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Faculdade do Sul da Bahia – FASB

Mantenedora – Fundação Francisco de Assis


Curso: Biomedicina

Aula: 06 e 13/06/2012

 Assunto: Banco de Sangue e Medicina Transfusional

 Captação de doadores
• Atividade desenvolvida para conseguir novos doadores de sangue e
sua maior tarefa é conscientizar a população para que ela compreenda a
importância e a necessidade de cidadãos saudáveis se tornarem
doadores voluntários
• O hábito de doar sangue é obviamente adquirido não traz prazer físico e
nem qualquer vantagem financeira
• Estímulo moral forte para induzir a pessoa a fazê-lo com consciência de
que esse ato é necessário para salvar vidas

 Objetivos:
 Formar opiniões a respeito da questão doação de sangue;
 Criar novos conceitos de cidadania;
 Esclarecer mitos e superstições quanto à doação;
 Mostrar a dificuldade de se obter um doador e a necessidade do
sangue;
 Envolver a população entre 18 e 60 anos nessa campanha

• Materiais:
 Materiais do Ministério da Saúde (manual de qualificação do
doador); Cartas aos doadores; Vídeos; Propagandas.
 Realizada de dois modos
• Captação interna:
 Desenvolvida no próprio hospital, com os visitantes dos
pacientes;
 Dentro da própria sala de coleta com a fidelização do doador.
• Captação externa:
 Reunião de grupos nas Associações de bairro, grupo de jovens,
igrejas, escolas, polícia militar, clubes de serviço e universidades,
 Visita aos hospitais da comunidade, agindo diretamente com os
pacientes,
 Parcerias com meios de comunicação local, rádio e televisão,
 Através de panfletos explicativos,
 Palestras,
 Coletas externas e parcerias com secretarias de saúde nas
cidades vizinhas.

 Recepção de doadores
 Obter informações obrigatórias do doador, exigidas pelo Ministério da
Saúde.
 Recepcionista: habilitada a ter conhecimento das funções
desempenhadas pelo Centro de Hemoterapia para esclarecer eventuais
dúvidas do doador.
 Doador: munido de documento de identificação emitido por órgão oficial
e com fotografia.
 Objetivos
 Receber o doador e fazer seu cadastramento;
 Encaminhá-lo para triagem hematológica e clínica;
 Fazer a bolsa do doador;
 Entregar carteiras de doador
 Cadastro
 Nome completo;
 Endereço completo;
 Número telefônico;
 Naturalidade;
 Nacionalidade;
 Última doação;
 Data de nascimento;
 Escolaridade
 Profissão;
 Estado civil;
 Sexo;
 Identidade;
 Raça (leucoderma, faioderma, mieloderma);
 Tipo de doador (receptor presumido ou específico;

 Frequência máxima de doação/ano:


 Quatro para homens e três para mulheres
 Para doar:
 Doador não esteja em jejum prolongado
 Se a última refeição ocorreu há mais de quatro horas, deve
receber algo para ingerir e beber,
 Caso tenha almoçado, doar somente após intervalo de duas
horas
 Preparo das bolsas:
 Data da doação, data de vencimento, iniciais do doador, número
de bolsa ou doação, número de doador, peso do doador.
 Serão feitas mais quatro etiquetas com:
 Número de bolsa,
 Número do macarrão,
 Número do doador.

 Duas em tubos-pilotos (imunohematologia e sorologia), uma em um


tubo de ensaio e outra em microtubo
 Doador assina os documentos necessários para liberação de seus
exames e o devido pagamento pelo SUS
 Fichas encaminhadas para diretor do Centro de Hemoterapia e
assinadas por ele e posteriormente encaminhadas a DIRES
 Entrega de resultados:
 Negativo – Liberação e explicação ao doador das análises feitas
e seus resultados
 Positivo - Encaminhar o doador para o médico responsável ao
serviço de hemoterapia

 Triagem Hematológica
 Realizada por profissionais de saúde
 Se destina a garantir a segurança do doador
 Análise do peso, altura, temperatura e microhematócrito do candidato à
doação
 Deve excluir ou preterir qualquer doador cuja condição física seja tal
que uma doação de sangue, naquele momento, possa ser prejudicial
 Valores normais do hematócrito:
 40 a 54% para os homens
 38 a 47% para as mulheres
 Temperatura axilar não deve exceder 37ºC
 O pulso deve estar entre 60 e 110 batimento por minuto
 Recomenda-se que os doadores tenham acima de 50 kg de peso e
1,50m de altura
 Volume-limite de 8 mL/kg para as mulheres e 9 mL/kg para os
homens, não excedendo 500mL
 Triagem Clínica
 Avaliação geral do doador e observar a aptidão para doação
 Entrevistador: profissional de saúde de nível superior, qualificado,
capacitado e sob supervisão médica
 Composta por exame físico e história clínica, através de uma entrevista
individual
 Perguntas destinam-se a proteger o receptor; garantir a qualidade do
sangue doado
 Local em condições de privacidade
 Observar o estado geral do doador
 Sinal de intoxicação alcoólica ou por droga – doador preterido
 A história clínica é tanto descoberta de fatos, quanto diagnóstica
 Possibilidade do doador estar na “janela imunológica”
 Questionamentos com base na RDC n°153 de 14 de junho de 2004
(www.anvisa.gov.br/sangue/legis/resolucoes.htm)
 Para segurança do doador, profissional responsável pela triagem clínica,
observa:
 Estado físico: deve ser perguntado ao doador se ele considera-se
em boa saúde
 Peso corporal e altura: peso mínimo de 50 kg e altura 1,50m
 Pulso: ideal entre 60 e 100 batimentos por minuto
 Pressão arterial: a pressão sistólica deve estar entre 90 e 180
mmHg e a diastólica entre 60 e 100 mmHg
 Níveis de hematócrito: são aceitos hematócrito de no mínimo 38%
para as mulheres e de 39% para os homens
 Jejum: o sangue de candidatos em jejum não é colhido
 Aborto, gestação, puerpério e menstruação: a menstruação não
contra indica, gestação e puerpério devem ser excluídas com
menos de doze semanas após o parto e mulheres até doze
semanas após um aborto
 Uso de medicamentos: antibióticos e quimioterápicos,
antibacterianos, corticosteróides, anticoagulantes orais, agentes
hipoglicemiantes, antipsicóticos são motivos de rejeição
temporária
 Doenças: doenças hematológicas, doenças crônicas, doenças
cardíacas, renais, pulmonares, hepáticas, autoimunes,
hipertireoidismo, hanseníase, tuberculose, câncer, sangramento
anormal

 Para segurança do receptor:


 História de hemoterapia: candidatos que receberam transfusão de
sangue, componentes ou derivados nos 10 anos anteriores
 Imunizações e vacinações: no caso de toxicóides, vacinas de
vírus, bactérias, ricketsias, mortos ou inativos o doador poderá
ser aceito caso esteja livre de qualquer sintoma
 Doenças infecciosas: são excluídos definitivamente da doação,
candidatos que apresentam história relacionada a: sífilis, AIDS,
hepatites B e C, malária, doença de Chagas, citomegalovírus e
retroviroses pelos vírus HTLV-I/II
 Uso de bebidas alcoólicas: sinais de intoxicação pelo álcool ou
história de alcoolismo crônico excluem o candidato à doação. Fez
uso de pouco álcool, nas 12 horas anteriores, é liberado para a
doação
 Drogas e medicações: definitivamente excluídos usuários de
drogas que possam causar dependência
 Cirurgias: candidatos submetidos a grandes cirurgias, são
rejeitados por 6 meses, pequenas cirurgias por 3 meses, extração
dentária não complicada ou a manipulação dentária, por 72 horas;
 Estado gripal: os doadores com gripe ativa ou sintomas do vírus
influenza são recusados até o término dos sintomas;
 Alergias: manifestações alérgicas ativas levam a rejeição
temporária. Formas leves, é rejeitado até uma semana após o
tratamento; são inaptos definitivos, os que padecem de
enfermidades atópicas graves, como exemplo, asma brônquica
grave;
 Tatuagem ou acupuntura: deve ser rejeitado o candidato que tem
história de tatuagem e/ou acupuntura nos últimos doze meses
que antecedem a doação

 Doação de Sangue Total


 Tipos de coleta:
 Interna: realizada dentro da unidade hemoterápica
 Externa: realizada por equipes que se deslocam para locais pré-
determinado
 Objetivos:
 Coletar de uma maneira segura, evitando sangues hemolisados
ou coletas com tempo de duração acima do recomendado;
 Obter bolsas de sangue apirogênicas e estéreis
 Materiais
 Poltronas reclináveis para doação de sangue;
 Homogeneizadores;
 Balança para determinar o volume;
 Alicate de ordenha;
 Pinça hemostática ou corta-fluxo;
 Bolsas plásticas para coleta;
 Tubos de ensaio, garrote, alcool 70%, solução degermante
 Anticoagulantes:
- citrato ácido dextrose (ACD)
- Heparina
- citrato fosfato dextrose (CPD)
- citrato fosfato dextrose adenina (CPDA-1);
- CPD + AS-1 ou AS-2 (solução salina, dextrose, manitol e
adenina)
- citrato fosfato duplo dextrose (CP2D) + AS (solução salina
dextrose e adenina)
- Soluções aditivas (AS) são acrescentadas aos eritrócitos após a
retirada do plasma
 Metodologia de coleta
 Pesagem do sangue coletado e conversão em mL
• Peso líquido do sangue coletado = 333g
• Densidade do sangue total = 1,053g/mL
1,053g 1 mL
333g X = 316 mL de sangue total
• Concentrado de hemácias (CH) = 1,083 g/mL
• Concentrado de plaquetas (CP) = 1,00 g/mL
• Plasma simples (PS) = 1,00 g/mL
• Plasma fresco congelado (PFC) = 1,00 g/mL

 Estocar a bolsa de sangue entre 1° a 6°C ou em um recipiente de


transporte
 Armazenar o sangue destinado à produção de plaquetas em 20º a 24ºC
 Coleta pode durar até quinze minutos, com exceção das unidades
destinadas à produção de plaquetas que devem durar até oito minutos
 O doador deve receber lanche e hidratação adequados e deve ser
instruído a cuidados após doação

 Fracionamento de Hemocomponentes
 Separação dos componentes sanguíneos a partir do sangue total colhido
de doadores
 Uso para transfusão como para fabricação de hemoderivados
 Liberação e descarte de hemocomponentes
 Hemocomponentes são preparados, identificados e armazenados, de
acordo com os critérios de qualidade definidos pelo Ministério da Saúde
 Fracionamento via processo físico: centrifugação ou congelamento
 Concentrado de hemácias (CH)
 Plasma fresco congelado (PFC)
 Concentrado de plaquetas (CP)
 Plasma comum (PC)
 Crioprecipitado (CRIO)
 Processamento de sangue não liberado (sem análises laboratoriais)
 Metodologia
 Observar identificação na bolsa primária e nas satélites
 Verificar se todas as bolsas estão íntegras
 Definição do hemocomponente a ser separado
 Obtenção do hemocomponente através de centrifugação,
extração da bolsa e/ou congelamento

 Liberação dos hemocomponentes


 Somente após as análises de imunohematologia e sorologia;
 Transporte de hemocomponentes para freezer e geladeira de
produtos liberados
 Descarte dos Hemocomponentes
 Resultado reagente ou indeterminado em sorologia;
 Bolsa Primária defeituosa;
 Após vencimento de validade;
 Sistema aberto
 Imunohematologia
 As propriedades e reações imuno-hematológicas de todos os
componentes e constituintes sanguíneos
 Intimamente relacionada à transfusão sanguínea
 Objetivos:
 Identificar os antígenos e anticorpos eritrocitários
 Pesquisar anticorpos irregulares no soro de doadores
 Interpretar e analisar discrepâncias nos testes imuno-
hematológicos

 Sistema ABO
 Primeiro sistema de grupo sanguíneo descrito (1900 por Karl
Landsteiner – grupos A,B e O)
 Moléculas complexas tipo glicolipídios e glicoproteínas
membranares presentes em diversos tecidos, além das hemácias
– “grupo histo-sangue”
o Antígeno H: L – Fucose
o Antígeno A: N – acetilgalactosamina
o Antígeno B: D – galactose
o Indivíduos Bombay: não apresentam antígenos A, B e H e
presença de anticorpos anti-H

 Anticorpos do sistema ABO


 Ocorrência natural, porém não estão presentes no nascimento
 Detecção no soro após três a seis meses de vida
 Provável produção com indução de bactérias e sementes
 Indivíduos A e B: produção de IgM
 Indivíduos O: produção de IgM e IgG naturais
 Títulos de anti-A são maiores do que o anti-B
 Anticorpos imunes (IgG) ocorrem após transfusões de hemácias
ou plasma incompatíveis, gestação ou vacinações
• Importância Clínica
 Potentes anticorpos naturais e fixadores de complemento
 O sistema mais importante a ser avaliado em compatibilidades
sanguíneas
 Indivíduos Bombay apresentam forte anti-A/anti-B e anti-H, só
podem receber hemácias Bombay

• Detecção: tipagem sanguínea


 Hemaglutinação
 Teste direto: detecção de antígenos
 Teste reverso: detecção de anticorpos
 Fator Rh
 Segundo sistema eritrocitário de maior importância clínica –
antígeno altamente imunogênico
 Proteínas não-glicosadas com importante papel na integridade da
membrana eritrocitária
 Surge precocemente, em torno da 10ª semana de vida intra-
uteriana
 Composto de 45 antígenos
 Termo positivo refere-se à presença do antígeno D ou Rho e
negativo à ausência somente do antígeno D
 Associação de mais quatro antígeno (C, c, E, e)
 Antígeno D:
 Positivo - Homozigoto “RR”; Heterozigoto “Rr”
 Negativo – Homozigoto recessivo “rr”
 Antígenos C, c, E, e:
 Vários alelos: CE/Ce/cE/ce
 Indivíduo Positivo:
 Possui dois genes (gene RHD e RHCE)
 Aproximadamente 85% da população
 Indivíduo negativo:
 Possui somente o gene RHCE
 D Fraco (Du)
 Expressão diminuída do antígeno D
 Reagem somente com antiglobulina humana (IgG)
 Classificadas como Rh positivas
 Frequência menor que 1%, mais frequentes em negros
 Não produzem anti-D
 Detecção feita através da técnica de D fraco

 Presença de outros antígenos eritrocitários:
 Sistema Kell: K, k, Kpa , Kpb, Jsa, Jsb
 Sistema Kidd: jka, jkb e jk3
 Sistema Duffy: Fya, Fyb, Fy3, Fy4, Fy5 e Fy6
 Sistema Lewis: Lea, Leb, Leab, LebH, ALeb, Bleb
 Sistema MNS: M, N, S, s, U
 Sistema P: P, P1 e PK
 Anticorpos específicos para tais antígenos são designados
anticorpos irregulares
 Detecção através da pesquisa de anticorpos irregulares

 Anticorpos específicos para tais antígenos, que sejam “estranhos”


ao indivíduo, são designados anticorpos irregulares
 Sensibilização após transfusão e gestação
 Ocorrem em aprox. 0,3% a 2,0% da população em geral
 Detecção através da pesquisa de anticorpos irregulares (PAI): 2
reagentes com presença de hemácias do tipo ‘O’ que possui a
maioria dos outros antígenos (exceto ABO)
- Resultado positivo: realização do painel de hemácias

• Teste de Coombs
 Também conhecido como teste de antiglobulina humana
 Princípio: anticorpos específicos antiglobulina humana atuam
como ponte que induz a aglutinação de eritrócitos revestidos com
imunoglobulina humana ou complemento
 Ferramenta poderosa na testagem de antígenos ou de anticorpos
indetectáveis por outras técnicas
 Teste Direto: detecção de anticorpos ligados aos eritrócitos in vivo
(anemia hemolítica autoimune eDHRN)
 Teste Indireto: detecção de reação dos anticorpos e dos
eritrócitos in vitro após uma fase de incubação (PAI e testes de
compatibilidades)
 Sorologia
• Triagem clínica rigorosa para uma transfusão sanguínea segura
• Deve ter alta sensibilidade de modo a evitar, no máximo, o aparecimento
de falso-negativos
• Visa, em primeira instância, a segurança do receptor
• Resultados positivos: repetição do exame
• Persistência da positividade: encaminhamento do doador a serviços
especializados para aconselhamento
• Ministério da Saúde, mediante a Resolução- RDC nº153 de 14 de
Junho de 2004, obriga a realização, na triagem sorológica de todos os
doadores de sangue do país, os testes para Doença de Chagas, Sífilis,
Hepatite B, Hepatite C HIV1/2 e HTLV1/2
• Técnicas:
• Doença de Chagas: ELISA ou hemaglutinação
• Sífilis: Floculação – VDRL
• Hepatite B (anti-HBc e HBsAg), Hepatite C (anti-HCV), HIV1/2 e
HTLV ½: ELISA

 Transfusão Sanguínea
• Possibilidade de ocorrência de efeitos adversos, gerando a necessidade
da cuidadosa consideração do binômio risco/benefício
• Objetivos:
 Aumentar a capacidade do sangue de transportar oxigênio
 Restaurar o volume sangüíneo do organismo
 Melhorar a imunidade
 Corrigir distúrbios da coagulação
• Testes Pré-transfusionais:
 Objetivo: assegurar os melhores resultados possíveis de uma
transfusão sanguínea
 Toda e qualquer transfusão ou produto hemoterápico:
 Deve ser solicitada e/ou prescrita por médico
 Constar assinatura, nome legível e o número de inscrição no
CRM local
 Nome do receptor, produto hemoterápico indicado e a sua
respectiva quantidade
 Indicação da transfusão e/ou dados que permitam uma avaliação
correta pelo hemoterapeuta
• Escolha do hemocomponente no estoque:
 A inspeção do hemocomponente, avaliando vencimento e estado
físico da bolsa;
 Reclassificação da bolsa antes da realização da prova de
compatibilidade;

• É obrigatória realização dos testes pré-transfusionais:


- Tipagem ABO (direta/reversa)
- Tipagem Rh (D)
- Pesquisa de anticorpos irregulares (PAI)
- Prova de compatibilidade
• Prova de Cruzada ou de compatibilidade
- Células do doador e o soro do receptor são estudados para a
presença de incompatibilidade sorológica
- É a confirmação final de que o paciente não possui anticorpos
circulantes contra as células do doador

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