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PUC – SP
DOUTORADO EM EDUCAÇÃO
(PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO)
SÃO PAULO
2009
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC – SP
DOUTORADO EM EDUCAÇÃO
SÃO PAULO
2009
Banca Examinadora
_________________________
_________________________
_________________________
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_________________________
Ao Du, meu grande amor,
por criar comigo uma vida melhor
do que eu poderia imaginar.
Ao Stefano e ao Bernardo,
enteados mais que queridos,
por fazerem a nossa família
mais alegre e completa.
À Profa. Dra. Márcia Lopes Reis, amiga e parceira neste trabalho, que se
fez presente desde a elaboração do projeto, pela ajuda na formação do grupo de
professoras, no acompanhamento de toda a pesquisa de campo e nas muitas
conversas que me dão novos olhares para a vida.
À Profa. Dra. Marília Ancona Lopez e à Profa. Dra. Marina Ancona Lopez
Soligo, pelo apoio e incentivo dado nestes anos de trabalho. À equipe da UNIP
com a qual trabalho, em especial à Luciana de Oliveira e à Fernanda Pagnan, que
mantiveram o sorriso e a ajuda no nosso trabalho conjunto.
This research had the goal to investigate the extent to which participation in
an improvisation experiment, through theater games, dramaturgical writing and
reflection of the teachers on basic education network, may be considered as
instruments for continuous training. From this investigation, our objective was to
develop and evaluate a methodology for this kind of training.
Explore the approximation through the body, the game, the imaginary, the
dialogue, the aesthetics drafting produced by the theatrical scenes opened doors
for the understanding of the teacher, his role, his limits. Develop a creative attitude
on proposed activities allowed the teacher a new view of his teaching practice and
his working condition, generating a new way to experience and understand his
work.
Anexos
anexo 1: Questionário Inicial .............................................................................. 203
anexo 2: Relatos................................................................................................. 217
anexo 3: Cenas Organizadas por Encontro ........................................................ 229
anexo 4: Questionário Final ................................................................................ 259
anexo 5: Jogos por Encontro .............................................................................. 285
Lista de figuras
Figura 1. Dança com pés e mãos – 10º encontro ................................................. 54
Figura 2. Gestos síntese do segundo encontro .................................................... 91
Lista de quadros
Quadro 1: Características do grupo de professoras ............................................. 18
Quadro 2: Temas nos encontros .......................................................................... 28
Quadro 3: Jogos por encontro .............................................................................. 31
Quadro 4: Propostas de escrita dramatúrgica ...................................................... 34
CAPÍTULO 1
Introdução
5
CAPÍTULO 1: Introdução
CENA 1
Cena:
Aos poucos, começa a mexer nos papéis e seu movimento se acelera conforme
ela toca os papéis. Pega diversos papéis, olha um pouco para cada um,
abandonando-os e tornando a pegar outros.
Quando todos os papéis estão ordenados em pilhas separadas por cores, abre o
armário, onde se veem caixas separadas por cores, e coloca cada pilha em sua
caixa correspondente.
6
Fecha o armário, penteia o cabelo, ajeita sua roupa, ficando com uma aparência
de ordem total e deita na cama, com o quarto totalmente organizado.
______________________________________
Neste movimento por estruturar uma tese, vivi este permanente organizar e
desorganizar idéias, em uma busca por uma estruturação que, certamente, se
abrirá posteriormente para novas percepções e compreensões, mas que agora
ganham esta forma aqui apresentada, procurando apresentar uma reflexão
estética juntamente com a estrutura formal exigida em uma tese de doutorado.
Nesta busca, apresentarei no início de cada capítulo uma cena teatral, que
acredito refletir parte da discussão que se seguirá a ela no capítulo. Esta escolha
permitirá ao leitor a possibilidade de compreensão também sensível e estética
aos conceitos aqui apresentados.
____________________________________________
Foi, também, na pesquisa do mestrado que percebi com clareza que gosto
muito de contar histórias e, que gosto mais ainda de contá-las na forma teatral,
fazendo uso desta linguagem que tem sido, desde 1986, a área de trabalho à qual
me dedico e com a qual me realizo.
1
Viola Spolin é norte-americana e possui atualmente quatro livros traduzidos e publicados em
português. Esta proposta de trabalho teatral está fundamentada na improvisação, propondo
8
também discute esta forma de trabalho em seu livro Jogos Teatrais (1990) dentre
outros. O conceito de escrita dramatúrgica se refere a textos escritos para serem
encenados, não tendo uma proposição formal pré-definida. Ambos estarão mais
bem definidos nos capítulos 2 e 4, respectivamente.
Para uma compreensão que vá além da descrição das situações vividas, seja
nos jogos e na reflexão sobre os mesmos, seja na relação desta experiência com
a prática docente, é necessária uma aproximação que possibilite a percepção do
movimento dialético contido nestas realidades.
2
Ver Anexo 1. O questionário inicial respondido foi apresentado de forma agrupada para facilitar a
compreensão dos leitores quanto às características do grupo de professoras.
3
Devido a extensão, os diários da pesquisadora, assim como das colaboradoras não serão
anexados na íntegra, sendo incluídos ao texto quando necessários.
4
Ver anexo 2.
14
5
Ver anexo 3.
6
Ver anexo 4.
7
Ver anexo 5.
8
As fotografias estarão inseridas no corpo do texto quando forem necessárias para
esclarecimento de algum momento narrado. Obtive das participantes a autorização do uso das
imagens, assim como dos textos por elas produzidos.
15
No primeiro semestre de 2008, fiz contato com mais uma escola na cidade
de Jundiaí, onde a diretora e a coordenadora demonstraram interesse na
realização da pesquisa, desde que os professores concordassem. Porém, os
mesmos não disponibilizaram o horário de HTPC e tampouco se dispuseram a
participar em outro horário.
16
9
Esta colega trabalha na mesma universidade em que trabalho, como professora e se interessou
em participar da pesquisa como segunda observadora. Será aqui denominada como Professora
Colaboradora.
17
Desta forma, o grupo que participou do primeiro encontro foi composto por:
duas coordenadoras pedagógicas, Rocha e Sandra10, duas alunas de pedagogia
que nunca lecionaram, Jô e Maria; duas professoras de Educação Infantil e uma
professora de Educação Infantil e Primeiro Ciclo do Ensino Fundamental, Néia,
Cris e Lilá. A professora que não participou do encontro, mas manteve seu
interesse é professora do Ensino Médio, Julia.11
Das nove professoras que participaram até o final do projeto, três delas não
estiveram presentes a um encontro por motivo de saúde pessoal ou de familiares,
uma iniciou, apenas, no terceiro encontro, como relatado e as cinco restantes
participaram de todos os encontros.
10
Os nomes aqui utilizados foram os escolhidos pelas professoras como identificação.
11
As informações sobre o tempo de serviço e séries com as quais as professoras trabalham ou já
trabalharam pode ser obtida no questionário inicial, no Anexo 1, assim como no quadro-síntese
apresentado neste capítulo.
18
12
Relato foi o instrumento de registro e reflexão sobre o encontro, escrito por uma participante por
encontro. A escrita foi iniciada no segundo encontro e não ocorreu no décimo primeiro e décimo
segundo. Os textos estão em sua íntegra no anexo 2.
13
No anexo 6 estão todos os jogos realizados por encontro.
14
As cenas estão apresentadas por encontro no anexo 3.
15
Ver Anexo 1.
22
19
Você tem alguma formação em arte? Se sim, em que área?
Já fez ou faz teatro?
Já fez algum curso de capacitação que trabalhava com teatro?
25
cultura, a esperança de futuro; porém, da mesma maneira que surge uma imagem
positiva, existem ressalvas para os problemas que as escolas apresentam.
20
18. Quais os principais problemas enfrentados pelos professores?
19. Quais os principais problemas enfrentados pelas escolas?
21
Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional a partir de hoje?
26
1º - Trabalho em Equipe
3º - Lúdico
1. Falta de apoio
2. Divergências (entre os professores)
3. Falta de espaço físico (por duas professoras)
4. Falta de recursos físicos (por três professoras)
5. Capacitação (por quatro professoras)
6. Salas muito cheias
7. Heterogeneidade
8. Ausência dos pais/comunidade
9. Falta de perspectiva do aluno e do professor
10. Auto-estima
22
18. Quais os principais problemas enfrentados pelos professores?
19. Quais os principais problemas enfrentados pelas escolas?
27
21. criatividade
22. responsabilidade compartilhada
23. relacionamento prof./aluno – interpessoais
1° Gestão
2° Relacionamento prof./aluno (relações interpessoais)
3° Responsabilidade compartilhada
4° Capacitação
5° Crise de valores sociais
6° Ausência dos pais
7° Desvalorização do ensino
8° Falta de recursos físicos
28
1.1.7 Jogos
qual o jogo irá trabalhar. E, para que o mesmo seja alcançado, são utilizadas
situações e objetos imaginários, o que significa dizer que se realizamos o jogo da
bola, será com bolas imaginárias, se a personagem carrega uma mala, será uma
mala imaginária, etc. Um dos objetivos de trabalharmos com estes jogos, não
explorando a criação de cenários, adereços ou figurinos se deve ao fato de que o
interesse de trabalhar com os jogos se deu pela utilização da criação teatral como
uma possibilidade de reflexão sobre a prática docente e não com o interesse de
que os professores conhecessem a linguagem teatral em profundidade.
Aquecimento Corporal:
Aquecimento de Grupo:
23
Neste jogo entra um participante de cada vez para a montagem de uma máquina imaginada
pelo grupo. São propostos movimentos e sons que busquem a realização de uma máquina única,
na qual cada participante é uma peça, a máquina pode se referir a uma máquina existente, como
um liquidificador ou uma máquina de escrever ou ser apenas o agrupamento de peças que
formam uma máquina não reconhecível. (SPOLIN, 2001)
30
avaliação, ponderou ter sido esse o jogo mais marcante de todos os que
realizamos.
Para a Pesquisa, optei por incluir nos primeiros encontros jogos que
trabalhassem o coletivo, mas também retomá-los nos encontros seguintes, ainda
que de forma mais espaçada, por entender a importância dos mesmos para o
grupo.
Jogo Geral:
24
Este jogo estabelece que qualquer participante só poderá falar na cena quando tiver tocado o
corpo de outro jogador. (SPOLIN, 2001)
31
1.1.8 Relato
A escrita do Relato foi feita a cada encontro por um participante. Este texto
tinha a função de recuperar o encontro anterior e, possibilitar ao professor que o
escrevesse, uma reflexão sobre o mesmo para ser compartilhada com o grupo. A
prática de iniciar os encontros com a leitura do relato se mostrou positiva, não
apenas por aquecer o grupo com a retomada do encontro anterior, como por ter
tido a função de memória dos encontros, memória esta produzida pelo grupo, não
ficando centrada na pesquisadora. Com o passar dos encontros, os textos ficaram
mais reflexivos.
32
pudéssemos nos deter em lembrar o que foi de mais significativo para o grupo,
seja com relação aos temas debatidos, seja com relação às cenas e jogos.
Também foram entregues para cada participante os relatos escritos por elas e as
cenas escritas individualmente.
No último encontro, solicitei a escrita de uma cena que fosse uma reflexão
sobre o curso do qual elas participaram. Pedi que fosse uma cena em que
pudéssemos visualizar com a leitura, isto é, que fosse possível imaginar a
situação descrita, situação essa que pudesse ser representada, caso
quiséssemos. Para a escrita da cena, no Piloto, cada participante recebeu as
cenas escritas nos encontros, as reflexões sobre cada encontro e uma página
com seis fotos dos encontros.
25
Ver Anexo 5.
35
Optei por não ter nenhum capítulo exclusivo de revisão bibliográfica, mas
dialogar com os autores que contribuíram para esta pesquisa no decorrer de todo
o trabalho. Dessa forma, no primeiro capítulo apresentei os objetivos e a
metodologia utilizada, assim como a forma pela qual a pesquisa de campo foi
realizada. Os capítulos que se seguem estão organizados, tendo como referência
o objetivo geral dessa pesquisa.
CENA 2
CENÁRIO: Palco vazio, com uma rede de pesca cheia de bordados, de pedaços
de panos coloridos, de rendas, de objetos.
A cena se inicia com as mulheres entrando, uma a uma, algumas carregam uma
cadeira, outras um pufe, uma com uma almofada, uma com uma bóia. Todas elas
carregam cadernos, livros e papéis.
MULHER 1: (Cantando alto) “Se esta rua. Se esta rua fosse minha, eu mandava,
eu mandava ladrilhar, com pedrinhas com pedrinhas de brilhante, para o meu,
para o meu amor passar.”
MULHER 2 e 3 bordam uma rua com pedrinhas de brilhante de onde elas estão
até chegar na mulher 1. Sentam-se ao lado dela e continuam a bordar, porém
uma interfere no bordado da outra.
bordar. Cada vez que uma delas é tocada, movimenta-se como se estivesse
explodindo.
MULHER 5 se vira para a Mulher 6 que está ao seu lado e coloca as mãos em
posição de brincadeira de palmas, começando a cantar: “O trem maluco quando
sai de Pernambuco vai fazendo fuck-fuck até chegar no Ceará, rebola bola você
diz que dá que dá, você diz que dá na bola na bola você não dá.”
TODAS: “Escravos de Jó, jogavam caxangá, tira põe, deixa ficar, guerreiros com
guerreiros fazem zigue-zigue-zá, , guerreiros com guerreiros fazem zigue-zigue-
zá.” (Cantam a música com os cadernos em frente ao rosto, que se abaixa até
que apareçam os olhos e possam se olhar. Na terceira vez que cantam, fazem o
movimento de passar os cadernos de uma para a outra).
Ao terminar a música, cada uma abre o caderno que ficou em sua mão e começa
a ler o que está nele. A forma de ler é variada, algumas leem com pressa,
folheando, outras demoram-se em uma só página, etc.)
MULHER 8: “A canoa virou, por deixar ela virar, foi por causa da Maria que não
soube remar, siriri prá cá, siriri prá lá, a Maria é velha e quer casar.”
Enquanto a Mulher 8 canta, uma outra mulher rola por cima da rede lentamente
até chegar em frente à outra. A mulher que rolou começa a cantar e a outra a
rolar. Os nomes falados na música são alterados a cada vez que a música é
cantada. As outras mulheres continuam a bordar. Entretanto, trocam objetos entre
si e puxam fios de cabelo da cabeça de outra mulher, além da própria.
41
MULHER 9 enquanto recolhe seus objetos, começa a cantar: “Você gosta de mim
ó maninha, eu também de você, vou pedir ao teu pai ó maninha, para casar com
você, se ele disser que sim ó maninha, tratarei dos papéis, se ele disser que não
ó maninha, morrerei de paixão.”
As outras mulheres cantam junto com ela e, aos poucos, vão saindo de cena,
porém despedem-se tocando-se, algumas se abraçam, outras dão pequenos
beijos na cabeça das que estão sentadas, roçam os pés, dão uma umbigada,
acenam com as mãos.
________________________________________
A proposta de Viola Spolin (1977) para o teatro rompe com essa idéia da
improvisação como um trabalho sem qualquer elaboração, exatamente por ofertar
uma abordagem que irá estabelecer objetivos e procedimentos que levam à
criação, por intermédio de jogos teatrais.
Viola Spolin, autora norte americana, desenvolveu sua proposta dos Jogos
Teatrais, a partir de sua atuação com Neva Boyd, que trabalhava com educadores
e assistentes sociais com o intuito de integrar imigrantes que chegavam aos EUA.
Spolin, que também era de uma família de imigrantes judeus russos, desenvolveu
sua proposta de jogos teatrais no intuito de criar um sistema de treinamento
teatral que fosse de fácil entendimento e que pudesse superar as barreiras
culturais e étnicas existentes entre os atendidos pelo Recreacional Project em
Chicago. Neste caminho irá trabalhar com crianças com as quais ela se utilizou
dos jogos teatrais para a produção de peças e futuramente trabalhará, juntamente
com seu filho Paul Sills em grupos de teatro improvisacional.27
26
Nos últimos anos temos visto apresentações teatrais que incluem a improvisação como parte da
estrutura do espetáculo, o que permite uma ruptura na idéia da peça acabada e fechada, porém
esta forma ainda é pouco utilizada se pensarmos na maior parte dos espetáculos apresentados
em circuito comercial ou mesmo dentro do espaço escolar.
27
Para mais informações sobre o trabalho de Viola Spolin ver a Dissertação de Mestrado A
aquisição da competência semiótica para a atuação teatral de Marco Aurélio Vieira Pais, ECA-
USP, 2000.
43
Alguns conceitos são fundamentais para que a prática dos jogos teatrais
seja significativa. O intuito de explorar estes conceitos ocorre pela compreensão
de que ao conhecer os elementos da linguagem artística com que se trabalha, é
possível vivenciar a criação de maneira mais ampla e profunda, sem que
tenhamos a preocupação de que esta formação leve ao domínio do teatro na
perspectiva de possibilitarmos o desenvolvimento do trabalho de ator ou de
dramaturgo.
28
Exemplos de foco: Ouvir o maior número de sons possível no ambiente imediato, O movimento
físico do esqueleto no espaço, Manter a bola no espaço e não na cabeça, Esconder da platéia
qual jogador é o espelho, Comunicar o Onde através de três objetos, Sentir o espaço com o corpo
todo. (SPOLIN, 2001)
46
O objeto do jogo é chamado por Spolin de Foco, cada jogo trabalha com
objetivos claros dentro de uma proposta, dando maior liberdade para o jogador
criar, uma vez que se preocupa com a resolução do conflito e do objetivo proposto
e não com o que ele deve fazer na cena como um todo, o que é muitas vezes
paralisante, pois o jogador se preocupa muito mais com a platéia do que com a
própria ação. Nesse conceito, também exploramos as múltiplas possibilidades de
resolução de um mesmo conflito.
29
Em Contar histórias com o jogo teatral (2002) faço uma análise aprofundada da estrutura do
jogo conforme sua apresentação em O jogo teatral no livro do diretor, que se mantém em Jogos
Teatrais – O fichário de Viola Spolin.
47
proposto em uma cena, perdendo diversos aspectos que fazem com que a cena
se torne crível, como o espaço no qual eles se movem ou a gestualidade de cada
ação, que fica mais evidente quando permitimos que os sentidos participem,
deixando o ficcional mais real.
Spolin traz em sua fala o conceito de presença, que pode ser explicado na
qualidade do envolvimento a que uma pessoa se predispõe a vivenciar uma
determinada situação. Para que esta experiência possa suscitar uma atitude
criativa, na qual a pessoa se utiliza de novas soluções para um problema dado ou
de novos arranjos na forma de resolvê-lo, é necessário propormos situações que
levem à fuga de soluções já conhecidas, já experimentadas.
30
Spolin (2008, p.111 a 116) explora os jogos com o envolvimento da platéia.
31
As citações do Questionário Final serão, a partir de agora, indicadas com a sigla QF. Todas as
citações dos textos produzidos pelas professoras que participaram da pesquisa estão transcritas
literalmente e com uma letra diferente das demais citações, para que seja possível uma melhor
identificação.
49
32
Koudela se utiliza do termo corporificação com o mesmo sentido de fisicalização.
50
Criar condições para que o corpo faça parte do aprendizado, para que se
aprenda por intermédio do trabalho corporal, da expressão do corpo, da
elaboração dos gestos é um ganho necessário para as escolas.
33
Este jogo tem como foco sentir o contato com a parte do corpo indicada, os jogadores
permanecem silenciosamente sentados em suas carteiras e fisicamente sentem aquilo que está
em contato com seus corpos, conforme a instrução, que poderá ser: sinta os pés nas meias ou
sinta as pernas nas calças ou sinta a língua na boca. (SPOLIN, 2001: A2)
34
Neste jogo o grupo faz um círculo e cada um deve fazer um movimento, entretanto enquanto um
jogador se movimenta, os outros permanecem parados. Não existe nenhuma combinação ou
orientação verbal sobre quem irá se movimentar. (SPOLIN, 2001: A74)
51
35
O foco deste jogo é no objeto que movimenta os jogadores. Cada grupo escolhe um objeto que
os colocará em movimento simultaneamente, como um barco, um carro, uma roda gigante, etc. O
coordenador dará instruções como Sinta o objeto! Deixe que o objeto os coloque em movimento!
Deixe que o objeto movimente você! (SPOLIN, 2001: A46)
52
presente no jogo. Também por ser o último grupo a jogar é possível uma maior
compreensão da proposta e, consequentemente, da qualidade do jogo.
Ficou claro o quanto este jogo foi significativo para o grupo pela
possibilidade de comunicação corporal que ele solicita. Foi comentado que as
bolas não existiam, questionei este fato para poder diferenciar a não existência
física do objeto, da existência imaginária. Neste momento, explicitei para o grupo
o conceito de fisicalização e também o de presença somado à atenção e
comunicação.
A “bola no espaço” não é uma bola imaginária. Ela faz parte do espaço – do ar
– que é chamado de “bola”. Quando um aluno arremessa uma bola imaginária,
ele está consciente da bola real que não está presente. O jogador está
trabalhando com a idéia de uma bola. (...) O jogador que cria um objeto no
espaço não está tentando criar uma ilusão artificial para uma platéia. Ao
contrário, ele está experimentando o despertar de uma área do intuitivo no qual
os objetos no espaço podem ser percebidos quando surgem. Quando o
invisível se torna visível, temos a magia teatral! (SPOLIN, 2008, p. 77)
2.1 QUEM
Nos jogos realizados com o grupo de professoras, foi feita uma cena no
terceiro encontro que apresentou duas alunas no pátio da escola sem uniforme,
com mini-blusa (esta informação foi dada pela participante) conversando com a
coordenadora que demonstrou diversos argumentos para convencê-las a usar o
uniforme, terminando por obter a concordância de ambas de que, no dia seguinte,
viriam com o uniforme. Embora as jogadoras não tivessem o figurino que
expressaram verbalmente ser o da personagem, assumiram a gestualidade da
personagem, possibilitando a visualização da mesma.
36
Ver anexo 3.
56
Neste mesmo encontro, solicitei que a escrita da cena fosse feita do ponto
de vista de uma personagem, o que gerou o comentário por parte da Memê sobre
a possibilidade de se colocar no lugar do outro, resultado tanto da escrita ser feita
do ponto de vista de uma personagem como das personagens vividas nos jogos
teatrais. Esse comentário trouxe a importância da possibilidade de ver o outro:
aluno, coordenador, pais, dentro da perspectiva deles mesmos e não apenas do
olhar da professora para o aluno, coordenador ou pais.
37
Ver anexo 3.
57
ainda pequenas, entretanto ficou perceptível para o grupo que uma fala pode ser
compreendida de muitas maneiras, dependendo de como é dita.
2.2 ONDE
Muitos atores acham difícil ”ir além de seus narizes” e devem ser libertados
para que tenham um maior relacionamento físico com o espaço. Para efeito de
esclarecimento, deve-se ter sempre em mente três ambientes: imediato, geral e
amplo.
O espaço imediato é a área mais próxima de nós: a mesa onde comemos, com
os talheres, os pratos, a comida, o cinzeiro etc. O espaço geral é a área na
qual a mesa está localizada: a sala de jantar, o restaurante etc., com suas
58
portas, janelas e outros detalhes. O espaço amplo é a área que abrange o que
está fora da janela, as árvores, os pássaros no céu etc. (SPOLIN, 1987, p.81)
38
Apelido da pesquisadora.
59
2.3 O QUÊ
39
O foco deste jogo está em tornar-se parte de um todo na atividade profissional. Um participante
inicia com movimentos de uma profissão, os demais entram no jogo complementando a cena. As
instruções dadas são: Mostre! Não conte! Entre na atividade com personagens definidas! Seja
parte do todo! (SPOLIN, 2001, A67)
60
40
Este jogo tem como foco o envolvimento físico com um objeto grande no espaço. É proposto
que uma pessoa tenha que se envolver com um objeto grande, como uma rede de pesca, por
exemplo. Entretanto eu solicitei que fosse feito em trios. As instruções dadas são: Dê vida ao
objeto! Use seu corpo todo! Explore o objeto! Sinta o objeto com suas costas! (SPOLIN, 2001,
A27)
41
O foco deste jogo é fazer contato físico direto a cada novo pensamento ou frase no diálogo.
Define-se quem, onde e o quê e os jogadores só podem falar quando estabelecerem contato
corporal com outro jogador. As instruções podem ser: Contato! Varie o contato! Fique em silêncio
se não puder estabelecer o contato! (SPOLIN, 2001, C17)
61
A segunda cena que foi feita pela Memê, Déia e Sandra mostrava uma aula
de português, na qual uma das alunas tem muita dificuldade em compreender o
conteúdo exposto e a outra não. A Memê, que fez a professora, encontrou formas
de tocar as alunas, mas estas tiveram dificuldade em tocar a professora. A
terceira cena, feita pela Lilá e Julia, apresentou duas professoras, amigas, em que
uma delas visita a outra desesperada por não saber o que fazer com seus alunos
indisciplinados. A professora com mais tempo de docência consola a outra,
incentivando-a a não desistir. Não tiveram nenhuma dificuldade no contato,
permanecendo quase todo o tempo abraçadas ou de mãos dadas. A quarta cena
feita pela Ana, Néia e Cris mostram duas alunas e uma professora no Playcenter,
com as alunas levando-a na montanha russa, apesar do seu medo. O contato
ocorreu sem problemas já que a situação da montanha russa era de proximidade
corporal. A última cena feita pela Néia e Maria foi de uma aluna pequena que cai
no pátio da escola e a professora a auxilia a levantar-se e a lavar seu machucado.
O foco do jogo era manter o contato cada vez que fosse proferida qualquer
frase. A necessidade de manter o contato corporal gerou soluções para as cenas
que não seriam imaginadas pelas jogadoras sem este objetivo, permanecendo,
provavelmente, em uma cena muito mais verbal, com soluções previsíveis. O
contato pode intensificar cenas altamente dramáticas. Aqui, os atuantes não
podem escapar para dentro do diálogo ou personagem, mas devem permanecer e
ser vistos. (SPOLIN, 2008, p.266) O relato de Jô esclarece a importância dessa
forma de jogar.
Sem os jogos, não teríamos o contato com a outra. Seria difícil chegar a
resultados tão ricos com que chegamos, através dos jogos interagimos e
valorizamos o gesto da outra. Pra mim foi muito importante, com certeza
vou saber utilizar o que aprendi em qualquer série e qualquer situação.
(QF Jô)
62
Entretanto, não é apenas o jogador / ator quem diz algo para a platéia, a
platéia também se comunica com os jogadores em suas reações, risadas,
interesse, conversas paralelas, emoções que são expressas. Esse diálogo que se
estabelece entre palco e platéia permite ao jogador a compreensão das formas de
expressão apresentadas no jogo e na cena e à platéia a percepção das múltiplas
possibilidades pelas quais um jogo pode ser realizado.
Ao final de cada jogo, são feitos comentários tanto por parte da platéia
como dos jogadores, tendo em mente qual era o objetivo e como foi realizado.
Esta é uma perspectiva da avaliação como algo coletivo e prospectivo.
Um aspecto que se fez evidente durante todo o trabalho, e que foi retratado
por mim na cena que abre este capítulo, foi o do trabalho corporal. Incluir o corpo
em seus movimentos, em sua percepção, em suas possibilidades de expressão
deu condições ao grupo de um aprendizado diferenciado.
Un gran sábio ruso decía que así como la electricidad se manifesta y actúa no
sólo en la magnificiencia de la tempestad y en la cegadora chispa del rayo sino
también en la lamparilla de una linterna de bolsillo, del mismo modo existe
creación no solo allí donde da origen a los acontecimientos históricos, sino
también donde el ser humano imagina, combina, modifica y crea algo nuevo,
por insignificante que esta novedad parezca al compararse con las
realizaciones de los grandes genios42. (VIGOTSKY, 2000, p.11)
42
Um grande sábio russo dizia que assim como a eletricidade se manifesta e atua não apenas na
magnificência da tempestade e na chispa ofuscante do raio, mas também na lâmpada de uma
lanterna de bolso, do mesmo modo existe criação não apenas ali na origem dos acontecimentos
históricos, mas também onde o ser humano imagina, combina, modifica e cria algo novo, por
insignificante que esta novidade pareça se comparada com as realizações dos grandes gênios.
(Tradução livre)
67
Foi possível observar, nos jogos realizados pelo grupo, este processo
criativo, nas diferentes combinações, elaborações, percepções do universo
escolar que foi experimentado nas várias situações apresentadas.
CAPÍTULO 3
Reflexão sobre os
Encontros
71
CENA 3
CENÁRIO: O cenário é composto por paredes de vidro, por onde escorre água.
No chão, também, há água, formando poças. É necessário que existam suportes
ou ganchos onde as atrizes possam se segurar.
PERSONAGENS:
Quatro professoras vestidas, apenas, com malhas e meias cor da pele.
Duas pessoas que atuam como carregadores, vestidos de preto.
A cena se inicia com o palco vazio, somente com a água escorrendo pelas
paredes de vidro. É possível ver o pé de uma das professoras. Em partes
diferentes do cenário, aparecem as quatro professoras que vão escorregando
lentamente pelas paredes de vidro, cada uma em um ritmo diferente da outra,
porém todas tentam desesperadamente se manter na parte de cima da parede de
vidro.
PROFESSORA 1: Ele dava pena, eu não sabia o que fazer, o menino vinha todo
dia com uma cara de fome que não adiantava mais comer. Um dia, tentei dar um
lanche a mais, chamei ele para conversar e ofereci o maior sanduíche que existia
na lanchonete. É claro que eu sabia que isso não queria dizer nada, seria só um
lanche. Mas pensei que poderia adiantar, que, pelo menos ,naquele dia, ele
mudaria de cara. Que tonta eu, mas ele ficou com uma cara alegre. Não adiantou
nada porque, mesmo alegre, continuava com cara de fome. Nem sei se tinha
fome mesmo, nem sei do que era a fome. Na minha barriga ia crescendo um
vazio cada vez maior.
PROFESSORA 3: Comecei a ter asma, claro que é mentira isso. Quem é que
começa a ter asma depois dos 30 anos de idade? Eu tenho é claustrofobia de ver
tanta gente na minha frente. Fico olhando aquelas crianças e não sei o que fazer
com tanto pedido, com tanta menina falando: tia eu posso ir no banheiro?, tia me
dá mais uma folha?, tia olha aqui se ficou bom o meu desenho! Tenho vontade de
tampar os ouvidos, fico apressada, fico agoniada de não conseguir que eles deem
passos mais largos, mais amplos. Quando um quer andar, correr, saltar, tem
sempre alguns que seguram, que ficam para trás e eu fico com eles, sem poder
ajudar os que correm a não cair. Tenho asma.
PROFESSORA 2: Não sei onde está escrito quem responde pelo quê, sei que
tem coisas pelas quais ninguém responde, não compete a ninguém, vão andando
empurradas até que explodem e aí não adianta mais reclamar. Em algum lugar
devem estar definidas quais são as funções de cada funcionário, do professor, do
coordenador, do diretor, da merendeira, do porteiro. Mas ninguém nunca leu e, se
leu, escondeu. Eu sei é que sobram alunos perdidos.
PROFESSORA 1: Perdidos estão os pais, “tão longe, de mim distante, onde irá,
onde irá teu pensamento?”... Estão perdidos em alguma floresta encantada que
não deixa que eles olhem as lições dos filhos, nem as orelhas, nem as unhas,
nem os decotes. Não olham para nada. Devem andar de venda dentro de casa.
momentos dom quixotescos, nos quais resolvo que vou conseguir, que vou fazer
com que estes meninos aprendam a ler, a escrever, a apreciar um bom romance.
Começo a agendar visitas aos museus, promovo um clube de leitura, são poucos
os que aparecem. Eu não queria poucos, queria todos, mas continuo com os
poucos porque alguns fazem descobertas fascinantes, me contam sobre o livro
lido com mais encanto que criança quando vê o Papai Noel. Continuo, escondo a
preguiça, choro de emoção e volto a corrigir a pilha de redações.
PROFESSORA 3: Quando comecei, sonhava com uma sala bem equipada, com
uma estante de livros de madeira clara, com espaço para colocar alguns livros de
frente, com um tapete com almofadas para ser o canto da leitura. Uma sala com
mesas amplas e lápis colorido em potinhos para cada aluno, além do lápis preto,
da borracha, do apontador. Um armário com os mapas que usaríamos no
decorrer do ano e dois murais, um para os trabalhos dos alunos e um para os
recados, as notícias... Não existia computador e não fazia falta um Power point.
Agora sonho com uma sala com carteiras inteiras, que não estejam quebradas e
que tenha uma para cada aluno. Não seria a sala do sonho, mas, se fosse assim
e limpa já seria bom demais. E se todos os alunos tivessem caderno e estojo
completo, já chegaria perto do paraíso!
____________________________________
A cena que abre este capítulo mostra parte desses sentimentos, ainda que
seja mais forte a tristeza e a impotência nela apresentadas. O texto que se segue
apresenta nossas reflexões, tendo como referência os temas explorados nos
encontros. Procuro mostrar a importância da troca de idéias, de enfoques, de
percepção para a conquista de uma docência criativa.
já que ela rompe com a idéia do conhecimento como algo estático, imutável e
previamente definido.
43
São eles: falta de apoio, divergências (entre os profs), falta de espaço físico, falta de recursos
físicos, capacitação, salas muito cheias, heterogeneidade, ausência dos pais/comunidade, falta de
perspectiva do aluno e do professor, auto-estima, desvalorização do ensino, baixos salários, falta
de estímulo, falta de compromisso docente, freqüência do professor, rotatividade, gestão ruim,
políticas públicas ineficientes, legislação, crise de valores sociais, criatividade, responsabilidade
compartilhada, relacionamento prof./aluno - interpessoais
78
3.1 GESTÃO
Nas duas situações, assim como na reflexão sobre ambas, fica evidente a
falta de trabalho conjunto e o fato da não existência de uma equipe com a qual o
trabalho é realizado e as dificuldades superadas.
45
Ver anexo 3.
81
por compreender que, por melhor que seja a gestão de uma escola, o bom
andamento do trabalho depende do comprometimento de cada funcionário.
46
Muitos docentes e instituições ainda não encontraram a maneira de definir uma nova divisão do
trabalho frente à multiplicação das configurações familiares, a instabilidade e flexibilidade de suas
estruturas e dinâmicas e à carência dos recursos básicos, não só econômicos, mas também
afetivos, temporais etc., necessários para acompanhar o crescimento e a aprendizagem escolar
das novas gerações. Os docentes oscilam entre a queixa pela falta de participação dos pais ou
pelo intervencionismo que em muitos casos julgam excessivo, que constitui um obstáculo para seu
próprio trabalho nas instituições. (Tradução livre)
82
47
No novo contexto social e cultural, a instituição escolar tende a ser vista pelos docentes como
“uma ilha de ordem em um oceano de ignorância e desordem” (Dubet e Duru-Bellat, 2000, p.45). A
crise social tende a ser percebida como crise moral. Os problemas de disciplina, a violência
escolar, as desordens, a pouca predisposição ao esforço, a falta de interesse etc. são a expressão
dos defeitos da educação. Os docentes veem ameaçada sua identidade e tendem a sentir-se
obrigados a converterem-se em trabalhadores sociais, “educadores” e psicólogos. (Tradução livre)
83
Rocha – Aluna adolescente que diz que irá sem uniforme na escola,
mesmo que tenha que enfrentar a coordenadora.
48
Neste jogo deve-se narrar um acontecimento enquanto a orientadora faz perguntas que
busquem uma descrição maior sobre o que está sendo narrado, tais como: Focalize as cores da
cena, focalize os sons, etc.
84
escreveu um relato sobre uma das cenas, do ponto de vista da personagem com
que trabalhou. E, dando continuidade a temática crise de valores sociais, fizemos
a leitura desses textos, que ampliaram os aspectos já trazidos pelas
improvisações, o que foi apontado no relato de Néia:
uma classe abstrata, com valores e condutas que não seriam a delas, mas
daquele grupo ou de boa parte dos professores com quem convivem. Assume-se
para a classe docente, o discurso da banalização da violência que passa a ser
tratado de forma generalizante.
Néia relatou o caso de uma aluna de três anos, gordinha, com pais e avós
magros que a questionou sobre ela ser gorda, ficando muito satisfeita com a
resposta afirmativa da professora. Este mesmo questionamento foi feito por vários
dias. É interessante observar o papel assumido pela professora, que se orgulhou
do fato de a aluna ter se identificado com ela, ao mesmo tempo em que ressaltou
a importância que a professora pode ter na construção da identidade da criança
que, na ausência de um familiar com quem se identificar fisicamente, estabeleceu
esta identificação com a professora.
Lilá relatou sua experiência pessoal de ter sido mãe aos quatorze anos e
contou da importância de um professor, que foi à sua casa para trazê-la de volta à
escola, sendo um dos responsáveis por ela não ter deixado de estudar e ter
escolhido a profissão docente.
49
Também é importante recordar que o ofício docente sempre tendeu a definir-se como uma
mistura não sempre equilibrada de profissionalismo e de vocação. A idéia de “missão” impõe um
dever de humildade e de dedicação qualidades clássicas de um bom professor de escola.
(Tradução livre)
89
Esta observação denota, não apenas o quanto boa parte dos cursos de
formação de professores estão distantes de suas práticas, como o trabalho
desenvolvido nas escolas ignora a percepção dos professores sobre os conflitos
90
Depois que todas haviam feito seu próprio gesto, foi feito mais um que eu
não vi por estar de costas, porém o grupo pediu que fosse repetido para mim.
50
Ver Anexo 1
95
Lilá relatou um caso de dois alunos que ela conseguiu mudar uma conduta
de dificuldade de aprendizagem ao pedir que eles a auxiliassem no trabalho,
levando a bolsa dela ou pequenas atividades semelhantes. Ficou claro para o
grupo o que demonstrar confiança no aluno é uma maneira de conquistá-lo para o
aprendizado.
Julia apontou a dificuldade que o professor iniciante tem para saber como
lidar com os alunos. Ana comentou que em todos os momentos são apresentados
desafios, não apenas no início da carreira docente, relatando uma situação de
dificuldade de relacionamento com o grupo de alunos que quase fez com que ela
desistisse da carreira.
51
Este comentário era referente à professora Colaboradora, que apesar de não tenha sido
nomeada, as professoras deram risada e olharam para ela no momento que este comentário foi
feito.
96
52
O nome da Lilá foi colocado na cena como sendo a personagem, pois este texto partiu de uma
improvisação ocorrida no 7º encontro.
97
de que na educação infantil os alunos são muito severos com as punições que
propõem, sendo necessária a mediação do professor para que estas regras sejam
adequadas.
A segunda cena foi de quatro amigas que estão escalando uma montanha
e caem em um abismo. Uma das personagens, que nunca havia feito este tipo de
atividade, se apavora e a outra machuca o pé. Duas mantêm melhor o controle e
encontram soluções, uma consegue sair do abismo e chama um helicóptero que
vem retirá-las. O grupo se utiliza de narrações para informar o ocorrido, como a
passagem de algumas horas ou a chegada do helicóptero.
Na reflexão sobre o ocorrido, foi comentado pelo grupo que fez a cena do
abismo que, apesar de a cena ter ocorrido em um abismo real, também poderia
ter sido em um abismo simbólico, emocional, psicológico, de condição de vida.
Comentou-se como é difícil ser percebida esta prisão quando se refere à condição
de vida.
Foi observada a relação entre a situação vivida nos grupos nas cenas e os
diferentes grupos com que convivemos e trabalhamos, em que existem pessoas
mais frágeis, enquanto outras assumem o papel de organizadoras, de líder, com
papéis assumidos conforme as características pessoais.
53
Neste jogo o jogador está preso e deverá encontrar formas de sair desta prisão. O que o prende
é definido pelo participante. Embora a proposta de Spolin seja para um jogador individual, pedi às
professoras que fizessem em grupo.
100
Dividi o grupo em trios e solicitei que elas improvisassem uma cena na qual
deveriam conversar sobre um dos conflitos, assumindo a postura e os
argumentos da professora que elas haviam criado anteriormente.
A terceira cena debateu a situação da criança que sofre maus tratos por
parte de uma professora. Jô entrou claramente como uma personagem e
conseguiu manter a caracterização da mesma, embora a Ana e a Sandra não
tenham caracterizado muito bem as suas personagens, agindo como elas
mesmas. Durante a conversa, elas ponderaram sobre os problemas que a
professora deveria estar passando para agir daquela forma, uma vez que ela
sempre havia sido uma boa educadora. Definiram que uma delas conversaria com
a agressora e que, ainda, não levariam a questão para a coordenação.
pessoal. Julia relatou uma situação na qual um aluno disse que ela deveria ser
tratada de igual para igual, por ser quase da mesma idade que ele.
Como síntese do oitavo encontro, solicitei que cada uma delas escolhesse
uma sonoplastia. Cris escolheu o barulho de descarga, Jô escolheu o tan-tan-tan-
tan de Bethoven, Memê escolheu o barulho de um tambor, Néia escolheu as
batidas do coração, porque é vital e todo mundo precisa dele, Julia escolheu o
som de uma bomba, Rocha escolheu o barulho do sinal, Ana escolheu a música
“We are the champions”, Sandra escolheu alguma música do Gipsy Kings e Lilá
escolheu a música ‘Mundo ideal’ (do filme Aladin).
109
Além dos aspectos apontados acima, outras reflexões surgiram com muita
intensidade como a desvalorização do ensino e do professor, a baixa auto-estima,
aos salários baixos, a necessidade do estabelecimento de uma equipe entre
professores, direção, coordenação e funcionários, sem a qual sofre-se de uma
solidão permanente, assim como sugestões para uma formação de professores e
para a sua prática docente que serão retomadas no capítulo 5.
CAPÍTULO 4
Escrita Dramatúrgica
115
CENA 4
A cena se inicia com quatro escritoras, uma em cada canto do palco. Cada
uma escreve de uma forma.
em sua blusa, com uma fita crepe e sai cantando as letras, repetindo o seu nome
pelo meio da platéia até sumir.
A luz se apaga.
____________________________
54
Ver quadro na Introdução.
117
Escrever cenas foi difícil, ainda mais com um tempo limitado. Mas
eu acredito que foi fundamental para fixarmos nossas idéias,
desenvolvermos outras habilidades e aprimorarmos nosso
conhecimento acerca do teatro. Temos um monte de idéias, mas
quando passamos para o papel, boa parte do que refletimos se
perde. Ao mesmo tempo, quando escrevemos, somos forçados a
refletir mais e a organizar o nosso pensamento, forçando um
aprendizado mais efetivo. (QF Julia)
Neste sentido, a análise dos textos produzidos será feita tendo como
referência a relação estabelecida com o jogo e com os temas escolhidos para a
reflexão. Não foi possível analisar todos os textos individualmente, já que temos
setenta e uma cenas escritas no decorrer dos encontros e nove peças como
reflexão final56. Entretanto, mostrarei as múltiplas relações estabelecidas entre o
jogo teatral, a escrita dramatúrgica e a reflexão apoiada nos temas escolhidos,
55
Texto escrito pelo dramaturgo destinado a esclarecer a apresentação da montagem teatral,
como, por exemplo, a movimentação dos atores.
56
Ver anexos 3 e 4.
118
A proposta de trabalhar com este jogo se deveu ao fato de que para ser
possível espelhar a fala de alguém é necessário estar atento não somente ao
significado da fala, mas também à forma como as palavras são ditas, ao ritmo
utilizado, à altura da voz, à dicção, a clareza com a qual as palavras são
pronunciadas. Não apenas a pessoa que irá espelhar necessita desta atenção,
mas também aquele que é espelhado pode perceber características da própria
fala.
57
Neste jogo uma pessoa fala e a outra repete a fala, como um espelho.
119
A escrita das cenas foi um desafio, desde o início, mas apesar das
dificuldades encontradas, houve o reconhecimento da importância que esta
escrita adquiriu no decorrer da pesquisa, conforme relato da Memê:
58
Neste sentido a imaginação adquire uma função de suma importância na conduta e no
desenvolvimento humano, convertendo-se em meio de ampliar a experiência do homem que, ao
ser capaz de imaginar o que não viu, ao poder conceber baseando-se em relatos e descrições
alheias o que não experimentou pessoal e diretamente, não está fechado no estreito círculo de
sua própria experiência, mas sim que pode distanciar-se muito de seus limites, assimilando com
ajuda da imaginação, experiências históricas ou sociais alheias. (Tradução livre)
59
Neste jogo deve-se narrar um acontecimento enquanto a orientadora faz perguntas que
busquem uma descrição maior sobre o que está sendo narrado, tais como: Focalize as cores da
cena, focalize os sons, etc.
124
Sandra – Adolescente que não quer usar uniforme narra situação de estar
em um baile funk e ter sido agarrada pelo Joãozinho, ficando toda roxa.
Lilá – Professora que está lavando louça e demonstra preocupação com a
escola.
Rocha – Aluna que diz que irá sem uniforme na escola, mesmo que tenha
que enfrentar a coordenadora.
Maria – Pai bêbado em conflito sobre o que fazer, ir ao bar ou para a
reunião da escola dos filhos.
Ana – Inspetora narra situação das crianças atravessando a rua sem
segurança.
Déia – Aluna que reclama da vida e dos pais.
Memê – Inspetora narra situação na qual os alunos colocam fogo no
corredor e na sala.
Julia – Professora narra situação de um grupo de alunos fumando próximo
à escola e ela declara que fará uma campanha contra o tabaco.
Néia – Professora se queixa de aluna que vem sem uniforme e declara
todo momento que já tem vinte anos de magistério.
A cena criada por Lilá, abaixo reproduzida, introduz uma das questões
trazidas nas reflexões sobre o papel do professor, que é da impotência vivida
perante tantos conflitos apresentados pelos alunos. A escrita ampliou a percepção
dos conflitos experimentados no jogo, trazendo novos elementos para a
compreensão de experiências vividas na escola.
Compreendo que para professoras que não tinham intimidade com o teatro,
poder escrever em forma de diálogos e com indicações sobre a movimentação
dos atores ou dos demais elementos que compõem uma peça, como cenário,
figurino, etc. seria um ganho na possibilidade de diálogo com os jogos teatrais.
128
- Você vai precisar de ajuda, porém quem tem que ser forte e
profissional é você.
(Julia) amiga
- Você acha que consegue? Então qual o problema?
(Lilá) para de chorar e ouve a amiga, que continua a falar sobre
sua prática e reflexões.
(Lilá) mais tranqüila
- Bem, este é meu desafio, vou rever meu trabalho e mudar
algumas coisas! Vai dar certo!
60
Ver anexo 3.
61
Relatado no capítulo 2, item 2.3.
131
No oitavo encontro, não foi possível escrever nenhuma cena por falta de
tempo e, apenas, três professoras escreveram em casa cenas que trouxeram
diferentes aspectos da atuação docente.
62
Neste jogo uma história é criada conforme as palavras são sorteadas pelas participantes.
132
Neste mesmo encontro, realizamos o jogo Preso e, ao final, pedi que cada
uma escrevesse uma cena teatral, seguindo o modelo de uma cena, na qual o
tema vivenciado fosse trabalhado. Duas cenas retrataram o jogo do preso, duas
narraram reuniões de pais, uma narrou uma reunião de professores, uma relatou
o nosso encontro, uma apresentou uma situação de sala de aula na qual a
professora discute o significado da palavra responsabilidade e a última foi de uma
pessoa socorrendo uma vizinha idosa, que caiu e se machucou.
63
Criar é fonte de júbilo para o homem, porém acarreta também sofrimentos conhecidos com o
nome de torturas da criação. Criar é difícil, a demanda criadora não coincide sempre com a
possibilidade de criar e deste ponto surge o dizer de Dostoievsky, a tortura de que a palavra não
siga os pensamentos. Os poetas chamam a este sofrimento, tortura da palavra.
133
64
Spolin (2008, p.161-167) apresenta jogos nos quais a escrita é explorada.
134
Da mesma forma como foi difícil iniciar a escrita, foi difícil terminar em tão
pouco tempo. Três professoras me pediram para terminar em casa e que me
enviariam o texto por e-mail, o que foi aceito. Ficou evidente que o tempo para a
elaboração por escrito foi pouco, ainda mais em uma forma textual tão pouco
conhecida pelo grupo.
65
As peças foram transcritas literalmente, sem qualquer correção ou alteração por parte da
pesquisadora. É importante ressaltar que as professoras tampouco tiveram a possibilidade de
revê-las após a entrega. A formatação utilizada nestes textos não segue o padrão adotado quanto
ao recuo, devido a opção por uma melhor utilização da página.
135
4.1.1 Ana
“CENA 1
Lelê entra na sala de professores. Um espaço amplo com uma mesa enorme,
circulada por várias cadeiras, pois é o espaço onde acontece as reuniões. Neste
dia apenas quatro professoras se encontram no local.
Lelê chorando diz:
Meninas, me ajude! Estou com um problema na minha sala de aula, e sozinha, já
tentei, e creio que não vou resolvê-lo.
Ana (assustada) mas como? Que problema?
Lelê: Um aluno que não faz nada, dorme e quando está acordado só atrapalha...
me xinga de palavrões absurdos, bate nos colegas e ainda sai da sala na hora
que bem entende. A mãe? Nem conheço... Já pedi à Direção, para tomar as
devidas providências, e até agora, nada!
Néia (preocupada): É preciso haver uma colaboração de todos, pois o problema
não é só da Lelê. Todos nós estamos envolvidas no processo de aprendizagem e
nos problemas da escola. O seu aluno hoje, será o meu amanhã.
Sandra, que até então se mantinha alheia, tenta acalmar Lelê: Calma, sozinha
realmente, você não conseguirá resolver a situação. Nós somos um grupo, e
juntas, pensaremos na melhor maneira de resolver esse impasse...
Lelê, mais calma, volta para a sala de aula.
No outro dia... As crianças chegam agitadas, o sinal toca exatamente às 7 horas
da manhã. E Lelê, que sempre chega cedo, não aparece.
Suas colegas preocupadas, procuram saber se ela ligou avisando. Na secretaria
nenhum recado.
Após a angústia da manhã, duas colegas decidem ir até a casa de Lelê, que não
é longe, apenas dois quarteirões dali.
Ao chegarem, Néia toca a campainha. Priiii. Depois de uns 5 minutos, Lelê atende
a porta. Seu ar é de cansada. A palidez e os olhos inchados são visíveis.
Mesmo sem ser convidadas, Néia e Jô entram. O espaço da sala está escuro,
mas se vê livros sobre a mesa, papéis rasgados e o quadro onde ficava o diploma
de Lelê, quebrado sobre o tapete. Néia recolhe os cacos e o papel intacto, por
sorte (diploma) e pede uma explicação a Lelê.
Ela (aos prantos) diz que tomou uma decisão; não voltará à sala de aula.
Jô e Néia conversam bastante com Lelê. Convence-a a viajar por uns dias, refletir
sobre essa decisão, que por certo foi tomada, num momento de nervoso e
angústia.
Lelê já mais animada, após o diálogo. Recolhe os papéis rasgados, organiza o
espaço da sala, que ela mesma havia revirado, após um momento de fúria.
Lelê reflete e diz: Pensando bem, quem sou eu para se deixar levar por ataques
de medo e angústia? Daqui à uma semana, prometo à vocês que voltarei mais
animada e com certeza, vou resolver essa situação com meu aluno, família e
direção.
OBS: A importância do diálogo e a interação de todos em um grupo.”
66
A atividade criadora da imaginação se encontra em relação direta com a riqueza e a variedade
da experiência acumulada pelo homem, porque esta experiência é o material com o qual a
fantasia ergue seus edifícios. Quanto mais rica for a experiência humana, tanto maior será o
material de que dispõe essa imaginação. Por isso a imaginação da criança é mais pobre que a do
adulto, por ser menor sua experiência. (Tradução livre)
137
4.1.2 Cris
“CENA 1
Em uma escola pública, bem organizada, limpa e equipada, a coordenadora
Lúcia em início de carreira deparou-se com uma série de questões voltadas a
ação pedagógica.
Lúcia era tranqüila, séria e dedicada, vestia-se com discrição, vivia ajeitando
seus óculos no nariz.
Num primeiro momento sofreu exclusão por parte dos professores. Era só a
Lúcia falar para os rostos se entortarem e olhares lhe fitarem.
Em uma das reuniões pedagógicas...
A sala estava organizada com as cadeiras em forma de círculos, o que fez a
professora Maria Eduarda comentar: (com deboche) – Não sei para que tudo
isso? – só vamos falar bobeiras aqui.
Rosa completou (com ironia) – Podia ter trago um lanchinho para completar (risos
gerais).
Lúcia entrou na sala, o silêncio foi geral, dava para ouvir o toc-toc do seu
sapato.
- Bom dia! (com um largo sorriso)
- Bom dia! ( com desânimo) responderam as professoras.
Lúcia continuou (com alegria) – Hoje vamos trocar experiências – Quem
gostaria de contar algo interessante, alguma atividade significativa que ocorreu
em sua sala de aula.
Mais uma vez o silêncio reinou. (olhares se fitaram, formando um complô
contra Lúcia)
Lúcia incentivou mais uma vez – Quem gostaria de começar, vamos... Será
apenas um bate papo.
Ninguém se manifestou. Lúcia aguardou mais um pouco, e nada.
138
- Bom! (disse desanimada) então vamos tratar as datas das provas, trabalhos e
eventos.
Todas as professoras abriram seus cadernos e começaram as anotações
CENA 2
Lúcia depara-se com um aluno muito nervoso no pátio, ele caminhava de um
lado para outro, balançando a cabeça negativamente, com o rosto vermelho e os
olhos brilhando. Ela aproxima-se vagarosamente (demonstrando tranqüilidade) –
Oi, rapaz, o que aconteceu para você estar fora da sala.
Ele muito nervoso, começa a falar rapidamente e, nada podia ser
compreendido.
Lúcia o acalma, colocando as mãos em seu ombro: - Qual é o seu nome?
- Roberto (voz grossa e firme)
- Bem, Roberto, sente aqui comigo – Conte o que aconteceu com calma.
Aproximam-se do banco e sentam.
- É aquela professora. Ela só sabe passar coisas na lousa, não respeita nenhum
aluno, não escuta ninguém (respira fundo e continua) vive gritando e hoje me
colocou para fora porque cochilei em sua aula.
- E porque você dormiu, está muito cansado (com voz suave)
- É eu estou. Minha avó está doente, estou passando a noite com ela, e não
durmo direito.
- Olha, falarei com a professora, fique tranqüilo. Só que agora vá para a biblioteca
e aproveite para resolver algum trabalho pendente.
CENA 3
Lúcia discretamente entra na sala dos professores (no intervalo) aproxima-se
de Joana, a professora de Roberto e sussurra – Gostaria de falar com você após
a aula.
Joana (alta, gorda, cabelos negros, expressão surpresa) – Tudo bem! (e volta
a tomar seu café)
CENA 4
Joana bate na porta da sala de Lúcia e aguarda ser atendida (rosto sério)
Lúcia abre a porta, solta um sorriso e convida Joana para entrar.
Joana logo começa a falar: - Bem, o que aconteceu? Estou ansiosa para saber
e com pressa, pois, tenho dentista marcado.
Lúcia senta em sua cadeira e fala tranquilamente: - Joana, encontrei Roberto
no pátio.
Joana nem escuta o resto, corta a fala de Lúcia e emenda.
- Ah! É isso, aquele menino dormiu na minha aula, veja que absurdo.
Lúcia com muita paciência diz: - Eu entendo a sua indignação, sei que
preparou sua aula, que é compromissada. Mas, ( pegou na mão de Joana, que
estava apoiada na mesa) sabe porque Roberto dormia, perguntou a ele?
Joana arregala os olhos e responde:
- Não, não perguntei.
Lúcia olha bem nos olhos de Joana, passando confiança.
- Ele passa a noite cuidando da vovó doente.
Joana fica perdida, sem graça e com a voz trêmula diz: - Nossa que
responsabilidade.
Lúcia – Pois é, posso lhe dar uma dica, de professora experiente?
139
A peça proposta por Cris traz como tema Amante da Profissão e apresenta,
em quatro cenas, a conduta de uma coordenadora que procura melhorar a
condição da escola na qual trabalha.
Nas cenas escritas por Cris, no decorrer dos encontros, encontra-se esta
mesma postura conciliadora, as personagens são responsáveis, amorosas e
dedicadas, além de retratarem desfechos felizes para os conflitos apresentados.
Embora tal idealização possa nos remeter a uma idéia romantizada dos
problemas e das condutas existentes no ambiente escolar, Cris nos apresenta
possibilidades de diálogo entre os pares, de relações mais amorosas e seu desejo
de um espaço escolar onde as dificuldades e os conflitos não aniquilem a
possibilidade de um trabalho conjunto.
141
4.1.3 Jô
“PEÇA TEATRAL
demonstra que ela valorizou muito a opinião do grupo, mesmo reconhecendo que,
em alguns momentos, as discussões eram excessivas.
4.1.4 Julia
“CENA 1
Local: Escola
Personagens: Professora Novata Clara
Professora Ana
CENA 2
Local: Corredor da Escola
Personagens: Aluno Pedro, o piadista da sala, o mestre da bagunça. Na versão
dos professores: “ o reizinho da sala”. Aluno João e professora Clara.
Pedro e João caminham em direção ao banheiro quando encontram a professora
Clara com o rosto vermelho (de tanto chorar)
145
CENA 3
Local: Sala dos professores
Personagens: Ana, Clara
Assim que o sinal bateu, Ana desceu rapidamente em direção a sala dos
professores. E encontrou Clara, ainda com o rosto vermelho.
ANA: Clara, você está mais calma? Eu também já passei por isso.
CLARA: Ana, quando iniciei a aula, todos viraram-se de costas e começaram a rir
de mim. Fiquei sem reação.
ANA: E o que aconteceu depois?
CLARA: Pedi para virarem pra frente, mas eles não obedeceram e continuaram
de costas, rindo cada vez mais alto. Então não agüentei e comecei a chorar.
ANA: Você foi até a diretoria explicar a situação?
CLARA: Fui primeiro conversar com você. Depois fiquei aguardando a chegada
da diretora. Como ela ainda não está no colégio, conversei com a coordenadora e
ela me disse para eu ser mais rígida em sala de aula, que não vou conseguir
nada chorando.
ANA: Rígida? A escola deve ser mais rígida. Como eles querem que o professor
mantenha a autoridade em sala se não dão respaldo e apoio ao mesmo? Ela
falou, por exemplo, em punir os alunos?
CLARA: Como eu contei que a sala inteira aprontou comigo, ela disse que não
poderia punir uma sala inteira. Eu realmente não estou na profissão certa. Todos
me odeiam. Não sou uma boa professora.
ANA: Você não deve pensar assim! Tenho certeza que muitos alunos não
queriam participar desta falta de respeito, mas temem retaliação dos colegas.
Ana, você tem que entender que eles estão em fase de auto-afirmação. Eles
acabam segundo a vontade de uns poucos alunos da sala. Mas isso não pode
ocorrer novamente.
Temos que debater este assunto e procurar soluções. Hoje aconteceu com você,
amanhã é comigo ou com um e nossos colegas. Não podemos deixar isso passar
batido. E isso diz respeito a todos nós e a educação de nossos alunos.”
A peça escrita por Julia apresenta três cenas de uma situação semelhante
a um dos jogos realizados nos encontros67, que foi trabalhado por todo o grupo.
Julia define as cenas com clareza, propondo o local de cada uma delas e as
personagens que participam da cena antes de iniciar o diálogo ou a descrição das
ações. Esta forma de apresentar o texto demonstra um domínio sobre a situação
67
No oitavo encontro foi proposto um jogo no qual cada dupla deveria improvisar sobre uma
situação na qual uma professora visita uma colega, desesperada, pedindo ajuda. Estas cenas
foram descritas no capítulo 3.
146
4.1.5 Lilá
“O Conflito de Pedro
Em uma tarde fria do mês de junho, para surpresa de Pedro chega a sua casa a
Dona Maria e a sua professora Sofia.
Batem palmas no portão bem remendado de madeiras, nesta hora vários
cachorros começam a latir. Maria chama:
- Pedro, ô Pedro, sabemos que você está em casa.
Sofia: Pedro, sou eu, sua professora, vem abrir o portão.
Pedro entrou em pânico, não queria que elas entrassem, pois tinha vergonha de
sua casa.
Maria: Pedro, por favor viemos te ajudar.
Sofia: Abra, seremos breve.
Pedro: Não, não posso...
E um silêncio pairou.
Neste momento a Dona Maria e Sofia sentem-se impotentes diante da situação.
Passados três dias sem que aparecesse na escola, Pedro bem abatido entrou na
sala com uma fisionomia angustiada.
Sofia diz: Pedro que bom vê-lo, depois podemos conversar?
Pedro abaixou a cabeça e não disse nada.
Quando aproximou o horário do intervalo a professora chamou Pedro em sua
mesa e disse:
- Pedro, vamos até a sala da Dona Maria? Precisamos conversar.
Pedro: Sim, professora.
A professora pediu para que uma colega ficasse uns minutos em sua sala e
desceu com Pedro.
Abraçados no meio do caminho encontraram um colega que mora ao seu lado e
ele disse:
- Bele, Pedro?
Pedro: Bele.
Mas a professora muito esperta percebeu um ar de ironia naquele menino
conhecido como Grito o bocão e perguntou para Pedro:
- Você o conhece?
Pedro: Sim, professora.
Sofia: Mas porque você abaixou a cabeça quando o viu?
Pedro: Nada não Fessora, vamô logo.
A professora Sofia sentiu que tinha que envolvia este Grito, mas resolveu esperar
para ver como seria a conversa com Dona Maria.
Chegando lá em sua sala Pedro já foi logo dizendo:
- Eu não vou falar nada porque eu não fiz nada!!!
Dona Maria percebendo sua aflição convidou-o para ir até a cantina tomar um
lanche com ela.
- É Pedro você parece nervosos vamos tomar um lanche?
Pedro: Ah!, não eu não tenho grana
Ficou entusiasmado no início mas logo se recompôs.
Durante seu lanche, a Dona Maria, a professora e a Dona Sebastiana perceberam
sua ânsia por comer.
E tentaram conversar ali mesmo.
Maria: É Pedro, fomos na sua casa fazer uma visita, mas você não nos atendeu!
Sofia: Por que? Você tem vergonha da sua casa?
Pedro: Não, não posso falar.
Sebastiana: Pedro eu te conheço desde 6 anos, você sempre foi alegre,
brincalhão, feliz... e agora o que há com você? Queremos te ajudar.
149
A peça escrita por Lilá traz o conflito de um aluno, Pedro, que estava sendo
culpado de furto injustamente. A peça apresenta diversas situações, que ocorrem
na escola e na porta da casa do Pedro e, embora todas as cenas ocorram em
forma de diálogo, não existe qualquer separação de cenas ou definição dos
espaços de forma a ficar mais clara a relação com uma possível encenação.
150
Em outras cenas criadas por Lilá, ela, também, traz conflitos que estão
além do espaço escolar e incluí situações que ocorrem na casa das personagens
ou na rua. São apresentadas cenas nas quais os professores necessitam sair da
escola para resolver problemas detectados nos alunos, com relação à
aprendizagem ou a estados de ânimo, como perda da alegria e da vontade de
estudar.
Nos jogos realizados, Lilá improvisou uma aluna que procura a professora
para falar sobre sua necessidade de fazer sexo com o namorado. Esta
improvisação foi muito engraçada, pois ela não parava de falar e rebatia qualquer
argumento da personagem-professora sobre a importância dos estudos com
frases que expressavam a intensidade de seu desejo sexual. A jogadora, que
atuava como a professora, perdeu o foco e ficou pessoalmente envergonhada,
declarando, após o jogo, que não sabia o que fazer em uma situação como
aquela.
151
No debate sobre esta questão, Lilá relatou o fato de ter continuado seus
estudos e ter se tornado professora devido à dedicação de um professor que foi à
sua casa quando ela engravidou ainda adolescente, incentivando-a a voltar a
estudar assim que o bebê nascesse.
Novamente com Lilá, assim como com Ana, encontramos aspectos de sua
experiência, definindo características, tanto de sua atuação docente, como de sua
concepção sobre quais os aspectos mais significativos do papel da escola. Lilá
nos remete à importância dada às relações interpessoais e ao envolvimento de
toda a equipe, possibilitando um trabalho não apenas junto ao aluno, mas
também aos pais.
4.1.6 Memê
“PEÇA TEATRAL
Aluno 1 e aluno 2 (adolescentes com 14/15 anos aproximadamente)
Professora
CENA I
Em sala de aula, a professora explica a matéria, enquanto a maioria dos alunos
presta atenção, dois alunos no fundo da sala chamam a atenção pelo barulho que
fazem.
PROF: O assunto ao qual estou me referindo é sobre os Elementos estruturais do
Conto e... (interrompe a fala e olha para os alunos que estão conversando alto e
ouvindo música no I-pod, a professora dirige-se a eles)
PROF: Será que vocês poderiam prestar atenção ao que estou explicando? É
sobre um assunto, que será pedido num trabalho que irá valer nota
posteriormente.
Os alunos só param quando a professora lhes dirige a palavra, mas em
seguida continuam conversando, como se ninguém os tivesse chamado a
atenção.
PROF: (voltando-se para os outros alunos) Continuando o assunto sobre os
elementos de análise do conto, temos os personagens principais e os
secundários, o tempo, o espaço, o conflito, o foco narrativo, o clímax, o enredo e
o desfecho. Quanto aos personagens principais, temos... (nisso o celular de um
dos alunos daqueles que faziam barulho anteriormente toca, e um deles grita alto
para outro atender, conturbando a aula. A professora olha para eles com
severidade).
PROF: Vocês não perceberam que estão perturbando a aula? Vejo-me obrigada
a pedir que vocês saiam da sala e venham até aqui (aponta para a porta) para
termos uma conversa.
152
CENA II
A Diretora conversa com os alunos sobre o comportamento dos mesmos em sala
de aula.
DIRETORA: Vocês até hoje não sabem se comportar em uma sala de aula? Há
quanto tempo vocês estão na escola e ainda não aprenderam a se comportar
como alunos? Vou dar uma suspensão para vocês e para que vocês retornem à
escola só após eu conversar com seus pais.
Os alunos retrucam:
ALUNO 1: É... Mas meus pais trabalha... e não poderão vir... a Sra. sabe...
ALUNO 2: Meu pai vai me quebrar, de tanto me bater...
DIRETORA (irredutível): Bom, a suspensão já foi dada, e vocês, se quiserem
continuar na escola, poderão vir só depois que eu falar com seus pais.
(A Diretora entrega a carta de suspensão aos alunos e pedem para eles se
retirarem.
CENA III
Os alunos saem nervosos, voltam para a sala e pedem para falar com a
professora fora da sala.
ALUNO 2: Prof. A Sra. já sabe o que aconteceu com a gente. Nós fomos
suspensos e só poderemos voltar à escola quando nossos pais vierem falar com
a Diretora. Meu pai é violento e quando ele souber o que aconteceu, eu nem sei...
Tenho certeza de que ele vai me bater...
ALUNO 1: É... fessora... Será que a Sra. não pode dar um jeito nisto prá nóis...
Eu prometo que vou ficar bem quietinho na sua aula, fessora
PROF: Infelizmente, não posso fazer nada. Se a Diretora suspendeu vocês, não
há o que fazer.
ALUNO 1: É, mas, fessora, nós pedimos perdão prá Sra. na frente dela, e aí... ela
perdoa a gente também.
(Aluno 2 apóia aluno 1, fazendo movimentos com a cabeça).
PROF: Não, não, não posso fazer isto. É bom mesmo que seus pais venham
conversar com a diretora, pois já faz tempo que vocês não se comportam bem na
aula. Agora, podem pegar o material de vocês e irem para suas casas.
153
( Os alunos entram em sala e pegam seus materiais e suas mochilas. Olham para
a professora com uma mistura de raiva e de arrependimento. Após uma semana,
eles retornem para a sala de aula. A professora fica surpresa com o retorno
deles.)
CENA IV
PROFA: Opa! Vocês retornaram?! Ficou, então, tudo resolvido entre vocês, seus
pais e a diretora?
ALUNO 1: É... fessora. Meu pai teve que pedir no trabalho dele para deixarem ele
vir, e quando ele voltou pra casa, me deu o maior sermão, e falou que ia me
expulsar de casa, se eu não ficar bem na escola e ele tiver que falar com a
diretora de novo. E ele faz isso mesmo, ele já expulsou meu irmão mais velho,
fessora. Meu irmão não pode nem visitar a gente mais.
ALUNO 2: E eu levei a maior surra. Só não apanhei mais, porque minha mãe
chegou e não deixou ele me bater mais.
PROF: Bem, agora espero que vocês mudem suas condutas em sala de aula e
acompanhem a matéria direitinho, para que não se repita de novo, o que
aconteceu com vocês, certo?
(Os alunos entram e sentam-se em suas carteiras, mostrando-se comportados e a
professora inicia sua aula, neste dia sentindo que algo de necessário foi feito em
prol destes dois alunos).”
A peça proposta por Memê apresenta o conflito entre dois alunos e uma
professora pela atitude de descaso dos alunos em sala de aula. As cenas se
passam todas dentro do espaço escolar, sendo três delas na sala de aula e uma
na diretoria. O problema causado pela atitude dos alunos é resolvido pela
interferência da Diretora e pela atuação dos pais.
A ameaça da nota não foi convincente para uma mudança de postura por
parte dos alunos; entretanto, a perspectiva da punição vinda dos pais coloca os
alunos em uma nova postura. Apesar da tentativa de alteração da punição, os
alunos são punidos e, com a atitude violenta dos pais, que em um dos casos
ameaça o filho de ser expulso de casa e no outro, bate, mudam o seu
comportamento, passando a não mais atrapalhar a aula.
4.1.7 Néia
“Cena final
Personagens:
- Professoras: Kátia / Ana Paula
- Aluno: Caio
- Marido de Kátia
Kátia
- Bom dia! Crianças! Vamos passar a rotina de hoje.
- Cadê o Caio? Ele não veio?
- Que bom! Terei um dia de paz hoje. Nem acredito.
*Caio foi
Marido de Kátia
- Nossa! O que aconteceu, cadê seu desanimo e cansaço
Kátia
- Acabaram
Marido
- Como? O que aconteceu?
Kátia
- Recebi apoio de uma prof que trabalha comigo
- Ela me ajudou a resolver o problema que eu tinha
- Agora, sei com quem posso contar.
- Lá vou eu, estou com pressa.
FIM!!!
A peça escrita por Néia apresenta nove cenas, sendo parte delas na casa
de uma professora e as demais na escola na qual leciona. Existe uma clara
preocupação em escrever a cena de forma dramatúrgica, não apenas pelos
diálogos como também pela indicação de ações das personagens.
O conflito apresentado pela peça é de uma professora que não sabe o que
fazer com um aluno indisciplinado e que recebe a ajuda de uma colega, após uma
tentativa frustrada de receber auxilio da coordenação.
A faixa etária dos alunos não é claramente definida, mas fica evidente que
são alunos pequenos, sendo provavelmente de Educação Infantil ou das
primeiras séries do Ensino Fundamental, o que faz com que a medida adotada
seja eficiente.
4.1.8 Rocha
CENA 1
Em cena, a criança, aproximadamente treze anos de idade, olhos brilhantes e
uma expressão de descoberta. Seu nome é Pedro Henrique.
O professor, trinta anos, ar jovial e corpo atlético, novo na cidade, seu nome é
Jaime.
É um domingo ensolarado, e o parque da cidade está repleto de amantes da
saúde e do bem estar. Muitos andam de bicicleta, correm ou simplesmente
dormem à sombra das árvores.
Quando de repente Pedro Henrique, que andava em sua bicicleta, perde o freio e
atropela uma pessoa, e os dois caem no gramado. A preocupação é geral, o
atropelado, levanta e logo vai prestar socorro do menino que também se levanta,
assustado.
O ATROPELADO: Você está bem?
A CRIANÇA: Estou bem sim, perdi o freio.
O ATROPELADO: Você surgiu do nada, tem certeza que está tudo bem? Você
está sozinho?
A CRIANÇA: Minha mãe está na lanchonete. Vou encontrar com ela.
Os dois se olham e começam a rir, pois o tombo foi realmente engraçado.
160
CENA 2
Na escola, sala quinze, oitava série, a turma numa algazarra só, o Pedro
Henrique, contando o acontecido no parque. Todos rindo e curiosos da aventura
do amigo.
Entra o novo professor de Ciências, Jaime, a turma ainda não o conhecia.
PROFESSOR : Bom dia turma! Disse entusiasmado.
Todos foram se acalmando e se colocando no lugar.
PROFESSOR: Hoje é o nosso primeiro dia.....
Foi interrompido com as gargalhadas no fundo da sala....
PROFESSOR: Alguém quer explicar o motivo da gargalhada?
Levanta-se Pedro Henrique. Bom dia Professor, não sabia que seria nosso
professor.
PROFESSOR: Pois é, um acidente no parque quase nos separou. Mas estamos
aqui e vamos ter muito trabalho pela frente. Pois pretendo mostrar a vocês o
mundo mágico das Ciências usando o nosso exemplo.
PEDRO: Que exemplo?
PROFESSOR: O acidente, O TOMBO será o nosso primeiro trabalho nesta turma.
As cenas são curtas, mas mostram o que considero como um aprendizado muito
importante neste curso. Todas as nossas ações e nossa relação com o mundo e
as coisas tem um aprendizado e precisam ser interpretados e avaliados
constantemente.
Alessandra, obrigada por fazer parte deste momento de aprendizado.” Rocha
Toda atividade humana está inserida em uma realidade social, cujas carências
e cujos recursos materiais e espirituais constituem o contexto de vida para o
indivíduo. São esses aspectos, transformados em valores culturais, que
solicitam o indivíduo e o motivam para agir. Sua ação se circunscreve dentro
dos possíveis objetivos de sua época. Assim o conceito de materialidade não
indica apenas um determinado campo de ação humana. Indica também certas
possibilidades do contexto cultural, a partir de normas e meios disponíveis.
(1987, p.43)
68
Ver anexo 3.
162
4.1.9 Sandra
“O PROBLEMA DE MARI
CENA 1:
Mari entra no palco, senta-se no sofá e começa a explicar para a platéia a
situação que está querendo resolver.
Mari: Finalmente minhas férias chegaram! Quero descansar muito e também
resolver aquele velho probleminha de autoridade. Não vejo a hora que comecem
as aulas do Curso de Liderança. Dizem que esse curso ensina técnicas
milagrosas que ajudam a gente a se relacionar melhor e ser um chefe mais
legalzinho...
Eu trabalho como gerente numa empresa e já passei por situações terríveis com
alguns funcionários. Imaginem que o Fernando, o estagiário magrelo, nem tomou
conhecimento da nova organização que implantei e ficou com cara de bobo
quando chamei-o para conversar.....
A Belinha, minha secretária, essa eu não agüento mais. É muito boa pessoa mas
eu peço uma coisa e ela faz outra, é sempre assim, nunca faz exatamente o que
peço! Eu preciso aprender a lidar com essas pessoas senão vou ficar maluquinha
logo, logo!!!
Cena 2:
Cenário do curso. Cinco pessoas sentadas em volta de uma mesa e um
coordenador dando informações sobre o curso.
Coordenador: Meu nome é Sérgio. Sejam bem-vindos e estejam a vontade para
perguntarem o que quiserem. Em primeiro lugar, gostaria que cada um de vocês
163
Sandra apresenta uma peça onde cada cena já está proposta para uma
encenação. É o único texto que define cenários e não apenas locais da cena. As
rubricas definem a movimentação dos atores e, dentre as personagens, é incluído
um personagem-narrador que explicita parte da cena para a platéia.
________________________________________________
o desespero das professora pela indisciplina dos alunos e pela falta de apoio da
coordenação e direção. Duas apresentaram alunos com condutas inadequadas,
mas as professoras tinham o apoio da direção e/ou dos pais. Uma apresentou um
aluno com problemas que é ajudado pela equipe da escola. Duas peças retratam
situações externas à escola, sendo uma referente a esta pesquisa e outra a um
curso no qual a personagem não é de uma professora. Somente uma peça
apresentou uma situação de ensino positiva.
Entendo que nos muitos diálogos que estabelecemos entre o grupo, seja
por intermédio dos jogos, das conversas ou da construção de textos escritos que,
também, foram lidos e, novamente, foram fonte de jogos e de outras reflexões,
pudemos compreender melhor os conflitos vividos dentro da escola, diferentes
facetas do papel do educador.
maior parte dos textos, o descolar-se que permitiu ao grupo ir além do que foi
visto, ouvido e falado. As criações feitas por intermédio desta escrita criativa nos
indicam as relações estabelecidas entre o que vivenciamos no curso e as
experiências individuais como docentes.
Iniciei este capítulo com uma cena que apresenta uma criança aprendendo
a escrever o próprio nome e considero que a escrita dramatúrgica, nesta
167
CENA 5: ESCOLA
CENA 1
A peça começa com as cortinas fechadas, metade da platéia está vazia, os
espectadores só podem se sentar da metade para cima do teatro. Em meio às
cadeiras vazias, somente uma pessoa, a personagem platéia, quieta, olhando.
Não é possível definir a idade desta pessoa, porém observa-se a expectativa
sobre o que virá. Nas paredes laterais do teatro estão colocados pequenos
camarins, penteadeiras com espelhos, semelhante a um camarim. Notam-se
diversos objetos de cena, de figurino, maquiagens, adereços para personagens
dos mais diversos tipos.
PERSONAGEM 1: Este grupo que vocês irão assistir é uma surpresa e, é uma
surpresa por ser surpreendente. Falam com vontade, todas falam com muitos
atropelos, mas não é por não saberem ouvir, é pela necessidade de falar, de
explicar o que foi pensado, como aquilo foi vivido, o que se passou no corpo, nos
olhos, nas “minhocas” que levam dentro da cabeça e que, em dias como esses,
se movimentam com mais rapidez, com mais vontade. Para mim, foi uma grata
surpresa, não precisei descobrir em nenhum momento maneiras de mantê-las
interessadas. Já é tão difícil provocar os movimentos das minhocas, foi uma
grande sorte não precisar, também, encontrar maneiras de acender as pequenas
fogueiras das articulações.
172
CENA 2
As personagens são:
Pai preocupado
Aluno rebelde
Professor preocupado
Professor participativo
Aluno descontraído
Cidadão preocupado
Criança alegre.
Todos caminham entre as caixas, cada qual falando e se movendo conforme suas
características. Nenhum deles parece se ver, todos falam ao mesmo tempo e não
se tocam, independentemente da proximidade em que estejam. A
PERSONAGEM-PLATÉIA perde o interesse, se ajeita na cadeira e dá sinais de
que dorme.
CENA 3
Um barulho de bomba e um vento, um furacão que vai derrubando todas as
caixas, as personagens se movimentam cada vez com maior rapidez, mantendo
173
A PERSONAGEM 1 corre em volta do palco e joga para fora dele todas as caixas
que encontra pelo caminho. Aos poucos, o palco vai se esvaziando até ficar
totalmente vazio, permanecendo os personagens que ainda se movimentam e
falam com muita rapidez.
Quase no mesmo momento, entra, do outro lado do palco, um Dom Quixote, que
fala para um alpinista que vem logo atrás.
DOM QUIXOTE: Eu concordo com você que precisamos sempre continuar a
escalar, a subir, o caminho é longo.
O alpinista olha e suando, com movimentos de quem está em meio a uma
montanha, carregando um livro, além dos equipamentos, faz movimentos de
concordância.
DOM QUIXOTE: Mas, além do sonho, além da necessidade de acreditarmos, eu
gostaria muito que pudéssemos esclarecer: Afinal, quem é responsável pelas
coisas? Sem esta definição não há montanha que chegue ao fim.
O foco da cena passa para uma fada, com asas e uma varinha de condão, mas
com chapéu de bruxa e uma verruga no nariz, jogando água em toda a cena com
um bebedouro portátil. A fada faz mágicas em pessoas invisíveis com sua varinha
de condão, enquanto fala:
FADA: Ora, mas o que você quer, não é o suficiente ter te transformado em
alguém interessado. (Vira para outra pessoa invisível) Qual o problema da minha
verruga? (Vira novamente) Bruxa, bruxa. Sou fada e bruxa, não apenas uma.
CENA 4
Ouve-se o som muito alto de um relógio e entra um mágico que tira da cartola
diários de classe, giz, apagador, livros, réguas, esquadros, microscópios, mapas,
globos e vai distribuindo para todas as personagens que estão congeladas. No
momento em que as personagens pegam os objetos, tiram os figurinos de suas
personagens e vão se tornando professoras típicas, algumas de óculos, gordas
ou magras, com roupas de vários tipos, mas com cara de professores. Todas,
inclusive o mágico, estão dando aula, algumas falam de forma tranqüila, outras
enérgicos, propõem atividades, consolam alunos, discutem com outros, dão
explicações, corrigem provas, preparam aulas, escrevem na lousa, apitam um
jogo, ensaiam uma dança, contam uma história, pegam uma criança que se
machucou no parque...
PERSONAGEM 1: Ei, você! Ainda aí? Sobe aqui, pode trazer a tua cadeira se
precisar. (A PERSONAGEM-PLATÉIA sai de sua cadeira e vai com ela em
direção ao palco, enquanto a personagem 1 continua a falar) Agora seria a hora
de fechar a cortina, mas embora seja a nossa última cena, a cortina terá que
continuar aberta. É que estas professoras aqui continuam com vontade de
conversar. Eu, como uma delas, também continuo e, embora esta seja nossa
última cena, preciso dizer que agradeço a cada uma que chegou até aqui e
também às que saíram em cenas anteriores, antes de a peça acabar. Agradeço a
disponibilidade de participar do sonho que começou nas minhas minhocas e de
possibilitarem não apenas que ele acontecesse, como também que se
transformasse, que ganhasse caras e caretas, além de corpos e de formas, que
eu jamais poderia imaginar sozinha. Termino esta peça com vontade de criar
outras mais. Oxalá me depare com outras personagens/professoras como vocês.
A PERSONAGEM 1 sai da frente do palco e se junta às demais personagens em
movimentos e canto.
176
A peça que abre este capítulo foi escrita assim que terminei de realizar a
pesquisa de campo. Escrevi, tendo como base as diversas reflexões feitas pelas
professoras no decorrer da pesquisa, parti das sínteses apresentadas pelo grupo
para criar uma peça que sintetizasse para mim aspectos significativos do trabalho.
69
O que existe de melhor e de pior em ser professor?
177
70
Participar deste curso provocou alguma mudança na imagem que você tem das escolas? Por
que?
178
71
Quais os aprendizados que este curso possibilitou? Individualmente e coletivamente.
180
72
O que você aprendeu sobre trabalho coletivo?
181
É importante quando você sabe que pode contar com o outro, que
não está sozinho e pode trocar experiências. Na verdade não
aprendi, e sim comprovei no que sempre acreditei que a união faz
a força. (QF Jô)
73
Como foi escrever cenas teatrais? Qual a importância desta escrita neste trabalho?
182
preocupadas, são pessoas que não se veem, não se comunicam, falam, mas não
escutam.
74
Como os jogos teatrais interferiram na compreensão dos temas escolhidos? Qual foi a
importância dos jogos teatrais para este trabalho?
183
75
Qual a importância da criação no trabalho docente? Comente aspectos deste projeto que
permitiram a você compreender a importância da criação no trabalho docente.
185
integralmente no seu trabalho, não será possível que ele seja criativo. As
soluções diferenciadas para os conflitos que se apresentam só ocorrem quando o
professor se envolve no trabalho, estando presente de forma integral na situação
vivida. O domínio dos conceitos a serem explorados e a preparação da forma
como eles serão apresentados é fundamental para garantir qualidade ao trabalho
docente, porém não é suficiente para uma atuação criativa, que identifique
conflitos e interaja com as pessoas presentes.
envolvimento de todo o grupo, permitindo que esta tese ganhasse a forma que
ganhou, que não poderia ser criada sozinha.
77
2 - Qual a sua avaliação sobre este curso? Quais os aspectos positivos e negativos?
4 – Qual a sua avaliação sobre este curso como instrumento de capacitação, considerando a
dinâmica dos encontros e a orientação da coordenadora.
78
Quais as suas sugestões para melhorar um curso de capacitação?
187
79
Participar deste curso provocou alguma mudança na sua imagem como professor? (Pense em
você como professor e explique)
80
Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até hoje?
188
CAPÍTULO 6: Bibliografia
ALVES, R. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1993.
DEWEY, J. A arte como experiência. Col. Os Pensadores, Vol. XL, São Paulo: Abril
Cultural. 1974.
DUARTE JR., J.-F. Por que arte educação?. São Paulo: Papirus, 1985.
SPOLIN, V. Jogos teatrais para a sala de aula: um manual para o professor. São
Paulo: Perspectiva, 2008.
UNESCO. O perfil dos professores brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que
almejam – Pesquisa Nacional Unesco. São Paulo: Moderna, 2004.
1. Nome:
2. Formação:
Magistério: ---
Graduação:
Especialização: ---
Mestrado: ---
Doutorado: ---
3. Tempo que leciona:
4. Onde leciona:
5. Para quais séries já lecionou:
6. O que leciona:
7. Como você avalia sua formação inicial (magistério / graduação)?
8. Freqüenta cursos de formação continuada?
9. O que leva você a fazer/ou não fazer um curso de formação continuada?
10. Qual a sua avaliação dos cursos de formação continuada?
11. Quais as suas sugestões para melhorar um curso de formação continuada?
12. Qual a importância da criação no trabalho docente?
13. Você tem alguma formação em arte? Se sim, em que área?
14. Já fez ou faz teatro?
15. Já fez algum curso de formação continuada que trabalhava com teatro?
16. Qual a sua imagem sobre você como professor?
17. Qual a sua imagem sobre as escolas?
18. Quais os principais problemas enfrentados pelos professores?
19. Quais os principais problemas enfrentados pelas escolas?
20. O que existe de melhor e de pior em ser professor?
21. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até hoje?
22. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional à partir de hoje?
204
1. Identificação:
Ana, Cris, Jô, Julia, Lilá, Memê, Néia, Rocha, Sandra.
2. Formação:
Ana: Magistério, 6º semestre de Pedagogia;
Cris:
Jô: 6º semestre de Pedagogia;
Julia:
Lilá: Professora;
Memê:
Néia: Magistério cursando nível superior – Pedagogia;
Rocha: Artes Plásticas;
Sandra: Comunicação Social e História;
Magistério:
Ana, Cris, Lilá, Néia: sim
Jô, Julia, Memê, Rocha, Sandra: não
Graduação:
Ana:
Cris: Em conclusão (Pedagogia)
Jô: não
Julia: em geografia (Bacharelado e licenciatura) na USP
Lilá: Pedagogia
Memê: Letras e Psicologia
Néia: Cursando 6º semestre de Pedagogia – UNIP
Rocha: Licenciatura(Artes Plásticas) e Pedagogia
Sandra: Os dois cursos são de Graduação
Especialização: todas responderam não ou deixaram em branco.
Mestrado: todas responderam não ou deixaram em branco.
Doutorado: todas responderam não ou deixaram em branco.
206
4. Onde leciona:
Ana: EE Vila São Luis II
Cris: CEI “Pequeno Ceareiro” – Prefeitura
Jô:
Julia: E. Alberto Levy
Lilá: Cei Luz e lápis (Eletropaulo)
Memê: EE Alberto Levy
Néia: Colégio “Marquês de Monte Alegre”
Rocha: Alberto Levy
Sandra: EE Prof Alberto Levy
6. O que leciona:
Ana: Educação Infantil
Cris: Atividades relacionadas as áreas de conhecimentos (Artes, Música e
Movimento, Linguagem Oral e escrita, Natureza e sociedade e conhecimento
lógico matemático) e projetos
Jô:
Julia: geografia
Lilá: eixos do RCN
Memê: Português
Néia: Educação Infantil
Rocha: Artes Plásticas
Sandra: Atualmente, trabalho na coordenação pedagógica
21. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até hoje?
Ana: Imagem de (persistência)
Cris: Estrada
Jô: Uma pessoa que sempre esteve aberta para novos aprendizados.
Julia: Uma escada
Lilá: Um rio em seu percurso longínquo.
Memê: Esforço, inquietação e busca de melhoria.
Néia: Uma imagem de batalhadora, em busca de uma vida melhor.
Rocha: Romper barreiras em prol de objetivos.
Sandra: Aprendizado (semear)
214
22. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional a partir de
hoje?
Ana: Imagem de (mudanças)
Cris: Continuo com a imagem de uma estrada, afinal, a educação sempre terá um
longo caminho à percorrer. Que bom, pois, isto nos mostra as evoluções.
Jô: Uma pessoa que estará sempre apta para pesquisar, buscar meios para fazer
o melhor.
Julia: Um ponto de interrogação
Lilá: O reflexo do sol ou da lua sobre as águas deste rio.
Memê: Melhoria ao passar os conteúdos. Maior interesse por parte dos alunos
em assimiliar os conteúdos. Disposição e facilidade no relacionamento com o
aluno.
Néia: Uma imagem de uma flor desabrochando para a vida.
Rocha: Sucesso em expor as idéias e executa-las.
Sandra: Colheita dos frutos.
ANEXO 2
Relatos
217
ANEXO 2: RELATOS
2º encontro – Escrito por Sandra
“O grupo estava formado por nove participantes (Rocha, Memê, Júlia, Sandra,
Lilá, Néia, Cris, Jô, Maria e Déia).
As atividades começaram com um aquecimento em que os participantes
andavam pela sala sem um roteiro definido. Depois, a cada comando da
Alessandra, mudava-se de direção e observava-se os outros que passavam ao
lado. Em seguida, ainda em movimento, cada uma falava o seu nome com um
som diferente (alto, baixo, distorcido, devagar, soletrando...). Depois do
aquecimento, todos ficaram parados e cada um falava o nome de um componente
do grupo. A cada nome dito, o grupo movimentava-se.
O grupo foi dividido em três grupos menores e cada um criou uma
representação de um objeto em movimento; uma bicicleta, um trem e um barco
foram representados. Todos ficaram motivados com essa atividade. Durante a
conversa sobre o que havia sido observado nas apresentações, era notória a
empolgação de todos.
O tema gestão começou a ser discutido e cada um falou dos problemas
relacionados ao tema mais comuns dentro da sua vida profissional.
A partir desta conversa, o grupo foi dividido em duplas, onde teve início um
exercício de espelhamento; enquanto um componente falava o outro repetia sua,
simultaneamente.
Seguiu-se um novo exercício em que dois grupos representavam uma
situação sobre gestão sem o uso da fala.
A última atividade foi a de criação individual e leitura de um pequeno texto
teatral sobre o tema gestão.”
interpretado como sendo; “faço para vocês o que é melhor para mim”.
Ballone GJ, Ortolani IV – A Família faz mal à Saúde?2002
O papel da família
A crise de valores.
Rocha e Sandra falaram sobre: estabelecer limites, resgate das atitudes, criar
critérios com os alunos, credibilidade construída ao longo do tempo e
determinação.
Júlia e Jô: desafios e dificuldades dos professores, colocação de limite, onde as
regras são estabelecidas com os alunos, construção de relacionamento leva
tempo, busca de apoio do coordenador e direção e deixar claro para si mesmo o
objetivo de trabalho a fim de agir com determinação.
Ana e Lilá: professor tem que buscar, desempenhar o seu papel com confiança,
colocar limite, transmitir afeto, amar o que faz, analisando os lados positivos e
negativos da profissão.
Néia e Memê: alunos necessitam de afeto, atenção, porém testam os limites,
Professor deve mostrar que é ele que domina a sala, colocando a sua autoridade,
se for preciso, ficando bravo. Propondo atividades envolventes em duplas ou
grupos.
Cris e Lilá: os desafios da profissão, persistência, e coragem para enfrentar as
dificuldades. Proposta de assembléias com os alunos, sabendo a importância de
seu papel em sala de aula, buscando o vínculo afetivo a fim de ser um bom
relacionamento.
Formamos a roda para o debate, e como sempre, com este grupo falante e
polemico, muitos assuntos referentes ao tema “Relacionamento professor/aluno”,
surgiram:
- Objetivos do professor e aluno são os mesmos;
- Confiança;
- Limites;
- Professor mediador;
- Conquista da credibilidade;
- Papel da escola;
- Papel da família;
- Divisão de responsabilidades;
- Parceria;
- Ética.
O tempo passou depressa, e não tivemos tempo para a escrita da cena. Portanto,
Lelê, pediu para que, se possível, escrevêssemos em casa uma das cenas
dramatizadas no encontro e lhe enviássemos por e-mail.
Rapidamente, folheamos os livros de peças teatrais que a Lelê levou, para
entendermos como se escreve uma cena. Foi ótimo, pois muitas de nós, tínhamos
dúvidas de como escrever uma.
Este encontro foi produtivo, em relação ao tema escolhido, mas, o grupo sentiu a
necessidade de abordar um pouco mais. Portanto, no próximo encontro, faremos
outras atividades com o mesmo tema.
pedra do teu anel brilha mais do que o sol", ao passo que aos poucos também
nos dispusemos a cantar. Ao término da massagem, fizemos uma bela ciranda.
Posteriormente Lelê recortou pedaços de papel e cada integrante do grupo
escreveu duas palavras relacionadas ao tema escolhido no encontro –
responsabilidade compartilhada. Então uma integrante do grupo escolheu um
papel aleatoriamente e iniciou uma estória, em forma de narrativa, englobando a
palavra escolhida na sorte. E assim prosseguimos respectivamente: cada uma
retirando uma nova palavra e continuando a estória. Criamos uma estória
conjuntamente, referente à questão da responsabilidade compartilhada,
totalmente no improviso. Apareceram palavras como: cumplicidade, solidariedade,
conjunto, grupo, assumir, educar, ações, dividir, entre outras. A estória destacou a
importância da participação de toda a comunidade escolar (pais, alunos,
professores, funcionários, diretores) no processo da educação; a atribuição de
responsabilidades ao aluno, e o desafio da divisão de funções no ambiente
escolar.
Em seguida nos dividimos em dois grupos, cada um com 4 integrantes.
Cada grupo ficou responsável por decidir um local ou uma situação em que os
personagens deveriam se encontrar “presos”. Somente o local deveria ser
definido previamente. O Grupo 1 criou uma cena no elevador que, ao parar,
deixou as personagens “presas”. O Grupo 2 encenou uma escalada na montanha
mal sucedida, em que as personagens caíram no abismo. Tanto um quanto outro
mostrou que as pessoas reagem de formas diferentes frente a situações
inesperadas, que o diálogo torna-se difícil em momentos de crise, e que a
cumplicidade, a solidariedade e a união entre o grupo são elementos essenciais
para solucionar situações de tensão.
Depois o grupo fez uma pausa para comer o rocambole que gentilmente a
Lilá trouxe para comemorar o dia dos professores, presenteando a todas nós. A
sobremesa estava deliciosa. Para finalizar cada uma escreveu uma cena com
base no tema “responsabilidade compartilhada” e em tudo que foi debatido
durante o 9º encontro.
Primeira situação: Aluno que trabalha o dia todo e dorme na sala de aula,
ao ser acordado fica nervoso.
Segunda situação: Criança maltratada psicologicamente e verbalmente,
pelo professor de educação infantil.
Terceira situação: Conflito entre professor e coordenador porque o
professor só “enche” a lousa e mais nada.
Após, Lelê pediu três professores em cena. Cada grupo escolheu uma
situação problema. O jogo é estar numa reunião de professores
formal e encontrar soluções para este conflito. Apontar a situação, mantendo as
características e argumentos.
O grupo 1: Lilá, Néia e Júlia ficaram com a situação três.
O grupo 2: Cris, Rocha e Memê ficaram com a situação um.
O grupo 3: Ana, Sandra e Jô ficaram com a situação dois.
As cenas foram apresentadas na ordem acima. Após foram feitos os
comentários.
Júlia falou sobre a união do grupo e o entrosamento. Fundamental para a
responsabilidade compartilhada.
Rocha e Memê comentaram sobre o isolamento do professor na sala de
aula.
Várias questões foram levantadas, como: Atitudes inadequadas e
responsabilidades dos professores e coordenadores enquanto grupo.
Questão do trabalho coletivo ou de convivência?
Problemas na sala de aula, “não quero ninguém se metendo, acabo ficando
sozinha”.
Situações do dia-a-dia. Posicionamento de professores. Respeito para com
o outro.
As questões complexas entre aluno-professor, professor-aluno.
Para finalizar, Lelê pediu que escrevêssemos uma cena, na qual um
professor maltrata e o outro resolve o conflito. Foi feito uma síntese de
como serão os dois últimos encontros e a necessidade da participação de todos.
O encontro foi muito bom e proveitoso.
ANEXO 3
Cenas Organizadas por
Encontros
229
2º ENCONTRO
“Uma professora, muito experiente, assumiu uma sala de crianças de 3 anos. Como
estava acostumada a lecionar para crianças maiores, deparou-se com situações
rotineiras inesperadas. Uma delas era o momento do sono. Dizia não ser capaz de
colocar as crianças para dormirem, pois, nunca havia feito isso. A coordenadora
pedagógica propôs leituras sobre o assunto, e mais uma vez, a professora recusou-
se à colocar em prática. A diretora apresentou os regulamentos da instituição e as
funções do professor de desenvolvimento infantil, e a professora, sem dar
importância ao fato comentou: “É colocarei as crianças para deitarem no colchão.”
Estava preocupada com a punição e não com o bem estar de seus alunos.” Cris
“Em uma escola havia uma criança DC (Deficiente Cerebral), todos os dias a menina
chegava machucada. A professora não escrevia no livro de ocorrência o acontecido.
Um certo dia a servente viu a professora fazendo cócegas na menina (pois gostava
de brincar com a mesma) e interpretou da sua maneira. Um determinado dia, a mãe
conversando com a servente disse que sua filha estava machucada. A servente logo
disse que era a professora, pois a viu beliscando a menina. A mãe foi até a direção e
quando a diretora foi olhar no livro de ocorrência não havia nada registrado, com isso
não teve como defender a professora. A mãe foi até a coordenadoria de ensino
registrar queixa da professora, na qual a diretora responde pela escola. Isto é, uma
falta de comunicação entre a direção e o professor trouxe grandes problemas.” Jô
mesmo projeto havia sido barrado por 3 vezes em gestões passadas. Um simples
sim, foi suficiente para um professor criativo mostrar que vale a pena acreditar em
uma educação hoje dita como falida.” Lilá
“Para que a direção possa andar em uma mesma direção em que os professores
deverá haver interação entre eles. Por que não fazer esse aquecimento entre todos
que trabalham na escola.” Maria
“Durante o intervalo dos alunos, o diretor da escola foi compartilhar este momento
com os inspetores. O diretor observou o intervalo e não questionou nenhuma vez a
atitude dos inspetores em relação aos alunos. Quando chegou ao final do dia, ele
agendou uma reunião com todos os inspetores da escola na sexta-feira. No início da
reunião ele apresentou um relatório sobre os assuntos que seriam discutidos com os
inspetores. Não foi necessário o diretor questionar os funcionários individualmente,
intimidando-os. E para o espanto dos inspetores o diretor abriu espaço para que eles
resolvessem como o horário do intervalo poderia ser melhor. Este processo resultou
no bom andamento e bem estar dos alunos e funcionários da escola.” Néia
“Na Escola, a diretora circula pelo corredor das salas de aula e depara-se com um
grupo de alunos que a aborda e pergunta:
Aluno: Senhora, por favor, por que os professores estão faltando tanto?
Diretora: Alguns estão em licença mas quanto aos demais, não sei responder o
porquê não vieram hoje.
Aluno: Nós estamos desanimados com essa situação; todos os dias, temos aulas
vagas e alguns professores nem deixam atividades para nós fazermos.
Diretora: infelizmente, existem muitas questões dentro de uma escola que nós não
temos controle. A questão da falta de professores é uma delas; não podemos fazer
nada a respeito, só conversar. Por que vocês não tentam conversar com os
professores que têm o hábito de faltar e descobrirem os seus motivos?
231
Aluno: Essa é uma boa idéia! Quem sabe esses professores descobrem que nós
precisamos deles e revejam essa situação.” Sandra
3º ENCONTRO
“Personagem da cena 2. Sr Antônio, porteiro da escola, mais ou menos 52 anos,
trabalha há muitos anos na mesma escola. Conhece praticamente todas as crianças,
jovens e pais. Toma calmante para dormir, usa óculos e é muito solícito com a
comunidade escolar.” Ana
“Maria tem 13 anos e está no ensino fundamental, tem muita preocupação com sua
aparência. Vai para a escola como se fosse para um desfile de modas; maquiagem,
brincos enormes, blusas super decotadas e roupas marcantes. Não usa uniforme,
pois acha que fica muito masculinizada com camiseta e calça larga. Quando foi
questionada pela professora, quanto ao uso do uniforme, ela comprou uma camiseta,
porém personalizou conforme seu estilo de roupa, assim estaria cumprindo as regras
e sem acabar com seu estilo. Estaria ela errada?” Déia
“Caracterização de uma cena – 10. Pai destrata professora em meio a uma reunião
de pais.
Na reunião a professora fala para o pai o comportamento do seu filho, que ele era
muito desatento às atividades e a desrespeitava. O pai nervoso, fala para a
professora que é impossível, pois seu filho se bobear é o melhor da sala, pois só tira
notas boas. A professora tenta explicar seus atos na sala, mas o pai não quer
conversa destrata a professora sem dó nem piedade.” Jô
“Aluno debate com professora seu direito de permanecer sem uniforme na sala de
aula. Duas alunas com idade de 13 anos apresentaram-se na escola as 7h para
assistir aula, porém, seus trajes eram ultrajante. Vestiam mini blusas, bem decotadas
tanto na frente como atrás com intensão de mostrar o ‘piercing’ e a tatuagem. A
sensualidade estava a todo vapor. Achando-se cheias de razão, pois estavam na
232
moda e a roupa era nova queriam mostrar para as amigas. Com postura irredutível e
arrogância não aceitaram a imposição da professora. Uma estava com a blusa
amarrada na cintura para disfarçar sua mini sais, sentindo-se protegida pelo seu
direito demonstrava muita petulância.” Lilá
“Cena: Portão não foi aberto – perdeu a chave. Personagem: Senhor Antônio.
Baixinho, barrigudo, cabelos bem cortados, moreno com aproximadamente 45 anos.
Vestido com uma calça azul e uma camisa branca, sapatos pretos e surrados. Ele
usa óculos, porém ele sempre esquece onde guardou.” Néia
4º ENCONTRO
“Era o dia da Festa Junina da Escola, o espaço enorme, todo enfeitado a caráter,
bastante barracas de comes e bebes e brincadeiras... Corria tudo tranqüilo, pais e
alunos participando felizes. Até que... de repente escutei um tiro, sai correndo
apavorado, pois era eu quem cuidava do portão. Foi aí que encontrei uma mocinha,
que, segundo ela, estava apenas se escondendo, atrás da barraca de tiro ao alvo.
Fiquei desconfiado e chamei a inspetora. Fomos interroga-la, mas nada ficou claro
em relação ao tiro. Procuramos por toda a escola e não encontramos nenhum
suspeito.” Ana
233
“A festa junina desse ano deu o que falar. Eu já passei de tudo nesta escola, mas
nunca tinha presenciado uma situação como essa. Tiro? Em plena festa escolar?
Esse mundo ta perdido! Quando escutei o tiro, fiquei 5 segundos parado sem saber
como agir. Vi crianças correndo, pais gritando... o espanto era quase geral. Digo
“quase geral” porque um grupo de alunos ficou rindo do episódio... como podem
achar essa situação engraçada? Corri para chamar um reforço policial e tentei
acalmar os alunos espantados. Depois chamei a diretora e contei dos “tais alunos”
(aqueles que se divertiram com o ocorrido)” Julia
“Em um sábado do mês de junho aconteceu a nossa festa junina, como toda escola
a preparação decorreu-se por um mês anterior. Tudo estava bem naquela tarde
houve a presença de muitos alunos, coisa que me preocupava, pois como inspetora
e com contato maior com os alunos muitos haviam dito que não viriam, pois, já são
bem grandinhos para dançar quadrilha. Minha preocupação era grande, pois, os pais
já estavam ausentes destes momentos há um tempo. Bom no decorrer da festa
acompanhei o comportamento de uma aluna em especial, a mesma é um tanto
rebelde e não se mistura com ninguém da escola, isola-se e procura chamar a
atenção no seu modo de ser, mas naquele dia ela estava inquieta; tentei me
aproximar e conversar, porém, era repulsiva. Observei que olhava muito para um
homem que estava na barraca de bebidas, já bêbado. Então perguntei se ela o
conhecia. Muito alterada me respondeu que antes não tivesse conhecido, pois,
aquele era seu pai, ao qual, sentia muita vergonha. Terminou sua fala dizendo que
desde quando nasceu não sabe como seu pai é sem estar bêbado. Sua fala calou a
minha, e um sentimento de impotência tomou conta de mim. Então decidi que, se
não podia fazer algo por seu pai tentaria fazer por ela.” Lilá
“Eu fui na festa junina da escola, onde meus filhos estudam e só fui porque eu fiquei
sabendo que lá ia ter umas biritas, isso é, quentão, vinho quente e umas batidas
também. Há! Se não eu nem iria lá, não quero nem saber de ir em escola
preocupando com os filhos. Se não fosse pela minha mulher, eles nem estaria
estudando. Até hoje com a idade que estou, quase 40 anos e não sei nem escrever o
meu nome. E tem mais, se estão na escola, a obrigação é da escola e não minha. Já
que a mãe deles achou melhor que eles estudassem, então ela tem obrigação de dar
educação pra eles. Mas a festa junina foi muito boa, pois eu tomei todas e nem vi as
crianças, quando lembrei delas eu já estava em casa. A mulher é que deu por falta
dos meninos.” Maria
234
“No sábado passado, teve uma festa junina lá na escola, e eu como inspetora de
escola estava lá, assim como os alunos, professores, pais e alguns da diretoria. A
festa estava bem movimentada, com música sertaneja, que eu gosto e teve até
quadrilha. Tinha barracas com comidas, doces e quentão. Estava tudo indo muito
bem quando em uma certa hora, já no final da festa, ouviu-se um tiro, que ninguém
sabia de onde vinha. Foi uma gritaria e uma correria grande. Todo mundo ficou
querendo se esconder, com medo de levar um tiro. As professoras ficaram
preocupadas com suas barracas e alguns alunos se esconderam com medo de
serem acusados. Gente, como é que pode, no meio de uma festa tão animada,
alguém vir dar um tiro para acabar com ela! Eu tomei providências, eu sai à procura
de quem fez esta barbaridade, mas eu não podia acusar ninguém, porque eu não vi.
É, depois disso a festa acabou mesmo, e ao invés de irmos para casa alegres, pela
festa, fomos assustados e com medo.” Memê
“A professora chegou na festa com a cara fechada e desanimada, pois iria trabalhar
na barraca de tiro ao alvo. Comentou com algumas pessoas que não gostava de
trabalhar no domingo, porém era necessário que participasse da festa. Durante a
festa aconteceu um fato inesperado, uma pessoa não identificada deu um tiro (de
arma) no pátio tumultuando e assustando a todos. A professora abaixou-se no chão,
ação imediata para proteger-se. Em seguida ficou preocupada em guardar e proteger
as prendas e as fichas que haviam na barraca, pois ela era responsável pelos
objetos de valores mantidos nela. Após o susto ela percebeu que não era um ladrão
e que sua barraca estava segura, então lembrou-se de seus alunos e ofereceu ajuda
para uma aluna que estava sozinha sem seus pais. Porém ela já estava protegida e
acompanhada pelo inspetor de alunos.” Néia
“Sábado depois da reposição de aulas, que todos tem que participar (“um saco”) teve
uma festa. Nossa! Tava todo mundo lá! Foi uma festa junina, nem curto muito estas
coisas, mas todo ano tem né! Sabe que eu não entendo muito bem porque os
professores reclamam tanto. Bem, a escola estava animada, tinha comida, bebida
barraquinhas. De repente aconteceu um barulho que fez todos correrem foi uma
confusão louca. As inspetoras tentaram nos proteger, a direção acionou a Polícia.
Depois de alguns minutos de pânico e de correria, tudo ficou em silêncio e a galera
se reuniu para dar muita risada e ir ao shopping que é mais divertido.” Rocha
5º ENCONTRO
“Sou professora há seis anos, e sempre me deparo com estas questões de
preconceito entre os alunos. São vários tipos, porém em relação à cabelos, nunca
havia acontecido. Percebi que a mãe é bem tranqüila em relação a questão racial,
talvez a preocupação maior, era mesmo, em relação aos cabelos. Após uma
conversa esclarecedora com as crianças e pais envolvidos, procuro sempre deixar
um espaço na aula, para as crianças exporem seus medos e reclamações. Sinto que
o respeito e a aceitação às diversidades e ao outro melhorou. Procuro cada vez mais
integrá-los (as crianças) ao espaço escolar. Nestes casos, é sempre bom um diálogo
aberto com as crianças em relação à todos os tipos de preconceitos.” Ana
“Hoje conversei com um pai que realmente me aborreceu. O encontrei por acaso em
um bar no bairro da escola onde fui comer um lanche. Depois de tantas convocações
que fiz para o comparecimento dele ou da esposa dele na escola... Há!! Não me
contive, puxei logo o assunto da filha... Que pai mais irresponsável, ele teve a
audácia de dizer que “eu” tenho toda a responsabilidade referente a educação de
sua filha, e que sua obrigação era somente dar o que comer... Meu Deus!! Onde
estão os valores da família? Onde eles foram parar? Um pai em plena luz do dia
tomando pinga! Sem se preocupar com o futuro dos filhos e do seu próprio... para ele
o pouco que tem, é suficiente... Que perspectiva de vida ele poderá passar aos
filhos? Ainda bem que sou professora! Não consertarei o mundo, mas ajudarei a
mudar o futuro de alguém. Esta causa é minha.” Déia
“Ao me deparar com aquela menina, senti a necessidade de falar com ela. Estava
sentada em um canto, toda suja e mal arrumada me aproximei, almocei com ela para
tentar um contato. Falei das necessidades da higiene, mas a menina recebia tudo
com uma grande negatividade, para tudo havia uma resposta negativa. Perguntei
pelos seus pais, a resposta mais uma vez foi negativa. Tentei falar da sua
inteligência, do seu caderno, mais não adiantou. Me senti impotente confesso que
até triste, mas sei que não devo desistir e preciso arrumar uma outra forma para
tentar mostrar o valor que ela tem.” Jô
“Ontem fui tomar um lanche com uma aluna da escola. Ana me procurou porque
precisava desabafar. Ela só pensa em fazer sexo com o namorado. O problema é
que Ana tem apenas 12 anos. Tentei aconselhá-la a se concentrar mais nos estudos.
Enfoquei a importância de uma carreira promissora. Ela quer ser advogada e,
portanto, deve estudar para isso. Ressaltei também que ela é muito nova e deve
aproveitar cada fase, sem pular etapas. Fiquei contente que ela me procurou, já que
236
não tem muito diálogo com os pais e quer uma orientação. Espero manter sempre
este contato com ela.” Julia
“Caramba! Acho que nunca vou estar preparada para falar deste assunto com um
aluno, pois, a moral e a ética são muito fortes neste caso. Outro dia uma aluna me
procurou dizendo que precisava de ajuda, pois, estava com muita vontade de se
entregar (sexualmente) para um rapaz. O problema é que ela só tem 13 anos e não
tem orientação de seus pais. Fiquei preocupada, com um sentimento de impotência,
relutando com minhas palavras, pois não poderia ressaltar meus conceitos e sim
transmitir valores. Achei que realmente o despreparo para lidar com a sexualidade
na minha profissão, poderia ser um passo para o distanciamento afetivo dos meus
alunos. Também acho complicado adentrar na particularidade de cada um, uma vez
que, uma palavra pode salvar como também afundar. Como meio de me aprofundar
procurei um curso de capacitação em relação a orientação sexual, e espero assim
melhorar a minha desenvoltura quando perceber este comportamento nos meus
alunos.” Lilá
“Eu como professora de uma aluna que sofre com o preconceito na sala de aula por
ser negra. Sei que é muito difícil de trabalhar com isso, pois vivemos num pais, onde
falam não haver discriminação racial, mas não é verdade. Claro que na escola fica
mais difícil de trabalhar com este problema. Pois são crianças ou adolescentes em
formação. Estou muito preocupada, pois eu já conversei com os alunos sobre o
assunto, fiz alguns trabalhos com eles, mas o problema continua.” Maria
“Hoje conversei com uma mãe que estava muito aflita e não sabia o que fazer. A sua
filha é a “Aninha”, aquela do jardim II lembra... Então ela reclamou que seus amigos
estavam chamando ela de “neguinha de cabelo duro”. A mãe me contou que quando
ela chegou em casa queria tomar banho com sabão em pó e cândida para ficar
branquinha e queria também que seu cabelo ficasse liso e bonito. Você acredita que
a mãe não sabia o que fazer, pois a “Aninha” não queria mais vir para a escola. Eu
fiquei triste e chocada pela atitude de meus alunos, pois estou trabalhando a questão
da diversidade com eles. A única coisa que podia fazer para acalmar a mãe dela, foi
prometendo que iria conversar com a turma sobre essa questão. Pois ninguém é
igual a ninguém e todos merecem respeito e admiração como são.” Néia
mãe do menino é que têm que resolver estas questões. Ele chegou a ser grosseiro
comigo e para não me aborrecer, acabei desistindo.” Sandra
“Ser professora nos dias atuais é superar as adversidades que a sociedade enfrenta.
Na escola onde trabalho, a cada dia que passa os professores estão desmotivados e
reflete na quantidade de licenças médicas e faltas as aulas dos profissionais. A
desvalorização do professor é um fenômeno que passamos e dentro da sala de aula
ela é mais contundente. Não basta ser competente, tem que ser mágico para
reverter este quadro. Por mais difícil que esta profissão seja, ela é uma referência na
vida escolar e de todos que passam pela instituição escola. A Política Pública
vigente, a prática docente com problemas de formação, a massa de profissionais
com poucos recursos de transformação pessoal precisa buscar no trabalho em
equipe a solução, para transformar a escola. Fazer parte dessa luta diária é uma
missão e muitos ainda não desistiram como e quanto tempo não sabemos.” Rocha
7º ENCONTRO
7º ENCONTRO - 30 DE SETEMBRO TEMA: Relacionamento professor/aluno
CENA: Excursão ao Playcenter
Local: Playcenter
Personagens: dois alunos e uma professora
CENA 1:
Enfim chegou o dia tão esperado da excursão ao Playcenter. Todos os alunos
agitados, só esperando a hora de chegar e estravasar nos brinquedos...
Logo na entrada, Luana combina com a colega Janaina, para juntas,
brincarem na montanha russa.
Luana (toda feliz) diz a Janaina:
- Jana, vamos na montanha russa?
Janaina, entusiasmada, nem responde, já corre em direção ao brinquedo
predileto...
- Espere! Grita Luana. Vamos convidar a professora Néia... Afinal ela também
não é nossa professora predileta?
- É mesmo. Responde Janaina. Eu acho que ela vai adorar se divertir
conosco...
- Ei professora, vamos na montanha russa!
Néia, preocupada, diz:
- Ah, meninas, estou com medo!
As duas (Janaina e Luana) respondem em coro...
- Professora, não se preocupe, nós cuidaremos de você! Não tenha medo...
... Depois de alguns minutos...
- E aí professora? Gostou?
- Muito bom, mas... Agora deixe eu me recuperar...
As duas colegas, seguiram pelo parque e... Janaina diz:
- Ainda bem, que foi a Néia que nos acompanhou, imagina se fosse aquela
chata da Eugênia...
- Com certeza, não poderíamos nem correr, imagina brincar. Afinal ela é uma
neurótica... Ana
238
CENA 2:
Em sua casa, deitada em sua cama, Nina lembra da atenção que tivera
hoje da professora, e resolve pegar os livros para estudar e tentar mostrar a
professora que não foi tempo perdido tudo que ela teve que voltar de matéria por
causa dela.
CENA 3:
No outro dia na sala de aula, Nina é a primeira a entrar na sala após o
“sinal”...- “Bom Dia Professora!!” A professora surpresa por Nina já ter entrado em
sala, mas não questionou nada com a menina... – “Bom dia, minha linda! Você
não quer se sentar aqui perto de mim? Assim posso te acompanhar melhor!”
Nina ficou por alguns instantes muda, observando o olhar carinhoso que a
professora tinha com ela e com todos os outros alunos. – Sim professora... e ela
foi logo se sentando, abrindo o caderno e atenta na aula.
A professora então lembrou de tudo que já havia dito e feito com Nina, a
tirando de sala, dando várias advertências. Tudo isso e nada. Nina só precisava
de um pouco de atenção e de certeza que ela também é capaz. Déia
José – aluno que senta na última carteira, não gosta de estudar, não
presta atenção na aula.
CENA 1:
A professora Ana estava apagando a lousa, quando recebeu uma bolinha de papel
nas suas costas.
ANA: Quem jogou esta bolinha de papel?
Silêncio na sala.
ANA: Se o responsável não se manifestar, vou suspender a sala inteira.
JOSÉ: Fui eu professora.
A professora abriu a porta da sala e chamou o inspetor.
ANA: José por favor, acompanhe o inspetor até a sala da direção.
José atendeu o pedido da professora.
No dia seguinte, durante o intervalo das aulas...
ANA: José, você pode vir aqui um minuto, que eu gostaria de conversar com você?
José se aproximou
ANA: Você jogou a bolinha ontem sem querer, não foi?
JOSÉ: Foi sem querer sim, me desculpa.
ANA: Estou preocupada com você. Não te vejo fazendo exercícios, prestando
atenção na aula. Você não gosta da minha aula?
JOSÉ: Não professora, sua aula é boa. Eu é que não gosto mesmo de estudar. Não
participo de nenhuma aula.
ANA: José! Isso tem que mudar! Você tem que pensar no seu futuro! Você é um
menino tão inteligente. Quero ver você fazendo as atividades na próxima aula. Você
vai fazer?
JOSÉ: Vou sim!
ANA: Ótimo! Eu vou verificar até a próxima aula.
JOSÉ: Até.
Na aula seguinte, Ana foi até a carteira de José e ele realmente estava fazendo os
exercícios. Julia
Profa.: - Mas por que você resolveu procurar por mim e não a Janaina que é a
professora de Língua Portuguesa?
Augusto abaixa a cabeça, emudece e depois responde:
Augusto: - Professora ela é minha irmã e sabe do meu problema, disse que não vai
me ajudar porque outros alunos podem desconfiar disso e ela não quer que ninguém
saiba da sua vida particular
A professora Silvia fica abismada, leva a mão na boca e emudece. Passados alguns
minutos ela pergunta.
Profa.: - Ta certo, então porque ela não te ajuda em casa mesmo?
Augusto: - Porque ela disse que em casa não é professora, e que lugar de aprender
é na escola, e não quer misturar as situações.
Com isso a professora Silvia, angustiada, pensa em como pode ajudá-lo. E
questiona.
Profa.: - Bom, se você veio até aqui escondido é porque precisa de ajuda e quer
aprender mesmo. Porém precisamos do consentimento de seus pais. Tudo bem?
Neste momento Augusto se desesperou, com medo dos seus pais não apoiarem sua
idéia, mas acaba concordando.
Para encerrar aquele assunto a professora ainda intrigada, faz uma última pergunta.
Profa.: - Augusto, mas porque eu?
Augusto: - Professora, mesmo dando-nos aulas de Ciências, percebi que acreditava
em mim, quando em uma de suas aulas perguntou se eu havia entendido o assunto
ou se precisava de ajuda. E a partir daí passei a confiar em você.
A professora com os olhos cheios de lágrimas ficou sem fala. Lilá
• Aluna Ana
- Ta bom!!!
• Profa. Isabel:
- Pronto, deixa eu ver sua perna. Está doendo muito?
• Aluna Ana (chorosa):
- Sim... snif, snif
• Profa. Isabel:
- Vamos limpar seu machucado e fazer um curativo. Não vai doer nada.
• Aluna Ana
- Então vou parar de chorar.
• Profa. Isabel (sorrindo):
- Prontinho sua perna está novinha em folha.
- Sacode a poeira e vai brincar.
Ana deu um beijo na professora e voltou a brincar. Néia
- Você vai precisar de ajuda, porém quem tem que ser forte e profissional é você.
(Julia) amiga
- Você acha que consegue? Então qual o problema?
(Lilá) para de chorar e ouve a amiga, que continua a falar sobre sua prática e
reflexões.
(Lilá) mais tranqüila
- Bem, este é meu desafio, vou rever meu trabalho e mudar algumas coisas! Vai dar
certo! Rocha
8º ENCONTRO
Outra professora resmungou: agora deu, vou ter que utilizar o meu horário vago para
uma reunião.
Aproximou-se o horário e todos estavam lá, 14h.
A diretora: Olá meu nome é Cleuza, percebi algumas coisas na escola que gostaria
primeiro em ouvir vocês para em seguida encontrar soluções.
A professora que reclamou no início resmungou: tomara que essa ladainha seja
breve.
A outra professora feliz com a nova diretora iniciou o diálogo:
Aqui temos alunos que vem apenas uma vez por mês, que rabiscam as paredes da
escola e principalmente alguns vândalos entram nos finais de semana para quebrar
e roubar o que temos.
A diretora falou: o problema é mais grave do que pensei. O que me sugerem para
solucionar essa situação?
Um professor levantou e disse: desculpa, mas com esses alunos aqui, não há mais
nada a fazer.
A diretora perguntou o nome do professor: Desculpe-me demoro um pouco para
decorar nomes. Qual o seu nome?
O professor: Carlos.
A diretora: Então Carlos, já vivi situações piores em que alguns alunos me juraram
de morte e não foi por isso que desisti.
A professora Lucia entusiasmada: então o que fazer.
A diretora: Convocar os pais.
Carlos: duvido que venham.
A diretora: Carlos! Só vamos saber se assim o fizermos.
E assim continuaram a reunião, com várias anotações, alguns professores não
acreditavam, mais aos poucos foram opinando.
A diretora convocou os pais, como previsto apenas alguns compareceram. Passou o
problema da escola para os pais e perguntou que estaria interessado em mudanças.
Como já previsto alguns pais ficaram assustados e não deram muito crédito na
diretora.
Mesmo assim a diretora e os professores começaram a trabalhar. Havia um garoto
que se chamava Paulinho, era ele o chamado maior problema da escola, andava
com más companhias, pinchava à escola e estava começando com as drogas.
Um dia à tarde, pegaram o Paulinho pinchando o banheiro da escola, o servente o
levou até a secretaria. A diretora conversou com Paulinho e fez uma proposta:
Bom, esta não é a primeira vez que você vem até a secretaria em seguida
perguntou: Paulinho porque você vem à escola.
Paulinho abaixou a cabeça e a diretora continuou, observei você desde que cheguei
aqui e percebi a sua inteligência, gostaria de realizar algumas mudanças na escola e
pensei que poderia me ajudar.
Paulinho olha para a diretora assustado e diz: Como?
Vi que você gosta de grafite e gostaria que desenhasse o muro da escola e conforme
for seu desempenho podemos ver algo futuramente. Quero que vá e pense na
proposta que fiz.
No outro dia Paulinho chega à escola e foi direto para a secretaria. A primeira
pessoa que encontra é a diretora que o cumprimenta: Olá Paulinho tudo bem? E ai
pensou na minha proposta?
Paulinho: Tudo bem eu aceito, mas preciso de alguém para me ajudar.
A diretora: Você tem preferência?
Paulinho: Não, mas os caras tem que ser feras.
246
“Ana, uma professora muito experiente, descansa em seu lar após uma longa
semana de aula.
De repente! Alguém bate na porta.
Era Lilá, uma professora iniciante muito abatida e aflita.
Ana sem saber o que acontecera, pediu para que Lilá sentasse.
Lilá impulsivamente começa a chorar, e diz que precisa de orientações experientes
para ajudar seu aluno, que já esta com nove anos e não consegue ler.
Este desafio (relata ela) é mais difícil do que dominar uma sala com quarenta
crianças danadas.
Quando ingressou na carreira, sabia que teria problemas sérios, mas a realidade é
bem diferente do que só achar.
Não queria abandonar seu sonho de menina, por achar que não é capaz de
alfabetizar uma criança.
Ana ouve tudo em silêncio. Fica com os olhos banhados em lágrimas, e com um
abraço caloroso diz, que nunca viu um amor tão grande pelo seu próximo, como
estava presenciando naquele momento.
Seu incentivo para Lilá bastou para que ela abrisse um sorriso e acreditasse que era
possível.” Lilá
“Na 2ª série A da Escola Alberto Levy, havia uma turma de alunos que não gostava
de estudar. Esses alunos cabulavam quase todas as aulas e as poucas que
assistiam, bagunçavam e conversavam durante o tempo todo.
Marina era a mais rebelde. Ela é filha de pais separados e parece que sua
mãe adoeceu logo depois da separação. Seu pai sumiu e ela é que cuida da casa e
de sua mãe.
Certo dia, durante uma aula de Português, a professora Sibele perdeu a
paciência e levou o grupo de cinco alunos até o pátio da escola e conversou
seriamente com eles.
Sibele: - eu cansei de esperar vocês amadurecerem. Ninguém tem culpa de revolta
que vocês carregam. Quero ouvir uma solução para esta situação porque não
permitirei mais esse comportamento perturbador durante as minhas aulas.
Marina – acordou atacada hoje, heim, professora?
247
Sibele – Não Marina, não acordei atacada, simplesmente, não vou mais permitir que
vocês desrespeitem o meu trabalho. Se vocês não têm objetivos claros de vida, eu
respeito mas gostaria que vocês também respeitassem os meus que são ensinar e
também aprender com vocês.
Cauê – professora, desculpa a gente. Nós estamos brincando muito mesmo,
estamos sem vontade de estudar e preguiçosos também. Mas a senhora não tem
culpa disso.
Sibele – Tudo bem, meninos, repensem nas ações de vocês e procurem se
concentrar nos estudos, afinal, o ano está terminando e vocês precisam cuidar para
não serem reprovados.
Sibele deu um abraço em cada um dos meninos e pensou que, naquele
momento, era exatamente de carinho que eles estavam precisando.” Sandra
9º ENCONTRO
“Cena:
(Quatro amigas fazendo Rapel)
O Dia começou bonito propício para a prática do esporte e lá se forma as quatro
amigas Lilá, Jô, néia e Ana em busca de aventura.
Lilá como era a mais experiente nesse esporte, ditou as regras e organizou a
descida. Néia também experiente ficou na retaguarda. Após observar equipamentos
e amarração começou a aventura.
Logo no primeiro impacto, Ana assustada tremia e falava sem parar, que nunca
havia praticado o tal esporte. Néia muito tranqüila a acalmava.
Néia: Calma Ana! É assim mesmo, às vezes acontecem alguns solavancos durante
a descida...
Jô menos assustada, porém com medo, pedia que néia tomasse cuidado na ponta
da corda.
De repente eis que se ouve um barulho:
Néia diz: Lilá parece barulho de pedra se soltando...
Lilá (puxando a corda) Está bem amarrada... Não se preocupe.
Alguns minutos depois...
(Néia assustada): Lilá a corda está frouxa. O que foi? Se acalmem.
Lilá: Meninas, mas acho que a corda está arrebentadoooooo...
Ana: Ai meu Deus!Eu tenho medoooo...
Alguns segundos se passaram...
Lilá (Tentando acalmar a todos) Preciso achar uma maneira de conseguir escalar
esse lado, pois me parece que é menos elevado.
Ana (Chorando): A primeira vez e me acontece isso...
Jô (Não conseguindo se mexer). Acho que quebrei a perna.
Néia examina Jô e constata que foi apenas uma torção no calcanhar.
Após examinar as ferramentas e alimentos e constatar que tanto a água quanto a
comida estão no fim, Lilá começa a escalda em busca de socorro. Néia em meio à
água que sobe rápido tenta acalmar Ana e Jô.
Néia (Aflita) Lilá vá mais rápido, a água está subindo muito...
Lilá (no topo) Já estou quase lá, fiquem calmas!!!
Após minutos que se pareciam séculos... Ouve se um barulho de helicóptero...
O resgate chegou!Graças a Deus.
248
Um pai entra e pergunta para a professora: o nome do meu filho é Guilherme dos
Santos ele estuda aqui?
A professora olha na lista e diz que o não, pois seu nome não está na lista.
O pai vira as costas e sai.
A professora diz: é melhor aguardarmos mais cinco minutinhos, pois alguns pais
devem estar atrasados.
Rapidamente a professora faz a leitura da pauta e diz: vou entregar duas listas uma
é de presença e outra é o que houve no conselho de escola, por favor, observem
bem, quando houver um x embaixo do número 21, é que o aluno anda dando
problema na sala. Mas observem também o lugar que tem um x e verifique o número
abaixo para saber qual o desempenho dos filhos de vocês.
Uma mãe: Professora o que significa esse x aqui na frente do nome do meu filho.
A professora: vamos olhar em baixo: seu filho não presta atenção nas aulas,
atrapalha quem quer estudar e fica falando piadinhas.
Parece que os pais presente ter sentido um alívio, por não ser seu filho o da lista.
“Em um dia muito gostoso, com temperatura alta, ao som de um carimbó e uma
ciranda o dia de Sandra começou.
Sandra: Ah! Eu já resolvi com ele;
Rocha: Mas como foi a reação dele?
Sandra: Lógico que não gostou.
Rocha: Bom, vamos esquecer e participar;
Problemas corriqueiros de uma escola, sempre envolvem pessoas determinadas e
comprometidas com a organização funcional da mesma.
Sandra sentou-se ao meu lado.
Sandra: Tudo bem gente? Bom dia!
Ainda preocupada, respira fundo e divide o colchonete comigo.
No decorrer da aula Sandra foi se soltando e deixando sua preocupação de lado.
A professora parece que adivinhou, e nos propôs um tempo de massagem.
Eu e Sandra ficamos juntas.
Lilá: Sandra, eu vou ficar sentada mesmo.
Sandra: Tudo bem vou começar pelos ombros para relaxar;
Lilá: Cuidado que tenho cócegas.
Sandra: Sem problemas, vou devagar.
Naquele momento percebi que Sandra é muito afetiva, carinhosa e pronta para
ajudar.
Passado um tempo, trocamos de posições.
Sandra: Ah! Eu vou deitar, tô precisando!
Lilá: Ok! Só que tira o óculo;
Durante a massagem que fazia em Sandra procurei ajudá-la para relaxar suas
tensões, uma vez que percebi que sua manhã começara bem tumultuada.
Sua expressão era de satisfação. Enfim terminou o curto tempo de massagem.
Sandra: Obrigada! É profissional heim!
Lilá: Eu é que agradeço.
E assim terminou nossa aula, com um clima bem mais tranqüilo. Principalmente para
Sandra.” Lilá
Profa
• Pois bem, essa palavra não é somente para o adulto.
A responsabilidade é algo que aprendemos no dia a dia, exercendo ela de maneira
justa e compartilhada. Ajudando uns aos outros.
Será através dela que iremos ter um bom ano, cheio de atividades positivas
realizadas com responsabilidade.” Néia
10º ENCONTRO
“Memê entra nervosa.
Boa noite meninas!
Cris preocupada diz:
_O que foi Memê?Por que está com essa cara?
Memê:
252
_Ah meninas, já não agüento mais, não sei mais o que fazer. O meu aluno chega na
sala de aula e só dorme. Quando vou acordá-lo, fica nervoso.
“Cena 1 - Aluno que dorme e fica nervoso ao ser acordado em sala de aula.
Local: Sala de aula
Personagens: professora Ana, aluno Rafael.
Durante a aula de geografia, a professora Ana percebe que o aluno Rafael está mais
uma vez debruçado em cima da carteira dormindo. E resolve se aproximar do
rapaz...
ANA: Rafael...Rafael...(murmura em voz baixa)
E nada do rapaz responder...
ANA: Rafael...Rafael...acorda! (com um tom de voz mais alto)
O rapaz levanta a cabeça, com os olhos entreabertos, e responde nervoso...
RAFAEL: Que foi?
ANA: Você pode acordar, por favor?
RAFAEL: To cansado! Que saco!
ANA: Bom, isso não é postura adequada em sala de aula. Por favor, saia da sala,
lave o rosto...e tente voltar mais disposto.
RAFAEL: To atrapalhando você?
ANA: Sim.
RAFAEL: Não to fazendo nada e você vem me encher o saco!
ANA: Agora você está faltando com educação e respeito. Não vou falar mais. Acate
minhas ordens e conversaremos após a aula.
O rapaz sai da sala irritado e bate a porta. Não retorna. Ana lhe encaminha uma
advertência, faz um relatório sobre o comportamento do aluno e conversa com a
direção a respeito.” Julia
A mesma se queixa que esta sendo perseguida por ela. Sua maior reclamação
refere-se ao modo de falar diante de outras pessoas, expondo-a.
254
Porém, eu presenciei uma das reuniões pedagógicas, onde o assunto principal foi
sobre o excesso de conteúdos passados na lousa, para puramente ser copiado.
O assunto deu polêmica, e muita divergência de opiniões.
Lógico que cada um estava defendendo sua postura, mas o que realmente me
chamou a atenção foi o modo autoritário, inconveniente, anti-ético...que a
coordenadora falava com alguns professores em especifico.
Não sendo solucionada a questão, ficou aberta a discussão para novas propostas e
estudos que possam ajudar os professores a aplicarem aulas mais dinâmicas e
significativas.
Talvez você não saiba quem eu sou, pois estou relatando esta cena, mas não me
coloquei em papel de relevância. As observações que faço pode te dar uma pista...
Eu sou uma...” Lilá
1. Nome:
2. Qual a sua avaliação sobre este curso?
3. Quais os aprendizados que este curso possibilitou? Individualmente e
coletivamente.
4. Qual a sua avaliação sobre este curso como instrumento de formação
continuada?
5. O que você aprendeu sobre teatro?
6. O que você aprendeu sobre trabalho coletivo?
7. O que você aprendeu sobre os temas escolhidos pelo grupo?
8. Como os jogos teatrais interferiram na compreensão dos temas escolhidos?
9. Participar deste curso provocou alguma mudança na sua imagem de você
como professor?
10. Participar deste curso provocou alguma mudança na imagem que você tem
das escolas?
11. Participar deste curso deu a você novos instrumentos para trabalhar as
dificuldades que o trabalho lhe apresenta?
12. Qual a importância da criação no trabalho docente?
13. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até hoje?
14. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional a partir de hoje?
260
QUESTIONÁRIO FINAL
RESPONDIDO
262
1. Identificação: Ana
2. Qual a sua avaliação sobre este curso? Quais os aspectos positivos e
negativos?
Muito bom. Confesso que teve mais aspectos positivos do que negativos, por
isso vou me ater a eles. Os temas discutidos, as cenas e o relaxamento. Ótimo!
3. Quais os aprendizados que este curso possibilitou? Individualmente e
coletivamente.
Individualmente: o diálogo sempre. Coletivamente: o respeito ao outro e a
necessidade de se trabalhar em grupo, valorizando o que o outro pode oferecer.
4. Qual a sua avaliação sobre este curso como instrumento de
capacitação, considerando a dinâmica dos encontros e a orientação da
coordenadora.
Muito bom. Espero poder multiplicar esse aprendizado.
5. O que você aprendeu sobre teatro? Quais os conceitos teatrais que
você percebe como possibilidades para o seu trabalho docente?
Ainda sei pouco sobre o assunto, porém vejo muitas possibilidades para a sala
de aula, principalmente na questão de inserir os alunos no “jogo”.
6. O que você aprendeu sobre trabalho coletivo?
Muito. O trabalho coletivo é, principalmente, o dividir responsabilidades, inserir o
outro no jogo, para juntos resolverem problemas de interesses mútuos.
7. Nos encontros foram trabalhados os temas Gestão escolar, Crise de
valores sociais, Relacionamento professor/aluno (relações interpessoais) e
Responsabilidade compartilhada. O que você aprendeu sobre eles?
Aprendi que as relações são de suma importância dentro de um processo, seja
ele educacional e/ou social. E que, é preciso, compartilhar as responsabilidades
e os problemas em detrimento á crise de valores de uma sociedade.
8. Como os jogos teatrais interferiram na compreensão dos temas
escolhidos? Qual foi a importância dos jogos teatrais para este trabalho?
Através da proposta, que de certa forma, facilitou a percepção do outro no jogo,
interferindo na postura e trazendo novos elementos para a atuação (cena).
9. Como foi escrever cenas teatrais? Qual a importância desta escrita
neste trabalho?
Foi muito difícil. A meu ver, o registro se faz necessário, pois é a partir dele que
se pode criar a cena de uma maneira mais concisa (precisa).
10. Participar deste curso provocou alguma mudança na sua imagem
como professor? (Pense em você como professor e explique porque)
Sim. Sempre que participamos de um curso interessante, ficamos de uma certa
maneira renovados, com um novo interesse e sede de mudança. Mas, o que
mais me provocou, foi o desafio de trabalhar com jogos. Espero conseguir.
11. Participar deste curso provocou alguma mudança na imagem que
você tem das escolas? Por que?
Não, pois eu já trabalho na área e vivencio todos os problemas e as virtudes do
espaço escolar. Além disso, tenho um certo zelo pelo espaço e profissão que
escolhi, com isso sempre acredito em mudanças positivas.
263
12. Participar deste curso deu a você novos instrumentos para trabalhar
as dificuldades que o trabalho lhe apresenta? Quais?
Sim, dentre eles o diálogo, a criatividade e o teatro (explorar a criatividade, a
música, etc).
13. Qual a importância da criação no trabalho docente? Comente
aspectos deste projeto que permitiram a você compreender a importância
da criação no trabalho docente.
É com a inovação que transformamos nossas práticas, despertamos o interesse
de nossos alunos e até mesmo avaliamos nosso trabalho. Os aspectos positivos
ficam por conta dos jogos e, de uma certa maneira, no fato de se dar um passo
em prol de uma mudança, de novas atitudes.
14. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até
hoje? Explique.
Uma criança observando o horizonte, essa é a imagem
15. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional a partir
de hoje? Explique.
Um arco-íris, pois mudar é preciso.
16. Comente o que mais você considerou relevante neste trabalho, que
não foi perguntado neste questionário.
Acho que tudo o que foi relevante foi citado.
1. Identificação: Cris
2. Qual a sua avaliação sobre este curso? Quais os aspectos positivos e
negativos?
O curso foi ótimo. Nos aspectos Positivos: escolha dos temas dos encontros, as
dinâmicas, os jogos teatrais, discussões e encenações. Negativos: a ordem em
que realizávamos as atividades foram sempre as mesmas (dinâmica, cena,
discussão e escrita da cena) e, isto foi um pouco monótono, pois, sempre
sabíamos o que viria e, eu particularmente adoro novidades.
3. Quais os aprendizados que este curso possibilitou? Individualmente e
coletivamente.
Individualmente refleti a cada encontro sobre a minha prática pedagógica. Hoje,
compreendo um pouco mais qual é o meu papel, o da família e dos dirigentes da
instituição, sempre em beneficio do aluno. Sinto-me mais solta devido às
encenações e acredito que evolui em relação a escrita das cenas.
Coletivamente ocorreu uma grande interação e afinidade a cada encontro. O
grupo, muito falante e critico, soube respeitar as opiniões e particularidades de
cada membro, o que possibilitou discussões riquíssimas de cada tema. Ou seja,
aprendemos a nos respeitarmos e crescemos em conhecimentos.
4. Qual a sua avaliação sobre este curso como instrumento de capacitação,
considerando a dinâmica dos encontros e a orientação da coordenadora.
As dinâmicas foram muito boas e podem ser colocadas em prática em nossas
salas de aula, com alunos de diversas faixas etárias, necessitando, apenas, de
pequenas adaptações. Portanto, considero o curso um ótimo instrumento de
capacitação. Inclusive, já coloquei em prática alguns jogos, com crianças de três
anos de idade.
264
5. O que você aprendeu sobre teatro? Quais os conceitos teatrais que você
percebe como possibilidades para o seu trabalho docente?
Apredi que devemos incorporar o personagem e que não podemos perde-lo no
desenrolar das encenações. Que é um momento de concentração e sensibilidade.
No meu trabalho com crianças pequenas, trabalharia atividades relacionadas a
sensibilidade e concentração, pois, acredito serem as principais para incorporar
um personagem.
6. O que você aprendeu sobre trabalho coletivo?
Que os resultados serão positivos se houver respeito, interação e afinidade.
Nosso grupo, diversificado, conseguiu alcançar esses itens, portanto, realizamos
nossas tarefas com facilidade e cooperação.
7. Nos encontros foram trabalhados os temas Gestão escolar, Crise de
valores sociais, Relacionamento prof./aluno (relações interpessoais) e
Responsabilidade compartilhada. O que você aprendeu sobre eles?
Gestão escolar: é um tema que engloba aspectos políticos, sociais e
econômicos. Que uma gestão deve ser criativa e preocupada em beneficiar o
principal envolvido, o aluno. Devendo convidar e escutar alunos, professores,
famílias e comunidade antes de agir, assim, beneficiará a todos os envolvidos na
instituição escolar.
Crise de valores sociais: definições de papéis, qual o da escola e o da família.
Como nos últimos tempos, está ocorrendo a banalização dos valores culturais,
preconceitos, violências e conflitos familiares.
Relacionamento prof./aluno: Que acima de tudo deve haver um respeito mútuo
entre professores e alunos, um relacionamento baseado em confiança, parceria e
responsabilidade.
Responsabilidade compartilhada: Que o diálogo é fundamental para resolver
qualquer situação. A responsabilidade, cumplicidade e união fazem parte
integrante nos momentos de decisões.
8. Como os jogos teatrais interferiram na compreensão dos temas
escolhidos? Qual foi a importância dos jogos teatrais para este trabalho?
Os jogos, sempre estavam relacionados aos temas, como adoro atividades
práticas, elas facilitaram muito na compreensão dos mesmos.
Além disso, foram fundamentais na interação e afinidade do grupo.
9. Como foi escrever cenas teatrais? Qual a importância desta escrita
neste trabalho?
Escrever as cenas foi a parte mais difícil, mesmo sabendo que o registro é
fundamental em todas as situações, sempre reclamava comigo mesma quando
tinha que escrevê-las. Tive, e ainda tenho dificuldades, sei que evolui, mas sinto
que foi pouco, mesmo me esforçando.
10. Participar deste curso provocou alguma mudança na sua imagem
como professor? (Pense em você como professor e explique porque)
Sim, sinto-me mais dedicada, compromissada e reflexiva em relação às atitudes
pedagógicas. As discussões sobre os temas foram as principais medidas de
reflexão pessoal. As cenas também foram importantes, colocava-me nas
situações e tentava encontrar soluções para resolvê-las.
11. Participar deste curso provocou alguma mudança na imagem que
você tem das escolas? Por que?
Sim, porque escutando diversas situações, opiniões e realidades, pude constatar
que o sistema educacional brasileiro funciona em alguns lugares. E que podemos
265
1. Identificação: Jô
2. Qual a sua avaliação sobre este curso? Quais os aspectos positivos e
negativos?
Tive esse curso como bom, os aspectos positivos foram às cenas, a interação, o
envolvimento de todas no aspecto coletivo. Quanto aos aspectos negativos, as
conversas eram extensas e parecia muitas vezes que eram tidas para o lado
pessoal, mesmo assim quero ressaltar que para mim foi muito importante, poder
ouvir, observar e com isso mesmo ouvindo por repetidas vezes aprendi muito.
3. Quais os aprendizados que este curso possibilitou? Individualmente e
coletivamente.
Perceber o outro, observar seus aspectos positivos e respeitar os negativos, falar
pouco, pois aprendi que escutar é muito melhor e aprendemos mais. Aprendi que
não devemos viver de improvisação, mas às vezes improvisar é necessário, não a
improvisação de uma aula, mas improvisar quando você trabalha em uma
instituição precária, e a sua convicção de vida, não deixa que situações privem os
alunos de participar de uma aula de qualidade só porque falta recursos.
4. Qual a sua avaliação sobre este curso como instrumento de capacitação,
considerando a dinâmica dos encontros e a orientação da coordenadora.
Achei um bom curso, pois, a dinâmica enriqueceu o encontro saindo das
discussões e fazendo com que as improvisações fossem criativas e divertidas,
266
minha capacidade. Foi interessante, ao escrever uma cena você vive junto com o
personagem e enriquece a fala. A importância desta escrita é que você encena e
depois escreve ou a cena que você fez ou a que assistiu, e a escrita é um
processo de reflexão.
10. Participar deste curso provocou alguma mudança na sua imagem como
professor? (Pense em você como professor e explique porque)
Participar do curso me fez refletir sobre o outro, e o mundo doente em que
vivemos, pois na realidade, mesmo o professor sendo desvalorizado, percebi que
existem pessoas valentes que fazem a diferença, quando esse professor entra na
sala de aula, tenta fazer o seu melhor e mesmo não obtendo grandes resultados o
fato de refletir sobre a aula já o torna diferente. É uma concepção de professora
que quero levar comigo.
E com isso acreditar que podemos fazer algo, basta acreditar.
11. Participar deste curso provocou alguma mudança na imagem que você
tem das escolas? Por que?
Confesso que se não tivesse a concepção de vida que tenho, eu teria desistido,
pois sinto que muitas pessoas que estão na área da educação mostram o lado
ruim e para uma novata que acredita em um mundo diferente às vezes se
confronta com algumas realidades. Mesmo assim todos os dias quando acordo,
acredito que a grande doença das pessoas é a falta de amor e amor eu tenho
para dar e sei que é um bom começo.
12. Participar deste curso deu a você novos instrumentos para trabalhar as
dificuldades que o trabalho lhe apresenta? Quais?
Sim, improvisar é uma delas, percebi que podemos interagir proporcionar que o
aluno conheça o outro e respeite seus limites, perceba que viver com regras
muitas vezes é necessário e importante. E de várias formas, com qualquer idade
ajudá-lo a perceber da importância de trabalhar em grupo com isso inseri-lo
socialmente.
13. Qual a importância da criação no trabalho docente? Comente aspectos
deste projeto que permitiram a você compreender a importância da criação
no trabalho docente.
A importância é planejar e sempre focar o aluno em seu planejamento, é acreditar
na importância do outro, é você dividir seu aprendizado e não guardar apenas
para si. Não se tornar resistente as mudanças e sim acompanhá-las
constantemente.
14. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até hoje?
Explique.
Não consegui me inserir profissionalmente, hoje me vejo como tele- expectadora,
pois optei em observar, escutar para aprender mais. Sei que a prática é muito
mais importante do que a teoria, só que para fazer a diferença muitas vezes, é
melhor você ficar no seu canto, calado, pois assim aprenderá mais com isso vai
saber separar o que tem de bom e de ruim na profissão escolhida.
15. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional a partir de
hoje? Explique.
Atriz, pois sei que haverá situações que precisarão ser dribladas e para que
sejam bem sucedidas terei que improvisar, não deixando de considerar e
respeitar o outro.
268
16. Comente o que mais você considerou relevante neste trabalho, que não
foi perguntado neste questionário.
Ao decidir coletivamente os temas a serem trabalhados nos encontros, foi muito
importante.
Os jogos, as cenas, o relaxamento foram relevantes para o sucesso obtido no
curso. Todas as vezes que interagíamos percebíamos que quando o trabalho é
coletivo ele se torna melhor e de qualidade. Na verdade o curso serviu para
comprovar que as coisas fluem quando você está bem com o outro, não
competido, mais dividindo.
As discussões algumas vezes se tornaram repetitivas e resistentes sobre o que
cada uma acreditava. Mesmo assim percebi que mesmo havendo pessoas
diferentes em um mesmo local, em algumas situações todas juntas chegamos a
conclusão de que a mudança é necessária.
1. Identificação: Julia
2. Qual a sua avaliação sobre este curso? Quais os aspectos positivos e
negativos?
Aspectos positivos:
• suscitou uma ampla reflexão sobre temas importantes relativos à educação e
mesmo uma reflexão pessoal sobre minha postura em sala de aula, sobre
minhas atividades pedagógicas, etc.
• dinâmicas que trabalham com a expressão do corpo me trouxe mais
desenvoltura em sala de aula
Aspectos negativos
• Não encontrei aspectos negativos, mas senti falta de trabalharmos mais com o
teatro, de aprendermos técnicas de interpretação, por exemplo.
3. Quais os aprendizados que este curso possibilitou? Individualmente e
coletivamente.
O curso avançou no debate sobre a educação e nos fez refletir sobre nossa
postura como profissional desta área e o que podemos fazer para lidar com as
situações adversas que ocorrem diariamente. É fato que queremos uma
educação pública de qualidade, mas os desafios são muitos. Particularmente, o
curso me fez ver o quanto aprendi este ano. Apesar de ser uma novata na área,
percebi que este ano foi um ano de muito aprendizado e que a minha experiência
enquanto professora foi, sem dúvida, enriquecedora. O curso também me fez
parar para pensar em muitos aspectos que haviam passados desapercebidos,
como, por exemplo, o que fazer quando um colega de trabalho maltrata os alunos.
O curso também mostrou que o trabalho coletivo é fundamental para termos
sucesso, seja profissional ou pessoal.
4. Qual a sua avaliação sobre este curso como instrumento de capacitação,
considerando a dinâmica dos encontros e a orientação da coordenadora.
O curso apresentou-se como um interessante instrumento de capacitação.
Aprendemos sobre diversos temas relevantes a área educacional, com o auxílio
de diversas ferramentas e formas de expressão: cenas teatrais, debate e escrita
dramatúrgica. A orientação da coordenadora e seus conhecimentos foram
fundamentais para o desenrolar do curso.
269
5. O que você aprendeu sobre teatro? Quais os conceitos teatrais que você
percebe como possibilidades para o seu trabalho docente?
Aprendi o que são jogos teatrais, como escrever uma cena, como representar
personagens, etc. Não sei responder quanto aos conceitos teatrais.
6. O que você aprendeu sobre trabalho coletivo?
Aprendi que é um elemento fundamental para a educação. Sabemos que o
sistema escolar apresenta diversas falhas e dificuldades e que sem a união de
todos ficará difícil resolvê-los. Todos temos responsabilidade na educação das
nossas crianças e adolescentes e por isso um trabalho em conjunto se faz tão
necessário. Eu como professora, vejo que é fundamental receber um apoio da
direção da escola, dos funcionários, coordenadores e pais dos alunos.
7. Nos encontros foram trabalhados os temas Gestão escolar, Crise de
valores sociais, Relacionamento prof./aluno (relações interpessoais) e
Responsabilidade compartilhada. O que você aprendeu sobre eles?
Vou escrever brevemente sobre cada um, destacando alguns aspectos
relevantes, pois os temas são bastante amplos.
• Gestão Escolar – forma como é gerido o sistema escolar. Conversamos sobre
gestão compartilhada, isto é, a importância da atuação de toda a comunidade
escolar (pais, alunos, professores, funcionários e direção da escola) na gestão da
escola. Também discutimos a importância da comunicação e da organização para
uma boa gestão.
• Crise de valores sociais - destacamos a banalização da violência; preconceito
com aparência e pobreza; desvalorização do professor; desvalorização da cultura;
valorização somente do que é novo, em detrimento do que é velho (perda da
tradição); valorização do consumo e do ter, não do “ser”; invasão da vida pública
sobre a vida privada, entre outros.
• Relacionamento professor/aluno – debatemos sobre o papel do professor em
sala de aula, da importância de saber o nome dos alunos, de lhes dar atenção,
acompanhar seu desempenho ao longo do ano, e motivá-los com elogios. A
aproximação é muito importante e não precisa necessariamente ser uma
aproximação física. A autoridade e o respeito é algo a ser conquistado com o
tempo. E devemos evitar comparações entre os alunos.
• Responsabilidade compartilhada – a responsabilidade pelo aprendizado do
aluno, não é somente do professor, nem do aluno, mas também dos pais, da
direção (enfim, de toda a comunidade escolar). A este respeito, constatamos que
o simples fato dos pais acompanharem o desempenho dos filhos na escola,
vendo as lições, os trabalhos realizados e as notas, incentiva-os a continuar
aprendendo. O incentivo aos estudos deve vir de todas as partes. Ninguém deve
levar o barco sozinho, mas também não deve jogar a responsabilidade ao outro,
tentando se livrar da situação – fato corriqueiro no cotidiano escolar, em que
ninguém quer assumir sua responsabilidade.
8. Como os jogos teatrais interferiram na compreensão dos temas
escolhidos? Qual foi a importância dos jogos teatrais para este trabalho?
Eu acredito que os jogos teatrais foram um instrumento de aprendizado, uma vez
que representamos papéis e situações, inseridos nos temas escolhidos. Como os
jogos são baseados no “improviso”, a vivência pessoal foi a base da
interpretação, pelo menos pra mim. A importância que vejo nos jogos teatrais é o
fato de termos que nos expressar não somente através da fala, mas sim com o
corpo, interagindo diretamente com outras pessoas, no desenrolar de uma
situação. Se fôssemos apenas conversar ou debater sobre o assunto, não
270
1. Identificação: Lilá
2. Qual a sua avaliação sobre este curso? Quais os aspectos positivos
e negativos?
O curso foi muito bom, com uma proposta interessante e diferente do que eu já
participei nestes 15 anos de magistério. Tudo que contribuir para mais
conhecimento e correlaciona-se com a prática com certeza tem aspectos muito
positivos, principalmente nos dias de hoje onde a educação tem uma “fama”
degradante. Parece que tudo esta perdido e que não vale mais a pena, porém,
quando me defronto com situações como estas onde existe uma defesa por um
ensino diferenciado e de maneira significativa, fico mais confortada, imaginando
que é possível sim. O que achei de negativo foi o fato de ser o tempo muito
restrito e de ter poucas pessoas participando, além de ter pessoas que
trabalham no mesmo local e levaram assuntos de ordem especificas da sua
instituição.
3. Quais os aprendizados que este curso possibilitou? Individualmente
e coletivamente.
Para mim possibilitou muita reflexão, dinâmica, observação, imaginação, criação,
desejo, incentivo, coragem, respeito mútuo, capacitação e principalmente
trabalho em equipe.
4. Qual a sua avaliação sobre este curso como instrumento de
capacitação, considerando a dinâmica dos encontros e a orientação da
coordenadora.
Se bem aplicado o conteúdo aprendido no curso pode ser um rico instrumento de
capacitação. Auxiliando todos os profissionais a dinamizar suas aulas com intuito
de melhorar o desempenho do grupo, conquistando resultados positivos
individual ou coletivamente. Uma orientação clara, se faz necessária para esta
inovação, pois corre-se o risco de banalização do currículo a ser aplicado, em
outras palavras virar um “oba, oba”.
272
12. Participar deste curso deu a você novos instrumentos para trabalhar
as dificuldades que o trabalho lhe apresenta? Quais?
Sim, principalmente a de relacionamentos em grupo, trabalho em equipe e saber
como se integrar com a comunidade local. Dentro da sala de aula encontrei
estímulos, que já apliquei e tive resultados muito bons.
13. Qual a importância da criação no trabalho docente? Comente
aspectos deste projeto que permitiram a você compreender a importância
da criação no trabalho docente.
Diversificar a prática docente, estimular os alunos, proporcionar conhecimento
estabelecido por um relacionamento de confiança agradável, romper barreiras do
ensino fragmentado e linear, cultivar e valorizar a cultura artística, proporcionar
trocar de conhecimentos e favorecimento das habilidades, respeitar a criação do
outro e a sua própria...
14. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até
hoje? Explique.
Um broto e uma árvore, que necessitou de muito sustento, água, póda, que em
algumas vezes arrancaram folhas, galhos, muitos cachorros pararam para fazer
xixi, muitos reclamaram da sujeira que as folhas fazem ao caírem no chão
quando muda de estação, que ao crescer estourou a calçada do vizinho, mas...
15. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional a partir
de hoje? Explique.
...que insistia em crescer, brotar, florir e multiplicar. Esta árvore se tornou adulta
dentro de mim sua raízes agora são profundas, seus galhos extensos e com
muitos novos brotos, já floriu em várias estações, e ainda encanta quando
mesmo muito cansada flori. Essa árvore persiste dentro de mim, e posso dizer
que se de nada valer a raiz, aproveite o tronco, se de nada valer o tronco,
aproveite as folhas, se de nada valer as folhas, aproveite as flores e quem sabe
os frutos, porém se nada disso valer, pelo menos deite debaixo da sombra e
desfrute da suave brisa.
16. Comente o que mais você considerou relevante neste trabalho, que
não foi perguntado neste questionário.
As oportunidades sempre são únicas, por isso tudo foi relevante, e com certeza
pode ser multiplicado.
“ O conhecimento, quando adquirido e multiplicado, é conhecimento, mas se
guardado é óbito”
1. Identificação: Memê
2. Qual a sua avaliação sobre este curso? Quais os aspectos positivos e
negativos?
O curso teve como aspectos positivos o de ser bem conduzido e direcionado com
técnicas teatrais, que facilitaram as discussões sobre os temas ligados à escola e
à educação. Proporcionou-nos também descontração e liberdade para nos
posicionar e expor nossas opiniões frente às questões escolares.
274
10. Participar deste curso provocou alguma mudança na sua imagem como
professor? (Pense em você como professor e explique porque)
Participar deste curso provocou uma melhor percepção da minha imagem como
professora. Pude observar que posso melhorar minha maneira de me relacionar
com os alunos sendo mais paciente e compreensiva, mas também colocar os
limites devidamente, pois que ter autoridade é diferente de ser autoritária.
11. Participar deste curso provocou alguma mudança na imagem que você
tem das escolas? Por que?
De alguma forma, ocorreu uma certa mudança na imagem que eu tenho da
escola, pois todas as situações vivenciadas através das cenas teatrais,
envolvendo todos os que trabalham na escola, ampliaram os meus conceitos em
uma visão mais ampla e mais completa do funcionamento da escola, como um
todo.
12. Participar deste curso deu a você novos instrumentos para trabalhar as
dificuldades que o trabalho lhe apresenta? Quais?
Participar deste curso deu-me um novo instrumento de trabalho, o de incluir maior
quantidade de textos teatrais, como material didático e de ressaltar a importância
do teatro em nossa Literatura, uma vez que a linguagem teatral retrata a
linguagem real de personagens fictícios, tal como em “Vidas Secas”, por exemplo.
13. Qual a importância da criação no trabalho docente? Comente aspectos
deste projeto que permitiram a você compreender a importância da criação
no trabalho docente.
No trabalho docente a criação é muito importante, para dinamizar as aulas e para
resolver situações imprevistas, como no caso do professor perceber que os
alunos estão com dificuldades de compreender bem o que está ensinando, o
professor poderá lançar mão de outros recursos, através da criatividade.
14. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até hoje?
Explique.
A imagem de alguém que sofreu e aprendeu. Sofreu para aprender sem apoio e
estímulos positivos, sem reconhecimentos e adequada remuneração financeira.
15. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional a partir de
hoje? Explique.
A partir de hoje a imagem que se forma é a de que o trabalho docente é uma
parte de um todo. Está ligado a um processo didático que inclui a participação de
todos que trabalham na escola, desde os inspetores até a coordenação e direção.
16. Comente o que mais você considerou relevante neste trabalho, que
não foi perguntado neste questionário.
O que foi mais relevante neste trabalho foi a integração e amizade que se formou
em nosso grupo, com a abertura de podermos expor nossas necessidades e
queixas enquanto profissionais da educação. O resultado foi benéfico
proporcionando-nos uma conscientização mais ampla e profunda do nosso papel
enquanto educadores e da responsabilidade advinda deste papel.
276
1. Identificação:Néia
2. Qual a sua avaliação sobre este curso? Quais os aspectos positivos e
negativos?
O curso foi bem elaborado e administrado, sendo prazeroso e significativo. Tendo
como aspectos positivos: a integração do grupo, a espontaneidade, a interação, a
dinâmica utilizada, a liberdade de expressão e principalmente o uso da reflexão.
Quanto aos aspectos negativos tenho somente duas observações: as
interrupções durante os encontros (batidas freqüentes na porta) e a duração de
cada encontro (tempo curto).
3. Quais os aprendizados que este curso possibilitou? Individualmente e
coletivamente.
O curso proporcionou uma reflexão sobre minha prática docente, através dele
analisei as atitudes, as relações e o meu procedimento diante aos meus alunos.
Coletivamente, acrescentou muitas trocas de idéias e informações sobre a
educação e nossa profissão.
4. Qual a sua avaliação sobre este curso como instrumento de capacitação,
considerando a dinâmica dos encontros e a orientação da coordenadora.
A dinâmica que a coordenadora apresentou durante o curso possibilitou uma
excelente interação entre os participantes, fluindo com bastante clareza, reflexão
e trocas sobre os temas abordados. As atividades realizadas serão utilizadas
como instrumentos no processo educacional.
5. O que você aprendeu sobre teatro? Quais os conceitos teatrais que você
percebe como possibilidades para o seu trabalho docente?
O teatro não é estático, ele é dinâmico, espontâneo e muitas vezes retratam a
realidade em que vivemos, porém, de maneira alegre e criativa. Ele possibilita um
trabalho coletivo, onde as pessoas interagem unidas e realizam a atividade com
prazer. O teatro acrescentará alegria, cultura, união e reflexão no meu trabalho
docente.
6. O que você aprendeu sobre trabalho coletivo?
O trabalho coletivo não é uma tarefa fácil, ele deve ser realizado por todo o grupo,
para ser bem sucedido. A união e um bom relacionamento acrescentarão
positivamente na atividade realizada. Cada componente deve doar o melhor de si,
dando força ao grupo que pertence.
participantes. O uso dos jogos teatrais foi fundamental para a interpretação dos
temas abordados, sendo de suma importância no curso. Ele foi o grande
diferencial em um curso de capacitação. Contendo aulas dinâmicas e reflexivas.
9. Como foi escrever cenas teatrais? Qual a importância desta escrita neste
trabalho?
Escrever as cenas foi difícil, senti muita insegurança no inicio, pois, passar para o
papel o que criamos e imaginamos é extremamente diferente de interpretar a
cena. Escrevê-las foi muito importante, aprendi a concentrar-me e arrumar uma
maneira de transferir minhas idéias para o papel.
10. Participar deste curso provocou alguma mudança na sua imagem como
professor? (Pense em você como professor e explique porque)
Sim, mostrou que posso ser mais dinâmica, tolerante e reflexiva durante minhas
aulas. Posso ter um jogo de cintura diferente para cada situação que irei
encontrara daqui para frente.
11. Participar deste curso provocou alguma mudança na imagem que você
tem das escolas? Por que?
Sim, um bom andamento da escola depende de quem administra e comanda todo
o grupo que pertence a ela.
12. Participar deste curso deu a você novos instrumentos para trabalhar as
dificuldades que o trabalho lhe apresenta? Quais?
Sim, aprendi que devo trabalhar em equipe, devo ser dinâmica, devo refletir sobre
minhas ações, devo planejar ser flexível no processo de relacionamento professor
/ aluno.
13. Qual a importância da criação no trabalho docente? Comente aspectos
deste projeto que permitiram a você compreender a importância da
criação no trabalho docente.
O professor deve ser criativo, tornando suas aulas interessantes e dinâmicas para
os alunos. A criação possibilita novas técnicas e idéias, nova maneiras de
elaborar uma boa aula. Este curso acrescentou que devo trabalhar coletivamente
estimulando a imaginação e a criatividade de meus alunos, tendo uma rotina
prazerosa.
14. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até hoje?
Explique.
Seria uma flor desabrochando para a vida. Uma professora descobrindo o
caminho certo a seguir.
15. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional a partir de
hoje? Explique.
Um coração pulsando, batendo sem parar, com muita energia, mantendo-se
sempre vivo. Uma professora que já descobriu o caminho a seguir, sendo
dinâmica com bastante espontaneidade e energia. Usando sempre da reflexão
para manter-se na área da educação.
16. Comente o que mais você considerou relevante neste trabalho, que não
foi perguntado neste questionário.
O questionário abordou todos os assuntos relevantes durante o curso.
1. Identificação: ROCHA
2. Qual a sua avaliação sobre este curso? Quais os aspectos positivos e
negativos?
O curso foi importante principalmente na fase em que se encontra o profissional
da educação, e para a função que exerço de coordenação trouxe reflexões e
informações relevantes.
Pontos positivos – Usar uma linguagem diferenciada, escolha dos temas pelo
grupo, reflexões sobre a prática diária, prática do debate aberto e troca de
experiências.
Pontos negativos – O tempo para a produção escrita foi curto.
3. Quais os aprendizados que este curso possibilitou? Individualmente e
coletivamente.
Despertou o desejo pela pesquisa, sobre ao temas abordados, propôs reflexões
importantes sobre a prática pedagógica principalmente na escola Pública, onde a
maioria do grupo está inserida.
Individualmente trouxe reflexões e mudança na forma de pensar o trabalho
pedagógico da escola.
Coletivamente proporcionou a troca de experiências e a perspectiva de
multiplicação do que foi absorvido pelo grupo.
4. Qual a sua avaliação sobre este curso como instrumento de
capacitação, considerando a dinâmica dos encontros e a orientação da
coordenadora.
A organização do material produzido, a condução das discussões, a pontualidade
da Coordenadora, mostra o quanto seu empenho e dedicação possibilitam o
resultado em pouco tempo. Sua prática foi de extrema importância para todos do
grupo. Considero estes encontros como uma ferramenta que usarei ao longo da
minha formação como profissional da educação.
5. O que você aprendeu sobre teatro? Quais os conceitos teatrais que
você percebe como possibilidades para o seu trabalho docente?
Quanto ao teatro o que o curso propôs trazer para a prática do professor uma
linguagem diferente, que é a escrita teatral. A criação de personagens, a
idealização de cenas, a improvisação, os jogos, o uso do corpo como expressão,
a música enfim todos os elementos já conhecidos na teoria, aplicados de forma
simples, porém significativa, para o grupo. Ao transportarmos para a prática
docente, percebemos que a escrita teatral abre um leque de possibilidades
infinitas para a mudança das práticas do dia a dia em sala de aula.
6. O que você aprendeu sobre trabalho coletivo?
O trabalho coletivo, numa Escola é a parte fundamental para se atingir os
objetivos propostos, porém alcançar um equilíbrio entre responsabilidade,
definição de papéis e resultados, requer um elemento muito importante que é a
liderança, exercida de forma democrática.
279
14. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até hoje?
Explique.
Uma árvore, com muitos frutos. Nasceu de um desejo, criou raízes, criou forma e
dá frutos a cada ciclo e a cada estação.
15. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional a partir de
hoje? Explique.
Uma cidade, com todos os elementos da sociedade. Possui diversidade, está
sempre em crescimento.
16. Comente o que mais você considerou relevante neste trabalho, que
não foi perguntado neste questionário.
O mais relevante, foi encontrar respostas as reflexões que tenho sobre o trabalho
docente. Conheço muito bem a estrutura da Educação Pública, sei todos os
acertos e erros dos profissionais que encaram esta profissão com vontade, ou
sem vontade, porém entendo que a diversidade de idéias e de ideais é que fazem
todo este contexto acontecer. Fico a cada dia mais presa a necessidade de
buscar soluções ou melhor aprendizado que torne o meu trabalho eficiente e sei
que parte dele não depende só de mim, depende do outro é isso o que importa.
1. Identificação: Sandra
2. Qual a sua avaliação sobre este curso? Quais os aspectos positivos e
negativos?
O curso ofereceu subsídios para desenvolvermos novas estratégias de trabalho.
O tempo foi curto mas o aprendizado foi grande.
3. Quais os aprendizados que este curso possibilitou? Individualmente e
coletivamente.
Os aquecimentos, os jogos e as discussões sobre os temas propostos mostraram
o quanto é possível estudar e aprender sobre temas diversos de uma maneira
agradável, interativa e prazerosa.
4. Qual a sua avaliação sobre este curso como instrumento de capacitação,
considerando a dinâmica dos encontros e a orientação da coordenadora.
Minha avaliação é extremamente positiva. Além do conteúdo, as dinâmicas, os
materiais utilizados e o empenho da coordenadora e observadora foram
impecáveis. Eu já utilizei atividades artísticas como instrumento de trabalho
pedagógico (poesia, escultura, pintura, teatro, cinema, música...) e percebi o
quanto foi interessante essa prática. Este curso trouxe novas informações e
técnicas para aprimorar o meu trabalho. Acredito que as dinâmicas utilizadas
durante os encontros despertaram em todas nós uma reflexão sobre nossa vida
profissional.
5. O que você aprendeu sobre teatro? Quais os conceitos teatrais que você
percebe como possibilidades para o seu trabalho docente?
Aprendi principalmente a trabalhar com a improvisação. Sempre achei que tudo
tinha que ser minuciosamente ensaiado e programado e percebi que não é bem
assim. O que mais chamou minha atenção foi o trabalho corporal. Notei que
quando trabalhamos com o corpo, a integração entre os membros do grupo
aumenta e nos sentimos mais leves e livres.
281
que conhecemos e usamos. Acho que a maior motivação das participantes foi
justamente essa: o que faremos hoje? O tema era previsto mas as atividades não.
14. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional até hoje?
Explique.
A imagem do Centauro que tem a parte animal, a humana e uma flecha apontada
para o alto. Ele simboliza o sentir (animal) o pensar (humano) e o buscar (a
flecha).
15. Que imagem você escolhe para retratar sua vida profissional a partir de
hoje? Explique.
Acho que a flecha do Centauro foi lançada mais longe porque os horizontes foram
ampliados.
16. Comente o que mais você considerou relevante neste trabalho, que
não foi perguntado neste questionário.
Achei muito interessante trabalhar com símbolos de representação de situações.
Justamente o tema das questões 14 e 15 deste questionário. Outra questão que
foi muito relevante foi o envolvimento e carinho dedicados pela coordenadora e
observadora. Vocês são ótimas, meninas!
ANEXO 5
Jogos por Encontro
285
ambiente prazeroso e criativo. A Néia falou sobre seu choque em não poder
assumir a imagem de uma professora boazinha.
Cris e Lilá apresentaram a possibilidade de formar assembléias nas quais os
alunos participam das definições, jogar as responsabilidades aos alunos, expor os
trabalhos dos alunos, valorizando-os, ter um envelope de sugestões para os
alunos mais tímidos. Nesta cena a Lilá começou declarando estar preparada para
um salário baixo, mas não para estas condições de trabalho.