Assim, dentro desse contexto, ressalta o autor que o terreno para o
pensamento abolicionista pôde florescer em função de forças tanto internas,
como a percepção de um atraso nacional por setores relevantes da sociedade
e o rompimento político levado a cabo pelo conflito bélico, bem como por
influxos externos, como as pressões internacionais pelo fim da escravidão e as
ideologias que tiveram suas sementes germinadas em solo nacional, tais como
o materialismo alemão e o positivismo.
Um contraponto a esse movimento progressista, contudo, se deu pelo
favoritismo do imperador pelos conservadores, que fez com que a abolição,
uma vez percebida como inevitável, fosse levada à termo legalmente pela ala
política conservadora, o que a concedeu a prerrogativa de, estando no poder,
poder evitar o aprofundamento de reformas então propostas, como a agrária.
Agora, um aspecto importante do movimento abolicionista, mesmo
considerando apenas o movimento político liberal, é que, apesar de lutar pelo
fim da opressão e de considerar que o racismo (supostamente) consequente
não havia firmado chão no Brasil, acreditava-se que haveria, em médio ou
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longo prazo, uma predominância da raça branca sobre a negra e índia. Prova
disso é que apoiavam a imigração europeia e propugnavam por um
branqueamento da população, mas também, que, por ocasião dos embates
contra a imigração asiática, falavam inferioridade tanto da raça negra quanto
dos chineses.