Você está na página 1de 94

Trabalho Científico

Regina Célia Veiga da Fonseca

Metodologia do
Metodologia do

Trabalho Científico

Metodologia do

Trabalho Científico

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-3140-5

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Regina Célia Veiga da Fonseca

Metodologia do Trabalho Científico

Edição revisada

IESDE Brasil S.A.


Curitiba
2012

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
© 2007 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito
dos autores e do detentor dos direitos autorais.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
________________________________________________________________________________
F742m

Fonseca, Regina Célia Veiga da


Metodologia do trabalho científico / Regina Célia Veiga da Fonseca. - 1. ed., rev. -
Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012.
90p. : 24 cm

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3140-5

1. Pesquisa - Metodologia. I. Título.

12-7086. CDD: 001.42


CDU: 001.81

28.09.12 15.10.12 039466


________________________________________________________________________________

Capa: IESDE Brasil S.A.


Imagem da capa: Shutterstock

Todos os direitos reservados.

IESDE Brasil S.A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Regina Célia Veiga da Fonseca
Mestre em Engenharia de Produção com con-
centração em Mídia e Conhecimento pela Uni-
versidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Graduada em Letras Português-Inglês pela Uni-
versidade Tuiuti do Paraná (UTP). Graduada em
Psicologia pela UTP. Professora de Metodologia
Científica e Comunicação Empresarial em cursos
de graduação e pós-graduação. Seus estudos e
pesquisas situam-se no âmbito das Ciências
Sociais Aplicadas, Humanas e da Saúde.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
sumário
sumário O pensamento evolutivo:
metodologia, raciocínio e conhecimento
9 | A base do pensamento evolutivo
10 | Raciocínio lógico
9

11 | Raciocínio dedutivo
11 | Raciocínio indutivo
12 | O conhecimento de senso comum
13 | O conhecimento científico
14 | A metodologia científica
19
O método científico e a pesquisa
20 | Método experimental
21 | O caráter provisório da ciência
21 | Pesquisa

O tema de uma pesquisa: 27


problema, hipóteses e variáveis
27 | A escolha do tema
28 | Predicados de um bom tema
29 | Como formular um problema?
30 | Como construir hipóteses?
30 | Variáveis

Métodos quantitativos, 35
qualitativos e coleta de dados
35 | Método quantitativo
35 | Método qualitativo
36 | Coleta de dados

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
45
Estrutura de um projeto e técnicas de leitura
46 | Elementos geralmente usados em um projeto de pesquisa
49 | Técnicas de leitura

Estilo e redação de um texto: 55


observação e linguagem científica
55 | Parágrafo
56 | Frases curtas
56 | Vocabulário
57 | Palavras desnecessárias ou vícios de linguagem
58 | Coesão
59 | Coerência
60 | Resumindo...
61 | Estrutura de um texto
62 | Observação e linguagem científica
69
Estrutura de uma monografia
69 | Elementos pré-textuais
70 | Elementos textuais
74 | Elementos pós-textuais
75 | Estrutura de uma monografia
76 | Exemplo de folha de rosto

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
sumário
sumário Normas da ABNT
79

79 | Digitação e estrutura de um trabalho acadêmico


82 | Notas de rodapé
83 | Citações
85 | Referências

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Apresentação
Prezado aluno,

Metodologia do Trabalho Científico


A Metodologia Científica procura colocar à
sua disposição, um conjunto de diretrizes para
auxiliá-lo na tarefa de pesquisa em diferentes
conteúdos científicos, na coleta e organização
de dados, na elaboração e na apresentação de
textos científicos.
Espera-se que, a partir da teoria aqui apre-
sentada, você possa reconhecer a importância
da Metodologia Científica como um facilitador
do pensamento científico sob todos os aspec-
tos, além de identificá-la como base para a ativi-
dade profissional que, por definição, precisa ser
ordenada, metódica e lógica.
Como resultado disso, esta obra caracteri-
za-se com uma apresentação simples, clara e
lógica, a fim de favorecer o desenvolvimento de
competências que melhorem a capacidade de
pensar e agir com cientificidade, seja no âmbito
acadêmico ou profissional.
Esta obra começa falando sobre a base do
pensamento evolutivo, que teve início com a
curiosidade inata da natureza humana e foi se
aprimorando com o passar dos séculos, encan-
tando o homem com a vastidão do que pode ser
conhecido no mundo.
Em seguida, apresenta algumas diretrizes
para a organização desse pensar e as regras es-
tabelecidas para tornar possível, tanto a ordena-
ção quanto o repasse desse conhecimento acu-
mulado para todos que por ele se interessarem.
Isso é a Metodologia Científica!

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
O pensamento evolutivo:
metodologia, raciocínio
e conhecimento

A base do pensamento evolutivo


A partir do momento em que o homem tomou conhecimento de sua
existência no mundo, começou a explicar os fenômenos com os quais se
deparava constantemente. Inicialmente, o fez de uma forma intuitiva, criando
mitos para justificar aquilo que não compreendia. Durante algum tempo,
essas explicações bastaram ao homem, porém a sua capacidade pensante
fez surgir nele a necessidade de uma outra explicação, que fosse racional,
sobre si próprio, sobre o mundo e os seus inúmeros fenômenos.

Dessa necessidade nasceu a filosofia, na Grécia, por volta do século VI a.C.


Por meio de um longo processo histórico, ela surgiu promovendo a passagem
daquele saber intuitivo e superficial para um saber racional e mais seguro.
Isso, no entanto, aconteceu sem o rompimento brusco com todos os conhe-
cimentos do passado. Assim, durante muito tempo, os primeiros filósofos
gregos compartilharam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam
o conhecimento racional que caracterizaria a filosofia.

O homem queria uma nova explicação para o mundo, por isso partiu em
busca de verdades decorrentes de um pensamento lógico e coerente. Essa
busca o tornou cada vez mais exigente com o conhecimento que adquiria e
transmitia.

No início, o saber filosófico designava a totalidade do conhecimento


racional desenvolvido pelo homem. Abrangia os mais diversos tipos de
conhecimento que hoje entendemos como pertencentes à Matemática, à
Astronomia, à Física, à Biologia, à Lógica, à Ética etc. Todo o conjunto dos
conhecimentos racionais integrava o universo do saber filosófico.

Com o passar dos anos, muitos desses conhecimentos foram conquistando


autonomia e se desprenderam do saber filosófico. Assim, essas ciências
passaram a direcionar suas investigações a certos campos delimitados da

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 9


mais informações www.iesde.com.br
O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

realidade, e o fazem ainda hoje de forma cada vez mais “localizada”. Esse
processo continua evoluindo, de tal maneira, que o mundo atual caracteriza-
-se como a “era dos especialistas”. Essa especialização, no entanto, também
pode constituir-se num problema, pois conduz a uma pulverização do saber
e à perda da visão mais ampla do conhecimento humano (COTRIM, 1999).

Hoje, o homem busca um conhecimento que, além de ser verdadeiro,


deve ser específico nas diferentes áreas de interesse.

Todo o acúmulo e a especificidade do conhecimento geram a necessidade,


cada vez maior, de que o estudioso utilize mecanismos que facilitem e
colaborem com o seu trabalho de investigação, para que o conhecimento a
ser adquirido possa estar cada vez mais próximo da verdade.

Raciocínio lógico
O raciocínio lógico é a arte de bem pensar e, de acordo com Hegel (apud
CHAUÍ, 1998, p. 80), “de modo algum podemos renunciar ao pensamento”.
Para se ter uma ideia mais clara a respeito de raciocínio lógico, vejamos,
sinteticamente, o que é raciocínio e o que é lógica.

O raciocínio é um processo mental que consiste em encadear logicamente


dois ou mais juízos antecedentes, em busca de um juízo novo, denominado
conclusão ou inferência. Em lógica, tem o nome de argumentação, que é um
tipo de operação discursiva do pensamento. A argumentação consiste em
encadear logicamente juízos e deles tirar uma conclusão. Tradicionalmente,
dividimos os argumentos em dois tipos: os dedutivos e os indutivos.

A lógica é uma parte da filosofia, é a ciência do pensamento. Sua definição


geral pode ser a seguinte: “ciência que tem por objetivo determinar, por
entre todas as operações intelectuais que tendem para o conhecimento do
verdadeiro, as que são válidas, e as que não o são” (COTRIM, 1999, p. 303).

Para o filósofo grego Aristóteles (séc. IV a.C.), a lógica é um instrumento


para pensar melhor e, embora alguns filósofos anteriores a ele tenham
estabelecido algumas leis do pensamento, nenhum o fez com tal amplitude
e rigor. Por essa razão, “a lógica Aristotélica permaneceu através dos séculos
até os nossos dias” (ARANHA; MARTINS, 1999, p. 85). Essas contribuições
foram incorporadas e desenvolvidas pelos modernos métodos da lógica
matemática ou simbólica.

10 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

Raciocínio dedutivo
É o argumento cuja conclusão é inferida necessariamente de duas pre-
missas. É o raciocínio que nos permite tirar, de uma ou várias proposições,
uma conclusão que delas decorre logicamente. A Matemática, por exemplo,
usa predominantemente processos dedutivos de raciocínio.

O argumento dedutivo é aquele que se desenvolve de premissas gerais


para chegar a uma conclusão particular. Exemplo:

Premissa A: Todos os homens são mortais.


Premissa B: Epaminondas é homem.
Conclusão: Logo, Epaminondas é mortal.

A conclusão particular de que Epaminondas é mortal é necessária porque


deriva das premissas anteriores de que “todos os homens são mortais” e de
que “Epaminondas é homem”.

Raciocínio indutivo
É o raciocínio ou forma de conhecimento pelo qual passamos do particular
ao universal, do especial ao geral, do conhecimento dos fatos ao conhecimento
das leis.

O argumento indutivo é aquele que parte de proposições particulares para


chegar a uma conclusão geral. Exemplo:

Proposição A: O cobre, o zinco e a prata conduzem energia.


Proposição B: Ora, o cobre, o zinco e a prata são metais.
Conclusão: Logo, todo metal é condutor de energia.

Partindo da observação e análise dos fatos e fenômenos, podemos elaborar proposições


particulares verdadeiras. Com base nessas proposições, o argumento indutivo tende a
chegar a conclusões gerais apenas provavelmente verdadeiras, mas não seguramente
verdadeiras. (COTRIM, 1999, p. 312)

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 11


mais informações www.iesde.com.br
O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

Chauí (1998, p. 67) diz que a “indução realiza um caminho exatamente


contrário ao da dedução. Com a indução partimos de casos particulares
iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria
geral que explica e subordina todos esses casos particulares”.

O conhecimento de senso comum


O conhecimento de senso comum é a forma mais usual que o homem
utiliza para interpretar a si mesmo, seu mundo e o universo como um todo.
Essa produção de interpretações significativas, isto é, esse conhecimento, é o
do senso comum. Também é chamado de conhecimento ordinário, popular,
comum ou empírico (KÖCHE, 1997). O conhecimento do senso comum é o
“conhecimento do povo, obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É ame-
tódico e assistemático” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7).

Esse conhecimento surge como consequência da necessidade do homem


de resolver problemas imediatos, que aparecem na vida prática e decorrem do
contato direto com os fatos e fenômenos que vão acontecendo no dia a dia.
Na idade pré-histórica, por exemplo, o homem soube fazer uso das cavernas
para abrigar-se das intempéries e proteger-se da ameaça dos animais
selvagens. Progressivamente, foi aprendendo a dominar a natureza, inventou
a roda, meios mais eficazes de caça e de pesca, canoas para navegar nos lagos
e rios, instrumentos para o cultivo do solo e tantos outros. O uso da moeda,
o carro puxado por animais, o uso de remédios caseiros utilizando ervas
hoje classificadas como medicinais, a fabricação de utensílios domésticos,
o estabelecimento de normas e leis que regulamentavam a convivência dos
indivíduos no grupo social, são exemplos que demonstram como o homem
evoluiu historicamente buscando e produzindo um conhecimento útil
gerado pela necessidade de produzir soluções para os seus problemas de
sobrevivência (KÖCHE, 1997).

O conhecimento do senso comum é o resultado da necessidade de


resolver os problemas diários. Não é, portanto, programado ou planejado
antecipadamente. À medida que a vida vai acontecendo, ele se desenvolve,
seguindo a ordem natural dos acontecimentos. Nele, há uma tendência de
manter o sujeito que o elabora como um espectador passivo da realidade,
sem uma reflexão acerca do assunto. Por isso, o conhecimento do senso
comum caracteriza-se por ser elaborado de forma espontânea e instintiva.
Segundo Buzzi (apud KÖCHE, 1997, p. 24), “o conhecimento do senso comum
é um viver sem conhecer”.
12 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

Esse conhecimento permanece num nível superficial. Um viver sem conhecer


significa que o senso comum, quando busca informações e elabora soluções
para os seus problemas imediatos, não especifica as razões ou fundamentos
teóricos que demonstram ou justificam o seu uso, sua possível correção ou
confiabilidade, por não compreender e não saber explicar as relações que há
entre os fenômenos. No senso comum se utilizam, geralmente, conhecimentos
que funcionam razoavelmente bem na solução dos problemas imediatos,
apesar de não se compreender ou de se desconhecer as explicações a respeito
de seu sucesso. Esses conhecimentos, pelo fato de darem certo, t­ ransformam-
-se em convicções, em crenças que são repassadas de um indivíduo para o
outro e de uma geração para a outra (KÖCHE, 1997).

O conhecimento científico
O “conhecimento científico vai além do empírico, procurando conhecer
além do fenômeno, suas causas e leis” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7).

O conhecimento científico surge da necessidade de o homem compreender


os fenômenos de forma clara, a mais próxima da verdade. Ele sai de uma posição
meramente passiva. “Cabe ao homem, otimizando o uso da sua racionalidade,
propor uma forma sistemática, metódica e crítica da sua função de desvelar o
mundo, compreendê-lo, explicá-lo e dominá-lo” (KÖCHE, 1997, p. 24). O autor
diz,
[...] o que impulsiona o homem em direção à ciência é a necessidade de compreender a
cadeia de relações que se esconde por trás das aparências sensíveis dos objetos, fatos ou
fenômenos, captadas pela percepção sensorial e analisadas de forma superficial, subjetiva
e a crítica pelo senso comum. O homem quer ir além dessa forma de ver a realidade
imediatamente percebida e descobrir os princípios explicativos que servem de base para a
compreensão da organização, classificação e ordenação da natureza em que está inserido.
Não é a simples organização ou classificação que caracterizam um conhecimento
científico, mas a organização e classificação sustentadas em princípios explicativos. O
catálogo de um bibliotecário é um trabalho de grande valor e utilidade, sem, contudo,
poder ser chamado de ciência.

Por meio desses princípios, a realidade passa a ser percebida pelos olhos
da ciência não de uma forma desordenada e fragmentada, como ocorre
na visão subjetiva do senso comum, mas sob o enfoque de um princípio
explicativo que esclarece e proporciona a compreensão do tipo de relação
que se estabelece sobre os fatos, coisas e fenômenos, unificando a visão de
mundo. Nesse sentido, o conhecimento científico é expresso sob a forma de
enunciados que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos
e dos fenômenos relacionados a um problema (KÖCHE, 1997).

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 13


mais informações www.iesde.com.br
O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

O conhecimento científico é um produto resultante da investigação


científica. Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para
problemas de ordem prática da vida diária, característica do conhecimento
do senso comum, mas do desejo e da necessidade de fornecer explicações
sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas.
É um produto da necessidade de se alcançar um conhecimento “seguro”.
Pode surgir como problema de investigação, também das experiências e crenças do senso
comum [...]. A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos
existentes, originários das crenças do senso comum, das religiões ou da mitologia,
são insuficientes e impotentes para explicar os problemas e as dúvidas que surgem. A
investigação científica é a construção e a busca de um saber que acontece no momento
em que se reconhece a ineficácia dos conhecimentos existentes, incapazes de responder de
forma consistente e justificável às perguntas e dúvidas levantadas. (KÖCHE, 1997, p. 24)

A metodologia científica
A metodologia trata das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedi-
mentos, das ferramentas e dos caminhos para se atingir a realidade teórica e
prática, pois essa é a finalidade da ciência (DEMO, 1985).

Quando nos decidimos a fazer ciência, é importante chegarmos a um


determinado lugar previamente proposto. Para tanto, a metodologia oferece
vários caminhos. Cabe ao estudioso, ao cientista, escolher e usar a alternativa
mais adequada ao seu trabalho.

É essencial entendermos a importância da metodologia para a formação


do cientista; ela é condição fundamental de seu amadurecimento como
personalidade científica. Quando o cientista segue um método específico,
promove o espírito crítico, capaz de realizar a autoconsciência do trajeto feito
e por fazer. Também delimita sua criatividade e sua potencialidade no espaço
de trabalho. A ciência propõe-se a captar e manipular a realidade assim como
ela é. Segundo Demo (1985), a metodologia desenvolve a preocupação em
torno de “como” chegar a essa realidade.

Mais do que uma disciplina, a metodologia científica nos introduz no


mundo dos procedimentos sistemáticos e racionais, base da formação tanto
do estudioso quanto do profissional, pois ambos atuam, além da prática, no
mundo das ideias. Pode-se afirmar até que a prática nasce da concepção
sobre o que deve ser realizado e qualquer tomada de decisão fundamenta-
-se naquilo que se afirma como o mais lógico, racional, eficiente e eficaz.

14 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

Os trabalhos científicos mais comuns são:


 resenha – resumo crítico de determinado livro. Geralmente é requerida
como tarefa intermediária complementar a uma disciplina de curso ou
é solicitada como artigo para divulgação em publicações periódicas
especializadas;
 revisão bibliográfica – discute as contribuições de vários autores sobre
um tema específico. Geralmente, é preparada logo após a conclusão
do projeto de pesquisa e poderá figurar como um capítulo do trabalho
final;
 projeto de pesquisa – é o planejamento da pesquisa propriamente
dito, dele constando elementos como delimitação, fontes, metodologia,
cronograma, entre outros. É solicitado como a primeira etapa de
qualquer pesquisa a ser desenvolvida;
 monografia – é o relato de uma pesquisa, geralmente escrita como
tarefa final de uma disciplina, de um curso de graduação ou de espe-
cialização;
 dissertação – é o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto
de mestrado;
 tese – é o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de
doutorado.

As diretrizes aqui apresentadas facilitam o procedimento na elaboração


de trabalhos científicos. Presume-se, portanto, que a sua ausência dificulta o
trabalho do estudante, transtorna a tarefa dos professores, complica a catalo-
gação e armazenagem dos textos e prejudica a disseminação da informação.
“Elas não devem ser tomadas como uma ´camisa de força`, mas como um con-
junto de orientações a serem seguidas.” (AZEVEDO, 2000, p. 10).

Síntese
 O estudo da Metodologia Científica estimula a reflexão, que propicia
a descoberta da realidade que nos rodeia.

 Os fundamentos da Metodologia Científica fornecem instrumentos


para a comprovação de hipóteses que fazemos sobre a realidade.

 Os procedimentos em Metodologia Científica orientam-nos na análise


e na apresentação dos resultados da investigação científica.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 15


mais informações www.iesde.com.br
O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

Ampliando seus conhecimentos

A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o sentido do mistério.


É a fonte de toda verdadeira arte e de toda verdadeira ciência. Quem nunca
experimentou essa sensação, encontra-se como que morto: seus olhos estão
fechados. [...] Saber que aquilo, que para nós é impenetrável, existe realmente e
se manifesta com a mais alta sabedoria e a mais radiante beleza que os nossos
pobres sentidos conseguem perceber somente em suas formas primitivas,
essa consciência, esse sentimento, é a essência da verdadeira religiosidade.
Albert Einstein

Atividades de aplicação
1. Sinopse: Por causa de uma briga, apaga-se o fogo de uma tribo pré-
-histórica, que só sabia conservá-lo, não reproduzi-lo. (A GUERRA do Fogo.
Direção: Jean-Jacques Annaud. França/Canadá, 1981. 1 filme (96 min.))

O filme apresenta as principais hipóteses de evolução da humanidade a


partir, ou em função, da descoberta da tecnologia do fogo. Assista ao filme
e reflita sobre a evolução do homem.

2. Pense e discuta com os seus colegas:

a) Qual é o sentido do ser humano pensar sobre seus problemas e seus


questionamentos?

b) É possível entender um problema sem saber a resposta dele?

c) Existe um método para desvendar mistérios?

d) Qual é a sua atitude diante do mistério?

Referências
ARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introdução à filosofia.
2. ed. São Paulo: Moderna, 1999.

AZEVEDO, Israel B. O Prazer da Produção Científica. 8. ed. São Paulo: Prazer de


Ler, 2000.

16 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 3. ed. São
Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Makron


Books, 1996.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 1998.

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da Ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas,


1985.

______. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2001.

KÖCHE. José C. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e


prática da pesquisa. Petrópolis: Vozes, 1997.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 17


mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
O método científico e a pesquisa

Na Grécia antiga, a palavra methodos significava “caminho para se chegar


a um fim”. Hoje, depois de tantos anos, o seu significado estendeu-se um
pouco mais e vários autores apresentaram diferentes definições para essa
palavra. No entanto, o conceito de método continua tendo uma ligação
muito forte com o sentido grego original, e é precisamente esse ponto que
nos interessa: falar do método como um caminho para se chegar a um fim.

Todos nós conhecemos muitos métodos. Eles fazem parte da nossa vida.
Galliano (1986, p. 4) diz que “qualquer pessoa civilizada é uma espécie de ilha
cercada de métodos por todos o lados, ainda que nem sempre tenha cons-
ciência disso”. Do momento em que acordamos pela manhã, todas as nossas
ações seguem métodos para que possam ser realizadas adequadamente.
Desde preparar uma refeição, dirigir um carro, até estudar ou trabalhar, o
método está sempre presente em nossas vidas.

O método, portanto, constitui um dos pontos centrais nas formas de


conhecimento do ser humano. Ao levarmos esse conceito para a aquisição do
conhecimento em ciência, teremos um método chamado científico. Este, por
sua vez, caracteriza-se por um conjunto de procedimentos racionais e pre-
estipulados de que o pesquisador se utiliza para atingir uma determinada
meta.

Em linhas gerais, o método científico é um instrumento utilizado pela ciência


na sondagem da realidade, e para tanto, os cientistas adotam os seguintes
passos:

 proposição de uma pergunta;

 formulação de uma hipótese (por indução);

 testes por meio de experimentos ou de novas observações;

 conclusões sobre a validade ou não da hipótese.

Existem vários tipos de métodos científicos, mas vamos analisar apenas


um deles, o método experimental.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 19


mais informações www.iesde.com.br
O método científico e a pesquisa

Método experimental
Em tese, o método experimental se caracteriza pelas seguintes etapas:
observação, hipótese, experimentação, generalização (lei e teoria). Na prática,
porém, o processo não se realiza necessariamente nessa ordem, podendo
variar conforme as circunstâncias.

 Observação e hipótese: nem sempre o pesquisador começa o seu


trabalho pela observação dos fatos, para depois realizar a seleção de
dados.
Entre os tantos fatos com os quais o pesquisador se depara, a questão
mais importante é saber selecionar os mais relevantes. Ora, como con-
siderar a relevância de um fato, a não ser que já tenha algumas hipóte-
ses preliminares orientando o seu olhar?
Portanto, observação e hipótese se acham sempre relacionadas de
maneira recíproca. Se de início a hipótese orienta a seleção dos fatos,
em outro momento da pesquisa ela tem o papel de reorganizar esses
fatos, dando-lhes uma interpretação provisória como proposta anteci-
pada de solução do problema.
A intuição e a “iluminação súbita” (insight) nas descobertas científicas
são precedidas por longo trabalho e rigorosa elaboração conceitual.
Além disso, para ser científica, a hipótese precisa ser verificada e con-
firmada pelos fatos e validada pela comunidade intelectual (ARANHA;
MARTINS, 1999).

 Confirmação da hipótese: a verificação da hipótese é feita de inúmeras


maneiras, dependendo das técnicas disponíveis e também do tipo de
ciência considerado. Por exemplo, em Astronomia, a confirmação só se
faz mediante nova observação. Assim, outros tipos de ciência também
terão suas formas específicas de verificação das hipóteses.

 Generalização: Caso a hipótese referente à elucidação de um fenô-


meno não se confirme pela experimentação, o trabalho deve ser reco-
meçado. Somente quando o resultado for positivo, será possível fazer
generalizações ou formular leis pelas quais são descritas as regulari-
dades dos fenômenos.

A grande força do método científico está na possibilidade de descoberta


das relações constantes e necessárias entre os fenômenos. Assim, se estabe-
lecem as leis que permitem a previsibilidade da natureza.

20 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
O método científico e a pesquisa

O caráter provisório da ciência


Apesar do rigor do método científico, não convém concluir que a ciência é
um conhecimento certo e definitivo. A ciência avança em contínuo processo
de investigação que supõe alterações e ampliações necessárias diante de
novas situações e em diferentes épocas. Assim, à medida em que surgem
fatos novos, ou quando são inventados outros instrumentos de investigação,
a ciência vai se alterando e adaptando, propiciando novos conhecimentos.

Pesquisa
A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas. Assim,
ela parte de uma dúvida ou de um problema, buscando uma resposta ou
solução, com o uso do método científico. Pesquisa também é uma forma
de obtenção de conhecimentos e descobertas acerca de um determinado
assunto ou fato. Existem vários tipos de pesquisa:

Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica deve ser somada, necessariamente, a todo e
qualquer outro tipo de pesquisa ou trabalho científico, constituindo uma
base teórica para o desenvolvimento de todo trabalho de investigação
em ciência. Ela abrange toda bibliografia já tornada pública em relação
ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas,
livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc.; até meios de
comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética; e audiovisuais: filmes
e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com
tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive
conferências seguidas de debates que tenham sido transcritas de alguma
forma, quer publicadas quer gravadas.

A pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito


sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou
abordagem, chegando a conclusões inovadoras. É necessário refletir sobre
ela para que se possa articular e correlacionar as informações obtidas com o
objeto de estudo.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 21


mais informações www.iesde.com.br
O método científico e a pesquisa

Pesquisa documental
A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados
está restrita a documentos, escritos ou não. Estas podem ser feitas no momento
em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. São compiladas pelo autor.
Exemplos: estatísticas, cartas, contratos, fotografias, filmes, mapas etc.

Pesquisa descritiva
A pesquisa descritiva, conforme diz o próprio nome, descreve uma reali-
dade tal como esta se apresenta, conhecendo-a e interpretando-a por meio
da observação, do registro e da análise dos fatos ou fenômenos (variáveis).
Ela procura responder questões do tipo “o que ocorre” na vida social, política,
e econômica, sem, no entanto, interferir nessa realidade.

Os dados dessa pesquisa ocorrem em seu habitat natural. Eles precisam ser
coletados e registrados ordenadamente para seu estudo. A pesquisa descritiva
pode ter os objetivos de:
 familiarizar-se com um fenômeno ou descobrir nova percepção do
mesmo;
 saber atitudes, pontos de vista e preferências das pessoas;
 conhecer a motivação das pessoas para determinadas ações;
 fazer um estudo de caso sobre um determinado indivíduo, comunidade
ou empresa.

Pesquisa experimental
É aquela que manipula deliberadamente algum aspecto da realidade, a
partir de condições anteriormente definidas. Esse tipo de pesquisa busca
estabelecer relações de causa e efeito, ou seja, procura responder “por
que” um fenômeno ocorre. Para desenvolver uma pesquisa experimental, é
preciso ­realizar um experimento, que deverá acontecer em ambiente natural
(pesquisa de campo), ou em laboratório (pesquisa de laboratório).

Pesquisa de campo
Esse tipo de pesquisa consiste na observação de fatos e fenômenos tal
como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no
registro de variáveis que se presumem relevantes para os analisar. Não deve
ser confundida com a simples coleta de dados.
22 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
O método científico e a pesquisa

O objetivo da pesquisa de campo é conseguir informações e/ou


conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta,
ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos
fenômenos ou as relações entre eles.

As fases da pesquisa de campo requerem a realização de uma pesquisa


bibliográfica. Esta permitirá que se estabeleça um modelo teórico inicial
de referência, que auxiliará na determinação das variáveis e elaboração
do plano geral da pesquisa. Devem-se determinar as técnicas que serão
empregadas na coleta de dados e na determinação da amostra, que deverá
ser representativa e suficiente para apoiar as conclusões.

Por último, antes que se realize a coleta de dados, é preciso estabelecer


tanto as técnicas de registro desses dados como as técnicas que serão utili-
zadas em sua análise posterior.

Pesquisa de laboratório
A pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação mais
difícil, porém mais exato. Ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá em
situações controladas. Exige instrumental específico, preciso, e ambientes
adequados.

O objetivo da pesquisa de laboratório depende daquilo que o pesquisador


se propôs a alcançar e que deve ser previamente estabelecido. As técnicas
utilizadas também variam de acordo com o estudo a ser feito.

Na pesquisa de laboratório, as experiências são efetuadas em recintos


fechados (casas, laboratórios, salas) ou ao ar livre; em ambientes artificiais
ou reais, de acordo com o campo da ciência que está realizando-as, e se
restringem a determinadas manipulações.

A pesquisa de laboratório pode ser feita com pessoas, animais, vegetais


ou minerais.

No laboratório, o cientista pode observar, medir e chegar a certos resultados,


sejam eles esperados ou inesperados (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Não existe um método de pesquisa perfeito. Cabe ao pesquisador analisar


cuidadosamente o seu objeto de pesquisa bem como os seus propósitos,
para melhor definir a sua escolha metodológica.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 23


mais informações www.iesde.com.br
O método científico e a pesquisa

Ampliando seus conhecimentos

Generalidades introdutórias sobre o método


(RUIZ, 2002)

O método constitui característica tão importante da ciência que, não raro,


identificamos ciência com seu método. Cumpre, pois, que o destaquemos
para um breve estudo.

A palavra método é de origem grega e significa o conjunto de etapas e


processos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na
procura da verdade.

Os diversos passos do método científico não foram estabelecidos aprio-


risticamente; de fato, os homens procuraram agir cientificamente e só depois
pararam para examinar o caminho que conduzira seu trabalho ao êxito. Assim,
surgiu o método ou o traçado fundamental do caminho a percorrer na pes-
quisa científica.

Não foi somente com o método que tal fenômeno de reflexão e sistema-
tização ocorreu, pois o homem primeiro viveu, e só depois estudou a vida:
primeiro viveu moralmente, e só depois sistematizou a moral, primeiro racio-
cinou com lógica espontânea ou natural, e só depois definiu as leis do racio-
cínio; assim, também, o homem primeiro agiu metodicamente, e só depois
estruturou os passos e exigências do método científico.

A importância do método
O método confere segurança e é fator de economia na pesquisa, no estudo,
na aprendizagem. Estabelecido e aprimorado pela contribuição cumulativa
dos antepassados, não pode ser ignorado hoje, em seus delineamentos gerais,
sob pena de insucesso.

Entretanto, se, por um lado, pode ser aceita a opinião de que “um espírito
medíocre, mas guiado por um bom método, fará muitas vezes mais progressos
nas ciências que outro mais brilhante que caminha ao acaso”, por outro lado, é
preciso não exagerar a importância do método ou sua eficácia incondicional.
O método é um extraordinário instrumento de trabalho que ajuda, mas não

24 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
O método científico e a pesquisa

substitui por si só o talento do pesquisador. O melhor será que o espírito


talentoso não caminhe ao acaso ou às apalpadelas, mas aceite a contribuição
do método para conseguir progressos nas ciências.

Método é um “conjunto de normas padrão que devem ser satisfeitas, caso


se deseje que a pesquisa seja tida por adequadamente conduzida e capaz de
levar a conclusões merecedoras de adesão racional.”

Atividade de aplicação
1. Em grupos de três ou quatro alunos, exponha e discuta:

a) Um problema de seu interesse para estudo.

b) Quais os tipos de pesquisas adequados para a possível solução


desse problema?

Referências
ARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introdução à filosofia.
2. ed. São Paulo: Moderna, 1999.

GALLIANO, A. Guilherme. O Método Científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra,


1986.

LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Científica.


3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos.
5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 25


mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
O tema de uma pesquisa:
problema, hipóteses e variáveis

Toda pesquisa tem o seu início estabelecido a partir da escolha de um


tema. Esse tema, por sua vez, deve ter algumas características que viabilizem
a realização da pesquisa. Somente após a realização dessa etapa é que o pes-
quisador pode dar início à elaboração do plano de trabalho.

A escolha do tema
A escolha do tema deve estar ligada à área de atuação profissional, ou
que faça parte da experiência pessoal do estudante. Isso torna o trabalho de
desenvolvimento monográfico muito mais interessante e eficiente, porque o
estudante já possui conhecimentos prévios que poderão facilitar a interpretação
de textos, ideias e jargões da área, além de orientar a busca de bibliografia e
consulta a profissionais especializados.

A pesquisa de material escrito, livros, revistas, periódicos, jornais etc.,


representa uma excelente fonte de ideias para escolha do tema/assunto
a ser pesquisado. Pode-se iniciar a busca consultando os próprios livros,
lembrando­ que cada nova leitura de um texto traz novas ideias, análises e
interpretações (MARTINS; LINTZ, 2000).

Algumas fontes de ideias para a escolha de um tema:

 experiências individuais;
 material escrito em livros, revistas, periódicos etc.;
 diálogos com professores, autoridades e colegas de curso;
 observação direta do comportamento de fenômenos e fatos;
 senso comum;
 participação em seminários, encontros, congressos etc.;
 reflexão.

Uma vez perguntaram a Newton como ele havia descoberto a lei da gravi-
dade, e ele respondeu: “Pensando sobre ela”. Assim, percebe-se que a reflexão
é, sem dúvida, uma rica fonte de ideias. Com apoio na reflexão, podem surgir
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 27
mais informações www.iesde.com.br
O tema de uma pesquisa: problema, hipóteses e variáveis

hipóteses sobre relações imprevistas, dúvidas de entendimento, descober-


ta de falhas ou subjetividades em certas teorias, e tantas outras questões
relevantes.

O senso comum, apesar de ser chamado de inimigo da ciência, também


pode trazer ideias para serem pesquisadas cientificamente.

Predicados de um bom tema


Quando da escolha de um tema, é preciso estar ciente de que tal assunto
necessita de discussão, investigação, decisão ou solução. Assim, deve-se
refle­tir se o foco de estudo possui:
 viabilidade – o tema escolhido deve estar relacionado às evidências
empíricas que permitam observações, testes e validações;
 importância – o tema é importante quando, de alguma forma, está
relacionado a uma questão que polariza, ou afeta, um segmento subs-
tancial da sociedade;
 originalidade – um tema é original quando há indicadores de que
seus resultados irão causar alguma surpresa. Isto é, se “há possibili-
dades de encontrar novos resultados ainda não disseminados no am-
biente científico-profissional” (MARTINS; LINTZ, 2000, p. 24).

Por fim, é de suma importância que o tema tenha um foco de estudo res-
trito. Isso proporcionará ao pesquisador mais segurança e facilidade na rea-
lização da pesquisa.

Martins e Lintz (2000, p. 25) comparam o processo de escolha de um tema de


pesquisa com “a elaboração de um roteiro para iluminação de uma peça ­teatral”.
Os autores afirmam que, com criatividade e perspicácia, deve-se escolher onde
“jogar a luz” (ou a câmera), ou seja, “buscar uma perspectiva que possibilite dizer
algo que ainda não foi dito, ou rever sob outra visão, o que já foi dito sobre o
tema que você pretende investigar” (MARTINS; LINTZ, 2000, p. 25).

Evite:
 tema que fale de muitas coisas;

 questões que envolvam juízo de valor;

 simples suspeitas, vagas sensações, primeiras impressões.

28 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
O tema de uma pesquisa: problema, hipóteses e variáveis

Como formular um problema?


Não é fácil formular um problema. Para alguns, isso implica o exercício
de certa capacidade que não é muito comum nos seres humanos. Todavia,
não há como deixar de reconhecer que o treinamento desempenha papel
fundamental nesse processo.

Existem algumas condições que facilitam essa tarefa, tais como: imersão
sistemática no objeto, estudo da literatura existente e discussão com ­pessoas
que acumulam muita experiência prática no campo de estudo.

Algumas regras práticas para a formulação de problemas científicos


(GIL,1996, p. 29):

 O problema deve ser formulado como pergunta


Exemplo: Se alguém disser que vai pesquisar a “falência das empresas”,
pouco estará dizendo. Mas, se propuser: “Que fatores provocam a
falência das empresas?”, então estará efetivamente propondo um
problema de pesquisa.

 O problema deve ser claro e preciso


Exemplo: “Como funciona a mente?”. Esse não é um problema claro, e
também não é preciso, portanto, não pode ser proposto. Ele deve ser
reformulado para: “Que mecanismos psicológicos podem ser identifi-
cados no processo de memorização?”

 O problema deve ser empírico


Os problemas científicos não devem se referir a valores. Exemplo:
“Os alunos de escolas particulares são mais inteligentes que os alunos
de escolas públicas?”. Problemas desse tipo conduzem a julgamentos
morais e, consequentemente, a considerações subjetivas, invalidando
os propósitos da investigação científica, a qual deve ser objetiva.

 O problema deve ser suscetível de solução


Para formular adequadamente um problema é preciso que se tenha
ideia de como seria possível coletar os dados necessários à sua reso-
lução. Exemplo: “Ligando-se o nervo ótico às áreas auditivas do cérebro,
a visão seria sentida auditivamente?”. Essa pergunta só poderia ser res-
pondida se a tecnologia dispusesse de instrumentos capazes de obter
tais dados, portanto, não é possível de ser realizada.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 29


mais informações www.iesde.com.br
O tema de uma pesquisa: problema, hipóteses e variáveis

 O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável


Exemplo: “Em que pensam os jovens?”. É um problema muito amplo.
Seria necessário delimitar a população de jovens a serem pesquisados:
faixa etária, localidade abrangida etc. (GIL, 1996, p. 32).

Caso o problema proposto não se adapte a essas regras, não precisa ser
afastado. O melhor é proceder à sua reformulação ou esclarecimento.

Como construir hipóteses?


Após a colocação de um problema solucionável, o passo seguinte consis-
te em oferecer uma solução possível, por meio de uma proposição que será
declarada verdadeira ou falsa ao final da pesquisa. A essa proposição dá-se o
nome de hipótese. Assim, a hipótese é a proposição testável que pode vir a
ser a solução do problema.

Como ilustração considere-se o seguinte problema: Quem se interessa


por Marketing? A hipótese poderia ser a seguinte: “Pessoas que trabalham
em campanhas publicitárias tendem a manifestar interesse por Marketing”.
Suponha-se que mediante a coleta e a análise dos dados a hipótese tenha
sido confirmada. Nesse caso, o problema terá sido solucionado porque a
pergunta formulada pôde ser respondida. Pode ocorrer, no entanto, que
não se consiga obter informações claras que indiquem ser aquela qualidade
fator determinante no interesse por Marketing. “Neste caso, a hipótese
não terá sido confirmada e, consequentemente, o problema não terá sido
solucionado” (GIL, 1996, p. 35).

Não há regras para se construir hipóteses. Seu processo de elaboração


é de natureza criativa, por essa razão, é frequentemente associado a certa
qualidade de “gênio”. Entretanto, em boa parte dos casos a qualidade mais
requerida do pesquisador é a experiência na área (GIL, 1996).

Variáveis
O pesquisador científico precisa determinar quais são os componentes
dos elementos que serão investigados, bem como a precisão utilizada para
a mensuração do objeto de estudo. Para tanto, é necessário determinar as
variáveis da pesquisa para que estas possam permitir maior clareza e confia-
bilidade nos resultados da pesquisa.

30 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
O tema de uma pesquisa: problema, hipóteses e variáveis

O termo variável é muito empregado na linguagem científica. Seu objetivo


é o de conferir maior precisão aos enunciados científicos, sejam eles hipóteses,
teorias, leis, princípios ou generalizações (GIL, 1996).

O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes


aspectos, valores e posições, segundo os casos particulares ou as circunstân-
cias. Assim, a idade é uma variável porque pode abranger diferentes valores.
Outros exemplos de variáveis podem ser estatura, peso, sexo, temperatura,
classe social, salário, profissão, cor etc., desde que se destaquem os valores
que contêm.

Podem-se destacar as variáveis de duas formas específicas. A primeira é


aquela em que as variáveis não descrevem nenhuma função. Esse tipo de
variável é chamada de genérica. É o que acontece na pesquisa descritiva, em
que não existem relações entre as diversas variáveis. Exemplo:

“O conceito que os alunos de Economia têm sobre desenvolvimento


econômico.”

Variáveis: nível social da família, religião, contato anterior com a área.

A segunda forma de se nomear as variáveis é aquela que considera sua


função na relação causa-efeito. É o que acontece na pesquisa experimental,
em que existem relações entre as variáveis, que podem ser de causa, depen-
dência, influência etc. Exemplo:

“A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos filhos.”

Variável independente (VI): classe social.

Variável dependente (VD): tempo de amamentação.

De acordo com a sua função na relação causa-efeito, as variáveis podem


ser classificadas em três tipos: variável independente, variável dependente e
variável interveniente.

 Variável Independente (VI) é o fator que, provavelmente, será o


responsável (causa) pelas modificações em outro fenômeno observado
e sempre antecede o efeito no tempo. É aquilo que se supõe ser a causa.
Recebe a denominação de variável independente por não possuir
nenhuma condição anterior necessária para a sua ocorrência.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 31
mais informações www.iesde.com.br
O tema de uma pesquisa: problema, hipóteses e variáveis

 Variável Dependente (VD) é o fator que, provavelmente, será alterado


pelo experimento (efeito). O efeito recebe a nomenclatura de variável
dependente, uma vez que depende diretamente da causa (VI). Existe
uma relação direta de dependência desta variável em relação à variável
independente (VI). Sem a ocorrência da VI, não haverá ocorrência da VD.

 Variável Interveniente (VIn) é o fator que modifica a variável depen-


dente sem que tenha havido modificação na variável independente.
Apesar de não ser manipulada ou deliberadamente incluída pelo pes-
quisador, ocorreu (ou pode vir a ocorrer) e influenciou na variabilidade
dos dados assumidos pela VD. A variável interveniente recebe esse nome
uma vez que, quando ocorre, ela intervém na relação entre a VI e a VD,
alterando essa relação. A variável interveniente só ocorre por dois mo-
tivos: por conta do acaso ou por erro do pesquisador (CAMPOS, 2001).
Exemplo:

“A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação


dos filhos.”

Suponha-se que nesta experiência, depois de um número “x”


de participantes, o pesquisador já tenha os dados indicando a
validade da sua experiência. Entretanto, na testagem das pró-
ximas 5 participantes, o pesquisador percebe que nem houve
amamentação porque as mães eram portadoras do vírus HIV
(condição não observada no restante do grupo). Nesse caso, a
experiência falhou, e revelou a “contaminação pelo HIV” como
uma variável interveniente (VIn).

A percepção acerca da função das variáveis é fundamental nas relações


causais, sendo importante que o pesquisador garanta que os resultados não
sejam explicados pela ocorrência de uma variável interveniente. É preciso
tomar cuidado e garantir que não haja nenhuma interferência externa que
possa influir na relação que se deseja testar.

32 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
O tema de uma pesquisa: problema, hipóteses e variáveis

Atividades de aplicação
1. Em grupos de três ou quatro alunos, exponha e discuta um tema para
estudo, extraído da sua área de atuação profissional. Após a discussão,
cada aluno defende a sua ideia, explicando a importância do tema e a sua
viabilidade de estudo ou pesquisa.

2. Imagine que numa pesquisa a respeito do analfabetismo, temos a seguinte


hipótese: “Países economicamente desenvolvidos apresentam baixos
índices de analfabetismo”. A partir dessa hipótese, aponte as variáveis
existentes e explique o porquê.

3. Leitura do livro: GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa.


3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

Nessa obra o autor expõe, de maneira clara e direta, vários procedimentos


pertinentes à elaboração de um projeto de pesquisa. As orientações são
práticas, uma vez que esclarecem e facilitam o trabalho de pesquisa do
estudante.

Referências
CAMPOS, Luiz F. de Lara. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Psicologia. 2. ed.
Campinas: Alínea, 2001.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1996.

MARTINS, Gilberto A.; LINTZ, Alexandre. Guia para Elaboração de Monografias


e Trabalhos de Conclusão de Curso. São Paulo: Atlas, 2000.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 33


mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Métodos quantitativos,
qualitativos e coleta de dados

Método quantitativo
É aquele que se baseia em dados mensuráveis das variáveis, procurando
verificar e explicar sua existência, relação ou influência sobre outra variável.
Quando uma pesquisa se vale desse tipo de método, ela busca analisar a
frequência de ocorrência para medir a veracidade ou não daquilo que está
sendo investigado.

Esse método utiliza técnicas específicas de mensuração, tais como ques-


tionários com respostas de múltipla escolha, por exemplo. Faz uso de cálculos
de média e proporções, elaboração de índices e escalas, procedimentos
estatísticos.

Esse caminho de investigação exige um número significativo de partici-


pantes para que se possa produzir dados. A pesquisa quantitativa procura
estabelecer uma regra, um princípio, algo que reflita a uniformidade do
fenômeno (ou parte dele), preocupando-se com o que é comum à maioria
das situações (CAMPOS, 2001). A pesquisa quantitativa é adequada para a
regularidade de um fenômeno e não as suas possíveis exceções.

Método qualitativo
Recebe esse nome pelo fato de se fundamentar em uma estratégia base-
ada em dados coletados em interações sociais ou interpessoais, analisadas a
partir dos significados que participantes e/ou pesquisador atribuem ao fato
(CHIZZOTI apud CAMPOS, 2001). Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador se
propõe a participar, compreender e interpretar as informações.

Os recursos disponíveis para esse tipo de método são entrevistas,


observações, questionários abertos, interpretação de formas de expressão
visual como fotografias e pinturas, e estudos de caso. Os procedimentos são
interpretativos.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 35


mais informações www.iesde.com.br
Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

O método qualitativo recebe muitas críticas por se considerar que o pes-


quisador, como única fonte de interpretação dos dados, pode não ter um
nível de compreensão científica significativa exigida para tal desempenho.
Além disso, ele pode imprimir a sua subjetividade na análise dos resultados,
impedindo, dessa forma, a sua replicação, uma vez que outro pesquisador
não observará necessariamente os mesmos aspectos do pesquisador original.
Todas essas questões poderiam comprometer a cientificidade das conclusões
do estudo.

De qualquer maneira, é o pesquisador que deve decidir, de acordo com a


natureza da sua pesquisa, qual método adotar. O importante nessa escolha
é o rigor científico aplicado ao longo da experiência e a coerência absoluta
com os seus objetivos preestabelecidos. Ademais, sabe-se que os dois
métodos têm a possibilidade de se complementar, oferecendo resultados
que possam ser cruzados em diferentes etapas de uma outra pesquisa. Por
exemplo: dados decorrentes de análises quantitativas podem contribuir com
estudos qualitativos.

Coleta de dados
A coleta de dados é a fase da pesquisa que tem por objetivo obter informa-
ções sobre a realidade. Conforme as informações necessárias, existem diversos
instrumentos e formas de operá-los. Nas ciências humanas, o questionário e a
entrevista são os mais frequentes instrumentos para coleta de dados. As suas
respostas dão ao pesquisador a informação necessária para o desenvolvimento
do estudo. “O conhecimento assim obtido refere-se à expressão verbal do fato,
pelo entrevistado, sendo que na maioria das vezes, o pesquisador não observou
os acontecimentos diretamente” (DENKER, 1998, p.137).

Entrevista
A entrevista é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com
um grau de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a obtenção
de informações de pesquisa. É uma conversa orientada para um objetivo
definido, como receber informações relacionadas a um determinado assunto,
por exemplo.

As perguntas são feitas oralmente e as respostas são registradas pelo pes-


quisador, por escrito ou com um gravador, se o entrevistado assim o permitir.

36 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

É importante lembrar que o entrevistador deve apenas coletar dados, e não


os discutir com o entrevistado. Disso se conclui que o entrevistador deve
falar pouco e ouvir muito. A entrevista pode ser:

Estruturada
Consiste de perguntas determinadas, isto é, apresenta uma série de
perguntas conforme um roteiro preestabelecido. Esse roteiro deverá ser
aplicado a todos os entrevistados, sem alteração do teor ou da ordem das
perguntas, a fim de que se possam comparar as diferenças entre as respostas
dos vários entrevistados.

Não estruturada
Consiste de uma conversação informal que pode ser alimentada por per-
guntas abertas ou de sentido genérico, proporcionando maior liberdade
para o entrevistado. Esse tipo de entrevista é mais difícil de ser tabulada. Há
uma dificuldade de contar com pesquisadores preparados para essa tarefa;
por essa razão, o mais recomendável é a utilização da entrevista estruturada.
Exemplo de pergunta não estruturada:

 Em sua opinião, o que é turismo e como ele pode contribuir para o


desenvolvimento dos municípios?

 Conhece as leis de incentivo fiscal ao turismo?

 Em caso afirmativo: Qual é a sua opinião sobre esse incentivo?

Vantagens da entrevista:
 por sua flexibilidade, permite maior sinceridade de expressão, adequa-
da para obter informações de indivíduos mais complexos e emotivos,
ou para comprovar os sentimentos subjacentes a uma opinião;

 as perguntas são melhor entendidas e as informações são mais precisas;

 aplicável a analfabetos;

 permite observação e registro sobre aparência, comportamento e ati-


tudes do entrevistado.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 37
mais informações www.iesde.com.br
Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

Desvantagens da entrevista:
 são mais dispendiosas e demoradas.

 precisam de mais habilidade para a aplicação.

 o respondente tem mais inibição.

 devido à flexibilidade, é difícil a comparação entre uma entrevista e


outra.

Questionário
O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita
medir com exatidão o que se deseja. A finalidade do questionário é obter,
de maneira sistemática e ordenada, informações sobre as variáveis que
intervêm em uma investigação, em relação à uma população ou amostra
determinada.

Essas informações dizem respeito, por exemplo, a quem são as pessoas, o


que fazem, o que pensam, suas opiniões, sentimentos, esperanças, desejos etc.

Os questionários são impressos e respondidos pelos participantes,


devendo por esse motivo constar no seu início uma explicação resumida dos
objetivos da pesquisa, instrução para o preenchimento e agradecimento.
Boa parte do êxito da investigação depende da redação do questionário,
que deve conter um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas
com um problema central (DENCKER, 1998).

Como elaborar um questionário:


 perguntas ordenadas em sequência lógica;

 perguntas que realmente tenham relação com o objetivo de estudo;

 começar com perguntas fáceis, deixando as mais difíceis para o fim;

 começar com perguntas mais impessoais, deixando as de cunho mais


íntimo para o fim;

 verificar se o participante tem condições de responder às questões.

No início do questionário, colocar as informações que servem para carac-


terizar o informante: sexo, idade, estado civil. No caso de solicitar-se o nome,
38 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

verificar se a identificação do respondente é necessária. Quando o partici-


pante não é identificado, as respostas são mais livres e sinceras.

Quanto ao tipo de perguntas, elas podem ser:

 fechadas – (ou com alternativas fixas) são aquelas que limitam as res-
postas às alternativas apresentadas – são muito usadas. Podem ter
apenas duas alternativas: sim e não (dicotômicas), ou várias. Destinam-
-se a obter respostas mais precisas. Exemplo:

Seu nível de escolaridade é de:


Ensino Fundamental Ensino Médio Graduação Pós-Graduação

 abertas – destinam-se a obter uma resposta livre. Exemplo:

De que você gosta mais na cidade?

As respostas fechadas são padronizadas, de fácil aplicação, fáceis de codi-


ficar e analisar, porém oferecem dados menos exatos. As perguntas abertas
são destinadas à obtenção de respostas livres. Embora possibilitem recolher
dados ou informações mais ricas e variadas, são codificadas e analisadas com
maiores dificuldades (CERVO; BERVIAN, 1996).

Vantagens do questionário:
 mais rápido;

 grande número de participantes;

 obtém dados de longe;

 menos inibição do respondente.

Desvantagens do questionário:
 perguntas mal interpretadas ou dados inexatos;

 não aplicável a analfabetos;

 sem observações complementares.


Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 39
mais informações www.iesde.com.br
Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

Idas a campo
Depois de feita a opção quanto à coleta de dados, se por meio de
entrevistas ou questionários, é preciso montar um cronograma para as
idas a campo, de forma a organizar as visitas e não se perder com os prazos
preestabelecidos para a apresentação dos resultados finais da pesquisa. Veja
o exemplo:

Quadro 1 – Cronograma de idas a campo

(FONSECA, 2007)
DATA HORÁRIO ATIVIDADE OBJETIVO OBSERVAÇÃO
Teste piloto/
13/08/03 10h Entrevistas Coleta de dados
2 perguntas
27/08/03 10h Entrevistas Coleta de dados 5 perguntas
10/09/03 10h Entrevistas Coleta de dados idem
24/09/03 10h Entrevistas Coleta de dados idem
08/10/03 10h Entrevistas Análise de dados idem
Redação do
22/10/03 10h Entrevistas
Relatório final

Descrição dos resultados


Os resultados deverão ser apresentados de acordo com a sua análise estatís-
tica, incorporando-se no texto apenas as tabelas, os quadros, os gráficos e outras
ilustrações estritamente necessárias à compreensão do desenrolar do raciocínio;
os demais deverão constar em apêndice (MARCONI; LAKATOS, 2001).

Discussão e interpretação dos resultados


Após a descrição dos resultados, proceder à discussão e à interpretação
dos mesmos, que consiste em expressar o verdadeiro significado do material
em termos do propósito do estudo. O pesquisador deverá fazer as ligações
lógicas e comparações, enunciar princípios e fazer generalizações.

A discussão e a interpretação dos resultados devem ser realizadas à luz


das teorias científicas expostas na fundamentação teórica do estudo. É
preciso ponderar todos os aspectos importantes revelados pela pesquisa,
comparando-se o que era teoricamente esperado com aquilo que foi
efetivamente observado. É importante que, nessa fase do processo, se faça
uma releitura criteriosa de todas as informações teóricas obtidas e uma
reflexão acerca dos resultados e da pesquisa como um todo.

40 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

Nessa etapa o pesquisador deve esclarecer se a hipótese inicial da pes-


quisa foi, ou não, confirmada pelos resultados obtidos, sem superestimar
ou subestimar os mesmos. Além disso, o pesquisador deve tomar medidas
que garantam a boa compreensão e discussão dos resultados: isso inclui a
elaboração de um texto bem estruturado gramaticalmente e o uso de uma
linguagem científica adequada.

Conclusões
As conclusões devem responder diretamente aos objetivos da pesquisa,
ou seja, retomar os objetivos e responder a cada um deles, de forma sintética e
direta. Após as conclusões, o pesquisador deve dar sugestões para pesquisas
futuras na área, com base na pesquisa que acaba de concluir.

Ampliando seus conhecimentos

O pesquisador, o problema da pesquisa,


a escolha de técnicas: algumas reflexões
(QUEIROZ, 1992, p. 16-17)

Nas primeiras décadas do século XX, observava-se já que as ciências exatas e


naturais não estavam mais tão certas e seguras em suas perspectivas e em seus
resultados quanto se imaginara. Verificava-se pouco a pouco que as descobertas
consideradas científicas sofriam também influências e limitações da coletividade
a que o investigador pertencia, assim como das próprias qualidades e preparo
do mesmo; o conteúdo do seu saber estava assim condicionado pela sua
inserção numa sociedade, e também pelas circunstâncias de tempo e de espaço.
A objetividade não podia ser, em seus resultados, tão indubitável quanto se
acreditara, e as técnicas quantitativas não fugiam às injunções de tempo, de
espaço, de predicados variados nas conclusões a que chegavam, reunindo-se
neste aspecto às qualitativas.

Admitia-se agora que em toda ciência, em todo conhecimento a ela ligado,


o fator qualidade vinha em primeiro lugar: era a qualidade que fazia uma coisa
se distinguir de todas as demais; que fazia as ciências e os conhecimentos
terem suas características próprias. A qualidade, composta pelos aspectos

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 41


mais informações www.iesde.com.br
Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

sensíveis de uma coisa ou de um fenômeno naquilo que a percepção pode


captar, constitui assim o que é fundamental em qualquer estudo ou pesquisa,
pois é o ponto de partida para qualquer um deles. Todo cientista, ao determinar
o tema de sua pesquisa, se encontra inserido num universo físico, social e
intelectual que a delimita; é também por meio da percepção do que neste
universo existe que formula o que pretende investigar. Nesta fase primordial
domina o diferenciável, isto é, aquilo que é plenamente qualitativo, e não a
uniformidade quantificável.

Para poder operar neste nível mais alto, necessita o pesquisador de uma
formação específica que lhe permita a tomada consciente de uma posição
determinada no conjunto de conhecimentos que são os seus, oriundos de
sua experiência, mas ampliada pelo saber já acumulado pelas ciências em
geral e por sua ciência em particular. Deve ter [...] diagnosticado sua própria
posição nas diversas correntes de pensamento de sua disciplina; distinguido
a variedade de técnicas de que poderá lançar mão no decorrer do trabalho e
as limitações de cada uma, a fim de escolher as mais eficientes na solução de
seu problema. Os cientistas [...] devem, portanto, ter uma formação teórica
específica.

Atividades de aplicação
1. Em que circunstâncias torna-se necessária a utilização de questionários?

2. Quais os cuidados necessários para a elaboração de um questionário?

3. Faça uma pesquisa com sua família, com entrevistas. Anote o depoimento
de seus familiares acerca de um acontecimento histórico que tenham
presenciado. Compare os depoimentos entre si e com a versão oficial
existente nos livros de história. Qual é a sua conclusão?

4. Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, um industrial alemão recruta


centenas de judeus para o trabalho em sua fábrica de panelas, salvando-os
dos campos de concentração nazistas. O filme é inspirado em fatos reais.
(A LISTA de Schindler. Direção de Steven Spielberg. EUA, 1993. 1 filme (195 min.))

42 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

Assista ao filme e discuta a importância da fotografia, dos depoimentos


orais e dos registros escritos para a reconstituição dos crimes nazistas
retratados no filme.

Referências
CAMPOS, Luiz F. de Lara. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Psicologia. 2. ed.
Campinas: Alínea, 2001.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: McGraw-


-Hill,1996.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Makron


Books, 1996.

DENCKER, A. F. M. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. São Paulo:


Futura, 1998.

FONSECA, Regina Célia Veiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa


e Monografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.

MARCONI, Marina A.; LAKATOS, Eva M. Metodologia do Trabalho Científico.


6. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de, et al. Reflexões sobre a Pesquisa Sociológica.
São Paulo: MM Impress, 1992.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 43


mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de um projeto
e técnicas de leitura

Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações


desenvolvidas ao longo de seu processo sejam efetivamente planejadas.
De modo geral, concebe-se o planejamento como a primeira fase da
pesquisa, que envolve a formulação do problema, a especificação de seus
objetivos, a construção de hipóteses, a operacionalização dos conceitos etc.
O planejamento deve envolver também os aspectos referentes ao tempo a
ser despendido na pesquisa, bem como aos recursos humanos, materiais e
financeiros necessários à sua efetivação.

A moderna concepção de planejamento envolve quatro elementos


necessários à sua compreensão: processo, eficiência, metas e prazos.

O projeto interessa, sobretudo, ao pesquisador e à sua equipe, já que


apresenta o roteiro das ações a serem desenvolvidas ao longo da pesquisa.
Para quem contrata os serviços de pesquisa, o projeto constitui documento
fundamental, posto que esclarece o que será pesquisado e apresenta a esti-
mativa dos custos.

Projeto de pesquisa

Segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 215), “projeto é uma das etapas


componentes do processo de elaboração, execução e apresentação da
pesquisa”. Esta necessita ser planejada com extremo rigor, caso contrário o
investigador, em determinada altura, encontrar-se-á perdido num emaranhado
de dados colhidos, sem saber como dispor dos mesmos ou até desconhecendo
seu significado e importância.

Não existem regras fixas acerca da elaboração de um projeto. Sua estru-


tura é determinada pelo tipo de problema a ser pesquisado e também pelo
estilo de seus autores. É necessário que o projeto esclareça como se proces-
sará a pesquisa, quais as etapas que serão desenvolvidas e quais os recursos
que devem ser alocados para atingir seus objetivos. “É necessário, também,
que o projeto seja suficientemente detalhado para proporcionar a avaliação
do processo de pesquisa” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 215).

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 45


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

Elementos geralmente usados


em um projeto de pesquisa
Capa
Autor, título, cidade, ano.

Folha de rosto
Autor, título, texto explicativo sobre o projeto – mencionando o órgão (ou
instituição) ao qual se destina o projeto – orientador, cidade, ano.

Introdução
Expõe e delimita o tema a ser estudado/pesquisado.

Justificativa
Expõe a relevância acadêmica ou social do tema apresentado. Apresenta as
razões de ordem teórica e/ou prática que justificam a realização da pesquisa.

Problema
Deve ser apresentado como uma pergunta específica – focada e delimi-
tada – sobre o tema a ser estudado. Essa pergunta deve ser clara, objetiva e
suscetível de solução.

Hipótese(s)
Deve propor uma resposta para a pergunta estabelecida no problema.
Essa resposta deve oferecer uma solução possível ao problema, que será
declarada falsa ou verdadeira ao final da pesquisa.

Objetivos
Relatam o que se pretende alcançar com o desenvolvimento da pesquisa.
Os objetivos dividem-se em: geral e específicos.

 Objetivo geral: relata onde se quer chegar com a pesquisa apresentada,


isto é, qual o resultado final (geral) que se procura alcançar. Elaborado
num um único parágrafo e iniciando sempre com um verbo de ação
no infinitivo. Exemplos: analisar..., avaliar..., averiguar..., comparar...,
compreender..., conhecer..., demonstrar..., desenvolver..., distinguir...,
empregar..., estudar..., expor..., identificar..., interpretar..., introduzir...,
observar..., propor... etc.
46 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

 Objetivos específicos: relatam os passos específicos para se alcançar


o objetivo geral. Cada objetivo deve iniciar com um verbo de ação no
infinitivo, conforme descrito no item anterior.

Método
Descreve o método de abordagem, ou seja, o tipo de pesquisa a ser utili-
zado e os elementos necessários para a sua realização.

 Participantes: (quem? onde? quando?) delimita o universo a ser pes-


quisado. Quem e quantos serão os indivíduos que serão estudados na
pesquisa, indicando sexo e idade. Indica, também, o local e a data da
pesquisa.

 Instrumentos: (com quê?) descreve os instrumentos utilizados para


fazer a pesquisa, isto é, questionários, entrevistas, formulários, fotos.

 Procedimentos: (como?) descreve como os indivíduos serão avaliados,


em que situação e momento a pesquisa será feita.

 Análise de dados: descreve sinteticamente o modo de organização


e análise das informações encontradas. Dá uma explicação acerca da
tabulação dos dados (aspectos quantitativos, estatísticos) e critérios
de análise e julgamento. No caso da utilização de software específicos,
indicar nomes e fontes dos mesmos.

Cronograma
É um esclarecimento e um controle do tempo necessário ao desenvol-
vimento da pesquisa. Detalha as diferentes fases do projeto, apresentando
numa tabela o período correspondente a cada atividade da execução do
projeto. Exemplo:
(FONSECA, 2007)

ATIVIDADES MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV
Pesquisa bibliográfica X X X X X X X
Redação parcial X X X X X X
Pesquisa de campo X X
Tabulação dos dados X X
Interpretação dos dados X
Conclusões X X
Redação final X X X
Apresentação final X

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 47


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

Referencial teórico
(também chamado de Marco Teórico ou Fundamentação Teórica)

Indica a teoria ou as teorias de outros autores que fornecem a orientação


geral da pesquisa. Aqui, é necessário que o pesquisador utilize algumas técnicas
adequadas de leitura para obter uma fundamentação teórica consistente à
pesquisa. Além disso, toda e qualquer informação utilizada no trabalho deve
indicar a fonte de onde foi retirada, conforme as normas da ABNT.

Referências
Indicam todas as obras consultadas e mencionadas no projeto, principal-
mente no Referencial Teórico. Para tanto, devem seguir as orientações nas
Normas da ABNT.

Os elementos de um projeto são, geralmente, assim


distribuídos e numerados:
Capa (uma lauda)

Folha de rosto (uma lauda)

1 INTRODUÇÃO (inicia numa nova lauda)

1.1 JUSTIFICATIVA (continua na mesma lauda)

1.2 PROBLEMA (continua na sequência da mesma lauda)

1.3 HIPÓTESE (continua na sequência da mesma lauda)

1.4 OBJETIVO GERAL (continua na sequência da mesma lauda)

1.4.1 Objetivos específicos (continuam na sequência da mesma lauda)

1.5 MÉTODO (continua na sequência da mesma lauda)

1.6 CRONOGRAMA (continua na sequência da mesma lauda)

2 REFERENCIAL TEÓRICO (inicia numa nova lauda)

3 REFERÊNCIAS (iniciam numa nova lauda)

48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

Atenção para:
 a ordem e a numeração dos itens;
 o uso de letras maiúsculas e minúsculas;
 o uso de negrito ou não negrito;
 digitação: letra Arial ou Times New Roman – 12, espaço 1,5.

De acordo com Fonseca (2007), convém lembrar que a ordem dessas


etapas não é absolutamente rígida. Em muitos casos, é possível simplificá-
-la ou modificá-la. Essa é uma decisão que cabe ao pesquisador, que poderá
adaptar o esquema às situações específicas.

“Um projeto só pode ser definitivamente elaborado quando se tem o pro-


blema claramente formulado, os objetivos bem determinados, assim como o
plano de coleta e análise de dados” (GIL, 1996, p. 23).

Técnicas de leitura
A leitura é um fator decisivo de estudo, não é tarefa, é cultura. A leitura
propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações básicas
ou específicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização
do pensamento, o enriquecimento de vocabulário e o melhor entendimento
do conteúdo das obras (LAKATOS; MARCONI, 1991).

É necessário ler muito, e sempre, pois a maior parte dos conhecimentos é


obtida por intermédio da leitura: ler significa conhecer, interpretar, decifrar,
distinguir os elementos mais importantes dos secundários. A leitura propor-
ciona ao leitor uma compreensão melhor do mundo, capacitando-o a criticar,
comparar e selecionar a informação que necessita.

Na busca do material adequado para a leitura, é preciso identificar o


texto. Para tal, existem vários elementos auxiliares, como segue (LAKATOS;
MARCONI, 1991):
 título – acompanhado ou não por subtítulo, estabelece o assunto;

 a data da publicação – fornece elementos para certificar-se de sua atuali-


zação e aceitação (número de edições);

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 49


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

 a “orelha” ou contracapa – permite verificar as credenciais ou qualificações


do autor;

 o índice ou sumário – apresenta tanto os tópicos abordados na obra quan-


to as divisões a que o assunto está sujeito;

 a introdução, prefácio ou nota do autor – propicia indícios sobre os obje-


tivos do autor e, geralmente, da metodologia por ele empregada;

 a bibliografia – tanto final quanto as citações de rodapé, permite obter


uma ideia das obras consultadas e suas características gerais.

Uma leitura deve ser proveitosa e trazer resultados satisfatórios. Para


tal, alguns aspectos são fundamentais, como: atenção, intenção, reflexão,
espírito crítico, análise e síntese. Uma leitura de estudo deve ser realizada
com um objetivo ou propósito para que o conhecimento gerado possa ser
avaliado, discutido e aplicado.

Objetivos da leitura
De acordo com Lakatos e Marconi (1991), existem algumas maneiras e
objetivos para lidar com um texto:
 encontrar frases ou palavras-chave;
 captar a ideia geral, sem entrar em minúcias;
 obter uma visão ampla do conteúdo, principalmente do que interessa;
 absorver o conteúdo e todos os seus significados, lendo e relendo, se
necessário;
 estudar e formar um ponto de vista sobre o texto – leitura crítica.

Análise de texto
Analisar um texto significa estudar, decompor, dividir ou interpretar. A
análise de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada
realidade. Esse processo implica na decomposição das partes do texto para
um estudo mais completo, determinando as relações entre as ideias e com-
preendendo a maneira pela qual estão organizadas; estruturando as ideias
de maneira hierárquica.

50 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

É a análise que vai permitir observar os componentes de um conjunto,


perceber suas possíveis relações – ou seja, passar de uma ideia-chave para um
conjunto de ideias mais específicas –, passar à generalização e, finalmente,
à crítica (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Existem diferentes tipos de análise de texto:


 leitura rápida – assinala-se as expressões e palavras importantes para
se ter uma visão global do texto.
 compreensão de texto – separa-se as ideias centrais das secundárias.
Procede-se a correlação entre elas e busca-se a compreensão do con-
teúdo do texto.
 interpretação e crítica – correlaciona-se as ideias do autor com outras
sobre o mesmo tema. Faz-se uma crítica fundamentada em argumentos
válidos, lógicos e convincentes.
 problematização – debate-se as questões do texto. Coloca-se opiniões
pessoais sobre o texto, mas fundamentadas em outras obras e autores.
Pode-se levantar novas questões pertinentes ao texto.

Ampliando seus conhecimentos

Importância da leitura
(RUIZ, 2002, p. 34-35)
Não basta ir às aulas para garantir pleno êxito nos estudos. É preciso ler e,
principalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá
tomar apontamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto
fundamental para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e
aberturas das aulas. É muito importante participar das aulas; elas não circuns-
crevem, não limitam; ao contrário, abrem horizontes para as grandes caminha-
das do aluno que leva a sério seus estudos e quer atingir resultados plenos de
seus cursos. Aliás, quase todas as cadeiras desenvolvem programas de pesqui-
sa bibliográfica para que o aluno desenvolva temas e reconstrua ativamente o
que outros já construíram. Para elaborar trabalhos de pesquisa, é necessário ir
às fontes, aos autores, aos livros; é preciso ler, ler muito e, principalmente, ler
bem. Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os mestres apresentam
criteriosa bibliografia; alguns livros são básicos, ou de leitura obrigatória, para

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 51


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

quem quer colher todo fruto das aulas; outros são mais especializados ou se
concentram em algum item do programa, e pode, entre os tratados gerais de
consulta obrigatória, ser indicado um, como livro de texto. A indicação do livro
de texto tem vantagens e inconvenientes cuja análise ultrapassaria os limites
que este compêndio impõe. Diremos, apenas, que o livro de texto é muito bom
para a preparação da aula, mas que o aluno não pode ater-se exclusivamente a
ele. Timeo hominem unius libri, diziam os antigos. Devemos temer o homem de
um livro só. É necessário abeberar-se de outras fontes mais amplas, mais espe-
cializadas sobre cada tema ou sobre cada pormenor dos programas.

Se não é possível pensar em fazer um bom curso sem descobrir ou fazer


aparecer espaços de tempo para o estudo extra-aula e se é necessário programar
criteriosamente a utilização desse tempo, não seria igualmente impossível
pensar em fazer um bom curso sem ter à mão boas fontes de leitura? É possível
que se pretenda fazer um curso universitário sem frequentar bibliotecas ou sem
adquirir, ao menos, os livros básicos para cada programa?

A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo


cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade
de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato
com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser con-
siderado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos
de um todo que não se atingiu. E, ao terminar um curso superior, deveríamos não
só estar capacitados a repetir o que foi aprendido na faculdade, como também
estar habilitados a desenvolver, através de pesquisas, temas nunca abordados em
aula. Deveríamos ser uma pequena fonte, não um pequeno depósito de conheci-
mentos, ou mero encanamento por onde as coisas apenas passam.

É preciso ler, ler muito, ler bem.

É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-Io. É necessário


iniciar este trabalho com determinação e perseverar nele; o crescimento cultural
tem crises como o crescimento físico; quem não sente apetite não deve deixar
de alimentar-se; comprometeria sua saúde. Também na leitura trabalhada
devemos ser perseverantes; só esta perseverança garantirá aquela espécie de
saltos de integração de dados, que se vão acumulando e associando como
frutos da leitura continuada.

52 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de um projeto e técnicas de leitura

Atividades de aplicação
1. Em grupos de três ou quatro colegas, discutam e estabeleçam a existência
de um “problema” a ser resolvido em sua cidade. Em seguida, apontem
uma “justificativa” para o estudo de tal problema e, finalmente, apresentem
uma “hipótese” para a solução desse problema.
2. Selecione um livro científico qualquer de seu interesse. Identifique neste
livro, os vários elementos existentes, tais como: título, data de publicação,
contracapa, índice (ou sumário), introdução (prefácio ou nota do autor)
e bibliografia. Após a análise desses itens, apresente a sua opinião a
respeito dessa obra como fonte de leitura e informação científica.

Referências
FONSECA, Regina Célia Veiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa
e Monografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.
LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Científica.
3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1996.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos.
5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 53


mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto:
observação e linguagem científica

O texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças. Um


bom texto se produz pelo encadeamento semântico de suas sentenças e
pela relação harmoniosa entre os pensamentos ou ideias apresentadas.

A clareza de um texto, em geral, está relacionada com o uso de parágrafos


bem estruturados, com frases curtas, utilização de vocabulário simples (não
técnico) e eliminação de palavras desnecessárias. Esses itens devem estar
reunidos com coesão e coerência.

Parágrafo
O parágrafo tem, antes de tudo, uma importância visual. O texto dividido
em parágrafos “descansa” a vista do leitor, impedindo que o olhar se perca
num emaranhado sem fim de linhas. Compare as duas formas seguintes:


(a) (b)

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxx. xxxxxxxxxxxx xxxx xx xxxx xx.

O parágrafo é a unidade do discurso que tem em vista atingir um objetivo.


Em geral, ideias novas compreendem parágrafos diversos, assim, quando
mudar de assunto, abra novo parágrafo.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 55


mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

A transposição de um parágrafo para outro pode ser feita mediante a


repetição, que consiste em iniciar o novo parágrafo com o vocábulo ou com
a ideia de real importância do parágrafo anterior.

Uma das técnicas recomendadas para manter a unidade do texto é a utili-


zação do tópico frasal. Para atrair a atenção do receptor, antes da elaboração
da frase inicial do parágrafo, é necessário preocupar-se com a delimitação do
assunto. Determinar uma ideia central para um texto e procurar torná-la a
mais restrita possível. Escrever de modo que a ideia do parágrafo seja identi-
ficada rapidamente (através do tópico frasal). As frases do parágrafo devem
estar intimamente inter-relacionadas, de tal modo que todas busquem
alcançar o objetivo predeterminado.

O tópico frasal em um parágrafo funciona como uma frase que resume


todo o pensamento que será desenvolvido no corpo do parágrafo ou nos
parágrafos seguintes. Se no desenvolvimento desse parágrafo surgirem
ideias que não foram expostas na frase inicial (tópico frasal), tal fato indica
que será melhor o redator abrir novo parágrafo.

Frases curtas
A frase curta apoia-se no fato de que é mais fácil assimilar uma ideia por vez. Os períodos
recheados de orações subordinadas, em geral, contém muitas ideias, tornando-se
complexos e de difícil entendimento. Frequentemente, frases com 10 a 15 palavras são as
de decodificação mais simples. (MEDEIROS,1998, p. 57)

“Sempre que possível, é preferível transformar uma


frase longa em várias unidades menores.”

Frases curtas possibilitam rápida compreensão. Terminada sua leitura, é


provável que o leitor já a tenha assimilado. Assim, quando passar à seguinte,
já estará pronto para novas informações. Isso, entretanto, não quer dizer
que frases curtas produzem, por si mesmas, rápido entendimento. Além da
pequena extensão, outras características são necessárias, como: frases com-
postas de sujeito, verbo e complemento; vocabulário de domínio comum;
adequada transição entre as ideias (com o uso correto de conjunções).

Vocabulário
Evite o uso de palavras abstratas ou de conotação que envolvem precon­
ceito.
56 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

 Palavras abstratas: felicidade, liberdade.

 Palavras que encerram juízo de valor: errado, bom, mau, certo, agra-
dável.

 Palavras amplas de referencial impreciso: reacionário, comunista,


esquerda, direita.

Deve-se evitar a generalidade de sentido das palavras, que torna o discurso


vago, impreciso, inexpressivo. A vantagem em converter um vocabulário
genérico em específico está em concretizar os fatos, tornando-os reais,
precisos. Exemplo:

 Prédio feio (excessivamente vago);


 Prédio abandonado, sujo (menos vago);
 Prédio abandonado, com rachaduras na estrutura, desabamento da
cobertura (concretização dos fatos).

Palavras desnecessárias ou vícios de linguagem


Brevidade e correção são as palavras de ordem. Por brevidade compreende-
-se uma informação completa e de fácil decodificação, sem o uso de palavras
desnecessárias, que são vazias de conteúdo. Por correção compreende-se o
respeito das normas linguísticas que vigoram nas classes cultas, evitando-se o
uso de palavras ou expressões erradas que empobrecem o texto.

JAMAIS FALE OU ESCREVA MAS SIM


- ele é de menor... - ele é menor...
- de formas que... - de forma que, de maneira que...
- a nível de... - abandone essa expressão!
- pra mim fazer, pra mim comer etc. - para eu fazer, para eu comer etc.
- fazem cinco anos... - faz cinco anos...
- ela tinha chego... - ela tinha chegado...
- ela, enquanto profissional, ... - ela, como profissional, ...
- no sentido de facilitar... - para facilitar...
- vou estar trabalhando amanhã... - vou trabalhar amanhã...
- ela está meia cansada... - ela está meio cansada...
- havia menas pessoas... - havia menos pessoas...

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 57


mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

Coesão
O texto deve apresentar um encadeamento de palavras que fazem sentido
quando combinadas.

Para definir melhor o que seja coesão, podemos dizer que se trata de uma
forma de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença
A. Exemplo:

(A) Pegue projetos de pesquisa.


(B) Coloque os projetos de pesquisa sobre a mesa.

Acima, A e B são sentenças distintas. Agora veja:

Pegue projetos de pesquisa e coloque-os sobre a mesa.

Essas sentenças, anteriormente distintas, agora formam um texto, pois há


intertextualidade entre elas. Elas estão interligadas pela conjunção “e” e o
pronome oblíquo “os”.

Um texto torna-se bem construído e coeso quando usamos os elementos


gramaticais ou coesivos (conjunções, pronomes, preposições e advérbios),
no interior das frases, de forma adequada. Se esses elementos de ligação
forem mal empregados, o texto não apresentará noção de conjunto, ou
ainda, sua linguagem se tornará ambígua e incoerente.

Portanto, a coesão refere-se à forma ou à superfície de um texto. Ela é


mantida por meio de procedimentos gramaticais, isto é, pela escolha do
conectivo adequado na conexão dos diversos enunciados que compõem
um texto, tais como: informações, citações etc. (SARMENTO, 1999).

Conectivos que podem ser usados para introduzir uma citação


Na opinião de... ...exemplifica... ...explicita seus pressupostos...
De acordo com... ...quando afirma... ...alega que...

Afirma... ...conceitua... ...caracteriza...

Para... Segundo... Como descrito por...

Na visão de... Como caracteriza... Outro ensinamento de...

Do ponto de vista de... No dizer de... Em... encontra-se o seguinte


esclarecimento...

58 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

Conectivos que podem ser usados no texto, em geral, de acordo com as diferentes situações
 Adição: e, nem, também, não só... mas também, além disso, em adição, ademais, acres-
centando.
 Alternância: ou... ou, quer... quer, seja... seja.
 Causa: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, pois, por (+ infinitivo).
 Condição: se, caso, desde que, a não ser que, a menos que.
 Comparação: como, assim como, tal como, do mesmo modo que.
 Conformidade: conforme, segundo, consoante, como.
 Conclusão ou consequência: logo, portanto, pois, tão... que, tanto... que, de modo que,
de forma que, de maneira que, assim sendo, resumindo, por outro lado.
 Explicação: pois, porque, porquanto, por exemplo, isto é.
 Finalidade: para que, a fim de que, para (+ infinitivo).
 Oposição: mas, porém, entretanto, embora, mesmo que, apesar de (+ infinitivo).
 Proporção: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos.
 Tempo: quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto, sempre que.
 Semelhança ou ênfase: do mesmo modo, igualmente.
 Contraste: mas, porém, entretanto, todavia, ao contrário, em vez de, por outro lado, ao
passo que, desde.

Coerência
A coerência resulta da relação harmoniosa entre os pensamentos ou
ideias apresentadas num texto sobre um determinado assunto. Refere-se,
dessa forma, ao conteúdo, ou seja, à sequência ordenada das opiniões ou
fatos expostos.

Não havendo o emprego correto dos elementos de ligação (conectivos),


faltará a coesão e, logicamente, a coerência ao texto.

Um texto é coerente quando existe harmonia entre as palavras, isto é,


quando elas apresentam vínculos adequados de sentido, e quando a men-
sagem organiza-se de forma sequenciada, tendo um início, um meio e um
fim (GOLD, 1999).

O que você não deve fazer na redação de um texto científico:

1. Jamais use gírias.


2. Não utilize provérbios e outros ditos populares.
3. Nunca se inclua no texto.
4. Não utilize o seu texto para propagar doutrinas religiosas.
5. Jamais analise os temas propostos movido por emoções exageradas.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 59


mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

6. Não utilize exemplos contando fatos ocorridos com terceiros, que não
sejam de domínio público.
7. Nunca repita várias vezes a mesma palavra.
8. Procure não inovar, por sua conta, o alfabeto da língua portuguesa.
9. Tente não analisar os assuntos propostos sob apenas um dos ângulos
da questão.
10. Não fuja ao tema proposto.

Resumindo...
Princípios básicos quanto à produção de um texto científico:
Objetividade
 Os assuntos devem ser tratados de maneira direta e simples.
 Apoiar-se em dados e provas e não em opiniões sem confirmação.
 O emprego do pronome se é o mais adequado para manter a objetividade:
“procedeu-se ao levantamento”; “buscou-se tal coisa”; “realizou-se...” etc.
 Outro recurso consiste em usar verbos nas formas impessoais: “tal infor-
mação foi obtida...”; “o procedimento adotado...”
 Evitar o uso de primeira pessoa (eu, nós), dar preferência para: “este
trabalho”, “no presente estudo”, “nesta pesquisa” etc.

Clareza
 Ideias expressas sem ambiguidade.
 Vocabulário adequado e de frases curtas, facilitando a leitura.
 Correção gramatical.

Precisão
 Empregar expressões que traduzam exatidão daquilo que se quer trans-
mitir (registro de observações, medições e análises efetuadas).
 Usar adjetivos que indiquem claramente a proporção dos objetos men-
cionados.
 Ler e revisar os textos depois de digitados.

Coerência
 Manter a sequência lógica e ordenada na apresentação das ideias.

60 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

Estrutura de um texto
Quanto à estrutura de um texto, segue um exemplo adaptado de Granatic
(1996), cujo título é: Terra, uma preocupação constante.

Introdução
Expõe e delimita o assunto a ser discutido no restante do texto. Recomen-
da-se, para isso, a utilização do tópico frasal que resume todo o pensamento
a ser discutido no corpo do parágrafo ou dos parágrafos seguintes, no desen-
volvimento. As ideias abordadas nos parágrafos do desenvolvimento devem
estar intimamente relacionadas com as ideias da introdução. Exemplo:

1.ª etapa
Elaboração do tópico frasal e dos argumentos relacionados a ele (o número
de argumentos pode variar; nesse caso, apenas três são apresentados).

Tópico Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu


frasal resolver graves problemas que preocupam a todos.
1 Existem populações imersas em completa miséria.
2 A paz é interrompida frequentemente por conflitos internacionais.
3 O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

2.ª etapa
Transcrição dos argumentos acima, com a inserção de conectivos ade-
quados para transformá-los em um parágrafo:

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resol-


ver graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações
imersas em completa miséria, a paz é interrompida frequentemente por
conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se
ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

Desenvolvimento
Explica cada um dos argumentos e, para cada argumento, faz um novo
parágrafo.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 61
mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

Conclusão
Compõe-se de uma expressão inicial, somada à reafirmação do tópico,
mais uma observação final. Exemplo:

Em virtude dos fatos mencionados, é possível acreditar que o homem está


muito longe de solucionar os graves problemas que afligem diretamente uma
grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente
e solidária. É o desejo de todos que algo seja feito no sentido de conter essas
forças ameaçadoras, para que o ser humano possa suportar as adversidades
e construir um mundo que será mais facilmente habitado pelas gerações
vindouras.
(GRANATIC, 1996, p. 82)

Exemplos de expressões iniciais a serem usadas numa conclusão:


Dessa forma,
Sendo assim,
Em vista dos argumentos apresentados,
Em virtude do que foi mencionado,
Assim,
Levando-se em conta o que foi observado,
Por todas essas ideias apresentadas,
Tendo em vista os aspectos observados,
Por tudo isso,
Dado o exposto,
(GRANATIC, 1996, p. 82)

Observação e linguagem científica


A observação em ciência e o uso de uma linguagem científica são impor-
tantes instrumentos de pesquisa. Por meio dos procedimentos desses ins-
trumentos, e com treino específico, é possível coletar e registrar dados para
uma pesquisa. Os dados são interpretados e os resultados são comunicados
para outros com eficácia, através de uma linguagem adequada.

A prática da observação em ciência bem como o uso da linguagem científica


justificam-se pela sua grande relevância na vida profissional do pesquisador.
62 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

A observação, em suas diferentes situações, possibilita a coleta e o registro


de dados, que permitem a socialização e a avaliação do trabalho do cientista.
Desse processo investigativo obtém-se resultados que só terão importância
quando comunicados a outros, com eficácia. Assim sendo, é preciso usar a
linguagem científica, que é desprovida da subjetividade do pesquisador e
tem como característica fundamental a objetividade.

Espera-se, com isso, que o profissional possa compreender a importância


da observação e da linguagem científica nas pesquisas. Para tanto, deve
também perceber as características do processo bem como a necessidade
de um treinamento em observação. Ademais, deve ser sensível ao uso
correto da linguagem científica, obedecendo as suas regras para que haja
uma comunicação real acerca dos resultados obtidos numa investigação
científica (DANNA; MATOS, 1999).

A necessidade da observação em ciência


A observação em ciência possibilita ao cientista comprovar, ou não, a sua
hipótese sobre um determinado problema, a respeito de um comportamento
ou de uma situação ambiental.

A observação permite o registro de dados, através dos quais o pesqui-


sador poderá explicar, prever, produzir, interromper ou evitar o fenômeno,
com uma possibilidade de acerto maior do que quem usa outros recursos.

Antes de iniciar uma observação, no entanto, é preciso identificar o obje-


tivo a ser atingido, pois é ele que vai determinar os dados a serem coletados.
Além disso, a observação científica deve ser sistemática e objetiva, o que
significa ser planejada e conduzida em função daqueles objetivos anterior-
mente definidos, além de ater-se aos fatos efetivamente observados.

Baseado nas observações, o pesquisador faz o diagnóstico preliminar,


isto é, identifica as deficiências existentes e as variáveis que afetam a
situação, assim como os recursos disponíveis no ambiente. Dessa forma, é
possível decidir quais as técnicas e procedimentos adequados para obter os
resultados que se pretende atingir.

Para atender as características de cada observação científica, é necessário


um treino específico, o qual poderá propiciar melhor capacitação e desem-
penho do pesquisador em tais situações (DANNA; MATOS, 1999).

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 63


mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

A importância da linguagem científica


Para que haja uma comunicação eficiente dos resultados obtidos a partir
de uma observação, é necessário usar uma linguagem científica, que possui
características específicas.
Uma dessas características fundamentais é a objetividade, isto é, os
relatos devem ser isentos de interpretações ou quaisquer outras subjeti-
vidades por parte do observador. É preciso descrever exatamente as ações
que ocorrem. Por essa razão, Danna e Matos (1999) recomendam que se
evitem os seguintes erros:
 termos de designem estados subjetivos – cansada, triste, alegre etc.
Ao invés de usar termos que descrevam o “estado” do sujeito (expressa
por um adjetivo), deve-se descrever a “ação” (expressa por um verbo).
Por exemplo, a palavra “alegre” (estado/adjetivo) deve ser substituída
por “sorrir” (ação/verbo);
 atribuição de intenções ao sujeito – ao invés de interpretar as inten-
ções do sujeito, o observador deve descrever as ações observadas. Por
exemplo: o relato “Fulano quer sair do ônibus” deve ser substituído por
“Fulano caminha em direção à porta do ônibus”;
 atribuição de finalidades à ação – o observador não deve interpretar
os motivos que levaram o sujeito a se comportar de certa maneira,
deve apenas descrever a ação e as circunstâncias em que ela ocorre.
Por exemplo: o relato “Fulano fecha a porta porque venta” deve ser
substituído por “Fulano fecha a porta. Venta lá fora.”
Além dos erros acima citados, também é necessário ter clareza e precisão
linguística, o que significa obedecer a critérios de estrutura gramatical do
idioma e evitar:
 termos que sejam ambíguos – por exemplo, a descrição “Fulano que-
brou as cadeiras”, pode gerar a dúvida: seriam móveis que servem de
assento ou ossos ilíacos?;
 vocabulário com significado vago ou indefinido – por exemplo, “Fulano
falou várias vezes”, deve ser substituído por “Fulano falou cinco vezes”;
 termos amplos: por exemplo – “brincar” pode ter vários significados,
tais como jogar bola, peteca, pular corda etc.; por essa razão, ao in-
vés de registrar “o menino brinca com a bola”, deve-se especificar cada
uma das ações apresentadas pelo garoto, ou seja, “o menino anda em
direção à bola, pega a bola, joga-a no chão etc.”

64 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

A observação em ciência e o uso da linguagem científica são procedi-


mentos imprescindíveis na atividade profissional do pesquisador. O primeiro
procedimento torna possível a coleta de dados, tão importante para a
confirmação, ou não, de uma hipótese sobre um determinado problema. O
segundo, permite a transmissão real, para outros, dos resultados obtidos a
partir da interpretação dos dados coletados durante a observação.

Reconhecer a importância desses processos e seguir as suas regras espe-


cíficas é trilhar por um caminho seguro, que leva o pesquisador a obter
resultados mais fidedignos acerca da ciência, ou mais especificamente acerca
do seu objeto de estudo.

Ampliando seus conhecimentos

Observação controlada e observação participante


(COSTA, 1997, p. 213)

Sendo a observação um dos procedimentos primordiais no desenvolvimento


de qualquer ciência, ela desempenhou também papel fundamental nas
ciências sociais. Os sociólogos procuraram estabelecer critérios fidedignos
para os métodos de observação, criando inúmeras formas de treinamento
com o objetivo de dar ao pesquisador garantias de que seus dados não seriam
deturpados pela ação direta do observador sobre o fenômeno observado. Essas
técnicas estabeleciam formas de observação à distância, observação repetida
e, mais tarde, sob influência do desenvolvimento da pesquisa antropológica,
observação participante.

Esta última modalidade implica a inserção do pesquisador como elemento


integrante do fenômeno observado, tendo essa estratégia o objetivo de
garantir menor interferência do observador naquilo que observa. Nos anos
60 e 70 muitas pesquisas se desenvolveram nesse sentido, nas quais os
pesquisadores conviviam por determinado tempo com uma comunidade.
Com o intuito de observar a organização de operários numa fábrica, por
exemplo, os pesquisadores passavam a trabalhar na fábrica, podendo assim
observar de perto e também de dentro essa realidade.

Outra forma de controle dos desvios inerentes à técnica da observação é


repeti-Ia, fazendo variar os horários e as condições do fenômeno que se quer

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 65


mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

observar. Temos nesse caso a possibilidade de distinguir o que é essencial e o


que é circunstancial nos acontecimentos observados.

Há, ainda, para garantir maior objetividade aos métodos de observação,


a estratégia da observação comparada de grupos de controle. Imaginemos
que um sociólogo tenha interesse em observar a emergência de líderes em
grupos sociais e escolha para isso a observação de um grupo de crianças num
acampamento de férias. É possível comparar os dados obtidos com outros,
resultantes da observação de outro grupo de crianças em outra situação, por
exemplo, em um trabalho em sala de aula. Nesse caso, estaremos fazendo
variar não só as condições que envolvem um mesmo acontecimento, mas o
tipo de acontecimento.

Em qualquer tipo de observação, entretanto, um elemento indispensável


é o registro sistemático dos dados observados. Muitas vezes, por mais que se
sustente a regularidade dos fenômenos [...], estaremos observando situações
únicas. Os registros garantirão uma sistematização daquilo que observamos e
a armazenagem de elementos importantes dessa observação.

Atividades de aplicação
1. Conforme o que você aprendeu nesta aula, qual a importância da obser-
vação para uma pesquisa científica?

2. Faça uma observação da sua sala de aula, durante alguns minutos. Depois,
reúna-se em grupos de três a quatro alunos e compare as observações de
cada um. Discutam a fidedignidade da linguagem utilizada.
3. Sinopse: O filme mostra como um cego descobre atitudes falsas daqueles
que o cercam por meio de um método próprio de registro daquilo que não
vê: fotografias, que ele tira onde anda e cuja descrição, feita por um amigo,
escreve em braile.
(A PROVA. Direção de Jocelyn Moorhouse. Austrália, 1992. 1 filme (91 min.))

Estabeleça, a partir desse filme, a importância do registro de observações


na trama que envolve o cego, personagem principal do filme, e elabore
um texto com Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.

66 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Estilo e redação de um texto: observação e linguagem científica

Referências
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2. ed. São Paulo.
Moderna, 1997.

DANNA, Marilda. F; MATOS, Maria A. Ensinando Observação: uma introdução.


4. ed. São Paulo: Edicon, 1999.

GOLD, Miriam. Redação Empresarial. São Paulo: Makron Books, 1999.

GRANATIC, Branca. Técnicas Básicas de Redação. 3. ed. São Paulo: Scipione,


1996.

MEDEIROS, João B. Redação Empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

SARMENTO, L. Lauar. Oficina de Redação. São Paulo: Moderna, 1999.

FONSECA, Regina Célia Veiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa


e Monografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 67


mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de uma monografia

“Monos (um só); graphein (escrever) – monografia é o estudo por escrito


de um único tema específico, bem delimitado” (SALOMON apud MARTINS;
LINTZ, 2000, p. 21).
As monografias são exigidas ao final de cursos de graduação, especialização ou pós-
-graduação (lato sensu). Na monografia, como o próprio nome revela, escreve-se sobre
um único tema, não necessariamente novo, inédito. Entretanto, não há impedimento
nenhum que a abordagem desse tema se inter-relacione com outros e que aborde vários
aspectos de um mesmo tema. (HÜBNER, 1998, p. 19)

Atualmente, apesar de muitas instituições aplicarem, inadequadamente,


a denominação Monografia para diversos trabalhos de natureza acadêmica,
há uma tendência em atribuir a denominação Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) aos trabalhos acadêmicos de conclusão de curso.

O requisito mínimo é que a monografia aborde com precisão, clareza e


encadeamento lógico um tema de relevância social e científica.

Ao se escrever uma monografia, realiza-se um trabalho de três partes


inevitáveis, ou seja: introdução, desenvolvimento e conclusões ou recomen-
dações. De acordo com Fonseca (2007), essas partes estão distribuídas em
elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais:

Elementos pré-textuais
(Informações que ajudam na identificação e na utilização do trabalho)
 Capa

 Folha de rosto

 Dedicatória: localizada na parte inferior, à direita da página (opcional).

 Agradecimentos: localização idem ao item anterior (opcional).

 Epígrafe: um pensamento que tenha relação com o trabalho. A fonte


(autor) é indicada abaixo da epígrafe. Localizada na parte inferior, à
direita da página (opcional).

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 69


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de uma monografia

 Termo de aprovação: fornecido pela instituição de educação do curso


em questão.
 Sumário: é a relação das partes, capítulos, itens e subitens do trabalho.
 Lista de tabelas, figuras, abreviaturas ou símbolos, se houver (con-
dicionada à necessidade).
 Lista de apêndices, se houver (condicionada à necessidade).
 Lista de anexos, se houver (condicionada à necessidade).
 Resumo: é a apresentação concisa do texto destacando os aspectos de
maior interesse e importância (tema, objetivos, métodos, resultados e
conclusões). O resumo deve ser redigido por último, na mesma língua
do texto. Deve ser digitado em espaço simples, num único parágrafo e
com uma extensão de, no máximo, 250 palavras.
 Abstract: é o resumo escrito numa língua estrangeira, normalmente
inglês.

Obs.: cada um desses itens deve iniciar numa nova página e na ordem
acima apresentada, com exceção de “resumo e abstract”, que devem ficar
numa mesma página.

Elementos textuais
(Compreende a introdução e os seus componentes. Também é a parte do trabalho
onde se expõe o conteúdo da pesquisa. Sua organização depende da natureza do
trabalho)

1 Introdução
É a explicação do autor para o leitor sobre o tema da monografia. Esta será
a primeira seção do texto (chamada seção primária), portanto, terá o indica-
tivo 1 (exemplo: 1 INTRODUÇÃO), de acordo com a norma NBR 6024:1990.
Deve ter início numa folha própria.

Essa parte inicial do trabalho tem a finalidade de dar ao leitor uma visão
clara e simples do assunto, que é apresentado como um todo, sem detalhes.
Aqui, não são mencionados os resultados alcançados, pois estes causariam
o desinteresse pela leitura integral do trabalho. A introdução poderá ser

70 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de uma monografia

esboçada no início do trabalho de pesquisa, mas só será concluída no final,


quando o autor já tiver coletado todas as informações sobre o tema objeto
de estudo.

Essa seção será subdividida em: justificativa, objetivo(s), descrição (delimi-


tação do tema)/problema, hipótese(s), método e cronograma de atividades.

1.1 Justificativa
Explicar os motivos que levaram o autor a realizar tal pesquisa. Por que
pesquisar esse assunto e qual a sua relevância social?

1.2 Descrição do tema (delimitação do tema)/problema


A descrição ou delimitação do tema descreve o enfoque do estudo. Informa
em que espaço (geográfico) e tempo (histórico) o tema será delimitado.

O problema expõe uma questão a ser solucionada com a pesquisa de


campo. Deverá ser escrito com uma frase interrogativa.

Importante: se a monografia inclui apenas pesquisa teórica (bibliográfica)


sobre o tema, deve-se optar por descrição do tema ou delimitação do tema. No
entanto, se a monografia inclui uma pesquisa de campo, opta-se por problema.

1.3 Hipótese(s)
Oferece uma ou mais respostas possíveis para a pergunta estabelecida no
item anterior (problema). Trata-se de uma ou mais afirmações que serão testadas
mediante a evidência dos resultados empíricos e da reflexão teórica, por meio da
pesquisa de campo. São explicações provisórias, isto é, elas explicam o assunto
até que as conclusões do estudo as confirmem ou rejeitem.

Caso não haja o item problema, este item (hipótese) será omitido.

1.4 Objetivo geral


Expõe o objetivo geral do trabalho. Para quê pesquisar? Quais os propósitos
do estudo? Onde o autor quer chegar com esse estudo? Definição do que se
espera conseguir com a investigação e onde se pretende chegar. Deve ser
formulado em um parágrafo apenas, iniciando com um verbo de ação, no
infinitivo (Exemplos: analisar..., avaliar..., averiguar..., comparar..., compreender...,

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 71


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de uma monografia

conhecer..., demonstrar..., desenvolver..., distinguir..., empregar..., estudar...,


expor..., identificar..., interpretar..., introduzir..., observar..., propor... etc.).

1.4.1 Objetivos específicos


Os objetivos específicos são uma espécie de “divisão” do objetivo geral
em diversos passos. Esses passos são necessários e devem permitir que se
alcance o objetivo geral. Cada objetivo específico deve iniciar com um verbo
de ação no infinitivo, conforme descrito no item anterior.

1.5 Método
É o relato detalhado dos procedimentos realizados para resolver o pro-
blema exposto. É a descrição dos passos e técnicas utilizados na execução
da pesquisa. Deve conter:

 Participantes – (quem? onde? quando?) delimita o universo a ser pes-


quisado. Quem e quantos foram os indivíduos estudados na pesquisa,
indicando o sexo e idade. Indica, também, o local e a data da pesquisa.

 Instrumentos – (com quê?) descreve os instrumentos utilizados para


fazer a pesquisa, isto é, questionários, entrevistas, formulários, fotos.

 Procedimentos – (como?) descreve como os indivíduos foram avalia-


dos, em que situação e momento a pesquisa foi feita.

 Análise de dados – descreve sinteticamente o modo de organização


e análise das informações encontradas. Dá uma explicação acerca da
tabulação dos dados (aspectos quantitativos, estatísticos) e critérios
de análise e julgamento. No caso da utilização de software específicos,
indicar nomes e fontes dos mesmos.

2 Referencial teórico
(Marco teórico ou fundamentação teórica)

É o desenvolvimento do assunto propriamente dito, realizado por meio


da busca em livros, periódicos, jornais, internet, CDs-ROM etc. A tarefa inclui,
também, a interpretação e o julgamento das informações coletadas. Está
implícito que essa fase requer muita leitura, e ela deve ser feita com objetivos
específicos, a fim de se obter uma fundamentação teórica consistente com
a pesquisa.
72 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de uma monografia

As informações teóricas coletadas devem ser transcritas de acordo com


os critérios estabelecidos nas Normas da ABNT. É importante lembrar que
para todas essas citações, sejam indiretas, diretas, longas ou curtas, deve-se,
obrigatoriamente, mencionar a fonte de onde foram retiradas.

O desenvolvimento do trabalho pode ser dividido em mais seções, tais


como: primárias, secundárias, terciárias ou quaternárias, obedecendo para
cada uma delas uma diferenciação na digitação das letras (veja o exemplo
a seguir).

Item primário: 2 CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS (Maiúsculas, em negrito)


Item secundário: 2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA (Maiúsculas, sem negrito)
Item terciário: 2.1.1 Fontes bibliográficas (Só a primeira letra maiúscula, sem negrito)
Item quaternário: 2.1.1.1 Livros de referência (Só a primeira letra maiúscula, sem negrito)

Não se usa o título “desenvolvimento”.


Os títulos aparecem de acordo com o assunto abordado.

3 Resultados e discussão
Os resultados deverão ser apresentados de acordo com a sua análise
estatística, incorporando-se no texto apenas as tabelas, os quadros, os
gráficos e outras ilustrações estritamente necessárias à compreensão do
desenrolar do raciocínio; os demais deverão constar em apêndice (MARCONI;
LAKATOS, 2001).

Além da descrição dos resultados, proceder a discussão e a interpretação


dos mesmos. O pesquisador deverá fazer as ligações lógicas e comparações,
enunciar princípios e fazer generalizações.

4 Conclusões e sugestões para trabalhos futuros


A conclusão é a síntese interpretativa de todos os dados coletados, teó-
ricos e práticos. Faz uma revisão dos fatos pesquisados, constitui-se numa
resposta ao objetivo enunciado na introdução e demonstra a comprovação,
ou não, da(s) hipótese(s) estabelecida(s) no início do estudo. A conclusão
deve ser breve e basear-se em dados comprovados.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 73


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de uma monografia

No decorrer da investigação, o autor pode deparar-se com questões que


interessem ao assunto objeto de estudo, sem que façam parte dele. Assim,
após as conclusões, poderá fazer sugestões para estudos e trabalhos futuros,
com base na pesquisa que acaba de concluir.

Elementos pós-textuais
(Elementos complementares que têm relação com o texto, mas que,
para torná-lo menos denso, costumam ser apresentados após os ele-
mentos textuais)

5 Referências
Ao longo da monografia são apresentadas citações teóricas de vários
autores. Esses autores devem ser mencionados sempre, com as respectivas
citações. Nesse item, “Referências”, todos aqueles autores mencionados na
parte teórica serão listados de forma integral (autor, título da obra, cidade,
editora, ano, entre outros), conforme as orientações nas Normas da ABNT.

6 Apêndices (condicionados à necessidade)


São textos ou documentos elaborados pelo autor (questionários, fotos,
gráficos etc.), a fim de complementar e esclarecer o estudo. Esses documentos
devem aparecer logo após as referências.

7 Anexos (condicionados à necessidade)


São textos ou documentos utilizados na pesquisa, mas não elaborados
pelo autor (questionários, fotos, catálogos, gráficos etc.). Constituem infor-
mações que o pesquisador julgar necessárias para melhor compreensão do
projeto. Esse material é anexado sem numeração de páginas.

8 Glossário (condicionado à necessidade)


É a lista em ordem alfabética de palavras ou expressões técnicas de
uso restrito, utilizadas no texto, acompanhadas das respectivas definições.
Funciona como um pequeno “dicionário” do trabalho monográfico.

74 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de uma monografia

Estrutura de uma monografia


Glossário1

Anexos1

Apêndices1
Referências

Elementos textuais
Resumo
Listas1
Sumário1
Termo de aprovação
Epígrafe2
Agradecimentos2
Dedicatória2
Folha de Rosto
Capa1

1
Elementos condicionados à necessidade.
2
Elementos opcionais.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 75


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de uma monografia

Exemplo de folha de rosto

AUTOR

TÍTULO

Trabalho de Conclusão de Curso


(Monografia, Tese, Dissertação) apresentado
como requisito parcial à obtenção do grau
de Bacharel (Licenciatura, Graduação,
Mestrado, Doutorado) em (especificação
do curso) (departamento) (instituição).

Orientador: Prof. Xxxxxxxx Yyyyyyyy

LOCAL (CIDADE)

ANO

76 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Estrutura de uma monografia

Atividades de aplicação
1.

a) Antes de iniciar a elaboração de uma monografia, vá até uma biblioteca


e consulte algumas monografias já prontas. Observe os elementos
utilizados nessas monografias e “como” eles estão dispostos ao longo
do trabalho.

Lembre-se de que nem todos os elementos de uma monografia


são obrigatórios, e que a sua estrutura não é fixa, isto é, ela pode
ser modificada e determinada pelo tipo de problema pesquisado,
pelo estilo do pesquisador e pelas exigências da instituição à qual a
monografia se destina.

b) Ao fim dessa observação, faça uma comparação entre os elementos


que foram utilizados nas monografias consultadas e aqueles já
expostos em seu material (ou a serem expostos).

2. Ler o livro: FONSECA, Regina Célia Veiga da. Capítulo VII. In: Como ­Elaborar
Projetos de Pesquisa e Monografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.

Nessa obra a autora indica as várias etapas para a elaboração de uma


monografia. O Capítulo VII mostra todos os elementos necessários para
a monografia e na ordem em que devem ser dispostos no trabalho. O
material é amplo, atualizado com as Normas da ABNT (NBRs 10520, 14724 e
6023) e apresenta orientações esclarecedoras ao estudante pesquisador.

Referências
DEMO, Pedro. Pesquisa. Princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2001.

MARTINS, Gilberto A.; LINTZ, Alexandre. Guia para Elaboração de Monografias


e Trabalhos de Conclusão de Curso. São Paulo: Atlas, 2000.

FONSECA, Regina Célia Veiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa


e Monografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.

HÜBNER, Maria Martha. Guia para Elaboração de Monografias e Projetos de


Dissertação de Mestrado e Doutorado. São Paulo: Pioneira, 1998.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 77


mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

Ciência é conhecimento público. A elaboração de textos de pesquisa, o


preparo de livros e a organização de documentos com informações para
públicos diferenciados são algumas das facetas importantes do vasto
processo de comunicação que sustenta permanentemente as atividades
acadêmicas.

Além da comunicação direta que viabiliza o intercâmbio de ideias e expe-


riências entre as pessoas, a comunicação indireta, por meio de documentos,
assume importância cada vez maior em nossa sociedade.

Na qualidade de autor, toda pessoa tem responsabilidade na produção


normalizada de documentos, sendo também de sua alçada facilitar a iden-
tificação, o tratamento e o uso por todos quantos possam se interessar por
eles (UFPR, 1996).

Além do cuidado na produção de um texto acadêmico/científico, é pre­


ciso atender a várias outras normas acerca da sua digitação e estrutura.

Digitação e estrutura de um trabalho acadêmico


Conforme o manual “Normas para apresentação de trabalhos” da UFPR
(1996), a apresentação de trabalhos digitados deve seguir as seguintes
orientações:

Formato
Produzir o trabalho em laudas (um só lado do papel) em formato A4
(210 x 297mm).

Folha de estilo
Folha de estilo é o conjunto de definições de formatos de apresentação
de linhas, de parágrafo e de divisões de um documento. O aplicativo Word
(Editor de texto) possui vários recursos de edição. A pré-formatação para digi-
tação de trabalhos facilita a tarefa, pois estabelece de antemão alguns itens:
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 79
mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

 margem superior de 3,0cm;

 margem esquerda de 3,0cm;


 margem inferior de 2,0cm;
 margem direita de 2,0cm;
 margem de parágrafo – geralmente 7 (sete) espaços a partir da mar-
gem esquerda;
 alinhamento – “justificado”;
 entrelinhas – geralmente 1,5;
 tipos de letras – geralmente Arial ou Times New Roman;
 tamanho da letra – geralmente fonte 12 para o texto.

Paginação
Páginas anteriores ao texto (elementos pré-textuais): a capa não é con-
tada na numeração das páginas. Todas as páginas restantes são contadas,
mas os números não ficam visíveis. A página de rosto é considerada a de
número 1.

Texto (elementos textuais e pós-textuais): as páginas são numeradas


com algarismos arábicos, colocados no canto superior direito. Geralmente,
a numeração passa a ficar visível a partir da Introdução. Todas as páginas
seguintes, incluindo as páginas dos elementos pós-textuais, são numeradas
do mesmo modo, na sequência do corpo do trabalho.

Capa
Capa é a cobertura que reveste o trabalho. É obrigatória em teses, disser-
tações e monografias.

Folha de rosto
Folha de rosto é a folha que apresenta os elementos essenciais à identi-
ficação do trabalho. Deve conter informações idênticas e na mesma ordem
que as da capa, mas com o acréscimo de:

80 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

 nota indicando a natureza acadêmica do trabalho, além da unidade de


ensino e instituição em que é apresentado.
Glossário*
Anexos* AUTOR
Apêndices*
Referências

Texto
Sumário* TÍTULO
Folha de Rosto
Capa*
Trabalho de Conclusão de Curso
(Monografia,Tese, Dissertação) apresentado
como requisito parcial à obtenção do grau
de Bacharel (Licenciatura, Graduação,
Mestrado, Doutorado) em (especificação
do curso) (departamento) (instituição).

Orientador: Prof. Xxxxxxxx Yyyyyyyy

LOCAL (CIDADE)

* Elementos ANO
condicionados à
necessidade.

Figura 1 – Estrutura de um Trabalho Acadêmico. Figura 2 – Folha de rosto de Trabalho Acadêmico.

Sumário
É a relação dos capítulos e seções do trabalho, na ordem em que aparecem.

Texto
É a parte do trabalho em que o assunto é apresentado e desenvolvido.
Pode ser dividido em capítulos e seções, ou somente em capítulos. Conforme
a finalidade a que se destina, o trabalho é estruturado de maneira distinta,
mas geralmente consiste de introdução, desenvolvimento e conclusão.

Sempre que o texto empregar: palavras e frases em língua estrangeira,


títulos de livros e periódicos, letras ou palavras que mereçam destaque ou
ênfase, estes devem ser escritos em negrito ou itálico.

Apêndices
São textos ou documentos elaborados pelo autor, a fim de complementar
e esclarecer o estudo. Esses documentos, quando necessários para o traba-
lho, devem aparecer logo após as referências bibliográficas.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 81


mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

Anexos
São textos ou documentos não elaborados pelo autor. Anexo é a matéria
suplementar, tal como leis, questionários, estatísticas, que se acrescenta a
um trabalho como esclarecimento ou documentação, sem dele constituir
parte essencial. Constituem informações que o pesquisador julgar neces-
sárias para melhor compreensão do projeto. Esse material é anexado sem
numeração de páginas.

Glossário
Glossário é a relação de palavras de uso restrito, acompanhadas das
respectivas definições, com o objetivo de esclarecer o leitor sobre o significado
dos termos empregados no trabalho. É apresentado em ordem alfabética.

Notas de rodapé
São informações que aparecem ao pé das páginas com o objetivo de
complementar alguns pontos do texto sem, no entanto, o sobrecarregar. As
notas de rodapé podem ser de referências (com indicação das fontes consul-
tadas), ou explicativas (que evitam explicações longas dentro do texto). São
utilizadas para:
 indicar a fonte de uma citação, ou seja, o livro de onde se extraiu uma
frase ou do qual se utilizou uma ideia ou informação;
 fornecer a tradução de uma citação importante;
 fazer observações pertinentes e comentários adicionais etc.

As notas de rodapé se localizam na margem inferior da mesma página


onde aparecem com as chamadas numéricas recebidas no texto. São sepa-
radas do texto por um traço contínuo de 3cm, a partir da margem esquerda,
digitadas em espaço simples e com caracteres menores do que o usado para
o texto (geralmente fonte n.º 10). Exemplo:

82 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

Na opinião de Gibson1, com o surgimento da Teoria dos Stakeholders2, passou-


-se a dar atenção aos interesses de outros grupos de pessoas, que não fossem apenas
os acionistas ou proprietários da empresa. Essa preocupação contribui para melhorar
a imagem da organização.
__________________
GIBSON, K. The moral basis of stakeholder theory. Journal of Business Ethics, Dordrecht, v. 26,
1

p. 245-257, Aug. 2000.

stakeholders são todos os grupos ou indivíduos que podem afetar ou ser afetados pela empresa,
2

ao realizar os seus objetivos: acionistas e investidores, funcionários, clientes, fornecedores,


comunidade, governo e sociedade em geral (FREEMAN, 1984).

Por questões de apresentação formal do trabalho, recomenda-se que as


notas de rodapé não sejam muito longas.

Citações
São informações extraídas de fontes consultadas e mencionadas no texto,
com a função de esclarecer e sustentar o assunto abordado, complementando
as ideias do autor do trabalho acadêmico-científico. Para todo e qualquer
tipo de citação, direta ou indireta, é obrigatório mencionar a fonte de onde a
ideia foi retirada, isto é, os sobrenome(s) do(s) autor(es) e o ano de publicação
da obra, a saber:

 se o sobrenome do autor estiver inserido no contexto, apenas o ano de


edição da obra ficará entre parênteses. Exemplo:

Conforme afirma Fonseca (2007), o homem queria uma explicação


para o mundo...

 se o sobrenome do autor não estiver inserido no contexto, ele deve


constar entre parênteses, seguido pelo ano de edição da obra. Exem-
plo:

O homem queria uma explicação para o mundo (FONSECA, 2007)...

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 83


mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

Utilizam-se diferentes tipos de citações:

Citações diretas
São transcrições exatas de um texto ou de parte dele, permanecendo a
pontuação, a grafia e o idioma exatamente como aparecem no original, sem
sofrer modificação alguma. Subdividem-se em:

 citações diretas curtas (até três linhas) – são transcritas entre aspas,
com o mesmo tipo e tamanho da letra que está sendo utilizada no
texto. O uso das aspas delimita as citações diretas. Após uma citação
direta, além do sobrenome do autor e o ano de publicação da obra, é
necessário indicar a página em que ela se localiza. Exemplo:

O conhecimento do senso comum é o “conhecimento do povo,


obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É ametódico e assiste-
mático.” (CERVO; BERVIAN, 1983, p. 7).

 citações diretas longas (com mais de três linhas) – são transcritas em


parágrafo distinto. Iniciam na margem de parágrafo, sem deslocamento
na primeira linha, e terminam na margem direita. A segunda linha e
seguintes são alinhadas sob a primeira letra do texto da citação.
 O texto da citação direta longa é apresentado sem aspas, em espaço
simples e letra menor do que o restante do texto (geralmente fonte n.º
10). Esta citação, sendo direta, também requer a indicação do autor,
ano e página. Exemplo:

O conhecimento científico é um produto da necessidade de se


alcançar um conhecimento seguro e pode surgir como problema
de investigação,
[...] a investigação científica se inicia quando se descobre que os
conhecimentos existentes, originários das crenças do senso comum,
das religiões ou da mitologia, são insuficientes e impotentes para
explicar os problemas e as dúvidas que surgem. (KÖCHE, 1997, p. 24).

Percebe-se, então, que o conhecimento é uma busca com raízes


muito mais profundas e antigas do que se pode imaginar.

84 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

Citações indiretas (ou livres)


É o texto redigido pelo autor do trabalho, mas com base em ideias de
outro(s) autor(es). No entanto, deve traduzir fielmente o sentido do texto ori-
ginal. As citações indiretas devem obrigatoriamente indicar a fonte de onde
foram retiradas, mas sem mencionar a página, isto é, somente o sobrenome
do autor e o ano de publicação da obra. Exemplo: (MEDEIROS, 2000).

Citação de citação
É a transcrição textual ou conceitos de um autor sendo ditos por um
segundo autor. Usa-se para isso a expressão apud, que em latim significa
citado por, conforme, segundo. Veja exemplos de citação direta e indireta.

A respeito do conhecimento, Leopoldo e Silva (apud COTRIN, 2000,


p. 57) afirma:
A teoria do conhecimento pode ser definida como a investigação acerca das condições
do conhecimento verdadeiro. Neste sentido podemos dizer que existem tantas teorias
do conhecimento quantos foram os filósofos que se preocuparam com o problema, (...)

O conhecimento do senso comum caracteriza-se por ser elaborado


de forma espontânea e instintiva. Segundo Buzzi (apud KÖCHE, 1997,
p. 24), “o conhecimento do senso comum é um viver sem conhecer”.

Citação de informações da internet


As citações de informações extraídas de textos da internet devem ser uti-
lizadas com cautela, dada a sua temporalidade e fidedignidade. Sendo assim,
faz-se necessário avaliar bem o material antes de utilizá-lo. As orientações
para esse tipo de citação são as mesmas das citações anteriores.

Referências
Esse elemento obrigatório é a relação das fontes utilizadas pelo autor e
permite a identificação de documentos impressos ou registrados em qual-
quer suporte físico, tais como: livros, periódicos, material audiovisual ou in-
ternet. As referências devem ser mencionadas em trabalhos científicos dos

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 85


mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

mais variados tipos: trabalhos acadêmicos, monografias, dissertações, teses


etc. Elas podem aparecer em nota de rodapé, em lista bibliográfica ou enca-
beçando resumos. Não confundir com bibliografia, que é a relação de docu-
mentos sobre determinado assunto ou de determinado autor. Todas as obras
citadas no texto devem, obrigatoriamente, figurar nas referências, de acordo
com as normas da ABNT. Não se usa mais o termo referências bibliográficas,
usa-se somente referências, considerando-se que atualmente as referências
podem não ser apenas de livros, mas de várias outras fontes, ou seja, inter-
net, CDs-ROM, vídeos etc.

A lista de referências deve estar em ordem alfabética. O sobrenome do


autor, em letras maiúsculas, deve ser seguido do seu prenome, de preferência
por extenso.

Como recurso tipográfico para destaque do título das obras com a indi-
cação da autoria ou responsabilidade, a ABNT sugere o itálico, o negrito ou
o grifo.

Livros (com um só autor)


SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título. Edição, quando mencionada na
obra. Local: Editora, Ano.

Exemplo:

ARAÚJO, Jorge Sequeira de. Administração de Materiais. 5. ed. São


Paulo: Atlas, 1981.

Livros (com dois, três ou mais autores)


Quando a obra tiver dois ou três autores, mencionam-se todos na entrada,
na ordem em que aparecem na publicação, separados por ponto e vírgula.
Em seguida, seguem os itens restantes da obra. Exemplo:

MAMEDE, Marli Villela; CARVALHO, Emilia Campos; CUNHA, Ana Maria...

Se há mais de três autores, mencionam-se o primeiro seguido da expres-


são latina et alii (abrevia-se et al.), que quer dizer “e outros”. Exemplo:

86 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

MAMEDE, Marli Villela et


al...

Artigos de publicações periódicas (revistas)


SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Título do
periódico, local de publicação (cidade), número do volume, número do
fascículo, página inicial-final, mês, ano.

Exemplo:
RÉGNIER, Erna Martha. Educação/formação profissional: para além dos
novos paradigmas. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1,
p. 3-13, jan./abr. 1995.

Artigos de jornal
SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Título
do jornal, local de publicação (cidade), dia, mês, ano. Número ou título do
caderno, seção ou suplemento, páginas inicial-final.

Exemplo:

MORIN, Edgar. A ciência total. Folha de S.Paulo, 6 set. 1998. Caderno


Mais, p. 5-11.

Obs.: quando o título do jornal já contém o nome da cidade da publica-


ção, não é preciso repeti-la.

MARTINS, Fernando. IPTU deve render mais 25% a mais. Gazeta do


Povo, Curitiba, p. 9, 13 jan. 2001.

Obs.: quando não houver seção, caderno ou parte, a paginação do artigo


ou matéria precede a data.

Guia
TÍTULO. Local: Editora, data, paginação.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 87


mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

Exemplo:
BRASIL: roteiros turísticos. São Paulo: Folha da Manhã, 1995, 319 p.

Eventos
NOME DO CONGRESSO, número., ano, Local de realização (cidade). Título...
Local de publicação (cidade): Editora, data de publicação.

Exemplo:

SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 7., 1991, Rio


de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: SIBI/UFRJ, 1992.

Catálogos de exposições, de editores e outros


INSTITUIÇÃO / AUTOR. Título. Local, ano. Nota de Catálogo.

Exemplo:

BRITISH COUNCIL. Paperbacks for Universities. London, 1981. Catá-


logo de exposição.

Internet
SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. (ano da publicação). Nome do artigo.
Local. Nome do periódico online. Disponível em: endereço da internet (data
da consulta).

Exemplo:

MORGADO, Lina. (1998) O Lugar do Hipertexto na Aprendizagem:


alguns princípios para a sua concepção. São Paulo: Moderna Online.
Fazendo Escola. Disponível em: <www.moderna.com.br/escola/prof/
art22.htm>. Acesso em: 17 set. 1999.

88 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Normas da ABNT

Atividade de aplicação
1. Em grupos de três ou quatro alunos discuta as consequências desfavorá-
veis que podem advir da não observância das normas da ABNT, em um
trabalho científico, com relação à:

 estrutura;

 digitação;

 comunicação das ideias;

 identificação das informações.

Referências
FONSECA, Regina Célia Veiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa
e Monografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Normas para Apresentação de Trabalhos:


teses, dissertações e trabalhos acadêmicos. 6. ed. Curitiba: UFPR, 1996.

MEDEIROS, João B. Português Instrumental: para cursos de contabilidade,


economia e administração. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 89


mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Trabalho Científico
Regina Célia Veiga da Fonseca

Metodologia do
Metodologia do

Trabalho Científico

Metodologia do

Trabalho Científico

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-3140-5

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br

Você também pode gostar