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Quando ouvimos falar de capacitação ou liderança, a nossa mente imagina alguém muito
competente a dar indicações aos outros para obtenção de resultados satisfatórios. Mas no
que diz respeito aos nossos hábitos, às particularidades que vamos adquirindo que nos
dificultam a adaptação à mudança, a alguns comportamentos indesejados que temos,
como vícios, formas de pensar indadequadas, imaginar capacitar-nos e liderar-nos para
alcançar o que pretendemos por vezes pode parecer pura ficção científica. Na verdade,
todos nós estamos equipados com a capacidade de liderança. Um cérebro capaz de
processar milhões de dados, memorizar, categorizar, refletir, planejar, aprender, evoluir,
atualizar-se e acima de tudo ter consciência do que é, produz uma mente que permite
sermos lideres de nós mesmos.
A forma como nos programamos, como rescrevemos novos dados, como apagamos
outros, como atualizamos a informação, como redesenhamos formas antigas de lidar com
as situações, como nos projetamos no futuro, como simulamos ações e atitudes permite-
nos percebermos que essa capacidade extraordinária vive em nós. Acompanha-nos para
todo o lado. Mas, é preciso fazermos um tremendo exercício de desapego de nós mesmos,
daquilo que nos constitui enquanto indivíduos para que consigamos olhar para as nossa
partes constituintes, tomar consciência delas e utilizá-las como ferramentas úteis. Essa
tecnologia de ponta necessita apenas da nossa consciência, conhecimento de como
utilizá-las e depois uma voz de comando, um processo executivo que aciona, atualiza e
informa essas ferramentas mentais com novos dados. Você mesmo!
VOCÊ PRECISA DE SUPERAR UM MAU
HÁBITO?
Para mudar um mau hábito, um passo precisa acontecer. Você tem de ganhar consciência
que tem esse mau hábito e depois pretender mudá-lo ou eliminá-lo. Mas, muitas das vezes
e para a grande maioria de nós esses maus hábitos são resistentes, têm vida própria, e
apesar de muitos esforços nossos somos vencidos pela sua tremenda força, vivenciando o
fracasso. Isto pode tornar-se muito angustiante e terrível na nossa vida. Talvez, você
também se debata com este cenário, ou já tenha no passado tentado ultrapassar o
tormento de substituir ou eliminar um mau hábito.
Aqui estão algumas das formas típicas e ineficazes para mudar ou eliminar maus
hábitos:
Propor-se à mudança, sem preparação e conhecimento de como fazê-lo
Usar um lembrete para lembrá-lo de periodicamente verificar o seu comportamento
Confiar apenas na sua força de vontade
Pedir a alguém para responsabilizá-lo
Criar uma uma lista das consequências do seu mau hábito
Provavelmente você já usou algumas destas técnicas ou
estratégias, mas provavelmente teimam em não funcionar. Este tipo de sentimento de
fracasso e sentimento de culpa produzem uma ideia de incapacidade face aos esforços a
que se propôs. Vai construindo uma ideia que independentemente do que faça, o hábito
que pretende superar é mais forte do que você. Com esta ideia em mente, o próximo
passo é a desistência de se propor a novas tentativas. A sua ansiedade vai crescendo e
com isso o seu problema aumenta. A incapacidade de gerir ou diminuir a ansiedade na
presença do mau hábito vinca ainda mais a noção de incapacidade de superação. O que
lhe proponho desta vez é uma nova tentativa com uma nova estratégia e abordagem,
utilizando a sua capacidade deautoregulação para mudar os seus maus hábitos.
NOVAS FORMAS DE SUPERAR VELHOS
HÁBITOS
Tentar uma e outra vez, mesmo que com mais determinação e noção da dificuldade, pode
não ser suficiente. Você simplesmente não pode continuar a repetir as velhas formas de
quebrar os seus maus hábitos. As estratégias utilizadas têm-se comprovados inúteis? Se
sim, você precisa de algumas ideias novas para mudar os seus comportamentos.
VOCÊ NÃO É AQUILO QUE PENSA
Deixe de seguir tudo o que pensa. Ou seja, nem tudo o que pensamos representa aquilo
que somos, a nossa vontade ou querer. Nem tudo o que pensamos é útil como orientador
das nossas ações. Alguns pensamentos invadem a nossa mente sem qualquer
intervenção ou decisão intencional. Se você se deixa enganar, não conseguindo distinguir
que alguns dos seus pensamentos são “truques” do seu cérebro. São mensagens
enganosas do seu cérebro no sentido de você voltar a fazer aquilo que sempre fez. O
cérebro induz a que você continue a ter os mesmos comportamentos que supostamente
no passado o fizeram sentir-se bem, mesmo que esse comportamento seja prejudicial para
si. Se esse mau hábito libertou na sua corrente sanguínea algum tipo de químico que o fez
sentir-se bem, aumentará a probabilidade de ter um novo impulso para repetir esse tipo de
comportamento que o conduzirá ao reforço positivo que ficou registado no seu cérebro.
Ao tentar superar um mau hábito, a nossa mente pode criar pensamentos do género:
Eu não tenho escolha. Eu precisa disso.
Não há problema em fazer apenas desta vez. Eu posso lidar com isso.
Não há mal nisso. Eu mereço este alívio.
Não é possível parar. Não vou perder tempo tentando.
O meu hábito é mais forte do que eu.
Eu bem tento, mas não consigo deixar.
Já são muitos anos a fazer o mesmo.
Pela força do hábito o que passa a executar-se sem a necessidade da nossa consciência,
passa a estar sobre a autoridade do nosso corpo. O nosso corpo passa a ser a nossa
“mente” para alguns dos comportamentos automáticos, fortemente aprendidos ou aditivos.
O Corpo envia estímulos de mal-estar para o seu cérebro, e este por sua vez irá criar um
determinado pensamento para racionalizar o seu mau comportamento. Em desespero, o
seu cérebro fica extremamente criativo ao justificar a razão pela qual você deve cumprir
com as suas exigências. Normalmente sentimos isso através de fortes sensações de
necessidade ou de incontrolabilidade dos estímulos ou desejos.
“Eu não consigo deixar de fazer isto. Eu sei que me é prejudicial, mas eu não sou
capaz”
Ao ganhar consciência que você não é os seus pensamentos, não é as suas más
sensações, não é as suas necessidades urgentes, nem é os seus sentimentos, consegue
fazer o exercício de colocar-se no comando de si mesmo. Ao desapegar-se das suas
incapacidades, dos seus pensamentos e sentimentos negativos, você ganha vantagem
sobre os seus maus hábitos.
A frase a utilizar é: Eu estou no comando das operações.
Ao perceber que você possui um conjunto de ferramentas que pode utilizar a seu favor,
que dependem da sua intenção, capacidade de foco e decisão, grande parte da mudança
de hábitos passa a ser uma escolha intencional e consciente.
Por exemplo, quando você deteta uma mensagem enganosa do seu cérebro,
pode dizer a si mesmo:
Eu não preciso comer mais . Eu já comi o suficiente.
Eu não preciso de um cigarro. Fumar está arruinando a minha saúde.
Eu não preciso de comprar isto. Não me vai fazer mais feliz.
Atenção, estas afirmações positivas e de orientação intencional não vão parar os
estímulos de mal-estar que o seu cérebro e corpo irão continuar a enviar para você. Pelo
contrário, a angústia irá disparar e aumentar. Mas se você perceber que o mal-estar
provocado pela inibição do mau hábito, é apenas isso mesmo, mal-estar, e não a sua
vontade e querer, você ficará no controle. Isso dar-lhe-á a clareza necessária para você
controlar-se e seguir em frente.
Quando a urgência da execução do mau hábito surgir, mantenha-se firme no seu querer.
Diga a si mesmo que essa não é a sua vontade. Que o que está a acontecer é um
conjunto de estímulos químicos que o seu cérebro está enviando para você no sentido de
executar o mau hábito, para ter como retorno uma libertação no seu corpo de outros
químicos que o irão fazer sentir-se bem. Pelo menos irão fazê-lo sentir-se aliviado, ainda
que isso seja prejudicial para si e para a sua vida em geral.