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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

Curso de Engenharia Hidráulica

Relatório de Estagio Profissional

TEMA: ESTUDO DA QUALIDADE DE ÁGUA SUBTERRÂNEA NO CAMPO DE


FUROS DE REVÚBUÈ

Supervisor (ARA-Zambeze): Autor:


dr. Cláudio Pacacheque Nicolau dos Santos Gabriel

Songo, Fevereiro de 2017


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

Curso de Engenharia Hidráulica

Relatório de Estagio Profissional

TEMA: ESTUDO DA QUALIDADE DE ÁGUA SUBTERRÂNEA NO CAMPO DE


FUROS DE REVÚBUÈ

Supervisor (ARA-Zambeze): Autor:


dr. Cláudio Pacacheque Nicolau dos Santos Gabriel
Engenheiro Hidraulico

contactos
+258842615152
nicolau303@gmail.com

Songo, Fevereiro de 2017


CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA HIDRÁULICA

Autor:
Nicolau dos Santos Gabriel
Trabalho submetido para a sua aprovação pelos membros de júri como requisito parcial
para a aquisição do grau de Licenciado em Engenharia Hidráulica, concedido pelo
Instituto Superior Politécnico de Songo.

Membros de Júri

Prof. Dr Francisco Vieira ____________________________________


(Presidente da Mesa)

Eng.º Fernando Agostinho ____________________________________


Dzeco (Oponente)

dr. Cláudio Pacacheque ____________________________________


(Supervisor - ARA-Zambeze)
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

Curso de Licenciatura em Engenharia Hidráulica

Relatório de estágio Profissional

TEMA: ESTUDO DA QUALIDADE DE ÁGUA SUBTERRÂNEA NO CAMPO DE


FUROS DE REVÚBUÈ.

AUTOR:

Nicolau Dos Santos Gabriel

Relatório submetido ao Instituto


Superior Politécnico de Songo, como
parte dos requisitos para aquisição do
título de Licenciado em Engenharia
Hidráulica.

Supervisor (ARA-Zambeze):
dr. Cláudio Pacacheque

____________________________________

Songo, Fevereiro de 2017


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

Curso de Engenharia Hidráulica

Relatório de Estágio Profissional

DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Nicolau dos Santos Gabriel, Declaro por minha honra, que o
presente relatório do estágio profissional é resultado da minha
própria investigação, e das orientações do meu supervisor, o
conteúdo é original e todas as fontes consultadas, foram
devidamente mencionadas, pois este não foi submetido para
outro grau que não seja o indicado – Licenciatura em Engenharia
Hidráulica, no Instituto Superior Politécnico de Songo
(ISPSongo).

Songo, aos -------/--------/ 2017


Assinatura

-----------------------------------------------------------
TERMO DE ENTREGA DO RELATÓRIO

CURSO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA

TERMO DE ENTREGA DE RELATÓRIO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL

Declaro que o estudante__________________________________________________entregou


no dia___/____/201___ as cópias do relatório do seu Estágio Profissional com a referência:
___________Intitulado:________________________________________________________
____________________________________________________________________________

Songo________ de __________________de 201_____

O Chefe da Secretaria

________________________________________
Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

DEDICATÓRIA

Dedico este Relatório, a todos meus familiares, Em especial, A minha querida Mãe,
Roberta Marcos Marrengula, e aos meus irmãos, o meu muito obrigado!

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel I


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus todo-poderoso pela vida, saúde e pelos, obstáculos e desafios


vencidos nela.
Gostaria de endereçar um agradecimento especial a ARA−Zambeze, em especial ao
Director Geral, pela recepção calorosa, ao meu supervisor dr. Cláudio Pacacheque
(Geólogo), Magú Adriano (Geógrafo, GiS) ao Lúcio Cumbe (Técnico de laboratório), dra
Noémia Godinho (Ambientalista) ao dr, Francisco Macaringue, (Chete de Dpto Técnico)
ao Eng.º Manuel Mahumguana (O chefe dos Recursos Hídricos) pelo apoio
incondicional para a realização deste relatório de estágio profissional.
Ao Instituto Superior Politécnico de Songo, em especial ao Director Geral, Prof.
Francisco Vieira, pela bolsa de estudo concedida, aos meus docentes: Eng.º Celso
Faife, Eng.º Ilídio Tembe, Eng.º Fabião Nhampossa, Eng.º Manuel Chang, Eng.º
Ezequiel Carvalho, dr. Rosário Manhice, Eng.º Miguel Ballester, dr Osvaldo Matavel, e
dr Omar Sancura.
Aos meus colegas e amigos: dr Gilroy Fazenda, dra Ercília Felicidade, Aziza mohamed,
Farida Aly, Helton Guambe, Salvador Mamela, Helder muxlhanga, Carlos Guambe,
Samito Naife, Cacilda Disse, Cipriano da silva, Inocência Massingue, Edelino Foquiço,
Faria Luis, Fortino Semana, Fidélio Cumbane, Nelson Crisólogo, Francisco Cumbane,
Nivaldo Garcia, Novais Soca, e agradeço pelo apoio, palavras amigas nas horas
difíceis e a todos os colegas e amigos do ISPSongo.

“O teu saber pouco vale se ninguém souber que tu sabes”


(Pérsio)

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel II


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

RESUMO

O padrão de qualidade de vida de uma população, está directamente relacionado com


à disponibilidade e à qualidade de sua água, sendo esta, o recurso natural mais crítico
e mais susceptível a impor limites ao desenvolvimento. Em Moçambique a maioria das
populações vivendo no campo e em aglomerações dispersas, os recursos de água
subterrânea tem constituído a principal fonte segura de água para o consumo. O
assunto água subterrânea e a busca de conhecimentos a ele relacionados,
representam um tema que remonta aos primórdios da sociedade, assim sendo
monitorar a qualidade de água subterrânea é imprescindível, pois a vila de Moatize usa
a mesma fonte para o abastecimento público. O presente relatório teve em foco o
Estudo da qualidade de água dos campos de furos de Revúbuè de modo a averiguar a
evolução dos parâmetros físico-químicos ao longo de uma série de dados históricos
fornecidos pela ARA-Zambeze, pois para alcançar os objectivos pretendidos foram
realizados vários estudos e análises desde trabalhos de campo até ao laboratório, e
comparados os resultados com os passados. Assim sendo foi possível averiguar a sua
evolução partindo de uma base de revisões bibliográficas.

PALAVRAS-CHAVE: Água Subterrânea, Quantidade e Qualidade, Monitoramento,


parâmetros físico-químicos.

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel III


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

ÍNDICE
DEDICATÓRIA................................................................................................................. I
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... II
RESUMO ........................................................................................................................ III
LISTA DE ANEXOS .................................................................................................... VIII
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ................................................................. IX
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... X
LISTA DE TABELAS .................................................................................................... XI
CAPITULO I: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ............................................................... 1
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1 Aspectos Gerais...................................................................................................... 1
1.2 Objectivos ............................................................................................................... 1
1.2.1 Objectivo Geral.................................................................................................. 1
1.2.2 Objectivos específicos....................................................................................... 1
1.3 Problema e Justificação .......................................................................................... 2
1.4 Metodologia ............................................................................................................ 2
1.4.1 Colecta e Análise das Amostras ....................................................................... 2
1.4.1.2 Material Usado ........................................................................................... 3
1.5 Caracterização Geral da Província de Tete ............................................................ 5
1.5.1 Localização Geográfica ..................................................................................... 5
1.6 Clima e Relevo........................................................................................................ 5
1.6.1 O Clima Tropical Seco ...................................................................................... 5
1.6.2 O Clima Tropical Húmido .................................................................................. 6
1.6.3 O Clima Modificado pela Altitude ...................................................................... 6
1.7 O Relevo ................................................................................................................. 6
1.8 Precipitação e tipos de solos .................................................................................. 6
1.8.1 Precipitação ...................................................................................................... 6
1.8.2 Tipos de solos ................................................................................................... 6
CAPITULO II: PARTE TEÓRICA .................................................................................... 8
2. Hidrogeologia: ........................................................................................................ 8
2.1 Águas Subterrâneas:............................................................................................ 8
2.2. Ocorrência das Águas Subterrâneas ..................................................................... 8
2.2.1. Origem e circulação: Ciclo Hidrológico............................................................. 8
2.2.1.1 Precipitação ................................................................................................... 9
2.2.1.2 Evapotranspiração ......................................................................................... 9

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel IV


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

2.2.1.3 Escoamento superficial ................................................................................ 10


2.2.1.4 Interceptação ............................................................................................... 10
2. 2.1.5 Infiltração ..................................................................................................... 11
2.3 Relação entre Águas Superficiais e Águas Subterrâneas .................................. 11
2.4 Características da água subterrânea e superficial ............................................. 13
2.4.1 Localização ..................................................................................................... 14
2.4.2 Fluxo e disponibilidade .................................................................................... 14
2.4.3 Variabilidade sazonal ...................................................................................... 14
2.4.5 Qualidade da Água Subterrânea ..................................................................... 15
2.4.6 Recarga dos aquíferos e fluxo das águas subterrâneas ................................. 15
2.4.7 Tipos de Recarga Subterrânea ....................................................................... 16
2.5 Aquífero.............................................................................................................. 17
2.6 Classificação dos Aquíferos .................................................................................. 18
2.6.1 Quanto ao Armazenamento de água. ............................................................. 18
2.6.1.1 Aquífero livre ou freático .............................................................................. 18
2.6.2 Aquífero Confinado ou Artesiano .................................................................... 19
2.6.3 Aquíferos Semi-Confinados ............................................................................ 19
2.7 Quanto ao tipo de rocha armazenadora: ............................................................ 19
2.7.1 Aquíferos Porosos ou granular: ....................................................................... 19
2.7.2 Aquíferos Fracturados ou Fissurados ............................................................. 19
2.7.3 Aquíferos Cársticos ......................................................................................... 20
2.8 Captação das Águas Subterrâneas.................................................................. 20
2.8.1. Impactos sobre as Águas Subterrâneas ........................................................ 21
2.8.2 Poluição das Águas subterrâneas ................................................................... 21
2.8.3. Estratégias de Protecção, Conservação e Gestão das Águas subterrâneas . 24
2.8.4. Água Subterrânea e seu uso Sustentável ...................................................... 25
2.8.5 A Gestão Integrada dos Recursos Hídricos e Seus Princípios ....................... 26
2.9 Caracterizações Físico-Químicos da Água ........................................................... 31
2.9.1 Aspectos Gerais .............................................................................................. 31
2.9.2 Características Químicas: ............................................................................... 32
2.9.3 Características Físicas .................................................................................... 32
2.9.4 Monitoramento da Qualidade da Água ............................................................ 32
2.9.4.1 Parâmetros de Avaliação ............................................................................. 35
2.9.4.1.1 PH ............................................................................................................. 35
2.9.4.1.2 Oxigénio Dissolvido (OD) .......................................................................... 36
2.9.4.1.3 Condutividade Eléctrica (C.E) ................................................................... 36

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel V


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

2.9.4.1.4 Turvação ................................................................................................... 37


2.9.4.1.5 Temperatura .............................................................................................. 37
2.9.4.1.6 Ferro.......................................................................................................... 37
2.9.4.1.7 Sulfato ....................................................................................................... 38
2.9.4.1.8 Cor ............................................................................................................ 38
2.9.4.1.9 Nitrato........................................................................................................ 39
2.9.4.1.10 Crómio ..................................................................................................... 39
2.9.4.1.11 Fosfato .................................................................................................... 39
2.9.4.1.12 Potencial Redox O.R.P ........................................................................... 40
2.9.4.1.13 O Nitrito ................................................................................................... 40
CAPITULO III: ÁREA DE ESTUDO ......................................................................... 41
3.Descrição do rio Revúbuè ..................................................................................... 41
3.1 Clima ..................................................................................................................... 42
3.2 Flora e fauna ...................................................................................................... 43
3.3 Geologia ............................................................................................................. 43
3.3.1 Geologia Local ................................................................................................ 45
3.3.2 Base rochosa .................................................................................................. 45
3.3.3 Geologia do karroo ......................................................................................... 46
3.3.4 Rochas Eruptivas Mesozóicas e Formações Sedimentares ........................... 46
3.3.5 Depósitos rentes ............................................................................................. 46
3.3.6 Tectónica Regional.......................................................................................... 46
3.4 Hidrogeologia Regional ...................................................................................... 47
CAPITULO IV: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................... 49
4.1 Introdução .......................................................................................................... 49
4.2 Análise do PH ...................................................................................................... 50
4.3 Análise da Temperatura ........................................................................................ 51
4.4 Análise da C.E ..................................................................................................... 52
4.5 Análise da Turvação ............................................................................................ 53
4.6 Análise do O.D ...................................................................................................... 54
4.7 Análise do Sulfatos ............................................................................................... 55
4.8 Análise do Ferro.................................................................................................... 56
4.9 Análise do Nitrato................................................................................................. 57
4.10 Análise do Nitrito .............................................................................................. 58
4.11 Análise do Fosfato .............................................................................................. 59
5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES...................................................................... 60
5.1 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 60

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel VI


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

5.2 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................ 61


6.0 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 62
6.1 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 62
6.2 OUTRAS BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ....................................................... 63
ANEXOS ....................................................................................................................... 64

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel VII


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

LISTA DE ANEXOS
Anexo 1:PH ................................................................................................................... 65
Anexo 2:TEMP .............................................................................................................. 65
Anexo 3: C.E ................................................................................................................. 65
Anexo 4:Turvação ......................................................................................................... 66
Anexo 5: O.D .................................................................................................................. 66
Anexo 6: Sulfato ............................................................................................................ 66
Anexo 7: Ferro ............................................................................................................. 66
Anexo 8: Nitrato ............................................................................................................. 67
Anexo 9: Nitrito .............................................................................................................. 67
Anexo 10: Fosfato ......................................................................................................... 67
Anexo 11: Resultados das Campanhas de Monitoramento de Águas Subterrâneas Furo
02 .................................................................................................................................. 68
Anexo 12: Resultados das Campanhas de Monitoramento das Águas Subterrâneas
Furo 03 .......................................................................................................................... 69
Anexo 13: Resultados das Campanhas de Monitoramento das Águas Subterrâneas
Furo 05 .......................................................................................................................... 70
Anexo 14: Resultados das Campanhas de Monitoramento das Águas Subterrâneas
Furo 07 .......................................................................................................................... 71

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel VIII


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS


ARAZ :Administração Regional de Águas do Zambeze
C.E :Condutividade eléctrica
O.D :Oxigénio Dissolvido
PGT :Portal do Governo de Tete
NTU :Unidade de Turvação Nefelométrica
ORP :Potencial Redox
TCU :True Colour Unit
PH : Potencial Hidrogeniónico
MA :Matema
Temp :Temperatura
INM : Instituto Nacional De Meteorologia
DNA : Direcção Nacional De Águas
Alcal : Alcalinidade
T.S.D : Total Sódio Dissolvidos
EPI : Equipamentos de Protecção Individual
DNS : Direcção Nacional da Saúde

Turv : Turvação

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel IX


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

LISTA DE FIGURAS
Figura 1:Turbidimetro para análise da turvação……………………………………………..4
Figura 2: Nutrientes para análises química .................................................................... 4
Figura 3: PHmetro e sondas………. ....... …………………………………………………….4
Figura 4: multiparametro para medições físicas .............................................................. 4
Figura 5: província de Tete, fonte: (Atlas Moçambique 2012) ......................................... 5
Figura 6: Representação esquemática do ciclo hidrológico;............................................ 9
Figura 7: Tipos de aquíferos; fonte: (Paiva 2006) .......................................................... 17
Figura 8: Aquíferos segundo tipo de rocha, fonte: ......................................................... 20
Figura 9: Representação da captação artesiana e artesiana repuxante ....................... 21
Figura 10: Representação do poço fonte: ..................................................................... 21
Figura 11: Principais fontes de contaminação de águas subterrâneas ......................... 23
Figura 12:Campos de Furos de Revúbuè ...................................................................... 42
Figura 13: Análise do PH ............................................................................................. 50
Figura 14: Análise do PH .............................................................................................. 50
Figura 15: Análise da temperatura ................................................................................ 51
Figura 16: Análise da Temperatura .............................................................................. 51
Figura 17: Análise da C.E .............................................................................................. 52
Figura 18: Análise da C.E .............................................................................................. 52
Figura 19: Análise da Turvação ................................................................................... 53
Figura 20: Análise da Turvação .................................................................................... 53
Figura 21: Análise do O.D ............................................................................................. 54
Figura 22: Análise do O.D ............................................................................................. 54
Figura 23: Análise dos Sulfatos ..................................................................................... 55
Figura 24: Análise dos Sulfatos ..................................................................................... 55
Figura 25: Análise do Ferro ........................................................................................... 56
Figura 26: Análise do Ferro ........................................................................................... 56
Figura 27: Análise do Nitrato ......................................................................................... 57
Figura 28: Análise do Nitrato ........................................................................................ 57
Figura 29: Análise do Nitrito ......................................................................................... 58
Figura 30: Análise do Nitrito ......................................................................................... 58
Figura 31: Fosfato Médio Anual de 2015 ....................................................................... 59
Figura 32: Fosfato Médio Anual do Ano 2016 ............................................................... 59

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel X


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Explica de forma resumida as diferenças entre as águas subterrâneas e
águas superficiais .......................................................................................................... 13
Tabela 2: Classificação dos problemas de qualidade da água subterrânea ................. 24
Tabela 3:Contaminantes Comuns em Água Subterrânea e Fontes De Poluição ......... 31
Tabela 4: Ilustração os parâmetros físicos-organoléticos e seus limites máximos
admissíveis em Moçambique. ....................................................................................... 34
Tabela 5 :Ilustração dos Parâmetros Químicos e seus limites máximos admissíveis em
Moçambique. ................................................................................................................. 35
Tabela 6:Coordenadas de campos de furos de revuboe (Matema) .............................. 41

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel XI


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea nos Campos de Furos de Revúbuè

CAPITULO I: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

1. INTRODUÇÃO

1.1 Aspectos Gerais


A água é um elemento essencial a vida dos seres vivos, foi a partir dela que as
primeiras formas de vida surgiram neste globo e foram se desenvolvendo até que as
formas mais complexas que hoje conhecemos. (Al-Agha, 1999; Thakuria, 2007) Assim,
a hidrogeologia é o ramo das geociências (ciências da terra), que estuda, as águas
subterrâneas quanto ao seu movimento, volume, distribuição e qualidade, em função
de milhares de poços, ou nascentes, utilizados no abastecimento de água das
comunidades. O conhecimento adquirido sobre águas subterrâneas, tratou de abordar
as condições de escoamento, recarga dos aquíferos, qualidade e quantidade, bem
como o desenvolvimento de técnicas e tecnologias para sua captação, seu melhor
aproveitamento, seu tratamento, quando necessário; além de suas formas de
contaminação, muitos trabalhos foram, e são desenvolvidos, enfocando a
sustentabilidade ou a exploração dos aquíferos, além dos aspectos legais envolvendo
os recursos hídricos subterrâneos. As características físico-químicas da água
subterrânea devem orientar seu melhor aproveitamento, seja para atender ao uso no
abastecimento doméstico, como em outras actividades (Davies Foster 1999). Há povos
que utilizam águas subterrâneas com teores, conhecidos e elevados, de nitrato ou
fluoreto, são águas impróprias para o consumo humano, mas são utilizadas por não
haver disponibilidade de outras fontes de abastecimento.
Quando da exploração de recursos subterrâneos, além da vazão a ser obtida, a
qualidade da água deve atender ao uso proposto. Essa qualidade, por sua vez,
depende do aquífero drenado e da dissolução dos minerais presentes nas rochas que o
constituem.

1.2 Objectivos
1.2.1 Objectivo Geral
 Estudar a qualidade de água subterrânea no campo de furos de Revúbuè
1.2.2 Objectivos específicos
 Avaliar a evolução dos parâmetros PH, turvação, O.D, cor, nitrato, nitrito, ferro,
temperatura, sulfato, C.E, ORP, cheiro, Crómio, fosfato do ano 2015 e 2016
 Identificar as prováveis origens das concentrações anómalas dos parâmetros

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 1


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

1.3 Problema e Justificação


A água subterrânea tem um papel fundamental na satisfação das necessidades
humanas tanto para o abastecimento doméstico, industrial, agricultura, vida animal,
sem excluir o comércio e actividades de lazer. Na Vila de Moatize os aquíferos de
Revúbuè segundo estudos e projecções feitas por várias entidades quer colectivas e
individuais, indicam estarem sob perigo cada vez maior de contaminação em
decorrência da urbanização, do desenvolvimento industrial, das actividades agrícolas e
das actividades mineiras. Para o abastecimento público de água potável é um pré-
requisito que a qualidade da água seja boa. Neste contexto os furos protegidos são os
que melhor cumprem esse requisito, visto que na área de estudo há défice no que diz
respeito a vedação dos furos. Assim, a motivação para a realização deste relatório,
focaliza-se na emissão de contributo para o conhecimento das águas subterrâneas do
Campo de furos de Revúbuè, pois é imprescindível o monitoramento dos parâmetros
físico-químicos, para o conhecimento contínuo da sua qualidade para o consumo
humano.

1.4 Metodologia
Para a elaboração do presente trabalho foi necessário, a realização de um estágio
Profissional na ARA-Zambeze, no Departamento de Recursos Hídricos, num período
de 5 Meses, com vista a conciliar os conceitos teóricos, obtidos durante a formação
académica com a prática.
A princípio, fez-se a revisão bibliográfica, em seguida realizou-se o acompanhamento
das actividades semanais/mensais desenvolvidas pelos serviços de Geohidrologia e
serviços de qualidade de água e ambiente, pesquisas de legislação relacionadas com
qualidade de água subterrânea em vigor em Moçambique; etapas de campo;
identificação de poço e seu mapeamento, análises físico-químicas no laboratório da
ARA-Zambeze, tratamento de dados físico-químicos, e finalmente integração dos
dados.
1.4.1 Colecta e Análise das Amostras
A colecta e análise das amostras foram desenvolvidos trimestralmente pelos técnicos
da ARA-Zambeze e o estagiário, as amostras de água subterrânea foram colectadas
no campo de furos de Revúbuè, localizados na margem do rio Revúbuè,
concretamente nos furos do FIPAG, num total de 9 furos, de onde foram colhidas

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 2


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

amostras em 4 furos, de forma intercalada. O processo de colecta e análise das


amostras dividiu-se em três fases, nomeadamente:

 Pré-Analítica: É a fase que antecede ao trabalho de campo, consistiu na


calibração dos equipamentos e verificação da sua funcionalidade, lavagem
dos frascos e desinfecção com álcool etílico, e secagem.
 Analítica: Esta Fase inicia no campo com a análise dos parâmetros no local:
nomeadamente; PH, Temp, O.R.P, C.E, O.D, T.S.D, Cheio, Cor. As amostras
foram seguidamente preservadas nos frascos PVC de 1000ml e conservadas
em caixas com gelo e sob refrigeração até o momento da análise físico-
químicas. No laboratório, foram analisados os seguintes parâmetros:
sulfatos, Nitritos, Nitratos, cloreto, e fosfato.
 Pós-Analítica: Esta última fase consistiu na organização das amostras de
acordo com sequência dos furos, e posteriormente seguiu-se a análise,
interpretação e emissão de dados; A tabela 1, ilustra o material usado.

1.4.1.2 Material Usado


Tabela 1: Equipamentos e Reagentes Químicos usados

Materiais e Equipamentos

1 Turbidimetro 10 Mascaras
2 Multiparametro HQ 40d 11 Botas
3 Sondas 12 Bata
4 Espetofotometro Dr 2800 13 Óculos
5 Phmetro 14 Cronometro
6 Pipetas -10ml 15 Pedra de Gelo
7 Poro de Balão 16 Destilador
8 Frascos de Pvc de 1000ml 17 Colmam
9 Luvas 18 _
Reagentes
1 Ferro Ver 5 6 Solução de calibração do Ph-4.01
2 Nitra Ver 2 7 Solução de calibração do Ph-7.00
3 Nitri Ver 2 8 Solução de calibração do 10.01
Solução de calibração rápido da C.E e
4 Phosfer Ver 2 9 Salinidade
5 Sulfa Ver 2 10 Água destilada
_ 11 Álcool etílico

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 3


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

 Equipamentos usados na avaliação dos parâmetro físico-químicos

Figura 1:Turbidimetro para análise da turvação Figura 2: Nutrientes para análises química

Figura 3: PHmetro e sondas Figura 4: multiparametro para medições físicas

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 4


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

1.5 Caracterização Geral da Província de Tete

1.5.1 Localização Geográfica


A Província de Tete situa-se no extremo noroeste do país, e faz fronteira com 3 (três)
Países numa extensão total de 1480Kms, nomeadamente com a República do Malawi
610 Kms, com a República da Zâmbia 420 Kms e com a República do Zimbabwe
450Kms. Zâmbia e Malawi a norte, Malawi a este, Zâmbia e Zimbabwe a oeste e a sul
com o Zimbabwe e três províncias Moçambicanas, Zambézia a este, Manica e Sofala a
sul e entre as coordenadas de 14º00'S e 17º42'01"S e 30º13'E e 35º20'07"E (PGT,2008)

Figura 5: província de Tete, fonte: (Atlas Moçambique 2012)

1.6 Clima e Relevo

1.6.1 O Clima Tropical Seco


Que ocupa uma pequena faixa a esquerda do rio Zambeze e toda a região a direita
excepto uma pequena faixa no distrito de Mutarara que possui o clima tropical húmido,
com temperaturas máximas médias anuais na ordem dos 32°C e a precipitação
máxima de 180 mm. (PGT,2008)

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1.6.2 O Clima Tropical Húmido


Que, ocupa uma faixa alongada no sentido este-oeste no interior da região norte de
Tete,
1.6.3 O Clima Modificado pela Altitude
Desde o rio Aruângua (Zumbo) ao distrito de Tsangano causado pelos planaltos da
Marávia-Angónia com temperaturas máximas médias anuais na ordem dos 26°C e com
uma precipitação máxima média de aproximadamente 360 mm. (PGT,2008)

A temperatura média mensal nos meses mais quentes: Outubro, Novembro, Dezembro,
Janeiro e Fevereiro são cerca de 28 a 29°C e nos meses mais frios, Junho e Julho de
22°C.

1.7 O Relevo

O relevo de Tete subdivide-se em duas partes bem distintas, sendo a norte da


província a formação dos planaltos da Marávia-Angónia e a sul, a planície do vale do
Zambeze, que apresenta algumas formações montanhosas cujas altitudes têm menor
valor com relação à zona norte, onde se localizam os pontos mais altos, os Montes
Dómuè e Chiróbue com 2096 e 2021 metros respectivamente. (PGT,2008 )

1.8 Precipitação e tipos de solos

1.8.1 Precipitação
A zona norte, compreende os Distritos da Angónia, Macanga, Marávia, Zumbu e
Chifunde com precipitação atmosférica na ordem dos 800 e 1200 mm, é a zona mais
produtiva do ponto de vista agrícola e densamente povoada.A zona sul, compreende os
Distritos de Changara, Mágoè, Cahora-Bassa, Moatize, Mutarara, Chiúta e a Cidade de
Tete cuja precipitação atmosférica anual é da ordem dos 600 mm e, é a mais pobre no
campo agrícola com relação a zona norte, porque não produz o suficiente para o
autoconsumo. (PGT 2008)

1.8.2 Tipos de solos


A Província de Tete possui os seguintes tipos de solos: Franco-Argiloso-Arenosos
avermelhados com camada superficial leve, profundidade variável, fertilidade
intermédia, susceptíveis a erosão principalmente a norte da província e uma pequena
faixa do sul. Nos distritos do norte ao longo do vale do Zambeze localizam-se algumas
manchas dos solos delgados e pouco profundos, rochosos e não aptos para a
agricultura. (PGT,2008)

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A sul predominam os solos franco-argiloso-arenosos, acastanhados evoluídos,


fertilidade intermédia a boa, em partes delgadas; algumas manchas dos solos muito
pesados, de cor cinzenta e negra, mal drenados e difícil lavoura; solos fluviais-mal
drenados. A norte, encontram-se algumas manchas nos solos Franco-Argilosos-
Arenosos Acastanhados e férteis favoráveis a agricultura; solos argilosos vermelhos e
profundos bem drenados e muito baixam fertilidade (nordeste). A oeste, Solos
Arenosos pouco evoluídos de dunas costeiras. Na região do Revúbuè são muito
variados encontra-se cores que variam de castanho-escuro ao castanho acinzentado,
ao vermelho e ao amarelo. Sendo arenosos (areia grossa) a argilosos, com muitas
pedras e com profundidade média a muito baixa alguns destes são utilizados para a
produção agrícola (EPDA, 2004).

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CAPITULO II: PARTE TEÓRICA


2. Hidrogeologia:
Segundo (EPDA, 2004) Hidrogeologia é o ramo da Hidrologia que estuda a água
subterrânea, em especial a sua relação com o ambiente geológico; pois é uma das
ciências da Terra, subdivide-se em: Hidrogeoquímica; Hidrogeomecânica;
Geohidrologia; Litohidrologia; trata das condições geológicas e hidrológicas, com base
nas leis da Física e da Química.

2.1 Águas Subterrâneas:


Água subterrânea é toda a água que ocorre abaixo da superfície da terra preenchendo
os poros ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as fracturas, falhas e
fissuras das rochas compactas, e que sendo submetida a duas forças (de adesão e de
gravidade) desempenha um papel importante na manutenção da humidade do solo, do
fluxo dos rios e lagos. As águas subterrâneas cumprem uma fase do ciclo hidrológico,
uma vez que constituem uma parcela da água precipitada. Após a precipitação, parte
das águas que atinge o solo se infiltra e percola no interior do subsolo, durante o
período de precipitação extremamente variável, decorrentes de muitos factores. (EPDA
2014)

2.2. Ocorrência das Águas Subterrâneas

2.2.1. Origem e circulação: Ciclo Hidrológico


Quase toda a água subterrânea existente na terra tem origem no ciclo hidrológico, isto
é no sistema pelo qual a natureza faz a água circular do oceano para a atmosfera e daí
para os continentes, de onde retoma, de forma superficial e subterrânea ao oceano,
(figura 6). Esse ciclo e governado, no solo e subsolo, pela acção da gravidade, bem
como pelo tipo da densidade, da cobertura vegetal, e na atmosfera e superfícies
liquidas (rios, mares, lagos e oceanos) pelos elementos e factores climáticos, como por
exemplo temperatura do ar, ventos, humidade e insolação (função da radiação solar)
que são os responsáveis pelos processos de circulação da água dos oceanos para a
atmosfera, em uma dada latitude terrestre. O ciclo hidrológico por ser um processo
dinâmico e contínuo, não tem começo nem fim (a água inicia seu caminho, indo de um
estado inicial até retornar a sua posição primitiva), porém a dinâmica da água entre os
vários componentes e fases no ciclo hidrológico é, principalmente irregular, tanto no
tempo como no espaço. Assim, o ciclo da água envolve vários e complexos processos

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hidrológicos: precipitação, interceptação, infiltração, percolação, evapotranspiração,


escoamento superficial, (WALKER 1982).

Figura 6: Representação esquemática do ciclo hidrológico; E = evaporação; ET = evapotranspiração; I =


infiltração; R = escoamento superficial (run−of), (Bear & verruijt, 1987)

2.2.1.1 Precipitação
Segundo verruijt, (1987). A precipitação corresponde à água proveniente do vapor de
água da atmosfera que se deposita na superfície da terra sob diferentes formas, como
chuva, granizo, neve, neblina, orvalho, o fenómeno precipitação é o elemento alimentar
da fase terrestre do ciclo hidrológico e constitui portanto factor importante para os
processos de escoamento superficial, infiltração, evaporação, transpiração, recarga de
aquíferos, vazão dos rios e outros.
2.2.1.2 Evapotranspiração
Como é praticamente impossível se distinguir o vapor da água, proveniente da
evaporação da água no solo e da transpiração das plantas, a evapotranspiração é
definida como sendo o processo simultâneo de transferência de água para a atmosfera
por evaporação da água do solo e por transpiração das plantas, assim sendo;
Evaporação é o processo pelo qual as moléculas de água na superfície liquida ou na
humidade do solo adquirem suficiente energia, através da radiação solar e passam do
estado líquido para o de vapor. Transpiração é o processo pelo qual as plantas perdem
água para a atmosfera, (verruijt, 1987).

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2.2.1.3 Escoamento superficial


É o processo pelo qual a água de chuva precipitada na superfície da terra flui por acção
da gravidade, das partes mais altas, para as mais baixas, nos leitos dos rios e riachos.
A magnitude desses escoamentos superficiais é em função da intensidade da chuva,
permeabilidade da superfície do terreno, duração da chuva, tipo de vegetação, área da
bacia drenante, distribuição espacial da precipitação, geometria dos canais dos rios e
riachos, profundidade do nível das águas subterrâneas e declividade da superfície do
solo. Apesar dessa complexidade, é possível fazer previsões satisfatórias do
escoamento esperado para uma certa chuva.
As relações entre chuva e escoamento são estabelecidos através do estudo da
hidrógrafa, que e um gráfico de variação da altura da superfície da água ou vazão do
rio, em uma dada secção transversal do mesmo. Bacia hidrográfica ou bacia drenante
é uma área topograficamente definida que é drenada por uma rede de rios ou riachos
de tal modo que o escoamento é escoado através de uma única saída. A magnitude
relativa dos vários componentes em que a chuva pode ser dividida depende das
características (naturais ou artificiais) da região onde ocorre a precipitação e das
características da própria chuva. No início de uma chuva, uma grande quantidade da
precipitação fica retida pela folhagem das árvores e vegetação em geral, constituído o
que se conhece como interceptação, essa água não atinge a superfície do solo e
retoma a atmosfera por evaporação. Uma chuva de pequena intensidade e curta
duração, por exemplo, pode ser totalmente consumida pela interceptação. (Wiener
1972).
2.2.1.4 Interceptação
É a parte da precipitação retida acima da superfície do solo. (devido à presença de
vegetação caindo sobre uma superfície coberta com vegetação, parte da chuva fica
retida nas folhas. Quando as folhas não são mais capazes de armazenar água,
continuando a chuva, ocorre a drenagem para o solo.

O volume interceptado retorna para a atmosfera por evaporação, após a ocorrência da


chuva. A intercepção é eventual, isto é, ocorre quando há chuva e vegetação para
interceptá-la. (Blake, 1975)

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2. 2.1.5 Infiltração
A infiltração é o nome dado ao processo pelo qual a água atravessa a superfície do
solo. É um processo de grande importância, pois afecta directamente o escoamento
superficial, que é o componente do ciclo hidrológico responsável pelos processos de
erosão e inundações (Wiener 1972).
2.3 Relação entre Águas Superficiais e Águas Subterrâneas
As águas superficiais (dos lagos represas e rios) e águas subterrâneas (dos aquíferos)
não são necessariamente recursos independentes. Em muitos casos podem existir
ligações entre corpos de água superficial e aquífero. Por exemplo, supondo-se que um
rio atravesse uma região sob a qual existia um aquífero freático. Dependendo da
permeabilidade do leito do rio e da diferença de carga potenciométrica entre o rio e o
aquífero, a água pode fluir do rio para o aquífero ou vice-versa. Assim, é que nos
aquíferos aluviais, a recarga tem origem fluvial nos períodos de altas águas, enquanto
o fluxo de base dos rios, nos períodos de baixas águas, é assegurado pelas águas
subterrâneas. Portanto, controlando-se os níveis de água nas zonas de contacto entre
esses aquíferos e água superficial, tem-se o controle da recarga (entrada) ou descarga
(saída) da água do aquífero. (Bear, 1979). Além da quantidade, a qualidade da água
subterrânea pode ser afectada pela infiltração de água superficial contaminada, é claro
que o planeamento e a gestão de recursos hídricos deve sempre incluir os dois
recursos, incorporando cada um deles no sistema global, de acordo com as suas
características específicas, embora pareça óbvio que a água subterrânea quando
presente em uma região, deva ser utilizadas em conjunto com a água de superfície, a
verdade é que em muitas partes do mundo existe uma relutância quando se trata de
incorporar a água subterrânea no planeamento de recursos hídricos.
Como razões para justificar essa atitude, Wiener (1972) assinala que na maioria das
vezes são apontadas as seguintes:
 A exploração da água subterrânea gera um grande consumo de energia e se
torna muito onerosa quando os níveis de água são muito profundos.
 O planeamento e gestão da água subterrânea requerem muitos dados históricos
que geralmente, não existem.
 A avaliação e o planeamento da exploração de aquíferos exigem um pessoal
com alta qualificação, o que geralmente não existe.

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 É difícil prever a resposta de um aquífero (em termos de quantidade e


qualidade)
 Os projectos de água subterrânea quase sempre se destinam apenas ao
abastecimento de água, enquanto os projectos de água superficial destinam se a
usos múltiplos. É claro que para analisar esses argumentos e comparar os dois
recursos, é preciso conhecer as condições locais. (Bear, 1979):
 Evidentemente, quando os níveis dinâmicos são profundos, os custos de energia
podem ser significativos (enquanto que a energia pode ser produzida através da
água superficial). Toda via, se forem incluídos nos gastos anuais os altos
investimentos exigidos para construção de barragens, canais, adutoras,
estações de tratamento e, eventualmente estações elevatórias da água, o
panorama económico global da uma nítida vantagem a água subterrânea.
 Devido ao grande armazenamento e ao lento movimento, os níveis da água
subterrânea nos aquíferos reflectem o efeito acumulado de um longo período de
tempo. As variações são relativamente pequenas e lentas, em comparação com
as variações dos níveis de água superficiais, por isso, registos de curta duração
de níveis da água subterrânea, em geral são suficientes para fins de
planeamento. Já para as águas de superfície são necessários registos muito
mais longos, para caracterizar as suas flutuações, que são muito mais
frequentes e mais rápidas do que as da água subterrânea.

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Tabela 2: Resumo das diferenças entre as águas subterrâneas e águas superficiais


(Bear & verruijt, 1987)

Água subterrânea &


Características aquífero Água superficial &Rio
Hidrológicas
Armazenamento Muito grande Baixo e moderado
Área Relativamente irrestrita Restrito
Velocidade e Fluxo Muito baixo Moderado e alto
Tempo de Residência Longo Curto
Vulnerabilidade a Seca Geralmente baixo Geralmente alto
Alto ao longo dos
Perdas por evaporação Baixo e localizado
reservatórios
Impacto na exploração Demorado e disperso Imediato
Qualidade Natural Geralmente boa Variável
Vulnerabilidade a
Protecção natural variável Largamente desprotegido
poluição
Factor Socioeconómico
Percepção Publica Mítico, imprevisível Estético, previsível
Custo de
Geralmente baixo Geralmente alto
Desenvolvimento
Risco de
Menor Maior
Desenvolvimento
Modo de
Público e privado Largamente publico
Desenvolvimento

2.4 Características da água subterrânea e superficial


Convém entender que o objectivo da discussão desses argumentos não e mostrar que
a água subterrânea é sempre superior e mais vantajosa, mas sim chamar a atenção
para o facto de que, quando os dois recursos estão presentes, ambos devem ser
utilizados de acordo com as suas características especificas. A importância das águas
subterrâneas como fonte de abastecimento doméstico, industrial ou agrícola, em
comparação com as águas de superfície provenientes de rios, lagos, lagoas e
represas, tende a crescer e se explica por diversos factores relevantes. Neste sentido,
vale relembrar algumas das características da água subterrânea para que se possa
reflectir sobre a sua importância (Wiener, 1972).

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2.4.1 Localização
As fontes ou nascentes e poços, são pontuais, enquanto as águas superficiais escoam
segundo caminhos curvilíneos e a sua utilização geralmente requer a construção de
barragens de regularização, que tomam a água disponível apenas ao longo de certas
porções do seu caminho. A água subterrânea, por outro lado, quando presente ocorre
em áreas extensas. Se esta ocorrência coincide com áreas de demanda, não há
necessidade de sistemas de distribuição, pois o aquífero é acessado directamente por
poços através dos quais cada consumidor pode bombear a sua água. Essa
característica é especialmente interessante porque contribui para um desenvolvimento
gradual da região. O crescimento da demanda é atendido com a perfuração de mais
poços. (Wiener, 1972).
2.4.2 Fluxo e disponibilidade
As Flutuações climáticas no fluxo de águas superficiais, inclusive com intermitência,
podem ocorrer em períodos de estiagem e de mais alta demanda. Já nas águas
subterrâneas, as flutuações de nível de água produzidas por influências climáticas são
geralmente muito pequenas em relação as espessuras dos aquíferos e assim as
reservas acumuladas podem ser usadas para abastecimento em períodos de seca.
Enquanto a regularização da água superficial implica na construção de obras
hidráulicas. Quase sempre de alto custo, a regularização do fluxo subterrâneo pode ser
feita a partir de esquemas de gerenciamento dos recursos, ou seja, por meio de uma
distribuição espacial e temporal apropriado de bombeamento e recarga artificial. O
fluxo básico em rios e em fontes pode ser regulado controlando os níveis da água
subterrânea nas suas proximidades, portanto em geral, a regularização do fluxo
subterrâneo é muito menos onerosa. (Wiener, 1972).

2.4.3 Variabilidade sazonal


As flutuações sazonais são muito mais pronunciadas no fluxo superficial do que no
fluxo subterrâneo. Nos fluxos superficiais ocorrem grandes perdas por
transbordamentos em períodos de excessos de água e também grandes perdas por
evaporação a partir das superfícies liquidas. No fluxo da água subterrânea, o
armazenamento é feito no próprio aquífero. Os recursos estão quase sempre
preservados da evaporação e dos transbordamentos, produzidos por níveis de água
muito altos próximo dos exutórios, são relativamente alto e pequenos, e podem ser
evitados controlando os níveis de água através de bombeamento. (Khan et al., 2004)

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2.4.5 Qualidade da Água Subterrânea


Em geral, a água subterrânea não apresenta maiores problemas de contaminação
física, química ou biológica. A água superficial é muito mais vulnerável a
contaminações oriundas da actividade humana, cujo tratamento é geralmente oneroso.
A água subterrânea, embora menos vulnerável, também pode ser afectada por
contaminantes provenientes de perdas em redes de esgotos, derramamentos de
petróleo, intrusão de água de qualidade inferior etc. Quando a contaminação acontece,
a remoção e muito mais difícil de se fazer do que no caso das águas superfície,
podendo em alguns casos tornar-se irreversível, isto deve ao lento movimento da água
subterrânea. (Paralta 2003). A qualidade é um dos aspectos importantes na gestão dos
recursos hídricos dado o seu conhecimento pode auxiliar na definição de planeamento
e uso.
Segundo, Banco Mundial (2006) a qualidade de água pode ser natural ou induzida. A
qualidade natural está directamente ligada ao tipo de formações aquíferas, e a
qualidade induzida está relacionada com acção antropogénica, por exemplo através de
uma deposição descontrolada de poluentes provenientes actividades urbanas,
agrícolas, pecuárias e industriais, os quais chegam a atingir o lençol freático alterando
o estado natural da água subterrânea.
De ponto de vista hidrogeológico, a qualidade de águas subterrâneas é tão importante,
quanto ao aspecto quantitativo. A disponibilidade de recursos hídricos subterrâneos
para determinados tipos de uso depende fundamentalmente da qualidade físico-
química e biológica, o estudo hidroquímico tem por finalidade identificar e quantificar as
principais propriedades e constituintes químicos das águas subterrâneas, procurando
estabelecer uma relação com o meio físico. A água subterrânea tende aumentar a
concentração da substancia dissolvida a medida que percola a diferentes extractos
geológicos, mas muitos outros factores interferem, tais como: clima, composição da
água de recarga, tempo de contacto água e meio físico, além da contaminação do
homem (Health, 1983)
2.4.6 Recarga dos aquíferos e fluxo das águas subterrâneas
O reabastecimento da água subterrânea, ou seja, sua recarga é fundamental para que
este recurso natural se mantenha em quantidades adequadas. Uma correcta avaliação
da recarga aquífera é fundamental no cálculo das disponibilidades hídricas para
abastecimento público, industrial e para agricultura, em especial em zonas de conflito
de interesses, em períodos de estiagens ou em anos consecutivos de seca.

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A área por onde ocorre o abastecimento do aquífero é denominada área de recarga,


em geral, a recarga das águas subterrâneas vem sendo definida como o fluxo de água
que alcança o aquífero, constituindo uma adição ao reservatório de água subterrânea
(Lerner 1990; Vries e Simmers, 2002). Pode ainda ser conceituada, como apresentado
por (Paralta,2003), como a quantidade de água que, em determinado tempo, entra na
zona saturada (aquífero), preferencialmente a partir da percolação vertical proveniente
da zona não saturada, mas também do escoamento lateral a partir das fronteiras do
sistema. Ainda pode ser conceituada como um processo de movimento de água que
atinge a zona saturada sob forças gravitacionais, ou em uma direcção específica por
condicionamento hidráulico (Vasconcelos, 2005).
A principal fonte de recarga dos aquíferos é a chuva, que pode penetrar o solo
directamente e percolar para a zona de águas subterrânea (Fazal, 2005), explica que
alguns eventos de chuva de pouca intensidade e duração, não provocam contribuições
directas à recarga de águas subterrâneas. A água efectivamente infiltrada não é,
necessariamente, o resultado de um único evento de chuva, mas pode representar
uma série de eventos precedentes de chuva. Dependendo das características do
aquífero, parte da água infiltrada pode provocar uma elevação no nível freático, e
consequentemente um aumento no gradiente de descarga. Segundo o mesmo autor, a
recarga de aquíferos também pode ocorrer pela infiltração de rios, canais , lagos e por
fenómenos induzidos por actividades humanas, como irrigação e a urbanização.
2.4.7 Tipos de Recarga Subterrânea
De forma geral, segundo Vries & Simmers (2002), três tipos de recarga Aquíferos
podem ser distinguidos, dependendo da fonte:
 Recarga directa: É um processo que acontece abaixo do ponto de impacto da
precipitação por movimento vertical através da zona não- saturada. A recarga
directa pode ser definida como a parcela da precipitação que vence a zona
não-saturada e soma-se à reserva subterrânea;
 Recarga indirecta: Descreve os processos em que a recarga ocorre por
características introduzidas pelo homem através de actividades de irrigação e
urbanização, assim como por rios e depressões de superfícies topográficas
(reservatórios, lagos, etc.);
 Recarga localizada: É um processo pontual de recarga, em que a água move-
se em curtas distâncias lateralmente antes da infiltração

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2.5 Aquífero

Aquífero é uma formação geológica subterrânea que funciona como reservatório de


água, sendo alimentado pelas chuvas que se infiltram no subsolo. São rochas com
características porosas e permeáveis capazes de reter e ceder água. Fornece água
para poços e nascentes em proporções suficientes, servindo como proveitosas fontes
de abastecimento. A água subterrânea, como um componente do ciclo hidrológico,
está em constante circulação e flui, de modo geral, lentamente, pelos poros da rocha.
Os aquíferos contêm, ao mesmo tempo, rocha com características porosas e
permeáveis e impermeáveis que formam estruturas geológicas capazes de armazenar
e ceder água. Um dos parâmetros que influenciam o fluxo da água subterrânea é a
permeabilidade. Já a porosidade é a propriedade que determina a quantidade de
água que pode ser armazenada em uma rocha. A porosidade é determinada pelo
volume de poros vazios em relação ao volume total da rocha (Iritani & Ezabi, 2012).

Figura 7: Tipos de aquíferos; fonte: (Paiva 2006)

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Tabela 3: Principais Funções dos Aquíferos (Adaptado de Rebouças,1997 e


Rebouças, 2002).

PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS AQUIFEROS

PRODUÇÃO
Fornecem água em quantidade e qualidade adequadas
para os usos múltiplos
ESTOCAGEM E REGULARIZAÇÃO
Armazenam água em períodos de chuva e cedem em épocas de estiagem para
rios e lagos
FILTRAGEM
Actuam como filtros naturais, minimizando os custos
de tratamento para consumo
TRANSPORTE
Conduzem água de uma área de recarga (onde a água infiltra) paras as áreas de
bombeamento, onde estão situados os poços
ESTRATÉGICA
Protegem a água armazenada tanto da evaporação, como das consequências
das guerras e sabotagens
ENERGÉTICA
Permitem a utilização da água subterrânea aquecida pelo gradiente geotermal,
como fonte de energia eléctrica ou termal
AMBIENTAL
Fornecem água para a manutenção dos ecossistemas e da biodiversidade

2.6 Classificação dos Aquíferos


2.6.1 Quanto ao Armazenamento de água.
2.6.1.1 Aquífero livre ou freático
É uma formação geológica de característica permeável, parcialmente saturada de
água. Sua base é formada por uma camada impermeável como, por exemplo, a
argila, ou pode ser semipermeável. Neste aquífero existe uma superfície livre de água
que se encontra sob pressão atmosférica (superfície piezométrica). Em aquíferos
livres o nível da água vária segundo a quantidade de chuva e é o tipo de aquífero
mais comum e mais explorado pelos homens. Porém, são também os aquíferos que
apresentam maiores problemas de contaminação (Bear, 1979)

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2.6.2 Aquífero Confinado ou Artesiano

Este tipo de aquífero ocorre quando a água subterrânea está confinada sob uma
pressão superior do que a pressão atmosférica, isto, devido à existência de uma
camada confinante impermeável acima do aquífero. Pelo facto da água encontrar-se a
uma pressão superior à atmosférica, quando se faz um furo para extracção, a água
sobe até a superfície piezométrica, dando origem a um furo artesiano. Assim a água
chega até a superfície sob a forma de repuxo, sendo o furo artesiano denominado
furo repuxante. (FROIL, 2001)

2.6.3 Aquíferos Semi-Confinados


Estes são limitados na base, no topo, ou em ambos por camadas cuja permeabilidade
é menor do que a do aquífero em si. O fluxo preferencial da água se dá ao longo da
camada aquífera. Secundariamente este fluxo se dá através das camadas semi
confinantes, à medida que haja uma diferença de pressão hidrostática entre a camada
aquífera e as camadas subjacentes ou sobrejacentes. Em certas circunstâncias um
aquífero livre poderá ser abastecido por água oriunda de camadas semi-confinadas
subjacentes, ou vice-versa. Zonas de fracturas ou falhas geológicas poderão,
também, se constituir em pontos de fuga ou recarga da água da camada
confinada. Para além dos aquíferos acima descritos, podem ocorrer localmente
acumulações de água sobre camadas semi-impermeaveis na zona não saturada,
formando níveis lentiformes de aquíferos livres acima do nível freático principal,
também chamados de aquíferos suspensos. (Bear, 1979)

2.7 Quanto ao tipo de rocha armazenadora:


2.7.1 Aquíferos Porosos ou granular:

Esses tipos de aquíferos apresentam espaços vazios de pequenas dimensões


(poros), por onde a água circula. Estão associados com rochas do tipo sedimentares
consolidadas, solos arenosos e sedimentos inconsolidados. Representam o grupo de
aquíferos mais importantes, devido ao grande volume de água que armazenam e
também por serem encontrados em muitas áreas.
2.7.2 Aquíferos Fracturados ou Fissurados
Segundo (Leroiva 2003) São caracterizados por possuírem fracturas abertas que
acumulam água. Estas fracturas representam o resultado de alguma deformação
sofrida por uma rocha quando esta é submetida a esforços tensionais de natureza

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diversa. Os aquíferos fracturados estão associados com rochas do


tipo ígneas e metamórficas.

2.7.3 Aquíferos Cársticos


São formados em rochas carboníferas. As fracturas presentes neste tipo de aquífero
podem atingir dimensões maiores, devido à dissolução do carbono pela água. Assim,
podem formar grandes rios subterrâneos. (Leroiva 2003)

Figura 8: Aquíferos segundo tipo de rocha, fonte:(http://rafaelrubo.esy.es/hidrogeologia)

2.8 Captação das Águas Subterrâneas


A captação das águas é realizada a partir de um estudo feito através das tecnologias,
fazendo sondagens de modo a saber que método de perfuração utilizar em função
dos materiais geológicos, analisando a diagrafia diferida e ensaiando a produtividade.
(Bear, 1979) Na extracção de águas o método mais utilizado são os furos.

 Captação artesiana:
É a captação de água por um furo vertical cujo nível topográfico (nível da superfície
onde o furo se encontra) está acima do nível hidrostático, portanto a água sobe,
devido à pressão das camadas sobrejacentes, até atingir o seu nível hidrostático, saí
do aquífero mas sem pressão, ao contrário das captações artesianas repuxantes,

 Captação artesiana repuxante:


É o tipo de captação onde o nível topográfico do furo está abaixo do nível hidrostático
do aquífero, logo a água saí do aquífero sob a forma de repuxo devido à pressão
exercida sobre a água ser maior no aquífero que a pressão exercida pela atmosfera,

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tentando atingir o seu nível hidrostático. Nestes furos a água jorra espontaneamente

Figura 9: Representação da captação artesiana e artesiana repuxante, fonte: ( swisls 1956)

Figura 10: Representação do poço fonte: (klores 1977)

2.8.1. Impactos sobre as Águas Subterrâneas

Com o crescimento das cidades e aumento da demanda por água, tanto em ambiente
urbano quanto rural, os problemas envolvendo a manutenção da qualidade e da
quantidade das águas superficiais e subterrâneas tendem a se agravar. Neste
contexto, é importante lembrar que tudo que afecta as águas subterrâneas pode
também afectar as águas superficiais, já que estas possuem uma forte relação.

2.8.2 Poluição das Águas subterrâneas


Devido às baixas velocidades de infiltração e aos processos biológicos, físicos e
químicos que ocorrem no solo e na zona não saturada, os aquíferos são naturalmente
mais protegidos da poluição. Porém, ao contrário das águas superficiais, uma vez
ocorrida a poluição, as baixas velocidades de fluxo tendem a promover uma
recuperação muito lenta da qualidade. Dependendo do tipo de contaminante, essa
recuperação pode levar anos, com custos muito elevados. O risco potencial de um

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determinado aquífero ser contaminado está relacionado ao tipo de contaminante e


suas características, como: litologia (tipo de rocha), hidrogeologia, gradientes
hidráulicos (diferença de pressão entre dois pontos), entre outros. A maior ou menor
susceptibilidade de um aquífero à contaminação e poluição é chamada de
vulnerabilidade. A poluição/contaminação da água subterrânea pode ser directa ou
indirecta. Ambas podem estar relacionadas com as actividades humanas e/ou por
processos naturais. Massoud (1992)
As fontes mais comuns de poluição e contaminação directa das águas subterrâneas
são:
 Deposição de resíduos sólidos no solo:
Despejo de resíduos provenientes das actividades industriais, comerciais ou
domésticas em depósitos a céu aberto, conhecidos como aterro sanitário. Nessas
áreas, a água de chuva e o líquido resultante do processo de degradação dos
resíduos orgânicos, tendem a se infiltrar no solo, escoando substâncias
potencialmente poluidoras, metais pesados e organismos patogénicos (que provocam
doenças).
 Vazamento de substâncias tóxicas:
Vazamentos de tanques em postos de combustíveis, oleodutos e gasodutos, além de
acidentes no transporte de substâncias tóxicas, combustíveis e lubrificantes.
 Cemitérios: fontes potenciais de contaminação da água, principalmente por
microorganismos.
As formas mais comuns de poluição/contaminação indirecta são:
 Esgotos e Fossas: O lançamento de esgotos directamente sobre o solo ou na
água, os vazamentos em colectores de esgotos e a utilização de fossas
construídas de forma inadequada constitui as principais causas de
contaminação da água subterrânea.
 Actividades Agrícolas: Fertilizantes e agro-tóxicos utilizados na agricultura
podem contaminar as águas subterrâneas com substâncias como compostos
orgânicos, nitratos, sais e metais pesados. A contaminação pode ser facilitada
pelos processos de irrigação mal manejados que, ao aplicarem água em
excesso, tendem a facilitar que estes contaminantes atinjam os aquíferos.

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Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

 Mineração: A exploração de alguns minérios, com ou sem utilização de


substâncias químicas em sua extracção, produz rejeitos líquidos e/ou sólidos
que podem contaminar os aquíferos.
 Contaminação natural: Provocada pela transformação química e dissolução de
minerais, podendo ser agravada pela acção antrópica (aquela provocada pelos
seres humanos), por exemplo, a salinização, presença de ferro, manganês,
carbonatos e outros minerais associados a formação rochosa.

Figura 11: Principais fontes de contaminação de águas subterrâneas (Feitosa, 1997)

 Impermeabilização
Com o crescimento das cidades causa diversos impactos ao meio ambiente,
com reflexos directos na qualidade e quantidade da água. A impermeabilização
do solo a partir da construção de casas, prédios, asfaltamento de ruas,
ausência de jardins e parques entre outros, reduz a capacidade de infiltração
da água no solo. Como a água não encontra locais para infiltrar, acaba
escoando pela superfície, adquirindo velocidade nas áreas de declive
acentuado, em direcção às partes baixas do relevo. Os resultados desse
processo são bastante conhecidos: redução do volume de água na recarga dos
aquíferos, erosão dos solos, enchentes e assoreamento dos cursos de água.
Normalmente os rios possuem dois leitos, o menor (onde a água escoa na
maior parte do tempo), e o maior, que é naturalmente inundado em períodos de
chuvas intensas. A ocupação do leito maior pelos seres humanos potencializa
os impactos das enchentes. As enchentes causam grandes prejuízos à

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população, não só materiais, como de saúde (doenças de veiculação hídrica).


Em locais sem redes pluviais e/ou colecta de lixo, o escoamento superficial
tende a carregar grande quantidade de sedimentos e de lixo para os rios,
aumentando o risco de enchente e comprometendo ainda mais a qualidade
destas águas (CPRM, 1997).

2.8.3. Estratégias de Protecção, Conservação e Gestão das Águas subterrâneas


Uma abordagem integrada pressupõe a utilização e gestão coordenada da água, solo
e recursos relacionados, a fim de maximizar o bem-estar económico e social
resultante, de maneira equitativa sem comprometer a sustentabilidade de
ecossistemas vitais, incluindo o desenvolvimento coordenado e o gerenciamento das
águas superficiais e subterrâneas, bacias hidrográficas, seus ambientes adjacentes
costeiros e marítimos e os interesses a montante e a jusante (GWP, 2006). Neste
sentido, uma efectiva gestão integrada e protecção dos aquíferos compreende:
 A confecção e actualização de mapas de vulnerabilidade de aquíferos, com
identificação das fontes poluidoras potenciais, integrados à gestão de uso e
ocupação do solo. A inserção das águas subterrâneas nas políticas estaduais
de recursos hídricos. O estabelecimento de legislação de protecção das águas
subterrâneas e inserção na gestão integrada dos recursos hídricos. A
educação ambiental voltada para a protecção das águas subterrâneas.
 O estabelecimento de perímetros de protecção, Normas construtivas para
poços tubulares Profundos e fiscalização da construção e operação dos
mesmos. O monitoramento da qualidade e da quantidade das águas
subterrâneas.
 O acompanhamento das áreas contaminadas e o cadastro de fontes
poluidoras. A fiscalização e o acompanhamento dos lançamentos de efluentes
e da disposição de resíduos.
 O reconhecimento da água subterrânea como um recurso estratégico,
incentivando sistemas de abastecimento mistos. Além disso, este processo
deve contar com a participação de toda a sociedade, que pode ajudar a
proteger as águas subterrâneas com atitudes simples, como: Antes de perfurar
um poço deve-se procurar o órgão estadual de recursos hídricos, visando obter
informações sobre normas técnicas para a perfuração e exigências para a

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regularização de poços tubulares (autorização para perfuração, licença


ambiental de direito de uso)
 Exigir que a empresa de perfuração apresente a anotação de responsabilidade
técnica (ART) e realize, Teste de bombeamento de 24 horas, análise físico-
química-bacteriológica, desinfecção e devidas medidas de protecção sanitária
do poço, além de relatório técnico detalhado (contendo, no mínimo; descrição
das amostras, interpretação do teste de vazão e descrição dos materiais
aplicados e quantidades).
 Realizar, periodicamente, as análises da qualidade da água e a manutenção de
rotina dos poços.
 Lançar esgoto somente na rede pública de esgotamento sanitário, não na rede
de águas pluviais; Perfurar poços somente em locais com boas condições
sanitárias, longe de fossas, áreas de cultivo e zonas de pratica da pecuária.
 Respeitar sempre a legislação e as normas municipais de uso e ocupação do
solo, procurando participar da sua elaboração; Evitar a impermeabilização das
áreas externas, optando-se, sempre que possível, por jardins, ou hortas (como
forma de facilitar a infiltração da água de chuva no solo).
 Participar ou indicar seus representantes no Sistema estadual de recursos
Hídricos, por meio dos comités de bacias ou conselhos estaduais de recursos
hídricos e envolver os stakehoolders.
2.8.4. Água Subterrânea e seu uso Sustentável
Apesar de abundantes, as águas subterrâneas não são inesgotáveis, e o seu uso sem
uma gestão consciente pode trazer problemas a curto e a médio prazos. Veja os
principais problemas ambientais causados pelo mau uso dos aquíferos. Os
mananciais hídricos subterrâneos são tradicionalmente utilizados como fontes de
abastecimento de água para uso doméstico, industrial ou agrícola. A qualidade de
suas águas, aliada à facilidade de extracção em locais com escassez de águas de
superfície, tem sido um factor importante e decisivo para o desenvolvimento de
sistemas de extracção em larga escala e de reduzidos custos visando satisfazer,
quase sempre, demandas cada vez mais elevadas. Serviços públicos ineficientes ou
muitas vezes inexistentes podem também contribuir para a busca de soluções mais
imediatas e sem o devido controle por parte da comunidade. A qualidade e
quantidade das águas subterrâneas, entretanto, podem ser comprometidas caso a

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exploração não seja fundamentada em estudos preliminares de planeamento e de uso


sustentável dos mananciais. É importante que seja assegurada, às gerações futuras,
uma disponibilidade hídrica em padrões de qualidade adequados aos respectivos
usos, bem como a protecção dos mananciais contra fontes poluentes. Cabe ressaltar,
ainda, que a recuperação de aquíferos contaminados é complexa, tendo em vista a
lenta renovação de suas águas, com velocidades de fluxo extremamente reduzidas,
bem como os elevados custos de remediação.

2.8.5 A Gestão Integrada dos Recursos Hídricos e Seus Princípios


A Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (GIRH) é um processo sistemático para o
desenvolvimento sustentável, alocação e monitorização dos usos hídricos face a
objectivos sociais, económicos e ambientais. A GIRH baseia-se no princípio de que os
recursos hídricos são limitados e os seus usos são interdependentes. Portanto, a
GIRH é definida como "um processo que promove a gestão e desenvolvimento
coordenado da água, da terra e dos recursos relacionados, a fim de maximizar o bem-
estar social e económico de modo equitativo, sem comprometer a sustentabilidade
dos ecossistemas vitais. A água é um recurso fundamental para o desenvolvimento
sustentável, mas muitas vezes não é tida em conta. De forma a se encontrar soluções
eficazes e duradouras para os problemas relacionados com os recursos hídricos, é
necessário um novo paradigma de gestão da água. Este novo paradigma é
materializado no conceito de (GIRH), que foi definida pela Global Water Partnership
(GWP). A GIRH desafia explicitamente os sistemas convencionais de
desenvolvimento e gestão. Começa com o reconhecimento de que os modelos
tradicionais para a gestão da água, baseados em critérios técnicos e sectorizados,
estão a impor custos económicos, sociais e ecológicos insustentavelmente elevados
para a sociedade e o meio ambiente. É do conhecimento geral que a forma como se
gerem actualmente os recursos hídricos não é sustentável nem do ponto de vista
ambiental, nem em termos financeiros e sociais. Sendo um processo de mudança que
pretende alterar o paradigma da gestão actual da água, não existe um ponto de
partida fixo para a GIRH nem tão pouco um fim. A economia global e a sociedade são
dinâmicas, e o meio ambiente também é sujeito a alterações, é por esta razão que os
sistemas de GIRH devem saber responder às mudanças e ser capazes de se adaptar
às novas condições e/ou variações económicas, sociais, ambientais e de valores
humanos.

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 26


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Segundo GWP (2008) e Cap-Net (2010) a GIRH é baseada por 4 (quatro)


princípios de Dublin a saber:
 Princípio 1: A água é um recurso finito e vulnerável, essencial para sustentar a
vida, o desenvolvimento e o meio ambiente. A água sustenta a vida em todas
as suas formas, sendo um recurso necessário para diferentes fins, funções e
serviços. É por este motivo que a gestão integrada da água deve ter em
consideração as exigências e ameaças sobre os recursos (neste caso a água,
e relacionados com a mesma). A gestão integrada não envolve só a gestão dos
recursos naturais em si, mas também implica a coordenação entre as
diferentes actividades humanas que precisam de água. Além disso, é
necessário que se determinem os diferentes usos do solo e identificar aqueles
que produzem resíduos que podem contaminar a água. De salientar que a
criação de um sistema político sensível às questões relacionadas com a água
requer a coordenação de políticas e instituições a todos os níveis (desde
ministérios nacionais até às autarquias ou a comunidade). Há também uma
necessidade de mecanismos que assegurem que os decisores considerem os
custos associados com o uso da água, aquando da tomada de decisões de
produção e consumo nacional. O desenvolvimento de um quadro institucional
que abrange todos os aspectos anteriormente referidos e seja capaz de
integrar recursos humanos, económicos, sociais e políticos representa um
desafio considerável.
 Princípio 2: O desenvolvimento e a gestão dos recursos hídricos devem ser
participativos, envolvendo a todos os níveis os que planeiam, os que utilizam e
os que decidem. Todos somos partes interessadas na questão da água. A
verdadeira participação somente acontece quando todos são parte do processo
de tomada de decisão. Isso acontece, por exemplo a nível local, quando as
comunidades se reúnem para tomar decisões sobre o abastecimento, gestão e
uso da água. De igual forma, a participação efectiva ocorre quando
representantes democraticamente eleitos, representam grupos de partes
interessadas. Em qualquer caso, o tipo de participação na tomada de decisões
na gestão da água dependerá da magnitude do projecto ou programa, dos
investimentos necessários, e do sistema económico e político em causa.

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 Princípio 3: As mulheres desempenham um papel central no abastecimento,


gestão e salvaguarda da água, tanto para usos domésticos como agrícolas. No
entanto, actualmente o papel que as mulheres desempenham em respeito à
gestão e utilização dos recursos hídricos é menos influente do que o dos
homens. Considerar o género como um objectivo transversal no
desenvolvimento de políticas da água requer o reconhecimento do papel das
mulheres, das suas ideias, dos seus interesses e necessidades, da mesma
forma como se reconhece o ponto de vista dos homens. As políticas de
desenvolvimento particularmente de gestão da água devem apoiar a equidade
de direitos e responsabilidades entre mulheres e homens. É por este motivo
que o género deve ser levado em conta ao desenvolver ou actualizar o quadro
legal, de modo a se poder garantir que tanto as políticas, como programas e
projectos abordam as diferentes experiências e situações entre mulheres e
homens. A participação equitativa em aspectos sociais e políticos significa que
as mulheres possuem o mesmo direito de expressar as suas necessidades e
interesses, assim como a sua visão da sociedade, moldando as decisões que
afectam as suas vidas.
 Princípio 4: A água tem um valor económico em todos os seus usos
competitivos e deve ser reconhecida como bem económico e social. De acordo
com este princípio, é vital reconhecer o direito básico de todos os seres
humanos a terem acesso a água potável e saneamento a um preço acessível.
O fracasso do passado em não reconhecer o valor económico da água
conduziu a usos inadequados deste recurso e prejudiciais para o ambiente. A
gestão da água como um bem económico é um importante meio para alcançar
um uso eficiente e equitativo, além de incentivar a conservação e protecção
dos recursos hídricos. O valor da água para usos alternativos é importante para
a alocação racional da água, como um recurso escasso, seja por meios
regulatórios ou económicos. Ao contrário, cobrar pela água significa aplicar um
instrumento económico para alcançar múltiplos objectivos; Apoiar os grupos
desfavorecidos, influenciar o comportamento visando a conservação da água e
o seu uso eficiente, fornecer incentivos para gestão da procura, assegurar a
recuperação dos custos, e referenciar os consumidores predispostos em pagar
por investimentos adicionais nos serviços de água. Os pilares da GIRH, como

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foi desenvolvida pela GWP, consiste na integração de 3 E’s: Economia,


Equidade e Ecossistema (adaptado de GWP 2008):
 Eficiência económica nos usos da água: A água deve ser utilizada com o
máximo de eficiência possível, considerando a crescente escassez de água e
de recursos financeiros, a sua natureza finita e vulnerabilidade, bem como o
aumento crescente de procura de água.
 Equidade: O direito básico de que todas as pessoas devem ter acesso a água,
com quantidade e qualidade adequada para garantir o bem-estar, deve ser
reconhecido universalmente.
 Ecossistemas e sustentabilidade ambiental: O uso actual do recurso deve ser
gerido de forma que não prejudique a sustentabilidade ecológica e ambiental,
fundamentais ao suporte da vida, de forma a não comprometer o uso deste
recurso pelas gerações futuras.

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Tabela 4: Classificação dos problemas de qualidade da água subterrânea


(Wetzel, 1993)

Tipo de Problema Causa Subjacente Contaminantes

Protecção inadequada de
Microrganismos
aquíferos vulneráveis contra
patogénicos, nitrato, ou
Contaminação do emissões provenientes de
amónio, cloreto, sulfato,
Aquífero actividades urbanas/
boro, arsénio, metais
industriais e intensificação do
pesados carbonos
cultivo agrícola

Poço ou captação cuja


construção/projecto
Contaminação no Principalmente
inadequado permite o
Próprio Poço ou microrganismos
ingresso directo de água
Captação patogénicos
superficial ou água
subterrânea poluída
Água subterrânea salina (e as Principalmente cloreto de
vezes poluída) que, por sódio, mas pode incluir
Intrusão Salina excesso de extracção, e também contaminantes
induzida a fluir, para o persistentes produzidos
aquífero de água doce antropicamente
Relacionada com a evolução
química da água subterrânea Principalmente fluoreto e
e a dissolução de minerais ferro solúvel, as vezes
Contaminação Natural (pode ser agravada pela sulfato de magnésio,
poluição ocasionada pela cromo, e outras espécies
actividade humana e/ou inorgânicas
extracção excessiva)

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Tabela 5: Contaminantes Comuns em Água Subterrânea e Fontes de Poluição


(Wetzel, 1993)

Origem da Poluição Tipo de Contaminante

Nitrato; amónio; pesticidas; organismos


Actividade Agrícola
fecais

Saneamento in situ Nitrato; hidrocarbonetos halogenados;


microrganismos

Disposição de resíduos sólidos Amónio; salinidade; hidrocarbonetos


halogenados; metais pesados
Tricloroetileno; tetracloroetileno;
Indústrias metalúrgicas hidrocarbonetos halogenados; fenóis;
metais pesados; cianureto
Pentaclorofenol; hidrocarbonetos
Indústrias de madeira aromáticos; hidrocarbonetos
halogenados
Hidrocarbonetos halogenados; fenóis;
Indústria de pesticida
arsénico
Nitrato amónio; hidrocarbonetos
Despejo de lodo do esgoto
halogenados; chumbo; zinco

Extracção/exploração de gás e Salinidade (cloreto de sódio);


petróleo hidrocarbonetos aromáticos
Mineração de carvão e
Acidez; metais pesados; ferro; sulfatos
metalíferos

2.9 Caracterizações Físico-Químicos da Água

2.9.1 Aspectos Gerais


As caracterizações físico-químicas da água de soluções aquosas têm como objectivo
identificar e quantificar os elementos e espécies iónicas presentes nesses compostos
e associar os efeitos de suas propriedades às questões ambientais, permitindo a
compreensão dos processos naturais ou alterações no meio ambiente. O
conhecimento das propriedades físicas e químicas de átomos e moléculas, e de suas
interacções, permitem responder a questões como, quais e em que níveis eles podem
ser adversos aos ecossistemas e à saúde humana. Os teores determinados nas

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 31


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amostras analisadas são comparados aos padrões conhecidos, os quais são


especificados em regulamento ou legislação, que dão subsídios aos laboratórios na
expedição de seus pareceres. Para que essas determinações sejam realizadas, há
uma série de técnicas analíticas que são capazes de identificar os componentes
presentes em determinada amostra e quantificar suas concentrações com grande
sensibilidade. (Oliveira, 2004)
2.9.2 Características Químicas:
As características químicas acontecem devido a presença de substâncias dissolvidas,
geralmente somente avaliáveis por meio de análises, algumas substâncias
encontradas acima dos valores permitidos podem causar danos à saúde, as
características químicas compreendem salinidade, dureza, ferro e manganês,
impureza orgânica e nitratos, toxidez total, fenóis e detergentes, radioactividade,
nitrogénio, cloretos e oxigénio. (Derisio, 1992)
2.9.3 Características Físicas
Envolvem aspectos de ordem estética; estes determinantes não têm relação com
inconveniente de ordem sanitária. (Derisio, 1992), As principais características físicas
das águas compreendem a cor, turvação, sabor, odor, temperatura e sódio totais em
suspensão A tabela 7: Abaixo, ilustra os parâmetros físicos-organolépticos e seus
limites máximos admissíveis, suas unidades e riscos que possam causar a saúde
caso não estejam dentro dos paramentos pré-estabelecidos segundo o ministério da
saúde em Moçambique.
2.9.4 Monitoramento da Qualidade da Água
Segundo Magalhães Júnior (2000) fez uma vasta revisão sobre monitoramento das
águas, enfocando não apenas o processo evolutivo da gestão dos recursos hídricos
como também o papel que as instituições vêm desenvolvendo e as actividades a elas
envolvidas. Enfatiza a necessidade de se ter uma base sólida de dados para a gestão
das águas, sob pena de se gerenciar algo que não se conhece. Dentro desse cenário,
o autor destaca a participação das universidades que, através de seus projectos de
pesquisa, reactivam e integram a rede de monitoramento da água existente nas
diversas regiões em análise. Neste sentido, Pontes & Schramm (2004), relata que a
água, por constituir um bem de primeira necessidade, essencial à vida tanto em sua
dimensão individual quanto colectiva, e por ser um recurso escasso e finito, agravado

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 32


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pelo uso predatório e desigual, coloca para as actuais gerações a necessidade


urgente de desenvolver mecanismos de gestão e conservação.

Ao longo da história da humanidade a qualidade e a quantidade da água


disponível para o ser humano têm sido factores que determinaram seu bem estar.
Civilizações têm desaparecido ou mudado devido a secas e outras modificações
climáticas (Manahan, 1994). Nas últimas décadas, os ecossistemas aquáticos têm
sido alterados em diferentes escalas como consequência negativa de actividades
antrópicas (por exemplo, mineração, canalização, construção de represas,
eutrofização artificial, etc.). Os rios integram tudo o que acontece nas áreas de
entorno, considerando-se o uso e ocupação do solo. Assim, suas características
ambientais, especialmente as comunidades biológicas, fornecem informações sobre
as consequências das acções do homem (Callisto & Goulart, 2001). A qualidade de
água é um conceito relativo que depende directamente do uso a que se destina, seja
para consumo humano, irrigação, transporte e manutenção da vida aquática,
Consequentemente, neste contexto, o sistema de avaliação da qualidade será
diferente. Para que se faça uma avaliação é necessário seguir os seguintes critérios:
i) as concentrações, espécies e tipos de substâncias orgânicas e inorgânicas
presentes na água; ii) a composição e o estado da biota aquática; iii) as mudanças
temporais e espaciais que se produzem devido aos factores intrínsecos e externos ao
sistema aquático em estudo. Esta definição ampla só tem sentido quando queremos
avaliar a qualidade e ecossistema do meio, o que significa que o objectivo será
manter todo o ecossistema de estudo com seus componentes e sua funcionalidade
(Prat & Ward, 1997). A avaliação da qualidade de água é uma ferramenta importante
na gestão de recursos hídricos, passa pela obtenção de dados confiáveis dos corpos
de água de interesse. A Organização Mundial da Saúde sugere três formas básicas
para obtenção destes dados
 Monitoramento: Prevê o levantamento sistemático de dados em pontos de
amostragem seleccionados. Visa acompanhar a evolução das condições de
qualidade de água ao longo do tempo;
 Vigilância: Implica em uma avaliação contínua da qualidade da água. Busca
detectar alterações instantâneas de modo a permitir providências imediatas
para resolver ou contornar o problema;

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 Estudo especial: É projectado para atender as necessidades de um estudo em


particular. Geralmente é feito através de campanhas intensivas e de
determinada duração.
Segundo Magalhães Júnior (2000), o monitoramento deve ser visto como um
processo essencial à implantação dos instrumentos de gestão das águas, já que
permitem a obtenção de informações estratégicas, acompanhamentos das medidas
efectivas, actualização do banco de dados e actualização das decisões. Este mesmo
autor relata a importância de ser ter um banco de dados como instrumento de gestão,
sob pena de tentar se gerenciar o que não se conhece.

Tabela 6: Ilustração os parâmetros físicos-Organolépticos e seus limites máximos


admissíveis (Regulamento sobre a qualidade da agua para o consumo humano,
DIPLOMA MINISTERIAL nº 180/2004 de 15 de Setembro em Moçambique).

Parâmetros Físicos e Organolépticos

Limite Max
Parâmetro Unidades Risco para a saúde pública
admissível
Cor 15 TCU Aparência
Cheiro Inodoro _ Sabor
Condutividade _
µhmo/cm
eléctrica 50-2000
pH 6.5-8.5 _ Sabor, corrosão, irritação da pele
Turvação 5 NTU Aparência, dificulta a desinfecção
Temperatura 25-40 °C Sabor

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Tabela 7: Ilustração dos Parâmetros Químicos e seus limites máximos admissíveis


(Regulamento sobre a qualidade da agua para o consumo humano, DIPLOMA
MINISTERIAL nº 180/2004 de 15 de Setembro em Moçambique).

Parâmetros Químicos

Parâmetro Limite Max admissível Unidades Risco para a saúde pública

Ferro 0.3 mg/L Necrose hemorragia


Nitrito 3 mg/L Reduz O2 no sangue
Nitrato 50 mg/L Reduz O2 no sangue
Sulfato 250 mg/L Sabor e corrosão
Gastroenterites, Hemorragias, e
mg/L
Crómio 0.05 convulsões
Aumenta a proliferação dos
mg/L
Fósforo 0.1 microrganismos

O.D 10 mg/L Desestabilização dos ecossistemas

2.9.4.1 Parâmetros de Avaliação


Neste ponto, serão apresentadas definições e importância de cada um dos
parâmetros mais utilizados na determinação de elementos e compostos orgânicos e
inorgânicos presentes em águas naturais.
2.9.4.1.1 PH
O termo pH (potencial hidrogeniónico) é uma grandeza que varia de 0 a 14 e indica a
intensidade da acidez (pH <7,0), neutralidade (pH=7,0) ou alcalinidade (pH> 7,0) de
uma solução aquosa. É uma das ferramentas mais importantes e frequentes utilizadas
na análise da água. A influência directa do pH nos ecossistemas aquáticos é exercida
por seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies. O efeito indirecto também
ocorre, pois determinadas condições de pH podem contribuir para a precipitação de
elementos químicos tóxicos como metais pesados (Piveli; Kato, 2005). Praticamente
todas as fases do tratamento de água e de efluentes, processos de neutralização,
precipitação, coagulação, desinfecção e controle de corrosão dependem do valor do
pH, que é utilizado na determinação de alcalinidade e do CO e também no equilíbrio
ácido-base. As águas naturais, frequentemente, possuem pH na faixa de 4 a 9, e a
maioria é ligeiramente básica, devido à presença de bicarbonatos e carbonatos dos
metais alcalinos e alcalinos terrosos (Clesceri et al, 1999). O método potenciométrico
é o mais utilizado na determinação de pH.

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 35


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2.9.4.1.2 Oxigénio Dissolvido (OD)


O oxigénio dissolvido (OD) é um componente essencial para o metabolismo dos
microrganismos aeróbicos presentes em águas naturais, sendo indispensável para os
seres vivos, especialmente os peixes, os quais geralmente não resistem a
concentrações de O.D na água inferiores a 4,0 mg/L (Kegley; Andrews,1998). Em
temperatura ambiente, a água em contacto com o ar fica geralmente saturada com
oxigénio. O (O.D) pode ser acrescido pelo, produzido pelas plantas aquáticas durante
a fotossíntese. Um decréscimo no OD da água superficial pode ocorrer quando a
temperatura das águas se eleva ou quando ocorre eutrofização do corpo hídrico
(Clesceri et al, 1999). A concentração de oxigénio dissolvido na água (COD) é um
parâmetro muito importante para analisar as características químicas e biológicas das
águas. No meio ambiente, geralmente, o oxigénio dissolvido (OD) vem da
fotossíntese biótica aquática ou pela difusão desse gás, que está presente no ar, na
superfície da água.
A COD pode variar em razão de algumas circunstâncias, veja as principais:
Temperatura: A solubilidade do oxigénio em água aumenta com a diminuição da
temperatura, Portanto, as águas frias retêm mais oxigénio que as águas mais
quentes. Em águas frias, os níveis de oxigénio dissolvido podem atingir cerca de 10
ppm (mg/L).
Salinidade: Quanto maior a quantidade de sal dissolvido na água, menor será o OD.
Assim, pode-se dizer que a água do mar contém menos OD que outras águas.
Pressão: A solubilidade dos gases, incluindo o oxigénio, é directamente proporcional
à pressão, ou seja, quanto maior a pressão, maior será a solubilidade dos gases na
água. Isso nos mostra que a altitude irá interferir na COD.
2.9.4.1.3 Condutividade Eléctrica (C.E)
A condutividade eléctrica se refere à capacidade que uma solução aquosa possui em
conduzir corrente eléctrica. Esta capacidade depende basicamente da presença de
iões, da concentração total, mobilidade, valência, concentrações relativas e medidas
de temperatura. Soluções da maior parte dos ácidos, bases e sais inorgânicos são
relativamente boas condutoras. Já as moléculas de compostos orgânicos que não
dissociam em solução aquosa, em sua maioria, conduzem pouca corrente eléctrica. A
condutividade é medida por condutivímetro e é expressa em µS cm−1 ou mS cm−1 .
(Andrews,1998).

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2.9.4.1.4 Turvação
A turvação é uma expressão da propriedade óptica que faz com que a luz seja
espalhada e absorvida e não transmitida em linha recta através da amostra. A
turvação na água é causada por materiais em suspensão, tais como: argila, silte,
matéria orgânica e inorgânica finamente dividida, compostos orgânicos solúveis
coloridos, plâncton e outros organismos microscópicos. A clareza de um corpo de
água natural é um dos principais determinantes da sua condição e produtividade. A
turvação também é um parâmetro que indica a qualidade estética das águas para
abastecimento público (Clesceri et al, 1999). É medida por turbidímetro e é expressa
em NTU (unidade nefelométrica).

2.9.4.1.5 Temperatura
A temperatura expressa a energia cinética das moléculas de um corpo, sendo seu
gradiente o fenómeno responsável pela transferência de calor em um meio. A
alteração da temperatura da água pode ser causada por fontes naturais
(principalmente energia solar) ou antropogénicas (despejos industriais e águas de
resfriamento de máquinas). A temperatura exerce influência marcante na velocidade
das reacções químicas, nas actividades metabólicas dos organismos e na
solubilidade de substâncias. Os ambientes aquáticos apresentam em geral
temperaturas na faixa de 20 °C a 30 °C, (Paul, 1891).
2.9.4.1.6 Ferro
O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à dissolução do
minério pelo gás carbónico da água, O carbonato ferroso é solúvel e frequentemente
encontrado em águas de poços contendo elevados níveis de concentração de ferro.
Nas águas superficiais, o nível de ferro aumenta nas estações chuvosas devido ao e
ocorrência de processos de erosão dos solos nas margens. Também poderá ser
importante a contribuição devida a efluentes industriais, pois muitas indústrias
metalúrgicas desenvolvem actividades de remoção da camada oxidada (ferrugem)
das peças antes de seu uso, processo conhecido por decapagem, que normalmente é
procedida através da passagem da peça em banho ácido. Nas águas tratadas para
abastecimento público, o emprego de coagulantes a base de ferro provoca elevação
em seu teor. O ferro, apesar de não se constituir em um tóxico, traz diversos

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problemas para o abastecimento público de água. Confere cor e sabor à água,


provocando manchas (Minisy 1973).

2.9.4.1.7 Sulfato
O sulfato é um dos iões mais abundantes na natureza. Em águas naturais, a fonte de
sulfato ocorre através da dissolução de solos e rochas e pela oxidação de sulfeto. As
principais fontes antrópicas de sulfato nas águas superficiais são as descargas de
esgotos domésticos e efluentes industriais. (Clesceri 1999) Nas águas tratadas, é
proveniente do uso de coagulantes. É importante o controle do sulfato na água
tratada, pois a sua ingestão provoca efeito laxativo (diarreias, dores de estômago). Na
rede de esgoto, em trechos de baixa declividade onde ocorre o depósito da matéria
orgânica, o sulfato pode ser transformado em sulfeto, ocorrendo a exalação do gás
sulfídrico, que resulta em problemas de corrosão em colectores de esgoto de concreto
e odor, além de ser tóxico.
2.9.4.1.8 Cor
A cor de uma amostra de água está associada ao grau de redução de intensidade que
a luz sofre ao atravessá-la (e esta redução dá-se por absorção de parte da radiação
electromagnética), devido à presença de sólidos dissolvidos, principalmente material
em estado coloidal orgânico e inorgânico. Dentre os colóides orgânicos, podem ser
mencionados os ácidos húmicos e fúlvico, substâncias naturais resultantes da
decomposição parcial de compostos orgânicos presentes em folhas, dentre outros
substratos. Também os esgotos domésticos se caracterizam por apresentarem
predominantemente matéria orgânica em estado coloidal, além de diversos efluentes
industriais, que contêm taninos (efluentes de curtumes, por exemplo), anilinas
(efluentes de indústrias têxteis, indústrias de pigmentos etc.), lignina e celulose
(efluentes de indústrias de celulose e papel, da madeira etc.). Há também compostos
inorgânicos capazes de causar cor na água. Os principais são os óxidos de ferro e
manganês, que são abundantes em diversos tipos de solo. Alguns outros metais
presentes em efluentes industriais conferem-lhes cor, mas, em geral, iões dissolvidos
pouco ou quase nada interferem na passagem da luz. O problema maior de cor na
água é, em geral, o estético, já que causa um efeito repulsivo na população. É
importante ressaltar que a coloração, realizada na rede de monitoramento, consiste
basicamente na observação visual do técnico de colecta no instante da amostragem.
(Sawyer et al.,1994)

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2.9.4.1.9 Nitrato
O nitrato ocorre nas águas por dissolução de rochas sedimentares (Cetesb, 2004) ou
por oxidação bacteriana de matéria orgânica de origem animal. O nitrato é um
contaminante que tem vindo a aumentar nas águas subterrâneas devido ao
crescimento das actividades agrícolas através do uso de fertilizantes, das lixeiras e
dos esgotos não controlados na superfície dos solos (Duque, 1997). Segundo Hindi
(2001), a presença de nitrato, cloreto e sódio pode ser indicativo de contaminação por
efluentes domésticos. O nitrato é facilmente dissolvido nas águas subterrâneas e é
muito móvel em fluxos subsuperficial, difundindo-se muito rápido através do meio
fracturado em subsuperfície
2.9.4.1.10 Crómio
O Crómio surge naturalmente e pode ser encontrado em rochas, no solo e em poeiras
e gases vulcânicos, pode surgir em vários estados de oxidação, embora as formas
trivalentes predominem nos organismos vivos. Normalmente, a presença de cromo
em águas subterrâneas está associada à contaminação de origem antrópica, ligada a
actividades como indústrias de metal, e de tratamento de madeira, mineração etc.
(Scopel etal., 2005).

2.9.4.1.11 Fosfato
O fosfato pode ser proveniente de adubos, a base de fósforo, ou da decomposição de
materiais orgânicos e esgoto. O fósforo e o nitrogénio são essenciais ao crescimento
de todos os seres vivos. Em corpos de água são elementos fundamentais para o
controle das taxas de crescimento de algas e cianobactérias. Os compostos de
fósforo podem estar nas águas sob as formas de ortofosfatos, poli-fosfatos e fósforo
orgânico. Os ortofosfatos têm como origem os fertilizantes fosfatados utilizados na
agricultura, os poli-fosfatos são provenientes de despejos de esgotos domésticos e de
alguns despejos industriais que utilizam detergentes sintéticos à base de polifosfatos.
O fósforo total, o ortofosfato e a amónia formam o principal grupo de nutrientes com
relação directa com o processo de eutrofização de um corpo de água (Ceballos et al.,
1998)

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2.9.4.1.12 Potencial Redox O.R.P


É o potencial de oxidação e redução de um ambiente alguns átomos possuem forte
tendência a perder electrões (cargas positivas) e a estes damos o nome de elementos
oxidantes. Outra forte tendência a receber electrões e a Estes damos o nome de
redutores. Muitos elementos são oxidantes como o Cloro, Oxigénio entre outros como
Ozónio, permanganato de Potássio, etc., embora o nome oxidação lembre o elemento
oxigénio. Entre os redutores estão ferro e hidrogénio. Nos nossos tanques, redutores
são todas as moléculas orgânicas, compostos de proteínas, restos de alimento,
excrementos e secreções de peixes e invertebrados, seres mortos, etc.; O potencial
redox (ORP) mede as cargas negativas e positivas de um ambiente, ou seja, se
tivermos um ambiente oxidante, significa que temos um ORP positivo - mais
elementos oxidantes que redutores e vice-versa. (Neil 1987)

Ter um alto nível de potencial redox significa ter uma água limpa e com capacidade
de oxidar elementos tóxicos de maneira imediata. Um alto ORP é capaz de inibir o
desenvolvimento de seres vivos como bactérias e parasitas. Um bom exemplo
encontramos nas estações de tratamento de água, onde se usa cloro, permanganato
de potássio que aumentam o ORP a níveis próximos de 700mV esterilizando-a
completamente e tornando-a saudável.

2.9.4.1.13 O Nitrito
Este é um parâmetro simples, mas de fundamental importância na verificação da
qualidade da água para consumo, pois sua presença é um indicativo da contaminação
recente, procedente de material orgânico vegetal ou animal. O nitrito pode ser
encontrado na água como produto da decomposição biológica, devido à acção de
bactérias ou outros micros organismos sobre o nitrogénio amoniacal, ou ser
provenientes de activos inibidores de corrosão em instalações industriais. Nitrito é um
estado intermediário do nitrogénio, tanto pela oxidação da amónia a nitrato como pela
redução do nitrato. Roiles (2002), Estes processos de oxidação e redução podem
ocorrer em estações de tratamento de água, sistema de distribuição de águas e em
águas naturais. Raramente ele é encontrado em águas potáveis em níveis superiores
a 0,1 mg/L. Seu principal efeito na água em teores maiores que o permitido, é uma
doença conhecida como descoramento da pele, causada pela alteração do sangue.

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CAPITULO III: ÁREA DE ESTUDO


3.Descrição do rio Revúbuè

O presente estudo corresponde a bacia hidrográfica do rio Revúbuè, situada na região


província de Tete entre as latitudes 14º39' e 16º21'S e longitudes 32º63' e 33º45'E e
inserida na bacia hidrográfica do rio Zambeze. Possui uma área total de drenagem de
aproximadamente 16392,4 km2 e 256 km de comprimento axial, correspondendo a
11,97% da área total da Bacia do Zambeze, na parte Moçambicana. O rio Revúbuè,
com cerca de 249 km de comprimento, nasce numa região montanhosa de Calóbue
próximo da fronteira com Malawi, distrito de Angónia, entre 1600 a 2000m de altitude
e conflui com o rio Zambeze na cidade de Tete.

Tabela 8: Coordenadas de campo de furos de Revúbuè (Moatize)

Furos Designação Coordenada X Coordenadas Y

Furo 2 MT02 568547 8213220

Furo 3 MT03 568571 8213253

Furo 5 MT04 568605 8213295

Furo 7 MT07 568667 8213482

Coordenadas de campos de furos de Revúbuè foram extraídas através do GPS.

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Figura 12:Campos de Furos de Revúbuè

3.1 Clima

Regionalmente da vila de Moatize localiza se numa área influência de movimentos


sazonais da zona de convergência inter-tropical, com alternância de temperatura fria e
seco de Maio a Setembro, e quente húmido de Novembro até Abril. Abril a Novembro
e o período de transição entre época seca e chuvosa. Possui duas estacões do ano
destacáveis, sendo a primeira seca prolongada que chega a atingir oito meses e a
segunda chuvosa com aproximadamente quatro meses. O clima característico desta
área de estudo é tropical-seco. Segundo o instituto nacional de meteorologia de
Moçambique (INM) a temperatura média anual e de 26,5º C no qual, durante o
período seco chega atingir 40º C durante o dia, e 25º C nas noites.

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3.2 Flora e fauna


Na área de estudo a diversidade florística varia muito. A pressão humana verifica-se
há décadas, caracterizando-se sobre tudo pela prática de agricultura, pastoreio e
recolha de lenha, madeira, tendo originado diferentes níveis de distúrbios nos
ecossistemas. As principais comunidades de plantas que ocorrem na área incluem:
vegetação, arbórea e matagal aberto, estando estes últimos antropizados. Segundo
observações no terreno e segundo informação recolhida na população e previsível a
ocorrência de crocodilos, diferentes variedades de gazelas, macacos, morcegos e
roedores de pequena dimensão. Também os anfíbios e répteis se fazem representar
sendo possível que se encontrem no terreno exemplares de pitons, mambas e najas.
As aves são do grupo faunístico com maior diversidade existindo a probabilidade de
avistamento de mergulhões de diferentes espécies, corvos marinhos, aves etc.
Também a classe dos peixes se encontra presente, ainda que de forma sazonal na
quase totalidade das linhas de água que passam pela área do estudo, devido as suas
características hídricas sazonais. (Portal do Governo Moçambicano)

3.3 Geologia
A Província de Tete apresenta unidades geológicas constituídas por gnaisse com
intercalações de quartzitos, arcoses e mármores organizados pelo ciclo iruminde.
(1350 Ma) e mais tarde retomada pela orogenia Moçambicana é o caso do grupo de
Zimbabwe, que forma também na borradura dos cratões situados a ocidente. Estas
formações são portadoras de minerais de manganês e pedras semi-preciosas. O
complexo granulítico apresenta:

 Rochas charnolitticas, magmatiticas e rochas supracrustais de fácies


cratónicas inseridas no complexo de barwe
 Serie gabro-anortitica do complexo ígneo de Tete
 Gneisses granulíticos do grupo de Angónia.
A área de estudo está localizada numa zona alta com formações do fenerozoico
pérmico do baixo e alto karroo. Esta área e basicamente coberta por Rochas
sedimentares do karroo, rochas metamórficas e eruptivas do Pré-câmbrico superior,
pertencentes ao complexo gnaisso-granitico do Moçambique Belt e ao complexo
Gabro anortositico de Tete.

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Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

As rochas pertencentes ao complexo gnaisico possuem uma moderada capacidade


de desenvolver fracturas e são de alteração argilo-arenoso pouco espessa o material
e geralmente de textura granular grosseira com poros intergranulares e uma
potencialidade de água subterrânea alta, enquanto as do complexo gabro anortositico
possuem uma boa capacidade de desenvolvimento de fracturas com uma alteração
meteórica moderada a espessa e uma potencialidade de água subterrânea baixa a
nula. No geral a sua maioria tem um alto grau de metamorfismo e meteorização
dando origem a aquíferos com boa produção (DNG, 2007).

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3.3.1 Geologia Local


A Litologia típica e a evolução geológica da região são apresentadas abaixo:

3.3.2 Base rochosa


O embasamento è composto por rochas cristalinas do complexo gabbro-diorite e
ácidas intrusivas. O complexo gneisse-migmatito e series metamórficas foram
termicamente retrabalhadas e formações complexas ocorreram durante diversas
fases que levaram ao ciclo Pan africano (cerca de 500mA). O complexo gabbro-
anortositico foi irrompido dno complecxo gneisse-migmatite.

O embasamento gabbro e anortositico formam áreas elevadas, um exemplo è o cume


que constitui a fronteira norte – oeste da área de estudo.

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3.3.3 Geologia do karroo


Os sedimentos karroo são depósitos continentais acumulados no continente
gondwana entre o carbonífero superior e o período triassico. A base compreende
sedimentos glaciais rodeados por uma espessa sequência de sedimentos, a qual
inclui os horizontes carboníferos. O karroo terminou com período de vulcanismo
basáltico, associado com a dissolução do continente gondwana

As quatro principais unidades do karroo são:

 Stormberg- xisto e arenito na base, com veios de basalto no top e intrusões de


dolerite da idade jurássica
 Beautfort-sequencia arenosas e espessas do baixo triassic e baixa idade
permiana
 Ecca-depositos de arenosos a argilosos, com camadas de carvão
interestratificadas, da baixa idade permiana
 Dwyka-Tillite da Alta idade carbonífera

3.3.4 Rochas Eruptivas Mesozóicas e Formações Sedimentares


Durante o mesozóico, houve um extracto período de vulcanismo alcalino, com
vulcanismo acido localizado. As intrusões incluem sienito e rochas carbonatite, isto
resultou em auréolas de contacto localizado nas rochas karroo. O sobrejacente ao
karroo, existem veios de reolito entre unidades de arenito e aglomerados vulcânicos.

3.3.5 Depósitos rentes


Extractos terciários são representados por depósitos coluviais como aluvias. Os
depósitos aluviais ocorrem principalmente ao longo dos rios Zambeze e o Revúbuè.
os depósitos coluvias encontram se geralmente limitados a estratos finos no sopé de
relevos orográficos.

3.3.6 Tectónica Regional


As rochas do sistema de Moçambique são fortemente afectadas pelo ciclo Pan
africano (cerca de 500 MA), dando lugar a uma remobilização extensiva. As rochas
sofrem poli-metamorfismo e uma moldagem altamente complexa. O complexo
gabbro-diorite de tete foi intrudindo o sistema de Moçambique, sendo estas rochas
arcaico mais antigas que o evento termodinâmico Pan- africano

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O complexo gabbro-diorite de Tete pode ser correlacionado com o complexo bushveld


da áfrica do sul (cerca de 2000 MA) e com o Great Dyke do Zimbabwe. As rochas
graníticas de diferentes fases de intrusão metamorfosearam e dobraram as anteriores
rochas pré-cambrianas, assimilando localmente estas e formando xonas
mineralizadas em auréolas de contacto metamórfico

As semelhanças litológicas e estruturais entre as rochas básicas e ultrabásicas da


região de Tete e o great Dyke do Zimbabwe sugerem que a primeira é a extensão
oriental da última deslocada pela erosão do rio Zambeze.

O contacto entre o karroo e a base cristalina é geralmente por falhas, com a falha
regional sendo de noroeste-sudeste e a falha secundaria com tendência nordeste-
sudoeste

3.4 Hidrogeologia Regional


A maioria da informação hidrogeológica para esta secção retirada do projecto do
mapa hidrogeológico de Moçambique de 1987, produzido pela Direcção nacional de
águas de Moçambique e respectivas notas explicativas em inglês. As classificações
dos aquíferos descritos abaixo baseiam-se neste mapa e estão de acordo com o
‘’international legend for hydrogeological maps’’ da UNESCO, publicado em 1970 e
revisto em 1983.

A primeira que ocorre nas vizinhanças imediatas do projecto de benga é a idade do


karroo, rocha sedimentar que constitui o campo do carvão (cor castanha clara, grés
grosseiros a médios por vezes finos, xistos compactos, intrusões dioríticas-karroo)
esta área e considerada como área do aquífero da classe C2, com ocorrência locais
ou limitadas de águas subterrâneas. Mais especificamente prevê-se que as
ocorrências de águas subterrâneas nesta classe de aquífero consistam de aquíferos
locais contínuos ou descontínuos associados a fracturas em zonas de conctato de
dique Fracturados em grés arcosico, ou marga, xisto argiloso. Os valores de
rendimento da perfuração normal esta na ordem de <1 L/s

O gabros e anortotise e os sedimentos da idade karroo são classificados como


aquíferos B2 (cor amarela e grés grosseiros a médios por vezes finos, compactos
xistoides, intrusões dioríticas-karroo e gabros e anortisitos do complexo gabro
anortositico de Tete) aqui acredita-se que as fracturas e zonas de contacto de dique
tem um potencial de abastecer rendimentos na ordem dos 0,5 a 2,5 L/s.

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Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

Os aquíferos mais promissores na área estão associados com o aluvião do baixo rio
Revúbuè, nas planícies aluviais do rio Zambeze (cor azul escura) estes são os
principais aquíferos e são classificados como aquíferos da classe A1, A2 associados
a depósitos fluviais ao longo das margens dos respectivos rios. Os rendimentos do
aquífero do baixo Revúbuè são da ordem de> 14 L/s.

O mesmo pode ser dito para aquíferos situados ao longo das margens d rio Zambeze,
a nordeste, a montante e a jusante de Tete.

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CAPITULO IV: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


4.1 Introdução
Neste capítulo são apresentadas as discussões e resultados do presente estudo,
procurando responder aos objectivos definidos. Assim, fez-se análises físico-químicas
dos furos do Revúbuè, seguidamente foram ilustradas os gráficos, e as respectivas
interpretações dos parâmetros citados na revisão bibliográfica. Somente os
parâmetros como; PH, Temperatura, C.E, Turvação, O.D, Sulfatos, Ferro, Nitrato,
Nitrito E Fosfato, fizeram parte das análises e discussões.

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Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

4.2 Análise do PH

PH__2015
9.00
8.00
7.00
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
F02 F03 F05 F07

PHAnual Limite Minimo Limite Maximo

Figura 13: Análise do PH

PH _2016
10.00
9.00
8.00
7.00
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
F02 F03 F05 F07

PH Anual Limite Minimo Limite Maximo

Figura 14: Análise do PH

 Interpretação dos Resultados


De acordo com os resultados verificados do potencial hidrogénico (PH), referente ao
ano 2015 não apresentaram anomalias, estando os 4 Furos dentro dos limites
máximos admissíveis recomendados pelo Regulamento sobre a qualidade da água
para o consumo humano do DIPLOMA MINISTERIAL nº 180/2004 de 15 de
Setembro, o mesmo aconteceu para ano 2016, apenas o F05 esteve fora dos
parâmetros admissíveis, causados provavelmente pela absorção do acido carbónico.

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4.3 Análise da Temperatura

Temp_2015
45.00
40.00
35.00
30.00
25.00
20.00
15.00
10.00
5.00
0.00
F02 F03 F05 F07

Temp Anual Limite Minimo Limite Maximo

Figura 15: Análise da temperatura

Temp _2016
45.00
40.00
35.00
30.00
25.00
20.00
15.00
10.00
5.00
0.00
F02 F03 F05 F07

temp Anual Limite Minimo Limite Maximo

Figura 16: Análise da Temperatura

 Interpretação dos Resultados


De acordo com os resultados obtidos nas análises de monitoria da qualidade da água,
A temperatura não apresenta valores além do recomendado pela Regulamento sobre
a qualidade da água para o consumo humano, DIPLOMA MINISTERIAL nº 180/2004
de 15 de Setembro Ambiente, portanto os resultados estão dentro dos limites
admissíveis.

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4.4 Análise da C.E

C.E_2015
2500.00

2000.00

1500.00

1000.00

500.00

0.00
F02 F03 F05 F07

C.E Anual Limite Minimo Limite Maximo

Figura 17: Análise da C.E

C.E _2016
2500.00

2000.00

1500.00

1000.00

500.00

0.00
F02 F03 F05 F07

C.E Anual Limite Minimo Limite Maximo

Figura 18: Análise da C.E

 Interpretação dos Resultados


De acordo com os resultados obtidos nas análises de monitoria da qualidade da água,
o parâmetro C.E não apresenta valores além do recomendado pela Regulamento
sobre a qualidade da água para o consumo humano, DIPLOMA MINISTERIAL nº
180/2004 de 15 de Setembro, em vigor em Moçambique, pois os resultados são
estáveis.

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4.5 Análise da Turvação

Turv_2015
6.00

5.00

4.00

3.00

2.00

1.00

0.00
F02 F03 F05 F07

Turv Anual Limite Maximo

Figura 19: Análise da Turvação

Turv_2016
6.00

5.00

4.00

3.00

2.00

1.00

0.00
F02 F03 F05 F07

Turv Anual Limite Maximo

Figura 20: Análise da Turvação

Interpretação dos Resultados


De acordo com os resultados obtidos nas análises de monitoria da qualidade da água,
o parâmetro turvação não apresenta valores fora dos limites máximos admissíveis
pela Regulamento sobre a qualidade da água para o consumo humano do DIPLOMA
MINISTERIAL nº 180/2004 de 15 de Setembro, em vigor em Moçambique, portanto os
valores apresentaram-se estáveis.

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Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

4.6 Análise do O.D

O.D_2015
12.00

10.00

8.00

6.00

4.00

2.00

0.00
F02 F03 F05 F07

O.D Anual Limite Maximo

Figura 21: Análise do O.D

O.D_2016
25.00

20.00

15.00

10.00

5.00

0.00
F02 F03 F05 F07

O.D Anual Limite Maximo

Figura 22: Análise do O.D

 Interpretação dos Resultados


Segundo os resultados obtidos nas análises de monitoria da qualidade da água, o
parâmetro OD esteve estável durante o ano 2015, ao contrário do ano 2016 que
registou índice elevado no furo F05, causado provavelmente por ser um parâmetro
variável em função da pressão, salinidade e temperatura, esta anomalia deve se
principalmente pelo facto da colecta ter sido efectuada no período de baixas
temperaturas.

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 54


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

4.7 Análise do Sulfatos

Sulfatos_2015
300.00

250.00

200.00

150.00

100.00

50.00

0.00
F02 F03 F05 F07

Sulfatos Limite Maximo

Figura 23: Análise dos Sulfatos

Sulfatos_2016
300.00

250.00

200.00

150.00

100.00

50.00

0.00
F02 F03 F05 F07

Sulfatos Limite Maximo

Figura 24: Análise dos Sulfatos

 Interpretação dos Resultados


De acordo com os resultados obtidos nas análises de monitoria da qualidade da água,
mostrou se fora dos parâmetros admissíveis para o ano 2015, concretamente no furo
F07, este fenómeno foi causado provavelmente pela dissolução do mineral gesso, em
relação ao ano 2016 os parâmetros estão estáveis, não havendo anomalia.

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 55


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

4.8 Análise do Ferro

Ferro_2015
0.90
0.80
0.70
0.60
0.50
0.40
0.30
0.20
0.10
0.00
F02 F03 F05 F07

Ferro Limite Maximo

Figura 25: Análise do Ferro

Ferro_2016
1.20

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

0.00
F02 F03 F05 F07

Ferro Limite Maximo

Figura 26: Análise do Ferro

 Interpretação dos Resultados


De acordo com os resultados obtidos nas análises de monitoria da qualidade da água,
o parâmetro ferro esta acentuado em todos os pontos de amostragem, este fenómeno
deve-se pela dissolução do minério pelo gás carbónico da água, O carbonato ferroso
é solúvel e frequentemente encontrado em águas de poços contendo elevados níveis
de concentração de ferro. Visto também que a cidade de Tete, e a vila de Moatize tem

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 56


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

abundância de minérios e de empresas de sua exploração, e este facto também está


na origem de infiltração de efluentes industriais.

4.9 Análise do Nitrato

Nitrato_2015
60.00

50.00

40.00

30.00

20.00

10.00

0.00
F02 F03 F05 F07

nitrato Anual Limite Maximo

Figura 27: Análise do Nitrato

Nitrato_2016
60.00

50.00

40.00

30.00

20.00

10.00

0.00
F02 F03 F05 F07
-10.00

nitrato Anual Limite Maximo

Figura 28: Análise do Nitrato

 Interpretação dos Resultados


De acordo com os resultados obtidos nas análises de monitoria da qualidade da água,
o parâmetro nitrato encontra-se dentro dos parâmetros admissíveis segundo
Regulamento sobre a qualidade da água para o consumo humano do DIPLOMA
MINISTERIAL nº 180/2004 de 15 de Setembro, para os ambos anos.

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 57


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

4.10 Análise do Nitrito

9.00
Nitrito_2015
8.00
7.00
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
F02 F03 F05 F07

nitrito Anual Limite Maximo

Figura 29: Análise do Nitrito

Nitrito_2016
9.00
8.00
7.00
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
F02 F03 F05 F07

nitrito Anual Limite Maximo

Figura 30: Análise do Nitrito

 Interpretação dos Resultados


Segundo os resultados obtidos nas análises de monitoria da qualidade da água, o
parâmetro nitrito apresentação resultados anómalos causados pela contaminação
procedente de material orgânico vegetal ou animal, visto que na área de estudo
verificam se algumas práticas de actividades agrícolas e pastagem de animais.

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 58


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

4.11 Análise do Fosfato

Fosfato_2015
3.50
3.00
2.50
2.00
1.50
1.00
0.50
0.00
F02 F03 F05 F07

fosfato Anual Limite Maximo

Figura 31: Análise do Fosfato

Fosfato_2016
9.00
8.00
7.00
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
F02 F03 F05 F07

fosfato Anual Limite Maximo

Figura 32: Fosfato Médio Anual do Ano 2016

 Interpretação dos Resultados

Segundo os resultados obtidos nas análises de monitoria da qualidade da água, o


parâmetro fosfato apresentou resultados estáveis no ano 2015 relativamente ao ano
2016, houve variações fora do recomendando, estando na origem o uso de adubos
fertilizantes fosfatados utilizados na agricultura, assim como adubos na base de
matéria orgânica.

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 59


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos nas análises físico-químicas realizadas no campo de furos de


Revúbuè, sugerem as seguintes conclusões:

Em relação a comparação dos parâmetros físico químicos do ano 2015 e 2016


verificou-se que os parâmetros como Temperatura, Turvação, Nitrato, e
Condutividade Eléctrica apresentaram-se dentro dos limites admissíveis segundo o
Regulamento sobre a qualidade da água para o consumo humano do DIPLOMA
MINISTERIAL nº 180/2004 de 15 de Setembro, em vigor em Moçambique, no caso do
parâmetro sulfato apresentou-se fora dos parâmetros admissíveis para o ano 2015
concretamente no furo F07, este fenómeno foi causado provavelmente pela
dissolução do mineral gesso, em relação ao ano 2016 os parâmetros foram estáveis.

A análise do ferro está acima do limite máximo admissível Regulamento sobre a


qualidade da água para o consumo humano, do DIPLOMA MINISTERIAL nº 180/2004
de 15 de Setembro, em todos furos de amostragem, fenómeno este deve-se pela
dissolução do minério pelo gás carbónico da água, O carbonato ferroso é solúvel e
frequentemente encontrado em águas de poços contendo elevados níveis de
concentração de ferro. Visto também que a cidade de Tete e vila de Moatize tem
abundância de minérios e de empresas de sua exploração, e este facto também está
na origem de infiltração efluentes industriais. O parâmetro nitrito apresentou
resultados anómalos causados pela contaminação procedente de material orgânico
vegetal ou animal, visto que na área de estudo verificam se algumas práticas de
actividades agrícolas e pastagem de animais.

Para o caso do fosfato apresentou resultados estáveis no ano 2015, o contrário do


ano 2016, onde houve variações fora do recomendando pelo regulamento, estando na
origem o uso de adubos fertilizantes fosfatados utilizados na agricultura, assim como
adubos na base de matéria orgânica.

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 60


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

5.2 RECOMENDAÇÕES

Com a perspectiva de melhorar a qualidade de água subterrânea no campo de furos


de Revúbuè necessário que se tome algumas medidas preventivas de modo e evitar
danos maiores, porque o tratamento de aquíferos contaminados é extremamente
dispendioso e trabalhoso, em alguns casos é irreversível devido ao lento fluxo
subterrâneo.

Tendo em conta as conclusões apresentadas, recomendou-se o seguinte:

 Estabelecimento de uma rede de monitoria de qualidade de água subterrânea


 Sensibilização das populações para não a construção de residências e outras
infra-estruturas nas proximidades das reservas subterrâneas.
 Protecção através de vedação dos furos de águas.
 Sensibilização para não a instalação de oficinas de automóveis nas
proximidades dos aquíferos, visto que estes podem libertar efluentes tóxicos, e
acabando contaminado as águas subterrâneas.
 Sensibilização dos camponeses para não o uso de adubos e fertilizantes na
agricultura pois estes podem elevar índices de parâmetros químicos das águas
subterrâneas.
 Sensibilizações as populações a não pastagem de gado, porque as suas fezes
elevam índices de parâmetros químicos.
 Colocação de placas ou sinalizações com vista a protecção da reserva hídrica
subterrâneas

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 61


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

6.0 BIBLIOGRAFIA

6.1 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] .ABNT. Planeamento de Amostragem de Efluentes Líquidos e Corpos


Receptores. NBR9897. JUN. 1987.
[2] ABNT. Amostragem de água subterrânea em poços de monitoramento -
Métodos de Purga. NBR 15847. JUL. 2010. ABNT. NBR 9896: Glossário de
poluição das águas. Rio de Janeiro, 1993. 94p.
[3] ANDRADE, C.F.F.; NIENCHESKI, L.F.H.; ATTISANO, K.K.; MILANI, M.R.
2001. Fluxos de Nutrientes Associados às Descargas de Água Subterrânea
param a Lagoa Mangueira (Rio Grande do Sul, Brasil). Revista Química Nova,.
XY, n°00, 1-6, 200p.
[4] BASTOS, R.K.X.; BEVILACQUA, P.D.; NASCIMENTO, L.E.; CARVALHO,
G.R.M.; SILVA, C.V. COLIFORMES COMO INDICADORES DA QUALIDADE
DA ÁGUA: ALCANCE E LIMITAÇÕES. XXVII Congresso Interamericano de
Engenharia Sanitária e Ambiental, Porto Alegre - RS, 2000.

[5] CARMO, C.F. 2007. INFLUÊNCIA DO AQUÍFERO FREÁTICO NA DINÂMICA


DE NUTRIENTES (NITROGÊNIO E FÓSFORO) EM LAGOAS COM
DIFERENTES CARACTERÍSTICAS HIDRODINÂMICAS. Tese de Doutorado.
Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo.

[6] FEITOSA, F.A.C. & FILHO, J.M. 2000. Hidrogeologia: Conceitos e Aplicações.
2ª Ed. Serviço Geológico do Brasil - CPRM.

[7] AMINSKI, D.B. 2003. Amostragem de Águas Subterrâneas. Revista Pollution


Engineering, n° 6. Maio, 2003. Tradução: Ernesto Ghini

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 62


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

6.2 OUTRAS BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

[1] MAMELA, Salvador, 2014. Análise do Balanço Hídrico Diário da Albufeira de


Cahora Bassa, Songo, 105 pág. MAMELA, Salvador, 2014. Análise do Balanço
Hídrico Diário da Albufeira de Cahora Bassa, Songo, 105 pág.

[2] ARA-Zambeze. 2008. Modelo de Aviso e Controlo de Cheias na Bacia do Rio


Zambeze em Moçambique. Projecto Integrado de Desenvolvimento dos
Recursos Hídricos e Abastecimento de Água do Vale do Zambeze

[3] Boletim da República de Moçambique, Regulamento sobre a qualidade da


água para o consumo humano do DIPLOMA MINISTERIAL nº 180/2004 de 15
de Setembro.

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 63


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

ANEXOS

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel 64


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea nos Campos de Furos de Revúbuè

Anexo 1:PH
Tabela A1-1: Análise do PH

2015 F02 F03 F05 F07


PH_Anual 7.96 8.22 7.93 7.87
Limite Mínimo 6.5 6.5 6.5 6.5
Limite Máximo 8.5 8.5 8.5 8.5
2016 F02 F03 F05 F07
PH Anual 8.15 8.37 8.66 8.26
Limite Mínimo 6.5 6.5 6.5 6.5
Limite Máximo 8.5 8.5 8.5 8.5

Anexo 2:TEMP
Tabela A2-1: Análise da TEMP

2015 F02 F03 F05 F07


Temp Anual 26.96 26.95 28.26 26.51
Limite Mínimo 25 25 25 25
Limite Máximo 40 40 40 40
2016 F02 F03 F05 F07
Temp Anual 25.70 28.69 28.26 27.59
Limite Mínimo 25 25 25 25
Limite Máximo 40 40 40 40

Anexo 3: C.E
Tabela A3-1: Análise da C.E

2015 F02 F03 F05 F07


C.E Anual 4.47 0.35 1.12 0.21
Limite mínimo 50 50 50 50
Limite Máximo 2000 2000 2000 2000
2016 F02 F03 F05 F07
C.E Anual 0.34 0.21 0.99 0.18
Limite Mínimo 50 50 50 50
Limite Máximo 2000 2000 2000 2000

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel A1,A2,A3.65


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea nos Campos de Furos de Revúbuè

Anexo 4:Turvação
Tabela A4-1: Análise da Turvação

2015 F02 F03 F05 F07


Turv Anual 4.47 1.58 0.66 1.01
Limite Máximo 5 5 5 5
2016 F02 F03 F05 F07
Turv Anual 1.74 1.15 1.40 1.24
Limite Máximo 5 5 5 5

ANEXO 5: O.D
Tabela A5-1: Análise do O.D

2015 F02 F03 F05 F07


O.D Anual 5.22 6.47 2.59 7.96
Limite Máximo 10 10 10 10
2016 F02 F03 F05 F07
O.D Anual 4.54 3.88 21.26 4.87
Limite Máximo 10 10 10 10

ANEXO 6: Sulfato
Tabela A6-1: Análise do Sulfato

2015 F02 F03 F05 F07


Sulfatos 23.75 19.75 81.67 262.50
Limite Máximo 250 250 250 250
2016 F02 F03 F05 F07
Sulfatos 8.33 8.25 93.33 7.67
Limite Máximo 250 250 250 250

ANEXO 7: Ferro
Tabela A7-1: Análise do Ferro

2015 F02 F03 F05 F07


Ferro 0.57 0.64 0.83 0.33
Limite Máximo 0.3 0.3 0.3 0.3
2016 F02 F03 F05 F07
Ferro 0.40 0.99 0.93 0.48
Limite Máximo 0.3 0.3 0.3 0.3

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel A4,A5,A6.A7.66


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea nos Campos de Furos de Revúbuè

A NEXO 8: Nitrato
Tabela A8-1: Análise do Nitrato

2015 F02 F03 F05 F07


Nitrato Anual 1.47 3.73 0.60 1.95
Limite Máximo 50 50 50 50
2016 F02 F03 F05 F07
Nitrato Anual 0.55 0.85 -0.45 0.23
Limite Máximo 50 50 50 50

ANEXO 9: Nitrito
Tabela A9-1: Análise do Nitrito

2015 F02 F03 F05 F07


Nitrito Anual 6.33 7.67 2.50 5.25
Limite Máximo 3 3 3 3
2016 F02 F03 F05 F07
Nitrito Anual 8.33 3.25 0.7 3.00
Limite Máximo 3 3 3 3

ANEXO 10: Fosfato


Tabela A10-1: Análise do Fosfato

2015 F02 F03 F05 F07


Fosfato Anual 0.59 0.53 0.55 0.52
Limite Máximo 3 3 3 3
2016 F02 F03 F05 F07
Fosfato Anual 8.33 3.25 0.00 3.00
Limite Máximo 3 3 3 3

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel A8,A9,A10.67


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea nos Campos de Furos de Revúbuè

Anexo 11: Resultados das Campanhas de Monitoramento de Águas Subterrâneas Furo 02


Tabela A11-1: Campanhas de Monitoramento de Águas Subterrâneas

Data da Parâmetros Físicos e Organolépticos F02 Parâmetros Químicos e Minerais F02


Ano recolha
amostra Alcal Dureza
pH Temp cond.El Turv. OD. TDS. ORP. Sali. Cheiro Sabor Cor Total Crómio Cobre Sulfato Ferro Arsénio Salin S.A.C Nitrato Nitrit Fosfat
Limite Max.
Admi 6.5 a 8,5 25-40 50-2000 5 10 1000 - - Inodoro insípido 15 - - 0.05 0.3 250 0.3 - - - 50 3 0.1
Unidades _ [°C] [mS/cm] [NTU] [mg/L] [mg/L] [%] TCU [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] sa [mg/l] [mg/l]
4-Mar 7.44 28.14 0.353 0.67 4.16 177 0.16 inodor - < 15 22 0.91 317.7 3.53 0.51
Terra
2015 6-May 7.94 28.01 0.380 16.2 3.35 191 367.9 0.18 Húmida - > 15 36 0.31 342 3.8 2.2 7 0.55
12-Aug 8.00 26.83 0.339 0.57 7.32 170 109.6 0.16 inodor - < 15 27 0.24 305.1 3.39 0.9 7 0.68
4-Nov 8.45 24.87 0.269 0.43 6.03 135 151.5 0.13 inodor - < 15 10 0.80 242.1 2.69 1.3 5 0.60
Máximo 8.45 28.14 0.38 16.2 7.32 191 367.9 0.18 0 0 0 0 0 0 0 36 0.91 0 342 3.8 2.2 7 0.68
Mínimo 7.44 24.87 0.269 0.43 3.35 135 109.6 0.13 0 0 0 0 0 0 0 10 0.24 0 242.1 2.69 0.9 5 0.51
Media 7.96 26.96 0.34 4.47 5.22 168.25 209.67 0.16 - 0.00 - - - - - 23.75 0.57 - 301.73 3.35 1.47 6.33 0.59
1-Jun 9.18 27.00 0.1547 2.09 5.62 333.1 inodor - < 15 < 0,02 6 0.03 139.23 1.547 < 0,02 6 0.95
25-Aug 7.64 22.50 0.257 1.33 4.00 364.5 Inodor - < 15 0.077 5 0.47 231.3 2.57 0.3 10 0.84
2016
26-Aug 0 0
2-Nov 7.64 27.6 0.119 1.80 4.00 85.2 inodor - < 15 0.020 14 0.71 107.1 1.19 0.8 9 0.44
Máximo 9.18 27.6 0.257 2.09 5.62 - 364.5 0 0 0 0 0 0 0.077 0 14 0.71 0 231.3 2.57 0.8 10 0.95
Mínimo 7.64 22.5 0.119 1.33 4 - 85.2 0 0 0 0 0 0 0.02 0 5 0.03 0 0 0 0.3 6 0.44
Media 8.15 25.70 0.18 1.74 4.54 - 260.93 - - 0.00 - - - 0.05 - 8.33 0.40 - 119.41 1.33 0.55 8.33 0.74

LEGENDA
O.D - Oxigénio dissolvido
T.S.D -Total de sólidos dissolvidos
S.A.C - Soma de aniões e catiões
T.H - Terra Húmida
Análise não feita
Sem reagentes para
análise
Estava em Manutenção

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel A11.68


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea nos Campos de Furos de Revúbuè

Anexo 12: Resultados das Campanhas de Monitoramento das Águas Subterrâneas Furo 03
Tabela A12-1 Campanhas de Monitoramento das Águas Subterrâneas

Água Subterrânea, Furo 03


Parâmetros Físicos e Organolépticos Parâmetros Químicos e Minerais

Data da
recolha de Dureza
Ano amostra pH Temp. cond. Turv. OD. TDS. ORP. Sali. Cheiro Sabor Cor Alcalin Total Crómio Cobre Sulfatos Ferro Arséni Salinida S.A.C Amo Nitra Nitr FoS
0.05 0.3 250 0.3 3 0.1
LIM MAX ADMI 6.5 a 8,5 25-40 50-2000 5 10 1000 - - Inodoro insípido 15 - - - - - - 50
UNIDADES - [°C] [mS/cm] [NTU] [mg/L] [mg/L] [%] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l [mg/l [mg/l]
4-Mar 7.78 27.74 0.341 0.82 6.56 170 0.16 inodor - > 15 21 0.21 306.9 3.41 8.9 21 0.43
6-May 8.51 29.97 0.346 1.84 7.12 176 320.80 0.16 inodor - < 15 14 0.45 311.4 3.46 1 1 0.51
2015 <
12-Aug 8.15 25.49 0.421 0.45 7.12 211 134.1 0.20 inodor - < 15 34 0.46 378.9 4.21 0,02 1 0.52
<
4-Nov 8.45 24.61 0.296 3.22 5.06 148 152.2 0.14 Ferroso - < 15 10 1.44 266.4 2.96 1.3 0,02 0.53
Máximo 8.51 29.97 0.421 3.22 7.12 211 320.8 0.2 0 0 0 0 0 0 0 34 1.44 0 378.9 4.21 0 8.9 21 0.53
Mínimo 7.78 24.61 0.296 0.45 5.06 148 134.1 0.14 0 0 0 0 0 0 0 10 0.21 0 266.4 2.96 0 1 1 0.43
Media 8.22 26.95 0.35 1.58 6.47 176.25 202.37 0.17 - - - - - - - 19.75 0.64 - 315.90 3.51 - 3.73 7.67 0.50
8-Mar 9.39 34.17 0.205 0.50 3.93 103 105.7 0.10 T.H - < 15 80 250 0.027 0.0 9 0.45 0.0 184.5 2.05 0.0 1.3 12 0.64
1-Jun 9.00 28.5 0.1129 2.09 3.57 310.6 Ferroso - < 15 0.010 4 2.52 101.61 1.129 2.7 3 0.74
2016
25-Aug 7.47 24.6 0.358 0.39 4.00 356.5 Inodor - < 15 0.043 12 0.63 322.2 3.58 0.3 5 0.78
2-Nov 7.60 27.5 0.1565 1.62 4.00 101.8 inodor - < 15 -0.016 8 0.37 140.85 1.565 -0.9 -7 0.5
Máximo 9.39 34.17 0.358 2.09 4 103 356.5 0.1 - - - 80 250 0.043 - 12 2.52 0 322.2 3.58 0 2.7 12 0.78
Mínimo 7.47 24.6 0.1129 0.39 3.57 103 101.8 0.1 - - - 80 250 -0.016 - 4 0.37 0 101.61 1.129 0 -0.9 -7 0.5
Media 8.37 28.69 0.21 1.15 3.88 103.00 218.65 0.10 - - - 80 250 0.02 - 8.25 0.99 0 187.29 2.08 0 0.85 3.25 0.67

LEGENDA
O.D - Oxigénio dissolvido
T.S.D -Total de sólidos dissolvidos
S.A.C - Soma de aniões e catiões
Sem Resultado de
Análise
T.H -Terra Húmida
Sem Reagentes para
Análise

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel A12.69


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea nos Campos de Furos de Revúbuè

Anexo 13: Resultados das Campanhas de Monitoramento das Águas Subterrâneas Furo 05
Tabela A13-1 Campanhas de monitoramento de águas subterrâneas

Água Subterrânea
Data da Parâmetros Físicos e Organolépticos Parâmetros Químicos e Minerais
recolha
Ano
de Dureza
amostra pH- Temp. cond. Turv. OD. TDS. ORP. Sali. Cheiro Sabor Cor Alcalinidade Total Sulfatos Ferro Cobre Arsénio Crómio Salinidade S.A.C Amoníaco Nitrato Nitrito Fosfat
UNIDADES _ [°C] [mS/cm] [NTU] [mg/L] [mg/L] [%] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l]
6.5
a
Lim Max adm 8,5 25-40 50-2000 5 10 1000 - - inodoro insipido 15 - - 250 0.3 0.3 - - - - - 50 3 0.1
23-Jun 7.66 30.17 1.027 0.17 2.19 514 189.7 0.50 Inodor Insipido < 15 97 0.62 924 10.27 0.8 3 0.53
<
2015
12-Aug 7.87 28.24 1.119 0.13 2.35 559 146.4 0.55 Ferroso Insipido < 15 75 1.01 1007 11.19 < 0,02 0,02 0.54
4-Nov 8.25 26.88 1.228 1.69 3.22 564 235.4 0.56 Inodor Insipido < 15 73 0.86 1105 12.28 0.4 2 0.55
Máximo 8.25 30.17 1.228 1.69 3.22 564 235.4 0.56 0 0 0 0 0 97 1.01 0 0 0 1105.2 12.28 0 0.8 3 0.55
2015 Mínimo 7.66 26.88 1.027 0.13 2.19 514 146.4 0.5 0 0 0 0 0 73 0.62 0 0 0 924.3 10.27 0 0.4 2 0.53
Media 7.93 28.43 1.12 0.66 2.59 545.67 190.50 0.54 0 0 - - - 81.67 0.83 - - - 1012.20 11.25 - 0.60 2.50 0.54
Insípid <
8-Mar 9.77 29.29 1.162 0.19 2.51 581 65.2 0.57 T.H o < 15 240 425 87 0.75 0.0 0.0 0.003 1046 11.62 0.0 < 0,02 0,02 0.72
2016 1-Jun 9.14 26.60 0.812 2.90 F.B 307.5 T.H - < 15 79 0.98 < 0,02 731 8.12 0.5 7 0.79
12-Aug
2-Nov 7.06 28.90 0.996 1.10 40.00 120.9 Inodor - < 15 114 1.06 -0.012 896 9.96 -1.4 -7 0.43
Máximo 9.77 29.29 1.16 2.90 40.00 581.00 307.50 0.57 0.00 0.00 0.00 240.00 425.00 114.00 1.06 0.00 0.00 0.00 1045.80 11.62 0.00 0.50 7.00 0.79
2016 Mínimo 7.06 26.60 0.81 0.19 2.51 581.00 65.20 0.57 0.00 0.00 0.00 240.00 425.00 79.00 0.75 0.00 0.00 0.01 730.80 8.12 0.00 1.40 7.00 0.43
Media 8.66 28.26 0.99 1.40 21.26 581.00 164.53 0.57 - 0.00 - 240.00 425.00 93.33 0.93 0.00 0.00 0.00 891.00 9.90 0.00 0.45 0.00 0.65

LEGENDA
O.D - Oxigénio dissolvido
T.S.D -Total de sólidos dissolvidos
S.A.C - Soma de aniões e catiões
T.H - Terra Húmida
Fora da
F.B Banda
Sem reagentes
para análise
Estava em
Manutenção

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel A14.70


Estudo da Qualidade da Água Subterrânea no Campo de Furos de Revúbuè

Anexo 14: Resultados das Campanhas de Monitoramento das Águas Subterrâneas Furo 07

Tabela 14-1: Monitoramento de Águas Subterrâneas

Água Subterrânea , Furo 07


Data Parâmetros Fisicos e Organolepticos Parametros Quimicos e Minerais
recolh
de Durez S.A.
Ano amostr pH- Temp cond. Turv. OD. TDS. ORP. Sali. Cheiro Sabor Cor Alcal Total Crom Cobre Sulfato Ferr Arséni Salinidad C Amonia Nitrat Nitrit Fosfat
LIM MAX 6.5 a 50-
ADMI 8,5 25-40 2000 5 10 1000 - - inodor insipid 15 - - 0.05 0.3 250 0.3 - - - - 50 3 0.1
UNIDADES [°C] [mS/cm [NTU [mg/L [mg/L [%] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l] [mg/l [mg/l] [mg/l] [mg/l [mg/l] [mg/l] [mg/l [mg/l]
4-Mar 7.32 28.01 0.214 0.34 8.21 107 0.14 inodor - < 15 258 0.74 192.6 2.14 0 0 0.52
201 23-Jun 8.12 28.61 0.220 0.62 7.9 110 213.1 0.10 Inodor - < 15 245 0.0 198 2.20 0.0 0 0.15
5 12-Aug 7.96 24.78 0.211 0.70 8.41 106 117.9 0.10 inodor - < 15 278 0.24 189.9 2.11 7.1 16 0.35
4-Nov 8.08 24.63 0.199 2.39 7.33 100 156.9 0.09 inodor - < 15 269 0.34 179.1 1.99 0.7 5 0.48
Maximo 8.12 28.61 0.22 2.39 8.41 110 213.1 0.14 0 0 0 0 0 0 0 278 0.74 0 198 2.2 0 7.1 16 0.52
Minimo 7.32 24.63 0.199 0.34 7.33 100 117.9 0.09 0 0 0 0 0 0 0 245 0 0 179.1 1.99 0 0 0 0.15
105.7 162.6
Media 7.87 26.51 0.21 1.01 7.96 5 3 0.11 - 0.00 - - - - - 262.50 0.33 - 189.90 2.11 - 1.95 5.25 0.38
8-Mar 9.15 30.26 0.192 0.40 6.60 96 168.2 0.09 T.H - < 15 40 250 0.029 0.0 7 0.96 0.0 172.8 1.92 0.0 1.1 5 0.45
201 25-Aug 7.77 24.7 0.2149 1.02 4.00 412.7 Inodor - < 15 0.008 0 0.38 193.41 2.15 1.4 2 0.95
6 12-Aug 0 0.00
2-Nov 7.85 27.8 0.1193 2.29 4.00 72.8 inodor - < 15 0.031 16 0.09 107.37 1.19 -1.8 2 0.58
Maximo 9.15 30.26 0.2149 2.29 6.6 96 412.7 0.09 0 0 0 40 250 0.031 0 16 0.96 0 193.41 2.149 0 1.4 5 0.95
Minimo 7.77 24.7 0.1193 0.4 4 96 72.8 0.09 0 0 0 40 250 0.008 0 0 0.09 0 0 0 0 -1.8 2 0.45
Media 8.26 27.59 0.18 1.24 4.87 96.00 217.9 0.09 - 0.00 - 40.00 250 0.02 0.00 7.67 0.48 0.00 118.40 1.32 0.00 0.23 3.00 0.66

LEGENDA
O.D - Oxigénio dissolvido
T.S.D -Total de sólidos dissolvidos
S.A.C - Soma de aniões e catiões
T.H - Terra Húmida
Análise
não
feita
Sem reagentes
para análise
Estava em
Manutenção

Relatório de Estágio Profissional Nicolau Dos Santos Gabriel A14,71

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