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Nome: Lais Rodrigues Migliorini Número: 11

Colégio Vital Brazil Professor: José Carlos Demarchi

Enredo do filme “O enigma de Kaspar Hauser”

Narra a história de Kaspar Hauser, um indivíduo de origem desconhecida, que


não sabia escrever e falar, em diversos momentos de sua vida. O filme é
iniciado com uma cena em que Kaspar Hauser encontra-se em cativeiro e um
homem de identidade desconhecida lhe dá instruções de como escrever seu
nome e o ensina como falar algumas palavras específicas. Após esse breve
momento introdutório, ambos seguem uma pequena jornada por campos onde
o homem misterioso segue dando instruções à Kaspar. Chega um instante em
que o homem dá suas palavras finais e abandona Kaspar em uma vila.

Ao chegar à vila, é logo recebido por um habitante, que o interroga sobre


diversos aspectos, porém não é respondido, já que Kaspar, atônito, não o
compreende. Rapidamente, a notícia da presença daquela figura intrigante se
alastra, gerando curiosidade a todos habitantes da cidade.

Mais tarde, por julgamento das autoridades e desconhecimento de sua


identidade, ele é posto na prisão como último recurso. Neste ambiente, Kaspar
aprende a pronunciar algumas palavras, além de aprender a usar talheres e a
cantar algumas músicas. Após certo tempo, as autoridades não sabiam o que
fazer com ele, uma vez que estava dando muitos custos, então o mandaram
para um circo, em que foi tratado como uma aberração e atração para o
entretenimento da cidade. No fim de uma apresentação, todos os membros do
circo, incluindo Kaspar, conseguem fugir. Dessa forma, Kaspar é encontrado
por um professor, que o aceita em sua casa.

Após esse episódio, mostra-se uma cena em que Kaspar toma chá com um
grupo de religiosos, que tentam ensinar a ele crenças religiosas. Para surpresa
desse grupo, Kaspar Hauser diz que não consegue aceitar que Deus criou tudo
a partir do nada, dizendo, ainda, que precisa melhorar sua leitura e sua escrita
para, posteriormente, compreender o restante.

Em outro momento importante, Kaspar Hauser sofre um atentado. Sua fama


começa a incomodar algumas pessoas. Durante o atentado, Kaspar não se
defende e nem pede ajuda. Machucado, procura um local escuro para se
esconder, como se quisesse retornar ao seu tempo de cativeiro, quando não
era atormentado pelos homens. Mais uma vez, Kaspar Hauser é auxiliado pelo
professor, que o leva para casa e cuida para que ele se recupere. Kaspar
Hauser tem delírios onde se encontra com a morte.
O filme e sua relação com a Perplexidade diante do
estranho e a Socialização

Na cena apresentada, é exibido o momento em que Kaspar Hauser tem seu


primeiro contato com a sociedade e todas as suas mazelas. Nesse instante, o
indivíduo que havia vivido isolado da complexidade das relações humanas fica
exposto a um mundo completamente novo, em que não se identifica. A partir
desse contato, esse ser dá início ao processo de socialização, uma vez que
antes disso, estava excluído socialmente.

Assim que é encontrado pelos moradores da cidade, é observada uma


perplexidade diante do estranho, do que é estipulado como anormal, de ambas
as partes. Por um lado Kaspar Hauser fica completamente atônito, sem
expressão, incapaz de demonstrar sua incompreensão daquele sistema. Nesse
sentido, é possível relacioná-lo com o indivíduo que é libertado da Caverna de
Platão, no mito da Caverna, visto que, antes, se encontrava recluso, sem
conhecimento do que havia fora de seu cativeiro e sem noção nenhuma do que
acontecia no mundo social e, depois, adquiriu um conhecimento sobre tudo o
que acontecia fora de sua Caverna, descobrindo a realidade e a natureza do
ser humano.

Por outro lado, a sociedade também demonstra perplexidade ao entrar em


contato com um ser não social, excluído dos processos de socialização. Ao se
deparar com Kaspar Hauser, que não sabia nem falar, nem ler, nem escrever,
os habitantes da cidade ficam curiosos e intrigados, tratando-o como uma
atração, um espetáculo por ser tão “diferente”. Esse aspecto é mostrado,
principalmente, na cena em que Kaspar se apresenta em um circo, sendo
tratado como uma forma de entretenimento e sendo considerado um fenômeno
extraordinário, simplesmente por desconhecerem sua origem e por este não ter
as habilidades cognitivas de uma criança normal.

Desse modo, o processo tardio de socialização de Kaspar Hauser torna-se


mais difícil, uma vez que tanto a sociedade, quanto Kaspar apresentam receio
em aceitar o outro como parte de seu cotidiano e declarar sua simplicidade. Por
fim, é possível observar um comportamento semelhante em ambas as partes,
revelando um caráter básico do ser humano: o estranhamento e a perplexidade
diante do “anormal”, que é consolidado até hoje, nas sociedades capitalistas de
imensa desigualdade e exclusão social.

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