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Treinamento e desenvolvimento: reflexões

sobre suas pesquisas científicas

Jairo Eduardo Borges-Andrade


Gardênia Abbad de Oliveira-Castro

o treinamento de pessoal é caracterizado pelo esforço díspendído Este texto tem por base documento preparado para
pelas organizações para propiciar oportunidades de aprendizagem aos o Grupo de Trabalho Uma Agenda de Pesquisa
seus integrantes. Entre os propósitos mais tradicionais do treinamento para a Psicologia Organizacional e do Trabalho,
estão aqueles relacionados à identificação e à superação de deficiências apresentado e discutido em maio de 1994 no V
no desempenho de empregados, à preparação de empregados para novas Simpósio Brasileiro de Pesquisa e Intercâmbio
funções e ao retreinamento para adaptação da mão-de-obra à introdu- Científico, organizado pela Associação Nacional de
ção de novas tecnologias no trabalho. Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia
O desenvolvimento pode ser compreendido como um conceito mais (ANPEPP).
abrangente, que se refere às ações organizacionais que estimulam o
crescimento pessoal de seus integrantes, sem necessariamente visar à
Recebida em agosto/94
melhoria no seu desempenho atual ou futuro (Nadler, 1984).
2ª versão em setembro/95
Treinamento e desenvolvimento (1&0) têm se revestido de crescente
importância na atualidade, devido às rápidas e vertiginosas mudanças
tecnológicas, econômicas e sociais que caracterizam o cenário interna-
cional nas últimas décadas.
No Brasil, a área de T&O teria grande relevância e a consolidação da
pesquisa poderá trazer bons frutos. Aqui, o desafio talvez seja muito maior
do que aquele enfrentado por pesquisadores e práticos de paises desenvol-
vidos, já que grande parte da mão-de-obra disponível no mercado de traba- Jairo Eduardo Borges-Andrade, Bacharel em
lho tem baixo nível de escolaridade ou nenhuma escolarização e o País, Psicologia e Psicólogo pela Universidade de
Brasília, M.Sc. e Ph.D. em Sistemas Instrucionais
para se desenvolver e disputar mercados consumídores com os países de-
pela Florida State University- Tallahassee, é
senvolvidos, terá de introduzir e desenvolver novas tecnologias.
Professor Titular no Departamento de Psicologia
Corno introduzir novas tecnologias, vitais para o desenvolvimento Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da
econômico, e qualificar a mão-de-obra disponível? Como desenvolver Universidade de Brasília.
programas de treinamento úteis, eficazes e economicamente viáveis? Fax: (061) 273-8259
Como a pesquisa em T&O poderá auxiliar no provimento de algumas E-mail: jeborges@guarany.cpd.unb.br
das respostas para essas questões? Quais as linhas de pesquisas mais
importantes e que poderão, estrategicamente, facilitar o desenvolvimento Gardênia Abbad de Oliveira-Castro, Bacharel em
social e econômico brasileiro? Psicologia, Psicóloga, Mestre em Psicologia e
Essa linha de questionamentos sugere a necessidade de produção de Doutoranda pela Universidade de Brasília, é
conhecimentos e tecnologias para dar suporte a T&O. Confiar na trans- Professora Assistente no Departamento de
Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de
ferência pura e simples daquilo que a pesquisa internacional tem produ-
Psicologia da Universidade de Brasília.
zido pode ser perigoso, considerando as especificidades nacionais. Pior "
Fax: (061) 273-8259
ainda seria manter uma política de importar pacotes de treinamento. .. E-mail: gardenia@guarany.cpd.unb.br

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Revista de Administração, São Paulo v.31 , n.2, p.112·125, abril/junho 1996

--- AI
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TREINAMENTO E DESENVOL VIMENTO: REFLEXÕES SOBRE SUAS PESQUISAS CIENTIFICAS

Além de pesquisas, os T&D nacionais precisam de Tecnologia Educacional da Associação Brasileira de


intencionalidade nas mesmas. Um programa de investi- Tecnologia Educacional (ABT), com sede no Rio de Ja-
gação, para ser levado a bom-terrno, exige diagnóstico neiro; os Arquivos Brasileiros de Psicologia da Funda-
baseado no que já foi realizado no Brasil. mantendo-se a ção Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro e depois da
perspectiva do que foi feito no exterior. A partir disso po- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e a revis-
dem ser definídas linhas de pesquisa a serem seguidas pelos ta Psicologia: Teoria e Pesquisa da Universidade de
pesquisadores. Esses são os objetivos que se pretende per- Brasília (UnB). Evidentemente, a escolha desses periódi-
seguir neste texto. Para alcançá-los, primeiramente reali- cos pode ter se constituído em fonte de viéses para as
zou-se um levantamento do que já foi publicado em revistas análises que se seguirão.
nacionais, o que será descrito no próximo tópico.
Recomenda-se, para o leitor interessado em conhecer
os avanços recentes da pesquisa internacional sobre T&D, . çáo de
. de avalIa nto
a consulta aos artigos de Bastos (1991), Goldstein (1991) Os níveIS de treinarne
e Tannenbaum & Yukl (1992). Embora tendo sido 'dades se
mantidas em perspectiva, para a redação deste texto, as necesS~enefjciararn· esquisa.
informações neles existentes não serão aqui apresenta- . ualmente da :correrarn
das, devido às limitações de espaço. deslg avanços d tarefas,
Mai~res de análise ~ rnuito
LEVANTAMENTO DA PRODUÇÃO NACIONAL nO nlvel uanto hOuv 0lÓ9icO
( ..,) enq o teCn
rogreSS '/ise
Com a finalidade de levantar a produção nacional de pouco p 'vel de ana,
pesquisas na área de T&D(l), definiu-se o periodo de 1980 no nl 'zaciona .
a 1993 como o intervalo de tempo a ser considerado organl
para a busca.
É bom lembrar que 1980 representou um marco im-
portante para a área no Brasil, pois nesse ano foi editado Decidiu-se, inicialmente,levantar todas as publicações
o Manual de Treinamento e Desenvolvimento da Asso- feitas nos periódicos selecionados. Foram encontrados
ciação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento 30 artigos sobre treinamento e desenvolvimento. Com
(ABTD, 1980). Esse Manual reuniu 32 artigos de vários vistas a alargar a amostra, consultou-se as bibliografias e
estudiosos e profissionais dedicados à área. agrupados referências bibliográficas existentes nesses 30 artigos.
em sete seções: a função de treinamento e desenvolvi- Nesta etapa foi considerada qualquer publicação nacio-
mento; o processo de treinamento; métodos. técnicas e nal, incluindo-se os periódicos institucionais e os destina-
recursos de treinamento; treinamento e sua clientela; sis- dos ao público profissional, o que ampliou consideravel-
temas formadores de mão-de-obra; treinamento e seu mente o leque de periódicos representados na amostragem
relacionamento com processos afins; aspectos gerais de de publicações. Após a busca nas bibliotecas(2), com base
treinamento. A segunda edição desse Manual acaba de nas citações daqueles 30 artigos, conseguiu-se aumentar
ser publicada (Boog, 1994). o número para 55.
Além disso, na metade de 1980 foi realizado o primei- No quadro 1 consta o resumo de algumas das caracte-
ro e único congresso mundial de T&D sediado no Brasil, rísticas desses artigos. De acordo com os dados levanta-
no Rio de Janeiro. Portanto, seria de se esperar algumas dos, os periódicos que mais publicaram sobre T&D fo-
mudanças na pesquisa nacional, como resultado de tais ram Tecnologia Educacional (44%), em primeiro lugar,
eventos. e Revista de Administração da USP (15%). Fica assim
Para começar a busca de material referente à pro- demonstrado que a Psicologia, apesar de ser uma das
dução nacional de pesquisa, definiu-se que o ponto de matrizes teóricas de produção da área de T&D, não aco-
partida seria os periódicos científicos, ao invés daqueles lhe ou não é procurada para a divulgação da produção da
institucionais e dos exclusivamente destinados a público área. Esta situação é, provavelmente, parte de um fenô-
de profissionais (como, por exemplo, as revistas Ser Hu- meno maior que ocorre com a Psicologia Organizacional
mano e Executivo). Considerou-se, para escolher tais e do Trabalho, considerada o lobo mau da Psicologia
periódicos, que eles deveriam de algum modo represen- brasileira (ver Codo. 1984).
tar as áreas de Administração, Educação e Psicologia, tra- Os anos mais produtivos do período analisado estive-
dicionais fontes de inspiração teórica ou prática para T&D. ram entre 19~2 e 1989, tendo ocorrido grande queda de
Assim, selecionou-se respectivamente: a Revista de produção nos seguintes. Quanto à formação dos auto-
Administração da Universidade de São Paulo (USP); a res, predomínam Psicologia e Educação, fortalecendo a

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notas & comunicações

Quadro 1

Características Gerais dos Artigos

Nomes dos Periódicos


Tecnologia Educacional 24
Revista de Administração (USP) 8
Revista de Administração Pública (FGV) 4
Cadernos de Difusão de Tecnologia 4
INEP-MEC 3
Série Documentos - Embrapa 3
Série Estudos e Pesquisas (ABT) 2
Diálogo (IICA - Uruguai) 2 Origem Institucional dos Autores
Executivo 2
Arquivos Brasileiros de Psicologia 1 Embmpa 22
Psicologia, Ciência e Profissão 1 Outras Instituições de C&T 2
Revista de Economia Rural 1 Consultoria 6
UnB 5
Anos das Publicações Outras Instituições de Ensino Superior 6
1980-1981 7 Outras Instituições Estaduais de Governo 5
1982-1983 10 Empresas Fedemis de Telecomunicações e.Energia 4
1984-1985 8 FUNCEP/ENAP 2
1986-1987 9 MEC 2
1988-1989 13 Banco Central 1
1990-1991 2
1992-1993 Cidade de Residência dos Autores
2
Brasília 31
Rio de Janeiro 4
Salvador 3
Belo Horizonte 1
Campo Grande 1
Curitiba 1
Lavras 1
Porto Velho 1
São Paulo 1
Sem Informação 12

constatação anterior referente à migração da primeira em (publicadas por Tannenbaum & YukI, 1992 e Latham,
direção à Administração. Os pós-graduados são os auto- 1988) e sob o referencial de tecnologia de treinamento
res mais freqüentes. proposto por Borges-Andrade (1986) e Goldstein (1991).
A principal instituição de origem dos autores é a Em- Deve-se registrar que estes dois autores estão claramente
presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) [39% vinculados à abordagem de sistemas e bastante ínfluen-
do total). Verifica-se, no geral, presença muito pequena ciados pela Psicologia Instrucional (de referencial teórico
de instituições de ensino superior e participação micros- cognitivista) .
cópica de organizações privadas. Constata-se que 75% No que tange a características metodológicas, as
dos autores residem em Brasília. categorias foram definidas com base nos princípios e
Os artigos foram analisados com base em um sis- métodos para pesquisa em Psicologia Organizacional e
tema de categorias, para garantir homogeneidade e do Trabalho propostos por Drenth (1984). Nas catego-
comparabilidade.Essas categorias, no que concerne a rias de análise predominam as visões científica e sistêmíco-
aspectos de conteúdo. foram definidas a partir de con- instrucionaI. ~s dez categorias utilizadas para análise são
sulta às mais recentes revisões de pesquisas sobre T&D apresentadas no quadro 2.

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Revista de Administração, São Paulo v.31, n.2, p.112-125, abril/junho 1996
TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO: REFLEXÕES SOBRE SUAS PESQUISAS CIENTiFICAS

as duplas reuniram-se para comparar esses resultados e


Quadro 2 calcular os índices de concordância (porcentagem de con-
cordâncias sobre o total das classificações possíveis)í4).
Categorias de Análise dos Artigos Nacionais Os índices de concordância (por dupla) calculados cons-
tam na tabela abaixo.
Após esse cálculo, as duplas de juízes discutiram as
classificações em que existiam discrepâncias de análise,
1. Definição e Função de T&D até chegar a um acordo. O produto desse consenso pode
2. Avaliação de Necessidades de Treinamento ser observado nos quadros 3 e 4 mais adiante.
3. Projeto de Treinamento Finalmente, as referidas duplas identificaram e sepa-
4. Métodos de Treinamento Citados raram, em conjunto, os artigos que, a seu juízo, descre-
5. Contextos de Treinamento Enfocados viam produção de tecnologia (11 artigos) e/ou co-
6. Clientela Específica Tratada nhecimento sistematicamente produzido (10 arti-
7. Validação e Avaliação de Treinamento gos). Foram encontrados 17 desses artigos, corres-
8. Enfoque Geral pondendo a 31% da amostra analisada ou uma média de
9. Natureza do Processo de Coleta de Dados pouco mais do que um por ano. A grande maioria deles
10. Natureza do Processo de Análise de Dados foi publicada por:
• Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT)
_ 5 artigos - , em sua revista ou sua série especial;
• Revista de Administração da USP (RAUSP) - 4 arti-
A fim de aumentar a confiabilidade e a objetividade
gos; e
dessa análise, foram utilizados 22 juízes, alunos da disci- • periódicos (Cadernos de DifusãO de Tecnologia. série
plina de pós-graduação "Treinamento e Desenvolvimen- "Documentos" e Revista de Economia Rural) direta
to" oferecida pelo Departamento de Psicologia Social e ou indiretamente vinculados ao sistema Embrapa - 5
do Trabalho da Universidade de Brasília no primeiro se-
artigos.
mestre de 1994(3). Os autores dos 17 artigos.estão, com exceção de qua-
Esses juízes foram distribuídos em onze duplas. Para tro. vinculados à área de recursos humanos da Embrapa,
cada uma foram entregues, aleatoriamente, cinco artigos na sua sede em Brasília (14 autores)(5), ou à de Psicologia
e um roteiro detalhado baseado no quadro 2. Solicitou-se da UnB (7 autores). Neste segundo caso, exceto por dois
a cada membro da dupla que realizasse leitura indepen- artigos independentes, as co-autorias são entre pessoas
dente dos artigos, classificando-os e quantificando-os quan- dessas duas instituições. Isto indica a existência de um
to às características descritas no roteiro. Posteriormente,
índices de Concordância por Categoria e Dupla de Juízes

85 95 100 75
100 60 100 100
60 75 75 45
C1 72 92 100
100 88 100 100
64 56 96 69
C2 82 82 96
82 76 96 73
65 65 90 82
C3 100 96 90 100
58 98 100 100 100
C4 98 96 65
92 100 80 84
60 88 96 80 68
C5 100 100 100 91
98 100 93 100 78
69 62 84
C6 89 91 93 51
69 93 100 75 96
C7 76 O 90
100 100 90 90
50 60 100 100 80
C8 93 100 100 100
100 100 60 100 71
93 100 83
C9 67 91 94 89
77 91 71 57 97
C10 91 <, 91 89 72
86 79 98 89 92
73 67 94
índices Globais
Nota: (*) A seqüência de categorias (C) utilizada para elaborar esta tabela é idêntica àquela apresentada no roteiro de análise dos artigos do quadro 2.

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Revista de Administração. São Paulo v.31. n.Z, p.112-125, abril/junho 1996
notas & comunicações
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grupo - e não de dois - de pesquisa em Brasília, res- Receberam mais atenção, por outro lado, os assun-
ponsável por aproximadamente 75% da produção de co- tos ligados a definição e funções de T&D (29% dos arti-
nhecimentos e tecnologias na amostra de artigos aqui gos); suas políticas e implantação (44%); e questão do
analisada. Essa produção foi igualmente divulgada pelos papel da área e do seu profissional (56%). Os textos pro-
três veículos ou sistemas de publicação anteriormente duzidos por Mendonça (1984a) e Bastos (1991) são bons
citados. exemplos da preocupação com a definição de conceitos.
A partir de 1990, por decisão institucional, os autores Os dados indicam claras preocupações da área de T&D
da Embrapa voltaram-se para questões mais macro, pas- com a ocupação de espaços nas organizações e com a
sando a dar prioridade a estudos organizacionais. Como busca de legitimação por meios que não os legalistas.
resultado, já verificado no quadro 1, ocorreu a queda brus- Contudo, como concluem Rebelo, Bresciani Filho & Oli-
ca de publicações sobre T&D após o período produtivo veira (1995), é questionável "até que ponto as empresas
de 1982 a 1989. Comparando ainda esses dados com os consideram o treinamento uma atividade estratégica".
do quadro 1, nota-se que os artigos divulgados pela ABT
são 47% do total levantado, mas somente 29% dos que Avaliação de necessidades de treinamento
produziram conhecimentos e tecnologias, representando
redução muito significativa. Esta redução pode ser uma A avaliação de necessidades de treinamento via
evidência de que os periódicos da ABT seriam menos diagnóstico organizacional ocupou a atenção em 36%
voltados para a divulgação de pesquisas do que se imagi- dos artigos, apesar de somente em seis deles terem
nou inicialmente. sido efetivamente tratados os instrumentos para realizá-
Os resultados obtidos serão discutidos a seguir, obe- lo. Em outras palavras, a maioria dos autores insistiu
decendo à seqüência disposta nos quadros 3 e 4. Quan- na importância desse diagnóstico, mas pouco contri-
do apropriado, serão citados alguns artigos nos quais foi buiu para vê-lo realizado. Mesmo assim, esse foi um
identificada a produção de conhecimentos ou de dos assuntos para o qual se encontrou maior produ-
tecnologíasw' . ção nacional de conhecimentos e de tecnologias. Infe-
lizmente, parece que esses conhecimentos e tecnologias
ANÁLISE DA PRODUÇÃO NACIONAL não estão sendo utilizados, pois menos da metade das
empresas pesquisadas por, Rabelo, Bresciani Filho &
Em uma análise da produção nacional de pesquisa, é Oliveira (1995) realizaram levantamentos formais de
importante sua comparação com a realidade de T&D nas necessidades de treinamento.
organizações. A dificuldade para tal deve-se à inexistência Apesar de em somente 22% dos artigos ter sido trata-
de levantamentos abrangentes nacionais sobre o uso de da a questão da avaliação de necessidades no nível de
T&D,como aqueles feitos periodicamente nos Estados análise de tarefas, em todos houve preocupações meto-
Unidos. Foi encontrado e utilizado, aqui, um levantamento dológicas, o que é um fator surpreendentemente positivo.
recente efetuado por Rabelo, Brescíaní Filho & Oliveira para o avanço desse nível de avaliação. Em igual número
(1995), o qual poderá auxiliar nessa comparação. Deve- de publicações foi tratado o nível de comportamento in-
se alertar, no entanto, para O fato de que a amostra desse dividual na avaliação de necessidades. Entretanto, somente
levantamento se restringiu aos fabricantes de autopeças. na metade houve a preocupação com instrumentos de
diagnóstico.
Aspectos de conteúdo Os níveis de avaliação de necessidades de treinamen-
to beneficiaram-se desigualmente da pesquisa. Maiores
Os aspectos de conteúdo dos artigos nacionais sobre avanços ocorreram no nível de análise de tarefas, apesar
T&D analisados (quadro 3) são discutidos a seguir. de ele não ter sido objeto da maior quantidade de cita-
ções, enquanto houve muito pouco progresso tecnológico
Definição e função de T&D no nível de análise organizacional. Rabelo, Brescíaní Fi-
lho & Oliveira (1995), coincidentemente, relataram que
Observa-se, nos números relativos à primeira catego- de 19 empresas consultadas somente uma levantava ne-
ria apresentada no quadro 3, quanto a definições ou cessidades de treinamento com base em análise de pla-
explicitações de função, que somente em oito dos nos de negócios (equivalente ao nível de diagnóstico
artigos houve preocupação com questões de legislação. organizacional) e somente cinco com base em avaliação
Talvez este seja um assunto superado na área (na década de desempenho (equivalente ao nível de análise de tare-
de 70 ele recebeu atenção maior) ou, então, não seja fas). Segundo esses autores, proliferam os procedimen-
visto pelos estudiosos de treinamento e desenvolvimento tos informai~nitidamente reativos, baseados em solicita-

l como prioritário ou merecedor de atenção . ções de funcio~ários e gerentes de linha.

.__ 1, 116

_ Revista de Administração, São Paulo v.31 , n.z, p. 112-125, abrilljunho 1996


TREINAMENTO E DESENVOL VIMENTO: REFLEXÕES SOBRE SUAS PESQUISAS CIENTíFICAS

Quadro 3

Aspectqs de Conteúdo dos Artigos Nacionais sobre T&D

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Definição e Função de T&D Métodos Cornportamentals


Modificação ele Comportamento 3
Delm!çaoiFunçao oe TE~D 16 Mocteiação de Papéis Comportarnentais 2
8
31 Processos Sociais
e sua Impian!taçflO Sensibilização 5
Dramatização e Dinâmica 2
Avaliação de Necessidades de Treinamento
Recursos Tecnológicos
Diagnóstico Organizacional 20 Alta Tecnologia 2
Instrumentos de Diagnóstico Organizacional 6 Por Computador 5
Metodologia de Análise de Tarefas 12 Recursos Audiovisuais 6
Dinâmica Comportamentallndividual 12
lnstrumentos de Diagnóstico do Contextos de Treinamento Enfocados
CompOrtamento Individual 6
Ambiente Pré e Pós 8
Instalações de Treinamento 6
Projeto de Treinamento

Clientela Específica Tratada,


Objetivos do Treinamento 27
Estratégias de Ensino e Aquisição 23 Pesquisadores 12
Escolha de Métodos e Técnicas 20 Desenvolvimento Gerencial 9
Alocação de Recursos Financeiros 8 Equipes 4
Novos Funcionários 4
Categorias de Aprendizagem Abordadas Professores 4
Profissionais de Treinamento 4
Aprendizagem Afetiva 9 Estagiários 2
Aprendizagem Psicomolora 6 Pessoal de Segurança 1
Aprendizagem Cognitiva Supervisores 1
18
Validação e Avaliação de Treinamento
Características dos Treinados
Modelos 15
Habilidade 11 Instrumentos e Procedimentos 15
Motivação 13 Resultados 17
Atitudes 11 Tipos de Relatórios e Bancos de Dados 3
Expectativas ou Interações entre
Processos e Métodos 12 Nível de Avaliação de Treinamento

Métodos de Treinamento Citados Avaliação de Reação 10


Avaiiação de Aprendizagem 14
Aproximação da Realidade Avaliação de Desempenho no Cargo 7
Avaliação de Mudança Orqanizacionat 9
Simulação e ,Jogos 2 Avaüacâo ele Valor Final
, "-
8
Em Serviço 6
Estudo de Caso 3 Total de Artigos'Analisados 55

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notas & comunicações

Procedimentos modernos de análise de dados, como tudos sobre comportamentos humanos mais complexos
os multivariados. foram encontrados nos relatos de pes- do que os geralmente estudados em laboratório. Concei-
quisas feitas no Brasil. Há relatos sobre o desenvolvimen- tos advindos de teorias cognitivistas de aprendizagem e
to de duas metodologias no nível de análise de tarefas, memória foram adotados para a melhor compreensão da
feitos por Nogueira (1982) e Borges-Andrade & Lima competência do ser humano em seus diversos contextos
(1983). Testando esta segunda metodologia, pesquisas (de trabalho, educacional etc.).
foram realizadas e descritas em artigos posteriores. É fato atualménte pouco contestado que diferentes ti-
pos de objetivos ou desempenhos, independentemente
Projeto de treinamento da questão de conteúdo, exigem condições de aprendíza-
gem específicas, sustentando-se em processos cognitivos
A elaboração de um projeto de treinamento obe- de natureza distinta. Isto, aliás, tornou-se peça essencial
dece a uma seqüência que tem início com a formulação da argumentação pela criação da Psicologia Instrucional,
de objetivos. seguida da definição de estratégias de ensi- feita por Glaser (1978). Deste modo, torna-se relevante
no, escolha de métodos e, finalmente, alocação de recur- verificar como a produção nacional tem privilegiado as
sos. Curiosamente, a produção de artigos que tratam de diferentes categorias de aprendizagem.
cada um desses passos decresce à medida que se avança Por ser a primeira e mais conhecida, utilizou-se a
na seqüência (ver quadro 3). Os passos que exigem maior taxonomia de Bloom et a/ii (1956) e Krathwohl, Bloom
abstração (objetivos e estratégias) foram mais freqüen- & Masia (1964) para analisar os artigos. Como pode ser
temente tratados (27 e 23 artigos, respectivamente) do observado no quadro 3, a aprendizagem cognitiva tem
que os mais operacionais (20 e 8, respectivamente para ocupado maior espaço (33% dos artigos), seguida da afetiva
métodos e técnicas e recursos financeiros). (16%) e da psicomotora (11%). Estas categorias não são
Não se sabe. entretanto, se a razão para isso está mutuamente exclusivas. É comum, em um mesmo artigo,
relacionada a uma preferência, entre os estudiosos, pelo haver a citação de mais de um tipo de aprendizagem. A
imaginário ou pelos aspectos de planejamento para os soma das porcentagens dos casos identificados não ultra-
quais existe maior riqueza teórica disponível: a análise do passa 60%, pois em quantidade expressiva dos textos não
comportamento e as abordagens cognitivistas têm muito ocorreu o tratamento específico dessa questão, havendo
do que falar. quando se trata de discutir ou desenvolver a opção por tratamento não-diferenciado dos aspectos
objetivos e estratégias de ensino e aprendizagem. Não há de T&D.
igual disponibilidade de teorias quando são abordadas Não foram encontradas investigações sobre catego-
questões relacionadas a métodos e técnicas e, principal- rias de aprendizagem propriamente ditas em T&D, ou
mente, a recursos financeiros.
condições para seu ensino. É bem provável que, nesses
Não foram encontradas publicações específicas de aspectos, os conhecimentos produzidos em educação for-
produção de conhecimentos e de tecnologias, no que mai ou de crianças sejam os únicos disponíveis no Brasil,
concerne aos passos do projeto de treinamento. Neste o que oferece suporte para as críticas feitas pelos autores
aspecto, há completa estagnação e total dependência do identificados com o enfoque andragógico.
que foi produzido fora do País. Alguns pequenos avan-
ços, em termos de conhecimentos produzidos, foram Características dos treinandos
notados no contexto dos artigos que trataram de avalia-
ção de treinamento. Mesmo no exterior, durante esses Com a proposta clássica de Cronbach & Snow (1977)
14 anos, houve pouco interesse pelos passos do projeto de que a pesquisa deveria se centralizar na investigação
de treinamento. Neste caso, talvez a pletora de pesquisas de interações entre aptidões e tratamentos, em vez de
sobre objetivos de ensino nas décadas de 60 e 70, so- simplesmente testar diferentes métodos, tornou-se muito
mando mais de mil artigos, tenha contribuído para isso importante incorporar a verificação das caracteristicas
nos anos seguintes.
dos treinandos. Na literatura especializada nacional,
como mostram os dados do quadro 3, a citação de habi-
Categorias de aprendizagem abordadas
lidades, motivação, atitudes e expectativas ou interações
entre processos e métodos ocorreu em 20% a 24% das
A preocupação com diferentes categorias de apren- publícações, havendo pouca diferenciação entre essas
dizagem emergiu na área de T&D com a taxonomia de características.
objetivos proposta por Bloom et a/ii (1956) e Krathwohl, Essa proposta, aliás, teve repercussão mínima na pro-
Bloom & Masia (1964), que atualmente disputa espaço
dução nacional de pesquisa em T&D. Nos artigos há al-
no Brasil com a taxonomia de aprendizagem proposta
guma preocspação com as características individuais de
por Gagné (l977). Expandiram-se, sobremaneira, os es-
treinandos, mas não são testadas hipóteses de interação

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Revista de Administração, São Paulo v.31 , n.2, p.112-125, abril/junho 1996
TREINAMENTO E DESENVOL VIMENTO REFLEXÕES SOBRE SUAS PESQUiS4S CIENTiFICAS

entre elas e os métodos ou as condições de ensino. Não Contextos de treinamento enfocados


se pode afirmar, entretanto, que o assunto concernente
à investigação de interações seja estranho à área de A citação e a discussão dos contextos de treina-
Psicologia Organizacional. Há muito ele é objeto de mento, em termos de ambiente pré e pós-treinamento,
discussão quando são enfocadas, por exemplo, as ques- de instalações de treinamento, de atividades pós-treina-
tões relativ~s a estresse organizacional e a liderança mento, de relações com carreira e de transferência e im-
situacional. pacto no trabalho, são pouco freqüentes. Cada uma des-
tas subcategorias, não mutuamente exclusivas, apareceu
Métodos de treinamento citados em de 11% a 16% das publicações. A maior parte do
conhecimento sobre o assunto é produzida, na literatura
Os métodos de treinamento foram agrupados, nacional, quando são realizadas avaliações de treinamen-
para fins de organização e tentativa de compreensão, to (ver, por exemplo, Lima et a/ii, 1988).
em quatro subcategorias. Contudo, como pode ser
observado no quadro 3, tal atitude não possibilitou Clientela específica tratada
esclarecer melhor os padrões de produção que pudes-
sem estar subjacentes. Alguns métodos foram ligeira- A clientela especifica de treinamento mais estuda-
mente mais abordados que outros, como os treina- da ou citada nos artigos nacionais analisados é a de pesqui-
mentos em serviço, de sensibilização, por computador sadores (22% dos textos). seguida pela clientela de desen-
e utilizando audiovisuais. Nota-se, nas recentes revi- volvimento gerencial (16%). O motivo desta distorção, visto
sões internacionais, grande preocupação com a alta que os pesquisadores são parcela extremamente pequena
tecnologia em T&D. da população de trabalhadores, é o volume de publicações
A subcategoria menos citada foi a dos métodos do grupo de recursos humanos da Embrapa. à qual natural-
comportamentais, embora a teoria que os sustente tenha mente interessaria estudar questões de treinamento de pes-
forte presença nos cursos e na pesquisa básica em Psico- quisadores. Esta constatação pode tornar problemática a
logia no País. Sua ocupação de espaço na pesquisa em generalização dos resultados da pesquisa nacional para
T&D foi e é insignificante. Seria interessante levantar as outras clientelas. A grande quantidade de artigos preocupa-
razões de tal situação. De qualquer modo, no cenário dos com pesquisadores pode ser o fator responsável pela
internacional essa subcategoria praticamente desapare- predominância da categoria de aprendizagem cognitiva,
ceu das revisões de pesquisa na entrada dos anos 80. como demonstrado anteriormente.
Em geral, é feita pouca menção a métodos de treina- Quanto aos gerentes (atuantes ou em potencial), sua
mento. Quando isso acontece, no máximo resume-se à citação nos artigos pode ser elevada para 18% se tam-
descrição de caracteristicas dos métodos ou de seu uso bém forem considerados os supervisores. Este fenômeno
prático. Testes empíricos, entre métodos (mesmo contra- era esperado, pois é muito grande o volume de estudos
riando a proposta de Cronbach & Snow), não foram en- envolvendo tal segmento na literatura científica interna-
contrados. No Brasil. a pesquisa sequer chegou à tradi- cional. Esta situação é. provavelmente, reflexo da impor-
ção de realizar comparações científicas entre métodos, tância maior dada pelas instituições ao desenvolvimento
comum na literatura norte-americana mesmo antes da gerencial. podendo ele ter efeitos comporta mentais
década de 70. Fora do País a pesquisa tem se dedicado multiplicadores rapidamente observáveis. A ênfase na
mais a questões moleculares relativas a esses métodos. É formação de gerentes foi confirmada por Rabelo, Bresciani
estudado como cada componente instrucional afeta a efi- Filho & Oliveira (1995) quando demonstraram que as
cácia do treinamento. empresas brasileiras por eles pesquisadas tinham investi-
A alta freqüência, no Brasil, de variados grupos for- do considerável montante de recursos e esforços no trei-
mados em psicodrama, dinâmica de grupo e análise namento gerenciaL
transacional, atuando com desembaraço naárea de T&D,
não resultou em equivalente produção de textos, muito Validação e avaliação de treinamento
menos em artigos de pesquisa. Tampouco têm ocorrido
relatos de experiências ou estudos de caso. A menos que A questão da avaliação de treinamento é trata-
o presente levantamento não tenha conseguido alcan- da em 27% a 31% dos artigos analisados. Modelos,
çar os meios nos quais esses grupos divulgam o que instrumentos e procedimentos e resultados são igual-
fazem, é forçoso e embaraçoso perguntar: O que fa- mente cobertos pelos autores. É comum, nestes ca-
zem esses grupos na área? Com qual base empírica? sos, a abordagem simultânea desses três aspectos. Por
Por que não divulgam o que fazem? Que impacto tem serem mais especializados, relatórios e bancos de da-
provocado seu trabalho? dos são raramente citados.

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_~..__.__ 119

J
~.
notas & comunicações
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Um modelo de avaliação somativa de produtos aprendizagem), cinco realizavam avaliações formais ime-
instrucionais foi proposto por Borges-Andrade (1982), diatamente após o treinamento (nível de reação) e quatro
contendo cinco componentes: ambiente, insumo, proce- alguns meses depois do treinamento (nível de desempe-
dimentos, processo e resultados. A concepção desses nho no cargo).
componentes foi fortemente ínflnencíada pelo modelo Lima & Borges-Andrade (1984), Quirino, Borges-
CIPP (Contexto, Insumo, Processo e Produto) de Andrade & Pereira (1980), Lima (1989) e Borges-
Stufflebeam (1984), muito citado na literatura internacio- Andrade, Lima & Reis (1989) utilizaram em seus traba-
nal sobre avaliação, que no Brasil também foi utilizado lhos medidas de reação. Stal & Souza Neto (1987) reali-
por Rodrigues Jr. (1993). Outro modelo foi proposto por zaram avaliação nos níveis de desempenho no cargo e de
Lorenz (1980). em artigo pequeno e muito útil, que deli- mudança organizacional. Outra investigação, feita por
neou os tipos de avaliação que uma instituição patrocina- Lima, Borges-Andrade & Vieira (1989), foi igualmente
dora ou executora de treinamentos deve realizar. Os ti- concebida para o nível de avaliação de desempenho no
pos sugeridos foram: desempenho dos participantes, cargo. Ávila et alii (1983), adaptando metodologia pro-
implementação e impacto.
veniente da Economia, realizaram avaliação no nível de
Considerando-se as etapas usualmente incluídas na valor final.
tecnologia de treinamento, observa-se que a avaliação de As diversas pesquisas realizadas pelo grupo da Embrapa
necessidades e o projeto (objetivos, estratégias e escolha contribuíram no sentido de demonstrar as possibilidades
de métodos) são mais citados do que a avaliação de trei- de avaliar treinamentos nos níveis de reação, desempe-
namento (ver quadro 3). Contudo, verifica-se dispor esta nho no cargo e valor final. Além disso, uma análise das
última de quantidade muito maior de estudos nacionais mesmas sugere que os autores tiveram claros fios condu-
que efetivamente produziram conhecimentos ou tecno- tores, no que concerne aos referenciais teóricos adotados,
logias. Estes conhecimentos e tecnologias, todavia, pare- à metodologia de pesquisa utilizada e à persistência em
cem não estar sendo incorporados aos modos de opera- certas linhas de investigação baseadas em alguns mode-
ção das empresas, como indicaram Rabelo, Bresciani Fi- los e métodos, O que levou à consolidação de resultados
lho & Oliveira (1995). Aqui, no entanto, pode haver ra- úteis.
zão para futuro otimismo, pois, segundo os autores, al- Apesar disso, não foi realizada integração entre esses
gumas "já introduziram formas mais elaboradas de ava- níveis. Uma integração, além de ser instrumento podero-
liação de eficácia de treinamento".
so para a tomada de decísão nas instituições, poderia
A razão para essa maior produção efetiva de conheci- resultar no desenvolvimento de modelos teóricos estimu-
mentos e tecnologia está relacionada ao fato de que na lantes. Felizmente, foi feita recentemente uma tentativa
maioria das organizações de trabalho, apesar de não de promover essa integração, no trabalho realizado na
existerem recursos destinados especificamente para pes- Telebrás por Alves & Tamayo (1993). Resta aguardar para
quisas em T&O. esses recursos podem ser liberados se verificar se a proposta desses dois autores resultará em
estudos de avaliação de treinamento forem propostos. estudos que integrem os referidos níveis.
Cabe aos pesquisadores da área utilizarem estrategica-
mente esse fato. transformando as demandas de avalia- Características da metodologia de pesquisa
ção em oportunidades para a produção de conhecimen-
tos e tecnologias. Foi desta maneira que o grupo instala- Encerrada a discussão dos itens relativos aos aspectos
do na Embrapa conseguiu se estabelecer e se tornar pro- de conteúdo dos artigos nacionais sobre T&D pesquisados,
dutivo.
aborda-se a seguir as características metodológicas des-
ses estudos (quadro 4).
Nível de avaliação de treinamento
Enfoque geral
A avaliação de treinamento pode ocorrer nos níveis
de reação, aprendizagem, desempenho no cargo, mu- A área de T&D internacional, enquanto campo de
dança organizacional e valor final, segundo a conhecida aplicação, tem sido dominada por dois enfoques: o de
proposta de Hamblin (1978), adaptada do modelo de sistemas (ver, por exemplo, Gagné & Briggs, 1979 e
Kírkpatrick (1976). Predominou, na amostra aqui utiliza- Goldstein, 1991) e o humanístico-andragógico (ver, por
da, a referência à mensuração de aprendizagem (ver qua- exemplo, Nadler, 1984). Nos artigos aqui analisados, iden-
dro 3). Contudo. pesquisas efetivas têm geralmente utili- tificou-se a presença do enfoque de sistemas em 55%
zado medidas de reação e de desempenho no cargo. Das dos casos e do humanístico-andragógico em 20% deles,
19 empresas brasileiras pesquísadas por Rabelo, Bresciani conforme pode ser constatado no quadro 4. O primeiro
Filho & Oliveira (1995), três utilizavam testes (nível de está presente-nos estudos do grupo da Embrapa e da

120
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TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO. REFLEXÕES SOBRE SUAS PESQUISAS CIENTiFICAS

Quadro 4 mo autor prosseguiu, em livros e em outro artigo (Mattos,


1984), propondo e expandindo o enfoque humanístico-
Características da Metodologia de Pesquisa andragógico e seus conceítos no País, tornando-se a re-
Relatada nos Artigos Nacionais sobre T&D ferência principal para outros autores e muitos profissio-
nais de T&D. Mendonça (1984b) é outra referência im-
portante para a compreensão desse enfoque no Brasil.
Nota-se que em 55% dos textos foram apresentados
propostas, filosofias, enfoques ou modelos e que em 53%
foram descritas experiências.

Coleta de dados

Constatou-se que em 51% dos artigos não houve re-


ferência a coletas de dados. São artigos nos quais os au-
tores discutem ou prescrevem ações ou procedimentos,
Coleta de Dados sem contudo realizar algo que sustente suas propostas ou
Não-Estruturada 4 confirme as experiências relatadas. Esta constatação tam-
Estruturada 16 bém explica a pequena produção nacional de conheci-
Dados Secundários 7 mentos e tecnologias na área de T&D, quando compara-
Não Houve 28 da ao número relativamente maior de artigos publicados.
Nos casos em que existiu coleta de dados, em mais da
Apresentação de Resultados Descritivos metade ela foi estruturada em procedimentos variando
Qualitativos 19 de entrevistas à aplicação de questionários com respostas
Quantitativos 19 padronizadas. O uso de dados secundários, recurso co-
mum na Economia e na Sociologia, foi pouco utilizado.
Isto pode estar relacionado à influência da Psicologia, dis-
ciplina que pouco utiliza a análise de. dados secundários.
Por outro lado, mesmo que se quisesse fazê-la, primeira-
mente os dados precisariam ser coletados e isto necessi-
taria ser feito de maneira estruturada, para registro e com-
Total de Artigos Analisados 55 preensão posteriores.

Apresentação de resultados descritivos

UnB (ver Borges-Andrade, 1986), embora também apa- Verificou-se equilíbrio entre os estudos que apresenta-
reça em outros artigos publicados principalmente pela ram resultados descritivos qualitativos e quantitativos. Cada
Tecnologia Educacional, muitos deles influenciados pe- um destes tipos de resultados mostrou-se presente em
las idéias que circularam no Instituto de Pesquisas Espa- 35% dos artigos.
ciais (INPE), como o de Bastos & Bandeira (1981).
O segundo enfoque dominante nesse campo de apli- Apresentação de resultados inferenciais
cação não dispõe de um grupo que tenha desenvolvido
uma tradição de pesquisa no Brasil, embora esteja pre- Quando se busca identificar publicações que apresen-
sente em textos que apresentam propostas ou defendem tem resultados de análises inferenciais, a quantidade de
uma filosofia de desenvolvimento pessoal ê de interven- casos cai de forma considerável, certamente como efeito
ção organizacional. Por isso, mostra-se mais disperso. É da pouca sofisticação metodológica da área de T&D como
preciso deixar aqui registrado que, neste caso, propor- um todo.
ção significativa dos artigos só foi identificada depois que Enquanto em 23 textos foram apresentados dados
a busca de material publicado foi ampliada pelas referên- secundários ou coletados de forma estruturada, somente
cias bibliográficas dos artigos já localizados e incluiu re- em de 5 a 9 (9% a 16% do total) foram descritos estudos
vistas destinadas a profissionais de administração e trei- experimentais, correlacionais ou usando análises
namento. rnultívaríadas.Decorre também deste fato a pequena pro-
Importante texto, que representa bem esse segundo dução efetiva de conhecimentos e tecnologia. Apesar de
enfoque no Brasil, foi escrito por Mattos (1982). O rnes- ser possível realizar esta produção sem análises sofística-

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notas & comunicações
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das de dados, ela raramente ocorre sem elas, muito me- do tópico anterior. As do segundo, com base nas revisões
nos se. boa parte do que é escrito refere-se a relatos publicadas por Latham (1988). Tannenbaum & Yukl(1992)
impressionistas de casos ou a propostas não seguidas de e Wexley (1984).
verificação científica. A pesquisa em avaliação de necessidades de trei-
Nota-se ser o número de estudos experimentais quase namentodeve, nó nível organizacional. visar ao desenc
a metade do de estudos correlacionais ou multivariados. volvímento de metodologias de identificação de necessi-
A pequena quantidade de estudos experimentais explica, dades, centrando-se essencialmente na definição de variá-
provavelmente, a ausência de testes de métodos de trei- veis relevantes e de procedimentos e instrumentos para
namento, como discutido anteriormente. É bastante difí- coletá-las. O mesmo poderia ser dito para as análises
cil realizar tais estudos em T&D, principalmente se a al- demográficas e no nível de individues.
ternativa preferida for a pesquisa de campo e não a de As análises demográficas devem incorporar visão es-
laboratório. Raramente as organizações formais brasilei- tratégica e ser fortemente influenciadas por referenciais
ras e seus grupos sociais internos permitem a montagem da Sociologia e da Economia. Sua realização dificilmente
de experimentos, pois estes exigiriam procedimentos de ocorreria através das organizações de trabalho. Deveriam
controle considerados culturalmente inadmissíveis e que ser um mandato de instituições como Ministério do Tra-
promoveriam distribuição desigual de benefícios (treina- balho, IBGE, Senac, Senai e Díeese.
mentos). Quando os experimentos podem ser realizados, No nível de análise das tarefas, as metodologias de
há sempre sérias dúvidas sobre a comparabilidade entre avaliação de necessidades existentes precisam ser expan-
os tratamentos experimentais. A opção para contornar didas para incluir habilidades. conhecimentos e atitudes.
esses problemas tem sido, ao que parece, a realização de Estas últimas têm sido objeto de pouquíssimos estudos,
pesquisas correlacionais ou multivariadas. como o de Nogueira (1982). Comparações entre auto e
heteroavaliações e entre diferentes tipos de avaliadores
UMA AGENDA PARA A PESQUISA NACIONAL precisam ser realizadas, bem como a identificação de va-
riáveis antecedentes relacionadas aos dados obtidos nes-
Uma primeira reflexão a ser feita, baseada no que foi sas formas de avaliação.
exposto, refere-se ao fato de que mesmo a pequena pro- As necessidades encontradas precisam ser transfor-
dução nacional de conhecimentos e tecnologias parece madas em variáveis dependentes ou variáveis-critério,
estar sendo pouco incorporada às atividades de T&D nas para se produzir conhecimento sobre as condições de
empresas. Este divórcio entre a pesquisa e a ação pode contexto que as determinam. É preciso desenvolver
ter várias explicações: treinamentos de avaliadores de necessidades e verifí-
• os profissionais de treinamento não tomam conheci- car como esses treinamentos modificariam as avalia-
mento da produção divulgada e não buscam atualiza- ções realizadas. Considerando-se já existirem algumas
ção nos centros de produção de conhecimento; tecnologias de avaliação de necessidades desenvolvi-
• a falta, da parte dos pesquisadores, de maior das, é preciso torná-las parte dos programas de for-
proatividade na difusão de sua produção junto às em- mação profissional de treinamento, para que fique
presas; garantida a sua multiplicação e que sejam incorpora-
• a produção nacional ocorreu, em sua maioria, em insti- das às ações realizadas nas empresas.
tuições públicas sediadas em Brasília, nas quais teria Visando à ampliação dos conhecimentos e das
havido incorporação de seus resultados, mas não inicia- tecnologias sobre projetos de treinamento, deve-se
tivas no sentido de torná-los generalizáveis para os de- estudar, sistematicamente, estratégias instrucionais
mais setores da economia nacional; adequadas para adultos. Características específicas
• Uma combinação das explicações anteriores. desse tipo de clientela, como suas visões do trabalho,
da organização e da sua carreira, além de aspectos
A proposta a ser apresentada a seguir está organi- concernentes aos seus processos cognitivos, provável-
zada em cinco partes: avaliação de necessidades, pro- mente são moderadoras da eficácia de estratégias
jeto, contextos, avaliação de treinamento e delinea- instrucionais. É preciso investigar as questões de moti-
mentos de pesquisa. Optou-se pela agregação em so- vação no treinamento, realizando a importação princi-
mente cinco categorias para evitar as repetições que palmente de teorias organizacionais de motivação,
ocorrem nas revisões, decorrentes da excessiva subdi-
t visão da área.
como as de expectância, as de eqüidade e as de auto-

I
realização.
As sugestões feitas aqui emanam da análise das pro- Essas são, claramente, sugestões para uma pesquisa
duções verificadas tanto dentro quanto fora do Brasil. As de ponta, já que os projetos de treinamento implemen-
do primeiro caso foram elaboradas com base nos dados tados atualmente no Brasil ficam muito aquém do míni-

122
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TREINAMENTO E DESENVOL VIMENTO: REFLEXÕES SOBRE SUAS PESQUISAS CIENTIFICAS

mo aceitável. Esta é uma observação pessoal dos auto- Características das clientelas, como auto-eficácia e
res, baseada em suas experiências profissionais, pois se- locus-de-controle, bem como outras advindas da Psicolo-
quer existem levantamentos da realidade nacional que gia Social, devem ser investigadas nos contextos de T&D.
cubram aspectos técnicos relativos especificamente a esse Os diversos componentes dos projetos de treinamen-
assunto. Mesmo Rabelo, Bresciani Filho & Oliveira (1995), to devem, em suma, ser pesquisados com a introdução
em seu importante trabalho, ignoram completamente efetiva de quadros referenciais cognitivistas, provenien-
todos os aspectos relativos ao planejamento instrucional tes das Psicologias Instrucional e Social.
de treinamento. Nos contextos de treinamento, as influências dos
Os métodos de T&D não devem ser comparados quan- ambientes pré e pós-treinamento necessitam ser explora-
to a suas macrodiferenças nos resultados. Sua eficácia das em estudos empíricos. Seria muito proveitoso utilizar
deve ser estudada em termos de interações com caracte- a definição operacional de suporte organizacional, ofe-
rísticas da clientela e com distintos tipos de competências recida por Latham (1988), para construir instrumentos
propostos pelas taxonomias de aprendizagem já existen- de análise das influências desses ambientes. O impacto
tes. Paradoxalmente, as empresas brasileiras parecem de atividades de T&D no trabalho precisa ser verificado
ignorar até mesmo a escolaridade de seu pessoal. "Isso é com relação a distintos grupos sociais (pares e chefes,
grave, à medida que informações sobre escolaridade são por exemplo), bem como a influência destes sobre a trans-
um elemento básico para alimentar um programa de trei- ferência do aprendido pelo treinando.
namento" (Rabelo, Bresciani Filho & Oliveira 1995). O clima de transferência do treinamento para o traba-
lho precisa ainda ser melhor compreendido, com base
em dados de pesquisas. Depois, será necessário desen-
difusão
volver teorias sobre esse clima. As relações entre restri-
rn T&O e sua o/ÍticO e
ções ambientais e impacto do treinamento devem ser foco
A pesquiSa ede suportes ~ÚbliCO e da atenção dos pesquisadores.
necessit~m doS setore~ a oferta de No que se refere à avaliação de treinamento, é
f"nancelro
I para a
umenta
~ s urgente integrar os níveis de avaliação (de reação, apren-
privado soluÇoe " dizagem, comportamento nç cargo, mudança organi-
zacional e valor final) e ir além da verificação das correla-
ções entre eles. Deve-se buscar explicações para o fato
São necessárias pesquisas que atomizem os métodos dessas correlações serem pequenas, elaborando e testan-
de treinamento, isolando seus componentes instrucionais do modelos preditívos para cada um desses níveis. Estes
realmente efetivos, dando-lhes, assim. significado teóri- modelos incluiriam o nível anterior como variável
co. Os tipos de competência incluídos nas taxonomias explicativa, bem como amplo leque de variáveis do indiví-
precisam ser investigados, em contextos de treinamento, duo e dos contextos de treinamento e organizacionais.
para que haja a definição de eventos instrucionais especí- Seria ideal que essa integração de níveis se desse pelo
ficos a serem prescritos para sua aprendizagem. desenvolvimento conjunto e organizado de procedimen-
Por causa da falta de recursos, os estudos de clientelas tos de coleta de dados, reunidos em sistema único, como
específicas dependerão, naturalmente, das organizações o que foi recentemente proposto para a Telebrás. Esse
de trabalho que efetivamente os apoiarem. Urge diversi- sistema só será promissor, para a produção de conheci-
ficar clientelas e instituições. Os resultados encontrados mentos e tecnologias, se for utilizado para a avaliação e a
com clientelas de pesquisadores precisam ser generaliza- pesquisa ou, melhor ainda, para a pesquisa de avaliação.
dos, por meio de replicações, de modo que a distorção Os estudiosos da área necessitam, ainda, tornar mais
encontrada no cenário nacional, beneficiando grupos tão adequados seus critérios e medidas de avaliação. Seria
restritos, seja contrabalançada. altamente recomendável manter em utilização os proce-
Questões a respeito de treinabilidade da clientela dimentos estatísticos multivariados, uma característica
de T&D, assunto muito tratado na literatura internacio- nacional que antecipou recomendação feita nas recentes
nal recente, precisam ser foco de alguma atenção no Brasil, revisões internacionais. Mais importante do que qualquer
tanto em termos de desenvolvimento de instrumentos de outra coisa, pois toda a área de T&D beneficiar-se-ia,
medida quanto em termos de seus efeitos na organização seria o uso estratégico de oportunidades de avaliação para
e no treinamento. realizar pesquisas.
A necessidade de aumento do nível de escolaridade Finalmente, os delineamentos de pesquisa devem
formal da mão-de-obra, apontada por Rebelo, Bresciani privilegiar cole'tas estruturadas de informação para for-
Filho & Oliveira (1995), precisa ser levada em considera- mar grandes bancos de dados, a serem usados em diver-
ção pela pesquisa em T&D. sas pesquisas, a fim de reduzir custos e permitir a abertu-

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notas & comunicações
---------------------------------------------------.
ra de linhas de pesquisa duradouras. O acesso a tais ban-
reducionista e mecanicista) que a maioria das pessoas tem
cos seria também garantido a estudantes de pós-gradua- sobre o que é fazer pesquisa.
ção, para a realização de pesquisas e teses. Tal procedi-
A pesquisa em T&D e sua difusão necessitam de su-
mento seria uma inovação em todo o campo de pesquisa
portes político e financeiro dos setores público e privado
da Psicologia, que dificilmente lança mão de dados se-
para aumentar a oferta de soluções. t preciso lembrar
cundários para realizar investigações.
que os dados obtidos por Rabelo. Bresciani Filho & Oli-
A análise multivariada, como substituta para experi-
veira (1995) demonstraram, claramente, que as empre-
mentos impossíveis ou pouco realistas nos contextos
sas melhor avaliadas quanto à gestão da qualidade são
organizacionais, seria outra forma de revolucionar a no-
também as que recebem melhores pontuações quanto
ção (geralmente manipulável, artificial, arbitrária,
aos seus esforços voltados para o treinamento .•

C/)

s
O
(1) Os autores agradecem a Elizabeth Soares
Gondim, na ocasião aluna do Mestrado em Psi-
já que alguns de seus artigos estavam entre os
que seriam analisados. o primeiro autor ausen-
cologia da Universidade de Brasília (UnB), pelo
<: importante apoio na identificação e na coleta
tou-se do País nesse período, sendo os traba-
lhos de análise coordenados pela segunda au-
de artigos.
tora.

(2) Os autores agradecem ao Centro Nacional de


(5) O primeiro autor deste trabalho pertenceu a esse
Treinamento da Telebrás, pelo empenho espe-
grupo; razão pela qual optou por um sistema
cial principalmente para recuperar alguns tex-
mais objetivo de análise da produção cientifica,
tos publicados em números de periódicos desa-
baseado no julgamento de duplas, que pudesse
parecidos das bibliotecas consultadas.
reduzir a influência de sua própria opinião so-
bre a referida análise.
(3) Os autores agradecem aos referidos alunos de
pós-graduação, pelo apoio entusiasmado.
(6) Os resumos desses achados encontram-se no
documento do qual foi extraído este texto: "Uma
(4) Por providencial coincidência, considerando pos-
Agenda de Pesquisa para a Psicologia
síveis problemas de objetividade de julgamento
Organizacional e do Trabalho". Por limitações
decorrentes de sua presença nesse momento,
de espaço, eles não serão descritos aqui.

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