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De Hannah Arendt a Paul Gilroy, cinco livros que buscam as raízes do


ódio contemporâneo
Helô D'Angelo 
24 de agosto de 2017

6.2K
De Hannah Arendt a Paul Gilroy, cinco livros que buscam as raízes do ódio contemporâneo

Hannah Arendt relacionou o mal a um vazio reflexivo (Reprodução)

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é clara: todos têm direitos iguais,
independentemente de classe social, gênero (https://revistacult.uol.com.br/home/?
s=g%C3%AAnero), raça, etnia ou religião. Não é o que acontece, no entanto. No Brasil
e no mundo, as taxas relacionadas a crimes de ódio são altas, e têm crescido com a
escalada de discursos racistas, machistas, homofóbicos e xenófobos, que ganham
propulsão nas redes sociais e nas ruas num contexto de avanço do conservadorismo de
governos de extrema-direita.

Por dia, no Brasil, ao menos uma pessoa LGBT é morta, oito casos de feminicídio são
registrados pelo Ministério Público e 63 jovens negros são assassinados. Dados
da Secretaria de Direitos Humanos mostram que denúncias contra casos de
intolerância religiosa aumentaram 3.600% no país, entre 2011 e 2016. Apenas a cidade
de São Paulo registra um crime de ódio por hora, a maior parte deles relacionada ao
racismo, segundo a Secretaria da Segurança Pública.  
Em outros países o quadro é semelhante. No último dia 12 de agosto, a cidade de
Charlottesville, no sul dos Estados Unidos, recebeu uma manifestação de
supremacistas brancos cujos atos de violência resultaram na morte da
ativista Heather Heyer. Estudo da Southern Poverty Law Center divulgado em
novembro de 2016 mostra que em menos de um mês de mandato de Trump foram
registrados 400 casos de racismo, islamofobia e xenofobia no país.

Desde que o presidente norte-americano começou a fazer campanha, em 2015, crimes


contra muçulmanos aumentaram 67% nos Estados Unidos, em relação ao ano
anterior, segundo o FBI. Na Itália, Polônia, Espanha e Alemanha, a maioria da
população concorda que a entrada de muçulmanos deve ser barrada, de acordo com
pesquisa do Instituto Chatham House. Na Inglaterra pós-Brexit, houve um aumento
de 20% nos crimes contra minorias.

Ao longo da história do pensamento foram muitos os intelectuais que se debruçaram


sobre o tema. A convite da CULT, Christian Dunker, Juliana Serzedello, João Alexandre
Peschanski, Estevão Rafael Fernandes e Celi Regina Jardim Pinto indicam obras que se
propõe a refletir, a partir de diferentes abordagens, acerca do ódio político, social e
sexual contemporâneo.

Eichmann em Jerusalém – um relato sobre a Banalidade do Mal, de Hannah Arendt


(1963)

Em 1961, a filósofa alemã Hannah Arendt


(https://revistacult.uol.com.br/home/tag/hannah-arendt/), de origem judaica, foi
cobrir o julgamento do soldado nazista Adolf Eichmann para a The New Yorker.
Esperando encontrar um monstro, Arendt se surpreendeu ao perceber que Eichmann
era apenas um homem comum; um soldado que apenas cumpria ordens sem jamais
questioná-las ou pensar em suas consequências.

Surgiu daí o conceito da “banalidade do mal”, o mais famoso da teoria arendtiana. “A


obra mostra que não podemos atribuir atos de ódio a monstros não humanos, mas a
pessoas que vivem a vida como nós. Há momentos na história em que muitos dos que
vivem uma vida dura, sem reflexão, sem espaço para discutir e construir opinião
acabam seguindo o mais fácil, e neste momento ideologias do ódio e lideranças
fascistas tem facilidade de se tornarem populares”, afirma Celi Regina Jardim Pinto,
doutora em Ciência Política, que considera o livro fundamental para que se pense a
“simplicidade do ódio”, “como é um sentimento de pessoas que vivem a vida
normalmente”.

O ódio à democracia, de Jacques Rancière (2005)


Em O ódio à democracia, o filósofo francês Jacques Rancière aponta contradições de
Estados democráticos, como a questão das oligarquias que se revezam no poder em
oposição a demandas por representação popular. “Ranciére mostra que, tanto na
história quanto em nossa experiência contemporânea, a ideia de um regime político de
equidade de relações com a lei e de liberdade no uso da palavra é percebida como uma
ameaça à nossa ficção de um mundo estável, seguro e harmônico (ainda que não para
todos)”, afirma o psicanalista Christian Dunker
(https://revistacult.uol.com.br/home/dunker-tratar-os-usuarios-de-crack-e-
enfrentar-o-problema-da-pobreza-no-brasil/). O ódio, então, surge como resposta à
existência de pessoas que não são iguais dentro do sistema democrático – os ricos ou
os filhos de alguém.

A obra expõe um impasse político central entre a ideia de democracia e a prática social


em países industriais, diz o cientista político João Alexandre Peschanski. “Em que
medida essas sociedades desenvolvidas estão dispostas a receber em suas instituições
políticas e comunidades aqueles que enxergam como diferentes (imigrantes ilegais ou
refugiados)?”. A resposta do filósofo não é das mais animadoras. Para ele, há um
movimento crescente disposto a destruir as instituições relativamente acolhedoras da
modernidade para preservar os privilégios que as constituíram.

História da Sexualidade Vol. I: A Vontade do Saber, de Michel Foucault (1976)

No primeiro dos três volumes de História da Sexualidade, o filósofo francês Michel


Foucault (https://revistacult.uol.com.br/home/tag/michel-foucault/) se debruça sobre
como a sexualidade está intimamente relacionada a mecanismos de poder. “O texto é
sobre a gênese dos múltiplos silenciamentos que perpassam nossos desejos e gestão
do nosso próprio corpo (que, no fim das contas, acaba sendo tudo, menos nosso), por
diversas instituições, dispositivos e discursos”, afirma o antropólogo Estevão Rafael
Fernandes. Para ele, a obra é uma porta de entrada para pensar o ódio,
especificamente aquele voltado para a diversidade sexual, como a homofobia. Isso
porque, em uma sociedade que faz uso da sexualidade como meio de controle, tudo
aquilo que foge à regra pode ser entendido como resistência aos mecanismos de
poder: “O ódio não se aplica ao diferente, pura e simplesmente, mas à sua potência:
sua existência torna possível um ser fora das correlações de força que dão sustentação
ao próprio sistema de poder hegemônico.”

Entre campos – Nações, culturas e o fascínio da raça, de Paul Gilroy (2007)

O professor da London School of Economics (LSE) busca compreender como o


pensamento de raça distorceu “as melhores promessas da democracia moderna”,
mostrando como boa parte do que nasceu combativo dentro cultura negra (como o hip
hop e o rap) foi apropriado pelo capitalismo e esvaziado de seu potencial
questionador. “Partindo da ideia de que racismo, fascismo e nacionalismo são
fenômenos interligados, o autor investiga e critica a fundo a construção de discursos
racializados – considerando, inclusive, como problemáticas as reivindicações
racializadas de grupos antirracistas. Sua proposta é construir um mundo ‘destituído
de hierarquia racial’”, diz a professora e historiadora Juliana Serzedello. Para isso,
Gilroy oferece um conjunto de conceitos próprios – como o “humanismo planetário”,
em contraposição à “infra-humanidade” construída pela “raciologia” e reiterada
pelos atuais padrões “nanopolíticos”. “Sua intenção, apresentada como horizonte
utópico, é a de acelerar a desnaturalização da ‘raça’ como conceito organizador das
relações humanas contemporâneas””, explica Serzedello.

Dilma Rousseff e o ódio político, de Tales Ab’Saber 

Publicado pouco antes do impeachment, Dilma Rousseff e o ódio político, do psicanalista


Tales Ab’Saber (https://revistacult.uol.com.br/home/coletivo-de-psicanalistas-
realiza-atendimentos-gratuitos-em-sp/), investiga o ódio à política que se
desenvolveu entre os brasileiros a partir dos governos petistas. O livro “revela a
emergência de uma oposição autoritária e delirante, marcada pelo ódio à presidente”,
diz o cientista político João Alexandre Peschanski. Em doze ensaios, Ab’Saber analisa
como e por que o humor do eleitorado brasileiro se transformou durante a última
década, indo da intensa adoração à figura de Lula para o completo ódio à classe
política – um ódio que encontrou em Dilma um bode expiatório, e que teve seu
ápice no impeachment.

O psicanalista chega à conclusão de que o ódio político se sustenta em uma “distorção


efetiva da capacidade de pensar”, que teria base, escreve Ab’Saber, na “necessidade de
saturar a realidade com desejos que não suportam frustração, bem como no impacto
corrosivo dos mecanismos psíquicos ligados ao ódio sobre o próprio
pensamento”. Hoje, afirma Peschanski, o mesmo ódio analisado por Ab’Saber há dois
anos ameaça a própria democracia ao deixar os brasileiros em uma espécie de transe
que “remete às neuroses da Guerra Fria”. 

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