Você está na página 1de 5

Lista de nomes que transferiram ilegalmente

dinheiro para o exterior


maio 15, 2018

Lisboa - A Associação entregou ao banco central angolano uma lista de nomes


de pessoas que transferiram dinheiro de forma ilegal para o exterior. O antigo
presidente José Eduardo dos Santos e o ex-chefe da Casa Civil José Leitão
constam da lista que seguirá também para a Justiça angolana.
*Lígia Simões
Fonte: Jornal Economico
‘Mãos Livres’ entregou ao Banco de Angola

A Associação
Mãos Livres entregou, no início desta semana, ao Banco Nacional de Angola
uma lista com nomes de pessoas que alegadamente transferiram dinheiro de
forma ilegal para o exterior. A lista tem nomes como o de José Eduardo dos
Santos, números das contas bancárias e as datas de algumas das transferências
realizadas supostamente de forma ilícita. Beneficiários particulares terão ficado
com 386 milhões de dólares (324 milhões de euros).

A notícia é avançada nesta terça-feira, 15 de maio, pelo “Jornal de Angola”, que


dá anda conta de um relatório, com mais de 150 páginas, denominado “Fraude
em alta escala” com referências ao processo alegadamente ilícito que terá
rodeado o contrato da dívida de Angola com a Rússia, em 1996.
Já o site angolano “Voa” diz que, entre outros nomes, constam os de José
Eduardo dos Santos (ex-presidente da República de Angola), Elísio de
Figueiredo (ex-embaixador nas Nações Unidas e em Londres), Joaquim David
(deputado do MPLA e antigo ministro da Indústria) e José Leitão (antigo chefe
da Casa Civil de José Eduardo dos Santos).

O presidente da organização não governamental ‘Mãos Livres’, David Mendes,


já indicou que a lista será entregue agora ao Ministério das Finanças e à
Procuradoria Geral da República de Angola. Com esta iniciativa, a associação
quer auxiliar os órgãos do Estado a colocarem em prática a pretensão do
presidente da República angolano, João Lourenço, de recuperar o património
que terá saído de forma ilícita do país.

O documento sobre
fraude “em alta escala” revela, segundo o “Jornal de Angola”, que cidadãos
russos e angolanos terão recebido “lucros chorudos” como resultado desta
transacção.

A Associação Mãos Livres, de ativistas e advogados angolanos, conseguiu


localizar números de contas e dinheiros que estão depositados fora e saíram do
país de forma ilegal. De acordo com o relatório, a dívida de Angola rondava em
cinco mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros) e foi reduzida para 1, 5
mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) após negociações com a
Rússia. Deste montante, explicou, 1,3 mil milhões de dólares (mil milhões de
euros) foram pagos através de intermediários, e beneficiários particulares terão
ficado com 386 milhões de dólares (324 milhões de euros). O documento foi
concluído em 2013.

Recorde-se que depois de arquivado em abril de 2005, na Suíça, pelo


procurador-geral de Genebra Daniel Zappelli, a investigação ressurgiu na forma
de um relatório e de uma queixa-crime apresentada em 2013 por cidadãos
angolanos e activistas anticorrupção junto da Procuradoria-Geral Federal suíça,
na cidade de Berna. Em paralelo, nos tribunais de Luanda, foi apresentada
também uma queixa-crime. Adriano Parreira foi um dos cidadãos angolanos
desta iniciativa, o mesmo que apresentou queixa contra altas figuras do Estado
angolano por fraude fiscal e branqueamento de capitais junto da Procuradoria-
Geral da República em Portugal.

Recentemente, o secretário para os Assuntos Políticos, Constitucionais e


Parlamentares do Presidente da República, Marcy Lopes, disse que o executivo
desconhece o valor global do dinheiro domiciliado no exterior.

Você também pode gostar