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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
SELEÇÃO AO CONCURSO DE MESTRADO EM HISTÓRIA

Inscrição Número – 14790. CPF: 022.051.582-44

A “Coney Island” do Pará: Política e Sociabilidade nos balneários do entorno de Belém na Primeira
República (1889-1914)

Linha de Pesquisa: Cidade, Floresta e Sertão: Cultura, Trabalho e Poder

BELÉM
Outubro/2018
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A “Coney Island” do Pará: Política e Sociabilidade nos balneários do entorno de


Belém na Primeira República (1889-1914).
RESUMO: É objetivo deste artigo, analisar o processo de construção da república no
estado do Pará por meio das formas de sociabilidade e política que foram criadas nos balneários
nos entornos da capital, principalmente Mosqueiro e Pinheiro, tentando compreender como estes
espaços de convivência, lazer e bucolismo poderiam ser manejados para o fortalecimento de
laços de um determinado grupo de elite. Para tanto, procura se entender como se formam estes
círculos políticos e sociais, com destaque para a figura do cônsul norte-americano, Joseph Orton
Kerbey (1841-1913), que se destacou como um dos principais sujeitos políticos na ordem política
da sociedade da borracha, e como se promovia uma simbologia e um discurso sobre estas formas
de interação, como retratadas na imprensa da época.

PALAVRAS-CHAVE: Relações EUA-Pará;Primeira República no Pará; História


Política.

1 – INTRODUÇÃO
Este projeto de pesquisa tem como objeto de análise o processo de advento da república
no final do século XIX e seus desdobramentos na região balneária do Mosqueiro e do Pinheiro,
de acordo com as formas em que o novo projeto político do estado do Pará se deram,
considerando que estes espaços de lazer e convivência eram, provavelmente, lugares de
constituição e fortalecimento das relações políticas. Neste contexto, pretende-se entender como
se formaram os círculos políticos e sociais, encabeçados por vários sujeitos da vida pública da
região, dentro destes espaços, e como se tornaram importantes para o estabelecimento da
ordem institucional na primeira república.
A partir do entendimento da pesquisa que empreendi sobre as construções de
infraestruturas faroleiras na Amazônia1, pude compreender a formação de rotas de navegação

1 NETO, Gabriel Napoleão Velloso. A política faroleira no alvorecer da República no Pará: o Farol de Macapá
(1889-1907). Revista Navigator (V. 14 / N°28), Rio de Janeiro, 2018.
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que levavam grupos específicos para o Pinheiro e para Mosqueiro, que me levaram a pensar na
formação de grupos que ocupassem esses territórios. Atráves de pesquisa no exterior, em que
encontrei o livro do cônsul americano J. Orton Kerbey2, que discute, conquanto seu papel como
representante do estado americano na Amazônia durante o período republicano, um papel
político e a formação de um grupo de elite política que exercia sua sociabilidade e seus círculos
de influência na formação de um espaço político.
O Mosqueiro e o Pinheiro surgem nesse contexto, então, segundo minha hipótese, como
uma das formas de consolidação destes grupos, culminando com a elaboração de uma lógica
política que não fugia às necessidades das relações que se demonstraram necessárias para a
forma de sociabilidade que ocorreu na primeira república.
De forma ampla, este projeto se insere na historiografia moderna de História Política,
que considera a construção de espaços simbólicos para o exercício do pensamento repúblicano,
que pretendia se construir sobre os antigos alicerces das elites monárquicas. Portanto, a ideia
principal é compreender os espaços de socialização dentro do jogo político, e assim, poder
entender a participação das figuras políticas na relação com os espaços balneários.
É imperativo, afinal, refletir sobre o papel da Amazônia no cenário político- econômico
neste contexto, o que ajuda a entender meu recorte, que se extende a partir do início do período
repúblicano, com a declaração da república, até os princípios da Primeira Guerra Mundial, com
uma mudança na relação econômica da região com o mercado mundial e das próprias relações
com o restante do país, assim como do falecimento do cônsul, em 1913.

2 – PROBLEMÁTICA

Este projeto tem por objetivo analisar a construção do espaço dos balneários no entorno
de Belém, principalmente Mosqueiro e Pinheiro, como espaços de confluência e fortalecimento
de laços político-sociais de grupos de elite, tendo como principal referência a figura do cônsul
americano, J. Orton Kerbey, no período de 1889- 1914. No entanto, por território do Pinheiro e
Mosqueiro, não desvinculo o segundo do primeiro, mas os destaco para analisar a
2 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911.
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transformação destes espaços em perspectiva comparativa. Por zona balneária, me refiro ao


espaço geográfico que compõe a Baía do Sol e de Santo Antônio, que cobrem a maior parte do
balneário de Mosqueiro, e as vias do Furo Maguari, que cruzam o território do balneário de
Pinheiro.3
Refletir sobre a área espacial é essencial para investigar as formas de como esta foi
utilizada e incorporada nos jogos políticos de determinados sujeitos, uma vez que o espaço
geográfico é subdividido em recortes político-administrativos que interferem na ocupação e
paisagem de um determinado território4, considerando que para o período em questão é de
grande importância as formas como isto se desdobra. Por exemplo, no Mosqueiro, a reforma da
ponte, que se encontrava em “lastimavel estado”5, e a prolongação da rua quinze de novembro
a leste da Ilha6, alcançando o Chapeo-Virado e a praia do Murubira, foram apenas alguns dos
primeiros sinais de urbanização crescente da vila. O processo de urbanização e de organização
do balneários ajuda a compreender a necessidade da construção de um cenário de convivência
que pudesse incorporar as tramas políticas e sociais da elite citadina7.
Podemos exemplificar isso através de dois sujeitos de um grupo que compunha laços
político-sociais com estes espaços: Primeiramente Arthur Pires Teixeira, em seu Souvenir do
Chapeo-Virado, parte de um artigo publicado em noticiário francês em meados de 1907, em
que descreve Mosqueiro como um destino de repouso ameno, onde se pudesse furtar das
cidades mais agitadas, coberto por elegantes e confortáveis vivendas, traçadas em chalets de
múltiplas e belas formas8. Por outro viés, J. Orton Kerbey, em seu “Café da Manhã de
Domingo”, um dos capítulos de seu livro, inicialmente publicado como artigo, descrevia o

3 Para visualizar a área especial a Norte do município de Belém no princípio do século, pode-se visualizar no mapa
abaixo, que representa as linhas de navegação nos entornos de Belém.
4 CASTRO, Iná Elias de, et alli. Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand, 10 edição. SOUZA,
Marcelo José Lopes. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. P. 77-116.
5 A República, 19/01/1891, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/
6 A República, 27/09/1893, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/

7 MEIRA FILHO, Augusto. Mosqueiro, ilhas e vilas. Belém, Grafisa, 1978.

8 TEIXEIRA, Arthur. Souvenir do Chapéo-Virado. Folheto Impresso em Paris, 1907.


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espaço como “Coney Island ou Long Branch of Para, onde a pessoas ricas possuem vivendas
que reparam em certas temporadas para usarem como espaço de banho ou recreação”9.
A ligação com a capital do estado se deu através do estabelecimento de uma rota de
navegação que pudesse permitir um caminho constante para os balneários, impedidos de se
comunicar pela rota terrestre. A concorrência para o estabelecimento de tal rota, que começava
a ser demandada pela sociedade paraense10, permaneceu na pauta do governo estadual durante
o início da república. A primeira rota que abrangia o Pinheiro e Mosqueiro foi criada nos
primeiros anos da década de noventa, mas a regularidade só se deu por meio da incorporação
aos trechos da Amazon Steam Company, com passagens diárias nas manhãs e tardes para a
localidade11. Mesmo assim, no debate da câmara de deputados sobre a subvenção federal para a
cobertura do trecho, o deputado Éneas Martins, argumentava o papel de Mosqueiro e Pinheiro
como balneários com fins de “satisfazer a necessidade de recreio e em alguns casos também de
hygienicas dos habitantes de Belém, que demandam aquella localidade; não é uma navegação
que venha estreitar ou desenvolver relações commerciais e de outra ordem (...)”12.
É importante destacar, então, quem seriam aqueles interessados no estabelecimento
destas vias, isto é, aqueles sujeitos que iriam usá-las. Se J. Orton Kerbey discorre sobre “os
constantes atrasos daqueles não acostumados com a pontualidade britânica” 13, um dos clientes
que, na temporada apropriada sempre tomava uma dessas rotas, era o “Barão”, um de seus
conhecidos mais próximos no Pará14. Também se presencia nos noticiários locais uma demanda
pela via, que teria um benefício enorme para a população local, de acordo com os artigos
jornalísticos.

9 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág 106

10 O Jornal do Brasil, 13/02/1892, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/


11 O Jornal do Brasil, 07/07/1896, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/

12 Annaes da Câmara de Deputados, 11/09/1894, disponível em: ttp://imagem.camara.gov.br/diarios.asp?


selCodColecaoCsv=A

13 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 108

14 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 109
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Não obstante, é necessário pontuar que as principais festas sociais do período que
ocorriam nas chamadas “Festas de Rio”15, eram eventos privados, geralmente organizados por
membros da sociedade paraense em navios próprios ou alugados, de forma que só era
permitido o acesso através de convite. Isso permitia que se criasse um círculo de sociabilidade
que compunha apenas alguns membros de um determinado estrato político-social do estado do
Pará, com interesses voltados justamente para os jogos políticos destes, ambientados sobre as
embarcações com destinos a balneários distintos do entorno de Belém.
O primeiro deles, o “Almoço”16 oferecido pelo exm. sr. Barão de Ibiapiba, descrito por J.
Orton Kerbey como “um rico e genial senhor, residente de uma das baixas províncias”17, já
havia sido narrado para este último como um evento essencial, onde o cônsul conheceria “as
melhores pessoas do Pará.”18 Organizado para homenagear os ilustres presidente e diretor do
Banco Emissor do Norte, uma instituição sua administrada por seu sobrinho, teve como
convidados “representantes da magistratura, commercio, industria, funccionalismo público,
quasi todos acompanhados de suas exmas. Famílias.” 19, que adicionou à pompa de um evento
social destinado à honrar aqueles considerados bem-quistos. Não à toa, J. Orton Kerbey nomeia
este artigo, depois transformado em capítulo de livro, “Excursão com os 400 bem-nascidos” 20,
que comporiam aquele grupo seleto na embarcação.
Para o norte-americano, a utilização do título era válida a partir do momento em que o
passeio se compunha do “creme” da alta sociedade paraense. O governador, vice-governador e
todos os burocratas proeminentes estavam a bordo, assim como os representantes das mais
distintas empresas comerciais e banqueiras. E é nesta ocasião em que conheceu aquele que se
15 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 184

16 A República, 19/01/1891, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital; O termo original, Lunch,


tem uma conotação que não pode ser totalmente traduzida por Almoço, já que este último não traduz o mesmo peso
social e o mesmo tipo de refeição que o primeiro.

17 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 185

18 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 186.

19 A República, 21/10/1890, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/

20 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 187
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tornou um de seus colegas mais próximos, apresentado pelo próprio vice-governador do estado,
Theodosio Chermont. Sua familiaridade com o inglês, por ter estudado na universidade de
Cornell, tornaria de ambos amigos próximos21. O vasto banquete, a série de discursos e as
longas danças com belas moças da sociedade encantaram o cônsul, que logo depois publicou o
artigo sobre o evento em noticiários americanos, causando burburinho na sociedade paraense22.
O segundo evento, de menor escala, em outro momento das viagens de J. Orton Kerbey,
se deu sobre sua visita à propriedade de Quinta Carmita, um piquenique que organizou com
outros “garotos”23, para dá-lo o prazer de conhecer a família de seu amigo, Sr. H. Oswaldo de
Miranda, estudante de Medicina da Universidade da Pensilvânia. Sr. E. Miller, filho do cônsul
alemão, era o proprietário da embarcação a vapor, e se viam acompanhados dos irmãos
Guimarães, que já haviam entretido ele e o Cônsul Pickerell em sua propriedade na cidade de
Belém. O norte-americano não esquece de mencionar a recepção acalorada que receberam
pelos rapazes e moças em Quinta Carmita, ao passo em que “duvido haver no mundo recepção
mais feliz ou bonita do que aquela guardada para os universitários dos Estados Unidos, com
seu “velho garoto” amigo como convidado de honra”24.
O mapa abaixo foi elaborado a partir do cruzamento de informações entre os registros do
Cônsul norte-americano J.Orton Kerbey com as informações fornecidas pelos registros da
empresa de navegação Amazon Steam Navigation Company, datado de 190425. Pode-se
observar, em amarelo-claro, a trajetória comum da empresa de navegação, com suas viagens
diárias para o Pinheiro e Mosqueiro. Em Roxo, no caminho que alcança a baía do Sol, se
verifica o caminho feito por embarcações particulares, como o Almoço descrito anteriormente

21 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 188

22 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 194

23 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 106;
Indico aqui que a expressão original, como boys, denota um termo de amizade e proximidade mais do que de
juventude, especialmente considerando que J. Orton Kerbey já era um homem na faixa dos cinquenta anos.

24 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 107.

25 Amazon Steam Navigation Company. The great river. : Notes on the Amazon and its tributaries and the steamer
services. With maps and numerous illustrations.London: : Simpkin, Marshall, Hamilton, Kent & Co., Ltd.,
Paternoster Row, E.C., 1904.
8

no corpo deste texto, mas não se limitando a este exemplo. Por fim, a área pontilhada, que
indica o caminho para a propriedade de Quinta Carmita, indica o caminho feito na viagem do
cônsul para visitação da família de Dom Oliveira, assim como o caminho feito por embarcação
para se chegar no que, anos após a visita de Orton Kerbey, se torna um dos principais colégios
do Pará26.

Para além disso, a construção de espaços de sociabilidade para grupos específicos da


sociedade paraense nos balneários tem desdobramentos em outras práticas exercidas por estes
indivíduos, como a construção de clubes em que pudessem socializar, como aquele que se
tornaria o Club Internacional do Mosqueiro, fundado em 189427. Em sua inauguração, com
um baile em homenagem à França, convidou-se a “elite de nossa sociedade” 28, tendo o
governador garantido sua presença. Este mesmo se tornaria presença constante para os
membros da cidade que decidiam frequentar seus bailes enquanto alocados no Mosqueiro,
assim como a disputas de regatas, que se davam sobre a baía de Santo Antônio. As corridas de
jockey e as regatas eram conduzidas de acordo estrito com as regras adotadas pelos clubes.

26 A Folha do Norte, 12/08/1912, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/

27 A Pátria Paraense, 14/07/1894, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/

28 A Pátria Paraense, 12/07/1894, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/


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Segundo J.Orton Kerbey, “Naturalmente, todo mundo que é alguém frequenta as corridas nos
domingos à tarde”29. No espaço do palco reservado apenas à membros do clube, era comum
encontrar a filha do barão, assim como outras belas jovens e nobres rapazes.
Outro mecanismo de discussão pode se perceber na fundação do jornal hebdomadário O
Curupira, em 1896, como exemplo, como um passa-tempo e veículo para “chalaça leve entre
os habitantes daquela pittoresca ilha”30. O corpo de redação era composto pelos drs. Alvares de
Costa e O' d'Almeida e comendadores Coimbra, José º Pereira de Mello, Eugênio Campos e
Leoncio Gurjão, considerados como “distintos cavalheiros que veraneiam no Mosqueiro”. O
jornal era feito “em cuidada fractura artística, que torna a edição um mimo da typographia, tão
belo é o seu trabalho”31. Alguns anos depois, em 1899, “O Tempo”, semanário, começa a sua
publicação, como jornal “literário, noticioso e crítico”32 .
Portanto, a criação de espaços de sociabilidade que pudessem estreitar laços de um
grupo de elite que viesse por ventura a interagir dentro destes espaços, a ponto de participar do
jogo político e social do estado do Pará, foi um dos pontos mais importantes dentro da lógica
dos balneários no entorno da cidade de Belém.
A “Terra do Futuro” de J. Orton Kerbey, com o seu fértil vale e suas maravilhas naturais,
a “Califórnia da América do Sul”33, com a promessa de um estado que se tornaria uma potência
mundial, não se realizaria. A decadência da economia gomífera, fruto da entrada da produção
asiática no mercado mundial, enterrou os sonhos de um mundo de ouro e luxo às beiras do rio
amazônico34, e levou consigo a fortuna de seus barões e senhores, que se viam anacrônicos

29 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 111

30 A Folha do Norte, 02/08/1896, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/

31 A Folha do Norte, 30/08/1896, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/

32 O Pará, 10/01/1898, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/

33 KERBEY, Joseph Orton. The land of Tomorrow; a newspaper exploration up the Amazon and over the Andes to
the California of South America. W. F. Brainard Publisher, New York, 1906.

34 PRADO, Maria Lígia Coelho; CAPELATO, Maria Helena Rolim. A Borracha na Economia Brasileira da
Primeira República. História geral da civilização brasileira. Vol. 8. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006, pp. 314-
337.
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numa era de catástrofe, marcado por um conflito mundial que mudaria a estabilidade do mundo
da Belle-Époque35.

3 - JUSTIFICATIVA
A pesquisa ora proposta se insere na perspectiva historiográfica denominada “Nova
História Política”36. O contexto de renovação de história política permite que entendamos que
não opera apenas como um campo autônomo, mas dentro de um conjunto com outras esferas
sociais, que se articula com a “matriz simbólica onde a experiência coletiva se enraíza e se
reflete ao mesmo tempo”37. É, portanto, a partir da relação com outras áreas, como a religião,
cotidiano e cultura, que o político ganha sua importância, trabalhando com novos métodos e
conceitos, trabalhando com o poder como objeto, e das formas em que ele se desdobra dentro
do corpo da sociedade38.
A ideia de um estudo de uma participação na vida política e social, assim como de
representações, e, a longo prazo, o conceito de cultura política39, ajudam a compreender uma
nova visão sobre o ramo da Nova História Política, e pensar no processo de sociabilidade de
um determinado grupo em um determinado espaço de lazer e convivência no Pará, é também
tentar entender como este se insere em um contexto em que há interesses políticos, econômicos
e sociais no quadro internacional, ao passo em que também reflete um imaginário social e uma
corrente de relações que define um valor simbólico sobre estes grupos e o seu papel no sentido
político e regional.
O período aqui proposto, 1889-1914, trata do contexto da Belle-Époque, fruto da
economia da borracha, em que estes grupos demandaram por melhorias urbanas, aliados à uma
nova ordem de saneamento e embelezamento, assim como de mudança de hábitos e padrões

35 HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios (1875-1914). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008, 12ª edição.

36 FERREIRA, Fabrício. A Nova História Política. TEMPORALIDADES, v.9, 2017.


37 ROSANVALLON, Pierre. Por uma História Conceitual do Político. Revista Brasileira de História, São Paulo,
v. 15, no 30, 1995, p. 12.
38 FALCON, F. J. C. História e Poder. In: CARDOSO, C. F. S. e VAINFAS, Ronaldo (Orgs.). Domínios da
história: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
39 BURKE, Peter. História e teoria social. São Paulo: Editora UNESP, 2002
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para o alinhamento com o padrão civilizatório europeu40. Processo concomitante é o da


construção41 da República no Pará, os seus mecanismos de divulgação, como a associação com
a imprensa para o estabelecimento do novo regime, os símbolos cívicos e o exercício do poder,
para estabelecer uma nova ordem político-social, efetivando o desmonte do sistema
monárquico.
O nascimento dos balneários amazônicos como espaços de sociabilidade e como fruto
de uma 'cultura de veraneio' surgiriam nestas circunstâncias, dentro de um processo de
expansão do espaço político-social de um grupo que pudesse incorporar esta presença. Os
estrangeiros, em grande parte europeus, que vieram para trabalhar nas novas empresas que
despontavam no estado teriam sido os primeiros a descobrir as bonanças daqueles espaços 42. A
sociedade belenense os acompanhou, transformando os balneários em lugares “sadios e
pitorescos”, próximos do centro urbano, para o repouso semanal.
Segundo a autora Marialva Barbosa, a história da imprensa ajuda a compreender quem
escrevia para esses jornais, como procuravam se expressar e como esses textos chegavam ao
público, no conjunto da análise imprensa e poder. Não apenas uma análise dos autores e dos
retratados, é a matéria que reflete aspirações coletivas e molda visões de mundo e de conduta
dentro de suas próprias sociedades43. Entretanto, se por um lado é necessário compreender o
horizonte dos estudos de história da imprensa nos sujeitos retratados, também é crucial
compreender que não há uma homogeneidade de grupo, considerando a figura de J. Orton
Kerbey como um membro “incorporado” a este grupo, mas não ligado apenas ao mesmo44.
No que consta ao círculos político-sociais de elite na Amazônia, já existe uma vasta
bibliografia que trata sobre o tema acima, principalmente no que consta às relações com a elite
dirigente da cidade de Belém, principalmente na questão que tange à necessidade de pensar no

40 SARGES, Maria de Nazaré. Belém: riquezas produzindo a belle-époque (1870-1912). 2ª. ed. Belém: Paka-Tatu,
2002.
41 FARIAS, William Gaia. A Construção da República no Pará (1886 – 1897). Dissertação de Doutorado, UFF,
2005.
42 MEIRA FILHO, Augusto. Mosqueiro, ilhas e vilas. Belém, Grafisa, 1978, pág. 44
43 BARBOSA, Marialva. Os donos do Rio: imprensa, poder e público (1880-1920). Rio de Janeiro: Vício de
Leitura, 2000.
44 Para entender melhor a relação do cônsul com outros americanos que ocupavam a região do Santarém, irredentos
da Guerra Civil Americana: HARTER, Eugene C. The Lost Colony of the Confederacy. Third [A&M] printing,
University Press of Mississipi, 1985.
12

príncipio daqueles que influenciariam o poder45. A importância das análises sobre estes
indivíduos gerou um estudo mais aprofundado sobre suas formas de sociabilidade e até mesmo
ao conceito de “intelectuais orgânicos”, papel que caberia àqueles com o intuito de construir
um projeto de classe política a qual pertencem46.
Nesta perspectiva, se compreende a construção na historiografia dos círculos de elite na
Amazônia através de indivíduos que ajudam a traçar vários problemas, como a relação entre a
Amazônia e a Europa, no processo do “fazer-se intelectual” do Barão do Marajó, José Coelho
de Gama Abreu47. Este personagem compunha o cenário social dos próprios sujeitos aqui
discutidos, e participou do cenário político do Pará até o fim de sua vida, ocupando o cargo de
senador estadual. Por outro viés, Silvino Santos representou o papel do imigrante português e a
construção do olhar sobre a riqueza da Belle-Époque, tendo se transformado num
propagandista das chamadas “riquezas amazônicas”, ao passo em que se inseriu dentro de um
quadro de relações com elites locais e políticos48.

Na discussão em que se pontua sobre as relações políticas e a forma de se proceder da


sociabilidade, a importância da figura da “República Norte-Americana”, que também passava
pela forma como J. Orton Kerbey era respeitado e tratado dentro do contexto social a qual
frequentava, parte da necessidade de estabelecer um prestígio para o novo governo, de acordo
com as procissões cívicas, festejos republicanos e a simbologia desenvolvida sobre a
incorporação da república49, que creio inferir sobre a relação com os Estados Unidos da
América, considerada a pátria da liberdade e do republicanismo, em que é importante recordar,
fazia parte de uma matriz do pensamento republicano brasileiro50. Por outro lado, a
interiorização dos jogos políticos republicanos para o interior do estado ajuda a compreender o
fortalecimento justamente destes ideais, ao passo em que vão suplantando as bases

45 BOBBIO, Norberto. Os intelectuais e o poder. Rio de Janeiro: Editora UNESP, 1997, 187 p.
46 COUTINHO, Carlos Nelson. Antonio Gramsci: cadernos do cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
v. 2.
47 COELHO, Anna Carolina de Abreu. Barão de Marajó: Um intelectual e político entre a Amazônia e a Europa.
Dissertação de Doutorado, UFPA, 2015.
48 DE CARVALHO, Felipe Brito. “Vai Silvino, Vai ser artista na vida!”: Trabalho artístico, migração e amazônia
na obra de Silvino Santos durante o boom da borracha (1900-1922). Revista Livre de Cinema, v. 5, n.3, p.161-190,
set-dez, 2018.
13

monárquicas do período anterior, mostrando-se presentes nas interações e debates de


indivíduos políticos até mesmo em espaços que fossem fora do cenário citadino51.
A partir da discussão levantada, o enfoque deste trabalho é partir da construção de um
espaço de lazer e convivência, na figura dos balneários que se localizam no entorno de Belém,
como o Mosqueiro e o Pinheiro, como um possível lugar de constituição de laços sociais e
políticos, ao passo em que confluem com o papel social atribuído à um dos sujeitos centrais,
este sendo o representante dos Estados Unidos da América, J. Orton Kerbey, que constituiu
parte deste grupo e participou dessas interações, considerando a forma como se constituíam
laços de “amizade” e acordos “políticos” entre os diferentes membros que ali interagiam, assim
como as formas em que se conectavam por matrizes sociais e uma forma de “cultura política”.

4 – METODOLOGIA

Primeiramente, creio que seja necessária uma preocupação metodológica com as fontes
aqui trabalhadas, por compreender que exista uma necessidade de entender que as mesmas não
existem como registros aleatórios e desordenados, mas servindo funções específicas dentro de
uma lógica que passa por inúmeros crivos sociais, que permitem criar universos sociais inteiros
por um lado e lacunas consideráveis por outra perspectiva. Neste sentido, todo documento é um
monumento, a partir do momento em que são construções de determinados sujeitos sociais,
estes também sujeitos de uma construção histórico de um determinado campo social, fruto da
seletividade e da intenção de quem o estuda ou produz52.
Aquelas as quais considero as fontes primordiais de meu trabalho, que seria a condução
de todas as outras dentro da temática a qual procuro tratar, são dois livros escritos por Joseph
Orton Kerbey, An American Consul in the Amazon e The land of Tomorrow; a newspaper
exploration up the Amazon and over the Andes to the California of South America, por quais

49 MOURA, Daniela de Almeida. A República paraense em festa (1890-1911). Dissertação de Mestrado, UFPA,
2008.
50 CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia
das Letras, 1990.
51 FERREIRA, Tiago Barros. A Interiorização da República: O Jogo Político no Salgado Paraense durante a
primeira república (1889-1903). Dissertação de Mestrado, UFPA, 2015.
52 LE GOFF, Jacques. Documento/ Monumento. In: História e Memória. Campinas: Editoria da UNICAMP, 1990.
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me interessa sua cobertura sobre os ocorridos ao longo dos anos em que morou e visitou o
território paraense, da forma em que reflete questões centrais e secundárias do período e do
objeto ao qual me dedico. Porém, procuro compreender que seu próprio olhar sobre os sujeitos
e sua inserção dentro da sociedade paraense provém de sua matriz cultural norte-americana, e
então busco ter cuidado com a forma a qual ele se refere aos “brasileiros”. Por exemplo, no
capítulo A Sunday Breakfast na primeira obra, ele mesmo se refere aos moradores do Pará,
“assim como todos os latinos apaixonados pelas apostas, e a maioria jogadores por intuição e
hereditariedade, não apenas os homens, mas as mulheres de suas famílias”53.
Muitos destes livros eram frutos de matérias jornalísticas que foram enviadas pelo
próprio cônsul americano para jornais americanos, e para tanto, é preciso compreender seu
papel como produto para o consumo de leitores norte-americanos, que talvez explique seu
fascínio pela descrição de “hábitos culturais” das populações 54 as quais tinha contato, e por isso
também tratavam de temas que considerava cotidianos, como seu convívio com outros
membros da sociedade e as viagens e acordos que organizou por dentre os outros membros da
sociedade paraense e o governo americano. Neste tipo de documento também é possível
observar as tensões existentes entre os diferentes grupos políticos e as formas a quais se
compunham de formas distintas dentro do espaço paraense, e para tanto compreendendo a
forma com as quais suas interações com diferentes membros da sociedade refletiam suas
expectativas sobre cada um deles, com especial destaque para sua amizade próxima com
Thedosio Chermont55.
Da Biblioteca Pública Arthur Vianna, da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro e da
Hemeroteca Digital Brasileira, serão analisados jornais da região amazônica nas notícias que
tratam das zonas balneárias, notadamente os jornais: A República, O Estado do Pará, O
Democrata, A Folha do Norte, Quo Vadis: Orgam de Interesses Populares, O Correio do Purus,
Jornal do Commércio, Estrela do Norte, Amazonas, O Correio do Norte, Folha do Acre, O Alto
Purus e outros. Priorizei procurar os termos “Mosqueiro”, “Pinheiro”, “J. Orton Kerbey”,
“Americano”, “Cônsul”, “Club Mosqueiro”, “Chapéo- Virado”, procurando encontrar uma
53 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 113
54 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 201
55 KERBEY, Joseph Orton. An American Consul in the Amazon. W. E. Rudge, New York City, 1911, pág. 204
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relação de grupos políticos e de sujeitos políticos nos dois distritos de Belém. Pode-se observar
problemas relacionados aos eventos sociais que eram organizados no Mosqueiro, assim como a
expansão de bens públicos para o Município, como a instalação de uma via de bonde que
ligasse a Vila ao Chapéu Virado56, assim como visitas de estrangeiros que haviam aportado em
Belém aos balneários. É importante ressaltar que deve-se tirar destas notícias a compreensão da
importância social destas práticas nos entrames políticos dos sujeitos históricos, e portanto, de
qual espectro político aquele jornal ou notícia pretende noticiar.
A documentação encontrada em Arquivos Digitais, disponíveis para livre acesso online,
fornece uma perspectiva mais ampla do que a mera perspectiva local sobre as realidades da
sociabilidade e das relações internacionais com os objetos ao passo em que destaca a presença
de alguns destes elementos na imprensa e nos livros de recepção internacional. Dois tipos de
arquivos foram pesquisados: Archives.org, o arquivo digital online norte-americano, e
Gallica.fr, que seria o equivalente ao anterior, mas voltado para documentação de origem
francesa.
A Principal contribuição da documentação disponível no arquivo Archives.org são os
documentos voltados para a recepção norte-americana, com destaque para a publicação de
artigos que tratassem do tema “Amazônia” e “Mosqueiro”, os principais pesquisados neste
arquivo, de forma que pode se perceber uma necessidade de destacar a importância econômica
da região para a balança comercial norte-americana, sem dúvida relacionado ao papel da
economida da borracha, e para tanto, retratavam também a visão de sujeitos americanos que
residiam no Pará, como podemos ver nas publicações de J. Orton Kerbey 57. Embora as
informações apresentadas chegassem a reproduzir estereótipos norte-americanos sobre aqueles
que consideravam “latinos”, “brasileiros”, sul-americanos”, também podemos entender a
participação desses sujeitos na construção de sua própria imagem, de forma que procuro
analisar as suas representações dentro da imprensa internacional.
Por outro lado, a disponibilidade das outras obras assinadas por J. Orton Kerbey, como
The boy spy : a substantially true record of Secret Service during the War of the Rebellion. A
56 A Folha do Norte, 12/06/1899, disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/
57 KERBEY, Joseph Orton. The land of Tomorrow; a newspaper exploration up the Amazon and over the Andes to
the California of South America. W. F. Brainard Publisher, New York, 1906.
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correct account of events witnessed by a soldier attached to headquarters, me permite


compreender as origens socioculturais do norte-americano nos Estados Unidos, assim como
seu papel na Guerra Civil Americana, ainda muito presente no contexto americano no princípio
do século XX, portanto ajudando no entendimento de sua relação com os confederados
americanos que emigraram para o estado do Pará após a derrota da Confederação 58. É
importante também frisar a importância da análise da escrita das obras do autor, em que
procuro analisar como ele trata seus sujeitos em ambos os contextos59.
Nas documentações relacionadas ao arquivo digital Archives.org, encontro também dois
tipos de documentos que são imperativos para a apreensão parcial do objeto a qual trato, e o
primeiro tipo são as notícias publicadas nos jornais franceses, que muitas vezes encabeçadas
por autores paraenses, ajudavam a entender o panorama socio-político da região balneária,
como o conhecido Souvenir do Chapéo-Virado60, publicado em 1907 por um jornal francês,
sobre as delícias das praias mosqueirenses e sua importância para aqueles que escreviam sobre.
“Mosqueiro”, “Balneário”, “Amazônia”, como termos pesquisados, ajudaram a compreender as
notícias que também apareceram como ligações comerciais entre diferentes municípios, como
protocolos de troca, para o registro das trocas econômicas.
O outro tipo é o livro de registros da Amazon Steam Navigation Company, que seria a
principal companhia de navegação da Amazônia no recorte histórico aqui trabalhado. Como
um livro de registros de rotas de navegação para as diferentes localidades dentro da região,
objetivo através dele, entender a importância das rotas de navegação para estes balneários que
aparecem nas documentações anteriormente discutidas. Objetivo também tentar compreender
as funções socioeconômicas das rotas de navegação para tais balneários, considerando a
citação dentro do “manual” como “um pittoresco resort de verão, em média de 18 milhas de
distância de Pará em direção à boca do rio, e sempre permite bons banhos de água”61.

58 HARTER, Eugene C. The Lost Colony of the Confederacy. Third [A&M] printing, University Press of Mississipi,
1985.
59 KERBEY, Joseph Orton. On the War Path: A Journey Over the Historic Grounds of the Late Civil War. Donohue,
Hennebery & co, Chicago, 1890.
60 TEIXEIRA, Arthur. Souvenir do Chapéo-Virado. Folheto Impresso em Paris, 1907.
61 Amazon Steam Navigation Company. The great river. : Notes on the Amazon and its tributaries and the steamer
services. With maps and numerous illustrations.London: : Simpkin, Marshall, Hamilton, Kent & Co., Ltd.,
Paternoster Row, E.C., 1904, p.47
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Por fim, é válido destacar a potencialidade de fontes do National Archives, o arquivo


nacional norte-americano localizado em Washington, D.C, e da Comissão Demarcadora de
Limites, localizada na avenida José Malcher, em Belém, PA. A primeira me ajuda a pensar, em
termos de potencialidade de fontes, nos arquivos trocados entre o Departamento de Relações
Exteriores e o cônsul Americano J.Orton Kerbey, ao passo em que pode revelar as relações do
mesmo com outros sujeitos da sociedade ao qual estava inserto, assim como fazer um
panorama político-social daquilo que presenciou e poderia reportar para seu país. No segundo,
a biblioteca rica do órgão pode fornecer uma gama de arquivos que discutam justamente a
relação do cônsul, considerando seu papel como representante de um estado nacional no Pará,
tanto com outros cônsuls que representaram seus devidos estados, como com outros membros
da sociedade paraense, ao passo em que compôs um papel dentro das formas de sociabilidade a
ele mesmo disponível por sua função.

5 – LEVANTAMENTO PRELIMINAR DE FONTES

a) – Hemeroteca Digital Brasileira62.


→ Jornais:
− Folha do Norte (1890-1910)
− A República (1890-1910)
− O Democrata (1890-1910)
− Jornal do Brasil (1890-1910)
− O Binóculo (1890-1910)
− O Estado do Pará (1890-1910)
− Jornal do Commercio (1890-1910)
− Diario de Manaos (1890-1910)
− Amazonas (1890-1910)
− A Federação (1890-1910)

62 Disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/


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− Correio Paraense (1890-1910)


→ Diário Oficial:
− Diario Oficial do Estado do Amazonas (1890-1910)
− Diario Oficial do Estado do Pará (1890-1910)

b) - Annaes da Câmara Legislativa (1890-1896)

c) – Gallica.Fr (Bibliothèque nationale de France)63


− L'Observateur (Cayenne). 08/11/1933
– Syndicat des entrepreneurs de travaux publics de l Algérie et de la Tunisie. Auteur
du texte. Journal général de l'Algérie et de la Tunisie (1892). 1916/11/30-1916/12/03.
− Journal télégraphique (Paris). 1895-11-25.
− Journal des mines : organe spécial de l'industrie minière et métallurgique en France et à
l'étranger... /directeur : Henri Cozic. 1899-07-02.
− Bulletin de la Société de géographie commerciale de Paris. 1903.
− Voyage pittoresque dans les deux Amériques : résumé général de tous les voyages de
Colomb, Las- Casas, Oviedo, Gomara, Garcilazo de La Vega,... etc., etc. / publ. sous la
dir. de M. Alcide d'Orbigny, 1836.

d) – Archive.org64
– 'The Land of Tomorrow: A Newspaper Exploration Up the Amazon and over the
Andes, to the California of South America. Joseph Orton Kerbey, 1906.
– The boy spy : a substantially true record of Secret Service during the War of the
Rebellion. A correct account of events witnessed by a soldier attached to headquarters.
Joseph Orton Kerbey, 1889.
– On the War Path: A Journey Over the Historic Grounds of the Late Civil War. Joseph
Orton Kerbey, 1890.

63 Disponível em: https://gallica.bnf.fr/accueil/?mode=desktop


64 Disponível em: https://archive.org/
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e) George Peabody Library


– An American Consul in the Amazon. Joseph Orton Kerbey, 1911

FONTES A SEREM PESQUISADAS:

a) – Ministério das Relações Exteriores.


Relatórios do Ministério das Relações Exteriores: 1889-1918.

b) – Biblioteca Arthur Vianna


Periódicos referentes ao período de 1890-1910.

c) – Comissão Demarcadora de Limites.


Bibliotecas, escritos e informações sobre estrangeiros que possívelmente se relacionaram com os
balneários.

6- BIBLIOGRAFIA

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Paulo: Companhia das Letras, 1990.
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edição. SOUZA, Marcelo José Lopes. O território: sobre espaço e poder, autonomia e
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Revista Livre de Cinema, v. 5, n.3, p.161-190, set-dez, 2018.
20

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