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Perante esta séria e categorical afirmação, o pai da princesa serenou e disse, “esta
bem, prepare o seguite barlaque (dote nupcial). Seis boas espadas de Macássar
(Celébes), doze cavalos e doze búfalos, e devera entregar ainda várias jóias de
valor___crescentes, luas e pulseiras de ouro e prata, codões de mutiçalas (colares de
coral). Sem tal barlaque, não consentirei na realização do matrimónio”.
O pretendente à mão da rapariga afirmou “ O meu pai tem no céu tudo o que me
exige, porém nada posso trazer para aterra. No entanto, peço-lhe que amanhã à tarde vá
aquele local (que indicou –ali fica hoje a lagoa salgada), onde estarei para falarmos
sobre este assunto”.
Nesse mesmo dia, o pai da jovem partiu para o sitio escolhido, acompanhado de
alguns criados e de um cão de caça, animal que lhes permitiu agarrar um gato selvage e
um veado, mamíferosestes logo cozinhados e comidos com grande satisfação de todos.
Ao invest do que prometera, o mancebo não compareceu a meu da tarde, ao
iniciarem o regresso a casa, o pai da princesa deu conta da etranha planta carregada de
frutos amarelos (táu loco, em Macassae)---espécie de que ainda nenhuma pessoa se
tinha apercebido ----, colheu dois deles com os quais patrão e criados se entretiveram a
brincar durante a viagem. Entretanto, um das frutos caíu no chão e abandoram-no,
levando o outro para o palácio, onde já se encontrava o homem do céu, que se desculpou
da sua falta. O jovem perguntou sem demora se não trouxeram nada do campo, ao que o
pai da princesa respondeu “apenas este fruto”, contando-lhe como o encontrara.
O mancebo pegou no fruto, e qual não foi a estupefacção do seu interlocutor
quando o viu transformer-se em muitas e variadas jóias de ouro !...
Sem dar tempo ao pai da namorada de falar, o rapaz interrogou-o com orgulho e
certo de que a sua pretensão teria bom deferimento “O meu sogro não se apercebeu de
que no lugar onde esteve à minha espera há mais alguma coisa com que eu possa fazer
barlaque” (contratar o casamento, satisfazer o dote) “ O que ?” ingiriu aquele, cheio de
ansiedade, “não vi lá nada de interesse”, concluiu.
O homem do céu, vaidosamente, declarou “Há, sim senhor, mas o meu sogro não
soube ver ! Volte amanhã ali, na planície entrará uma lagoa cheia de água, dentro da
qual, no fundo, se contém uma coisa muito bonita, branca e brilhante. É sal”.
Deslumbrado mas algo duvidoso das palavras proferidas pelo mancebo, o pai da
rapariga mal dormiu durante a noite e, na manhã seguinte, dirigiu-se ao sítio indicado.
Realmente lá se encontrava um pequeno lago, em que entrou e colheu sal !
Voltou para casa, onde o aguardava o futuro genro, a quem mostrou algum sal. “É
com isto que eu farei o barlaque”, reafirmou o rapaz. E, decorridos poucos dias,
celebravam-se as núpcias da princesa e do homem do céu, com a pompa devida à
categoria dos nubentes, indo o novo casal viver no palácio dela.
Nessa tão recuada época, Gássi Líu (Gássi Líu em lingua Macassae - o sal da
lagoa) pertencia ao sogro do mancebo celestial e só os seus patrícios desfrutavam o
privilégio de explorar o sal da lagoa. Ivc.