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Artigo:
Uma das teorias mais recentes é a teoria da continuidade (continuity theory; Atchley,
1972) que propõe que as pessoas que envelhecem com mais sucesso são aquelas que
continuam com os seus hábitos, preferências e estilos de vida da meia-idade. Esta teoria
tem bastante apoio por parte de estudos longitudinais que têm mostrado que, variáveis
medidas na meia-idade são fortes preditoras dos resultados na velhice, e que muitas
características psicológicas e sociais são estáveis ao longo da vida. Os alicerces da
velhice bem sucedida são fundados em estilos de vida que mantém o corpo e a mente
saudável através do exercício, bons hábitos de nutrição e envolvimento em actividades
interessantes que desafiam a mente. O desenvolvimento desses hábitos relacionam-se
com a educação e as atitudes da família e amigos que valorizam a vida saudável e
produtiva. O envelhecimento adequado também se relaciona com o facto de, na meia-
idade, se aprenderem técnicas de redução do stress, de coping em face das mudanças, e se
ingressar em actividades de lazer que não sejam demasiado exigentes em termos de força
física e de endurance. Outra estratégia importante é a manutenção de um sistema de apoio
social e a substituição constante de amigos que perdemos por outros. Outra ainda é a
manutenção da auto-estima. Consequentemente, a terceira idade não representaria um
corte radical com o passado, visto que as mudanças ocorrem gradualmente e, muitas
vezes, imperceptivelmente.
1
Controlo sobre as situações e a auto-eficácia estão associados com práticas de saúde positivas, com ausência de
doenças crónicas, com boas aptidões funcionais e com a auto percepção positiva de saúde.
Divergindo de trabalhos da década de 80 que colocaram a tónica na "maximização da
independência" ou na "promoção da autonomia" dos idosos frágeis, Lustbader (1991)
descreveu as possibilidades de encontrar satisfação e sentido nos estados de dependência,
incluindo momentos de consciencialização plena, intimidade verdadeira com os membros
da família, e renascimento espiritual2.
No seu todo, estes padrões emergentes sugerem uma abordagem bipartida para definir
successful aging (uma, para pessoas idosas saudáveis /e uma outra as fragilizadas3) e que
se enquadra mais na realidade empírica do envelhecimento podendo, inclusivé, expandir-
se para ir de encontro à progressiva diversificação da população mais idosa. Para
ultrapassar este impasse tem-se proposto o retorno à investigação que se coloca na
perspectiva do idoso. Neste enquadramento o successful aging é medido não apenas pela
ausência de problemas mas por indicadores de bem estar subjectivo como a satisfação
com a vida, a felicidade, a moral, o contentamento, a qualidade de vida percebida ou
outras medidas relacionadas negativamente como a depressão, a ansiedade, etc. Novos
esforços na medição da qualidade de vida (Guyatt and Cook, 1994) e nos objectivos
pessoais (Bearon et al., 1994), bem como estudos qualitativos inovadores sobre as
percepções da satisfação com a vida e do envelhecimento bem sucedido (Fisher, 1992)
sugerem que existem muitos trilhos novos e frutíferos para capturar e comparar
resultados individuais e desenvolver uma visão sobre o envelhecimento mais variegada.
(Margarida P. Lima)
2
Um livro mais recente sobre como optimizar o bem-estar espiritual das pessoas com doença de Alzheimer (Gwyther,
1995) também aborda alguns destes aspectos em pessoas com limitações profundas.
3
Esta dupla face do envelhecimento já foi estudada por Erickson que propôs a geratividade versus estagnação como
conflito característico da última fase da vida.